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TEMA 03 - Crimes Patrimoniais I - Aula III Extorsão

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MÓDULO 9: CRIMES EM ESPÉCIE 
 
TEMA 3 – CRIMES PATRIMONIAIS I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESUMO 
 
Extorsão 
 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de 
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça 
ou deixar de fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 
 Bem jurídico tutelado: patrimônio + integridade física e liberdade individual da vítima. 
 
 Sujeito Ativo: crime comum. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de extorsão. 
 
 Sujeito Passivo: crime comum. 
 
 Estrutura do tipo penal incriminador: constrangimento ilegal + finalidade especial. 
 
A extorsão, conforme ensinamentos de Guilherme de Souza Nucci1, é uma variante de crime 
patrimonial muito semelhante ao roubo, pois também implica a subtração violenta ou com grave 
ameaça de bens alheios. A diferença concentra-se no fato de a extorsão exigir a participação 
ativa da vítima fazendo alguma coisa, tolerando que se faça ou deixando de fazer algo em 
virtude da ameaça ou da violência sofrida. Enquanto no roubo o agente atua sem a 
participação da vítima, na extorsão o ofendido colabora ativamente com o autor da infração 
penal. Para roubar um carro, o agente aponta o revólver e retira a vítima do seu veículo contra 
a vontade desta. No caso da extorsão, o autor aponta o revólver para o filho do ofendido, 
determinando que ele vá buscar o carro na garagem de sua residência, entregando-o em outro 
lugar predeterminado, onde se encontra um comparsa. 
 
Prossegue o jurista ao afirmar que muito da extorsão equivale à denominada chantagem. O 
agente possui algum material comprometedor em relação à vítima, a exemplo de fotografias, e 
exige dinheiro para não divulgar a terceiros. O que vulgarmente se chama de chantagem, 
tecnicamente, é uma extorsão em grande parte dos casos2. 
 
 Objeto material: a pessoa contra quem a grave ameaça ou a violência é empregada. 
 
 
1 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 2. RJ: Forense, 2017, pag. 396. 
2 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 2. RJ: Forense, 2017, pag. 397. 
 
Aula III – Extorsão 
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 Elemento subjetivo: dolo + elemento subjetivo específico “com o intuito de obter para si ou 
para outrem indevida vantagem econômica”. 
 
Elemento subjetivo é o dolo, consistente na pretensão de apossamento definitivo da vantagem 
econômica indevida. 
 
 Consumação e tentativa: o crime de extorsão é delito formal e, assim, não exige o 
resultado naturalístico consistente na redução do patrimônio da vítima. A Súmula 96, do STJ, 
firma-se nesse sentido, a saber: 
 
“O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem 
indevida”. 
 
Disso extrai-se que a obtenção da vantagem indevida é mero exaurimento. 
 
Ocorre que, conforme bem pontua Nucci, o crime em apreço é composto por três estágios: 
 
1º) O agente constrange a vítima, valendo-se de violência ou grave ameaça; 
2º) A vítima age, por conta disso, fazendo, tolerando que se faça ou deixando de fazer alguma 
coisa; 
3º) O agente obtém a vantagem econômica almejada. 
 
Já vimos que o 3º estágio é mero exaurimento do delito, não importando para fins de 
consumação. O problema reside nos dois primeiros estágios. 
 
Crer-se mais indicado atingir o segundo estágio, isto é, quando a vítima cede ao 
constrangimento imposto e faz ou deixa de fazer algo. Nesse momento, estará consumado o 
crime de extorsão. Mas há quem entenda que basta o constrangimento para se consumar o 
delito. 
 
Causas de Aumento de Pena 
 
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, 
aumenta-se a pena de um terço até metade. 
 
O parágrafo em comento contempla as mesmas majorantes aplicáveis ao delito de roubo. 
 
