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[JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 1 [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 Por que saber ECG? ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 2 Eletrocardiograma (E.C.G.) é o registro extracelular das variações do potencial elétrico do músculo cardíaco em atividade. As ondas de despolarização e repolarização que se propagam ao longo das fibras cardíacas podem ser consideradas dipolos em movimento como momentos dipolares variáveis. Estes dipolos determinam campos elétricos variáveis que podem ser detectados pela medida da diferença de potencial através de eletrodos colocados na superfície utâneac O Localizado na porção póstero‐superior do átrio direito, na junção da veia cava superior e o átrio, o Nódulo Sinusal normalmente começa o estímulo de despolarização cardíaca, sendo o marca‐passo fisiológico. Enquanto percorre os átrios, o estímulo fica preso no Nódulo Atrioventricular (parte posterior do átrio, junto ao septo interatrial) e, após um retardo de aproximadamente um décimo de segundo, envia o estímulo para despolarizar o ventrículo através dos ramos do Feixe A‐V e por fibras de Purkinge. Após a Despolarizando o Coração última célula ser despolarizada, essa mesma será a primeira a ser repolarizada. A eletricidade provocada nos músculos sendo despolarizados e repolarizados é que gera o traçado eletrocardiográfico. Repare que a massa muscular dos átrios é muito menor que a dos ventrículos, e que a massa muscular do ventrículo E é muito maior que a do D. Isso se deve à maior pressão no ventrículo E. É por essa diferença de musculatura que os ventrículos, em especial o esquerdo, possuem mais eletricidade. [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 3 Como essa eletricidade vira um traçado cardiográfico? A célula cardíaca em repouso (polarizada) é rica em potássio, e apresenta‐se negativa em relação ao meio externo que é positivo e rico em sódio. Quando ocorre a ativação de uma célula miocárdica, ocorrem trocas iônicas e inverte‐se a polaridade da célula (entrada de Cálcio), tornando‐a um dipolo equivalente (‐ +). . Colocando‐se um eletrodo em uma das pontas da célula (ou melhor, do músculo) é possível observar a variação elétrica desse dipolo. Assim sendo, torna‐se óbvio que se colocar esse mesmo eletrodo na outra ponta da célula, a observação será diferente, e o registro será o espelho do primeiro. E da mesma forma, se o evento que ocorrer na célula for o contrário, contrário também ficará a observação do eletrodo. Por exemplo: despolarização/repolarização Dessa forma, se colocarmos um observador (o nosso eletrodo) no lado esquerdo de uma célula em despolarização, esse verá o vetor do dipolo se aproximando; se invertemos a onda de desp., deixando o observador no mesmo referencial, notaremos que para ele o vetor está se afastando. Se considerarmos que, quando o vetor se aproxima do observador/eletrodo ele trace um risco positivo, quando esse mudar de sentido, o traçado passará a ser negativo. Mas por que a onda T é positiva? Embora seja uma onda cujo vetor de repolarização esta em sentido contrário ao vetor de despolarização ventricular, as cargas encontradas em cada extremidade da seta variam. Dessa forma temos em D2 um complexo QRS e uma onda T positivos Dessa maneira, se colocarmos eletrodos suficientes, é possível captarmos o estímulo elétrico no coração para que seja observado o comportamento elétrico do coração em um papel quadriculado. [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 Irrigação Cardíaca O coração recebe o oxigênio e os nutrientes de que precisa através de duas artérias coronárias: coronária esquerda e direita. A coronária esquerda inicia por um tronco curto que se divide na artéria descendente anterior e na circunflexa. A partir da descendente anterior, originam‐se os ramos