Prévia do material em texto
1 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA CONCEITOS SENESCÊNCIA: envelhecimento saudável/ fisiológico SENILIDADE: envelhecimento com fragilidades/ patológico POLIFARMÁCIA: +5 medicamentos HIPERPOLIFARMÁCIA: +10 medicamentos GRANDES SÍNDROMES GERIÁTRICAS São avaliadas de acordo com as ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIAS ▪ BÁSICAS: comer, banhar, vestir... ▪ INSTRUMENTAIS: gerenciar a própria casa ▪ AVANÇADAS: resolver atividade fora de casa 1. INCAPACIDADE COGNITIVA ▪ Demência ▪ Delirium ▪ Doença mental 2. IATROGENIA ▪ Aditiva ▪ Subtrativa 3. INSTABILIDADE POSTURAL 4. IMOBILIDADE 1. Deambulação 2. Transferência 3. Sentar 4. Mudança de decúbito 5. Movimento dos membros 6. INCAPACIDADE COMUNICATIVA 7. INCAPACIDADE FAMILIAR 8. INCONTINÊNCIA ESFICTERIANA/URINÁRIA INSTRUMENTOS DA AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO ÍNDICE DE KATZ ▪ Avalia as AVD´s básicas, através de 5 atividades (tomar banho, vestir-se, uso do vaso sanitário, transferir-se e alimentar-se) e 1 função (continência esfincteriana). PONTUAÇÃO 5 a 6 Independência 3 a 4 Dependência parcial 0 a 2 Dependência importante ESCALA DE LAWTON-BRODY ▪ Avalia as AVD´s intrumentais PONTUAÇÃO 19 a 27 Independência 10 a 18 Dependência Parcial < 9 Dependência Importante GERIATRIA ANA LUÍZA ALVES PAIVA – 7° PERÍODO – 2023/1 Grandes Síndromes Geriátricas 2 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA QUESTIONÁRIO DE PFEFFER – QPAF ▪ Trata-se de uma escala de 11 questões aplicada ao acompanhante ou cuidador sobre a capacidade da pessoa idosa para desempenhar determinadas funções. ▪ As respostas seguem um padrão: sim é capaz (0); nunca o fez, mas poderia fazer agora (0); com alguma diculdade, mas faz (1); nunca fez e teria diculdade agora (1); necessita de ajuda (2); não é capaz (3). ▪ A pontuação máxima é de 33 pontos. Pontuação de seis ou mais sugere maior dependência. Quanto mais elevado o escore, maior é a dependência de assistência MINI-MENTAL ▪ Instrumento extremamente útil na triagem cognitiva. ▪ Avalia a memória e função executiva (atenção e concentração) e outras funções corticais (linguagem, gnosia, praxia, função executiva e função visuoespacial). ▪ Não pode ser utilizado isoladamente para o diagnóstico das síndromes demenciais. PONTUAÇÃO Analfabeto/ baixa escolaridade 18 8 anos ou mais de escolaridade 26 LISTA DE 10 PALAVRAS ▪ É o teste mais difícil da triagem cognitiva e o mais fidedigno para a avaliação da memória episódica. PONTUAÇÃO Tentativa 1 4 Tentativa 2 6 Tentativa3 7/8 Evocação de 5 minutos 3/4 Reconhecimento das palavras 8 TESTE DO RELÓGIO ▪ Avalia diversas funções cognitivas: memória semântica, função executiva (planejamento), praxia e função visuo-espacial. ▪ O teste é considerado completo quando o paciente desenha todos os números do relógio, espacialmente bem distribuídos, e os ponteiros marcando 11:10. PONTUAÇÃO 0 Inabilidade absoluta para representar relógio 1 O desenho tem algo a ver com o relógio, mas com desorganização visuoespacial grave 2 Desorganização visuoespacial moderada que leva a uma marcação de hora incorreta, perseveração, confusão esquerda-direita, números faltando, número repetidos, sem ponteiros, com ponteiros em excesso 3 Distribuição visuoespacial correta com marcação errada da hora (ou vice-versa) 4 Pequenos erros, espaciais com dígitos e hora corretos 5 Relógio perfeito TESTE DE RECONHECIMENTO DE 10 F IGURAS ▪ Avalia memória imediata, visual, auditiva e “evocação tardia”. PONTUAÇÃO Percepção Visual Correta 9 Nomeação Correta 9 Memória Incidental Esconda as figuras e pergunte: “que figuras eu acabei de lhe mostrar?” 5 Memória Imediata 1 Mostre as figuras novamente durante 30 segundos dizendo: “Olhe bem e procure memorizar estas figuras” 6 Memória Imediata 2 Mostre as figuras novamente durante 30 segundos dizendo: “Olhe bem e procure memorizar estas figuras” 6 Evocação de 5 Minutos 5 Reconhecimento de figuras 8 FLUÊNCIA VERBAL ▪ Avalia a memória semântica (conhecimento geral sobre o mundo, dos fatos, das palavras, sem relação com o momento do seu aprendizado), a função executiva e a linguagem. ▪ Solicita-se ao paciente que enumere o máximo de animais (“bichos”) ou frutas, em 1 minuto cronometrado. PONTUAÇÃO Analfabeto ou baixa escolaridade 9 ou mais 8 anos ou mais de escolaridade 13 ou mais ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA ▪ É um dos instrumentos mais frequentemente utilizados para o rastreamento de depressão em idosos. 3 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA PONTUAÇÃO 0 a 4 Paciente não deprimido 5 A 10 Suspeita de depressão leve 11 A 15 Suspeita de depressão moderada ou grave CRITÉRIO DSM-5 PARA DEPRESSÃ MAIOR ▪ Para diagnóstico de “depressão maior” um mínimo de 5 dos sintomas abaixo devem estrar presentes durante um período de 2 semanas a 2 anos e representam uma alteração a partir do funcionamento anterior. ▪ Além disso, pelo menos 1 dos sintomas deve ser: 1. Humor deprimido OU 2. Perda do interesse ou prazer Interesse ou prazer acentuadamente diminuídos Humor deprimido (sente-se triste ou vazio) Perda ou ganho significativo de peso, ou diminuição ou aumento do apetite Insônia ou hipersonia Agitação ou retardo psicomotor Fadiga ou perda de energia Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva inadequada Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se Pensamento recorrente de morte, ideação suicida recorrente ÍNDICE DE VULNERABILIDADE CLÍNICO-FUNCIONAL-20 (IVCF- 20) ▪ Avalia as principais dimensões consideradas preditoras de declínio funcional e/óbito em idosos: a idade, a autopercepção da saúde, as atividades de vida diária, a cognição, o humor, a mobilidade, a comunicação e a presença de comorbidades múltiplas. PONTUAÇÃO Idoso de baixa vulnerabilidade 0-6 Idoso de moderada vulnerabilidade 7-14 Idosos de alta vulnerabilidade 15 ou mais 4 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA INTRODUÇÃO FUNÇÕES COGNITIVAS: memória, cognição social, linguagem, percepto-motoras, função executiva, pensamento, atenção complexa. COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE: alteração da memória e/ou outras funções cognitivas, mas não interfere nas atividades de vida diária. INCAPACIDADE COGNITIVA: alteração da memória e/ou outras funções cognitivas, com prejuízo nas atividades de vida diárias. MEMÓRIA DE LONGO PRAZO X MEMÓRI A DE TRABALHO MEMÓRIA DE LONGO PRAZO DECLARATIVA OU EXPLÍCITA ▪ Eventos autobiográficos (episódica) Ex: nomes, relações, fatos... ▪ Memória de significados (semântica) Ex: significado de datas como 7 de setembro IMPLÍCITA OU NÃO DECLARATIVA ▪ Está relacionada às experiências prévias (aprendizados) Ex: medo de avião (tremer só de lembrar) MEMÓRIA DE TRABALHO Está relacionada à região fronto-temporal (não melhora com acetilcolina) ▪ Memória de curto prazo ▪ Atenção ▪ Concentração **Suporte visu-espacial **Suporte fonológico DEMÊNCIA ▪ Alteração da cognição ▪ Alteração do comportamento ▪ Alteração das atividades de vida diária DIAGNÓSTICO Requer triagem cognitiva completa ▪ Anamnese + exame físico ▪ Mini-mental ▪ Atividades de vida diária ▪ Avaliação neuropsicológica formal ▪ Exames laboratoriais + exames de imagem: hemograma, VHS, glicemia, creatinina, proteínas total e frações, Bilirrubinas, TGP/TGP, GGT, Na+, K+, Cálcio, fosforo, TSH e T4 livre, VDRL/FTAbs, Vitamina B12, Eletrocardiograma, Radiografia de tórax e TC ou RM de crânio. SÍNDROME DEMENCIAL REVERSÍVEL (> 10%) ▪ Tóxica (álcool, drogas...)