A única ressalva é quanto à expressão “cometido por duas ou mais pessoas”, ao passo que, no 
roubo, o legislador utilizou a expressão “concurso de duas ou mais pessoas”. Assim, na 
extorsão a majorante só é aplicável no caso de coautoria e não de participação. Não incide a 07
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majorante no caso em que o agente constrange a vítima no interior de uma agência bancária, 
enquanto seu comparsa, o partícipe, o aguarda para fuga com o dinheiro levantado. 
 
Crime de Extorsão Qualificado pelo Resultado Lesão Grave ou Morte 
 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo 
anterior. 
 
Remete-se o leitor aos comentários tecidos ao artigo 157, § 3º, do CP, em nada se 
diferenciando do delito de roubo qualificado pelo resultado. 
 
Sequestro Relâmpago 
 
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição 
é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) 
a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as 
penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. 
 
 A Lei 11.923 de 2009 acrescentou o § 3º ao artigo 158, do CP, criando a figura denominada de 
sequestro relâmpago, inserindo uma nova modalidade de execução do crime de extorsão, qual 
seja, a extorsão mediante restrição da liberdade da vítima, além de prever a possibilidade de 
dois resultados advindos dessa conduta, lesão grave e morte. 
 
No sequestro relâmpago a restrição da liberdade da vítima é condição necessária para a 
obtenção da vantagem econômica. Assim, o agente que ingressa no veículo da vítima e a faz 
rodar a cidade, parando em caixas eletrônicos para sacar dinheiro, pratica o delito em comento. 
Se do sequestro relâmpago advier lesão grave, a pena será de reclusão, de 16 a 24 anos. Se 
ocorrer morte, a pena será de reclusão, de 24 a 30 anos. 
 
Guilherme de Souza Nucci3 ensina que o sequestro relâmpago em nada se confunde com o 
crime de roubo majorado pela restrição à liberdade da vítima (art. 157, § 2º, V, CP), tampouco 
com a extorsão mediante sequestro (artigo 159, CP). 
 
Quando o agente ameaça a vítima portando uma arma de fogo, exigindo a entrega do 
automóvel, por exemplo, cuida-se de roubo. A coisa desejada, afinal, está à vista e à 
disposição do autor do roubo. Caso o ofendido se negue a entregar, pode sofrer violência, 
ceder e o agente leva o veículo do mesmo modo. 
 
Porém, no caso da extorsão, há um constrangimento, com violência ou grave ameaça, que 
exige, necessariamente, a colaboração da vítima. Sem essa colaboração, por maior que seja a 
 
3 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 2. RJ: Forense, 2017, pag. 401. 
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violência efetivada, o autor da extorsão não obtém o almejado. Por isso, obrigar o ofendido a 
empreender saque em banco eletrônico é extorsão – e não roubo. Sem a participação da 
vítima, fornecendo a senha, a coisa objetivada não é obtida. Logo, obrigar o ofendido, 
restringindo-lhe a liberdade, constituindo esta restrição o instrumento para exercer a grave 
ameaça e provocar a colaboração da vítima, é exatamente a figura do artigo 158, § 3º, do CP. 
 
Permanece o artigo 157, § 2º, V, do CP, para a hipótese mais rara de o agente desejar o carro 
da vítima, levando-a consigo por um período razoável, de modo a se certificar da inexistência 
de alarme ou trava eletrônica. 
 
Por fim, essa figura não se confunde com a extorsão mediante sequestro, pois, nesta última, a 
privação da liberdade é mais que evidente, ingressando o ofendido em cárcere, até que haja a 
troca da vantagem como condição ou preço do resgate. 
 
HEDIONDEZ 
 
P:. E se houver morte, o crime é hediondo? Lei 8072/90, artigo 1°, II diz: “latrocínio” e no inciso 
III diz: “extorsão qualificada pela morte (art. 158, §2°)”. Mas e a extorsão qualificada pela 
restrição da liberdade com morte, é hedionda? 
 
