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Toracocentese Þ Espaço Pleural: virtual. Þ O líquido pleural fisiológico é incolor, viscoso, de função lubrificante, que é produzido pela pleura parietal e reabsorvido pela pleura visceral, com um volume residual de cerca de 20 mL. o Produção de 700 ml/dia Þ Derrame pleural à líquido na cavidade pleural. Þ Células e proteínas - Manutenção da pressão oncótica em equilíbrio com a pressão hidrostática, quando um desses componentes sai do equilíbrio, pode-se ter a formação de um derrame pleural. Þ Formação do derrame pleural: - Elevação da Pressão hidrostática nos capilares - Elevação da Pressão oncótica intrapleural - Aumento da permeabilidade capilar pleural - Redução da absorção linfática pleural AVALIAÇÃO DO DERRAME PLEURAL CLÍNICA - Idade - Condição Clínica - Fatores de risco - Duração dos sintomas - Exame Físico EXAMES DE IMAGEM - Radiografia - USG - Tomografia ANÁLISE DO LÍQUIDO - Toracocentese com avaliação bioquímica e microbiológica ANAMNESE E EXAME FÍSICO INSPEÇÃO E PALPAÇÃO - Pode-se observar assimetria da expansibilidade torácica, estando diminuída geralmente na base do hemitórax acometido. PERCUSSÃO Ao invés de som claro pulmonar, terá uma macicez no hemitórax acometido, que, dependendo do tamanho do derrame pode ir desde a base até o ápice (em casos volumosos). AUSCULTA Murmúrio vesicular assimétrico, diminuído ou abolido no hemitórax acometido. QUEIXAS Dor torácica tipo pleurítica, dispneia, taquipneia, tosse seca, febre, entre outros. EXAMES COMPLEMENTARES RAIO X DE TÓRAX Beatriz Loureiro Pode ser solicitado nas incidências PA, Perfil e o famoso “Laurel” (decúbito lateral com raios horizontais). Pode-se solicitar a incidência em AP, em casos específicos em que o paciente não pode sair do leito – internados em UTI, por exemplo. O raio x do derrame pleural pode mostrar o velamento do seio costofrênico e a parábola (ou linha, ou curva) de Damoiseau (ou sinal do menisco). o PA: sensibilidade para 200 mL De forma geral, estima-se que em derrames com menos de 200 mL, encontra-se apenas a opacificação dos seios costofrênicos posteriores, vista no raio X em perfil (daí a importância de solicitarmos, sempre que possível, ao menos duas incidências. Já em derrames com volumes de 200-300 mL, encontra-se a opacificação dos seios costofrênicos laterais. Em derrames volumosos, com 5 litros, tem-se a opacificação de todo o hemitórax. Então... < 200 ml: opacificação dos recessos costofrênicos POSTERIORES. 200-300 ml: opacificação dos recessos costofrênicos LATERAIS. 5L: opacificação de todo o hemitórax. ULTRASSONOGRAFIA - Sucesso em até 88% dos casos que tiveram falha prévia de punção - Reduz a taxa de pneumotórax iatrogênico independente do tamanho do derrame Beatriz Loureiro - Superior à radiografia em diagnosticar e quantificar derrames - “Jellyfish” --> sinal da água viva à ponta do lobo inferior pulmonar “boiando” no derrame. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE TÓRAX - Se for realizada na posição supina, a TC vai mostrar o derrame acumulado nos recessos pleurais posteriores. No entanto, nenhum desses exames de imagem vão conseguir isoladamente distinguir o tipo do derrame pleural, sendo então indicada para esta finalidade a toracocentese. TORACOCENTESE Procedimento invasivo que envolve a introdução de agulha no espaço pleural para remover fluidos ou ar acumulados (é importante diferenciar de drenagem pleural, que é a inserção de um dreno tubular na cavidade pleural). - FUNÇÃO DIAGNÓSTICA X TERAPÊUTICA. De forma terapêutica, ela tem indicação principalmente no derrame