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DESCRIÇÕES FACIOLÓGICAS DA FORMAÇÃO ALTER DO CHÃO NA MARGEM DIREITA DO RIO TAPAJÓS, SANTARÉM-PA Eduardo Francisco da Silva1, Fábio Góis da Mota1, Arthur Iven Tavares Fonseca1, Fábio Ferreira Dourado1, Anderson Conceição Mendes1 1Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA efrancisco_geo@hotmail.com; f.motastm@gmail.com; arthur_iven@hotmail.com; fabioo.f.dourado@gmail.com; anderson.mendes@ufopa.edu.br INTRODUÇÃO A Formação Alter do Chão nos últimos anos vem sendo foco de vários trabalhos, principalmente abordando aspectos faciológicos e petrográficos (Nogueira et al. 1999; Mendes et al. 2012; 2013). Essa formação é constituída principalmente, por arenitos bem estruturados, além de conglomerados e pelitos (Cunha et al. 1994). Nas proximidades da Vila de Alter do Chão, na margem direita do rio Tapajós, porção central da bacia do Amazonas, ocorre excelentes exposições da Formação Alter do Chão (Fig.1). Esses depósitos foram objetivo desse estudo para descrição e correlação das fácies nas proximidades da Vila de Alter do Chão. Figura 1- Mapa de localização e acesso à área de estudo ao longo da margem direita do rio Tapajós próximo à vila de Alter do Chão. MÉTODOS Para estudo das fácies da Formação Alter do Chão foi utilizado o reconhecimento de geometria, textura e estruturas sedimentares de acordo com Walker (1992; 2006). Esse estudo foi pautado na elaboração de doze seções colunares (perfis) em sete afloramentos. RESULTADOS E DISCUSSÕES Com base em texturas e estruturas sedimentares foram reconhecidas seis litofácies, organizadas em ciclos de granodecrescência ascendente, representados por conglomerados, arenitos e pelitos (Fig. 2; Tab. 1). Tabela 1: Sumário das fácies sedimentares identificadas para a área de estudo com a interpretação dos processos deposicionais. Litofácies Descrição Processos deposicionais Cm Conglomerado maciço. Depósitos de lag At Arenito fino a grosso, seleção pobre a moderada com estratificação cruzada tabular. Migração de barra de crista reta por fluxo unidirecional em regime de fluxo inferior Aa Arenito fino a grosso, seleção pobre a moderada e estratificação cruzada acanalada. Migração de barra de crista sinuosa por fluxo unidirecional regime de fluxo inferior App Arenito com estratificação plano-paralela. Migração de barra de crista reta por fluxo unidirecional em regime de fluxo superior. AFb Arenito fino, maciço com fratura e/ou bioturbado. Rápida deposição e/ou obliteração da estrutura por bioturbações. Processos secundários geraram fraturas. Pm Pelito maciço Rápida acumulação em áreas de grande suprimento de argila e/ou alteração por processos pedogenéticos. Figura 2- Perfis colunares representativos da Formação Alter do Chão, margem direita do rio Tapajós, próximos à vila de Alter do Chão. Para localização dos perfis vide fig. 1. Os conglomerados são formados por clastos subangulosos-subarredondados e pobremente selecionados de argilito além de fragmentos de granitos e gnaisses. É suportado por matriz argilosa caulínica à areno-quartzosa, de granulometria média a grossa e mal selecionada (Fig. 3A). A forma maciça das camadas e a má seleção dos clastos sugerem uma sedimentação relativamente rápida com fluxo de alta energia comum em canais fluviais com alta velocidade nas partes internas do canal sob a forma de lag (Allen, 1970; Miall, 1992; Collinson, 1996). Os arenitos com estratificação cruzada acanalada possuem grãos subangulosos a subarredondados, médios a grossos, moderados a pobremente selecionados associados provavelmente com frentes de barras arenosas (Fig. 3B). Arenito com estratificação cruzada tabular (Fig. 3C) são finos a grossos, mal selecionados e apresentam segregação de seixos de quartzo nos foresets (Fig. 3D). Essa fácies está associada à migração de barras arenosas com cristas