▪ Infecciosa (sífilis, HIV...) ▪ Metabólicas (hipotireoidismo, hipovitaminose B12, uremia...) ▪ Estruturais (hematoma subdural, TCE, neoplasia...) IRREVERSÍVEL (> 90%) ▪ Demência vascular ▪ Demência por corpos de Lewy ▪ Demência de Alzheimer ▪ Demência fronto-temporal ▪ Demência por Doença de Parkinson DEMÊNCIA DE ALZHEIMER HISTOPATOLOGIA ▪ Placas senis ou neuríticas (placas amiloides- alfa secretase) ▪ Emaranhado neurofibrilares (desfosforilização da proteína tau) ESQUECIMENTO Ausência de déficit coginitvo Presença de déficit cogntivo Transtorno cognitivo leve Incapacidade cogntiva Incapacidade Cognitiva 5 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA ▪ Inflamação PERDAS ▪ Lobo pré-frontal → memória de trabalho ▪ Hipocampo → consolidação ▪ Córtex Parietal → estocagem CDR FASE INICIAL: CDR 1 ▪ Sintomas vagos e difusos ▪ esquecimento dos fatos recentes ▪ dificuldade em aprender fatos novos ▪ 2 a 3 anos de duração. FASE INTERMEDIÁRIA: CDR 2 ▪ Comprometimento da memória remota ▪ Instrumentais → básicas ▪ BPSD/ sintomas extrapiramidais ▪ 2 a 10 anos de evolução FASE AVANÇADA: CDR 3 ▪ Grave comprometimento da função cognitiva ▪ Dependência AVD’s ▪ Síndrome de Imobilidade ▪ 2 a 3 anos de duração ▪ Fase de terminalidade ▪ Óbito DEMÊNCIA VASCULAR CARACTERISTICAS ▪ 2ª causa de demência mais prevalente. ▪ Deterioração em degraus, flutuação cognitiva (dias ruins e dias bons), labilidade emocional. ▪ Piora ou surgimento após evento cerebral. ▪ Distúrbios da marcha, disfagia, alterações urinárias. ▪ Quadro clínico varia de acordo com o local das lesões. ▪ Perda principalmente das funções executivas ▪ Três elementos são fundamentais na caracterização da demência vascular: 1. Síndrome demencial: perda cognitiva + incapacidade de realizar as atividades de vida diária. 2. Doença cérebro vascular: histórico de AVE e/ou múltiplos isquemias em TC. 3. Relação temporal razoável entre ambas. DEMÊNCIA DE CORPOS DE LEWY – DCL CARACTERÍSTICAS ▪ 2ª demência degenerativa mais comum ▪ Demência de pelo menos 6 meses de duração com declínio cognitivo flutuante ▪ Período de alucinações visuais ▪ Sinais extrapiramidais espontâneos: rigidez, bradicinesia, parkinsonismo precoce, distúrbios do sono ▪ Hipersensibilidade aos antipsicóticos DEMÊNCIA POR DOENÇA DE PARKINSON – DDP CARACTERISTÍCAS ▪ Rigidez, instabilidade da marcha e tremor ▪ Quadros demenciais em fases avançadas -Se início antes de 1 ano → Demência por corpos de Lewy ▪ Média de 58 anos ▪ Componente genético / familiar importante ▪ Pode ter relação com lesões traumáticas ▪ Ocorre mais precocemente após diagnóstico da doença de Parkinson (diferencia de Alzheimer) DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL CARACTERÍSTICAS ▪ Afeta pacientes mais jovens, em comparação com o Alzheimer ▪ Média de 58 anos ▪ Componente genético/ familiar ▪ Pode ter relação com lesões traumáticas ▪ Caracteriza-se principalmente por comprometimento da linguagem e comportamental. ▪ Não responde aos anticolinesterásicos 6 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA ▪ São descritas 3 condições principais no grupo 1. DTF variante comportamental (tipo mais comum) → ocorre desinibição, apatia ou perda de empatia, hiperoralidade e mudanças alimentares, comportamentos compulsivos 2. Afasia progressiva Primária (APP) - variante semântica: perda do significado das palavras. 3. APP não fluente (ou agramática): perda do vocabulário. DEMÊNCIA MISTA CARACTERÍSTICAS ▪ Termo comumente utilizado para associação de Doença de Alzheimer e demência vascular. ▪ Pode haver sobreposição de outras demências TRATAMENTO DAS DEMÊNCIAS ▪ Permite uma progressão mais lenta da doença → maior sobrevida e qualidade de vida ▪ Não existe cura para Doença de Alzheimer ▪ Manter-se independente nas atividades de vida diária por mais tempo. ANTICOLINESTERÁSICOS ▪ Aumenta a disponibilidade de acetilcolina na fenda sináptica. ▪ É a 1ª opção de tratamento ▪ Não utilizar em demência fronto-temporal. ▪ Ex: Tacrina, Donepezila, Rivastigmina, Galantamina. INIBIDORES DA NMDA ▪ Regula a atividade do glutamato, que é liberado em grande quantidade por células danificadas por DA e por alguns outros distúrbios neurológicos → Quando o glutamato alcança os receptores de NMDA nas células de superfície, o cálcio flui livremente para dentro das células, o que pode levar a degeneração celular. ▪ Alternativa para pacientes com contraindicação aos anticolinesteráricos. ▪ Fase moderada/avançada ▪ Não utilizar em demência fronto-temporal ▪ Ex: Memantina (tem capacidade de evitar a sequência destrutiva) ANTIPSICÓTICOS ▪ Controle dopaminérgico ▪ Alternativa para controle da demência fronto- temporal ▪ Ex: Haldol/ Clorpromazina, Risperidona (aumenta peso, glicemia e colesterol), Olanzapina (não utilizar em DM e dislipidêmicos), Quetiapina, Clozapina (não utilizar em DM e dislipidêmicos), 7 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA Aripiprazol, Lurasidona, Brexipiprazol, Ziprazidona (aumenta o intervalo QT) SINTOMAS NEUROPSICOLÓGICOS NA DEMÊNCIA: antidepressivos, antipsicóticos, estabilizadores de humor, anticonvulsivantes... ANTICORPOS MONOCLONAIS ▪ Ex: Aducanumabe, Leconemab, Donamab HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL ▪ Ataxia de marcha ▪ Alteração cognitiva ▪ Incontinência Urinária ▪ Secundárias à alteração do LCR ▪ Tap-test: retira uma pequena quantidade de liquor ▪ Possivelmente revesível ▪ Tratamentos: diuréticos DELIRIUM ▪ Início abrupto ▪ Estado confusional agudo (horas até 4 semanas) ▪ Curso flutuante ▪ Distúrbios de consciência atenção, orientação, memória, pensamento, percepção e comportamento de natureza multifatorial. ▪ Redução do metabolismo oxidativo → reduz a atividade colinérgica ▪ Causa mais comum em hospitais = cirurgias PRINCIPAIS FATORES PREDISPONENTES ▪ Déficit cognitivo prévio. ▪ Depressão. ▪ Alcoolismo. ▪ Idade maior 65 anos. ▪ Sexo masculino. ▪ Doenças crônicas e/ou múltiplas comorbidades. ▪ Doença terminal. ▪ Episódio prévio de delirium. ▪ Polifarmácia (principalmente psicoativos). ▪ Desnutrição. ▪ Déficits sensoriais. ▪ Status funcional ruim. PRINCIPAIS FATORES PRECIPITANTES ▪ Medicações -Analgésicos (opioides, AINE´s). -Antibióticos (quinolonas, macrolídeos, aminoglicosídeos). -Anticolinérgicos (anti-histamínicos, relaxante muscular, tricíclicos). -Anticonvulsivantes. -Antidepressivos. -Anti-hipertensivos (betabloqueadores, metildopa, clonidina, diuréticos, digitálicos). -Antiparkinsonianos (levodopa, pramipexol, amantadina). -Antivertiginosos. -Corticosteróides. -Fitoterápicos (erva de São João, extrato de valeriana). -Gastrointestinais (bloqueadores H2, metoclopramida, loperamida, antiespasmódicos). -Hipnóticos, sedativos (benzodiazepínicos, barbitúricos). ▪ Infecções (pneumonia, infecção urinária, meningite). ▪ Afecções cardíacas, cerebrovasculares e pulmonares (infarto agudo do miocárdio, acidente vascular). ▪ Distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos (hipo e hiperglicemia, hipóxia, hipercalemia). ▪ Procedimentos médicos/cirurgias. ▪ Trauma. ▪ Fratura. ▪ Dor não controlada. ▪ Desidratação. ▪ Desnutrição. ▪ Retenção de urina e fezes. ▪ Iatrogenia. ▪ Privação de sono prolongada. ▪ Mudanças de ambiente (internação hospitalar, UTI). ▪ Contenção física. ▪ Perda do suporte social. ▪ Uso de equipamentos invasivos (sonda vesical, sonda nasoenteral). ▪ Abuso ou abstinência de substâncias (álcool, drogas ilícitas). ▪ DIAGNÓSTICO: clinico + exames complementares(ECG, RX e exames laboratoriais) ▪ TRATAMENTO: depende da causa CASOS CLÍNICOS CASO 1 Idoso de 84 anos, branco, casado, professor aposentado. Esposa relata que os familiares começaram a perceber quadro de esquecimentos há aproximadamente um ano, 8 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA com piora gradual e progressiva. No início, perceberam as dificuldades ao lembrar nomes, recados, que o paciente estava contando os mesmos casos e fazendo as mesmas perguntas várias vezes. Com o decorrer dos meses ele passou a apresentar dificuldade em tomar a medicação e administrar as finanças, também já se perdeu duas vezes quando ia ao banco. O idoso não percebe o esquecimento e afirma estar bem, mas que às vezes devido ao estresse esquece fatos irrelevantes do cotidiano. O paciente era independente para atividades básicas da vida diária, mas dependente parcial para instrumentais. HP: DM2, HAS, hipercolesterolemia. História medicamentosa: Losartana 50mg de 12/12h; Glifage XR 500 mg após almoço e jantar; Sinvastatina 20mg à noite; Omeprazol 20mg pela manhã em jejum. Nega etilismo ou tabagismo. Mini-exame do estado mental (MEEM): revelou alterações em orientação, memória de evocação, atenção e cálculo, comando e cópia de pentágonos (16/30 pontos). Relógio 2/5. ANALISE o caso: PROPONHA o provável diagnóstico e exames. IDENTIFICAR: CDR e o estrato clínico-funcional do paciente. R: O diagnóstico mais provável é doença de Alzheimer devido o déficit de memória com evolução insidiosa e gradual associado à alteração dos testes MEEM e teste do relógio. Nesse caso, deve-se solicitar hemograma, VHS, glicemia, creatinina, proteínas total e frações, Bilirrubinas, TGP/TGP, GGT, Na+, K+, Cálcio, fosforo, TSH e T4 livre, VDRL/FTAbs, Vitamina B12, Eletrocardiograma, Radiografia de tórax e TC ou RM de crânio para descartar outras causas de demência. Ele é um idoso em risco de fragilização e encontra-se no estrato clínico-funcional 6 (apresentam declínio funcional parcial nas atividades de vida diária instrumentais e são independentes para as atividades de vida diária básicas). Apresenta um CDR 1 (demência leve). CASO 2 Idosa de 72 anos, morena, viúva, 04 anos de escolaridade. Os familiares procuraram atendimento médico, porque a paciente vem apresentando quadro de alteração de comportamento, agressividade para com seus familiares, idéias delirantes do tipo paranoide evolução de 30 dias. Além disso, tem história de prejuízo cognitivo há oito meses após AVE. HP: HAS, FA, episódio de AVE isquêmico há cerca de 08 meses. Nega etilismo. Relata tabagismo. História medicamentosa: Losartana 50mg, 01cp pela manhã; Anlodipino 5mg, 01cp pela manhã; Sinvastatina 40mg após jantar; AAS 100mg 01cp após almoço, Omeprazol 20 mg dia. Escore Mini exame do estado mental (MEEM): 9/30>> perdeu memória de evocação, cálculo, orientação temporal, orientação espacial, não conseguiu fazer o pentágono, escrever frase, leitura da frase. Fluência verbal: 05 frutas Independente para AVDs básicas. ANALISE o caso: PROPONHA o provável diagnóstico e exames. IDENTIFICAR: CDR e o estrato clínico-funcional do paciente R: O diagnóstico mais provável é Demência Vascular devido o início após o episódio de AVE com afecção cognitiva e presença de fatores de risco cardiovascular. Os exames a serem solicitados são hemograma, VHS, glicemia, creatinina, proteínas total e frações, Bilirrubinas, TGP/TGP, GGT, Na+, K+, Cálcio, fósforo, TSH e T4 livre, VDRL/FTAbs, Vitamina B12, Eletrocardiograma e exame de imagem como TC ou RM de crânio, sendo que a RM é melhor nesse caso pois apresenta uma melhor visualização para infartos múltiplos. Ela é uma idosa em risco de fragilização e encontra-se no estrato clínico- funcional 7 (apresentam declínio funcional em todas as atividades de vida diária instrumentais, mas ainda são independentes para as atividades de vida diária básica). Apresenta um CDR- 2 (demência moderada). CASO 3 Idoso de 81 anos independente para AVDs apresenta subitamente confusão mental e agitação com períodos sonolência extrema. Faz uso de Anlodipina 5 mg pela manhã, AAS 100 mg 9 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA e Rusovastatina 10 mg ao dia (HAS e Dislipidemia), Levotiroxina 150 mcg manhã (Hipotireoidismo), Ibuprofeno 600 mg 8/8 horas, tramadol 37,5 associado a paracetamol 325 mg 12/12 horas há 3 semanas devido dor no joelho direito devido artrose, ainda Tansulosina associada a Dutasterina 0,4/0,5 mg (HPB) e Gingobiloba de longa data para melhorar a memória. Ele é levado ao PA pelo SAMU e apresentou melena no percurso do hospital. Após avaliação clínica ele internado no CTI. Analisar o caso e propor diagnóstico: Identifique fatores predisponentes e precipitantes do quadro: R: O início agudo dos sintomas, associado ao curso flutuante sugerem um quadro de Delirium. Os fatores predisponentes incluem déficit cognitivo prévio, idade maior que 65 anos, sexo masculino, doenças crônicas e múltiplas comorbidades e polifarmácia. Os fatores precipitantes incluem o uso de medicações como analgésicos (AAS, tramadol, ibuprofeno, paracetamol), dor e a hemorragia digestiva alta, manifestada por melena, podendo por consequência provocar desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos. AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DEMÊNCIA – CLINICAL DEMENTIA RATING (CDR) 10 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA 11 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA APRESENTAÇÃO CLÍNICA ▪ Busca ativa de sintomatologia (Escala de Depressão Geriátrica) ▪ Menor humor depressivo e mais anedonia ▪ Mais sintomas somáticos do que psicológicos ▪ Maior associação a doenças físicas (dor crônica, doença crônica e incurável) ▪ Maior déficit cognitivo ▪ Maior disfunção executiva (dificuldade de panejamento) ▪ Maior prevalência na demência ▪ Piora no desempenho e testes neurológicos ▪ Acometimento auditivo neurossensorial ▪ Afeta a funcionalidade do idoso ▪ DOMINIOS COGNTIVOS MAIS AFETADOS: função executiva, velocidade de processamento e memória episódica. CLASSIFICAÇÃO ▪ DEPRESSÃO VASCULAR: redução do interesse, retardo psicomotor e prejuízo na percepção ▪ SÍNDROME DEPRESSIVA: disfunção executiva, acometimento das atividades de vida diária e insight limitado. ▪ DEPRESSÃO COM SINTOMA PSICÓTICOS: alucinações e delírios presentes ▪ DEPRESSÃO COM SINTOMAS MELANCÓLICOS FISIOPATOLOGIA PRINCIPAIS PROJEÇÕES SEROTONINÉRGICAS ▪ As projeções ascendentes originam-se no tronco encefálico e ascendem para muitas das mesmas ▪ regiões das projeções noradrenérgicas + estriado e núcleus accumbens. ▪ Regulam o humor, a ansiedade, o sono e outras funções. ▪ As projeções serotoninérgicas descendentes estendem-se pelo tronco encefálico e pela medula espinal e podem regular a dor. PRINCIPAIS PROJEÇÕES NORADRENÉRGICAS ▪ As projeções noradrenérgicas ascendem originando-se principalmente no locus coeruleus do tronco encefálico. Estendem-se para várias regiões do cérebro. ▪ Regulam o humor, o estado de vigília, a cognição e outras funções. PRINCIPAISPROJEÇÕES DOPAMINÉRGICAS ▪ A dopamina tem projeções ascendentes, que se originam no tronco encefálico (área tegmental, ventral e na substância negra), e que se estendem pelo hipotálamo até córtex pré-frontal, parte basal do prosencéfalo, estriado, nucleus accumbens e outras regiões. ▪ A neurotransmissão dopaminérgica está associada ao movimento, ao prazer e à recompensa, à cognição, à psicose e outras funções. SINTOMAS RELACIONADOS AOS NEUROTRANSMISSORES SEROTONINA NORADRENALINA DOPAMINA ▪ Humor ▪ Ansiedade ▪ Pânico ▪ Fobia ▪ Obsessões ▪ Compulsões ▪ Bulimia ▪ Humor ▪ Ansiedade ▪ Fadiga ▪ Apatia ▪ Retardo Psicomotor ▪ Déficit de atenção ▪ Redução da concentração ▪ Lentidão cognitiva ▪ Humor ▪ Atenção ▪ Motivação ▪ Prazer ▪ Recompensa ▪ Sexualidade CRITÉRIO DSM-5 PARA DEPRESSÃ MAIOR ▪ Para diagnóstico de “depressão maior” um mínimo de 5 dos sintomas abaixo devem estrar presentes durante um período de 2 semanas a 2 anos e representam uma alteração a partir do funcionamento anterior. ▪ Além disso, pelo menos 1 dos sintomas deve ser: Depressão 12 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA 1. Humor deprimido OU 2. Perda do interesse ou prazer Interesse ou prazer acentuadamente diminuídos Humor deprimido (sente-se triste ou vazio) Perda ou ganho significativo de peso, ou diminuição ou aumento do apetite Insônia ou hipersonia Agitação ou retardo psicomotor Fadiga ou perda de energia Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva inadequada Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se Pensamento recorrente de morte, ideação suicida recorrente TRATAMENTO ANTIDEPRESSIVOS: resposta inicial de 8-12 semanas INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA: ▪ Sertralina (25-200mg): droga mais segura, porém reduz a agregação plaquetária ▪ Citalopram (10-20mg): geralmente utilizado para controle de comportamento ▪ Vortioxetina ▪ Escitalopram (5-15mg) ▪ Paroxetina? ATÍPICOS: ▪ Trazodona (Donaren): geralmente é utilizado para controle de comportamento na demência, porém necessita de doses muito altas (> 300mg) para funcionar como antidepressivo e por isso não é indicado para idosos. ▪ Mirtazapina: boa escolha para pacientes graves. ▪ Vilazodona, ▪ Bupropiona DUAL: ▪ Venlafaxina, ▪ Duloxetina, ▪ Desvenlafaxina: causa redução do apetite TRICÍCLICOS: ▪ Nortriptilina (amina secundária) OBSERVAÇÕES ▪ Não é indicado ISRs para pacientes com tremores ▪ Não é indicado dual para pacientes com HAS ▪ Não é indicado tricíclicos para pacientes com Glaucoma ▪ Não utilizar Fluoxetina → muita interação medicamentosa CASO CLÍNICO Idosa de 78 anos, antropóloga aposentada residente em Francisco Sá, venho à consulta no especialista em Montes claros com a filha. Relatou esquecimento frequente da mãe, nos últimos meses, e ainda redução de apetite, insônia e falta de interesse nas atividades das quais sempre gostou de participar. Afirma que percebeu início desses sinais pouco depois do falecimento do seu pai, há 7 meses. Nega dificuldades nas atividades diárias e de cuidado pessoal. Notou-se pouco interesse da idosa na consulta. Afirma utilizar Levotiroxina Sódica de 75mg, 1x ao dia, para tratamento de Hipotireoidismo. Nega diagnóstico prévio de outras doenças crônicas ou quadros agudos recentes, bem como o uso de outros medicamentos. Informa que a paciente mora sozinha e que os filhos intercalam as visitas desde que o marido faleceu. Analisar o caso e propor diagnóstico com terapêutica: R: Considerando os sintomas de anedonia, insônia, falta de energia, alteração do apetite e alteração cognitiva, associado à um evento estressor (viuvez), a hipótese diagnostica mais provável é a Depressão. Para a confirmação deve-se aplicar a escala de depressão geriátrica e avaliar se há presença dos critérios do DSM-5, além de exames complementares para descartar outras causas, como TSH e T4 livre, já que a paciente possui hipotireoidismo. A conduta terapêutica nesse caso inclui a terapia não medicamentosa, como educação e orientação do paciente e dos familiares sobre a depressão, estimular atividade física e interações sociais e encaminhar à psicoterapia (terapia cognitivo-comportamental). Quanto a terapia medicamentosa, o tratamento deve ser feito com um antidepressivo, sendo que, nesse caso, a Mirtazapina seria uma boa opção, pois além de ajudar nos sintomas depressivos, contribui para o aumento do apetite. 