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Processo de Julgamento e Tomada de Decisões Responsáveis Para Praticar – Questão 1 Em relação ao modelo de dois sistemas de processamento cerebral, o automático e o elaborado, assinale o que estiver incorreto: A O sistema automático é rápido e não exige esforço mental, e as conclusões que esse sistema gera surgem naturalmente na cabeça, independentemente de nossa vontade. B O sistema elaborado é lento e se caracteriza por exigir esforço mental e concentração, e as conclusões que esse sistema produz exigem operações mentais elaboradas e voluntárias. C Enquanto estamos aprendendo uma nova tarefa, adquirindo uma nova habilidade, há a predominância de operações do sistema automático. Resposta correta letra c Para Praticar – Questão 2 Considere as atividades a seguir: Ler palavras em cartazes, detectar hostilidade numa voz, controlar as palavras quando se está irritado para não ofender alguém, completar a canção: “Ouviram do Ipiranga as margens...”. Falar três estados brasileiros que começam com a letra P. Em relação a essas atividades, A duas podem ser atribuídas ao sistema automático e três ao sistema elaborado. B três podem ser atribuídas ao sistema automático e duas ao sistema elaborado C quatro podem ser atribuídas ao sistema automático e uma ao sistema elaborado. Resposta correta letra b Para Praticar – Questão 3 Se cinco máquinas constroem cinco muros em cinco dias, quantos dias serão necessários para 100 máquinas construírem 100 muros? A 5 dias B 20 dias C 100 dias Resposta correta letra a Leitura A primeira impressão que temos é a de que o primeiro homem é menor que o segundo, que, por sua vez, seria menor do que o terceiro. No entanto, estamos diante de um caso de ilusão de ótica: os três homens têm exatamente o mesmo tamanho (se você dúvida, pode medir). O que nos confunde é a imagem de fundo: ela cria uma perspectiva que sugere que os homens vão se tornando maiores. Quando observamos a imagem rapidamente, não reparamos nessa sutileza. Isso ocorre porque, inicialmente, nosso cérebro processa as informações da imagem de maneira automática e cria uma coerência para a interpretação da figura. Num segundo momento, com mais atenção e com a ajuda da régua, tomamos consciência da ilusão de ótica, o que só é possível porque o cérebro operou no modo mais elaborado. Hoje, por causa de uma proposta teórica dos psicólogos Keith Stanovich e Richard West, sabemos que existem dois sistemas diferentes de processamento cerebral: o sistema automático e o sistema elaborado. O sistema automático é intuitivo, implícito, rápido e emocional. Ele não exige esforço mental. As conclusões a que esse sistema chega aparecem naturalmente, pois não são voluntárias e não dependem de nossa vontade. A maior parte das decisões que tomamos se baseia no sistema automático. Já o sistema elaborado é consciente, trabalhoso, explícito e lógico. Ele exige esforço mental e concentração. As conclusões que esse sistema produz partem de operações mentais voluntárias, que, por esse motivo, são mais complexas e elaboradas. Diante de um problema que pressupõe uma tomada de decisão, o sistema automático nos oferece respostas rápidas e intuitivas, enquanto o sistema elaborado gera várias possibilidades, que podem, posteriormente, ser confirmadas, corrigidas ou negadas. Em ações simples do cotidiano, como reconhecer que objeto está mais próximo de você ou desviar de uma bola lançada em sua direção, não há nenhuma necessidade de recorrer ao sistema elaborado. O sistema automático é bastante eficiente nessas situações. No entanto, quando estamos aprendendo a fazer algo, como a praticar um novo esporte, precisamos recorrer ao sistema elaborado, pois os movimentos que temos que fazer ainda não estão naturalizados. Quando uma pessoa está aprendendo a dirigir, ela precisa de toda a concentração para fazer os movimentos corretos com as mãos e os pés. O sistema elaborado está trabalhando a todo vapor. Como é praticamente impossível fazer duas tarefas simultâneas que exigem o processamento cerebral mais elaborado, quem está aprendendo a conduzir um veículo não consegue multiplicar 23 por 47 enquanto dirige. Com prática, as operações cognitivas exigidas por essa tarefa passam a ser processadas pelo sistema automático. Agora, é possível tentar fazer contas de cabeça e dirigir ao mesmo tempo. Os dois sistemas operam juntos, mas a maioria das nossas atitudes e decisões corriqueiras são tomadas pelo sistema automático. O sistema elaborado é acionado quando o sistema automático não consegue enxergar