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HILÁRIO OLIVEIRA T29 TUMORES DE CÓLON PÓLIPOS: São subdivididos em neoplásicos e não neoplásicos. Os pólipos neoplásicos são os adenomas, que são benignos, e os adenocarcinomas que são malignos. Os pólipos não neoplásicos são os hiperplásicos, inflamatórios e hamartomas. ● PÓLIPOS ADENOMATOSOS: São pólipos do subtipo neoplásico benigno. Estão presentes em 30-40% das pessoas com mais de 50 anos. Há a presença de um epitélio displásico, em que há a possibilidade de sequência, onde o paciente inicia com um adenoma, e através de evoluções e mudanças que iniciam com o gene APC, podem chegar em adenocarcinomas que são malignos. Na histopatologia, esses pacientes podem ter 3 subtipos de pólipos adenomatosos: 1. Pólipo adenomatoso TUBULAR, que é o mais comum e de melhor prognóstico. 2. Pólipo adenomatoso VILOSO, que é o de pior prognóstico. 3. Pólipo adenomatoso TUBULOVILOSO, que tem prognóstico intermediário. Sabendo que esses pólipos adenomatosos podem ter uma sequência de adenoma → adenocarcinoma, a transformação para adenocarcinoma ocorre em 2,5% dos casos em 5 anos e 10% dos casos em 10 anos. Os principais fatores de risco para a malignização desses pólipos são: - Tamanho (até 1 cm tem até 3% de chance, 1-2cm tem até 10% de chance e >2cm que tem até 40% de chance). - O tipo histológico, onde o viloso tem pior prognóstico, isso quer dizer que ele tem mais chance de se tornar maligno. - O grau de displasia, onde apenas 10-30% dos pacientes tem alto grau. Aspectos clínicos: A maioria dos pacientes que apresentam pólipos adenomatosos são assintomáticos, porém alguns podem apresentar hematoquezia. Retais não palpáveis pelo toque → o reto distal pode ser o local do pólipo e o toque retal só palpa reto médio e proximal. ● PÓLIPOS NÃO NEOPLÁSICOS HARMATOSOS (JUVENIS): São pólipos pedunculados e grandes, com cerca de 1-3 cm. Predominam em crianças menores de 5 anos e podem estar presentes até os 20 anos. Pode-se associar a polipose juvenil. Tendem a ter sangramento, intussuscepção e prolapso. INFLAMATÓRIOS: Ocorrem nas DII, resultantes da inflamação constante e fase de regeneração. Tendo associação indireta à neoplasia através da DII. ABORDAGEM AOS PÓLIPOS INTESTINAIS Esses pólipos geralmente são encontrados em exames de screening. HILÁRIO OLIVEIRA T29 - Todos devem ser ressecados e enviados para a histopatologia, isso é tido como a conduta diagnóstica e terapêutica, ou seja, o paciente na colonoscopia, tanto diagnostica o tipo de pólipo, como ele trata, pois está ressecando para a análise. - Nos casos de adenocarcinoma, a polipectomia é curativa em algumas circunstâncias: 1. Se todo o pólipo foi ressecado 2. Se o pólipo tem margens livres 3. Se a histologia do pólipo é bem diferenciada 4. Se há ausÊncia de invasão vascular e linfática Nesses pacientes, a conduta é uma NOVA COLONOSCOPIA EM 3 ANOS, isso pois a recidiva acomete 30-40% dos casos, se essa nova colonoscopia vier normal, marcada uma nova em 5 anos. Conduta nos familiares de primeiro grau → Se a pessoa que teve, teve um caso avançado ou foi diagnosticada com menos de 60 anos os familiares devem ser rastreados. Também rastrear no irmão (caso o paciente tenha) se os pais tiveram câncer colorretal. SÍNDROMES DE POLIPOSE HEREDITÁRIA ● POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR É a síndrome de polipose familiar mais comum. Tem início gradativo na adolescência. É autossômica dominante e ocorre por uma MUTAÇÃO NO GENE APC. É vista como centenas a milhares de pólipos que atapetam o cólon e reto. Tem uma forma clássica, onde são vistos > 100 pólipos e uma forma atenuada, onde são vistos 10-100 pólipos. Aspectos clínicos: Os pacientes tendem a ser assintomáticos, alguns podendo apresentar diarreia e hematoquezia, por conta do entapetamento que os pólipos causam. Outro aspecto clínico é a hiperpigmentação retiniana hipertrófica. Pode apresentar outros tumores: Gástrico, delgado, pâncreas, colangiocarcinoma, hepatoblastoma. Tratamento: 100% dos pacientes que têm a polipose adenomatosa familiar-PAF irão desenvolver o câncer colorretal até 40 anos de idade, assim, a conduta é a proctocolectomia ao diagnóstico. Conduta nos familiares: Se o paciente que apresentou a PAF tiver mutação