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PRÁTICA SIMULADA V (CÍVEL) - CCJ0151 Título Estudo de Caso 12 Descrição CASO CONCRETO: VIII Exame de Ordem Unificado - Prova Prático-Profissional de Direito Constitucional Com fundamento na recente Lei n. 1.234, do Estado Y, que exclui as entidades de direito privado da Administração Pública do dever de licitar, o banco X (empresa pública daquele Estado) realiza a contratação direta de uma empresa de informática - a Empresa W - para atualizar os sistemas do banco. O caso vem a público após a revelação de que a empresa contratada pertence ao filho do presidente do banco e nunca prestou tal serviço antes. Além disso, o valor pago (milhões de reais) estava muito acima do preço de mercado do serviço em outras empresas. José, cidadão local, ajuíza ação popular em face do Presidente do banco X e da empresa W perante o Juízo de 1ª instância da capital do Estado Y, em que pleiteia a declaração de invalidade do ato de contratação e o pagamento das perdas e danos, ao fundamento de violação ao art. 1º, parágrafo único da Lei n. 8.666/1993 (norma geral sobre licitação e contratos) e a diversos princípios constitucionais. A sentença, entretanto, julgou improcedente o pedido formulado na petição inicial, afirmando ser válida a lei estadual que autoriza a contratação direta, sem licitação, pelas entidades de direito privado da Administração Pública, analisada em face da lei federal, não considerando violados os princípios constitucionais invocados. José interpõe recurso de apelação, ao qual se negou provimento, por unanimidade, pelo mesmo fundamento levantado na sentença. Dez dias após a publicação da decisão que rejeitou os seus embargos declaratórios, José procura um advogado para assumir a causa e ajuizar a medida adequada. Na qualidade de advogado, elabore a peça cabível, observando todos os requisitos formais e a fundamentação pertinente ao tema. AO SR. DOUTOR RELATOR DESEMBARGADOR DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO Y Processo n.º xxx.xxx.xxx JOSÉ..., já qualificado nos autos da ação popular movida em face de PRESIDENTE DO BANCO X e EMPRESA W, vem, por seu advogado que esta subscreve, com endereço profissional na Rua..., Bairro..., Cidade..., Estado..., local indicado para receber as devidas intimações nos termos do artigo 106, do Código de Processo Civil/2015, inconformado com acórdão de folhas no..., proferido por esse Tribunal de Justiça, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 102, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal/88 e artigo 1.029 do CPC, interpor RECURSO EXTRAORDINÁRIO para o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, cujas razões seguem em anexo, deixando o recorrente de preparar o recurso, considerando que é beneficiário da Gratuidade de Justiça, conforme se verifica nos autos à fl. ..., requerendo, seja estendida a gratuidade ao presente recurso, haja vista não possuir condições financeiras de arcar com o pagamento das custas e dos honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família; Requer, que se digne Vossa Excelência a determinar a intimação da parte recorrida, facultando-lhe a apresentação de contrarrazões no prazo legal, sob pena de preclusão. Por fim, requer após as formalidades legais que seja deferido o processamento, com consequente remessa do presente recurso ao Supremo Tribunal Federal. Termos em que, pede deferimento. Local..., data... Advogado... OAB .../ UF ... RAZÕES DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO AO SR. DR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Recorrente: José Recorrida: Presidente do Banco x e Empresa W Ação Nº: ... Juízo... Egrégio tribunal, Nobres julgadores Não merece prosperar o venerando acórdão que negou provimento ao recurso de apelação, uma vez que a decisão viola princípios constitucionais. I. FATOS A Lei n. 1.234, do Estado Y, exclui as entidades de direito privado da Administração Pública do dever de licitar, o banco X (empresa pública daquele Estado) realiza a contratação direta de uma empresa de informática - a Empresa W - para atualizar os sistemas do banco. Veio a público, a revelação de que a empresa contratada pertence ao filho do presidente do banco recorrido e nunca prestou tal serviço antes. Além disso, o valor pago (milhões de reais) estava muito acima do preço de mercado do serviço em outras empresas. O Recorrente propôs uma ação popular em face da parte recorrida, para pleitear a declaração de invalidade do ato de contratação e o pagamento das perdas e danos, ao fundamento de violação ao art. 1o, parágrafo único da Lei n. 8.666/1993 (norma geral sobre licitação e contratos) e a diversos princípios constitucionais. No entanto, o Magistrado A Quo julgou improcedente o pedido formulado na exordial, afirmando ser válida a lei estadual que autoriza a contratação direta, sem licitação, pelas entidades de direito privado da Administração Pública, analisada em face da lei federal, não considerando violados os princípios constitucionais invocados. Por conseguinte, o Recorrente interpôs recurso de apelação, ao qual se negou provimento, por unanimidade, pelo mesmo fundamento levantado na