R:. Nucci: Não é crime hediondo, por falta de previsão legal. 
Sanches: É crime hediondo. O tipo penal do §3° não é autônomo, mas derivado e meramente 
explicativo de uma forma de extorsão. Antes da lei 11923/09 já estava contida no § anterior, 
explicitando a nova lei um meio especial de execução (restrição da liberdade). 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
“A Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação) regulamenta o direito constitucional de 
acesso às informações públicas, mas é importante que estados e municípios publiquem suas 
próprias leis, conforme a realidade local. 
 
O acesso à informação pública é uma medida importante para controle social, mas não pode 
servir como meio para abusos por parte daqueles que solicitam informações sem finalidade 
pública. Embora a lei federal não estabeleça sanções para abusos no uso desses dados, 
outras leis federais, como o Código Civil e o Penal, permitem o controle dos abusos. No 
entanto, os estados e municípios podem também criar sanções administrativas como 
advertências, multas e até suspensão temporária de alguns direitos de cidadãos e pessoas 
jurídicas que solicitem informações e desvirtuam o teor das mesmas. (...).” 
 
Para a íntegra do texto, segue link abaixo: 
Extorsão política e controle social com dados da Lei de Acesso à Informação 
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https://www.conjur.com.br/2018-jan-22/mp-debate-extorsao-politica-controle-social-lei-acesso-informacao
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
RECURSO ESPECIAL. EXTORSÃO. CRIME CONSUMADO. AÇÃO POSITIVA DA VÍTIMA 
QUE, APESAR DA COMUNICAÇÃO DO CRIME À POLÍCIA, CEDEU À EXIGÊNCIA DOS 
AGENTES. RECURSO PROVIDO. 
1. O crime de extorsão é formal e se consuma no momento em que a vítima, submetida a 
violência ou grave ameaça, realiza o comportamento desejado pelo criminoso. É irrelevante 
que o agente consiga ou não obter a vantagem indevida, pois esta constitui mero exaurimento 
do crime. Súmula n. 96 do STJ. 
2. Caso o ameaçado vença o temor inspirado e deixe de atender à imposição quanto à 
pretendida ação, é inquestionável a existência da tentativa de extorsão. 
3. Sem necessidade de reexame de provas, é possível depreender, a partir do enquadramento 
fático delineado no acórdão, que a vítima, ameaçada pelos recorridos, lavrou boletim de 
ocorrência, mas não confiou, de forma absoluta, na intervenção da polícia, uma vez que 
compareceu ao local e entregou envelope com dinheiro aos recorridos, presos em flagrante, 
logo depois, na posse do numerário. 
4. A ação positiva da vítima, resultante da coação exercida, se concretizou e, até a prisão dos 
recorridos, ela estava subjugada pelo temor. A ação policial não impediu que o ofendido 
cedesse ao constrangimento ilegal, mas apenas a obtenção da indevida vantagem econômica, 
o que caracterizaria o mero exaurimento da extorsão. 
5. Houve simples tendência da autoridade policial de, informada do propósito criminoso, dar 
aos agentes o ensejo de agir, tomadas as devidas precauções. 
6. Recurso especial provido para reconhecer a violação do art. 14, II, do CP e a consumação 
do crime de extorsão, de forma a fixar no mínimo legal a pena dos recorridos, a ser cumprida 
no regime inicial aberto. 
(REsp 1467129/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 
02/05/2017, DJe 11/05/2017). 
 
“(...)5. O crime de extorsão (art. 158, CP) é formal e consuma-se no momento em que a 
violência ou a grave ameaça é exercida com o intuito de constranger alguém a fazer ou deixar 
de fazer alguma coisa. Inteligência da Súmula n. 96 desta Corte Superior. O monitoramento 
pelos policiais federais de encontro entre a vítima e réu após a consumação do crime de 
extorsão não configura crime impossível (...)” (HC 353.818/RS, Rel. Ministro REYNALDO 
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 21/02/2017, DJe 24/02/2017). 
 