no gene APC → fazer retossigmoidoscopia anual a partir dos 10 anos de idade nos familiares. Se o paciente que apresentou a PAF não é portador de mutação no gene APC, mas tem um familiar que tenha → fazer retossigmoidoscopia anual a partir dos 10 anos de idade. Se o paciente e familiares não forem portadores do gene APC, não há recomendação. VARIANTES DA POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR - PAF HILÁRIO OLIVEIRA T29 Síndrome de Gardner: Paciente tem associação de PAF com osteomas, tumores de partes moles e/ou dentes supranumerários. Síndrome de Turcot: Paciente tem PAF associada com tumores de SNC. ● POLIPOSE JUVENIL FAMILIAR Autossômica dominante com acometimento dos genes SMAD4 e BMPR1A, onde o paciente apresenta > 10 pólipos harmatosos. Apresenta hematoquezia e anemia ferropriva, sangramento, intussuscepção e obstrução. Até 10% podem se transformar em adenocarcinoma. ● SÍNDROME DE PEUTZ-JEGHERS Autossômica dominante, com acometimento dos genes STK11 e LKB1. O paciente apresenta pólipos hamartomatosos associados a manchas melanóticas em pele e mucosas. Neoplasias extra intestinais estão presentes em até 50%, podendo ser em ovário, testículo, pâncreas e mama. A conduta nesse caso: EDA + colonoscopia + Cápsula endoscópica a cada 2 anos. US de pâncreas e mama anualmente. Mamografia bianual a partir dos 25 anos. CÂNCER COLORRETAL Em 95% dos casos de câncer colorretal, são adenocarcinomas e este câncer está na segunda posição entre os tumores malignos em homens e mulheres. A idade é o maior fator de risco, onde 90% em > 50 anos. Fatores de risco: idade, dieta pobre em fibras e rica em gorduras e proteínas, obesidade, sedentarismo, tabagismo, DII, HF, pós-radioterapia, acromegalia, etilismo, ureterosigmoidostomia e colecistectomía. Fatores protetores: dieta rica em fibras e vegetais, atividade física regular, cálcio, ácido fólico, AAS e AINE e TRH, sulfassalazina em DII. ● SÍNDROME DE LYNCH CCHNP - CARCINOMA DE CÓLON HEREDITÁRIO NÃO POLIPÓIDE: principal síndrome hereditária de câncer colorretal, de caráter autossômico dominante, onde há mutação nos genes MLH1, MLH2 e PSM2. Seus tipos são: - I: Predisposição apenas a adenocarcinoma colorretal. - II: Predisposição a adenocarcinoma colorretal, tumor de endométrio, ovário, delgado, hepatobiliar, gástrico, próstata, pelve renal e ureter. HILÁRIO OLIVEIRA T29 Critérios de amsterdã são necessários para o diagnóstico: RASTREAMENTO DO CÂNCER COLORRETAL Sem história familiar: ● Colonoscopia a cada 10 anos dos 50 aos 85 anos. Com história familiar, mas sem síndrome hereditária: ● Se parente de primeiro grau com diagnóstico <60 anos → colonoscopia a partir dos 40 anos ou 10 anos antes do diagnóstico do parente, sendo repetida a cada 5 anos. ● Se parente de primeiro grau com diagnóstico >60 anos → seguir padrão Aspectos clínicos: Sintomas constitucionais + peculiaridades - Cólon esquerdo acometido: paciente apresenta alteração no hábito (constipação + crises de hiperdefecação) - Cólon direito acometido: paciente apresenta sangue oculto e anemia ferropriva. - Acometimento do reto: Hematoquezia, tenesmo e fezes em fita. Diagnóstico: - Anamnese - história familiar - Exame físico - toque retal - Colonoscopia ESTADIAMENTO HILÁRIO OLIVEIRA T29 - TC de tórax e abdome - RNM de pelve - TU de reto - CEA - prognóstico TRATAMENTO DA DOENÇA LOCALIZADA Mínimo de 12 linfonodos Terapia adjuvante (estágio 2 ou 3)-tem linfonodos - Ressecção anterior baixa - >5 cm. - Ressecção abdominoperineal - <5 cm. - Terapia neoadjuvante - total ou pré-op. - Apenas QT adjuvante - estágio 2 ou 3. OBSTRUÇÃO INTESTINAL: Cólon X Reto DOENÇA LOCALMENTE AVANÇADA: RESSECÇÃO EM BLOCO DOENÇA METASTÁTICA HEPÁTICA: - Possível de ressecção aumentando a sobrevida em 3 anos. - Contraindicado em doença extra-hepática extensa, envolvimento vascular, envolvimento demais de 70% ou baixa reserva hepatobiliar. - < 4 segmentos → cirurgia imediata - > 4 segmentos, acometimento linfonodal portal ou doença bilobar: QT neoadjuvante. - Margem de 1cm. DOENÇA METASTÁTICA PULMONAR: - Possível de ressecção aumentando sobrevida em 3 anos. - Melhor prognóstico se → número limitado de nódulos, valor do CEA normal, Ausência de envolvimento linfonodal regional. MATERIAL DO PROFESSOR BRUNO: Tu