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Afecções da parede torácica ◉ Revisando a anatomia Composta pelas vertebras torácicas, costelas, esterno, articulações e diafragma que une as estruturas formando a caixa torácica. Sua principal função é proteger órgãos vitais de forças externas: coração, pulmão, esôfago, traqueia, veias e artérias, entre outros. Mm. intercostais M. transverso do tórax M. reto do tórax M. serrátil dorsal M. escaleno M. diafragma ◉ Alterações no paciente torácico Dispneia: esperado em pacientes com alterações no tórax, principalmente trauma, apresentando dificuldade respiratória com diminuição da saturação (O2↓); Tamponamento cardíaco: descompensação cardíaca resultante de elevação na pressão do fluido intrapericárdico e/ou Interferência da função diastólica; Alterações cardíacas: miocardite traumática e arritmia secundária a traumas torácicos; Choques: Hipovolêmico: causado por perda de fluidos sanguíneos ou corporais, resultando em uma diminuição do volume sanguíneo circulante. Obstrutivo: causado por obstrução no fluxo sanguíneo impedindo o coração de bombear sangue adequadamente para o resto do corpo. Séptico: infecção bacteriana generalizada no corpo. As bactérias ou toxinas liberadas pela infecção desencadeiam uma resposta inflamatória sistêmica que pode levar a uma diminuição da pressão arterial e disfunção de múltiplos órgãos, incluindo o coração, pulmões e rins. PRINCIPAIS AFECÇÕES: Traumas, Neoplasias e Anomalias Oxigenação Reposição Monitoromento Toracocentese Procedimento realizado para remover fluido ou ar acumulado na cavidade torácica, que pode ser causado por várias condições, como trauma. O procedimento envolve os seguintes passos: Preparação: posicionamento adequado (normalmente em posição lateral) para permitir o acesso seguro à cavidade torácica ➜ o 6º, 7º ou 8º espaço intercostal, próximo ao nível da junção costocondral; Fazer tricotomia e desinfecção do local. Anestesia local: administrada na pele sobre a área a ser perfurada, para reduzir a dor e o desconforto associados ao procedimento. Material: utilizar agulha, escalpe de pequeno calibre conectado a um dispositivo de três vias e seringa, ou com cateter com agulha conectado a um tubo de extensão; A agulha precisa ser longa o suficiente para penetrar até o espaço pleural em animais obesos ou de grande porte. Punção torácica: introdução da agulha até a metade do espaço intercostal (cuidado para evitar grandes vasos associados à face posterior da margem da costela), avançar a agulha para dentro do espaço pleural. Remoção de fluido ou ar: aspirar o fluido/ar enquanto a agulha está sendo introduzida para permitir o reconhecimento imediato da profundidade apropriada para a colocação da agulha, monitorando constantemente o paciente para detectar quaisquer sinais de desconforto ou complicações, caso haja é necessário recuar a agulha e reposiciona-la. Amostras: aspirar o fluido delicadamente e colocar amostras de 5 mL em um tubo de EDTA e em um tubo de coagulação, para a contagem celular e análise de parâmetros bioquímicos; Além disso, fazer lâminas de esfregaço para citologia. Finalização: Uma vez que todo o fluido/ar tenha sido removido, a agulha é removida e a área é limpa e protegida. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. ◉ Emergência no paciente torácico ▶ Manobras torácicas: Dreno torácico: Procedimento realizado para drenagem quando o fluido se acumula de modo que a toracocentese não é prática, sendo necessário a drenagem contínua, como em casos de piotórax e efusão pleural. O procedimento envolve os seguintes passos: Preparação: posicionamento adequado (normalmente em posição lateral) em casos graves pode ser colocado bilateral; Fazer tricotomia e assepsia para manobra cirúrgica. Anestesia geral Material: tubo torácico (calibre apropriado ao paciente), um dispositivo para conectar o tubo a uma seringa ou a uma garrafa de sucção contínua e um recipiente para coletar o material drenado. Toracotomia: realizar uma pequena incisão da pele no terço dorsal da parede torácica lateral ➜ 10º ou 11º espaço intercostal; Avançar o tubo por via subcutânea em uma direção cranio-ventral e introduzir o tubo através da musculatura e pleura; Para maior segurança, quando a cavidade torácica não estiver sendo seccionada, pinçar o tubo em sua saída da parede corpórea com uma pinça