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Hermeneutica- Primeiro bimestre


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HERMENÊUTICA JURÍDICA
Bibliografia
· Chaiin Perelman- A Nova Retórica; 
· Lênio Luiz Streck- Hermenêutica Jurídica em crise;
· Carlos Maximiliano- Hermenêutica e Aplicação do Direito; 
· Jurgen Habermas- Direito e Democracia;
· Eduardo Bittar e Guilherme de Assis de Almeida: Curso de Filosofia do Direito;
· Norberto Bobbio- Teoria do Ordenamento Jurídico;
· Tércio Sampaio Ferraz Junior- Introdução ao Estudo do Direito;
· Limongi França- Hermenêutica Jurídica. 
· Hermenêutica- Ferramenta de interpretação, mas também integradora do Direito. Possibilidade de entendimento para além daquilo que está dito. 
· Elemento argumentativo de complexa composição, para raciocínio lógico a fim de vislumbrar teses no Direito. 
· Provém conceitualmente da figura do Deus grego Hermes, filho de Zeus, e Maya, mediadora entre deuses e homens. 
· Método/técnica, que promove a interpretação, valendo como integradora do Direito, discutindo-se teorias e modelos de justiça. 
Sócrates e os Sofistas
A composição jurídica na Grécia antiga ramificava-se em duas vertentes, a “Di Ké”, justiça positiva, letra da lei, e a “Themis”, justiça embasada na mitologia, que dá ensejo a hermenéia, arte de interpretar. 
· Tem-se dois extremos, de um lado a retórica sofista (relativista, interpretação conforme convém a si próprio) e do outro a hermenêutica socrática (letra da lei, critica ao uso relativo da retórica), buscando-se qual é o verdadeiro modelo de justiça. 
· Sofistas- Escola filosófica preocupada com a Retórica. Exemplificam-se os sofistas com Protágoras, Górgias, Trasímaco. 
· Retórica- Arte do discurso, convencimento;
· A retórica entrelaça-se com a hermenêutica, em razão da tentativa de interpretação mitológica já nos primórdios gregos, em meados do século VI d.C. A retórica se mostra como um grande membro da hermenêutica. 
· Sócrates, diante da retórica relativista, mesmo sendo um “braço” da hermenêutica, acreditava que esta não promovia a justiça, pois esta deveria estar associada ao bem comum e relativizar a sua interpretação não alcançava uma coletividade, mas apenas o interesse próprio. 
· O que realmente conduz para a justiça?
· Sócrates dizia que a relativização, a busca pelo interesse individual dos sofistas não promoviam a justiça, pois essa se amoldava a vontades. 
· Para Sócrates, a justiça se dá pela aplicação da letra da lei, com a sua interpretação, além do texto, inferindo-se a verdadeira justiça emanada legalmente, em prol da coletividade. 
Momentos históricos
1º - Séc. IV/V a.C. – Grécia
· Justiça Divina/natural= Themis;
· Just Positiva= Diké;
· Não há divisão/diferenciação entre justiça e Direito. 
Ferramentas de interpretação (segurança jurídica)
· Sofistas- Retórica, visando a interpretação conforme os interesses próprios (visava uma ética relativa);
· Sócrates/Platão- Maiêutica (busca pelo bem comum. Ferramenta de perguntas e respostas, pois a verdade é inerente ao sujeito). Platão rompe com a doutrina de Sócrates, dizendo que a interpretação reproduz apenas a parcialidade daquilo que é justo, pois o que é verdadeiramente justo está no mundo das ideias; 
· Aristóteles- Resgate da Retórica (vincula Retórica a experiência concreta, no sentido de reconstruir essa ferramenta como meio de estabelecer a verdade a cada caso. Uma interpretação segura que promova a justiça). Aristóteles acredita que a verdade pode estar inerente ao sujeito, todavia, ao mesmo passo, pode estar acometido pelo mal, que corromperá a verdade. 
2º - Roma
· Glosadores- Restringe a interpretação à lei pura. Resultavam da atividade as glosas, interpretação da lei; 
· Comentadores- Interpretam a letra da lei através da analogia com a realidade concreta (Justiniano foi um dos primeiros); 
· Visava descrever a realidade concreta, concepção com grande influencia do pensamento aristotélico, no sentido de que a interpretação tem que acontecer comprometida com o fato real, afastando qualquer interesse particular, subjetivista. 
· Corpus Juris Civilis- Aplicar a lei para atingir a segurança jurídica. 
Dia 2 de março de 2015. 
Hermenêutica procedimental- Métodos clássicos, por compreenderem um processo de análise intuística. 
Hermenêutica procedural- Chamada de teórica, visa o sentido da justiça, o alcance da noção de justiça. Os teóricos dessa época trouxeram uma interpretação, de forma a intensificar a aplicação da letra da lei, ou seja, era apenas por meio da interpretação dogmática, positivista, que se garantiriam os direitos que emergiam diante de um cenário revolucionário, de esboço das primeiras garantias a trabalhadores, cidadãos, entre outros. Modelos (análise gramatical)- Hermenêutica dogmática, extremada. Os instrumentos de interpretação subdividem-se em: Lógica formal, lógica sistemática, análise histórica, análise gramatical, análise teleológica. Hans Kelsen inaugura o pensamento de uma teoria pura, requerendo ao menos uma análise gramatical. 
Dogmática- Forma estabelecida que não questiona o que está posto, limitada a uma interpretação dogmática que não fuja da legislação. Apenas a dogmática extremada que não foge da letra da lei. Na dogmática moderada já passa a se pensar de forma mais flexível, que busca a verificação das fontes que propiciaram a legislação que se tem. 
