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Hermenêutica Jurídica 26.04.23 Friedrich Müller Programa normativo e âmbito normativo Parte do pressuposto em que norma não é mais igual ao texto, porque norma é o texto interpretado. - Ele faz a separação de que norma é igual a interpretação do texto. No caso de Muller, vai acontecer em cada caso concreto. Divide a norma em 2: programa normativo e âmbito normativo. - O Texto que deve ser analisado no contexto da realidade social no qual ele está inserido, em concreto. *Essa realidade social agora pode variar de caso a caso. Contexto bem individualizado. - Abboud vai dizer que não existe mais o caráter de generalidade da norma que existia anteriormente, porque Müller vai querer uma norma individualizada. - *Para o professor, é importante ter uma norma geral para as pessoas saberem o que podem fazer ou não, sob pena de uma sanção. - O pós-positivismo é baseada nessa interpretação da norma para cada caso. O pessoal de processo civil como Marinoni e Mitidiero, eles entendem que norma também é o texto interpretado. Mas, entendem que ao interpretar um texto legal, o judiciário por meio das suas cortes superiores como o STF e o STJ, deve produzir uma norma que deve ser seguida pela sociedade, sendo uma norma para o futuro. - O precedente judicial seria uma norma para o futuro, e uniformizaria as interpretações divergentes no território nacional. - Uniformização prospectiva (para o futuro), valendo como norma geral. Crítica que o pós-positivismo faz a essa ideia dos precedentes, é que o precedente também é um texto, consequentemente, também precisa de interpretação. - *Não se faz direito, se não por linguagem. *Se o art. 121 não é lido da mesma forma, imagine uma decisão de 500 páginas, também precisando de interpretação. - Para o pós-positivismo, o precedente também vai precisar de interpretação. *No fundo, os pós-positivismo quer que os tribunais superiores julguem com o valor de justiça. - Se disser que a norma é sempre individualizada, decorrente de cada caso e é contra precedente, pode acabar anulando a existência do direito e todos os valores que um positivista preza como segurança, de saber o que pode ou não fazer sob pena de uma sanção, estariam sendo jogados no lixo. Porque se pode variar de caso a caso, teria consequências gravíssimas, principalmente no direito penal. - É necessário que a sociedade saiba o que ela pode fazer e não pode, pelo menos minimamente. A teoria de Müller sobre o programa normativo e âmbito normativo, em resumo, é que o texto observando o ponto de partida, deve ser interpretado em cada caso individualmente, levando em consideração o contexto e a realidade social em que está inserida. ADO 26 e MI 4733 (fundamentação): Decisão da criminalização da homofobia e transfobia Os argumentos utilizados: grupos sociais vulneráveis, função contramajoritária do STF, dignidade da pessoa humana, dimensão social do racismo. *O ideal para o positivismo é que as minorias fossem atendidas por meio do processo legislativo corretivo, e não pela função contramajoritária. Para o professor, Argumentos que integrariam a moral ao direito, vindo de um momento anterior ao direito. O problema é que os argumentos utilizados é que ele não está atuando de forma contrária ao positivismo. - *Crise de identidade. - Se os argumentos utilizados fossem os listados acima, seria coerente, porque integraria a moral ao direito, porque ela estaria acima e anterior ao direito baseada no pós-positivismo. Mas, o STF se justificou utilizando argumentos dizendo que não está atuando contrariamente ao positivismo. Essa decisão adotou qual forma de pensar o direito? Para o professor, seria o realismo. Já tinha a conclusão, e procurou a fundamentação com base em todas as outras correntes de pensamento para embasar. Poderia ser pós-positivismo, mas o problema foi a sua fundamentação foi na lógica do positivismo (analogia). Ele teve a preocupação em dizer que não era analogia, e sim uma interpretação conforme. Se não fosse positivista, diria que era analogia mesmo porque a moral estaria num patamar superior ao direito. *Muito subjetivo. Problemas: Os diferentes intérpretes chegam a consenso. - Ele não poderia ser diferente de Dworkin, dizendo que é possível que os intérpretes cheguem a um consenso sobre a interpretação. - Os autores do pós-positivismo brasileiro entendem que seria capaz de chegar a resposta certa por meio de cada um do seu método de interpretação, por conta do consenso. *Dworkin também fala da teoria pragmática. - Tem uma proximidade com Muller no intuito de trazer o contexto para a interpretação. Mas, Dworkin vai além porque fala na possibilidade da moral estar integrado ao direito, para permitir que julgamentos pautados nos princípios, inclusive implícitos, sejam julgamentos que contrariem as regras oriundas de fontes sociais autorizadas. Quando Müller fala do texto + realidade social, no caso individual, o professor não consegue achar a conformidade, porque ele não parte do pressuposto de existir consenso. Ainda que utilize o conceito social para a interpretação, para o professor, A vai chegar em uma resposta e B em outra. *Base dos direitos humanos é os valores universais. Quem se prega como terceira via é o pós-positivismo. - *Para o professor, ele é um jusnaturalismo com algumas inovações, mas que tem o núcleo-base de jusnaturalismo. Mas, o pós-positivismo se prega como uma 3ª via. Hans Georg Gadamer Não era jurista, era linguista. - Proximidade da filosofia, linguagem, hermenêutica e direito. O que prevalecia na filosofia da linguagem era a filosofia da consciência. - Tentava objetivar o conhecimento. Era antes do giro-linguístico, que se passou no século 20. A filosofia da consciência prevaleceu