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CURSO INTENSIVO PARA RESIDÊNCIAS N U T R I ÇÃO CICLOS DA VIDA PROFESSORAS ORGANIZADORA Ana Paula Azevêdo Macêdo Naruna Pereira Rocha Gabriela Perez Nutricionista formada pela Universidade Federal da Bahia (2017). Pós-graduada em Fitoterapia pela Faculdade Alfredo Nasser (2019). Mestranda em Ciências de Alimen- tos pela Universidade Federal da Bahia. Docente e preceptora de estágios em cur- sos técnicos em nutrição. Atuação nas áre- as de nutrição clínica, fitoterapia, nutrição esportiva e bioquímica. Nutricionista pela Universidade Federal do Maranhão (2012). Doutora e Mestre em Ciência da Nutrição pela Universidade Fe- deral de Viçosa (2018). Residência em Nu- trição Clínica pelo Programa de Residência Multiprofissional do Hospital Regional da Asa Norte HRAN (2014). Membro do Grupo de estudo Pesquisa de Avaliação da Saúde do Escolar (PASE-Brasil) da Universidade Federal de Viçosa. Professora nos cursos de nutrição e gastronomia do Centro Universi- tário de Minas (UNIFAMINAS) e consultora em análise estatística para cursos da área de saúde. Atuação nas áreas de materno-in- fantil, nutrição clínica, higiene e microbiolo- gia dos alimentos e bioestatística. Supervisora dos cursos preparatórios de Nutrição da Sanar. Nutricionista graduada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre e Doutora em Alimentos, Nutrição e Saúde pela UFBA com período sanduíche na University of Nottingham, Inglaterra. Es- pecialista em Nutrição Clínica e Nutrição e Saúde Pública. Pesquisadora nos Grupos de Nutrição, Sistema Nervoso e Imunológico; Bases Experimentais e Clínicas da Nutri- ção na UFBA. Possui experiência atuando como Servidora Pública, Nutricionista Clí- nica, Nutricionista de home care e docência para cursos de graduação e pós graduação na área da Nutrição Clínica. Mentora, auto- ra e professora de diversas disciplinas para Concursos e Residências em Nutrição. 2020 © Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora. Intensivo para residências em nutrição: Ciclos da Vida Karen Nina Nolasco Fabrício Sawczen Fabrício Sawczen Microart Design Editorial Caio Vinicius Menezes Nunes Paulo Costa Lima Sandra de Quadros Uzêda Silvio José Albergaria da Silva Título | Editor | Projeto gráfico e diagramação| Capa | Revisor Ortográfico | Conselho Editorial | Editora Sanar S.A R. Alceu Amoroso Lima, 172 - Salvador Office & Pool, 3ro Andar - Caminho das Árvores CEP 41820-770, Salvador - BA Tel.: 0800 337 6262 atendimento@sanar.com www.sanarsaude.com Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP) Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846 M141iv Macêdo, Ana Paula Azevêdo. Intensivo para residências em Nutrição: Ciclos da Vida / Ana Paula Azevêdo Macêdo. - 1. ed. - Salvador, BA : Editora Sanar, 2020. 125 p.; il.. E-Book: PDF. Inclui bibliografia. ISBN 978-65-86246-82-7 1. Alimentos. 2. Ciclos da Vida. 3. Nutrição. 4. Residências. I. Título. II. Assunto. III. Macêdo, Ana Paula Azevêdo. CDD 613 CDU 612.3 ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO 1. Nutrição. 2. Nutrição. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA MACÊDO, Ana Paula Azevêdo. Intensivo para residências em Nutrição: Ciclos da Vida. 1. ed. Salvador, BA: Editora Sanar, 2020. EBook (PDF). ISBN 978-65-86246-82-7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Principais causas de inapetência na infância Figura 2 - Neofobia e o comportamento de seletividade alimentar (picky/fussy eating) Figura 3 - Principais características apresentadas no período pré-escolar e escolar Figura 4 - Principais hormônios envolvidos no processo de crescimento e matura- ção sexual Figura 5 - Ciclo menstrual Figura 6 - Sinais e sintomas da Síndrome Pré-menstrual Figura 7 - Principais sinais e sintomas do climatério Figura 8 - Principais sinais e sintomas da andropausa Figura 9 - Tipos de padrão alimentar Figura 10 - Diferença entre as fibras solúveis e insolúveis Figura 11 - Absorção do ferro heme e ferro não heme Figura 12 - Pirâmide Alimentar para população brasileira Figura 13 - Causas do aumento do tecido adiposo em idosos Figura 14 - Processo da sarcopenia LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Cálculo do gasto energético basal para crianças Quadro 2 - Necessidade energética estimada para crianças até 8 anos de idade Quadro 3 - Necessidade energética estimada para crianças de 9 anos de idade Quadro 4 - Intervalo de distribuição aceitável dos macronutrientes Quadro 5 - Recomendações de proteína na infância Quadro 6 - Distribuição dos lipídios a partir dos dois anos de idade Quadro 7 - Principais fontes alimentares de vitaminas e minerais Quadro 8 - Valores de ingestão dietética de referência para crianças Quadro 9 - Recomendação diária do consumo de fibra na infância Quadro 10 - Pirâmide alimentar do pré-escolar Quadro 11 - Pirâmide alimentar do escolar Quadro 12 - Esquema para administração de vitamina A em crianças Quadro 13 - Características do adolescente de acordo com o sexo e o estágio de maturação sexual de Tanner Quadro 14 - Cálculo do requerimento energético estimado para adolescentes Quadro 15 - Intervalo de distribuição aceitável dos macronutrientes para adolescentes Quadro 16 - Recomendação diária do consumo de fibra na adolescência Quadro 17 - Valores recomendados de proteína para adolescentes (RDA) Quadro 18 - Ingestão dietética recomendada (RDA) de ácidos graxos n-6 e n-3 para adolescentes Quadro 19 - Valores de ingestão dietética de referência para adolescentes Quadro 20 - Equações para cálculo do gasto energético total para o sexo feminino Quadro 21 - Coeficiente de atividade física Quadro 22 - Coeficiente de atividade física Quadro 23 - Equações para cálculo do gasto energético total para o sexo masculino Quadro 24 - Coeficiente de atividade física Quadro 25 - Coeficiente de atividade física Quadro 26 - Recomendações de carboidrato para adultos Quadro 27 - Recomendações de proteína para adultos Quadro 28 - Recomendações de lipídios para adultos Quadro 29 - Distribuição de lipídios para adultos Quadro 30 - Recomendações de fibras para adultos Quadro 31 - Recomendações de fibras para adultos Quadro 32 - Ingestão diária recomendada dos minerais para adultos Quadro 33 - Ingestão diária recomendada de vitaminas para adultos Quadro 34 - Equações para cálculo do gasto energético total para idoso Quadro 35 - Coeficiente de Atividade Física Quadro 36 - Coeficiente de Atividade Física Quadro 37 - Recomendações de carboidratos para idosos Quadro 38 - Recomendações de proteínas para idosos Quadro 39 - Recomendações de lipídios para idosos Quadro 40 - Distribuição de lipídios para idosos Quadro 41 - Ingestão diária recomendada de minerais para idosos Quadro 42 - Ingestão diária recomendada de vitaminas para idosos Quadro 43 - Recomendação de fibras para idosos Quadro 44 - Ingestão diária recomendada de fibras para idosos, de acordo com o IOM Quadro 45 - Recomendação de ingestão hídrica para idosos Quadro 46 - Características gerais nas fases do ciclo da vida Quadro 47 - Recomendações dos macronutrientes distribuídas entre os ciclos da vida SUMÁRIO Apresentação .................................................................................... 7 Ciclos da vida ................................................................................... 8 1. Criança ............................................................................................ 8 2. Adolescência ................................................................................. 41 3. Adulto ............................................................................................65 4. Idoso .............................................................................................. 95 Gabarito ............................................................................................. 120 Referências ....................................................................................... 121 Olá futuro (a) residente! Seja bem-vindo(a) ao módulo de Nutrição nos Ciclos da Vida! Este módulo tem por objetivo facilitar os seus estudos e ampliar os seus conhecimentos. O enfoque desta disciplina será nas alterações fisioló- gicas específicas de cada fase da vida e suas necessidades nutricionais baseadas em referências atuais. O material didático está dividido conforme os ciclos da vida: criança, ado- lescente, adulto e idoso. Cada tópico é desenvolvido com uma linguagem simples e objetiva visando otimizar os seus estudos. Serão indicados materiais complementares a ser consultados para aprofundar o conhe- cimento. Além disso, ao final de cada tópico, você encontrará questões selecionadas de Concursos e Residências para Nutrição. Vale ressaltar que, para melhor aprendizagem dos conteúdos, é impor- tante associar com os assuntos das demais disciplinas, como Avaliação Nutricional, Materno-Infantil e outras. Bons estudos! APRESENTAÇÃO Clique no ícone para assistir a apresentação gravada. http://sanar.link/Z6VSS 8Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida CICLOS DA VIDA A parte da nutrição que compreende os ciclos da vida envolve o conheci- mento das principais alterações fisiológicas e das necessidades e reco- mendações nutricionais durante o desenvolvimento humano. Identificar as diferenças e as principais características que ocorrem durante a infân- cia, adolescência, a fase adulta e no envelhecimento são importantes e o auxiliarão na compreensão de cada fase de desenvolvimento. Iremos abordar no desenvolver deste material e das aulas como esses conceitos podem ser cobrados na sua prova de residência ou do concurso. 