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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM III - Patologia “O choque é um estado em que a diminuição do débito cardíaco ou a redução do volume sanguíneo circulante eficaz prejudica a perfusão tecidual, levando à hipoxia celular”. Na clínica, o choque pode ser entendido como uma síndrome caracterizada pela incapacidade do sistema circulatório em manter a perfusão periférica adequada resultando em hipóxia tecidual e disfunção múltipla de órgãos e sistema. Toda hipotensão, quando não controlada, pode causar um choque circulatório devido a hipoperfusão tecidual: Oligúria; Alteração do nível de consciência; Palidez; Alteração na temperatura. Além desses sinais de hipoperfusão tecidual, o indivíduo em choque apresenta taquicardia e altos níveis de lactato. Hipotensão: PAS ≤ 90 e/ou PAM ≤ 70; Considerar limiar distinto em pacientes hipertensos. Sinais clínicos: Pele (Cor, temperatura, aspecto); Rins (DU ≤ 0,5ml/kg/h); SNC (agitação, torpor, sonolência, coma). Hiperlactatemia: ≥ 2,0 mOsm.. Choque cardiogênico: resulta de um baixo débito cardíaco devido à falência da bomba miocárdica. A falência pode decorrer de danos intrínsecos ao miocárdio (infarto), arritmias ventriculares, compressão extrínseca (tamponamento cardíaco), ou obstrução ao fluxo de saída (p. ex., embolia pulmonar). Choque hipovolêmico: resulta de um débito cardíaco baixo devido à perda do volume sanguíneo, tal como ocorre nas hemorragias graves ou na perda de líquido decorrente de queimaduras graves. Choque associado à inflamação sistêmica: se dá quando ocorre uma vasodilatação periférica com acumulo de sangue, ativação ou lesão endotelial, dano induzido por leucócitos, coagulação intravascular disseminada e também por ativação das cascatas de coagulação. Cerca de 1/3 dos pacientes internados na UTI estão chocados, e na sala de emergência, os choques correspondem: 36% hipovolêmico; 33% séptico; 29% cardiogênico; 2% outros. Os choques podem ser classificados também de acordo com variáveis hemodinâmicas, a saber: Choque hipodinâmicos: Cardiogênico; Obstrutivo; Hipovolêmico. Choque hiperdinâmicos: Choque distributivo. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM III - Patologia Baixo débito cardíaco devido a falência da bomba do miocárdio; IAM, cardiomiopatia, arritmias: Geralmente precedido por sintomas de cardiopatia isquêmica. Altas pressões como pressão venosa central (PVC) e pressão capilar pulmonar (PCP). O choque cardiogênico acontece quando há uma falha no coração por conta do enfraquecimento das valvas, do próprio músculo cardíaco ou da condução elétrica. Em uma pessoa com choque cardiogênico, é comum encontrar esteatose, pulsos finos e pele fria e pegajosa. Baixo débito cardíaco devido a obstrução do fluxo sanguíneo; Tamponamento, TEP, pneumotórax hipertensivo; Altas pressões (PVC no TEP e PVC e PCP no tamponamento. O choque obstrutivo ocorre devido a obstrução mecânica ao fluxo sanguíneo, o que gera redução do débito cardíaco e da perfusão. O choque obstrutivo é uma emergência médica que ocorre quando o fluxo sanguíneo é bloqueado por um obstáculo mecânico, impedindo o correto funcionamento do coração e dos órgãos. As causas mais comuns de choque obstrutivo incluem: Tamponamento cardíaco: trauma, uremia, câncer, doenças autoimunes, tuberculose. Obstrução do débito de VD: embolia pulmonar, hipertensão pulmonar aguda. Aumento da pressão intratorácica: pneumotórax hipertensivo, ventilação mecânica com altos valores de PEEP. Obstrução extrínseca ou de estruturas adjacentes ao coração: síndrome da veia cava superior, tumores mediastinais. Baixo débito cardíaco devido a perda do volume sanguíneo ou plasmático (perda de mais de 20% do volume). Hemorragia, desidratação, queimaduras; Causas internas: trauma de órgão sólidos (fígado e baço) e ruptura de aneurisma e aorta abdominal; Causas externas: trauma penetrante e sangramento do TGI; Baixas pressões (PVC e PCP). A fisiopatologia do choque hipovolêmico é complexa e envolve diversas adaptações fisiológicas que o organismo realiza na tentativa de compensar a perda de volume sanguíneo. Na fase compensatória, o organismo tenta manter a pressão arterial e o fluxo sanguíneo para os órgãos vitais. Isso ocorre por meio de mecanismos de vasoconstrição, liberação