pleural volumoso e no pneumotórax (especialmente o hipertensivo). Como diagnóstico, ela é usada como coleta de material para anatomia patológica, para análise bioquímica, e na diferenciação de Transudato x Exsudato. TRANSUDATO X EXSUDATO EXSUDATO - Pleura doente, inflamação pleural e deficiência na drenagem linfática. - Nos estágios agudos: elevada contagem de leucócitos e predominância de linfócitos. Possibilidades diagnósticas: - Empiema - Neoplasia - Tuberculose TRANSUDATO - Pleura sadia e paciente doente - Não é inflamatório, é causado devido ao desequilíbrio nas pressões hidrostática e oncótica, como na insuficiência cardíaca, doença renal e hepatopatia. - Baixo número de leucócitos e maior predominância de monócitos. Beatriz Loureiro . CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS - Coagulopatias - Infecção cutânea ativa do local de punção - Paciente não cooperativo (avaliar sob anestesia) - Instabilidade hemodinâmica à estabilizar o paciente antes Deve-se, também, atentar para o volume que vamos puncionar --> é necessário ao menos 10 mm de espessura do derrame visualizado por exame de imagem para ser passível de ser puncionado. COMPLICAÇÕES - Pneumotórax - Hemotórax por lesão de vasos intercostais - Edema pulmonar de reexpansão (por isso, não é recomendado drenar volumes > 1500 mL em uma única toracocentese) - Dor no local da punção - Empiema ou infecção de tecidos moles - Punção acidental do baço ou fígado ANÁLISE DO LÍQUIDO PLEURAL --> Pós-drenagem INSPEÇÃO Aspecto macroscópico - Hidro - Citrino - Hemático - Quiloso - Purulento - Achocolatado - Proteínas totais, LDH, albumina, glicose, pH, celularidade total e diferencial, cultura - A depender da suspeita clínica, podem ser solicitados exames adicionais no líquido pleural: o Neoplasia: citologia oncótica o TB: Baciloscopia/Cultura para BK, PCR para BK e ADA Beatriz Loureiro o Quilotórax: triglicérides (> 110 mg/dL) o Hemotórax: Hematócrito o Urinotórax: ureia e creatinina o Colagenose: fator antinuclear (FAN), fator reumatoide CRITÉRIOS DE LIGHT - Diferenciar transudato de exsudato TRANSUDATO: - Nenhum critério positivo - Tratar causa base - Precisa puncionar? Depende o Derrames pleurais bilaterais onde a anamnese sugere descompensação clínica levando a acúmulo de líquido (transudato) não devem ser puncionados, a não ser que: paciente sintomático e refratário a tratamento clínico otimizado; fatores atípicos na história clínica - Causas mais comuns: insuficiência cardíaca E; cirrose hepática - Causas menos comuns: hipoalbuminemia, diálise peritoneal, hipotireoidismo, estenose mitral - Causas raras: pericardite constrictiva, urinotórax EXSUDATO: - Qualquer um dos critérios positivos - Pleura doente - Diagnóstico diferencial com base na citologia (diferenciar predomínio linfocítico – Tuberculose e Neoplasia, e predomínio neutrofílico – Derrame parapneumônico), na história clínica do paciente e outros aspectos analisados no líquido (BAAR, ADA, citologia oncótica, etc.). - Tuberculose: jovem, exposição a BK, febre prolongada - Neoplasia: idoso, tabagista, história de câncer - Parapneumônico: idade varável, uso de antibiótico, agudo ou subagudo Beatriz Loureiro Beatriz Loureiro PASSO A PASSO DA TORACOCENTESE 1) Apresentação 2) Anamnese e exame físico 3) Raio x 4) Confirmar a identificação do paciente e o lado correto 5) Informar o paciente/acompanhante sobre o procedimento e suas complicações previamente + pedir permissão 6) Preparação do material: - “Kit toracocentese” o PVPI / Clorexidina o Gaze estéril o Pinça para antissepsia o Campo estéril o Agulhas (rosa e preta, p. ex.) o