1. CRIANÇA A infância pode ser divida em três fases, a primeira infância que vai até os 2 anos de idade, a fase pré-escolar, que vai dos 2 aos 6 anos, e a fase es- colar, que compreende dos 7 aos 9 anos de idade. É muito comum a abor- dagem das recomendações e das necessidades das crianças divididas nessas três fases. Neste material, serão abordadas as fases pré-escolar e escolar. A primeira infância será abordada na apostila de Nutrição Ma- terno Infantil. Para melhor entendimento do conteúdo, vamos iniciar pelas alterações fisiológicas que marcam essas fases de vida. 9Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida 1.1 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS O crescimento infantil não se restringe ao aumento de peso e altura, mas é caracterizado por um processo contínuo que envolve hiperplasia e hi- pertrofia das células, sendo influenciado por fatores genéticos, ambien- tais e nutricionais. Até os dois anos de vida, o crescimento é influenciado pelas condições de nascimento e nutricionais, quando, a partir de então, os fatores genéticos passam a ter impactos no crescimento da criança. Mas, o que diferencia o pré-escolar do escolar? Vamos entender melhor agora. PRÉ-ESCOLAR Compreende dos 2 aos 6 anos de idade, caracteriza-se por uma diminui- ção da velocidade de crescimento quando comparada aos 2 anos iniciais de vida. A velocidade de crescimento estatural e o ganho de peso são me- nores do que nos dois primeiros anos de vida (cerca de 2 a 3 Kg/ano e 5 a 7 cm/ano), portanto com decréscimo das necessidades nutricionais. Essa desaceleração de crescimento pode acarretar em diminuição do apetite e da ingestão alimentar. Apesar de ser uma alteração fisiológica, o crescimento deve ser constantemente monitorado. Nesse período, a atenção das crianças é desviada para outras atividades como andar, observar o ambiente e mexer em objetos. Esse comportamento deixa a alimentação em segundo plano, podendo interferir no estabelecimento de uma alimentação adequada e balanceada para o crescimento e desenvolvi- mento adequado. Hiperplasia: Aumento do número das células. Hipertrofia: Aumento do tamanho das células. 10Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Vale lembrar que o sistema metabólico e digestivo apresentam funções comparáveis ao indivíduo adulto, no entanto, o volume gástrico ainda é pequeno (200 a 300 ml) e a criança apresenta apetite inconstante como resultado de particularidades próprias da faixa etária. A criança já apresenta maturação óssea, maior capacidade dos sistemas respiratório e circulatório, habilidade motora que auxilia no uso de talhe- res, aumento da resistência física e da maturação do sistema imunológico. Nessa fase os hábitos alimentares estão se estabelecendo e o vínculo fa- miliar, escolar e ambiental exercem bastante influência. É comum a imita- ção na seleção dos alimentos decorrente da observação dos familiares e de crianças próximas. Nesse quesito, os pais exercem forte influência nas preferências alimentares das crianças. O apetite é bastante alternado, sendo comum momentos de inapetência que algumas vezes são para chamar a atenção da família, predileção por determinados alimentos, além da dificuldade para experimentar novos alimentos. As principais causas da inapetência no pré-escolar podem ser observadas no esquema a seguir. Figura 1 - Principais causas de inapetência na infância Horários rígidos de alimentação. Maior interesse da criança pelo ambiente. Ansiedade dos pais quanto a maiores expectativas da quantidade que a criança pode consumir. Utilização de recursos inadequados para distrair a criança como brincadeiras, uso de televisão, celular, tablet. Substituição de alimentos sólidos por outros de mais fácil consumo (iogurtes, mingau, bebidas adocicadas). IN AP ET ÊN CI A Fonte: Autoria Própria, 2020. 11Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Na alimentação do pré-escolar dois traços de personalidade são conheci- dos por dificultarem a adesão de uma dieta saudável e variada: neofobia e o comportamento de seletividade alimentar (picky/fussy eating). Figura 2 - Neofobia e o comportamento de seletividade alimentar (picky/fussy eating) Neofobia: caracterizada pela dificuldade em aceitar alimentos novos ou des- conhecidos e que não façam parte de suas preferências alimentares. Seletividade Alimentar (Picky/ fussy eating): comportamento caracterís- tico de crianças que apresentam dieta com variedade muito restrita e com rejeição frequente de alimentos. A criança geralmente tem baixo consumo de vitamina E e C, folato e fibras devido a baixa ingestão de vegetais. Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2018. A introdução de novos alimentos pode vir associada a recusas alimenta- res, geralmente, para que esse comportamento se modifique é necessá- rio que a criança prove o novo alimento, em torno de 8 a 10 vezes, mesmo que seja em quantidade mínima. É importante o conhecimento desses aspectos no pré-escolar para o estabelecimento de limites e horários para a alimentação. O planejamento alimentar deve contemplar as refeições principais (café da manhã, almo- ço e jantar) com horários preestabelecidos, além dos lanches intermediá- rios (lanche da manhã e lanche da tarde), deixando tempo suficiente entre as refeições para a criança sentir fome. O intervalo entre uma refeição e outra deve ser em média de 2 a 3 horas. Agora que entendemos as alterações fisiológicas do pré-escolar, vamos relembrar a fase escolar. 12Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida FASE ESCOLAR O escolar compreende a criança dos 7 aos 9 anos de idade. É caracteriza- da por uma fase de transição entre a infância e a adolescência. A crian- ça apresenta maior socialização e independência, o que promove melhor aceitação de preparações alimentares diferentes e mais elaboradas. O ritmo de crescimento é menos acentuado em relação ao pré-escolar, que se acentua próximo ao estirão pubertário,período em que as deman- das nutricionais aumentam. O ganho de peso é proporcionalmente maior que o crescimento estatural. As crianças se tornam mais fortes, mais rá- pidas e bem mais coordenadas. O trato gastrointestinal está mais desen- volvido e é comparável ao do adulto. A fase é marcada por mais independência, intensa atividade física e men- tal, além da reafirmação dos hábitos alimentares já adquiridos. A inape- tência que é comum no pré-escolar é substituída por um apetite aumen- tado. Há a necessidade de um aporte nutricional maior, sendo suficiente para prover as necessidades metabólicas diárias e permitir o crescimento ade- quado. Dependendo do padrão dietético e da atividade física, as crianças, nessa fase, podem aumentar o percentual de gordura corporal e, conse- quentemente, o risco para o desenvolvimento de obesidade e outras do- enças crônicas. 13Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Figura 3 - Principais características apresentadas no período pré-escolar e escolar Pré-escolar Escolar Redução do crescimento quando comparada a fase da primeira infância. Crescimento acelerado próximo ao estirão pubertário. Atenção desviada para o ambiente externo. Maior independência e aceitação dos alimen-tos. Tende a imitar as pessoas mais próximas. Aumento do apetite. Apetite e ingestão alimentar irregulares. Estabelecimento de novos hábitos e reafirma-ção dos já adquiridos. Fonte: Autoria Própria, 2020. 1.2 NECESSIDADES NUTRICIONAIS São definidas como a menor quantidade de determinado nutriente sufi- ciente para promover a saúde e prevenir carências nutricionais. A necessidade de nutrientes e de energia depende da fase de crescimen- to da criança não só para manter as funções e as atividades do organis- mo, mas também para promover o crescimento adequado. As recomendações adotadas nos ciclos da vida são conhecidas como ingestões dietéticas de referência (DRI – do inglês dietary reference intakes) que tiveram como base estudos realizados com a população americana e canadense. As recomendações nutricionais são expressas por meio de definições co- nhecidas como: • Necessidade média estimada (EAR – do inglês estimated average requirement); 14Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida • Ingestão dietética recomendada (RDA – do inglês recommended dietary allowance); • Ingestão adequada (AI – do inglês adequate intake); • Limite de ingestão máxima recomendada (UL – do inglês tolerable upper intake level); • Necessidade energética estimada (EER – do inglês estimated energy requirement); • Faixa de distribuição aceitável de macronutrientes (AMDR – do inglês acceptable macronutrient distribution range). Necessidades Energéticas Para cada fase da infância, as necessidades energéticas podem ser esti- madas por diferentes fórmulas, variando com base na idade, no sexo e no tipo de atividade física. O Gasto Energético Basal pode ser estimado pelas fórmulas da Organi- zação Mundial da Saúde (OMS, 1985) ou pela fórmula de Schofield (1985) como demonstrado no Quadro a seguir. Quadro 1 - Cálculo do gasto energético basal para crianças CÁLCULO DO GASTO ENERGÉTICO BASAL PARA MENINOS E MENINAS Referência Sexo Idade Equação para o GEB OMS (1985) Masculino 0 a 3 anos 3 a 10 anos *60,9 (P) – 54 *22,7 (P) + 495 Feminino 0 a 3 anos 3 a 10 anos *61 (P) – 51 *22,5 (P) + 499 Schofield (1985) Masculino < 3 anos 3 a 10 anos *0,167 (P) + 15,17 (E) – 617,6 *19,59 (P) + 1,303 (E) + 414,9 Feminino < 3 anos 3 a 10 anos *16,252 (P) + 10,232 (E) – 413,5 * 16,969 (P) + 1, 618 (E) + 371,2 Fonte: OMS, 1985; SCHOFIELD, 1985. 15Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida A ingestão dietética de referência (DRI) estimou fórmulas para mensurar a Necessidade Energética Estimada (EER) em crianças baseadas em es- tudos utilizando água duplamente marcada. A EER pode ser definida como o consumo de energia estimado para man- ter o balanço energético de um indivíduo saudável de determinada idade, sexo, peso, estatura e nível de atividade física. As fórmulas levam em consideração o Gasto Energético Total com o acréscimo da deposição energética necessária para o crescimento nessa faixa etária (IOM, 2005). Quadro 2 - Necessidade energética estimada para crianças até 8 anos de idade NECESSIDADE ENERGÉTICA ESTIMADA PARA CRIANÇAS ATÉ 2 ANOS 13 a 36 meses EER = (89 x peso da criança [kg] – 100) + 20 (kcal de deposição energética) NECESSIDADE ENERGÉTICA ESTIMADA PARA CRIANÇAS DE 3 A 8 ANOS EER = Gasto Energético Total (GET) + Deposição energética Meninos: EER = 88,5 – (61,9 x idade [anos]) + AF x (26,7 x peso [kg]) + 903 x altura [m] + 20 (kcal de deposição energética) • AF = 1 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,0 e < 1,4 (sedentário) • AF = 1,13 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,4 e < 1,6 (pouco ativo) • AF = 1,26 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,6 e < 1,9 (ativo) • AF = 1,42 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,9 e < 2,5 (muito ativo) *NAF = nível de atividade física Meninas: EER = 135,3 – (30,8 x idade [anos]) + AF x (10 x peso [kg]) + 934 x altura [m] + 20 (kcal de deposição energética) • AF = 1 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,0 e < 1,4 (sedentária) • AF = 1,16 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,4 e < 1,6 (pouco ativa) • AF = 1,31 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,6 e < 1,9 (ativa) • AF = 1,56 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,9 e < 2,5 (muito ativa) ATENÇÃO: 3 aos 8 anos = o acréscimo para a deposição energética é de 20 kcal independente do sexo. Fonte: Adaptado de IOM, 2005. 16Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Quadro 3 - Necessidade energética estimada para crianças de 9 anos de idade NECESSIDADE ENERGÉTICA ESTIMADA PARA CRIANÇAS DE 9 ANOS EER = Gasto Energético Total (GET) + Deposição energética Meninos: EER = 88,5 – (61,9 x idade [anos]) + AF x (26,7 x peso [kg]) + 903 x altura [m] + 25 (kcal de deposição energética) • AF = 1 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,0 e < 1,4 (sedentário) • AF = 1,13 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,4 e < 1,6 (pouco ativo) • AF = 1,26 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,6 e < 1,9 (ativo) • AF = 1,42 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,9 e < 2,5 (muito ativo) *NAF = nível de atividade física Meninas: EER = 135,3 – (30,8 x idade [anos]) + AF x (10 x peso [kg]) + 934 x altura [m] + 25 (kcal de deposição energética) • AF = 1 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,0 e < 1,4 (sedentária) • AF = 1,16 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,4 e < 1,6 (pouco ativa) • AF = 1,31 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,6 e < 1,9 (ativa) • AF = 1,56 se o NAF for estimado como sendo ≥ 1,9 e < 2,5 (muito ativa) ATENÇÃO A partir dos 9 anos = o acréscimo para a deposição energética é de 25 kcal independente do sexo. Não existe EER para crianças com excesso de peso (IMC/ idade > percentil 85). Entretanto é possível utilizar o GET como equivalente do EER em casos de manutenção do peso, sem o acréscimo energético para o crescimento, partindo-se do pressuposto que ocorram cresci- mento linear e aumento da massa magra em uma taxa normal. Fonte: Adaptado de IOM, 2005. Lembre-se, a energia despendida com o crescimento corresponde de 1 a 2% do gasto energético total diário durante a infância, sendo maior durante o estirão da adolescência. 17Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Recomendações de Macronutrientes As fontes de energia devem estar equilibradas entre carboidratos, lipí- dios e proteínas. Inadequações do consumo dos macronutrientes podem comprometer o estado nutricional e levar ao desenvolvimento de carên- cias ou excessos nutricionais. Para os macronutrientes foi estimado o Intervalo de Distribuição Acei- tável dos Macronutrientes (AMDR) para crianças de 1 a 3 anos e de 4 a 18 anos (IOM, 2002; IOM, 2005). Quadro 4 - Intervalo de distribuição aceitável dos macronutrientes Nutrientes Idade 1 a 3 anos 4 a 18 anos Carboidratos 45% a 65% 45% a 65%Proteínas 5% a 20% 10% a 30% Lipídios 30% a 40% 25% a 35% Fonte: Adaptado de IOM, 2002 e 2005. O consumo abaixo ou acima das faixas sugeridas levam ao risco potencial de desenvolvimento de doenças crônicas ou de aporte insuficiente de ou- tros nutrientes. Vamos relembrar algumas das principais informações dos macronutrien- tes de forma separada. • Carboidratos São a principal fonte de energia do organismo, contribuindo com 4 kcal por grama e devem corresponder a 45 a 65% do valor energético total (VET). São responsáveis pela integridade funcional do tecido nervoso em situações normais. 18Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida São parte importante da dieta, principalmente se consumidos em sua for- ma integral, rica em fibras. O consumo adequado assegura o crescimento e poupa as proteínas de serem utilizadas para fornecer energia. Os pais devem observar o consumo de no máximo 25 gramas por dia de açúcar nessa fase da vida (AAP, 2016). É bom lembrar que a RDA para carboidratos é de 130g/ dia para crianças a partir de um ano de idade com base na quantidade média de glicose utilizada pelo cérebro. • Proteínas O consumo adequado de proteína auxilia na formação e na reparação de tecidos, além de contribuir com 4 kcal por grama. Nas crianças, o requeri- mento de proteína/kg de peso são maiores do que no adulto, necessitan- do também de maior proporção de aminoácidos essenciais. Para se garantir a quantidade necessária de aminoácidos essenciais, a proporção de proteína de alto valor biológico deve ser de dois terços (⅔) do total recomendado. Como existem diferentes referências de recomendação de proteína na infância é importante atentar-se para os valores totais e por kg de peso ao dia. Quadro 5 - Recomendações de proteína na infância RECOMENDAÇÃO PARA INGESTÃO DE PROTEÍNA EM CRIANÇAS IDADE RDA (FAO, 1985) RDA (IOM, 2005) 1 a 3 anos 1,05 g/kg/dia 13 g/dia 4 a 8 anos 0,95 g/kg/dia 19 g/dia 9 a 13 anos 0,95 g/kg/dia 34 g/dia Fonte: FAO, 1985; IOM, 2005. 19Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida As crianças com maior probabilidade de risco de ingestão proteica inade- quada são aquelas com dietas vegetarianas estritas, com múltiplas aler- gias alimentares, com problemas comportamentais ou que tenham aces- so limitado aos alimentos. • Lipídios Os lipídios são fonte energética de alto valor calórico, contribuindo com 9 kcal por grama. A ingestão é essencial para a estrutura corporal, digestão, absorção e transporte de vitaminas lipossolúveis e de fitoquímicos. A ingestão deve seguir o percentual adequado para cada faixa etária (AMDR), visto que, os lipídios apresentam grande valor metabólico, em virtude da fonte de ácidos graxos essenciais (AGE). O requerimento de AGE deve ser de 4 a 5% do total de calorias, com limite máximo de 12% e proporção ideal de ômega 6 (0,5 a 0,7 g/kg/dia) e ômega 3 (0,07 a 0,15 g/kg/dia) de 5:1 a 10:1. A carência de AGE na alimentação dos mamíferos (especialmente do ho- mem) conduz a alterações no crescimento, na pele, imunológicas, neuro- lógicas, e sérios transtornos comportamentais. A distribuição dos lipídios em crianças acima dos dois anos deve respei- tar os valores estabelecidos no Quadro a seguir. Ácidos graxos (AG): um ácido graxo consiste em uma série de átomos de carbono, unidos uns aos outros por ligações simples (saturado) ou duplas (insaturado), com um grupo carboxil e uma cauda hidrocarbonada chamada de grupo metil. Ácidos graxos essenciais (AGE): são ácidos graxos que devem ser obtidos obrigatoriamente da dieta, pois nosso organismo não consegue sintetizar. São exemplos de AGE o ácido linoleico (n-6) e o ácido linolênico (n-3). 20Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Quadro 6 - Distribuição dos lipídios a partir dos dois anos de idade Gordura Distribuição Gordura Trans ≤ 1% Gordura Saturada ≤ 10% Poli-insaturada 5 a 15% PUFA ômega 6 (n-6) 4 a 13% PUFA ômega 3 (n-3) 1 a 2% Monoinsaturado Sem restrição no limite máximo do VET. Colesterol < 300 mg/dia Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2012. Não existem valores definidos de AI, RDA e UL para o consumo de lipídios totais, visto que não há dados suficientes para determinar um nível de ingestão com risco de inadequação ou para prevenção de doenças crônicas. ACERTE O ALVO! Para complementar seus estudos, não esqueça de aces- sar o material extra: Manual de Alimentação da Infância à Adolescência do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (2018), clicando aqui. https://s3.sanar.online/images/d/manual-de-alimentacao---orientacoes-para-alimentacao-do-lactente-ao-adolescente.pdf 21Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida RECOMENDAÇÕES DE MICRONUTRIENTES Os micronutrientes são essenciais para a promoção do crescimento, ma- turação sexual, desenvolvimento neuromotor e para o funcionamento adequado do sistema imunológico. São classificados como nutrientes essenciais orgânicos (vitaminas hi- drossolúveis e lipossolúveis) e inorgânicos (oligoelementos), por serem necessários em pequenas quantidades na ingestão diária. A deficiência desses nutrientes pode comprometer o desenvolvimento físico e intelectual da criança. Para se evitar essas deficiências deve-se reforçar a importância do consumo alimentar adequado, com todos os grupos de alimentos, contendo especialmente os nutrientes em quanti- dades recomendadas de ingestão (DRI) por dia. Vamos então relembrar os principais micronutrientes requeridos para o desenvolvimento adequado na infância. Vitamina A Atua na diferenciação celular, no crescimento e desenvolvimento, nas funções visuais e reprodutiva. A deficiência de vitamina A é responsável por uma série de problemas de saúde e afeta milhões de crianças no mundo, podendo levar à cegueira. A deficiência está associada à baixa estatura, por interferir na regulação da liberação do hormônio de crescimento e ao baixo peso em pré-escolares. O consumo adequado dessa vitamina reduz a gravidade das doenças e mortalidade em função do seu importante papel no sistema imunológico. 22Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Vitamina B12 Participa como cofator para enzimas essenciais envolvidas no metabo- lismo de lipídios e carboidratos. Sua deficiência leva a danos na divisão celular, principalmente da medula óssea e da mucosa intestinal, poden- do ocasionar problemas hematológicos, neurológicos e cardiovasculares, podendo ser observada em vegetarianos estritos. Vitamina C Também conhecida como ácido ascórbico, atua nas reações de oxirredu- ção agindo contra espécies de oxigênio potencialmente reativas e preve- nindo o dano oxidativo. É importante na defesa contra infecções e fundamental na integridade das paredes dos vasos sanguíneos, sendo essencial para a formação das fibras colágenas. É capaz de aumentar a absorção do ferro não heme, além de ter papel essencial no metabolismo do ácido fólico, alguns ami- noácidos, hormônios e neurotransmissores. Vitamina D A 1,25 (OH)2 (Vitamina D) é um hormônio que regula o metabolismo do cálcio e do fósforo. É essencial durante a infância por estar envolvida no crescimento. Sua deficiência está relacionada a doenças autoimunes, re- tardo no crescimento, fraturas e osteoporose na vida adulta. A síntese cutânea de vitamina D, a partir da exposição solar, é a principal fonte para os indivíduos, mas pode ser também obtida pela alimentação e pelo uso de suplementos orais. 23Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Ácido Fólico / Folato Nutriente essencial para o crescimento e desenvolvimento da criança. Participa das reações de transferência de carbono para a biossíntese de nucleotídeos essenciais para a síntese de DNA e RNA e para a maturação de hemácias. Cálcio Importante para a formação de ossos e dentes, age na contração muscu- lar, transmissão de impulsos nervosos e secreção glandular. A aquisição demassa óssea é gradual durante a infância, ocorrendo em maior velocidade durante o primeiro ano de vida. Há uma elevada preva- lência de inadequação do consumo de cálcio na população infantil, princi- palmente devido ao consumo de refrigerantes, sucos artificiais e bebidas à base de soja em detrimento do consumo de leite e derivados. Ferro É importante manter o aporte adequado de ferro durante a infância, pois a anemia nesse período prejudica no crescimento e no desenvolvimento normal. A carência de ferro está associada ao déficit estatural e a maior morbidade por doenças infecciosas, em função do comprometimento do sistema imune. Lembre-se de que a elevada quantidade de cálcio pode ter efeito negati- vo na absorção de ferro. O uso excessivo de leite de vaca em pré-escola- res em substituição às refeições principais pode ser um determinante de anemia por dois motivos: 24Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida 1. O leite de vaca em excesso promove microenterorragias que, em lon- go prazo, promovem perda de ferro; 2. A ausência ou a diminuição da ingestão das refeições, que seriam as principais responsáveis pelo aporte de ferro. Fósforo Participa da formação de ossos e dentes, crescimento, construção e repa- ro de tecidos, sendo armazenado em ligações de fosfato de alta energia (ATP). Faz parte da composição de ácido nucleicos (DNA) e ribonucleico (RNA) e atua no metabolismo de lipídios, proteínas e carboidratos. Fósforo e cálcio estão intimamente associados no organismo. A ingestão deve ser balanceada para manter o equilíbrio normal sérico Ca/P. Não esqueça de que alimentos ricos em fitato levam à baixa biodisponibi- lidade desse mineral. Ex: feijão, ervilha, lentilha, grão de bico, amendoim, linhaça, farinha de soja. Zinco Atua como componente essencial de enzimas, responsáveis pela manu- tenção da integridade estrutural de proteínas, pela regulação da expres- são da informação genética, nas funções imunes, antioxidante, de cresci- mento e desenvolvimento celular e tecidual. O estado nutricional adequado de zinco na infância é fundamental para a função de diversas enzimas relacionadas com a estrutura óssea, regula- ção da função genética e estabilidade de membranas celulares. Microenterorragias: pequenas perdas sanguíneas. 25Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Crianças com deficiência em zinco apresentam na maioria das vezes defi- ciência de ferro e vitamina B12, pois as principais fontes alimentares des- ses nutrientes estão contidas em alimentos fontes de proteína animal. Iodo Componente essencial dos hormônios da tireoide que estão envolvidos na regulação de várias enzimas e em processos metabólicos importantes para o desenvolvimento infantil. A deficiência de iodo pode ter um efeito prejudicial no desenvolvimento do cérebro, já que o hormônio tireoidiano é importante para a mieliniza- ção do do sistema nervoso central. Além de relembrar as funções dos micronutrientes no organismo é impor- tante também identificar as principais fontes alimentares. Quadro 7 - Principais fontes alimentares de vitaminas e minerais NUTRIENTE FONTES ALIMENTARES Vitamina A Fígado, rins, leite integral, queijos, manteiga, gema de ovo Vitamina B12 Carnes bovinas, aves, suínos, ovos, leite e derivados. Vitamina C Acerola, laranja, caju, limão, tomate Vitamina D Óleo de fígado de peixe, gema de ovo, manteiga, nata. Ácido Fólico/Folato Laticínios, carne bovina, frango, vegetais verdes (espinafre, brócolis) fíga-do, rins, feijões, nozes. Cálcio Leite e derivados como queijos, iogurtes, requeijão, sardinha, ostras, feijão de soja. Ferro Carnes vermelhas, fígado de boi, vegetais verde escuro (couve, brócolis, espinafre), leguminosas. Fósforo Peixes, queijos, leite, ervilha, farinha de aveia, feijão, ovos. Zinco Ostras, mariscos, peixes, aves, leite e derivados, cereais integrais, leguminosas. Iodo Algas, peixes marinhos, crustáceos, moluscos e ovas de peixe. Fonte: Autoria Própria, 2020. 26Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida MICRONUTRIENTES NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL Os alimentos contêm mais de um nutriente em sua composição química e a adoção de um padrão alimentar monótono pode não suprir 100% dos requerimentos de micronutrientes das crianças, principalmente para os minerais ferro, zinco e cálcio. Isso também é válido, embora em menor grau, para algumas vitaminas, incluindo a vitamina A. As consequências relacionadas à deficiência de micronutrientes na infân- cia podem interferir negativamente da seguinte forma: MICRONUTRIENTES NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL • A carência de ferro, zinco e vitamina A são os micronutrientes que mais limitam o crescimento infantil e o desenvolvimento cognitivo. • O efeito do zinco no crescimento linear dá-se tanto nos casos de deficiência leve como moderada. • O ferro e o zinco interferem em funções relacionadas direta- mente com o desenvolvimento cognitivo, enquanto o efeito da vitamina A está condicionado pela sua proteção contra as doen- ças infecciosas. Como vimos, para os micronutrientes também foram estabelecidos valores de ingestão dietética de referência (DRI) para crianças, de acor- do com a idade e o gênero. Futuro residente, atente-se para os valores de ingestão recomendada dos nutrientes, pois estes costumam ser cobrados em prova. 27Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Quadro 8 - Valores de ingestão dietética de referência para crianças Nutriente EAR RDA 1 a 3 anos 4 a 8 anos 9 a 13 anos 1 a 3 anos 4 a 8 anos 9 a 13 anos Vitamina A (ug/dia) 210 275 H: 445 M: 420 300 400 600 Vitamina C (mg/dia) 13 22 39 15 25 45 Vitamina D (ug/dia) 10 10 10 15 15 15 Folato (ug/dia) 120 160 250 150 200 300 Vitamina B12 (ug/dia) 0,7 1,0 1,5 0,9 1,2 1,8 Ferro (mg/dia) 3,0 4,1 H: 5,9 M: 5,7 7 10 8,0 Cálcio (mg/dia) 500 800 1100 700 1000 1300 Zinco (mg/dia) 2,5 4,0 7,0 3 5 8 Fósforo (mg/dia) 380 405 1055 460 500 1250 H: Homens; M: mulheres. Fonte: IOM, 1997; IOM, 1998; IOM, 2000, IOM, 2005 e IOM, 2011. Recomendações de Líquidos Os líquidos devem ser controlados no momento das refeições, pois po- dem promover saciedade precoce. No entanto, o consumo de água ao lon- go do dia deve ser estimulado. Segundo as ingestões diárias de referência (DRI, 2005), a RDA para o consumo de líquidos é: • Dos 2 aos 3 anos: 1,3 ℓ por dia. • Dos 4 aos 8 anos: 1,7 ℓ por dia. • Dos 9 aos 13 anos: 2,4 ℓ por dia. • Dos 14 aos 18 anos: 3,3 ℓ por dia. 28Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Os sucos devem limitar a quantidade máxima de 120 mL/dia, para crianças de 1 a 3 anos e de 175mL/dia, para crianças de 4 a 6 anos. Recomendações de fibras O consumo adequado de fibras promove proteção contra o desenvolvi- mento de diarreia, constipação intestinal, doença bucal, diabetes, obesida- de, doenças cardiovasculares, dislipidemia, entre várias outras patologias. As DRI estabelecem os valores de ingestão adequada de fibra para crian- ças a partir de um ano de idade. Vale a pena lembrar que a recomendação é para fibra total e não somente para a fibra alimentar. Ficou perdido no conceito acima? Vamos entender então. • Fibra total = fibra alimentar + fibra funcional (aquela isolada e adiciona- da nos alimentos) • Fibra alimentar = aquela contida naturalmente nos alimentos. Quadro 9 - Recomendação diária do consumo de fibra na infância Grupo Ingestão Adequada (AI) de Fibra Total (g/dia) 1 – 3 anos 19 4 – 8 anos 25 Meninos 9 – 13 anos 31 Meninas 9- 13 anos 26 Fonte: IOM, 2002 e IOM, 2005. Além dos valores estabelecidos de fibra das DRIs, a Associação Dietética Americana (1995) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2018) reco- mendam a ingestão mínima baseada no seguinte cálculo: 29Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida • Idade (anos) + 5 gramas Ingestão diária máxima • Idade (anos) + 10 gramas, até o máximo de 35 gramas A ingestãoacima de 35g limita a absorção de zinco, cálcio, ferro, magnésio e vitamina