septais, que vascularizam a região anterior do septo interventricular, e os ramos diagonais, que nutrem a parede anterior do ventrículo esquerdo. Da artéria circunflexa se originam os ramos marginais obtusos, responsáveis pela parede lateral, lateral alta e parte do dorso. A coronária direita supre o ventrículo direito, o septo posterior e a parede diafragmática. Derivações Eletrocardiográficas O ECG tradicional é composto por 12 derivações, ou seja, 12 combinações dos fios do aparelho funcionando como pólo + ou ‐. As três primeiras derivações do ECG são DI, DII e DIII, chamadas de bipolares por envolverem apenas dois fios. Na derivação DI o pólo – é o fio colocado no braço D, e o + é o do braço E. Na derivação DII o pólo – é o fio colocado no braço D, e o + é o da perna E. Na derivação DIII o pólo – é o fio colocado no braço E, e o + é o da perna E. As derivações unipolares utilizam um fio +, e os fios das demais extremidades em curto circuito como pólo – (é como se o pólo – ficasse no centro do coração). São elas: aVR. aVL e aVF. Na derivação aVR, o pólo + é o fio colocado no braço D. Na derivação aVL, o pólo + é o fio colocado no braço E. Na derivação aVF, o pólo + é o fio colocado na perna E. Nas demais seis derivações (V1‐V6), chamadas precordiais, os fios das três extremidades (membros) colocados em curto circuito são o pólo – (novamente, é como se o pólo negativo ficasse no centro do coração). O pólo positivo é um fio separado que vai sendo trocado de posição. Em alguns aparelhos de ECG existem seis fios, um para cada posição. Desse modo, a despolarização cardíaca pode ser observada por diversos ângulos. ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 4 As 12 derivações têm como objetivo registrar a despolarização das diversas zonas que compõem o músculo cardíaco. [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 5 As derivações uni e bipolares avaliam o coração no plano frontal: Parede lateral alta: DI e aVL Parede inferior: DII, DIII e aVF As derivações precordiais avaliam o coração no plano horizontal: Parede septal: V1 e V2 Parede anterior: V3 e V4 Parede lateral: V5 e V6 Interpretando ECG Devemos ter em mente que cada quadradinho pequeno, na horizontal, corresponde a 0,04 segundos e que um quadradão (entre as linhas grossas) corresponde a 0,2segundos. Já na vertical, um quadradinho corresponde a 0,01 mV (0,5mV no quadradão). Isso será importante a seguir, então decore agora esses valores Os átrios, possuindo uma massa muscular pequena, geram pouca eletricidade ao se despolarizarem. Portanto, no ECG, a onda referente aos átrios deve ser de pequena magnitude. O ventrículo D, dotado de massa muscular média, apresenta uma onda elétrica média. O ventrículo E, com sua massa muscular mais desenvolvida, gera mais eletricidade. Uma cavidade cardíaca que estiver com musculatura aumentada apresentará uma onda elétrica maior do que o esperado. Uma zona do coração infartada, ou seja, cujo músculo necrosou e foi substituído por uma cicatriz, não gera eletricidade No ECG normal, encontramos o seguinte traçado o lado, sendo que: a Onda P (amplitude de até 0,25 mV (2,5mm) e duração de até 0,12s (3mm)) significa a despolarização atrial; [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 6 o Complexo QRS (amplitude variável, normalmente maior que 5mV (5mm), e duração menor que 0,12s (3mm)), a despolarização ventricular (sendo Q a despolarização septal, o R a desp. dos ventrículos e S, daporção basal do VE); e a onda T( amplitude < 0,5 mV (5mm) no plano frontal e < 1 mV (10mm) nas derivações precordiais), a repolarização ventricular . A repolarização atrial fica mascarada “abaixo” do complexo QRS (ocorre no mesmo período), visto que os átrios possuem massas muito inferiores a dos ventrículos. Agora no eletrocardiograma... Primeiro, é preciso observar o se o ritmo é Sinusal ou não, para tanto devemos observar