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Nutrição enteral

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FARMÁCIA 
HOSPITALAR
Marcella Gabrielle Mendes Machado
Farmacoterapia e Nutrição 
Enteral
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever os principais conceitos aplicados à nutrição enteral.
 � Analisar as atribuições do farmacêutico no contexto multidisciplinar
da nutrição enteral.
 � Distinguir medidas de segurança na administração de medicamentos
por sondas.
Introdução
No ambiente hospitalar, frequentemente são encontrados pacientes que 
necessitam de uma alimentação artificial, em razão da impossibilidade de 
ingerir alimentos via oral ou quando esta se faz em quantidade insuficiente. 
Dessa forma, várias condições clínicas podem levar o paciente a requerer 
a nutrição enteral (NE), como desnutrição, diabetes, lesões ou ressecções 
gastrintestinais, Alzheimer, sequelas neurológicas, câncer, dentre outras.
A NE fornece alimentos em forma líquida por dispositivos como son-
das a partir da instilação direta no estômago ou no intestino delgado. 
Os pacientes hospitalizados podem também receber medicamentos por 
essa via; dessa forma, é importante o conhecimento das características 
físico-químicas das formulações e dos medicamentos, a fim de evitar 
inconvenientes como a obstrução da sonda e as interações entre os 
fármacos e os alimentos da NE. 
Neste capítulo, você vai conhecer os principais conceitos aplicados 
à NE, bem como os tipos de formulações, as medidas que devem ser 
tomadas na administração de medicamentos por essa via e a atuação 
do farmacêutico hospitalar dentro do contexto da comissão de terapia 
nutricional. 
1 Princípios da nutrição enteral
O ser humano necessita diariamente de uma alimentação que atenda às suas 
necessidades nutricionais no ambiente hospitalar. Frequentemente ocorrem 
casos em que o paciente apresenta uma situação clínica que o impede de rece-
ber alimentos por via oral ou o faz em quantidade insuficiente. A desnutrição 
pode impactar a evolução clínica desses pacientes, aumentando a incidência 
de infecções, complicações pós-operatórias e manifestações associadas, resul-
tando em maior tempo de internação e, consequentemente, aumento dos custos 
hospitalares. Dessa forma, é necessário utilizar uma alimentação artificial, 
devendo ser consideradas a NE e a nutrição parenteral (NP). 
De acordo com a RDC nº 63, de 6 de julho de 2000, a NE é definida como: 
[...] alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na 
forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especial-
mente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado 
ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar 
a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessi-
dades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando 
a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas (BRASIL, 2000, 
documento on-line).
A NE fornece alimentos em forma líquida administrados diretamente no 
estômago ou no intestino delgado por meio de sondas nasogástricas e sondas 
nasoentéricas, respectivamente. Essas sondas são inseridas geralmente por 
via nasal, sendo preferencialmente utilizadas quando essa dieta é necessária 
apenas por alguns dias ou semanas. Quando há a necessidade de uma dieta 
enteral mais prolongada, são utilizadas sondas de gastrostomia ou jejunostomia, 
as quais são inseridas no estômago ou no intestino delgado por uma abertura 
feita na parede abdominal.
Em pacientes que apresentam trato gastrointestinal (TGI) funcionante, a NE 
deve ser preferível em relação à NP (via intravenosa) em razão das seguintes 
vantagens: mais semelhante à alimentação normal, melhor preservação da 
estrutura e função do TGI, menor custo e menor possibilidade de complicações, 
especialmente infecções. 
De acordo com Gomes e Reis (2003), a NE é indicada com eficácia com-
provada nas seguintes situações: a) estado nutricional normal, no entanto, 
com ingestão oral inadequada (menor do que 60%) por mais de sete dias; 
b) desnutrição moderada com ingestão oral inadequada por mais de sete dias; 
Nutrição enteral2
c) disfagia grave; d) grandes queimados; e) fístulas digestivas de baixo débito; 
e f) associação com NP em casos de ressecção maciça de intestino delgado. 
