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Doenças do Desenvolvimento na Ortopedia Introdução A articulação do joelho é chamada de femoro-tibial a qual abrange a patela, fêmur e tíbia. A patela tem uma relação articular com o fêmur por meio de ligamentos. A patela está afrente e se articula na fossa troclear. Os sesamoides são observados melhor em visão lateral. Quem liga a patela na região mais anterior a tíbia, chama-se proeminência da tíbia (crista tibial), onde existe uma estrutura chamara ligamento reto patelar inferior. A patela também está ligada ao fêmur para que se encaixe no sulco troclear, por isso é ligada pelo tendão da musculatura do quadríceps femoral (reto, bíceps, bastolateral e basto intermédio). Ainda, há os meniscos (medial e lateral). Em resumo, o fêmur se articula na região da pelve e é revestido pela musculatura do quadríceps que se unem em um tendão que se une a patela, que está ligada a crista tibial pelo ligamento reto patelar. Luxação de patela É a perda da relação entre as superfícies articulares. A luxação ocorre por alterações anatômicas que deixam a articulação entre fêmur e patela (fêmuro-tibial) incongruente ocasionando a perda da patela do sulco troclear. Isto é, a luxação de patela não é o rompimento do tendão, e sim uma incongruência da articulação. Luxação medial de patela É o deslocamento constante ou esporádico em sentido medial da patela para fora do sulco troclear. Pode ser uni ou bilateral sendo que normalmente é bilateral, mas geralmente com graus diferentes. É a alteração mais comum de origem congênito-hereditária e que tem como incidência principalmente cães das raças de pequeno porte, porém pode acometer SRD também. Independe de macho e fêmea e em 4-5 meses de idade já aparece os sinais clínicos da doença. Causas Arrasamento do sulco troclear: o sulco troclear está mais plano, portanto, a patela fica deslizando em uma superfície plana. Medialização da crista tibial: é o deslocamento medial da crista tibial e consequentemente leva o ligamento para a região medial. Hipoplasia do côndilo medial: é a má formação do epicôndilo medial, onde deveria ter um epicôndilo apresenta uma hipoplasia do epicôndilo, isto é, não tem epicôndilo. Portanto, a anatomia de encaixe do sulco troclear altera. Inserção anormal do quadríceps: o quadríceps está apoiado mais medial levando o tendão do quadríceps e a patela medialmente. Alteração mais rara. Sinais clínicos Pisar em ovos: apoia pouco o membro e os joelhos voltados medialmente Claudicação Atrofia muscular, principalmente do quadríceps Luxação lateral de patela Incidência em cães de raça de grande porte causada pela hipoplasia do epicôndilo lateral. Sinais clínicos São mais discretos, mas o animal pode claudicar. Diagnóstico Resenha: raça e idade Sinais de claudicação podendo chegar a saltar e pisar em ovos Palpação (diagnostico principal): SEMPRE com articulação femoro-tibial em extensão tentando palpar ela em sentido medial-lateral ou lateral-medial. Ao palpar que a patela se deslocou é confirmatório de luxação de patela. Em caso de radiografia quando for grau 1 e 2 pode ser que radiografe com a patela no sulco troclear. Radiografia: pode-se ver uma medialização, mas não é certeza de que se vai encontrar. Por isso, não é diagnóstico. Para visualizar o arrasamento do sulco troclear é necessário que se faça projeção Sky-line (o feixe direcionado para o epicôndilo lateral medial e patela). Tratamento Patelopexia Geralmente essa cirurgia é associada a trocleoplastia que consiste em aprofundar o sulco troclear e realizar a imbricação lateral (sutura da cápsula) do retináculo. Quando houver medialização da crista complementa com a transposição da crista tibial (fixando com parafuso ou fio de aço). Pós-operatório Toda cirurgia articular NÃO IMOBILIZA, apenas restringe um pouco o movimento, recomendando no mínimo 2 meses para recuperação. Se os dois membros tiverem luxados, opera primeiro o pior clinicamente (mais dor, mais claudicação, maior atrofia muscular). Por ser uma doença congênito-hereditário, orienta que os animais não entrem na reprodução Analgesia: 3-5 dias dipirona e tramadol Não precisa tanto de anti-inflamatório, mas se quiser pode AINEs, como meloxicam juntamente com a analgesia. Antibioticoterapia sistêmica é bom para caso infecção da pele (Staphylococcus e Streptococcus) por 7-10 dias com cefalosporina, amoxicilina ou rifocina tópica O maior problema da luxação de patela é o tutor não respeitar o repouso relativo por 2 meses, porque arrebenta os pontos. Isto é, o animal pode andar, mas não pode correr e nem ficar em posição bipedal. Graus