se a onda P é positiva nas derivações D II, D I e em ‐ aVF; e negativa em aVR. (se estivesse negativas em II, III e aVF, indicariam ritmo atrial esquerdo) Freqüência Cardíaca‐‐‐ 1) Se o ritmo for regular (mesmo intervalo entre os, utilizar a regra dos 300/150/100... Regra dos 300/150/100... – Você utilizará as linhas verticais grossas no traçado eletrocardiográfico. Pegue um ponto de referencia (QRS) que esteja passando em cima, ou próximo, a um traço grosso e, em seguida, observe onde está esse ponto no próximo ciclo. A primeira linha representa 300, a segunda, 150, a terceira 100, a quarta, 75, a quinta 60 e a sexta, 50. Verificar em que ponto dessa escala cai o próximo QRS. [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 7 Por exemplo: Ao lado pegamos um ponto de referência ( a onda R)que está passando bem próximo do traço preto. Assim, se a próxima onda R estivesse no traçado vermelho, a freqüência cardíaca seria de 300 bpm. No entanto ele encontra‐se no traço azul. Logo, ...300, 150, 100. A freqüência cardíaca está próximo dos 100 bpm. 2) Se o ritmo não for regular, é preciso estimar a freqüência aproximada através da regra dos 3 segundos. Regra dos três segundos( ritmo irregular): Caso o ritmo não seja regular, fica pouco preciso utilizar a regra anterior. Assim, a melhor maneira para se estimar uma freqüência aproximada é através da regra dos três segundo ( o que na verdade não passa de uma regra de três). Pense assim: cincos quadrados grandes tem 1 segundo. Se achamos 2 complexos em um segundo, quantos teremos em 1 minuto? Curiosidade: A freqüência no ECG pode ser discordante daquela freqüência avaliada pelo pulso e pela ausculta. Em alguns traçados eletrográficos, encontramos pequenas marcas superiores no papel, sendo que essas marcas normalmente aparecem a cada 3 segundos. Assim sendo, podemos contar quantas ondas de despolarização ventricular (nosso referencial) aparecem em 6 segundos e multiplicamos por 10 (6seg X 10 = 60 segundos= 1 minuto). Por exemplo: encontramos três complexos no primeiro intervalo (3 segundos) e mais quatro no segundo intervalo. Assim teremos sete referências em 6 segundo. Multiplicamos esse período por 10 e teremos um valor de: 3+4=7 7 x 10= 70 bpm Logo encontramos uma freqüência aproximada de 70bpm em nosso paciente. Onda P O próximo passo é avaliar a onda p. Representando a despolarização atrial, normalmente a Onda P é representada por uma onda positiva, cuja primeira metade corresponde ao componente atrial direito, e a segunda, ao componente atrial esquerdo. A duração da onda p é de até 0,12seg. e a sua amplitude de até 0,25 mV [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 8 (2,5mm). As melhores derivações para a onda ser analisada são às D II e V1 (II pelo fato de ter a maior deflexão positiva, e ser muito sensível a qualquer perturbação na desp. Atrial; e a V1 pelo fato de que o eixo de desp. atrial está bem perpendicular, sendo normalmente bifásica e separando os componentes atriais direito e esquerdo). Crescimento de Átrio Direito Com o aumento atrial direito, a amplitude da primeira porção da onda P aumenta (excede 2,5mm nas deriv. Inferiores). A largura não se altera porque o componente terminal da onda P pertence ao átrio esquerdo, e isso permanece inalterado. O quadro clássico é ilustrado nas II e V1, e foi chamado de P pulmonale porque freqüentemente é causado por doença pulmonar severa.