retas (Collinson, 1996; Miall, 1996) com sets em pequena escala, sendo considerados produtos de migração de dunas 2-D com cristas retas (Ashley, 1990), possivelmente, associado com barras fluviais (Collinson, 1996). Arenitos com fraturado e/ou bioturbados são finos, bem selecionados e com icnofósseis de Planolites e fraturas pós deposicional (Fig. 3E). Arenitos com estratificação plano-paralela ocorrem associados ao topo das camadas com estratificação tabular. Essa fácies provavelmente, regista picos de maior velocidade de transporte e deposição dos sedimentos. A facies de pelito maciço é comum em todas as seções estudadas (Fig. 3F). Apresentam várias colorações e ocorrem intercalados com arenitos maciços e com estratificação cruzada acanalada. A fácies Pm representa deposição a partir de suspensão em planícies inundadas onde os sedimentos finos recobrem os demais depósitos. Finas camadas de arenitos são comumente associadas com esses pelitos. Figura 3. Litofacies da Formação Alter do Chão reconhecidas na margem direita do rio Tapajós. A) Conglomerado maciço com matrix arenosa; B) Arenito médio com estratificação cruzada acanalada; C) Arenito fino-médio com estratificação cruzada tabular; D) Segregação de quartzo nos foresets da estratificação tabular; E) arenito fino com fratura (seta branca) e bioturbação de Planolites (setas vermelhas); F) Pelito maciço de coloração branco-amarelada. CONCLUSÃO A Formação Alter do Chão, próximo à vila de Alter do Chão é caracterizada por arenitos, pelitos e conglomerados. Seis litofácies foram identificadas e são associadas a um sistema fluvial organizados em ciclos de granodecrescentes ascendentes. REFERÊNCIAS Allen, J.R.L. 1970. Studies in fluviatile sedimentation: a comparison of fining upwards cyclothems, with particular reference to coarse member composition and interpretation. Jour. Sed. Petrol. 40: 298–323. Ashley, G.M. 1990. Classification of large-scale sub-aqueous bedforms: a newlook at an old problem. Jour. Sed. Petrol. 60: 160–172. Collinson, J.D. 1996. Alluvial Sediments, In: Reading, H.G. (Ed.) Sedimentary Environments and Facies, 3rd ed. Blackwell Publishing, Oxford, p.: 37–82. Cunha, F.M.B.; Gonzaga, F.G.; Coutinho, L.F.C. Feijó, F.J. 1994. Bacia do Amazonas. Bol. Geoc. Petrob., 8: 47-55. Mendes, A.C; Santos Júnior, A.E.A.; Nogueira, A.C.R. 2013. Petrografia de arenitos e minerais pesados da Formação Alter do Chão, bacia do Amazonas. In: 13º Simpósio de Geologia da Amazônia, 2013, Belém. Anais do 13º Simpósio de Geologia da Amazônia. Mendes, A.C; Truckenbrodt, W. Nogueira, A.C.R. 2012. Análise faciológica da Formação Alter do Chão (Cretáceo, Bacia do Amazonas), próximo à cidade de Óbidos, Pará, Brasil. Revista Brasileira de Geociências, v. 42, p. 39-57. Miall, A.D. 1992. Alluvial deposits In: R.G. Walker &, N. P. James (eds). Fácies models: response to sea level change. Geological Association of Canada. First edition. P.: 119-142. Miall, A.D. 1996. The Geology of Fluvial Deposits: Sedimentary Facies, Basin Analysis, and Petroleum Geology. Springer-Verlag, New York. 582p. Nogueira A.C.R., Vieira L.C., Suguio, K. 1999. Paleossolos da Formação Alter do Chão, Cretáceo-Terciário da Bacia do Amazonas, regiões de Presidente Figueiredo e Manaus. In: V Simpósio sobre o Cretáceo do Brasil, Rio Claro. Boletim de resumos expandidos. Rio Claro: UNESP, v. 1. p. 261-266. Walker, R.G. 1992. Facies, facies models and modern stratigraphic concepts. In: R.G. Walker & N.P. James (eds.) Facies Models – Response to sea Level Change. Ontario, Geological Association of Canadá. p.:1-14. Walker, R.G. 2006. Facies models revisited. In: H.W. Posamentier &, R.G. Walker (eds.) Facies models revisited. Tulsa, Oklahoma, U.S.A, Society for Sedimentary Geology. SEPM Special Publication 84: 1-17 http://lattes.cnpq.br/5463384509941553 http://lattes.cnpq.br/8867836268820998