sentença. Também foram rejeitados os embargos declaratórios, opostos contra o acórdão. Logo, não restou outra alternativa, senão, acionar os guardiões da Constituição, pelos motivos de fato e direito a seguir. II. PRELIMINARMENTE a) DA REPERCUSSÃO GERAL Conforme estabelece a Constituição e o novo Código de Processo Civil, art. 1035, o Supremo Tribunal não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional não tiver repercussão geral. Será considerada repercussão geral questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo. Importante observar, que o artigo 1035, § 3º do CPC estabelece uma presunção de repercussão geral, ou seja, presume-se que há repercussão geral nos casos em que o recurso extraordinário impugna acórdão que contraria súmula ou jurisprudência dominante do Supremo ou tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal nos termos do art. 97 da CRFB. III. RAZÕES DO RECURSO a) TEMPESTIVIDADE De acordo com o art. 1003, P. 5 do NCPC, o prazo para a interposição do recurso extraordinário é de 15 dias. Dessa forma, tendo em vista que a decisão acerca dos embargos de declaração foi publica em ..., iniciando-se o prazo em ..., portanto, é tempestivo, visto que o termo final é em ... b) DO PREPARO Considerando que o Recorrente é beneficiário da justiça gratuita, dispensa-se o preparo recursal. c) DO PREQUESTIONAMENTO Imperioso salientar que, o Recorrente esgotou todas as formas de prequestionamento da inconstituicionalidade da referida lei estadual, eis que apelou em face da sentença, bem como opôs embargos de declaração contra o acórdão Art. 1026 do NCPC. Imprescindível trazer à baila, a norma contida no artigo 1.026 da Lei 13.105/2015 (novo CPC), o qual determina expressamente que: “Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso.” Assim, considerando a interrupção do prazo mediante a oposição dos embargos de declaração, não há dúvidas de que a contagem para o presente recurso teve seu início da publicação do acórdão que julgou os embargos de declaração. Verifica-se que o venerando acórdão se manifestou expressamente sobre a questão constitucional debatida no recurso de apelação, diante do que se conclui que se encontra preenchido o requisito legal do prequestionamento. d) FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL PARA O CABIMENTO É cabível o presente recurso nos termos da Constituição Federal, artigo 102, III, “a” CRFB/88. Verifica-se que o Egrégio Tribunal de Justiça ao manter em última instânciaa decisão proferida pelo d. magistrado de primeiro grau em descompasso com a Constituição, abriu precedente que autoriza a interposição do presente Recurso Extraordinário na forma da Lei. No caso em questão é nítida violação aos artigos 37 caput, da CRFB/88, bem como ao artigo 22, art. 22, inciso XXVII estabelece competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitação. A referida lei estadual, ao dispor sobre dispensa de licitação acabou por ferir a competência exclusiva a União, com usurpação da competência. Dessa forma, conforme artigo 102, § 3o da CRFB/88, o recorrente deve demonstrar que a questão discutida nos autos possui repercussão geral apta a ensejar admissibilidade do apelo extraordinário por essa Corte. In casu, é nítida a repercussão geral diante do interesse econômico e jurídico que ultrapassam questões subjetivas da causa, tendo em vista o prejuízo ao erário e a violação à moralidade administrativa, pois a manutenção da lei 1.234 gera violação aos princípios constitucionais e à lei infraconstitucional, atingindo a coletividade. IV. DO DIREITO A Lei no 1.234, editada pelo Estado Y, viola frontalmente o texto constitucional no que se refere aos princípios basilares da administração pública, bem como ultrapassou os limites da competência do estado. O art. 22, inciso XXVII estabelece competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitação. A referida lei estadual, ao dispor sobre dispensa de licitação acabou por ferir a competência exclusiva da União, com usurpação da competência. Além disso, falar que há flagrante violação ao princípio da legalidade previsto no art. 37, caput, da CRF/88, pois a lei 8.666/93, lei de Licitações e contratos, é a competente para dispor sobre licitação e contratos, bem como suas dispensas no âmbito da administração. Foram violados também os princípios da moralidade e impessoalidade constantes do artigo 37, caput da Carta Magna, pois com a contratação da empresa W, sem experiência técnica no setor, de propriedade do filho do presidente do Banco, com dispensa de licitação tornou evidente a gravidade dos atos praticados. Acrescenta- se que o custo do serviço contratado foi bem superior ao valor de mercado. Isto posto, é flagrante a violação da Constituição. V - DO PEDIDO Diante do exposto requer aos Nobres Julgadores que o presente recurso extraordinário seja CONHECIDO e PROVIDO, a fim de que seja reformado o Venerando Acórdão no sentido de invalidar o ato de contratação entre os recorridos, condenando-os ao pagamento de perdas e danos ao erário, pelos prejuízos causados. Além disso, o recorrente requer a intimação do procurador-geral da República. Nestes termos, Pede deferimento. Local ... data... OAB/UF