É possível desvio para a direita do eixo da onda P. Crescimento Atrial Esquerdo No crescimento atrial esquerdo, a segunda porção da onda P pode aumentar em amplitude. O diagnóstico de aumento requer que a porção terminal (atrial esquerda) da onda P desça pelo menos 1mm abaixo da linha isoelétrica na derivação V1. A duração da onda P está aumentada, e a porção terminal (negativa) da onda P deve ter pelo menos 1 quadrado pequeno (0,04segundos) de largura. O próximo passo é analisar o intervalo PR e o Segmento PR Intervalo PR O intervalo PR é medido do início da onda P até o início do complexo QRS. Normalmente entre 0,12 e 0,20s (3 a 5 mm) Se o intervalo for superior a 0,20 segundos, podemos encontrar um caso de Bloqueio Atrioventricular de 1º grau (BAV 1º), onde ocorre um retardo prolongado na condução no nódulo AV ou no feixe de His (lembre‐se que o feixe de His é parte do sistema de condução localizada logo abaixo do nódulo AV. Se for menor de 0,12s, podemos está nos deparando com uma Síndrome Pré‐ excitatória. Intervalo Vs Segmento Segmento: é o segmento de reta encontrado entre as ondas Intervalo: são as manifestações encontradas no ECG em determinado intervalo de tempo [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 9 Segmento PR Se ocorrer uma elevação do segmento (Supra PR), consideramos um Infarto Atrial. Se ocorrer um Infra‐desnível, pode indicar uma Pericardite. Obs.: em pericardite ocorre também supradesnivelamento do segmento ST, que se inicia na porção média da fase descendente da onda R (e ausência da onda Q). Complexo QRS Em seguida, devemos analisar a despolarização ventricular. É preciso observar o Eixo de despolarização do ventrículo, se há sobrecarga ou bloqueio de ramos com QRS> 0,12 (quatro quadradinhos). Eixo Ventricular Outro recurso de grande serventia ao se interpretar o ECG é determinarmos o eixo de desp. ventricular, ou seja, para onde, e com que força, o estimulo cardíaco está ocorrendo, assim podemos descobrir onde está o vetor de no QRS. Para acharmos o eixo cardíaco, algumas pessoas gostam de pegar uma derivação que esteja isofásica (linha reta ou mais‐menos) e ver para onde estaria apontando esse vetor (obviamente estaria perpendicular àquela derivação isofásica) Por exemplo: Ao lado, Encontramos a onda mais isoelétrica em aVL Se ela é isofásica em aVL, é porque o vetor está perpendicular a esse. Logo o eixo está próximo de 60° (DII; mais positivo). Já eu prefiro pensar no eletro como se fosse um pequeno jogo, tipo batalha naval ou semelhante, onde primeiro encontramos os quadrantes prováveis do eixo e, perguntando para derivações perpendiculares, aproximar o grau de despolarização. Agora que você leu a frase acima, e não entendeu nada, abaixo vai a dica. [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 10 Antes de tudo, devemos ter em mãos o Eixo Hexa‐axial ( vale de uma grande, grande ajuda saber de cor como traçar o eixo). Agora que você decorou o eixo acima, a brincadeira é a seguinte. Todo o segmento de reta, do ponto central até a cabeça da seta é positiva. Já do ponto para a cauda é negativa. Ao lado vemos na derivação I, mas esses sinais são o mesmo para todas as cabeças de setas (+ ) e para as caudas ( ‐ ). Assim, tudo que estiver do ponto preto para a cabeça, consideramos positivo ( azul), e do ponto até a cauda, negativo (vermelho). Agora, o interessante. Perguntamos para a derivação se ela é positiva ou negativa. Consideramos como positivo o traçado que tenhaum predomínio positivo, ou seja, esteja acima da linha de base. Caso esteja abaixo da linha, consideramos negativa. E Então, se no traçado abaixo perguntarmos para a derivação DI o que ela é, ela dirá que é positiva em DI. [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 11 Assim, sabendo que ela é positiva em DI, sabemos também que o eixo está do ponto central até a seta, ou seja, de ‐90° até + 90° (note que os sinais dos graus não são iguais ao que conhecemos em matemática, sendo que começamos a contar no sentido horário) Agora, analisando na derivação aVF, vemos que há um predomínio positivo. Juntando os dois achados, positivo em DI e positivo em aVF, encontramos em sua intersecção que o eixo cardíaco está entre 0° e +90°. Assim, sabemos que o eixo cardíaco encontra‐se em algum lugar do quadrante verde. (se quisermos ser mais precisos, podemos jogar com eixos