padrões coerentes e previamente aprendidos. Essa foi uma estratégia fantástica que a natureza encontrou para acelerar o processamento de informações que usamos para tomar decisões. Esse modo automático de processar informações é muito útil. Talvez por isso, em Hermano e Doroteia, poema épico escrito por Goethe, o escritor alemão, abordando a dificuldade de tomar decisões, afirma: “Quem pensa muito, nem sempre escolhe o melhor”. Essa frase parece ser uma defesa das decisões rápidas. Entretanto, apesar de ser altamente eficaz, o sistema automático não é infalível e, em algumas situações, pode nos induzir a percepções errôneas e, por extensão, levar a decisões equivocadas. Como é impossível ficar com o sistema elaborado checando todas as informações, podemos treinar para tornar o sistema elaborado mais sensível quando estamos diante de decisões importantes. É isso o que muitos executivos aprendem em suas carreiras. Por isso, essas duas formas de processamento cerebral hoje são estudadas em cursos superiores que formam pessoas para ocupar posições de liderança. Parabéns! Você terminou esta aula! Saiba mais O livro "Rápido e devagar", escrito por Daniel Kahneman, apresenta duas formas de pensar: a rápida, intuitiva e guiada pela emoção, e a outra mais devagar, deliberativa e guiada pela lógica. O escritor, prêmio Nobel em economia, analisa quando podemos ou não confiar na intuição e como podemos utilizar diferentes técnicas para nos proteger contra armadilhas da mente. O Ted Talk "Como fazer escolhas difíceis", apresentado pela filósofa e advogada Ruth Chang, discute uma nova forma de pensar sobre as decisões consideradas difíceis. Para ela, a oportunidade de se fazer uma escolha complexa significa também uma oportunidade de nos tornarmos pessoas diferentes das que somos. Para Praticar – Questão 1 Quando estamos em uma fila para a entrada de um espetáculo, conversando com um amigo ou uma amiga, e damos um passo à frente quando a fila anda, esse gesto é comandado pelo A sistema elaborado, tendo em vista que precisamos ter atenção para medir a distância dos passos e não colidir com as pessoas à nossa frente. B sistema automático, uma vez que, em geral, paramos nossa conversa para nos concentrarmos nos movimentos necessários para andar. C sistema automático, uma vez que somos capazes de realizar essa ação mesmo não tendo consciência plena de seu processo de execução. Resposta correta letra c Para Praticar – Questão 2 O viés da disponibilidade pode ser entendido como A o desvio na tomada de decisão, causado pela facilidade com que acessamos certas informações que estão em nossa memória e que, nem sempre, condizem com a realidade. B o desvio na tomada de decisão mais assertiva, causado pelo excesso de informações disponibilizadas para um certo fato, o que acaba por nos afastar da realidade. C o desvio necessário para que nos aproximemos da decisão mais correta, causado pelo grande número de informações que temos disponíveis para todo trabalho mental. Resposta correta letra a Para Praticar – Questão 3 Qual das decisões a seguir pode estar sendo influenciada pelo viés da disponibilidade? A Um jovem decideformar uma banda de rock porque, em geral, esses artistas têm muita fama. B Um jovem decide ser bailarino porque acredita que a arte é uma forma de expressar suas alegrias e angústias. C Uma jovem decide seguir a carreira diplomática porque sonha com a possibilidade de morar fora do Brasil. Resposta correta letra a Leitura No seu dia a dia, você tem que tomar muitas decisões. Por exemplo: pela manhã, você prefere leite quente ou frio? Nas refeições, você coloca feijão sobre o arroz ou arroz sobre o feijão? Hoje, você decidiu usar uma camisa estampada ou lisa? Ontem, você escolheu ou não um tipo de música para ouvir? Em breve, você irá ou não alterar a foto do seu perfil em alguma rede social? A maioria dessas escolhas não envolve grandes riscos e não acarreta consequências que possam alterar o percurso de sua vida ou comprometer suas relações pessoais. Mas existem decisões que podem modificar significativamente seu comportamento ou impactar suas relações pessoais de forma desastrosa. Por exemplo: não usar o cinto de segurança é uma decisão que pode provocar de uma simples multa de trânsito à perda da vida. Postar certo comentário preconceituoso a respeito de uma pessoa (conhecida ou não) num aplicativo de troca de mensagens pelo celular pode provocar sérios danos à imagem dela e a você mesmo. Avaliar o impacto de uma decisão, observar os possíveis riscos gerados por ela e refletir sobre os ganhos e