de hormônios e aumento da frequência cardíaca. Esses mecanismos são importantes para manter Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM III - Patologia a homeostase e garantir que os órgãos vitais recebam a quantidade adequada de sangue. No entanto, se a perda de volume sanguíneo não for corrigida, o organismo entra na fase descompensatória. Nessa fase, ocorre hipoperfusão tecidual generalizada. Essa fase leva a uma redução na oferta de oxigênio e nutrientes para os tecidos. Isso pode levar a disfunção de múltiplos órgãos, incluindo os rins, fígado e pulmões. Além disso, a acidose metabólica e o aumento da produção de radicais livres podem causar lesões teciduais e disfunção celular. Se a hipoperfusão persistir, o organismo entra na fase irreversível. Essa fase é caracterizada por lesões teciduais e disfunção orgânica grave. Quando o corpo está nessa fase, a recuperação completa pode ser difícil e muitas vezes há um risco elevado de mortalidade. Vasodilatação a acúmulo sanguíneo periférico como um componente de uma reação imunológica sistêmica, uma infecção bacteriana ou fúngica; Sepse (choque séptico), anafilaxia- IgE (choque anafilático), lesão medular (choque neurogênico) e disfunções da suprarrenal; Baixas pressões no início e melhoram com a hidratação; Sepse avançada cursa com redução do débito cardíaco (disfunção miocárdica). A patogênese do choque séptico não é totalmente compreendida. Um estímulo inflamatório (p. ex., uma toxina bacteriana) desencadeia a produção de mediadores pró-inflamatórios, incluindo o fator de necrose do tumor (FNT) e (IL)-1. Essas citocinas causam adesão de neutrófilos a células endoteliais, ativam o mecanismo de coagulação e geram microtrombos. Eles também liberam inúmeros outros mediadores, incluindo leucotrienos, lipoxigenase, histamina, bradicinina, serotonina e IL-2. Eles sofrem oposição de mediadores anti-inflamatórios, como IL-4 e IL-10, resultando em um mecanismo de feedback negativo. Inicialmente, artérias e arteríolas se dilatam, diminuindo a resistência arterial periférica; tipicamente, o débito cardíaco aumenta. Esse estágio foi denominado “choque quente”. Depois, o débito cardíaco pode diminuir, a pressão arterial cai (com ou sem aumento da resistência periférica) e aparecem características típicas de choque. Mesmo no estágio de débito cardíaco aumentado, mediadores vasoativos fazem com que o sangue se desvie das redes capilares (um defeito distributivo). O fluxo capilar precário decorrente dessa derivação, juntamente com a obstrução capilar por microtrombos, diminui a entrega de oxigênio e reduz a capacidade de remoção de dióxido de carbono e produtos de excreção. A perfusão diminuída causa disfunção e, às vezes, Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM III - Patologia falência de um ou mais órgãos, incluindo rins, pulmões, fígado, encéfalo e coração. Coagulopatia pode se desenvolver em consequência de coagulação intravascular com consumo dos principais fatores de coagulação, excessiva fibrinólise em reação a isso e, mais frequentemente, uma combinação de ambos. Anafilaxia é uma reação alérgica aguda potencialmente fatal mediada por IgE que ocorre em pessoas previamente sensibilizadas quando são expostas novamente ao antígeno sensibilizador. Os sintomaspodem incluir estridor, dispneia, sibilos e hipotensão. A interação do antígeno com IgE nos basófilos e mastócitos desencadeia a liberação de histamina, leucotrienos e outros mediadores que causam contração difusa do músculo liso (p. ex., resultando em broncoconstrição, vômitos ou diarreia) e vasodilatação com extravasamento de plasma. Após o trauma raquimedular, além dos déficits sensoriais e motores observados, as disautonomias são típicas do choque neurogênico. A perda do controle autonômico simpático sobre o parassimpático é responsável pela grande maioria dos sintomas que determinam o choque neurogênico. O descontrole cardiovascular e respiratório é o mais temido. Parâmetros como pressão arterial sistêmica, frequência cardíaca, secreção de glândulas, controle térmico, broncodilatação e resistência vascular periférica ficam alterados. Durante o choque neurogênico, há um predomínio do sistema parassimpático sobre o simpático, podendo levar o paciente à morte. 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