13 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA INDICAÇÕES PARA TESTE DE HIPOTIREOIDISMO ▪ Sintomas e sinais clínicos ▪ Anormalidade de exames laboratoriais ▪ Anormalidades radiológicas ▪ Fatores de risco para hipotireoidismo: tireoidite autoimune e injúrias na tireoide ▪ Distúrbios de tireoide e do hipotálamo ▪ Medicamentos que prejudicam a função da tireoide (lítio, amiodarona, beta-bloqueadores...) DIAGNÓSTICO TSH até 6,9 ▪ >65 anos → acompanhar ▪ < 65 anos → avaliar queixas -Presentes = tratar -Ausentes = acompanhar TSH 7,0 – 9,9 ▪ > 65 anos: investigar queixas ▪ < 65 anos: tratar TSH > 10: tratar todos OBS: realizar 2 TSH (dosados em períodos diferentes) + T4 livre para confirmar diagnóstico Hipotireoidismo 14 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA DIAGNÓSTICO ▪ É necessário que dois exames estejam alterados. Se somente um exame estiver alterado, este deverá ser repetido para confirmação. ▪ Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl e HbA1c ≥ 6,5% em uma mesma amostra de sangue, confirma diagnóstico de DM. ▪ Na presença de sintomas inequívocos de hiperglicemia + glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dl, é confirmado o diagnóstico. CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO CLÍNICO DO IDOSO METAS GLICEMICAS NO IDOSO SAUDÁVEL ▪ HbA1c < 7,5% ▪ Glicemia de jejum: 80-130 mg/dL ▪ Glicemia 2h: < 180 mg/dL FRÁGIL OU COMPROMETIDO ▪ HbA1c < 8,0 % ▪ Glicemia de jejum: 90-150 mg/dL ▪ Glicemia 2h: < 180 mg/Dl MUITO COMPROMETIDO ▪ Evitar hipo ou hiperglicemia ▪ Glicemia de jejum: 100-180 mg/dL TRATAMENTO Diabetes Mellitus 15 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA INTRODUÇÃO ▪ É uma doença neurodegenerativa progressiva: desordens de movimento, associados à características não motoras ▪ TRIADE CLÁSSICA: rigidez, tremor e bradicinesia. ▪ Afeta 1% da população com mais de 60 anos. ▪ H > M (1,5x) ▪ Incapacidade grave após 10-15 anos → impacto social e financeiro. FATORES DE RISCO ▪ Fatores genéticos ▪ Fatores epigênicos ▪ Fatores ambientais ▪ Traumas cranianos repetidos FISIOPATOLOGIA Redução da substância negra = redução da dopamina A presença de processo degenerativo além do sistema nigroestriatal pode explicar os sintomas não motores que geralmente precedem os sintomas motores como constipação, alteração do olfato, alteração do sono REM... DIAGNÓSTICO ▪ Clínica (bradicinesia, tremor de repouso e/ou rigidez muscular) ▪ Teste da marcha (4m em 5 seg) ▪ Prova terapêutica com Levodopa ▪ Exames de imagem: SPECT/PET (deficiência de dopamina na substância negra- núcleos da base) e RM (cauda da andorinha → marcador cerebral da doença de Parkinson) SÍNDROME MOTORA DA DOENÇA DE PARKINSON Definição: bradicinesia + tremor de repouso e/ou rigidez muscular Fatores que reforçam o diagnóstico Boa reposta dos sintomas motores à Levodopa Presença de flutuação motora, inclusive fenômeno de on- off Discinesias induzidas pela Levodopa Tremor de repouso em membro, ao diagnóstico ou atual Critérios de exclusão Ausência de reposta a altas doses de Levodopa Ausênciade evolução dos sintomas motores (restrito aos MMII por mais de 3 anos) Red Flag (Sinal de alerta) Piora rápida do comprometimento da marcha Não evolução dos sintomas motores em 5 anos Quedas recorrentes por desequilíbrio nos primeiros 3 anos Parkinsonismo bilateral simétrico ESTAGIAMENTO NEUROPATOLÓGICO (SEGUNDO BRAAK) ESTÁGIO 1: Alterações bulbares e no núcleo olfativo anterior levam a constipação intestinal, a distúrbios do sono e a hiposmia. ESTÁGIO 2: o comprometimento pontinho pode induzir a depressão, a ansiedade, a distúrbios do sono e a dor de origem central. ESTÁGIO 3: a degeneração no mesencéfalo determina o aparecimento dos sintomas motores clássicos, dos distúrbios cognitivos leves e do ciclo sono-vigília. ESTÁGIO 4: lesões saem do tronco cerebral e atingem principalmente o mesocórtex temporal e a amigdala, gerando as disfunções mnemônicas, executivas e a apatia. ESTÁGIO 5: alterações acometem o neocórtex com destaque para as áreas pré-frontais e de associação sensitivas, acentuando as disfunções cognitivas. ESTÁGIO 6: (etapa mais avançada) ocorre o comprometimento difuso das áreas corticais primárias, e por consequência, o agravamento das dificuldades motoras e do quadro demencial. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: ▪ Educação sobre a doença ▪ Psicoterapia ▪ Fisioterapia TRATAMENTO NEUROPROTETOR ▪ Safinamida (inibidores da MAO) TRATAMENTO SINTOMÁTICO Doença de Parkinson 16 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA ▪ Levodopa ou Prolopa (causam agitação) **Entacapona: mantém a levodopa por mais tempo na fenda sináptica, aumentando sua eficácia sem precisar aumentar a dose da medicação. ▪ Biperideno (piora cognição) ▪ Amantadina (efeito colinérgico) TRATAMENTO CI RÚRGICO ▪ Estimulação cerebral profunda → reduz a hiperatividade cerebral ▪ CONTRAINDICAÇÕES: idade avançada, má resposta à terapia dopaminérgica, comprometimento cognitivo e transtorno psiquiátrico grave PARTICULARIDADES EM IDOSOS ▪ Sintomas não motores são mais comuns em idosos (constipação, sono, alucinações...) ▪ Comorbidades podem atrasar/mascarar o diagnóstico de DP (lentificação por osteoporose, AVC, etc.) ▪ Preferência por iniciar com L-dopa, pior tolerância aos demais medicamentos ▪ Pramipexol: maior risco de IC em idosos, aumenta intervalo QT ▪ Entacapona: maior risco de piorar discinesias. MARCHA SENIL ▪ Postura típica: base alargada, retificação da coluna cervical, cifose torácica, flexão do quadril e dos joelhos. ▪ Hesitação o andar, menor balanço dos braços e passos menores. GIGANTES DA GERIATRIA DA DOENÇA DE PARKINSON 1. Instabilidade Postural 2. Imobilidade OBS: Massa muscular reduz quase 50% entre 20 e 90 anos → perda de 15% por década a partir dos 50 anos e 30% por década aos 70 anos e 50% aos 80 anos. SARCOPENIA Lentificação da Marcha: Velocidade < 0,8m/s Circunferência Panturrilha < 31 cm Emagrecimento Recente ou IMC <22kg/m2 CLASSIFICAÇÃO DA IMOBILIDADE ▪ GRAU 1: paciente necessita de suporte para locomoção (andador ou cadeira de rodas), mas consegue fazer transferência e permanecer sentado sem ajuda. ▪ GRAU 2: Paciente é capaz de permanecer sentado, sem suporte e de movimentar os membros, mas não é capaz de levantar da cadeira e de permanecer em pé, sem auxilio. ▪ GRAU 3: Paciente é capaz de rolar na cama, mudar o decúbito e movimentar membros, mas é incapaz de sentar. Nessa fase, o idoso é considerado acamado. ▪ GRAU 4: Paciente não é capaz de fazer transferência, nem sustentar o tronco na posição sentada. Consegue movimentar membros com dificuldade, mas não é capaz de fazer mudança de decúbito. ▪ GRAU 5 (IMOBILIDADE TOTAL): o paciente não consegue realizar qualquer movimento, incluindo a movimentação dos membros. CONSEQUÊNCIAS DA SÍNDROME DE IMOBILIDADE ▪ Deterioração intelectual e comportamental ▪ Estados depressivos ▪ Distúrbios respiratórios, cardiovasculares, digestivos e metabólicos ▪ Constipação intestinal ▪ Hipotonia muscular ▪ Osteoporose ▪ Leões de decúbito ▪ Desnutrição ▪ Contratura e negativação do balanço nitrogenado ▪ Institucionalização e óbito CONCEITOS Repouso 7-10 dias Imobilização 10-15 dias Decúbito de longa duração > 15 dias 17 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA INTRODUÇÃO ▪ É uma doença osteometabólica caracterizada pela alteração da qualidade óssea e por sua baixa massa, podendo levar ao desenvolvimento de fraturas atraumáticas em homens e mulheres. ▪ OSTEOPENIA: baixa massa óssea→ T-score entre - 1,0 a -2,5 ▪ Causa mais de 8,9 milhões de fraturas por ano em todo o mundo → 25% morrem após fratura de fêmur → 1 fratura osteoporótica a cada 3 segundos ▪ MS: 10 milhões de brasileiros afetados pela doença ▪ Mais prevalente em mulheres ▪ Pode ser uma doença assintomática ▪ Fraturas → importantes taxas de morbimortalidade CLASSIFICAÇÃO OSTEOPOROSE PRIMÁRIA TIPO I ▪ predomina em mulheres, associado a menopausa ▪ Perda acelerada de osso trabecular ▪ Fraturas vertebrais comuns TIPO II ▪ Ocorre tanto em mulheres quanto em homens idosos ▪ Compromete os ossos cortical e trabecular ▪ Ocorrência de fraturas vertebrais e de fêmur OSTEOPOROSE SECUNDÁRIA ▪ Menopausa precoce ▪ Hipopituitarismo ▪ Artrite reumatoide ▪ LES ▪ Doença de Crohn e retocolite ulcerativa ▪ Anemia perniciosa ▪ Doença celíaca ▪ Mieloma Múltiplo ▪ Doenças mieloproliferativas ▪ Hiperparatiroidismo primário ▪ DM ▪ Doença de Paget ▪ Neoplasias (primária e secundária) ▪ DRC ▪ Doença hepática crônica ▪ Transplante renal ▪ Síndrome de Cushing (uso de corticoides cronicamente) FATORES DE RISCO ▪ Fraturas prévias ▪ Histórico familiar de osteoporose ▪ Baixa ingesta de cálcio ▪ Sedentarismo ▪ Baixa do colo do fêmur ▪ Uso de glicocorticoides ▪ Consumo excessivo de álcool ▪ Causas secundárias QUADRO CLÍNICO ▪ Geralmente assintomático ▪ Os locais de maior ocorrência de fraturas de baixo impacto são vertebras, punho, região proximal do fêmur. ▪ Dor a digitopressão da área comprometida → movimentos podem piora-la → as vezes irradia para frente, em barra, raramente em direção aos quadris e MMII ▪ Hipercifose: redução da altura e lordose natural lombar → diminuição da expansibilidade pulmonar e compressão gástrica ▪ Paciente com múltiplas fraturas vertebrais pode queixar-se de instabilidade na marcha → aumenta risco de quedas e dificuldade para realizar as atividades de vida diária. DIAGNÓSTICO ▪ Anamnese e exame físico buscando etiologia (OP primária, secundária?) e fatores de risco. EXAMES LABORATORIAIS Osteoporose 18 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA ▪ Na OP primária os exames costumam ser normais, são solicitados para excluir causas secundárias ▪ Hemograma, VHS, cálcio sérico, fósfose sérico, proteína total, albumina, enzimas hepáticas, creatinina, glicemia de jejum, dosagem de cálcio na urina de 24 horas. ▪ Outros exames se houver suspeita de outras causas secundárias: TSH, PTH, cortisol urinário livre, marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo, estudo do equilíbrio acidobásico, eletroforese de proteínas séricas, anticorpos antiendomísio, antigliadina e antitransglutaminase, aspiração de medula óssea. ▪ Biomarcadores ósseos não são específicos para OP e não confirmam diagnóstico. AVALIAÇÃO LABORATORIAL DAS OP PÓS- MENOPAUSA TESTES LABOLATORIAIS INCIAIS Perfil químico completo (incluído fosfatase alcalina) Hemograma completo Cálcio, fósforo 25 – hidroxivitamina D RADIOGRAFIA ▪ Só mostra alterações decorrentes da OP quando a massa óssea atingir aproximadamente 30%. ▪ Possui pouca sensibilidade, deve-se solicitarcomo exame complementar para avaliar fraturas vertebrais, sinais de hiperparatideoidismo, calcificações de tecidos moles, osteomalácia na osteodistrofia renal e as lesões líticas dos tumores. ▪ Indicada também em indivíduos que perderam altura de maneira significativa injustificada para confirmar presença de fraturas em outros locais. DENSITOMETRIA ÓSSEA ▪ É o padrão-ouro para diagnóstico da OP. ▪ Estabelece o diagnóstico da OP, determina o risco de fraturas, auxilia na identificação de candidatos para intervenção terapêutica, avalia mudanças na massa óssea, com o tempo, em pacientes tratados ou na evolução natural das doenças ▪ Habitualmente é feito a medição do fêmur proximal (colo do fêmur e fêmur total) e a coluna vertebral (L1 -L4). ▪ Antebraço: forma de avaliação alternativa, sendo útil em pacientes quando a coluna ou o fêmur não puderem ser medidos, obesidade extrema e hiperparatireoidismo. INDICAÇÕES PARA DENSITOMETRIA ÓSSEA ▪ Todas a mulheres de 65 anos ou mais. ▪ Mulheres na peri e pós-menopausa com fatores de risco. ▪ Mulheres em amenorreia secundária prolongada (por mais de 1 ano). ▪ Todos os indivíduos que tenham sofrido fratura por trauma mínimo ou atraumática. ▪ Indivíduos com evidências radiológicas de osteopenia ou fraturas vertebrais. ▪ Homens > 70 anos. ▪ Homens < 70 anos com fatores de risco. ▪ Indivíduos que apresentam perda de estatura (2,5cm) ao longo da vida ou hipercifose torácica. ▪ Indivíduos em uso de glicocorticoides por 3 meses ou mais, independente da dose. ▪ Indivíduos com IMC baixo (<19kh/m3 para jovens e < 22 para idosos). 19 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA ▪ Portadores de doenças crônicas em uso de outras medicações associadas à OP. ▪ Para monitoramento de mudanças de massa óssea decorrentes da evolução da doença e dos diferentes tratamentos disponíveis. INTERPRETAÇÃO DA DENSITOMETRIA CATEGORIA MASSA ÓSSEA Normal Escore T maior ou igual a -1,0 Baixa massa (osteopenia) Escore T menor que -1 e maior que -2,5 Osteoporose Escore T menor ou igual a -2,5 Osteoporose grave (estabelecida) Escore T menor ou igual a -2,5 na presença de uma ou mais fraturas por fragilidade TRATAMENTO TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO A prevenção da OP e das fraturas consequentes apoia-se em um tripé 1. Adequada nutrição 2. Bons hábitos de vida, incluindo exercícios físicos, evitando alcoolismo e tabagismo 3. Controle do ambiente para prevenção de quedas. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO REPOSIÇÃO DE CÁLCIO ▪ Carbonato x Citrato ▪ Recomendado e seguro o consumo de até 1200 mg/dia. Ideal é obter a quantidade desejada através da dieta. REPOSIÇÃO DE VITAMINA D ▪ Fontes alimentares são escassas, obtida principalmente da exposição cutânea por raios UVB solares. ▪ Importante funções na fisiologia osteomineral, principalmente na absorção intestinal e na homeostase do cálcio. ▪ Ação na musculatura periférica e no equilíbrio, podendo interferir no risco de quedas ▪ DOSE: Se VIT D < 20ng/ml -Dose de ataque: de 7000 UI/dia ou 50.000 UI/semana por 6 a 8 semanas. -Dose de manutenção: de 1000 a 2000 UI/dia ▪ OBJETIVO: > 30ng/ml MEDICAÇÕES PARA OSTEOPOROSE AGENTES ANABÓLICOS ▪ Teriparatina (fraturas mais graves→ neoformação óssea) ▪ Romososumabe AGENTES ANTIRREABSORTIVOS ▪ Bifosfonatos (1ª escolha) ▪ Denosumab ▪ Raloxifeno OBS 1: Bifosfonatos só podem ser utilizados por no máximo 3 anos, devendo ser substituído após esse período. OBS 2: Calcitonina trata dor da fratura, mas não trata a osteoporose. CARACTERÍSTICAS DAS MEDICAÇÕES BIFOSFONATOS ▪ MECANISMO DE AÇÃO: inclui o bloqueio da adesão dos osteoclastos à superfície de reabsorção óssea e o aumento da apoptose dos osteoclastos ▪ Devem ser tomados em jejum, com um copo cheio de água, aguardando 30-60min, sendo que o paciente deve-se manter sentado ou em pé. ▪ CONTRAINDICAÇÕES: hipersensibilidade ao produto, osso adinâmico (radioterapia), incapacidade de permanecer sentado ou em pé após ingestão da medicação, alterações esofágicas (acalasia, estenose, varizes esofágicas, esôfago de Barret), úlceras gástricas em atividade e insuficiência renal (TFG < 30-35 ml/min) DENOSUMAB ▪ Anticorpo monoclonal humano 20 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA ▪ Reduz risco de fraturas vertebrais, não vertebrais e de quadril ▪ Podem ser utilizados quando ocorre falha, intolerância ou contraindicação aos bifosfonatos orais e em situações especiais como primeira linha nos casos de pacientes com disfunção renal. ▪ DOSE: 60mg, SC, a cada 6 meses MONITORAMENTO ▪ Há várias abordagens para monitoramento da osteoporose, não há consenso sobre abordagem ideal. ▪ Repetir densitometria óssea de 1 a 2 anos após início da terapia e após após a cada 2 anos, e caso necessário DMO frequentes em certas situações clinicas. CASO CLÍNICO Idosa de 74 anos, branca, viúva, agricultora, natural da Jaíba, chegou ao NASPP para consulta devido à queixa de “dor nas costas há cerca de 12 meses”. Paciente relatou que, há seis meses, começou a sentir dor em região lombar, de maneira contínua e de intensidade leve (Escala Visual Analógica-3), que não interferia no cotidiano. Com o tempo, porém, a sensação dolorosa foi aumentando, começando a atrapalhar o seu trabalho e atingiu o pico há, aproximadamente, 15 dias (Escala Visual Analógica-9), ela está em uso continuo de analgésicos e AINEs, além disso, tem histórico de tomar corticoide injetável cronicamente. A idosa afirmou hipertireoidismo controlado em tratamento, negou ter sofrido fraturas. e apresentou a caderneta de vacinações atualizada inclusive da Herpes Zoster. Relatou também que sua mãe, já falecida por infarto agudo do miocárdio aos 80 anos, apresentava dores semelhantes as suas e chegou, inclusive, a apresentar fratura do fêmur. Negou a realização de qualquer atividade física, negou etilismo e afirmou tabagismo (30 maços/ano), ser cafeísta inveterada com dieta pobre em proteínas. Em relação a sua história ginecológica, afirmou menarca aos 14 anos e menopausa aos 39 anos. Peso 41,6 kg; Altura 153 cm; IMC: 17,77. Exames: cálcio 8.8; 25 (OH) 17 ng/ml; creat 1.45; CKD: 37.9 ml/min/1.73 m2. ANALISAR o caso: 1) PROPOR o provável diagnóstico; R: De acordo com os sintomas apresentados, associados aos achados laboratoriais e de imagem, o diagnóstico mais provável é osteoporose com fratura de vertebras, associada à hipovitaminose D, e doença renal crônica (CKD reduzida). 2) IDENTIFICAR fatores de risco associados a condição acima. R: Os fatores de risco apresentados pela paciente que pode ter contribuído para o desenvolvimento da osteoporose são: sexo feminino, idade maior que 65 anos, branca, menopausa precoce (39 anos), fratura por fragilidade em parentes de primeiro grau (mãe apresentou fratura de fêmur), sedentarismo, uso crônico de corticoide, baixa ingesta de proteínas, cafeísta inveterada, baixo IMC, doença renal crônica (redução da CKD), tabagismo e hipovitaminose D. 3) DEFINIR um planejamento terapêutico. R: O planejamento terapêutico inclui o encaminhamento à nutrição para adequar a alimentação, estimular atividade física pelo menos 3x/semana, no mínimo 30min e o cessamento do tabagismo e orientar a adaptação do ambiente domiciliar para prevenir quedas, além de encaminhar à nefrologia para acompanhar a doença renal. Deve-se repor a vitamina D com a dose de ataque de 50.000 UI/semana por 6 meses, seguidas de dose de manutenção de 1000 UI/ dia com o objetivo de manter a vitamina D > 30ng/m e repor o cálcio com citrato de cálcio. Por fim, o tratamento da osteoporosepode ser feito com Bifosfonatos por até 3 anos e após esse período deve ser substituído por outro como Denosumab ou Teripatida. Por fim, deve-se encaminhar à cirurgia para tratar as fraturas de vertebras. 21 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO: perda involuntária de urina ou fezes em quantidade ou frequência suficientes para se constituir um problema social e/ou de saúde. INCONTINÊNCIA URINÁRIA FISIOPATOLOGIA INERVAÇÃO SIMPÁTICA (T11 a L2): sinapses nos plexos hipogástricos e mesentérica inferior. INERVAÇÃO PARASSIMPÁTICA (S2-S4): fibras pré ganglionares pelo nervo pélvico até gânglios do plexo pélvico, este da origem às fibras pós ganglionares que se dirigem à bexiga: ACH contração detrusor (receptores M2 e M3). INERVAÇÃO SOMÁTICA DO ESFÍNCTER URETRAL EXTERNO (S2-S4): nervo pudendo até o esfíncter estriado. INCONTINÊNCIA URINÁRIA TRANSITÓRIA Caracteriza-se pela perda de urina precipitada por insulto psicológico, medicamentos ou orgânico, que cessa ou melhora após o controle do fator desencadeante. PRINCIPAIS CAUSAS - DIURAMID ▪ Delirium ▪ ITU ▪ Uretrite e vaginites atróficas ▪ Restrição de mobilidade ▪ Aumento do débito urinário ▪ Medicamentos ▪ Impactação fecal ▪ Distúrbios psiquiátricos (depressão, demência, psicose) INCONTINÊNCIA URINÁRIA ESTABELECIDA URGÊNCIA ▪ Desejo de urinar abrupto e imperioso, sucedido por perda involuntária de volume moderado a grande (>100ml). ▪ CAUSAS: bexiga hiperativa → lesões do SNC (esclerose múltipla, AVE, Parkinson, demência) e problemas do trato urinário inferior (cirurgias e hiperplasia de próstata). ESTRESSE OU ESFORÇO ▪ Perda de pequena quantidade de urina durante esforços (risos, espirro, tosse, carregar peso). Mais comum em mulheres. ▪ CAUSAS: uretra mal posicionada e má função esfincteriana. FUNCIONAL (ACAMADOS/IMOBILIDADE) ▪ Incapacidade que impede o uso independente do banheiro no momento adequado (dependência, sedação, banheiro inacessível, medicamentos). TRANSBORDAMENTO ▪ Acúmulo de urina até ocorrer extravasamento, com alto volume residual, podendo causar bexigoma. ▪ CAUSAS: bexiga neurogênica, hiperplasia prostática benigna, tumor de próstata, prolapso vesical ou uterino, uso de medicamentos (miorrelaxantes, opioides) OBS: perda