Cateter agulhado de 14 a 18 gauge (“Abocath”) o Seringas de 10 ou 20 mL o Anestésico local (Lidocaína 1 – 2%) o Equipo do tipo macrogotas o Tubos para coleta do material o Curativo 7) Posicionamento do paciente o Mais recomendada: paciente sentado, com os braços cruzados na frente do corpo e apoiados confortavelmente sobre um suporte o Tórax mais ereto o possível o Opção: pacientes que não podem abandonar o leito ou sentar-se é em decúbitodorsal, com a cabeceira elevada a 45°C, na linha axilar média 8) Determinar o nível da punção o BORDA SUPERIOR DA COSTELA INFERIOR o Na margem inferior da costela tem-se a passagem do feixe vásculo-nervoso e pode ser lesionado o Nunca puncionar abaixo da 9a costela o Ponta da escápula – dois EICs abaixo o 1 a 2 EICs abaixo do nível que detectamos a alteração no exame físico (a redução dos murmúrios vesiculares ou a mudança da percussão de som claro pulmonar para macicez) o Radiografia torácica pré-procedimento para revisão da localização do derrame Beatriz Loureiro o Verificar se há USG disponível no serviço, o que irá tornar o procedimento mais fácil e seguro 9) Assepsia o Procedimento estéril o Lavagem cirúrgica das mãos o Gorro, máscara, avental e luvas estéreis o Óculos 10) Antissepsia e colocação dos campos estéreis 11) Anestesia local o Planos dolorosos: 3Ps: PELE / PERIÓSTEO / PLEURA o SEMPRE aspirar antes de aplicar o Quando o fluido pleural entrar na seringa, recue um pouco e administre anestésico na pleura parietal o Não administrar dentro do espaço pleural - Lidocaína bactericida para alguns microrganismos - pode falsear o exame! o Observe a profundidade da agulha antes de retirá-la 12) Punção o Palpar o espaço intercostal o Conectar um Abocath 16 ou 14 a uma seringa e proceda à inserção no trajeto anestesiado previamente, observando a profundidade e aspirando continuamente a seringa o Conectar uma torneirinha ao cateter o Aspirar 50 mL de líquido pleural e feche a torneirinha o Distribuir nos fracos coletores e enviar para análise o Se for apenas diagnóstica, o procedimento encerra (retirada do cateter com o paciente em pausa respiratória e curativo oclusivo). 50 mL são suficientes para análise Se terapêutica: o Se for terapêutica, deve-se conectar o equipo à torneirinha de 03 vias, e a outra ponta conectada ao frasco coletor a vácuo o Abrir a torneirinha e abra lentamente o equipo de forma a permitir a passagem do líquido pleural para o frasco coletor o Não remover mais de 1.200-1.500mL – Edema de reexpansão Beatriz Loureiro 13) Curativo o Retirar o cateter com o paciente em pausa respiratória/expiração forçada e deve-se fazer um curativo oclusivo 14) Raio x de controle pós procedimento o Controversa o Caso ocorra alguma complicação ou dificuldade 15) Orientações, questionar dúvidas, se despedir 16) Analisar macroscopicamente; interpretar os resultados PUNÇÃO DESCOMPRESSIVA - Conduta imediata no Pneumotórax hipertensivo - Causa mais comum: ventilação mecânica em pacientes com lesão de pleura visceral - Diagnóstico é clínico o Dor torácica, taquipneia, taquicardia, hipotensão, desvio de traqueia, MV abolido no hemitórax acometido, distensão venosa no pescoço, hemitórax elevado sem movimentos respiratórios. - Antigamente: 2° EIC na linha hemiclavicular do hemitórax afetado o Atualmente: 5° EIC imediatamente anterior à linha axilar média (mesmo lugar do dreno) - Fazer antissepsia e anestesia local se houver tempo - Abocath número 14 ou 16 na borda superior da costela inferior - Preparar material para drenagem de tórax - Se não for bem sucedida, pode-se tentar uma descompressão digital Beatriz Loureiro