de luxação de patela Grau I: luxa esporadicamente Grau II: luxa com frequência Grau III: luxa frequentemente e apresenta poucas alterações posturais Graus IV: permanentemente luxada e apresenta muitas alterações posturais Ruptura do ligamento cruzado cranial É a ruptura do ligamento cruzado cranial devido ao avanço ou cronicidade da luxação de patela. Normalmente chega na clínica luxamento de patela e ruptura do ligamento cruzado cranial juntos, porque ao ocorrer luxação o animal força mais ainda o joelho e causa a ruptura. Existem dois tipos de ligamento cruzado, o cranial e o caudal, mas somente o cranial que rompe porque é o que se insere na face articular do fêmur e a face anterior da tíbia (evita uma extensão excessiva), portanto, tem muito mais força de impacto que o caudal. É uma condição que tem maior incidência em raças de pequeno porte, porque são elas que tem maior chances de ter luxação patela. Porém, raças de grande porte ao caírem ao solo apoiado nos joelhos perante a uma altitude elevada gera o rompimento do ligamento cruzado caudal. Sinais clínicos Claudicação do membro afetado Diagnóstico O diagnóstico é realizado através de exames de palpação. Pode-se realizar o teste de “gaveta” que é mais fácil de ser executado em pequeno porte, em que desliza o joelho para trás e para frente (forçar a tíbia para frente segurando o fêmur), e caso a tíbia deslize é gaveta positivo. Pode também realizar o teste de compressão tibial que é mais fácil de ser executado em grande porte, em que uma mão no final do fêmur, indicador na crista tibial e a outra mão vai ao final da tíbia e faz movimento de flexão. Se a tíbia estiver instável jogará o dedo indicador para frente. Normalmente tem que sedar o animal para movimentar, porque causa muita dor no animal ao realizar esses testes de palpação. Através da ultrassonografia é possível observar o ligamento cruzado rompido, e a radiografia mostra o desalinhamento entre os ossos. Porém, não são necessários para fechar diagnóstico. Tratamento Não dá para suturar o ligamento, porque ele rompe e encurta, portanto, é necessário substituir o ligamento que foi rompido. Sutura fabelo-tibial Amarração para substituir o ligamento e reposicionar a tíbia no local de origem. Faz-se amarração na face lateral do fêmur e perfurando a tíbia lateral. Perfura a crista tibial e se faz um 8 com fio inabsorvível. Deve ter cuidado com o nervo fibular. Sutura intercondilar TPLO: nivelamento do platô tibial É uma técnica mais cara em que permite deixar horizontalmente o platô da tíbia deixando o animal mais estável. TTA: avanço da tuberosidade tibial Técnica mais cara e mais elaborada que aumenta a superfície onde o fêmur vai deslizar. Articulação coxofemoral A articulação coxofemoral faz a relação da cabeça do fêmur com o acetábulo. Somente tem o ligamento redondo nessa região. Doenças relacionadas a essa articulação são a necrose asséptica da cabeça do fêmur e displasia coxo- femoral. Necrose asséptica da cabeça do fêmurÉ uma doença congênito-hereditário, também conhecida como “Legg-Calve- Perthes Disease”, que acomete somente cães de raça de pequeno porte. Pode ser unilateral ou bilateral, começando o desenvolvimento a partir dos 5 meses de idade. Não tem predisposição sexual e é recomendado remover esse animal da reprodução. Patogenia Os cães predispostos a essa enfermidade nascem com uma má circulação da artéria principal que nutre a cabeça do fêmur, a artéria circunflexa cranial, para o fêmur direito, esquerdo ou para ambos. Algo provoca um mal desenvolvimento dessa artéria circunflexa que deveria mandar o sangue oxigenado para cabeça do fêmur, e com o passar dos meses essa cabeça é nutrida de forma inadequada com oxigênio. No entanto, sabe-se que sem oxigênio gera a morte de osteócitos e osteoclastos formando lacunas que não se preenchem de tecido mineralizado, havendo então uma desmineralização na cabeça do fêmur, de tal forma que ao passar dos meses essa lesão deixa a cabeça menor e irregular na sua superfície articular com a cavidade do acetábulo. Depois de alguns meses tem formação de osteoartrite, devido ao atrito da cavidade acetabular com a cabeça do fêmur que causa proliferação celular nessa cavidade. Sinais clínicos Claudicação Atrofia muscular Impotência funcional: se o tutor demorar meses para levar o animal ao veterinário Dor Crepitação Diagnóstico Resenha Pequeno porte, cão, desde filhote apresenta claudicação discreta incialmente que depois evoluiu, acompanha atrofia muscular. Palpação Uma vez que essa articulação permite todas as movimentações possíveis, deve realizar todos, e vai sentir