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Clínica Médica- Doença renal cística

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1 Isadora Silva 
Clínica Médica 
Doença renal cística 
Muitas vezes é um achado (presença de cisto 
renal em um ultrassom). 
Presença de cisto em parênquima renal, único 
ou múltiplos, podendo não apresentar sintomas 
(maioria das vezes). 
Cisto: coleção líquida ou semi líquida, envolta 
por uma membrana formando uma bolsa. 
É mais comum em homens em idade >50 anos, 
em pacientes dialíticos. Se houver mais de 4 
cistos vamos pensar em doença renal 
policística autossômica dominante. 
 
TIPOS 
 Cisto Simples: parede regular e fina, 
lisa, borda definida, massa arredondada, 
ausência de septações internas, mas 
pode haver calcificações - (não 
maligniza e não vira câncer, mas pode 
causar sintomas no paciente). Os 
sintomas acontecem a depender do 
tamanho (>10 cm), pela distensão da 
cápsula renal e a dor varia de acordo 
com a localização 
-Dor lombar, dor abdominal, infecção urinária, 
hipertensão arterial (compressão da artéria 
renal- produzindo menos urina). 
 Cisto Complexo: sem borda definida, 
parede espessa, conteúdo heterogêneo, 
presença de septações no interior, 
presença maior de calcificações- podem 
malignizar (virar ou ser CA). 
 
 
DIAGNÓSTICO 
Como já dito, geralmente são achados ao acaso 
e os pacientes são assintomáticos. Se for 
achado por USG (quantidade e presença de 
cistos), vamos pedir outro exame que é padrão 
ouro, que é a TC com contraste (já que vai me 
dar as características do cisto e classifica-lo). É 
pedido com contraste já que os cistos 
complexos absorvem contraste (brilham no 
exame) e os simples não. 
A TC avalia: uni ou bilateral, número de cistos, 
tamanho do cisto, localização, forma, presença 
de calcificações, septações e se ele realça com 
o contraste. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
A classificação mais feita do cisto é a de 
BOSNIAK: não define se é cisto simples ou 
complexo, mas se há risco de malignizar ou 
não: 
 
2 Isadora Silva 
1- Bosniak I: Cisto simples: não vira câncer 
(0% de chance) - contornos regulares, 
parede simples e fina.... 
2- Bosniak II: Cisto simples: apresenta 
uma leve calcificação. Tem também 0% 
de chance de malignizar. 
3- Bosniak IIf: chance de malignização 
(5%). Tem mais calcificações e 
septações finas. 
4- Bosniak III: cistos indeterminados. Tem 
mais calcificações e mais septações 
com as câmaras formadas dentro dos 
cistos, paredes mais grossas. Tem 50% 
de chance de malignizar. 
5- Bosniak IV: neoplasias císticas, é o 
tumor propriamente dito. 
 
 
A classificação Bosniak se faz importante para 
a definição da conduta a ser tomada. 
-Bosniak I e II- vamos fazer acompanhamento 
anual (cisto simples drenamos e cauterizamos) 
-Bosniak IIf e III: biópsia ou cirurgia local 
(encaminhamento ao especialista). 
-Bosniak IV: cirurgia para retirada (nefrectomia 
parcial). 
 
A operação se faz necessário em cistos simples 
quando está sintomático e de tamanho de 5-
10cm. Faz-se necessário também em cistos 
infectados sem resposta a antibióticos e nos 
cistos complexos (Bosniak III e IV). 
 
DOENÇA POLICÍSTICA RENAL AUTOSSÔMICA 
DOMINANTE 
É uma doença hereditária, com formação de 
múltiplos cistos renais uni e bilaterais, podendo 
levar a insuficiência renal. Pode acontecer em 
ambos os sexos em incidência de 1/1000, dos 
30-40 anos. 
Em 1-2% dos pacientes acontece desde a 
infância, sendo que aos 30/40 anos ele tem 
cisto suficiente para apresentar os sintomas. 
É a quarta causa de diálise no Brasil e de 
evolução lenta. 
 
Fisiopatologia: O paciente tem uma alteração 
genética. Ele apresenta uma proteína chamada 
de policistina produzida nas paredes do túbulo 
renal. Ela mantém a osmolaridade do túbulo 
renal (ajudando a segurar a água nos túbulos). 
As células dos túbulos renais do paciente que 
tem essa doença, não conseguem mais produzir 
essa proteína e assim a osmolaridade dos 
 
3 Isadora Silva 
túbulos diminuem e a água passa a sair dos 
túbulos e ir para o terceiro espaço, em locais 
específicos e isso vai formar os cistos. Isso 
acontece em todos os néfrons e por isso a 
formação cística pode acontecer em várias 
partes da estrutura renal. 
Existe uma teoria mais recente que diz que 
além da falta de policistina, algumas células da 
parede renal perdem a capacidade de controlar 
sua mitose, começando a se multiplicar 
descontroladamente e a jogar líquido pra dentro 
da cavidade formada (formando o cisto). 
 
Os cistos nessa caso são cistos simples, mas 
há relatos que já foram encontrados no meio 
alguns cistos complexos e por isso devemos 
investigar mais. Essa questão de formar cistos 
complexos está mais de acordo com a nova 
teoria das mitoses recorrentes (sendo que isso 
pode levar uma célula a se tornar maligna). 
A depender da quantidade de cisto a pessoa 
passa a perder sua função renal. 
 
Essa doença pode causar tanto problemas 
renais, quanto extrarrenais: 
1- Cistos hepáticos 
2- Cistos pancreáticos 
3- Divertículos em cólon 
4- Aneurismas (coronária e SNC). 
 
As manifestações clínicas podem ser: 
 Inicialmente assintomática 
 Dor lombar e/ou abdominal: por 
distensão do rim 
 Oligúria 
 Hematúria micro ou macroscópica 
 Proteinúria 
 ITU de repetição 
 Cálculos renais 
 Insuficiência renal 
 Hipertensão renal 
 Sintomas extrarrenais: cefaleia, dor em 
hipocôndrio direito e esquerdo 
(divertículos) com irradiação 
contralateral. 
 
O Diagnóstico é clínico e através de exames de 
imagem. Vamos perguntar sobre a presença de 
história familiar + sinais e sintomas renais e 
extrarrenais. 
Em casos onde o paciente não sabe confirmar a 
presença de história familiar, vamos avaliar os 
exames de imagem (UGR, Tomo) e se tiver 10 
cistos ou mais e sintomas renais e extrarrenais 
podemos firmar o diagnóstico também. 
Em casos em que o paciente tem história 
familiar e alterações de imagem vamos 
observar a idade para confirmar a quantidade 
de cistos que pode ser indicativo da doença: 
 
 
O Tratamento vai ser feito de acordo com o 
comprometimento do rim. 
1- Analgesia 
2- Controle da pressão: IECA ou BRA 
 
4 Isadora Silva 
3- Antibióticos se infecção cística (se não 
houver resposta temos que internar o 
paciente para tratá-lo). 
4- Cirurgia (nefrectomia): cisto grande, ITU 
recorrente, HA refratária, suspeita de 
malignidade. 
 
Vamos encaminhar ao urologista somente se 
cisto sintomático e complexo. E ao nefrologista 
se houver suspeita de doença policística renal.

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