e suas derivações perpendiculares a fim de encontrarmos o eixo a cada 30°. E esse eixo? É normal? Consideramos que: Não há desvio de eixo quando ele está entre ‐30°/ +90° * Desviado para a direita se estiver de +90/+180°. Desviado para a esquerda se estiver de ‐30°/‐90°. *>>Cuidado: Muitos cardiologistas já consideram uma inclinação de 0° a ‐30° como desviado para a esquerda (é sempre bom ter consciência disso). Achando o eixo em 3 segundos: [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 12 Pode parecer complicado encontrar com precisão onde está o eixo, mas para observar de ele está desviado é preciso não mais do que 3 segundos, tudo que precisamos é de três derivações: DI – para separar em quadrantes direito/esquerdo aVF – para separar entre acima/abaixo E DII – para separar acima ou abaixo de ‐30° Colocando em prática: Identifique a freqüência cardíaca e o eixo de despolarização ventricular no traçado abaixo O diagnóstico de hipertrofia ventricular requer uma avaliação cuidadosa do complexo QRS em muitas derivações. Sobrecarga de ventrículo Hipertrofia de V. Direito A característica mais comum em crescimento de VD é desvio do eixo para a direita (+90°/+180°). Outra característica do ECG em hipertrofia de ventrículo direito é que ele é muito sensível nas derivações pré‐cordiais. O Ventrículo direito está abaixo de V1 Sobrecarga VD # V1 – R maior que onda S # V6 – S maior que R Em um coração normal, a onda R progride de tamanho de V1 até V5, o que não ocorre em HVD. Quando encontramos um traçado com sobrecarga do VD, observamos uma onda R grande já em V1 (coincidindo com o ventr. direito hipertrofiado) e uma onda R pequena em V6 (ventrículo esquerdo normal). Já a onda S é pequena em V1 e grande em V6 Geralmente a sobrecarga de VD está associada à Doença pulmonar e Doença Cardíaca Congestiva. [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 13 Hipertrofia de V. Esquerdo Em hipertrofia de VE geralmente temos um desvio para esquerda (além de 15°), mas esse achado não é muito útil. Onde devemos ater nossa atenção é nas ondas R e S. O ventrículo esquerdo é bem representado em V4 Infelizmente, há vários critérios para o diagnóstico de hipertrofia de VE (existem mais critérios do que resumos do Pedro Dutra). Todavia, todos os critérios refletem um mesmo tema: deve haver aumento da amplitude da onda R nas derivações sobrejacentes ao ventrículo esquerdo e aumento da amplitude da onda S nas derivações sobrejacente ao ventrículo direito Abaixo temos três métodos de avaliarmos SVE Skolow‐Lyon S V1 + R V5 ou V6 ≥ 35 mm Obs.: podemos encontrar falso positivo em adultos jovens longilíneos Há vários critérios por que não há nenhum excelente, portanto é sempre bom verificarmos SVE por mais de um critério, pois em um deles pode ser negativo, o que não significa que o paciente não possua esse achado no ECG Framingram R aVL ≥11 mm Muito específico Cornell S V3 + R aVL ≥ 28 mm em Homens ≥ 20mm em Mulheres Geralmente, a sobrecarga de ventrículo esquerdo está associada à Hipertensão arterial sistêmica e a Doenças Valvares [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 14 Anormalidades secundárias da repolarização na hipertrofia ventricular Podendo alterar de modo significativamente o ECG, a característica em anomalias secundárias é a Depressão do segmento ST com inclinação para baixo e a inversão da onda T (isto é, ela altera o seu eixo ≥de modo que não se alinha com o eixo do QRS), formando uma onda assimétrica (em isquemia geralmente a onda T invertida é simétrica) Essas anormalidades não são tão incomuns, sendo muito evidenciadas em derivações que tenham R altas ( já que as mesmas estão sobre o ventrículo hipertrofiado e refletem mais diretamente suas forças elétricas). Assim, em VD essas anomalias estarão evidentes em V1 e V2; e as do VE em I, aVL, V5 e V6. As anormalidades geralmente acompanham a hipertrofia