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Ana Valéria Dantas de Araújo Góis Derrame Pleural Definição ↦ Derrame Pleural – Síndrome clínica ocasionada por uma outra patologia de base ↦ Se caracteriza por um acúmulo de líquido no espaço pleural – é um espaço virtual constituído de líquido pleural que permite o deslizamento das pleuras visceral e parietal. ▹ Esse líquido é produzido e reabsorvido de forma fisiológica, ou seja, não deve sofrer acúmulo. ▹ Se sofrer acúmulo é porque algo está acontecendo e dificultando essa reabsorção ou causando aumento da permeabilidade vascular, gerando derrame pleural Fisiopatologia ↦ Fatores determinantes da Lei de Starling para a ocorrência de um derrame pleural: ▹Permeabilidade capilar – o aumento gera extravasamento de líquido para o espaço pleural; ▹ Pressão hidrostática – o aumento gera extravasamento de líquido para o espaço pleural ▹ Pressão oncótica – a diminuição gera extravasamento de líquido para o espaço pleural ▹ Drenagem pleural por obstrução linfática – obstrução da drenagem linfática, vai atrapalhar na reabsorção fisiológica desse líquido pleural e vai ocorrer acúmulo deste Classificação ↦ Transudatos – problema base é um problema sistêmico; geralmente é bilateral, pequeno. ▹ Principais causas – insuficiência cardíaca, síndrome nefrótica, hipoalbunemia (desnutrição) ↦ Exsudatos – são problemas da própria pleura; a pleura está doente; geralmente derrame pleural moderado a grande, unilateral ▹ Ex. paciente que está com dispneia, que tem histórico tabagista ▹ Principais causas – neoplasia, pneumonia, pancreatite, tuberculose ↦ Causas Ana Valéria Dantas de Araújo Góis ↦ Critérios de Light (Muito importante) ▹ Nos diz se é exsudato ou transudato ▹ Faz uma toracocentese, envia o liquido para o laboratório para fazer uma analise bioquímica do líquido. No mesmo momento, colhe sangue e faz uma análise sanguínea Avalia proteína do líquido pleural e sérico Avalia relação do DHL (desidrogenase láctica) pleural e sérico PARÂMETROS TRANSUDATOS EXSUDATOS Relação entre proteína do líquido pleural e sérica ≤ 0,5 >0,5 Relação entre DHL do líquido pleural e sérica ≤ 0,6 >0,6 DHL do líquido pleural >2/3 do limite superior no soro Não Sim ▹ Os exsudatos tem que ter pelo menos 1 dos critérios positivos ▹Os transudatos tem que estar os 3 negativos Tipos de derrames pleurais ↦ Transudatos (avaliação clínica?) ▹ Não há envolvimento da pleura ▹ Determinantes da lei de Starling – aumento da pressão hidrostática e redução da pressão oncótica ▹ Tem que fazer uma avaliação clínica minunciosa – pois alguma doença de base é quem é a causadora do problema. Ex. ICC, embolia pulmonar, cirrose hepática, síndrome nefrótica, pericardite constritiva, desnutrição. ↦ Exsudatos ▹ Doenças neoplásicas, infecciosas, inflamatórias, doenças abaixo do diafragma (gastrointestinais) Avaliação Clínica ↦ Anamnese ▹ Paciente que relata dispneia, dor torácica, pode relatar perda de peso (neoplasias), tosse, hemoptise, dor pleurítica, febre (tuberculose), além de doenças prévias ↦ Exame Físico ▹ Inspeção – observa a assimetria da expansibilidade pulmonar (o lado do derrame não expande tão bem) ▹ Percussão – substituição do som claro pulmonar por maciço e submaciço; ▹ Palpação – Assimetria da parede torácica (o lado do derrame não expande tão bem quanto o lado normal) ▹ Ausculta – diminuição ou abolição do MV fisiológico ↦ Exames Complementares ▹ Imagem Radiografia – Tórax em PA e perfil; pode pedir a incidência de laurel (decúbito lateral com raios horizontais) - É um derrame livre pois forma uma parábola - A parábola define a margem pulmonar. - A opacidade é onde está o derrame pleural. - Derrame pleural livre – líquido tem baixa densidade, líquido fino e não existem lojas. - Na imagem: derrame pleural volumoso, unilateral. USG - Observa o parênquima pulmonar, mas é difícil de dizer se a pleura está doente, se tem cardiomegalia associada, espessamento pleural, tumor Ana Valéria Dantas de Araújo Góis - Na imagem – parênquima boiando no líquido pleural (parece um filete) - Serve para fazer uma toracocentese guiada, por exemplo Tomografia - Nos fornece a maior quantidade de informações - Melhor exame para diagnosticar o derrame - Na imagem à direita: janela de mediastino, derrame pequeno e bilateral. Transudato - Na imagem à esquerda: derrame unilateral à direita. Acometimento pleural para pneumônico que evoluiu com empiema pulmonar (exsudato). Tem uma borda menos cinza ao redor do derrame, falando a favor de espessamento pleural. Evoluiu com pus, que causa espessamento difuso da pleura ▹ Procedimentos Toracocentese Biopsia pleural com agulha de cope – pode fazer no mesmo momento da toracocentese; quando você ver que ele é do tipo exsudato; essa biopsia é feita as cegas Toracoscopia – faz uma biopsia guiada por imagem; tem mais sensibilidade e especificidade; Biópsia pleural aberta – resseca os músculos para ter acesso a pleura Toracocentese ↦ Cirurgião fica no dorso do paciente ↦ Usa um jelco 14 ou 16, seringa de 20 ml ↦ Utiliza anestésico – lidocaína a 2% ↦ Faz a punção em 1 ou 2 espaço intercostal abaixo do ângulo da escapula ↦ Faz guiado por algum exame de imagem – raio x, ultrassom e TC Biopsia pleural com agulha de Cope ↦ Jelco 14 ou 16 – clinico; o cirurgião faz com a agulha de cope (que tem 4 componentes que encaixa um dentro do outro) ↦ A biopsia é feita as cegas – você não está vendo se onde tem a doença na pleura é naquele canto que você está colhendo a amostra ↦ É feita ambulatorialmente – não precisa ser intubado; faz anestesia local ↦ Livra o paciente de grande porte ↦ Componentes da agulha de Cope – quando se certifica que está na cavidade, ai tira os 2 componentes mais internos e coloca a agulha de cope (que é a que tem o ganchinho) Analise do liquido ↦ Odor – tem um odor mais forte quando é algo purulento ↦ Cor ▹A maioria dos líquidos é amarelo citrino – pode ser qualquer coisa (ex. tuberculose, câncer, fase inicial de empiema); ▹ Branco – fala mais a favor de quilotorax Ana Valéria Dantas de Araújo Góis ▹ Vermelho desbotado: fala mais a favor de empiema ▹ Hemático – fala mais a favor de neoplasia ↦ Viscosidade ↦ Turvação OBS – Sobre os frascos coletados: 1º frasco – manda para pesquisa de citologia oncótica (pesquisa de células neoplásicas) 2º frasco – microbiologia para ver bacterioscopia. 3º frasco – bioquímica para ver a análise de proteína sérica e proteínas pleurais, PH, DHL, TRI (quando suspeitar de quilotórax), glicose (quando baixa é indicativo de infecção, empiema), amilase, etc Celularidade ↦ Total e diferencial – hipóteses diagnósticas ▹ Predominância de neutrófilos – decorrente de um problema infeccioso; Parapneumônico – empiema TEP Pancreatite ▹ Predominância de linfócitos Câncer Pleurite tuberculosa Diagnósticos diferenciais ↦ Derrame tuberculoso ▹ Causado pela tuberculose pleural ▹ Achados clínicos Febrícula ou febre moderada – no final do dia, início da noite Dor ventilatório-dependente Dispneia Anorexia, emagrecimento, perda de peso ▹ Mais comum em países em desenvolvimento – a tuberculose é bastante comum no brasil ▹ Um dos mecanismos de formação é a ruptura de um foco subpleural do tecido necrótico – granuloma ▹ Análise de líquido pleural Exsudato – proteínas > 3g/dl Citologia – Linfócitos (>70%), PMN (<30%) e células mesoteliais baixas (<5%) ADA (Adenosina deaminase) > 40 Cultura para