hemostática ou aparato oclusor de tubo para evitar pneumotórax. Sutura: suturar a pele ao redor do tubo (não penetrar no lúmen do tubo); Conectar o tubo torácico a um aparato de três vias para aumentar a facilidade de drenagem torácica, com um adaptador para garantir uma selagem contra o ar. Usar sutura para garantir que o tubo permaneça conectado aos equipamentos. Verificação: verificar o posicionamento adequado do dreno torácico por meio de radiografia, antes de cobri-lo com uma bandagem; Em casos selecionados (múltiplas aderências, fluido localizado), pode ser vantajoso posicionar o tubo torácico guiado por toracoscopia. Amostras: coletar amostras para exames laboratoriais e citologia. Remoção do tubo: Como o tubo é um corpo estranho, irá causar a produção de fluido na maioria dos animais (geralmente 2,2 mL/kg do peso corporal/dia); Os tubos geralmente podem ser removidos quando o volume do fluido é compatível com aquele que pode ser gerenciado por toracocentese intermitente ou quando a pressão negativa se estabilizar por mais de 24 horas; Realizar cultura da extremidade do tubo após sua remoção se este tiver sido mantido no local por vários dias ou se o animal exibir sinais de infecção. Fechar a incisão cutânea com um ou dois pontos interrompidos simples. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. ◉ Trauma da parede torácica A lesão da parede torácica pode ser secundária a um trauma contuso ou penetrante; Trauma contuso: resultante do impacto do corpo contra uma superfície, ou de um processo de desaceleração intensa e rápida. Ocorre normalmente por atropelamento, quedas ou mordeduras. Trauma penetrante: resultante de uma lesão que invade a cavidade torácica. Ocorre normalmente pela inserção de corpos estanhos, como projeteis, facadas, entre outros. 87% dos casos traumáticos apresentam trauma intratorácico concomitante. Tanto o trauma contuso quanto o penetrante podem causar dano extenso dos tecidos moles da parede torácica. A dor associada à laceração muscular pode alterar a respiração, pois o animal não está propenso a respirar profundamente. Fratura de costela: avaliar a presença de lesão pulmonar, efusão e instabilidade (exames de imagem); As fraturas de costela produzem fragmentos pontiagudos que podem lesionar um vaso sanguíneo importante ou causar a laceração do pulmão. O que fazer? manejar esse paciente com controle da efusão/pneumotórax com drenagem (se necessário), analgesia, anti- inflamatório não esteroidal e antibiótico, NÃO utilizar bandagem pois podem adicionar pressão a cavidade já lesionada. Tórax instável: ou flail chest, ocorre pela fratura de três ou mais costelas consecutivas no aspecto ventral e dorsal, de forma que os segmentos de costelas perdem sua continuidade com o restante do tórax, causando movimento respiratório paroxístico (inspiração prolongada com a boca aberta) resultante das mudanças na pressão intrapleural; o segmento fraturado move-se para dentro durante a inspiração e para fora durante a expiração. O que fazer? posicionar o paciente em decúbito lateral do lado afetado, ajudando a reduzir a dor e o desconforto causados pela fratura, permitindo que o animal respire mais facilmente. Dessa forma não fazendo a compressão do tórax e causando uma dificuldade na respiração; Controle da efusão/pneumotórax com drenagem (se necessário), oxigenioterapia, analgesia, anti-inflamatório não esteroidal e antibiótico. Quando encaminhar para cirurgia? quando os sinais não melhoram com o tratamento conservativo e/ou houver lesão intratorácica sendo necessário realizar toracotomia. Fechada Fechada Utilizando suturas percutâneas com ou sem tala, sem acessar a cavidade torácica; Estabilizar as costelas afetadas com uma folha de material plástico, talasou placas de alumínio, moldados no formato da parede torácica. Faça furos no material de imobilização, largos o suficiente para passar o fio de sutura; Passar os fios de sutura em torno das costelas afetadas; Passar as pontas dos fios de sutura através dos orifícios feitos anteriormente e amarrá-los; Estabilização completa em 2-3 semanas. Com tala Sem tala Com implantes Utilizando fio de kirchener (fio de aço), placas, parafusos e/ou pinos intramedulares dependendo da quantidade de fragmentos e complexidade das fraturas; Remoção Utilizado quando a complexidade da fratura não é de possível recuperação através de