perdas de nossas ações são procedimentos que devem regular nosso comportamento cotidiano, pois são partes integrantes de um domínio fundamental de nossa vida: a habilidade em tomar decisões responsáveis. Analisando nossos comportamentos habituais, pode-se dizer que a maioria dos julgamentos que fazemos e das ações que realizamos é apropriada. Quando somos questionados sobre as razões que motivaram tais julgamentos ou ações, acreditamos que tomamos as decisões racionalmente e que raramente somos influenciados pela forma com que um problema se apresenta. No entanto recentes pesquisas realizadas no campo da neurociência revelam que somos muito menos racionais do que acreditamos ser e que nossas decisões estão sob constante influência de fatores externos e internos, que são conhecidos como vieses. Na aula anterior, mostramos, de maneira simplificada, que nossas ações podem ser regidas por dois sistemas cerebrais: o sistema automático, que é intuitivo, impulsivo e rápido, e o sistema elaborado, que é racional, consciente e lento. A maioria de nossas ações e julgamentos é realizada pelo sistema automático e isso, em grande parte, é suficiente para que possamos atuar em nosso cotidiano sem riscos elevados. Quando alguém nos oferece pipoca em um cinema, somos capazes de decidir se queremos ou não, sem desviar a atenção do filme. Não é necessário nenhum raciocínio muito elaborado para essa ação. Mesmo teclando no celular, somos capazes de confirmar uma escolha em uma lanchonete, sem prejuízo ao ato de digitar ou ao ato de confirmar a escolha. Por outro lado, o sistema elaborado entra em ação quando é necessária alguma reflexão mais aprofundada antes da tomada de decisão, exigindo concentração e um acentuado gasto energético. A decisão acerca de uma nova carreira profissional ou sobre casar-se ou não com uma pessoa não pode ser tomada de forma rápida e intuitiva. Afinal, nesses exemplos, uma escolha precipitada e com base em dados insuficientes pode conduzir a vida por caminhos indesejáveis, quando não desastrosos. Atualmente, o que se sabe é que os pensamentos que nos conduzem a julgamentos e ações estão constantemente contaminados por dados e referências que enviesam nossas avaliações, o que pode nos induzir a equívocos. Um desses vieses é o viés da disponibilidade, abordado cientificamente em um trabalho dos psicólogos Amos Tversky e Daniel Kahneman, de 1973, intitulado Availability: a heuristic for judging frequency and probability. De forma resumida, entende-se que nossos processos mentais que julgam a frequência e a probabilidade de certas ocorrências estão sob influência da facilidade com que certas informações vêm à mente. Vejamos um exemplo. Quem você acha que possui, em média, a maior remuneração no Brasil: professores universitários ou jogadores profissionais de futebol? A maior parte das pessoas não hesita em responder: são os jogadores de futebol. Certamente, essa avaliação está sob influência da frequência com que tomamos conhecimento dos valores salariais de certos jogadores de sucesso, porque esses dados são mais acentuadamente divulgados na mídia do que os salários dos professores universitários. Isso contribui para criar a falsa impressão de que, na média, jogadores de futebol são muito bem remunerados. Ao mesmo tempo, é um lugar-comum apontar o descaso da sociedade e dos governantes com relação ao ensino universitário, com destaque para os salários pouco atraentes dos professores. Assim, considerando as informações que estão mais disponíveis, é razoável que uma pessoa pense que, no Brasil, os jogadores de futebol são mais bem remunerados do que os professores universitários. No entanto, cerca de 83% dos jogadores profissionais de futebol no Brasil ganham menos do que dois salários mínimos por mês e só 2% dessa categoria recebe mais que 20 salários mínimos mensais. Na média, o salário de professores nas universidades públicas é cerca de dez vezes maior que o salário médio dos jogadores de futebol. Obter essas informações é muito importante, pois sabemos que questões salariais podem influenciar decisivamente nossas escolhas profissionais. Atualmente, os neurocientistas sabem que pessoas que se deixam conduzir pelo sistema automático são acentuadamente mais influenciadas pelo viés da disponibilidade, comparativamente às pessoas que exercitam um maior estado de vigilância. Esse estado – que podemos identificar com as ideias de prudência, de responsabilidade, de temperança, de atenção – é constantemente valorizado na Filosofia e na Literatura, como forma de evitar julgamentos precipitados