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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Derrame Pleural Introdução e definição Em condições normais, existe uma fina camada de líquido com cerca de 5-10 ml de líquido seroso entre as pleuras, que permite a lubrificação e facilita o movimento pulmonar. Importante salientar que os vasos linfáticos subpleurais são o principal responsável pela remoção do líquido pleural da cavidade. Em condições patológicas, existe um excesso de produção ou uma insuficiente remoção desse líquido, o que gera acúmulo, o que chamamos de derrame pleural. As principais etiologias envolvidas são: - IC: primeira causa; - Pneumonia: 2ª causa mais comum; - Derrame pleural neoplásico; - Tuberculose; - Cirrose; - Doença viral; - Embolia pulmonar. Etiologia e Fisiopatologia O derrame pleural pode ser exsudativo ou transudativo: - Derrame exsudativo: ocorre quando fatores locais estão alterados, como inflamação do pulmão ou da pleura, o que causa extravasamento do líquido para o espaço pleural e/ou nos casos onde há uma redução da drenagem linfática, a exemplo de doenças proliferativas ou inflamatórias; - Derrame transudativo: ocorre por fatores sistêmicos, como aumento da pressão hidrostática, redução da pressão oncótica, aumento da pressão negativa intrapleural. Identificação do derrame pleural O derrame pleural pode ser suspeitado durante a história clínica do paciente ou durante o exame físico. - Anamnese: o paciente pode se queixar de tosse seca, dispneia, dor pleurítica, trepopneia (dispneia que alivia quando o paciente deita do lado do derrame); Importante questionar acerca de: História de viagem recente; Ocupação atual e prévia; Medicações em uso; Cirurgias prévias principalmente revascularização miocárdica; Neoplasia; Local da residência; Exposição a asbesto. - Exame físico: redução ou abolição do MV, macicez à percussão, redução do FTV; Devemos avaliar também se há: Edema periférico; Estase de jugular; Estigmas de hepatopatia: rarefação de pelos, eritema palmar, ginecomastia, circulação coleteral; Deformidades articulares. - Achados adicionais: tosse, febre, ortopneia e artralgia auxilia na formulação das hipóteses diagnósticas. Exames complementares: A radiografia de tórax é o primeiro exame a ser solicitado, devendo ser pedido em PA e perfil e decúbito lateral. Neste exame iremos encontrar: - Imagem homogênea (Opacificação) com obliteração do seio costofrênico. OBS: Importante salientar que a radiografia de tórax permite pensar em alguns diagnósticos etiológicos. 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP CARACTERÍSTICAS ETIOLOGIA Bilateral - IC na presença de cefalização de trama vascular, edema alveolar, aumento de silhueta cardíaca; - Neoplasia, pleurite lúpica ou pericardite constritiva: na ausência de cardiomegalia Loculado Inflamação pleural: TB, empiema e hemotórax; Gigantes - Malignos; - TB. A ultrassonografia de tórax tem sido cada vez mais utilizada, uma vez que permite melhor quantificação do volume, melhor caracterização, melhor diferenciação pleural, bem como consegue distinguir derrame exsudativo e derrame maligno. A TC de tórax permite, por sua vez, uma melhor visualização e caracterização do derrame quando comparado à radiografia de tórax, bem como permite identificar lesões associadas, como embolia, infiltrado pulmonar, etc. Diagnóstico etiológico Toracocentese: A toracocentese está INDICADA para qualquer derrame pleural novo, inexplicado e que tenha mais de 1 cm na radiografia em decúbito lateral. Além disso, na presença de febre, dor pleurítica e o derrame não regredir com tratamento inicial, está também INDICADA toracocentese diagnóstica. - LOCAL: na região subescapular e na borda superior do arco costal inferior. OBS: Caso o paciente esteja em franca insuficiência respiratória ou descompensado da função cardíaca está indicada a toracocentese de emergência com ou sem introdução de dreno tubular. NÃO RETIRAR MAIS QUE 1500 ML POR RISCO DE EDEMA PULMONAR DE REEXPANSÃO. OBS1: Não é necessário realizar uma radiografia de tórax de controle. Aspecto do líquido pleural: A aparência macroscópica do líquido pode ser analisada no momento da toracocentese, o que permite pensar em algumas etiologias. Após a avaliação macroscópica, o próximo passo é distinguir os pacientes que têm causas inflamatórias, exsudativo e causas não inflamatórias, transudação, através dos critérios de Light. - Proteína líquido pleural/Proteína sérica > 0,5; - LDH pleural/LDH sérica > 0,6; - LDH líquido pleural > 2/3 do limite superior de normalidade do LDH sérico. NA PRESENÇA DE 1 OU MAIS CRITÉRIO – EXSUDATIVO. Outra forma de determinar se o líquido é exsudato ou transudato é a avaliação do Gradiente Albumina sérico- pleural. - Proteína sérica 3,1 g > que a proteína do líquido pleural OU; - Albumina sérica 1,2 g > que o fluido pleural; São indicativos de transudato. Exames que devem ser solicitados: Os exames laboratoriais a serem solicitados vão depender da suspeita clínica inicial, mas além do LDH e proteínas, comumente se solicita: - Contagem celular e diferencial; Neutrófilos predominantes indica processo agudo. Podendo indicar: Derrame parapneumônico; Embolia pulmonar; Neoplasia; Tuberculose; Doenças fúngicas; Infecção parasitária. Linfócitos predominantes indica processo crônico. Podendo indicar: Embolia pulmonar; Tuberculose; Neoplasia. - pH e Glicose; Glicose consumida (< 60 mg/dL) e pH baixo (<7,2) geralmente é indicativo de derrame parapneumônico. 3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Na suspeita de infecção: Bacterioscopia e cultura; Pneumococo, S. viridan e S. milleri são os patógenos mais comumente isolados na infecção da comunidade, enquanto o S. aureus, enterococos e enterobactérias em infecções hospitalares. - Na suspeita de neoplasia: citologia oncótica. As causas mais comuns de derrame pleural maligno são carcinomas de pulmão, mama e linfoma. - Testes adicionais: amilase, colesterol, triglicerídeos, ADA, HT, Baciloscopia e cultura para M. tuberculosis, Biópsia pleural. Adenosina deaminase (ADA): deve ser solicitada em casos suspeito de TB ADA > 35 U/L + exsudato linfocitário (ADA > 250 é mais indicativo de empiema ou linfoma); HT > 50% do hematócrito sérico o diagnóstico é hemotórax (uma forma prática de estimar o HT do líquido pleural é dividindo a contagem de células por 100.000); Amilase: um aumento de amilase (> 100-300) é indicativo de neoplasia, ruptura esofágica e doença pancreática; Triglicerídeos: valores > 110 mg/dL falam a favor de Quilotórax. Derrame pleural sem diagnóstico Caso não seja possível confirmar diagnóstico da causa do derrame pleural após realização de anamnese, exame físico, exames de imagem e análise pleural, pode-se lançar mão de 3 estratégias: - Observação; - Broncoscopia; - Biópsia de pleural. Derrame pleural parapneumônico O derrame pleural exsudativo que se associada a um episódio de pneumonia é definido como derrame parapneumônico e na presença de infecções do líquido pleural pode-se ser chamado de derrame pleural parapneumônico complicado. A antibioticoterapia deve ser guiada para Pneumococo e germes anaeróbicos e em casos de derrame complicado deve-se suspender a cobertura para atípicos e introduzir a cobertura para anaeróbicos. Os pacientes devem sempre receber terapia nutricional e profilaxia para TEV. 4 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP RESUMINDO:
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