severa e podem até mesmo anunciar a instalação de dilatação. Bloqueio de Ramo Qualquer obstrução ou retardo das vias normais de condução elétrica é chamado de bloqueio de condução. Quando esse bloqueio se refere ao bloqueio de condução em um ou em ambos os ramos ventriculares é chamado de Bloqueio de Ramo. O bloqueio de ramo é diagnosticado olhando a largura e a configuração dos complexos. Bloqueio de Ramo direito No BRD, a condução direita está obstruída, o que quer dizer que o estímulo vem ventrículo esquerdo, ocorrendo às seguintes alterações no ECG: ELETROCARDIOGRAMA I 1) Como o estímulo vem pelo ventrículo esquerdo, e não pelo tecido especializado de condução, ocorre um retardo na despolarização, assim evidenciado por um QRS alargado (QRS maior de 0,12 segundos) [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 15 2) O eixo cardíaco situa‐se entre 60° e 90° 3) A morfologia do complexo é rsR’ ou rSR’ em derivações sobrejacentes ao VD, o que forma uma morfologia semelhante a uma orelha de coelho, com a R’ grande e emplastada em V1 e V2 Bloqueio de ramo esquerdo Em bloqueio de ramo esquerdo encontramos o estimulo vindo pelo VD. No ECG verificamos: 1) QRS alargado ( maior que 0,12segundos) 2) Derivações sobrejacentes ao VE (I, aVL, V5 e V6) irão mostrar uma alteração característica na forma (geralmente essas derivações já têm R altas). A despolarização retardada causa um acentuado prolongamento na elevação daquelas ondas R altas, que terão o topo alargado ou entalhado. 3) O eixo pode estar desviado para a esquerda No bloqueio de ramo direito, as derivações precordiais direitas irão mostrar depressão de segmento ST e inversão de onda T, exatamente como anormalidades de repolarização que ocorrem na hipertrofia ventricular. Do mesmo modo, no bloqueio de ramo esquerdo, a depressão do segmento ST e a inversão da Onda T podem ser vistas nas derivações laterais esquerdas. [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 16 Para gravar: Hemibloqueio O termo hemibloqueio refere‐se a uma obstrução em apenas um dos fascículos. O principal efeito deles é o desvio de eixos, já que a duração do complexo continua menor de 0,12 segundo ( tempo é prolongado, mas não tanto) Bloqueio ântero‐superior esquerdo O eixo de despolarização ventricular é, portanto, redirecionado para cima e discretamente para a esquerda, inscrevendo ondas R positivas altas nasderivações laterais esquerdas e S profundas inferiormente. O eixo fica desviado para a esquerda, entre ‐30° e ‐90° e as morfologias das ondas tornam‐se características: [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 17 Bloqueio póstero‐inferior esquerdo Toda a corrente flui para baixo pelo fasc. Anterior, desviando o eixo para a direita, entre 90 a 180 graus (aprox. 120° ou mais). Inscreve ondas R altas inferiormente e S profundas em parede lateral esquerda. O hemibloqueio anterior esquerdo é muito mais comum do que o hemibloqueio posterior esquerdo, possivelmente porque o fascículo anterior é mais longo e fino e tem o suprimento sanguíneo mais tênue do que o fasc. Posterior. Segmento ST e Onda T Isquemia e Infarto do Miocárdio É nesse momento que devemos nos ater principalmente ao segmento ST e a Onda T Para se diagnosticar um infarto (artéria ocluída ou espasmo coronariano), é preciso três componentes: 1)historia e exame físico; 2) determinação de enzimas cardíacas (o conteúdo interno de dentro das células extravasa para dentro da corrente sanguínea); e 3) ECG. Durante um infarto agudo do miocárdio, o ECG evolui por três estágios: 1) A onda T se torna apiculada seguida por uma inversão 2) O segmento ST se eleva [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 18 3) Novas ondas Q aparecem Essas alterações na onda T refletem isquemia miocárdica, que é a falta de fluxo sanguíneo adequado para o miocárdio. A inversão da onda T, por si só é muito inespecífico, podendo