implantes; Não é recomendado a remoção de mais de 6 costelas; Após a remoção, utilizar flaps e implantes (malhas) suturados para preservar a morfologia da cavidade torácica. ◉ Neoplasias na parede torácica A neoplasia da parede torácica pode acometer as costelas, os músculos ou a pleura, normalmente originadas de elementos da costela; Os tumores primários das costelas apresentam uma alta taxa de metástases e são raros em cães e gatos, assim como os originados no esterno, sendo os principais: condrossarcoma (cartilagens), osteossacoma (ósseo), fibrosarcoma; ▶ Estabilização cirúrgica: ▶ Exame físico: A maioria dos tumores de costelas causa um edema localizado da parede torácica que podem ser visíveis e palpáveis; Outros sinais clínicos incluem perda de peso e dispneia. ▶ Diagnóstico: As radiografias do tórax de animais com neoplasia das costelas ou esterno devem ser examinadas para detectar a presença de metástases pulmonares, envolvimento dos linfonodos e/ou derrame pleural; Também podem ser realizados ultrassom, tomografia computadorizada; Devem ser realizadas citologia e biópsia associadas para definir o estadiamento (avaliar seu grau de disseminação). ▶ Tratamento cirúrgico: A ressecção cirúrgica dos tumores da parede torácica é o tratamento de escolha; Baseado no estadiamento, estado clínico do paciente e condições do proprietário; Pode ser: neoplasias intratorácicas com ou sem aderência; Ressecções totais ou em bloco de três ou mais costelas nos casos de neoplasia da parede torácica requerem a reconstrução cirúrgica para restabelecer a continuidade da mesma; Ressecção de tumores grandes pode exigir um músculo e retalho composto de pele para fechar o defeito resultante. Um flap miocutâneo do músculo grande dorsal tem sido mostrado para criar um fechamento; A esternectomia parcial ou completa pode ser curativa em cães com neoplasia primária do esterno; A toracocentese deve ser feita antes da indução anestésica em cães com derrame pleural associado à neoplasia da parede torácica. ◉ Anomalias na parede torácica A causa destas anomalias são desconhecidas, no entanto, teorias propostas incluem redução do tendão central do diafragma, anormalidades na pressão intrauterina e deficiência congênita da musculatura na porção craniana do diafragma e gradientes de dificuldade respiratória, como em cães braquicefálicos; Deformidades da parede torácica anterior são nomeadas como pectus; Pectus excavatum: Ou peito escavado, é uma deformidade do esterno e das cartilagens costais, resultando em um estreitamento ventrodorsal do tórax, dando aspecto de "funil". Pectus carinatum: deformidade do esterno causando protrusão ventral, dando aspecto de "peito de pombo". PE PE PC ▶ Exame físico: Os animais acometidos podem apresentar anormalidades nas funções respiratória e cardiovascular, como dispneia, tosse, intolerância ao exercício, vômito, cianose e perda de apetite; Os distúrbios circulatórios podem ser resultantes do posicionamento anormal do coração, enroscando os grandes vasos, o que dificulta o retorno venoso, comprimindo o coração, predispondo a arritmias e restringindo a capacidade de expansão e diminuição da reserva respiratória; Podem também ser assintomáticos; O defeito é geralmente palpável; Síndrome do cão nadador: o animal não consegue se locomover, por uma fraqueza muscular generalizada, resultando na postura em decúbito external do animal. Isso pode ocorrer devido a fatores nutricionais, ambientes, genéticos ou deformidades ósseas como a PE, em casos graves, pode ser necessária cirurgia para corrigir deformidades ósseas ou articulares que contribuem para a condição. ▶ Diagnóstico: A anomalia pode ser classificado em leve, moderado e grave, baseado na medição dos índices frontossagital e vertebral na radiografia torácica ou tomografia computadorizada. ▶ Tratamento: Animais em que o tórax só apresenta um achatamento podem evoluir para uma configuração normal ou próxima do normal sem intervenção cirúrgica; Podendo ser usado talas externas que comprimem o tórax mediolateralmente, sendo aconselhável para animais jovens com PE; Talas circulares, em forma de V e em forma de U que podem ser contornadas com a forma de um tórax normal; Podem ser usados talas internas quando necessário intervenção; É recomendado que esses paciente façam fisioterapia.
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