e decisões equivocadas. Homero, em uma passagem célebre da Ilíada, dizia: “Olha ao mesmo tempo para frente e para trás”. É uma forma de dizer, poeticamente, que devemos desconfiar das avaliações impulsivas, sobretudo em questões mais relevantes para nossas vidas. Parabéns! Você terminou esta aula! Ted Talk "Dan Ariely pergunta: temos controle sobre as nossas decisões? ", apresenta os resultados de sua pesquisa e apresenta que não somos tão racionais como pensamos ser na tomada de decisões. O site Lupa (https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/) é a primeira agência que faz a verificação quanto à legitimidade (fact-checking) de notícias divulgadas no Brasil. Afinal, divulgar fatos também deve ser uma decisão responsável; https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/ Das afirmações a seguir, qual está mais sujeita a interferências do viés da disponibilidade? A “Não confio em nenhum político.” B “Não gosto de coentro” C “Passo mal quando ando em montanhas russas.” Assinale a alternativa que não representa situações relacionadas ao viés da disponibilidade. A Ficar imaginando repetidamente cenas que estruturam o ciúme pode fazer a pessoa se portar como se tivessem ocorrido situações que nunca ocorreram. B Chegar a conclusões a respeito de determinado tema a partir de informações colhidas em redes sociais em grupos que defendem apenas um lado da questão. C Praticar atividade física de modo regular e alimentar-se de forma equilibrada, com orientação profissional, são posturas que podem aumentar o bem-estar. É comum que a soma das porcentagens do que cada integrante de um grupo acredita ter contribuído para a realização de um trabalho ultrapasse 100%. Como é possível explicar isso? A As pessoas tendem a superestimaras suas contribuições por terem mais facilidade de lembrar o próprio envolvimento no trabalho. B As pessoas tendem a subestimar suas contribuições, apoiadas na crença de que poderiam ter feito sempre mais. C As pessoas tendem a superestimar suas contribuições por acreditarem que o trabalho que realizaram é o mais importante. Leitura Nossos julgamentos e decisões podem ser enviesados pela disponibilidade de informações em nossa mente. É claro que lembrar mais facilmente determinados fatos é muito útil no nosso dia a dia. Qual o ponto de ônibus mais próximo de minha casa? Quanta água já tomei hoje? Qual o caminho mais curto para eu chegar ao trabalho? Mas nem sempre as informações mais facilmente disponíveis são as mais confiáveis. Por exemplo: em sua opinião, há atualmente mais consumidores de droga entre os jovens de escolas públicas ou de particulares? Muita gente responde: em escolas públicas! Mas isso é um equívoco. Segundo uma pesquisa realizada pelo Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), que envolveu 51 mil estudantes do ensino fundamental e médio das redes pública e privada de Ensino em 2010, dos jovens que relataram o uso de qualquer droga (exceto álcool e tabaco), 9,9% pertencem à rede pública e 13,6% à rede particular. Vejamos outra situação. Imagine que seus familiares estão em dúvida se, nas próximas férias, vocês irão viajar para a cidade do Rio de Janeiro ou para a bucólica cidade praiana de Mata de São João, no litoral norte da Bahia. Como segurança é muito importante, vocês resolvem que vão viajar para a cidade menos violenta e, para isso, resolvem pesquisar em que lugar ocorrem mais homicídios. Muita gente julgaria inicialmente que, entre as duas, o Rio de Janeiro seja mais violento. E isso é compreensível. Afinal, circulam muitas notícias na mídia com relação à violência no Rio de Janeiro. Mas observe os dados: em 2016, Mata de São João registrou 102,9 mortes por armas de fogo para cada 100 mil habitantes. Segundo o Mapa da Violência, em 2015, na cidade do Rio de Janeiro, ocorreram 22,1 mortes por arma de fogo para cada 100 mil habitantes. Surpreendente, não é? Muitos julgamentos equivocados não geram consequências desastrosas. Porém, em algumas situações, temos que tomar decisões que podem afetar seriamente não só nosso rumo na vida, mas também nossas relações com outras pessoas. Quantas vezes você teve o impulso de romper a amizade com alguém, por alguma razão que julgou ser muito relevante? Em quantas outras você interpretou a ação de uma pessoa como agressiva, pensando até em vingança? Agora, vamos acionar nosso sistema elaborado. Será que o desejo de rompimento de uma amizade não foi gerado pelo fato mais recente e mais marcante sob ponto de vista negativo? Será que a melhor forma de responder a uma ação supostamente