indicar um bloqueio de Ramo hipertrofia ventricular com anormalidade na repolarização, etc.. A inversão da onda T, simétrica, por si é indicativa apenas de isquemia e não é diagnostica de infarto do miocárdio, sendo potencialmente reversível à isquemia. A elevação do segmento ST significa Lesão miocárdica, e é um sinal confiável de que um infarto irá evoluir, a não ser que haja uma intervenção terapêutica agressiva e imediata.observa‐se que tendem a serem fundidas entre o segmento ST e a onda T, sem uma clara definição entre as duas partes Obs.: uma elevação persistente (mais de 10 dias) do segmento ST freqüentemente indica a formação de um aneurisma ventricular, um enfraquecimento e abaulamento da parede ventricular. O aparecimento de novas ondas Q indica que ocorreu morte celular irreversível. Essas ondas Q patológicas são profundas. A presença de ondas Q é diagnostica de infarto do miocárdio. Assim, novas ondas Q aparecem dentro de horas ou dias. Critério para Ondas Q: 1‐ A onda Q deve ter duração maior do que 0,04segundo. 2‐ A profundidade da onda Q deve ser pelo menos um terço da altura da R no mesmo complexo QRS Obs.: como a derivação aVR ocupa uma posição única no plano frontal, ela geralmente tem uma onda Q muito profunda. A derivação AVR não deve ser considerada quando se avalia um possível infarto. Por que aparece as ondas Qs? Esse tipo de onda aparece porque uma parte já necrosada do coração ( provavelmente do VE) está eletricamente silenciosa, ou seja, não sofre despolarização. Dessa forma, quando uma parte do VE não se manifesta vetorialmente após a sua ativação, o vetor restante fica deslocado para a direita, aparecendo uma onda profunda nas derivações que não avR ( avR possui uma onda profunda, mesmo quando em um coração normal) [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 19 Localização do infarto De acordo com as alterações observadas nas derivações do eletrocardiograma, podemos, topograficamente, classificar o infarto agudo do miocárdio em: — anterior extenso: alterações de V1 a V6, D1 e aVL; — anterior: alterações de V1 a V4; — ântero‐septal: alterações de V1 a V3; — lateral: alterações de D1, aVL, V5 e V6; — lateral alto: alterações de D1 e aVL; — ântero‐lateral: alterações de D1, aVL e V3 a V6; — diagonal: alterações de V1 a V4, D1 e aVL; — inferior: alterações de D2, D3 e aVF; — posterior (dorsal): alterações de V7, V8, V9 e V10, com ondas R amplas em V1 e V2; — ventrículo direito: alterações de V3R a V5R e derivação abdominal direita. Quase todos os infartos envolvem o VE, já que é a parte do coração que é mais musculosa e que é mais solicitada para realizar trabalho. Cx ou CD? Como pode ser visto do lado ao lado, tanto a CX quanto a CD podem ser causa de um infarto inferior ou posterior. Como diferenciar? Observar DIII e aVF: Se o supra for maior em DIII, sugere uma oclusão da CD ( está mais para a Esquerda) e se for maior em aVF, sugere CX [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 20 Obs: infarto Posterior ( coronária direita) Como nenhum eletrodo convencional está situada sobre a parede inferior do coração, precisamos estar atentos para outros achados, como alterações recíprocas. Assim, ao invés de encontrar‐mos um supra de St em uma derivação que não existe, podemos econtrar um Infradesnível e ondas Q em outro eletrodo distante ao infarto posterior, como nas derivações anteriores, particularmente em V Alterações recíprocas: são alterações opostas no ECG, sendo muitas vezes observadas entre Concluímos dessa forma que a imagem encontrada nessas derivações anteriores são a imagem em espelho dos infartos posteriores Hiperpotassemia Distúrbios hidroeletrolíticos Potássio sérico normal: 3,5 – 5,1 mEq/l Com a elevação do potássio sérico a onda P se achata, o complexo QRS se alarga e a onda T se torna pontiaguda ( o que diferencia do infarto é que no distúrbio