Zetética- Oposta a dogmática, trata-se de uma postura que pauta-se no questionamento, uma visão critica que procura descobrir algo novo, solucionando os problemas surgidos no mundo, reiniciando o pensamento da época. 
Positivismo jurídico
· Hermenêutica dogmática extremada- exegética, restritiva à lei; 
· Hermenêutica dogmática moderada- zetética, que busca na interdisciplinaridade uma ampliação do prisma interpretativo, crítico. Representado e influenciado pelo pensamento de Schleiermacher, no século XIX. A norma é o ponto de partida. 
Métodos Clássicos da Hermenêutica
· Séc. XIX- Influenciados por Kelsen e pelo positivismo Comtiano, surgiu a escola Hermenêutica Dogmática ou também nomeada de exegese jurídica.
· A principal característica desse método é o fato de que a interpretação se encerra na aplicação da letra da lei. 
· Ainda fomentado pelas influências advindas da filosofia, da sociologia (aqui Dithey e Scheleiermacher), mas sem abrir mão do positivismo se desenvolve a Hermenêutica Dogmática Moderada (neopositivismo jurídico). Aqui os sistemas de interpretação gramatical são utilizados, mas ainda não é possível considerá-lo uma hermenêutica crítica. Pois, ainda seu resultado está vinculado à letra da lei, embora dê a impressão de crítica.
· Kelsen era tido como subversivo, pois ia de encontro com os preceitos da sociedade da época. 
· Séc. XX- Surgiu a Hermenêutica Histórico-Evolutiva (teleológica- ciência dos fins) através do reflexo do historicismo de Scheleiermacher (entender o caso concreto) ressoado primeiramente por Savigny. 
· Suas principais características eram:
· Interpretação fazendo uso de todos os instrumentos de análise;
· Possível analogia, extensão e jurisprudências. 
· Savigny se tornou o responsável por trazer os elementos teóricos para a utilização efetiva na interpretação. 
· Influenciado sociologicamente por Durkhein, que pregava a interpretação histórica de forma a estabelecer a equidade, como resultado evolutivo da sociedade. Enraizada nos critérios aristotélicos, compreende a extensão da equidade como preceito do bem comum, estreitando a distancia entre a aplicação do direito e a possibilidade da aproximação da justiça. 
· Estabelece quatro sistemas que devem religiosamente ser respeitados, quais sejam o gramatical, o lógico, o histórico e o sistemático (ferramentas interpretativas). Tais métodos que já assistiam aplicação na área religiosa foram trazidos para o Direito. 
· A finalidade axiológica do Direito remete, compreende o estudo, conhecer algo, gerar a valoração jurídica. Depura-se a racionalidade do direito, inerente a este, que remete a busca pelo bem comum, gerando-se a segurança jurídica, o respeito a finalidade da lei, qual seja o bem comum. 
· A análise lógica se tem para a compreensão da disposição dalei- “conhecer as leis não é conhecer suas palavras, mas seu alcance e sua força”. 
· A interpretação remota se dirige a finalidade da lei, e a interpretação próxima se estende, busca entender a ocasião pertinente da lei.
O que é hermenêutica? Ferramenta de interpretação da norma, integradora do direito, que visa o alcance da norma, bem como de enfoque teórico que estuda, disciplina critica acerca do direito e da teoria da justiça, com o seu vinculo, demonstrando teorias sobre essa relação. A partir do enfoque teórico, interpretativo, até mesmo os princípios podem decorrer da norma, questionando-se a sua origem e formação. Os princípios não deveriam nem sequer ter previsão legal, como naquilo que é trazido pela Constituição. 
Hermenêutica na Grécia antiga- Com Sócrates tinha-se o método interpretativo da maiêutica, que visava aferir a justiça e verdade a partir da atividade interpretativa. 
Estrutura da hermenêutica- Valeu-se da interpretação da lei para alcançar a segurança jurídica, conforme a vontade do imperador, ainda que a contragosto de muitos que procuravam através da retórica alcançar objetivos próprios. Em Roma os glosadores e comentadores, passaram a uma atividade de interpretação da norma, sendo que os primeiros dispunham de estratégias para analogicamente relacionar com a realidade, confeccionando as glosas quando se fazia necessária a extensão, mas não fugas da letra da lei, enquanto os comentadores atinham-se a buscar em outras áreas, ampliar o alcance da lei, legislar como forma de criar a norma para enquadrar ao caso concreto, partindo da interpretação. Decorria daí uma grande imposição de vontades próprias, corrompidas por interesse particular. As glosas compreendem jurisprudências que repousam sobre a letra da lei. 
Métodos clássicos da Hermenêutica- Schleirmatcher traz a ideia de que se faca uma analise interpretativa pautada na sociologia, antropologia, filosofia, estabelecendo a interdisciplinaridade para interpretação. Savigny introduz o método histórico evolutivo, onde a norma, diante da evolução social, deve ter a adequação da norma para atender as necessidades. O método histórico evolutivo utiliza formas interpretativas gramatical, histórica, sociológica, teleológica, como instrumentos para buscar a finalidade da lei, garantindo a justiça e aplicação da norma ao caso concreto. 
A dogmática extremada está cingida pela restrição da letra da lei, já a moderada interpreta alguns pontos, mas nunca fugindo a norma. 
O método de livre construção do direito demonstra vantagens no sentido do emprego de princípios e sua efetividade, mas negativamente por vezes abandona a letra da lei e pautado em um senso comum teórico, crê que assim se alcança a justiça, ainda que equivocadamente, exageradamente. Deve-se empregar a proporcionalidade.

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