Bk positiva <20% ▹ Biópsia pleural Presença de granuloma caseoso ou não Biopsia para Bk positiva > 50% dos casos ↦ Derrame Neoplásico ▹ Mecanismo fisiopatológico Meta pleural – obstrução dos linfáticos/ aumenta a permeabilidade capilar Meta de linfonodosmediastinais – drenagem linfática reduzida ▹ História e Exame Físico Dispneia – 50% Anorexia – 14% Perda de peso – 32% Adinamia – 21% Dor torácica – 11% ▹Diagnóstico (histo ou citológico) Agulha de cope x videotoracoscopia Paciente com mestastase não pode garantir tratamento curativo, apenas paliativo ▹ Aspecto macroscópico do líquido é variável Amarelo citrino ou hemático ▹ Pleurodese – colagem das pleuras Paciente paliativo – tem que ter evidência que a pleura está acometida por doença neoplásica com metástase Ana Valéria Dantas de Araújo Góis Técnica – faz a colagem das pleuras, para que o líquido não volte pra la (por dreno ou por vídeo – joga talco ou PVPI tópico para colar) Os pacientes com mais comorbidade, faz pela técnica do dreno, para não submeter o paciente a anestesia geral; já por vídeo seria em pacientes que tem melhor prognóstico. Para fazer de forma eficaz, tem que ter evidência de que a pleura está acometida por doença neoplásica, ou seja, tem que ter feito a biópsia. Além disso, é preciso um raio x de tórax para comprovar que o pulmão expande completamente (provar que não há encarceramento pulmonar); Tem que ver se os sintomas melhoraram após toracocentese de alívio, porque se melhorar, há bom prognóstico de ser submetido a Pleurodese. ↦ Empiema Pleural ▹ Definição – presença de pus no espaço pleural ▹ Critérios diagnósticos Líquido pleural purulento Cultura do líquido pleural positiva Bacterioscopia do líquido pleural positiva pelo GRAM PH, DHL e glicose ▹ Etiologia Principal é o para-pneumônico – relacionado a pneumonia comunitária ▹ Diagnóstico Historia e exame físico – estertores creptantes, redução do MV, tosse, febre, dispneia Rx de tórax/ USG/ TC Toracocentese * Citologia – predomínio de neutrófilos * Bioquímica – DHL, proteínas, PH, glicose * Bacteriologia – faz cultura geral, pra fungo e etc ▹ Fases do Empiema Exudativa ou aguda – se não faz o tratamento, ou se não faz o correto, evolui para segunda fase; Geralmente é de 2 semanas de evoluções e resolve com um dreno de tórax + antibioticoterapia + fisioterapia; é definida por critérios bioquímicos Tratamento – Fase 1 - Derrame livre – lâmina de líquido >10mm - pH <7 - Glicose <40 - LDH > 1000 U/L Tto: Toracostomia com drenagem pleural fechada + ATB Fibropurulenta ou subaguda – se não faz o tratamento adequado, evolui pra 3º fase; Já está cheio de grumo/sujeira; só o dreno de tórax não vai resolver, tem que fazer uma lavagem na cavidade pleural e tirar todos os grumos Tratamento – Fase 2 - Derrame multiloculado - Piora dos parâmetros clínicos laboratoriais Tto: Videotoracoscopia com decorticação pulmonar precoce Organização ou crônica – o pulmão fica encarcerado, submete o paciente a um procedimento cirúrgico que o paciente fica com a cavidade pleural aberta e fica lavando em casa com sono Tratamento – Fase 3 - Pleuras espessadas - Pulmão encarcerado e fixo - Loja pleural organizada Tto: Pleutostomia – consiste e deixar um grande orifício que comunica a cavidade pleural com o meio externo para permitir essa lavagem. Com o passar do tempo esse orifício vai fechando por segunda intenção Ana Valéria Dantas de Araújo Góis OBS – Pleurostomia técnica: resseca um arco costal, dá pontos entre a pele e pleura parietal, deixando um grande orifício, permitindo que o paciente lave com soro a cavidade, e com o tempo o orifício fecha por 2 intenção.
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