colorretal RESSECCAO TU DE CÓLON Tumores no ceco e cólon ascendente: a abordagem inclui ressecção de porção distal do íleo (8 a 10 cm proximal à válvula ileocecal), de todo o ceco, do cólon ascendente até a metade do cólon transverso, procedimento conhecido como hemicolectomia direita. As ligaduras vasculares incluem as artérias ileocólica e cólica direita, junto à raiz da artéria mesentérica superior, e o ramo direito da artéria cólica média*. A continuidade do trânsito se dá através de íleo transverso anastomose; Tumores em flexura hepática e na metade direita do cólon transverso: para os tumores situados na metade direita do cólon transverso em proximidade com a flexura hepática, uma hemicolectomia direita ampliada* é recomendada. A anastomose é realizada entre o íleo e o restante do transverso; Tumores na porção média do cólon transverso: recomenda-se a transversectomia*, com ligadura da artéria cólica média. Devido à proximidade do estômago com o cólon transverso, pode haver infiltração do órgão, o que pode requerer sua ressecção parcial; HILÁRIO OLIVEIRA T29 Tumores da metade esquerda do cólon transverso e da flexura esplênica: são abordados da mesma forma, com ligadura do ramo esquerdo da artéria cólica média e artéria cólica esquerda*, assim como da veia mesentérica inferior. A ressecção envolve a metade esquerda do cólon transverso, quase toda a metade direita e o cólon descendente, tendo como margem distal do cólon sigmóide; Tumores no cólon descendente: a ressecção envolve a metade esquerda do cólon transverso, o cólon descendente e o cólon sigmóide. A anastomose é realizada entre o cólon transverso e o reto alto. A drenagem do cólon esquerdo acompanha a artéria mesentérica inferior*. Este vaso deve ser ligado em sua origem na aorta; a veia mesentérica inferior é também ligada em seu trajeto por trás do pâncreas; Tumores localizados no cólon sigmóide: a cirurgia inclui a ressecção do cólon sigmóide*. A anastomose é realizada entre o cólon descendente e a porção superior do reto; RESSECCAO TU DE RETO Ressecção Anterior Baixa com anastomose colorretal ou coloanal (RAB): a cirurgia envolve a ressecção do reto e cólon sigmóide em bloco, incluindo sua drenagem linfática (excisão total do mesorreto); ligadura da artéria mesentérica inferior é também realizada. A expressão "baixa" representa a ressecção de porção do reto abaixo de sua reflexão peritoneal anterior. A maioria dos tumores localizados a mais de 5 a 6 cm da margem anal ou cerca de 2 a 3 cm acima da junção anorretal (linha pectínea) podem ser tratados desta forma. A grande vantagem deste procedimento é a preservação esfincteriana. O uso de radioterapia e quimioterapia pré-operatória, a RAB eventualmente pode ser realizada em tumores de localização mais baixa. A reconstrução do trânsito pode ser feita através de anastomose colorretal manual, empregando-se sutura contínua (mais difícil), ou mecânica, por meio de grampeamento circular. Ressecção Abdominoperineal somada à colostomia definitiva (RAP ou cirurgia de Miles): envolve a ressecção de todo reto, mesorreto e cólon sigmóide por via abdominal e perineal, com colostomia definitiva. Ressecção anal e fechamento do orifício anal fazem parte da operação. A RAP se encontra indicada em tumores que invadem o complexo esfincteriano e em casos onde exista disfunção esfincteriana pré-operatória. Eventualmente o procedimento inclui ressecção parcial ou completa de órgãos adjacentes (vagina, útero, bexiga, ovário). Terapia neoadjuvante: todo tratamento administrado antes de cirurgia curativa para O tratamento de câncer é conhecido como terapia neoadjuvante. Diferente dos tumores do cólon, o adenocarcinoma do reto se beneficia em muitos casos do emprego de RT pré-operatória somada ao uso de Quimioterapia (QT), esta última apresentando somente efeito radiossensibilizante. Parece que as células tumorais do reto apresentam biologia um pouco distinta das células do adenocarcinoma colônico, o que torna sua resposta ainda melhor. Uma das grandes vantagens da terapia neoadjuvante é a redução do tamanho tumoral (downstaging), fenômeno que permite ressecções cirúrgicas menos extensas e maior probabilidade de preservação do esfíncter anal.
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