Porém, é contraindicada em pacientes com obstrução intestinal mecânica 
complexa, quimioterapia em altas dosagens, hipomotilidade intestinal ou íleo 
prolongado, diarreia severa resistente à terapêutica convencional, fístulas de 
alto débito e instabilidade hemodinâmica.
A administração da dieta enteral pode ser contínua, cíclica, em bolo ou 
intermitente. Na administração contínua, ocorre infusão continuamente sem 
interrupções longas, com tempo de repouso inferior a oito horas; na adminis-
tração cíclica, a infusão geralmente ocorre durante a noite, pois o paciente se 
alimenta via oral durante o dia; na administração em bolo, a infusão é feita 
em período curto e em intervalos específicos, com frequência de 4 a 6 vezes 
ao dia; na administração intermitente, a infusão é feita com grande volume e 
de forma rápida, com frequência de 6 a 8 alimentações durante o dia.
Veja o Quadro 1.
NE con-
tínua
NE cíclica NE em bolo
NE inter-
mitente
Veloci-
dade
Lenta e 
contínua, por 
24 horas.
Contínua 
por período 
específico 
(ex.: 8 a 20 
horas por dia), 
geralmente 
noturno.
Intermitente. 
Adminis-
tração em 
período 
curto e em 
intervalos 
específicos (4 
a 6 vezes ao 
dia). Simula a 
ingestão oral.
Similar à em 
bolo, porém 
por períodos 
mais longos.
Inter-
rupção
Esporádica: 
adminis-
tração de 
medicamen-
tos ou pro-
cedimentos 
cirúrgicos.
Após o período 
transcorrido. 
Permite inde-
pendência do 
paciente ao 
equipamento. 
Encoraja a 
ingestão oral.
Várias e pro-
longadas, o 
que permite 
a administra-
ção separada 
de medica-
mentos.
Mais espa-
çadas em 
relação às em 
bolo. Tam-
bém permite 
a administra-
ção separada 
de medica-
mentos.
Quadro 1. Comparação entre os métodos de administração de NE
(Continua)
3Nutrição enteral
Fonte: Adaptado de Brito e Dreyer (2003).
NE con-
tínua
NE cíclica NE em bolo
NE inter-
mitente
Limita-
ções
Maior chance 
de interação 
nutriente-
-medica-
mento. 
Ajuste de 
velocidade 
quando 
houver 
interrupções.
Dietas com 
maior densi-
dade calórica. 
Maior risco de 
refluxo e bron-
coaspiração.
Geralmente, 
pacientes 
com sondas 
de posição 
intestinal não 
toleram bem 
esse método. 
Flutuação 
dos níveis 
séricos de 
insulina.
Geralmente, 
pacientes 
com sondas 
de posição 
intestinal não 
toleram bem 
este método. 
Flutuação 
dos níveis 
séricos de 
insulina
Obser-
vação
Primeira 
alternativa 
de NE em 
pacientes 
hospita-
lizados. 
Pacientes 
criticamente 
doentes. 
Sondas de 
posição 
gástrica.
Sondas de po-
sição gástrica 
ou intestinal.
Sondas de 
posição 
gástrica.
Sondas de 
posição 
gástrica.
Quadro 1. Comparação entre os métodos de administração de NE
(Continuação)
Formulações de nutrição enteral
Uma dieta enteral pode ser industrializada ou não, sendo a primeira forma a 
mais utilizada e a mais segura. Em alguns casos, ela pode ser manipulada no 
hospital ou por empresa terceirizada. Há também situações em que o próprio 
paciente ou o cuidador prepara manualmente a dieta enteral pela liquidificação 
de alimentos in natura. Essas fórmulas são denominadas de artesanais, porém, 
esse preparo pode ocasionar problemas como contaminações microbiológicas, 
baixa estabilidade e composição inadequada de nutrientes, além de apresentar 
menor taxa de absorção. Em ambiente hospitalar, o preparo desse tipo de dieta 
Nutrição enteral4
é realizado em local específico, sob supervisão da equipe de nutricionistas. 