agressiva é com vingança? Quando realizamos tarefas em grupo, o viés da disponibilidade pode nos conduzir a avaliações errôneas. Em geral, tendemos a superestimar nossa participação. Isso se repete nas relações familiares, com relação a trabalhos domésticos. Em equipes esportivas, os atletas tendem a valorizar excessivamente suas participações, concluindo que se empenharam mais que os outros. Nesses casos, as informações sobre as próprias participações estão mais disponíveis à mente das pessoas. Essa postura individualista já foi amplamente debatida na Filosofia. Por exemplo: o alemão Friedrich Nietzsche, em Assim falava Zaratustra, afirmava: “Para ver muitas coisas é preciso desaprender a olhar para si mesmo. Essa dureza é necessária para escalar montanhas.” Em linguagem figurada, ele mostrava a importância de duvidar de nossas impressões sobre nós mesmos, para ter uma compreensão mais ampla da realidade. Muitas vezes, a disponibilidade das informações é influenciada pelas nossas lembranças, que podem ser ativadas em nossa mente por vários motivos. Costumamos memorizar o que é mais recente ou foi mais traumático. Suponha que você presenciou uma tentativa de assalto em certa localidade, o que lhe causou grande mal-estar. É provável que você decida evitar passar nesse lugar durante alguns dias, quando a lembrança ainda será muito forte. Mas, como nossa vida é muito complexa e novos eventos vão sobrecarregando nossa memória, com o passar do tempo, a lembrança do assalto fica menos disponível e, provavelmente, você voltará a transitar pelo local. Nosso estado emocional interfere em nossas lembranças. Pesquisas mostram que, quando estamos alegres, lembramo-nos mais facilmente de fatos alegres. Além disso, tendemos a avaliar e a julgar determinadas informações de modo mais positivo. Por outro lado, quando estamos deprimidos, lembranças tristes nos ocorrem com mais facilidade, e temos a tendência de fazer avaliações mais pessimistas. Parabéns! Você terminou esta aula! Saiba mais O livro "Positivamente irracional", escrito pelo economista comportamental e pesquisador Dan Ariely, analisa o que realmente motiva as pessoas tanto na vida pessoal como na profissional. O pesquisador analisa temas como o comportamento de procrastinação e como a mente pode interferir no processo de tomada de decisão. O artigo científico "Era óbvio que isso iria acontecer: Considerações sobre o viés retrospectivo", escrito por Bruno Stefani Ferreira de Oliveira e publicado na Revista de Psicologia de Fortaleza, apresenta uma revisão de literatura do conceito do viés retrospectivo e discute as implicações práticas e teóricas sobre o tema. Disponível em:www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/9278>; Acesso em: 9 dez. de 2019. http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/search#62 Quando estamos diante de necessidades mais primitivas, relacionadas à sobrevivência, nosso cérebro recruta, preferencialmente, A o sistema automático, que, em geral, decide pelas ações mais adequadas. B o sistema automático, que sempre decide pela ação pertinente. C o sistema elaborado, porque só ele é capaz de decidir corretamente. Autodisciplina, resistência a tentações, força de vontade e busca por gratificações a longo prazo são características A inerentes ao indivíduo, não podendo ser aprendidas ou desenvolvidas, e são comandadas pelo sistema automático, pois requerem pouco gasto de energia pelo cérebro. B inerentes ao indivíduo, não podendo ser aprendidas ou desenvolvidas, e são comandadas pelo sistema elaborado, uma vez que gastam bastante energia mental. C não inerentes ao indivíduo, podendo ser aprendidas e desenvolvidas, e são comandadas pelo sistema elaborado, exigindo esforço e gasto de energia mais elevado. Em geral, as pessoas com tendência a dependências apresentam predomínio mais ativo do sistema elaborado ou do sistema automático? A Do sistema automático, que conduz à satisfação imediata. B Do sistema automático, que sempre conduz a ações equivocadas. C Do sistema elaborado, que recruta mais energia cerebral. Leitura De acordo com o modelo que estamos adotando para as operações que regem nossos processos mentais, o sistema automático é rápido, tem baixo consumo de energia, é acionado involuntariamente e resolve grande parte dos problemas cotidianos que não exigem grandes reflexões; já o sistema elaborado é lento, tem grande consumo de energia e é acionado voluntariamente quando operações mentais elaboradas são requeridas. Na evolução da espécie humana, a luta pela sobrevivência impôs o desenvolvimento