crepitação (praticamente patognomonico), manifestar dor (vocalização e morde o veterinário). Radiografia A radiografia é o método que fecha o diagnóstico, observa-se radioluscência da cabeça do fêmur e irregularidade da superfície articular da cabeça do fêmur. Pode encontrar osteófitos no bordo acetabular. Tratamento Exérese/ressecção da cabeça do fêmur É o procedimento mais simples e fácil do que prótese óssea. Quando remove a cabeça juntamente com uma porção do colo do fêmur, tem a certeza de que retirou apenas a região isquêmica. O espaço morto que sobra é preenchido por tecido de granulação depois de 2 meses de pós-operatório, sendo esse tecido quem sustenta essa articulação com total estabilidade. Apenas depois de 2 meses o animal começa a apoiar mais o membro. Incisão sempre dorso-cranial ao trocanter maior, se fizer caudal pode atingir o nervo ciático e causar complicação. Pós-operatório 3-5 dias de analgesia com tramadol e dipirona Podendo fazer anti-inflamatório com AINEs (meloxicam) por 3-5 dias Cobertura antibiótico sistêmica (cefalosporina) devido a infecção de pele contra estafilo e estrépito. Displasia coxo-femoral Doença caracterizada pela alteração no formato da cabeça do fêmur que adquire um formato mais achatado e arrasamento do acetábulo. Acomete somente cães de raças grandes e gigantes, possui caráter congênito- hereditário, bilateral e pode ter graus diferentes. As únicas raças de médio porte que podem também ser acometidas são Shar-pei, Basset Hound e Coker Espeni. NÃO PODE dar diagnostico em animais com meses de idade, porque ainda está ocorrendo formação do osso e dos músculos, tem que esperar próximo a 1 ano de idade. Patogenia Formação irregular do acetábulo e da cabeça do fêmur, então o que deveria ser concavo no acetábulo e convexo na cabeça do fêmur, geneticamente a cabeça do fêmur se forma mais chata e o acetábulo mais raso. Não há alteração na calcificação e nem mineralização, e sim no formato das superfícies articulares. No entanto, essa condição leva a uma estabilidade e deterioração do ligamento redondo. SEMPRE bilateral, podendo ser um mais avançado que o outro, mas sempre nos dois membros. Sinais clínicos Dificuldade de levantar e se sentar devido a dor Andar dos membros pélvicos claudicante, juntamente com o bamboleio (animal rebola porque escapa tanto o fêmur do acetábulo que ele joga colateral para doer menos). Atrofia muscular Existe uma parcela dos animais com displasia que tem o musculo pectíneo (medial da coxa) mais curto que o normal, logo, ele seria o fator de uma evolução mais rápida da displasia. Deve testar o pectíneo através do posicionamento em decúbito lateral e abduz o membro pélvico em 90 graus, se não conseguir é porque esse músculo está tenso. Se ele tiver esse musculo tenso será necessário operar essa musculatura também na hora de resolver a displasia. Diagnóstico É mais tardio (esperar 1 ano de idade) para que se tenha certeza de que as irregularidades sejam de luxação e não de formação da parte óssea, fisiológica. Além disso, as fêmeas não podem estar no cio devido ao afrouxamento da musculatura. Teste de Ortolani Confirma se há displasia através da palpação do trocanter maior ao abduzir o membro, porque quando abduz a cabeça do fêmur entra. Mensuração do ângulo de Norberg É o ângulo que mensura a relação entre o encaixe da cabeça do fêmur em relação a cavidade acetabular. Em animais normais tem que ser maior ou igual 105°, e em animais positivo para displasia é menos que 105°. É medido através da colocação de um ponto no centro de cada cabeça do fêmur, traça uma linha que ligue eles e... Classificação de displasia Grau 1: ângulo de Norberg entre 100° e 105° e discreto achatamento com arrasamento Grau 2: ângulo de Norberg entre 90° e 100° e moderado achatamento com arrasamento Grau 3: ângulo de 70° a 90° com pronunciável de achatamento da cabeça do fêmur e arrasamento do acetábulo. Subluxação. Grau IV: luxação coxofemoral, menor que 70° o ângulo, achatamento e arrasamento Tratamento É uma doença congênito-hereditária então deve retirar o animal da reprodução para que os filhotes não apresentem a mesma condição Mectomia do pectíneo Apenas em animais com tensão do musculo pectíneo, realiza a secção do musculo Denervação da cápsula articular Secciona a inervação para retirar a dor desse paciente que traz o bamboleio. Isto é, toda inervação que vai para o ramo acetabular é seccionada. Não concerta a articulação, mas tira a dor. Acessa sem abrir a capsula articular e desbrida com bisturi, aplica antisséptico revulsivante como iodo.
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