de eletrólitos, encontramos alterações em todas as derivações. A onda P se achatará ao ponto de se tornar difícil sua identificação na hipercalemia máxima. Ocorre também o alargamento de QRS, já que a despolarização ventricular demora. Potássio Aumentado Potássio Normal [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 21 Hipopotassemia Quando o potássio sérico cai abaixo do nível normal, a onda T se torna achatada (ou invertida) e há ondas U (aparece a ultima quando a perda de potássio se torna mais grave. Dubin: “eu sempre penso na onda T como uma tenda de íons potássio. À medida que os íons potássio caem abaixo do normal, a onda T se achata. Inversamente, o aumento dos íons potássio tornará a onda T pontiaguda”. Hipercalcemia e Hipocalcemia Cálcio normal: 8,4 – 10,2 mg/dl Com a hipercalcemia, o intervalo Q‐T encurta ( o aumento de Cálcio sérico intensifica precocemente a repolarização ventricular após a despolarização); E com hipocalcemia, o intervalo Q‐T aumenta. Obs.: mede‐se o intervalo Q‐T a partir do começo da onda Q até o final da onda T Digital Quando observamos um eletro de um paciente que está fazendo uso de digitálicos temos de separar os achados em duas categorias: achados associados com níveis terapêuticos da droga e aquelas vistas nos níveis sanguíneos tóxicos. Alterações em nível terapêutico: Ocorrem alterações características no segmento ST e na Onda T na maioria dos indivíduos com a droga em uso. Chamadas de Efeito digital elas consistem em depressão do segmento ST e achatamento ou inversão da Onda T. O efeito digital é mais proeminente naquelas derivações com R altas. [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 22 Lembre‐se: esse efeito é normal e previsível e não necessita interrupção dadroga Alterações em níveis tóxicos (Intoxicação digitálica): Digoxina sérica > 2,0ng/ml. Sintomas: anorexia, náuseas, vômitos, diarréia, cefaléia, distúrbios visuais, fraqueza, apatia, delírio, síncope, piora da ICC. ECG: ESV, taquicardia juncional, taquicardia atrial, taquicardia ventricular bidirecional, bloqueio sinoatrial, bloqueios atrioventriculares. Tratamento: Suspender digital, corrigir acidemia e distúrbios eletrolíticos. Utilizar lidocaína ou fenitoína para arritmias ventriculares. NÃO REALIZAR CARDIOVERSÃO ELÉTRICA, pelo risco de degeneração em ritmos letais. Pericardite A pericardite aguda pode manifestar‐se por dor torácica, febre, atrito pericárdico, tamponamento, alterações ECG ou alterações Rx, ou pode ser descoberto incidentalmente no curso de uma doença sistêmica Os ECGs, no início do quadro, podem revelar anormalidades restritas aos segmentos S‐T e ondas T, envolvendo a maioria das derivações, ocorrendo a elevação do segmento ST e achatamento ou inversão da onda T ( podendo, muitas vezes, serem confundidas com um infarto). Ao contrário do IAM, não há ondas Q patológica e a inversão de onda T ocorre após o retorno do segmento S‐T à linha de base e é diferente da que ocorre na isquemia aguda ou IAM. Distúrbio do Meio Condutor Externo (DMCE) Quando não há em nenhuma derivação periférica ( DI, DII,DIII, aVF, aVL ou aVR) amplitude de onda maior do que 0,5mV. Por exemplo: derrame pericárdico, tamponamento cardíaco, ... Teoricamente qualquer causa de pericardite aguda pode também ser causa de derrame pericárdico ou tamponamento cardíaco, porém são mais freqüentes as infecções virais, tuberculose, uremia, o mixedema, as colagenoses e as neoplasias. Traumas (inclusive o cateterismo cardíaco e a passagem de eletrodo de marcapasso) e a dissecção de aorta são também causas importantes de tamponamento cardíaco. [JÚLIO R. VIÉGAS] AD 2012 ELETROCARDIOGRAMA I ‐ NOÇÕES BÁSICAS EM 20 PÁGINAS Página 23 Hiperpotassemia Hipopotassemia Hipercalcemia e Hipocalcemia Obs.: mede-se o intervalo Q-T a partir do começo da onda Q até o final da onda T
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