e a predominância do sistema automático. Por exemplo, diante de um predador carnívoro, tínhamos que reagir instantaneamente – lutar ou fugir – ou a morte prematura nos alcançaria. Nessa circunstância, grande parte de nossa energia era reservada para a ação muscular, com redução do fluxo sanguíneo para nossas vísceras e para nossocérebro. Portanto, nada mais natural que a prevalência do sistema econômico. Além disso, esse tipo de comportamento, tendo em vista nossa percepção limitada do tempo, foi muito útil por permitir interagir com o ambiente em busca de satisfazer as necessidades fisiológicas mais básicas, como fome, sede, frio, calor, reprodução, repouso, excreção, sono. Essa ação em busca da satisfação imediata é, primordialmente, conduzida pelo sistema automático. Mas, ao voltar nossa atenção para a sociedade moderna, notaremos que raramente iremos deparar com algum predador carnívoro. Para certa parcela da população, alimentos, estímulos sexuais e itens que nos confortam não representam mais artigos de difícil acesso. Nesse sentido, se deixamos o sistema automático ainda prevalecer em todas as decisões que envolvem recompensa a curto prazo, essa conduta pode nos levar à obesidade, ao vício em pornografia, à impulsividade generalizada, à dependência em jogos eletrônicos etc. É fato que nem todos os objetivos da vida são metas a longo prazo. Curtir encontros com amigos, deliciar-se com a comida favorita ou simplesmente não fazer nada é parte da vida e desfrutar desses momentos é muito importante. Entretanto, por vezes, satisfações a curto prazo podem gerar conflitos com a recompensa a longo prazo. O prazer imediato por um doce pode colocar em risco o tão sonhado sucesso de uma dieta. Todos concordam que basta um pequeno gole de uma bebida alcoólica, levando a uma imediata satisfação de um desejo, para arruinar a longa batalha de um indivíduo contra o vício. É um problema de controle de impulso. Em geral, as pessoas com tendência a dependências são aquelas nas quais o sistema automático, em busca da satisfação imediata, é mais ativo. Em contrapartida, indivíduos que são capazes de manter seu autocontrole, a fim de alcançar resultados mais duradouros e mais consistentes, colocam o sistema elaborado em ação quando estão em situações delicadas. É sabido que o ser humano, quando submetido a condições de sobrecarga física ou psicológica, tende a deixar o sistema automático prevalecer na busca de satisfações imediatas. Pessoas sob pressão ou submetidas a emoções negativas também apresentam dificuldade em acionar o sistema elaborado, responsável pelo autocontrole e pela tomada de decisão a longo prazo. Pesquisadores concordam que o autocontrole, embora apresente um componente genético, funciona como um músculo, podendo ser desenvolvido quando submetido a um treinamento correto. Manutenção do autoconhecimento, busca pela motivação em se autorregular, ter cuidado em analisar os riscos e pensar sempre nas consequências a longo prazo são regras essenciais para a tomada de decisões responsáveis. O processamento mental pelo sistema elaborado, como sabemos, consome muita energia e requer ainda mais energia para ser mantido. Estudos revelam que o exercício físico regular, o bom sono, a alimentação equilibrada, a prática espiritual e o contato social são alguns meios de deixar o sistema elaborado em alerta. Parabéns! Você terminou este curso! Saiba mais O artigo "Comportamento de risco na adolescência", publicado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apresenta uma revisão de literatura sobre critérios de avaliação para comportamentos de risco na adolescência. Disponível em: www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/54698/000386001.pdf?sequenc e=1&isAllowed=y>; Acesso em: 9 dez. de 2019. O Ted Talk "Três maneiras de se planejar a longo prazo", apresentado por Ari Wallach, indica maneiras eficazes de aprender a pensar e a se planejar em uma perspectiva de longo prazo. Disponível em: Acesso em: 7 dez. de 2019. O livro "O poder do hábito", de Charled Duhigg, explora a ciência por trás da do nascimento dos hábitos e estratégias eficazes para modificá-los. O livro "Hábitos atômicos", de James Clear, se baseia em conceitos de biologia, psicologia e neurociência para propor ferramentas eficazes para mudanças de hábitos. https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/54698/000386001.pdf?sequence=1&isAllowed=y%3E https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/54698/000386001.pdf?sequence=1&isAllowed=y%3E
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