B12. ACERTE O ALVO! Para complementar seus estudos, não esqueça de aces- sar o material extra, clicando aqui. 1.3 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS A alimentação adequada em quantidade e qualidade deve ser adotada diariamente com alimentos que forneçam energia, promovam o cresci- mento e regule as funções orgânicas. O cardápio deve ser ajustado à ali- mentação da família e às preferências regionais. As refeições devem ser variadas evitando a monotonia alimentar, ofer- tando no mínimo, as três principais refeições: desjejum, almoço e jantar com lanches nos intervalos. Deve-se evitar a oferta de lanches calóricos e sem valor nutricional como refrigerantes, sucos artificiais, guloseimas doces e salgadinhos. Na fase pré-escolar, o esquema alimentar deve ser composto por cinco ou seis refeições diárias, com horários regulares: café da manhã – 8h; lanche matinal ou colação – 10h; almoço – 12h; lanche vespertino – 15h; jantar – 19h e algumas vezes lanche ou ceia antes de dormir. https://s3.sanar.online/images/d/manual-de-alimentacao---orientacoes-para-alimentacao-do-lactente-ao-adolescente.pdf 30Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida No escolar recomenda-se que o esquema alimentar deva ser composto por cinco refeições diárias, incluindo: café da manhã, almoço, lanche ves- pertino, jantar e lanche da noite. A oferta de líquidos nos horários das refeições deve ser controlada porque o suco, a água e, principalmente o refrigerante, distendem o estômago, podendo dar o estímulo de saciedade precocemente. O ideal é oferecê-los após a refei- ção, de preferência água. Alimentos que possam provocar engasgos devem ser evitados, como balas du- ras, uva inteira, pedaços grandes de cenoura crua, pipoca, entre outros. Lembre-se, os hábitos aprendidos na infância têm grande possibilidade de se manterem por toda a vida, visto que é durante a infância que os hábitos adquiridos têm maior repercussão no futuro. O consumo de refrigerantes, sucos artificiais e bebidas à base de soja nos horários das refeições e dos lanches, em detrimento do consumo de leite e derivados, pode comprometer a ingestão de cálcio. O consumo de refrigerantes fosfatados (bebidas tipo cola) aumentam a excreção urinária de cálcio, elevando suas necessidades de ingestão e comprometendo a aquisição adequada da massa óssea. É comum a baixa ingestão de vitamina D, por falta de exposição solar e er- ros alimentares. A deficiência de vitamina D e de cálcio está relacionada a retardo no crescimento, doenças autoimunes, cânceres, fraturas e desen- volvimento de osteoporose na vida adulta. 31Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida É importante priorizar a oferta de alimentos ricos em ferro, cálcio, zinco, vitamina A e fibras que auxiliarão no desenvolvimento físico da criança. Vamos entender um pouco mais sobre a importância dessas recomenda- ções. O planejamento dietético deve atender às recomendações nutricionais de ferro, visto que a deficiência desse mineral pode prejudicar o desen- volvimento físico e mental, além de causar anemia. As melhores fontes de ferro são as de origem animal, tais como fígado, carnes magras e peixes. Uma adequada ingestão de cálcio influencia no pico de massa óssea e a saúde dentária. As principais fontes de cálcio são os alimentos do grupo do leite, queijo e iogurte. A deficiência de zinco acarreta vários problemas nutricionais, como retar- do no crescimento, prejuízo às funções cognitivas e alterações imunológi- cas. As principais fontes alimentares são: carne bovina, de frango e peixe, fígado, cereais integrais e castanhas. Os alimentos fontes de vitamina A ou caroteno devem fazer parte da ali- mentação da criança sendo importante para o desenvolvimento ósseo, manutenção do tecido epitelial, no processo imunológico e para a garan- tia das secreções normais do hormônio de crescimento (GH). As principais fontes de vitamina A são leite integral, fígado, óleo de peixes. As fontes de carotenos são cenoura, abóbora, mamão, couve e ervilha. Os alimentos fontes de fibra devem ser ofertados em sua forma natural, por promoverem a ingestão de outros componentes bioativos. É necessá- Carotenos: Os vegetais contêm um grupo de compostos conhecidos como carotenoides, que podem produzir retinoides quando metabolizados no organismo, apresentando atividade de vitamina A, sendo o mais importante deles o β-caroteno. 32Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida rio cautela para que o uso exagerado não comprometa o aporte adequado de calorias e de outros nutrientes. Para o planejamento alimentar do pré-escolar e do escolar, deve-se aten- der às necessidades nutricionais individuais, bem como ponderar as ca- racterísticas peculiares dessa fase da vida. A pirâmide alimentar do pré-escolar e do escolar auxilia na seleção e na distribuição dos grupos alimentares. A pirâmide alimentar é dividida em oito grupos de alimentos, e o número de porções de cada grupo é defini- do conforme a necessidade energética, mantendo a proporcionalidade na distribuição dos grupos alimentares. Quadro 10 - Pirâmide alimentar do pré-escolar Grupo Alimentar 2 a 3 anos 4 a 6 anos Nº de porções Porção (Kcal) Nº de porções Porção (Kcal) Arroz, pão, massa, batata, mandioca 5 75 5 150 Frutas 3 35 3 70 Legumes e verduras 3 8 3 15 Carnes e ovos 2 65 2 190 Leite, queijo e iogurte 3 120 3 120 Feijões 1 20 1 55 Óleos e gorduras 1 37 1 73 Açúcares e doces 1 55 1 110 Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2018. 33Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Quadro 11 - Pirâmide alimentar do escolar Grupo Alimentar 7 a 10 anos Nº de porções Porção (Kcal) Arroz, pão, massa, batata, mandioca 5 150 Frutas 3 70 Legumes e verduras 3 15 Carnes e ovos 2 190 Leite, queijo e iogurte 3 120 Feijões 1 55 Óleos e gorduras 1 73 Açúcares e doces 1 110 Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2018. 1.4 SUPLEMENTAÇÃO NA INFÂNCIA As necessidades nutricionais da criança saudável são influenciadas por idade, peso, velocidade de crescimento, metabolismo, atividade física e pela presença de doenças. As prescrições dietéticas, estabelecidas de acordo com os valores da in- gestão dietética recomendada (RDA) garantem que 97 a 98% dos indiví- duos tenham suas necessidades atendidas. Isso não significa que indiví- duos que consomem menos do que o valor recomendado de determinado nutriente estejam apresentando deficiência. Durante a infância, várias situações podem impedir o alcance das necessi- dades nutricionais tais como erros alimentares, mau aproveitamento dos nutrientes, hiperatividade, depleção das reservas, presença de doenças, entre outros motivos. 34Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida A prescrição de suplemento pode ser profilática ou terapêutica. • Suplementação profilática: tem como objetivo prevenir deficiência nutricional. • Suplementação terapêutica: quando o objetivo é tratar ou corrigir a deficiência diagnosticada por exame bioquímico ou clínico. A Academia Americana de Pediatria (AAP) não recomenda a suplementa- ção de vitaminas e minerais de rotina para crianças, com exceção do flúor em áreas em que a água não é fluoretada. No entanto, identifica seis gru- pos de crianças e adolescentes que podem necessitar de suplementação. • Com anorexia, ingestão baixa de alimentos ou com consumo de dietas especiais. • Com doença crônica. • Em situações em que os cuidados familiares com a alimentação são ne- gligenciados. • Em dietas restritivas como objetivo de emagrecimento. • Consumo baixo de produtos lácteos. • Sem exposição adequada à luz solar e sem consumo de alimentos forti- ficados com vitamina D. No mundo, as principais carências nutricionais relacionam-se às deficiên- cias de ferro, vitamina A e iodo, acometem cerca de um terço da popula- ção, com predomínio do déficit de ferro. As manifestaçõesclínicas dessas carências incluem imunossupressão, cegueira, distúrbio cognitivo, ane- mia e complicações como óbito materno e infantil. No Brasil, em regiões de alta prevalência de deficiência de vitamina A, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde e a Socie- dade Brasileira de Pediatria (SBP) determinam que haja a suplementação medicamentosa de Vitamina A para crianças de 6 a 59 meses de vida na forma de megadoses por via oral. 35Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Quadro 12 - Esquema para administração de vitamina A em crianças IDADE DOSE FREQUÊNCIA 6 a 11 meses 100.000 UI Uma dose 12 a 59 meses 200.000 UI Uma vez a cada 6 meses Fonte: Brasil, 2005. E em relação ao ferro, qual o panorama atual? O grupo infantil está entre os mais afetados pela anemia ferropriva, sen- do a faixa etária de 6 a 24 meses a mais crítica para o surgimento da doen- ça. Isso se deve à complexa relação entre uma série de fatores etiológicos de ordem biológica, dietética, social e econômica. Na infância, a elevada demanda biológica advinda da acelerada velocida- de de crescimento, aliada à baixa oferta exógena proveniente da alimen- tação complementar com baixo teor de ferro de boa biodisponibilidade, resulta em elevado risco de desenvolvimento da anemia por deficiência de ferro. A suplementação profilática com sulfato ferroso é uma medida com boa relação de custo efetividade para a prevenção da anemia. No Brasil, são desenvolvidas ações de suplementação profilática com sulfato ferroso desde 2005 por meio do Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF). O PNSF consiste na suplementação profilática de ferro para todas as crianças de seis a 24 meses de idade, gestantes ao iniciarem o pré-natal, independentemente da idade gestacional até o terceiro mês pós-parto. 36Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Para criança de seis a 24 meses a recomendação de suplementação de ferro é: 1mg de ferro elementar/kg – diariamente até completar 24 meses A Academia Americana de Pediatria recomenda, aos 12 meses de idade, uma triagem para deficiência de ferro sem anemia (dosagem de ferritina) e deficiência de ferro com anemia (hemograma); caso se constate defici- ência, o tratamento é realizado com a administração de 3-5mg de ferro elementar/kg de peso/dia por pelo menos oito semanas, visando a cor- reção da anemia e reposição dos estoques de ferro, até normalização dos níveis de ferritina. Os estoques de vitamina D também devem ser monitorados. Visto que, a hipovitaminose D é um problema de saúde pública mundial e o Brasil está inserido nesse cenário. Sua deficiência está relacionada à hipocalcemia, hipofosfatemia, tetania, osteomalácia e raquitismo. Estudos mais recen- tes têm apontado que os níveis séricos inadequados de vitamina D podem ser um fator de risco para a obesidade na infância. A vitamina D afeta a lipólise, adipogênese e os adipócitos em humanos pelo seu papel na regulação intracelular de concentrações de cálcio. A deficiência de vitamina D para crianças é definida como 25(OH)D me- nor que 20 ng/mL; a insuficiência de 25(OH)D, entre 20 ng/mL e 30 ng/mL e a suficiência de 25(OH)D, maior que 30 ng/mL. A Academia Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Endocri- nologia e Metabologia preconizam que os pediatras sigam as orientações de suplementação de vitamina D de acordo com o Institute of Medicine (IOM, 2011), o que corresponde a 400 UI/dia para crianças de 0 a 12 me- 37Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida ses e 600 UI/dia para maiores de um ano, uma vez que constituem grupo de risco para a deficiência de vitamina D. A duração da suplementação de vitamina D não está definida, sendo que se recomenda a suplementação para as crianças com fatores de risco enquanto estes estiverem presentes. Crianças saudáveis, sem fatores de risco, mas com exposição ao sol limitada, devem ter a suplementação avaliada individualmente. Em relação ao zinco, observa que sua deficiência está relacionada a uma ingestão inadequada, maior demanda, má absorção, perdas aumentadas e utilização prejudicada. Os principais sinais clínicos da deficiência de zinco são: anorexia, hipogeu- sia, alopecia, diarreia, intolerância à glicose, hipogonadismo, disfunções imunológicas, lesões cutâneas e oculares. As consequências funcionais dessa deficiência incluem desde o compro- metimento do crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescen- tes a prejuízos ao sistema imunológico, com maior prevalência e incidên- cia de infecções na infância, como diarreia e pneumonia, podendo resultar no aumento das taxas de mortalidade. No tratamento da carência de zinco, utiliza-se a dose de zinco elementar, 1-2mg/kg/dia por via oral e correção dietética adequada. Em casos de diarreia aguda se prescreve 10mg/dia para menores de seis meses e 20mg/dia para crianças acima de seis meses de idade. A suplementação com zinco tem impacto significativo, sendo marcante o benefício em crianças com déficit de estatura e a suplementação com ferro tem efeito benéfico na estatura de crianças anêmicas. 38Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Assista agora a Pocket Aula sobre Nutrição Infantil clicando no ícone ao lado 01. A abordagem nutricional é ampla em razão dos processos nu- tricionais envolvidos em cada ciclo da vida. Mesmo em condições de saúde, cada fase de vida possui especificidades que necessitam de especial atenção do profissional nutricionista. Quanto às neces- sidades e às recomendações nutricionais nos diferentes ciclos de vida, julgue o item a seguir. Durante a infância, é recomendada a ingestão de alimentos que sejam fontes de vitamina A, pois, no momento do crescimento máximo, os depósitos estarão adequados, garantindo as secreções normais do hormônio do crescimento (GH). ] ̣ Certo ] ̣ Errado Clique aqui para ver o gabarito da questão. http://sanar.link/pajxZ 39Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida 02. Pré-escolar de um ano e seis meses, apático, letárgico, apre- sentando diminuição do apetite, mucosas descoradas e queda de cabelos, foi encaminhado ao ambulatório de nutrição para acom- panhamento. Concluiu-se o diagnóstico de anemia ferropriva. À avaliação antropométrica, verificou-se peso = 11kg e comprimento = 80cm. A dosagem de ferro (em mg/dia) a ser suplementada e as orientações gerais para o tratamento dessa criança, respectiva- mente, são: 🅐 11 gramas/ garantir duas refeições de sal ao dia. 🅑 44 gramas/ incluir cereais integrais no almoço e no jantar. 🅒 22 gramas/ incluir 50 a 100 gramas de fígado bovino uma vez por semana. 🅓 33 gramas/ oferecer uma fruta fonte de vitamina C junto às principais refeições. Clique aqui para ver o gabarito da questão. 03. Criança de 3 anos que consome habitualmente mingau de leite de vaca com amido de milho no desjejum, jantar e ceia, nos lanches prefere frutas como banana e maçã e no almoço só aceita macarrão, batata inglesa e feijão, comendo uma ou duas colheres de sobremesa de carne ou frango. Em termos de biodisponibilidade de ferro, que categoria estaria esta dieta? 🅐 Baixa. 🅑 Média. 🅒 Alta. 🅓 Muito alta. Clique aqui para ver o gabarito da questão. 40 ANOTAÇÕES 41Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida 2. ADOLESCÊNCIA A Organização Mundial da Saúde (2013) define adolescência como o perí- odo da vida que começa aos 10 anos e termina aos 19 anos completos. Há ainda outra classificação na qual a adolescência é dividida em três fases: a pré-adolescência – dos 10 aos 14 anos; adolescência – dos 15 aos 19 anos completos; e juventude – dos 15 aos 24 anos. Esse período é caracterizado por intenso e rápido crescimento e desen- volvimento, é marcado por grandes transformações físicas, psíquicas e sociais. É a transição entre a infância e a vida adulta, em que grande parte das características ou dos hábitos referentesao estilo de vida do adulto são adquiridos e/ou consolidados. Após o nascimento, é a única fase da vida extrauterina em que o ser hu- mano apresenta aceleração na velocidade de crescimento; nos demais, mesmo quando o crescimento é intenso, há desaceleração dessa veloci- dade. O crescimento está relacionado ao aumento da massa corporal e desen- volvimento físico, compreendendo também a maturação dos órgãos e sis- temas para a aquisição de capacidades novas e específicas. Nessa fase de crescimento acelerado, é de grande importância atentar para a adequação das necessidades calóricas e de micronutrientes, forte- mente ligadas ao padrão de crescimento, uma vez que a nutrição na ado- lescência repercute de forma definitiva na vida do adulto. Vamos entender um pouco melhor sobre as principais características da adolescência. 42Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida 2.1 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS Nessa fase, muitas alterações fisiológicas acontecem para preparar o corpo do adolescente para a fase adulta. De forma que, não tem como fa- lar de adolescente sem citar o período da puberdade. A puberdade é um período de crescimento e desenvolvimento acelerados durante o qual a criança se transforma fisicamente em adulto com o de- senvolvimento do sistema reprodutivo. As mudanças biológicas decorrem do desencadeamento dos estímulos hormonais do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas. O início desse processo é influenciado por fatores ambientais, nutricionais e sociais. O aparecimento das mudanças físicas observadas na adolescência, como desenvolvimento de mamas, pelos pubianos e maturação da genitália, ocorre após as primeiras modificações hormonais. É importante lembrar que o adolescente atinge o seu pico de velocidade de crescimento que, cronologicamente, pode ser diferente entre cada in- divíduo, não existindo uma idade comum para todos. Essa etapa depende da maturação sexual e os que maturam precocemente ou tardiamente al- cançam o pico de velocidade antes e depois, respectivamente, da média etária da população. Comparando-se os sexos, geralmente as adolescentes iniciam o proces- so de desenvolvimento e de modificações corporais aproximadamente dois anos antes dos de sexo masculino. Entre as alterações biológicas, que são as que melhor caracterizam a pu- berdade, destacam-se o processo de estirão do crescimento, a matura- ção sexual e modificações na composição corporal. 43Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida As mudanças físicas que ocorrem durante a puberdade são mediadas por diferentes hormônios. Vamos relembrar quais são e as principais ações nesse período. Figura 4 - Principais hormônios envolvidos no processo de crescimento e maturação sexual Estrógeno Favorece o armazenamento de gordura e o turnover ósseo. Testosterona Contribui para o aumento da massa magra e do tecido adiposo na região torácica. Hormônio de Crescimento e fator de crescimento semelhante a insulina (IGF-1) Apresentam ações indiretas no crescimento ósseo e tecidual, promovem o acúmulo de glicogênio e a síntese proteica nos tecidos. Hormônio triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) Atuam com efeito direto na cartilagem de crescimento, estimulando a proliferação e diferenciação dos condrócitos. Calcitriol (Forma ativa da vitamina D) Age diretamente sobre a cartilagem de crescimento, na formação e na reabsorção óssea, além de promover a absorção intestinal de cálcio e fósforo, utilizados na mineralização óssea. Esteroides sexuais (testosterona e estradiol) Além de estimularem a gametogênese, são os principais responsáveis pelas alte- rações físicas ocorridas no período puberal, como as características sexuais se- cundárias, mudanças na composição corporal, estirão de crescimento e fusão das epífises ósseas com a parada do crescimento. Fonte: Autoria Própria, 2020. A maioria das ações hormonais converge para a condrogênese, ou seja, o crescimento ósseo. 44Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Com exceção do sistema nervoso central (SNC), basicamente, todos os órgãos e tecidos encontram-se em crescimento, o que justifica o aumento das necessidades nutricionais nessa fase. A velocidade de crescimento físico durante a adolescência é muito mais elevada do que no início da infância. Em média, os adolescentes ganham aproximadamente 20% da estatura e 50% do peso corporal e da massa óssea de um indivíduo adulto durante a adolescência. A maior velocidade de crescimento durante o estirão de crescimento é denominada velocidade de pico de ganho de estatura. Embora o cresci- mento se torne mais lento após o alcance da maturidade sexual, o cresci- mento linear e a aquisição de peso continuam até os 20 anos em mulheres e até os anos iniciais da terceira década em homens. Em razão das diferenças das ações hormonais entre os sexos, os meninos terão maior estímulo no aumento da massa muscular por causa da testos- terona. Já as meninas terão maior aumento na gordura corporal pela ação dos estrogênios. Como existem numerosos fatores intrínsecos e ambientais que podem in- fluenciar o início e a duração da puberdade, não há um marcador hormonal ideal. ESTÁGIO DE MATURAÇÃO SEXUAL Além do crescimento, a adolescência é o estágio da vida no qual ocorre a maturação sexual, que é acompanhada pela evolução dos caracteres se- xuais secundários. O estabelecimento dos estágios de maturação sexual podem ser avaliados segundo os estágios de Tanner. Esses critérios estão enumerados de 1 a 5, considerando-se as mamas, os pelos pubianos e a genitália masculina. 45Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida • Estágio 1 (M1/P1/G1P1) Nesse estágio, os garotos e as garotas têm características físicas infan- tis. Em geral, as meninas têm menos de 9 a 10 anos, e os meninos menos de 11 a 12 anos. É a partir dessa idade que começam a aparecer as modifi- cações nos caracteres sexuais secundários. • Estágio 2 (M2/P2/G2P2) Nesse estágio, as meninas estão iniciando o estirão de crescimento e, após cerca de dois anos desse início, elas apresentarão a menarca. Para os meninos, o G2P2 representa o início da puberdade, e não o início do es- tirão como observado nas meninas. • Estágio 3 (M3P3/G3P2) No início desse estágio, a adolescente já passou pelo estirão pubertário (crescimento acelerado) e pode apresentar aspecto longilíneo e “magro”, sendo classificada como de baixo peso pelos indicadores disponíveis. Observam-se modificações da composição corporal, como aumento dos tecidos adiposo, magro e ósseo. A menarca vai ocorrer no final desse es- tágio. Para os meninos, representa o período de estirão pubertário. • Estágio 4 (M4P4/G4P4) Nesse estágio a maioria das adolescentes já teve a menarca. A menina apresenta aspectos físicos mais maduros, perdendo o corpo infantil. A altura já deverá ter alcançado, ou estar próxima, do potencial genético es- perado. Para o menino, reflete o período de desaceleração do crescimento poden- do apresentar características emagrecidas. Ao final dessa etapa, o meni- no ganha tecido adiposo e muscular com mais intensidade, o que torna sua forma física mais encorpada, apresentando altura próxima da definitiva. 46Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida • Estágio 5 (M5P5/G5P5) Esse estágio representa para meninos e meninas a finalização do proces- so de maturação sexual, de grandes modificações corporais e do cresci- mento linear. Os parâmetros físicos indicam que os adolescentes estão entrando na vida adulta. Os estágios e as principais características podem ser observados no Qua- dro abaixo. Quadro 13 - Características do adolescente de acordo com o sexo e o estágio de maturação sexual de Tanner Sexo Masculino Pelos Pubianos Genitália Estágio 1 Ausentes Características Infantis sem alte-ração Estágio 2 Presença de pelos finos e claros Aumento pequeno do pênis ou assente; aumento inicial do volu- me testicular Estágio 3 Púbis coberta Crescimentopeniano em com- primento; maior crescimento dos testículos e do escroto Estágio 4 Tipo adulto: sem extensão para coxas Crescimento peniano, principal- mente no diâmetro Estágio 5 Tipo adulto: com extensão para as coxas Desenvolvimento completo da genitália Sexo feminino Pelos Pubianos Mamas Estágio 1 Ausentes Sem modificação da fase infantil Estágio 2 Pequenas quantidades: longos, finos e lisos distribuídos ao longo dos grandes lábios Brotos mamários: elevação da aréola e das papilas, formando uma pequena saliência Estágio 3 Aumento em quantidade e espes-sura; mais escuros e encaracolados Maior aumento da mama e da aréola, mas sem separação dos contornos Estágio 4 Pelo do tipo adulto: cobrindo mais densamente a região púbica, sem alcançar as coxas Maior crescimento da mama e da aréola, havendo separação dos contornos Estágio 5 Pilosidade pubiana igual à do adul- to invadindo a parte interna das coxas Mamas com aspectos adulto; o contorno areolar é incorporado novamente ao contorno da mama Fonte: Adaptado de Tanner, 1962. 47Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida A avaliação da maturação sexual deve ser realizada por médico com ex- periência em adolescentes ou por meio da autoavaliação, em que o ado- lescente identifica seu estágio de maturação com base em fotografias/ figuras que constam os estágios de Tanner. O nutricionista precisa saber em que fase de crescimento e maturação se- xual o adolescente se encontra, para definir melhor o critério de avaliação nutricional e estabelecer a estratégia de intervenção nutricional. MENARCA A maturação sexual na menina engloba a telarca (aparecimento das ma- mas), a pubarca (aparecimento dos pelos), o desenvolvimento do apare- lho genital, a menarca (primeira menstruação) e, finalmente, o início da ovulação, que determina a capacidade de reprodução. Em geral, as mulheres entram na puberdade mais precocemente do que os homens. A menarca, que é o início da menstruação, é considerada o marcador da puberdade entre as mulheres, apesar de ocorrer em uma fase tardia da puberdade (final do estágio 3 de maturação sexual). A idade da menarca varia de uma população para outra, ocorrendo em mé- dia por volta dos 12,5 anos; entretanto, o início da menstruação pode ocor- rer em qualquer época entre 8 e 17 anos de idade. As meninas que já passaram pela menarca são mais altas, mais pesadas e apresentam maiores taxas de sobrepeso do que aquelas, da mesma idade, que ainda não tiveram a primeira menstruação. 48Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Nas últimas duas décadas, houve uma tendência à antecipação da menar- ca, especialmente nos países em desenvolvimento. Os estudos têm mos- trado que maior ganho de peso e índice de massa corporal (IMC) durante a infância estão relacionados com início mais precoce da puberdade. São esses, portanto, os fatores determinantes da idade da menarca. No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), feita entre 2008 e 2009, evidenciaram que cerca de 20% dos adolescentes apresen- tam excesso de peso e aproximadamente 5% são obesos. A menarca em menores faixas etárias tem sido implicada em eventos ad- versos de saúde como obesidade, câncer de mama, incidentes cardiovas- culares e maior mortalidade geral. 2.2 NECESSIDADES NUTRICIONAIS As ingestões dietéticas de referência (DRI) para adolescentes são lista- das por idade cronológica e sexo. Embora as DRI forneçam uma estimativa das necessidades de energia e nutrientes para um adolescente individual, as necessidades reais variam muito entre adolescentes, como resultado de diferenças em composição corporal, grau de maturação física e grau de atividade física. Visto que a puberdade tem apresentado início precoce, determinou-se que o grupo de adolescentes seria considerado a partir dos 9 anos de ida- de. Como os meninos apresentam o estirão de crescimento cerca de dois anos mais tarde que as meninas, a partir dos 14 anos as diferenças bio- lógicas entre os gêneros devem ser consideradas na necessidade média estimada (EAR) e na ingestão adequada (AI). 49Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida ENERGIA O requerimento de energia do adolescente é definido para manter a saú- de, promover ótimo crescimento e permitir a prática de atividade física. O cálculo do requerimento energético estimado (EER) varia entre homens e mulheres devido às diferenças apresentadas na velocidade de cresci- mento, composição corporal e coeficiente de atividade física (PA, do in- glês physical activity). O cálculo do gasto energético basal (GEB) e a estimativa do EER podem ser feitos por meio das fórmulas das recomendações de ingestão dieté- tica (DRI). O EER é calculado utilizando-se o sexo, idade, estatura e peso e PA, com soma adicional de 25 kcal/dia para depósito de energia ou cres- cimento. Para determinar a ingestão de energia adequada (em quilocalorias) é ne- cessária a avaliação da atividade física. As necessidades de energia reco- nhecem quatro graus de atividade (sedentários, baixa atividade, ativos e muito ativos) que refletem o gasto energético em atividades diferentes da vida diária. Quadro 14 - Cálculo do requerimento energético estimado para adolescentes EER PARA ADOLESCENTES DO GÊNERO MASCULINO DE 10 A 18 ANOS EER = GET + energia de deposição EER = 88,5 – (61,9 x idade [anos] + PA x (26,7 x peso (kg) + 903 x altura (m) + 25kcal • PA = 1,00 se PAL estimado em ≥1,0 e <1,4 (sedentário) • PA = 1,13 se PAL estimado em ≥1,4 e <1,6 (pouco ativo) • PA = 1,26 se PAL estimado em ≥1,6 e <1,9 (ativo) • PA = 1,42 se PAL estimado em ≥1,9 e <2,5 (muito ativo) Fonte: IOM, 2002. 50Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida EER PARA ADOLESCENTES DO GÊNERO FEMININO DE 10 A 18 ANOS EER = GET + energia de deposição EER = 135,3 – (30,8 x idade [anos] + PA x (10,0 x peso (kg) + 934 x altura (m) + 25kcal • PA = 1,00 se PAL estimado em ≥1,0 e <1,4 (sedentária) • PA = 1,16 se PAL estimado em ≥1,4 e <1,6 (pouco ativa) • PA = 1,31 se PAL estimado em ≥1,6 e <1,9 (ativa) • PA = 1,56 se PAL estimado em ≥1,9 e <2,5 (muito ativa) PA: coeficiente de atividade física; PAL: nível de atividade física Fonte: IOM, 2002. RECOMENDAÇÕES DE MACRONUTRIENTES Assim como visto em crianças, o intervalo de distribuição aceitável dos macronutrientes (AMDR) deve ser adotado para avaliação e prescrição dietética de adolescentes, sendo estabelecido por meio das porcenta- gens em relação ao valor energético total (VET). Quadro 15 - Intervalo de distribuição aceitável dos macronutrientes para adolescentes Nutrientes Idade 4 a 18 anos Carboidratos 45% a 65% Proteínas 10% a 30% Lipídios 25% a 35% Ácidos graxos saturados < 10% N-6 (ácido linoleico) 5% - 10% N-3 (acido linolênico) 0,6% - 1,2% Fonte: IOM, 2002; IOM, 2005. Continuação Quadro 14 - Cálculo do requerimento energético estimado para adolescentes 51Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida RECOMENDAÇÕES DE CARBOIDRATOS E FIBRAS O carboidrato exerce como função principal o fornecimento de energia às células do corpo, particularmente o cérebro, que é o único órgão de- pendente exclusivo de carboidratos. A recomendação de ingestão de car- boidrato é na faixa de 45% a 65% da energia total da dieta, dando-se preferência aos carboidratos complexos. O valor da ingestão dietética recomendada (RDA) para carboidratos é de 130g/dia para crianças, adolescentes e adultos com base na média da quantidade mínima de glicose utilizada pelo cérebro. As fontes preferíveis de carboidratos são os grãos integrais, pois estes alimentos fornecem vitaminas, minerais e fibras. O consumo adequado de fibras na dieta está associado à redução do risco de algumas doenças crônicas como obesidade, hipertensão arterial, algu- mas alterações gastrointestinais e diabetes melito. Incentivar o consumo de fibras o mais cedo possível pode diminuir esses tipos de alteração nu- tricional, bem como preveniralguns cânceres. A Academia Pediátrica Norte-americana, a Associação Dietética Ameri- cana e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam para a faixa etá- ria acima de 2 anos até 20 anos, uma ingestão diária de fibras igual à: idade + 5 ou 10g. As DRI estabelecem os valores de ingestão adequada (AI) de fibra para adolescentes conforme visto no Quadro seguinte. 52Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Quadro 16 - Recomendação diária do consumo de fibra na adolescência Grupo Ingestão Adequada (AI) de Fibra Total (g/dia) Meninos 9 – 13 anos 31 14 – 18 anos 38 Meninas 9- 13 anos 26 14 – 18 anos 26 Fonte: IOM, 2002 e IOM, 2005. RECOMENDAÇÕES DE PROTEÍNAS A necessidade proteica é determinada pela quantidade necessária para manter o crescimento de novos tecidos, o que durante a adolescência pode representar uma porção substancial da necessidade total. De acordo com as recomendações, a quantidade de proteínas é a quanti- dade mínima necessária para suprir os aminoácidos essenciais. O cálculo para se estimar o valor da proteína da dieta do adolescente pode ser feito utilizando-se a proporção de 10 a 30% desse nutriente em relação ao VET. Não existem dados exatos até o momento sobre as necessidades indivi- duais de aminoácidos dos adolescentes, e tem-se utilizado uma extrapo- lação dos valores obtidos para crianças e adultos. Segundo as DRI (2002), uma dieta que atenda a esse período de rápido crescimento pode reque- rer cerca de 10-14% da ingestão total de energia em proteína de alta qualidade. 53Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida As proteínas podem ser divididas em: proteínas de alto valor biológico ou de baixo valor biológico. Se contêm os aminoácidos essenciais em quan- tidade e proporções adequadas são consideradas de alto valor biológico, por exemplo as carnes. Se carecem de algum dos aminoácidos essenciais são classificadas como proteínas de baixo valor biológico, normalmente encontradas em alimentos de fontes vegetais. Entretanto, é fundamental que a prescrição energética esteja correta para que a proteína seja poupada para o crescimento. A estimativa pro- teica total por esse método é maior do que a determinada pelas DRI, pois, refere-se ao valor total consumido, incluindo-se todos os tipos de proteí- na, e não somente as de alto valor biológico. Quadro 17 - Valores recomendados de proteína para adolescentes (RDA) Sexo Idade (anos) g/kg/dia g/dia Masculino 9 a 13 anos 0,95 34 14 a 18 anos 0,85 52 Feminino 9 a 13 anos 0,95 34 14 a 18 anos 0,85 46 Fonte: IOM, 2002 e IOM, 2005. Os valores diários de proteína recomendados referem-se às quantidades mínimas de proteína para fornecer todos os aminoácidos essenciais de acordo com a faixa etária e o sexo. 54Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida O consumo excessivo de proteína pode causar mobilização do cálcio dos os- sos, o que pode prejudicar a mineralização óssea e o tônus vascular, levando à osteoporose e à hipertensão. RECOMENDAÇÕES DE GORDURAS Valores de ingestão adequada (AI) e de ingestão dietética recomendada (RDA) não são estabelecidos para gordura total porque não existem da- dos suficientes para determinar um nível de ingestão de lipídios em que o risco de inadequação ou prevenção de doenças crônicas ocorre. Também não foram definidos valores de necessidade média estimada (EAR) e nem do nível de ingestão máximo tolerável (UL). Recomenda-se que a ingestão de lipídios ocorra dentro da faixa de reco- mendação da AMDR que considera valores entre 25 a 35% de lipídios totais da dieta dos 4 aos 18 anos de idade. As recomendações específicas para ingestão de ácidos graxos n-6 e n-3 foram estabelecidas na tentativa de assegurar que os adolescentes con- sumam quantidades adequadas de ácidos graxos essenciais para suprir o crescimento e o desenvolvimento, assim como para reduzir o risco de doenças crônicas mais tarde durante a vida. As recomendações de acordo com o sexo e a faixa etária podem ser observadas logo abaixo. Quadro 18 - Ingestão dietética recomendada (RDA) de ácidos graxos n-6 e n-3 para adolescentes Sexo Idade (anos) Ácido linoleico (n-6) (g/dia) Ácido Linolênico (n-3) (g/dia) Masculino 9 a 13 anos 12 1,2 14 a 18 anos 16 1,6 Feminino 9 a 13 anos 10 1,0 14 a 18 anos 11 1,1 Fonte: IOM, 2002; IOM, 2005. 55Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Deve ser dada atenção às recomendações de consumo de ácidos graxos saturados, pois em excesso podem conduzir ao aumento do LDL-c e do risco de doença cardiovascular. A recomendação atual é para crianças maiores de dois anos e adolescentes. Para aqueles que não tenham perfil lipídico alterado o consumo deve ser in- ferior a 10%. Já para aquelas com perfil lipídico alterado a recomendação de ácidos graxos saturados deve, nesses casos, não exceder 7% do VET. O consumo de ácidos graxos trans também deve ser evitado, visto que está associado ao aumento do risco cardiovascular por aumentar a con- centração plasmática de colesterol e de LDL-c, além de possuir efeito ad- verso colateral de reduzir a concentração plasmática de HDL-c, lipoprote- ína inversamente relacionada a eventos cardiovasculares. Dessa forma, a recomendação atual é de que a alimentação forneça uma quantidade muito baixa de ácidos graxos trans, sendo inferior a 1% do valor energético total (VET) da dieta. RECOMENDAÇÕES DE MICRONUTRIENTES A necessidade da maioria dos minerais está elevada durante a adolescên- cia, sendo o cálcio, o ferro e o zinco de grande importância durante o es- tirão de crescimento. Os adolescentes incorporam o dobro da quantidade de cálcio, ferro, zinco e magnésio em seus organismos durante os anos de estirão de crescimen- to em relação a outras fases da vida. A necessidade de vitaminas é maior durante a adolescência. Devido ao aumento das necessidades de energia, maiores quantidades de tiamina, riboflavina e niacina são necessárias no metabolismo energético. A sínte- se tecidual também demanda maior quantidade de vitamina B6, de ácido fólico e de vitamina B12. 56Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida O rápido crescimento do esqueleto requer maior necessidade de vitami- na D, e o crescimento celular, das vitaminas A, C e E. Vamos entender um pouco mais sobre os nutrientes durante o período da adolescência. • Cálcio A ingestão de cálcio nessa fase é de grande importância e deve ser au- mentada para satisfazer às necessidades e evitar a osteopenia. Durante a adolescência, ocorre aumento da retenção de cálcio para formação ós- sea. É um período crítico de mineralização do osso, que poderá influenciar no aparecimento de osteoporose no futuro. O período entre 9 e 17 anos de idade parece ser crucial para a realização do pico de massa óssea. O período de acúmulo de massa óssea estende- -se pela puberdade até os 20 anos. As necessidades de cálcio são maiores durante a puberdade e a adolescência quando comparadas com as de qualquer outro período da vida, em razão do acelerado desenvolvimento muscular, esquelético e endócrino. Valores recomendados: • 1300 mg/dia para ambos os sexos. • Ferro Na adolescência, a necessidade de ferro é elevada para ambos os sexos, pelo rápido crescimento, aumento da massa muscular, do volume sanguí- neo e das enzimas respiratórias. No sexo feminino, há um aumento adicional devido à menarca, por causa da perda de ferro durante a menstruação. 57Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Ciclos da Vida Como o aumento da massa magra é maior no sexo masculino em relação ao feminino, a necessidade de ferro em meninos é maior durante o pico de velocidade de crescimento, já que o requerimento desse mineral depende do aumento da massa magra e do volume plasmático. Valores recomendados: • 8 mg/dia para meninos e meninas de 9 a 13 anos. • 11 mg/dia para meninos de 14 a 18 anos. • 15 mg/dia para meninas de 14 a 18 anos. • Zinco É cofator essencial de mais
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