inconsciência: é a perda que ocorre desacompanhada de fenômenos de urgência e esforços. CONDIÇÕES ASSOCIADAS ▪ Dermatite de fraldas ▪ Candidíase perineal ▪ ITU ▪ Úlceras de pressão ▪ Quedas ▪ Fraturas ▪ Depressão ▪ Isolamento social ▪ Hospitalização e institucionalização ▪ Iatrogenia TRATAMENTO MEDICAMENTOS: Oxibutinina, tolterodina, darifenacina, Agonista receptor beta 3 Incontinência Esfincteriana 22 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA adrenérgico (mirabegrona, Mybetric), Antagonista alfa- adrenérgico, toxina botulínica, imipramina, uso de estrogênio tópico. OUTROS: cirúrgico, fisioterápico TIPO DE INCONTINÊNCIA TRATAMENTOS PRIMÁRIOS Estresse ▪ Exercícios para a musculatura pélvica (Kegel) ▪ Outras intervenções comportamentais ▪ Agonistas alfa-adrenérgicos ▪ Estrogênio de uso tópico (não isoladamente) ▪ Injeções periuretrais ▪ Suspenção cirúrgica do colo vesical ou alça Urgência ▪ Relaxantes Vesicais ▪ Estrogênio de uso tópico (se houver vaginite atrófica) ▪ Treinamento vesical (incluindo exercícios para os músculos pélvicos) Transbordamento ▪ Remoção cirúrgica da obstrução ▪ Retreinamento vesical ▪ Cateterização intermitente ▪ Cateterização de demora Funcional ▪ Intervenções comportamentais (dependentes do cuidador) ▪ Manipulações ambientais ▪ Roupas intimas e absorventes para incontinência INCONTINÊNCIA FECAL CONTINÊNCIA ANAL DEPENDE: funcionamento normal do intestino (especialmente do ânus), músculos do assoalho pélvico (esfíncteres anais interno e externo) e o músculo elevador do ânus. CONTINÊNCIA ANAL: capacidade de retardar a eliminação de gases ou fezes até o momento oportuno – interrelação complexa entre volume e consistência do conteúdo retal, capacidade de distensão (complacência retal), sensibilidade retal e integridade da musculatura e inervação do esfíncter anal. INCONTINÊNCIA ANAL: incapacidade em graus variados, de reter a matéria fecal e de evacua-la de forma voluntária. Trata-se de condição incapacitante, constrangedora e com repercussão socioeconômica significativa. CAUSAS ▪ Impactação fecal ▪ Uso excessivo ou abuso de laxantes ▪ Distúrbios neurológicos (demência, AVE, doença/lesão medular) ▪ Distúrbios colorretais (doenças diarreicas, intolerância à lactose, neuropatia diabética autônoma, lesão do esfíncter anal). 23 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA INTRODUÇÃO É a abordagem que visa a promoção, a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, através da avaliação precoce e controle de sintomas físicos, sociais, emocionais, espirituais desagradáveis, no contexto de doenças que ameaçam a continuidade da vida. A assistência é realizada por uma equipe multiprofissional durante o período de diagnóstico, adoecimento, finitude e luto. CONCEITOS BIOÉTICOS EUTANÁSIA: É a pratica pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida por um especialista. DISTANÁSIA: É a prática pela qual se continua, através de meios artificiais, a vida de um enfermo incurável. ORTOTANÁSIA: “morte certa”, é a morte que ocorre sem “interferência da ciência”, permitindo ao paciente morrer de forma digna, sem sofrimento, segundo a evolução e percurso da doença. MISTANÁSIA: PRINCÍPIOS DOS CUIDADOS PALIATIVOS ▪ Respeitar a dignidade e autonomia dos pacientes. ▪ Honrar o direito do paciente de escolher entre os tratamentos, incluindo aqueles que podem ou não prolongar a vida. ▪ Comunicar-se de maneira clara e cuidadosa com os pacientes, suas famílias e seus cuidadores. ▪ Identificar os principais objetivos dos cuidados de saúde a partir do ponto de vista do paciente. ▪ Prover o controle impecável da dor e de outros sintomas de sofrimento físico. ▪ Reconhecer, avaliar, discutir e oferecer acesso a serviços para o atendimento psicológico, social e questões espirituais. ▪ Organizar e promover a continuidade dos cuidados oferecidos ao paciente e sua família, sejam estes cuidados realizados no hospital, no consultório, em casa ou em outra instituição de saúde. ▪ Manter uma atitude de suporte educacional a todos os envolvidos nos cuidados diretos com o paciente. ESTRATIFICAÇÃO CUIDADO PALIATIVO PRECOCE O paciente é portador de doença que ameaça sua vida e apresenta bom status funcional (KPS ou PPS > 60%). A prioridade é o tratamento curativo ou restaurativo, utilizando os princípios da beneficência e autonomia. Meses e anos. CUIDADO PALIATIVO COMPLEMENTAR O paciente é portador de doença que ameaça sua vida e apresenta status funcional intermediário (KPS ou PPS entre 40-60%). Em caso de instabilidade clínica aguda, a transferência para UTI deve ser ponderada, levando-se em consideração as condições potencialmente reversíveis, podendo ser definido limite de esforço terapêutico. Semanas a meses. CUIDADO PALIATIVO PREDOMINANTE O paciente é portador de doença que ameaça sua vida e apresenta baixo status funcional (KPS ou PPS entre < 40%). Classificados critérios de irreversibilidade da doença de base. Não adicionar ou manter terapia e nem deve ser encaminhado para UTI, respeitando o desejo do paciente e de seus representantes. Dias a algumas semanas. CUIDADO PALIATIVO EXCLUSIVO (CUIDAODS DE FIM DE VIDA) O paciente é portadorde doença que ameaça sua vida e apresenta baixo status funcional (KPS ou PPS entre < 40%). Piora rápida e irreversível do estado geral. Essa piora acentuada pode ser evidenciada através da redução do nível de consciência e instabilidade cardiopulmonar. Suspender todas as terapias, visando Cuidados Paliativos 24 GERIATRIA – 7° PERÍODO – 2023/1 ANA LUÍZA ALVES PAIVA exclusivamente o controle de sintomas. Não deve ser encaminhado para UTI, respeitando o desejo do paciente e de seus representantes legais. Prognóstico estimados em horas poucos minutos. COMUNICAÇÃO S Setting up Preparando-se para o encontro P Perception Percebendo o paciente I Invitation Convidando para o diálogo K Knowledge Transmitindo as informações E Emotions Expressando as emoções S Strategy and Summary Resumindo e organizando estratégias. TERMINALIDADE INDICADORES GERAIS DE P IOR PROGNÓSTICO ▪ Infecções recorrentes e de difícil tratamento ▪ Piora significativa da ingesta alimentar ▪ Perda de funcionalidade ▪ Associação de múltiplas comorbidade FERRAMENTAS PARA CUIDADO PALIATIVO ▪ Conhecimento técnico ▪ Conhecer a própria história ▪ Reconhecimento da cultura e significado da morte para si ▪ Falar sobre o leito SISTEMA DE APOIO AO PACIENTE E CUIDADORES ▪ Aspectos sociais ▪ Aspectos psicológicos ▪ Aspectos espirituais ▪ Controle de sintomas (dor, depressão, fadiga, delirium, sintomas gastrointestinais, respiratórios e outros) MORTE E LUTO – APOIO AOS FAMILIARES ▪ Morte tabu ▪ Visão e abordagem da morte nos cuidados paliativos ▪ Luto