numa época de positivismo. - A ideia na ciência como um todo era uma ideia de objetividade do conhecimento. A filosofia da consciência ia dizer que o que estava sendo dito era uma mera comunicação automática do que estava sendo pensado, sem nenhuma estratégia linguística e sem nenhuma pré-compreensão. E a pessoa que ouviria, assimilaria automaticamente como se todas as coisas fossem objetivas. - Positivismo linguístico. Linguagem objetiva! - Prevaleceu até metade do século 20, porque o giro-linguístico começou em meados do século 20. A linguagem era mera declaratória. - Declarar o que as pessoas pensavam. Qualquer tipo de comunicação seria objetiva. Linguagem é qualquer tipo de comunicação! - Não prevalece no giro-linguístico a comunicação declaratória. Com a virada do século 20, do giro linguístico, há a aproximação entre direito, filosofia e linguagem. - Linguagem constitutiva, cria algo novo. Não somente declara algo que já existia. Dimensão constitutiva da linguagem: Wittgenstein, Heidegger, Gadamer. Linguagem no mais alto patamar. Coloca ela no céu. - Não há nada no mundo que não esteja na linguagem. - Não se faz direito, senão por meio de linguagem. A ideia da lei ser 100% certa, seria uma lei que adotaria a filosofia da consciência. Porque se ela é 100% certa, parte do pressuposto que ela é 100% objetiva, e direito é linguagem, então não tem como ter essa certeza absoluta. Nessa linha de raciocínio da linguagem num patamar tão alto, ele coloca a linguagem em uma dimensão universal. - *O professor não concorda com a dimensão universal dos valores, mas se entender que tudo no conhecimento tem uma relação com linguagem, terá que admitir que nesse sentido ela tem uma importância universal. Se faz tudo por meio da linguagem. Por mais que a linguagem leve em consideração a pré-compreensão da pessoa, ela vai falar por meio da linguagem. Se alguém falar algo, a outra pessoa vai entender por meio da linguagem. Quando Gadamer coloca a linguagem nesse patamar tão elevado, a ponto de dizer que tem uma dimensão hermenêutica universal, hoje ele parece ter razão. Todos os dissensos existente vão ser realizados e discutidos por meio da linguagem! A minha pré-compreensão influencia na minha forma de pensar, que pode ser completamente diferente da do outro, mas tudo que se pensa e fala é por meio da linguagem.Por isso, ela tem uma dimensão hermenêutica universal, porque a importância dela é universal já que não se faz nada senão por meio da linguagem. - Por mais que o direito penal tenha uma série de regras particulares, também não se faz por meio da linguagem. A linguagem vai levar em consideração a experiência de mundo. - Pré-compreensão de cada um. Porque se for falar de Inferência na linguagem no sentido de acréscimo, então toda vez que estiver lendo um texto, vai estar necessariamente adicionando informação nele com base na pré-compreensão de cada um. Linguagem é visão de mundo. - Porque a experiência de todo mundo influencia a linguagem de cada um. Implicitamente o indivíduo está criando uma estratégia para falar de uma forma. - Ex: Um positivista vai enfatizar, inconscientemente até, os pontos positivos do positivismo e os negativos do pós-positivismo. O sentido não estar apenas naquilo que está escrito, porque vai ter a importância da filosofia prática, do contexto, porque ninguém é neutro. *Princípio da imparcialidade do Juiz - Vários teóricos dizem que neutralidade e imparcialidade são coisas diferentes. É prevalecente o entendimento de que não existe a neutralidade pelo fato dos juízes terem seus próprios valores. Ele consegue ser imparcial, mas não neutro. - O professor acha que o sistema mais próximo de imparcialidade é o sistema de adversários no processo, onde o juiz é apenas um fiscalizador das partes, para que elas não excedam. Quem julga no fim, são os jurados. - No nosso sistema, ele produz prova e o juiz coopera com as partes. Se a parte não produzir uma prova, o juiz pode produzir qualquer prova, quebrando a parcialidade. Quando ele manda produzir uma prova, o professor entende que ele já está inclinado para um lado. A linguagem sempre nos precede, e antecipa qualquer explicação, porque as verdades de um texto não são ingênuas, porque elas são provocadas. - Ela sempre precede para não dizer que a linguagem vai vir depois transmitindo o que se pensou, já vindo de muito antes, onde sua pré-compreensão e experiência de vida vai influenciar na linguagem. *O professor desconfia que o giro-linguístico pegou um gancho no pragmatismo. - A linguagem pós giro-linguístico é a pragmática, onde até a palavra é parecida. Para interpretar um texto de um autor, precisa conhecer o hábito linguístico desse autor. - *Pragmatismo. Historicidade, esse hábito ao tempo do autor por conta do contexto histórico! Tem que estar aberto a opinião do outro e do próprio texto. - *Círculo hermenêutico. - Vai defender que a interpretação linguística pode levar em consideração a questão da pré-compreensão e de experiência, sempre todo mundo adicionando informação ao texto. Sempre que for produzida a linguagem, precisa estar aberto a percepção do outro que vai poder mudar minha linguagem original, e ao próprio texto porque também vai ter alguns valores subjetivos. - Interpretação e reinterpretação a todo momento. - *Ideia de mutabilidade. Há uma verdade, para hoje. Não necessariamente para amanhã. Não há neutralidade, mas as opiniões prévias têm limites. - O limite é o texto. Não pode dizer que a cadeira azul é uma cadeira amarela. - Na teoria da linguagem, prevalece o entendimento que o texto é o limite. Dentro do texto, vai haver uma infinidade de leituras diferentes porque cada um vai ter sua pré-compreensão diferente.
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