PENAL. RECURSO ESPECIAL. EXTORSÃO QUALIFICADA. RECONHECIMENTO DA 
MAJORANTE DO EMPREGO DE ARMA E DO CONCURSO DE PESSOAS. ART. 158, §§ 1º E 
3º, DO CP. CABIMENTO. CONTINUIDADE DELITIVA ESPECÍFICA. ART. 71, PARÁGRAFO 
ÚNICO, CP. POSSIBILIDADE. 
1. O § 3º do art. 158 do CP, introduzido pela Lei n. 11.923/2009, qualifica o crime de extorsão 
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quando cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária 
para a obtenção da vantagem econômica, passando a pena de reclusão a ser de 6 (seis) a 12 
(doze) anos, além da multa. Se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas 
previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. 
2. A Lei n. 11.923/2009 não cria um novo delito autônomo, chamado de "sequestro relâmpago", 
sendo apenas um desdobramento do tipo do crime de extorsão, uma vez que o legislador 
apenas definiu um modus operandi do referido delito. 
3. Tendo em vista que o texto legal é unidade e que as normas se harmonizam, conclui-se, a 
partir de uma interpretação sistemática do artigo 158 do Código Penal, que o seu § 1º não foi 
absorvido pelo § 3º, pois, como visto, o § 3º constitui-se qualificadora, estabelecendo outro 
mínimo e outro máximo da pena abstratamente cominada ao crime; já o § 1º prevê uma causa 
especial de aumento de pena. 
4. Dessa forma, ainda que topologicamente a qualificadora esteja situada após a causa 
especial de aumento de pena, com esta não se funde, uma vez que tal fato configura mera 
ausência de técnica legislativa, que se explica pela inserção posterior da qualificadora do § 3º 
no tipo do artigo 158 do Código Penal, que surgiu após uma necessidade de reprimir essa 
modalidade criminosa. 
5. Em circunstância análoga, na qual foi utilizada majorante prevista topologicamente em 
parágrafo anterior à forma qualificada, tal como na hipótese dos autos, esta Corte Superior 
decidiu que, sendo compatível o privilégio do art. 155, § 2º, do Código Penal com as hipóteses 
objetivas de furto qualificado - entendimento proferido no Recurso Especial representativo da 
controvérsia n. 1.193.194/MG -, mutatis mutandi, não há incompatibilidade entre o furto 
qualificadoe a causa de aumento relativa ao seu cometimento no período noturno. 
6. No presente caso, ficando claramente comprovada a utilização da arma pelos acusados para 
o cometimento do crime, bem como que ambos agiram em comunhão de vontades, praticando 
os crimes ora em análise, não há como se afastar o fato dos delitos terem sido praticados em 
concurso de pessoas e com o emprego de arma de fogo, devendo incidir a causa de aumento 
prevista no § 1º do art. 158 do CP. 
7. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à 
pessoa, poderá o juiz - considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias - aumentar a pena de um 
só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo. 
8. No presente caso, apesar das circunstâncias judiciais terem sido consideradas favoráveis 
em relação aos recorridos, foram praticados mais de 10 crimes de extorsão qualificada pela 
restrição da liberdade das vítimas (art. 158, § 3º, do CP), contra pessoas diferentes, com 
violência ou grave ameaça, o que justifica a aplicação da continuidade delitiva específica (art. 
71, parágrafo único, do CP). 
9. Recurso especial provido. (REsp 1353693/RS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA 
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 13/09/2016, DJe 21/09/2016). 
 
 
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FONTE BIBLIOGRÁFICA 
 
NUCCI, Guilherme de Souza, Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 4. 
ed. Rio de janeiro: Forense, 2015. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2017 – Artigo 59; 
 
NUCCI, Guilherme de Souza, Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Vol. 
1, págs. 743 a 838. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. RJ: 
Forense, 2017, 9ª ed. Vol. 2. Nota 24 do artigo 61; nota 125 do artigo 89, ambos da Lei de 
Juizados Especiais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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