Nessas situações, o farmacêutico não tem ingerência no preparo da dieta em 
si. No entanto, sempre que necessário, o farmacêutico, junto com a equipe 
de nutrição, pode avaliar possíveis interações entre os nutrientes usados e os 
medicamentos que o paciente vem fazendo uso.As fórmulas padrão para NE devem conter todos os macro (carboidratos, 
proteínas e lipídios) e micronutrientes (vitaminas e minerais) que deveriam 
ser ingeridos por uma alimentação oral normal e equilibrada para a população 
saudável. A distribuição dos nutrientes, conforme o Capítulo III da RDC 
nº 21/2015, deve seguir a proporção de 45 a 75% das calorias totais sob a 
forma de carboidratos, 10 a 20% de proteínas e 15 a 35% de lipídios. Alguns 
nutrientes, como a fibra alimentar, o flúor, a taurina, a carnitina e o inositol, 
podem ser adicionados opcionalmente dentro dos limites estabelecidos.
As fórmulas modificadas para NE apresentam alteração nos requisitos de 
composição apresentados para as fórmulas padrão, com aumento, redução ou 
ausência de alguns nutrientes, bem como adição de substâncias não previstas 
na RDC nº 21/2015 ou uso de proteínas hidrolisadas. Essas modificações visam 
a atender as condições clínicas de pacientes com necessidades especiais, como 
pacientes com doenças hepáticas, insuficiência renal, diabetes, dentre outras.
Os módulos para NE são as fórmulas compostas unicamente por um dos 
principais grupos de nutrientes: carboidratos, proteínas, lipídios, fibras ali-
mentares ou micronutrientes (vitaminas e minerais). No módulo de proteínas, 
por exemplo, estas podem se apresentar intactas ou hidrolisadas, ou, ainda, na 
forma de aminoácidos isolados ou associados. Não existem limites mínimos 
e máximos estabelecidos para os nutrientes presentes nos módulos citados, 
visto que a utilização pode variar a cada paciente, de acordo com as suas 
necessidades clínicas e nutricionais.
Para pacientes diabéticos hospitalizados que precisem de uma dieta enteral, as 
formulações com carboidratos de altos índices glicêmicos devem ser evitadas. Um 
exemplo desse tipo de carboidrato é a sacarose, sendo que o seu uso já tem sido 
consideravelmente diminuído nas formulações industrializadas. Para esses pacientes, 
deve-se aumentar a contribuição relativa aos lipídios com contribuição adequada de 
ácidos graxos saturados, mono e poli-insaturados, além de otimizar a oferta proteica.
5Nutrição enteral
Nos hospitais, as dietas enterais e parenterais e os suplementos nutricio-
nais normalmente são padronizadas, atendendo a critérios estabelecidos pela 
equipe multidisciplinar de terapia nutricional (EMTN) e pela Comissão de 
Farmácia e Terapêutica de cada local. Essas dietas são adquiridas, recebidas, 
armazenadas e dispensadas para as unidades atendendo a critérios sanitários 
gerais e normas de cada local. A seguir, estão indicadas opções de formulações 
padronizadas descritas por Brito e Dreyer (2003).
 � Padrão: dieta polimérica (na qual todos os nutrientes estão intactos, 
necessitando que haja digestão total dos nutrientes), normoproteica (10 a 
15% do valor calórico total – VCT) e normocalórica (1,0 a 1,3 kcal/ml).
 � Hiper-hiper: dieta polimérica, hiperproteica (> 15% do VCT) e hi-
percalórica (> 1,3 kcal/ml), indicada principalmente para pacientes 
com restrição hídrica ou que necessitam de um aporte calórico alto 
(> de 2.500 kcal).
 � Oligomérica: formulação em que os nutrientes estão presentes já 
pré-digeridos, sendo indicada para pacientes com algum distúrbio de 
absorção.
 � Nefropata: dieta especializada, hipoproteica (< 10% do VCT), rica em 
histidina, e hipercalórica (> 1,3 kcal/ml), para pacientes com insufici-
ência renal crônica ou aguda e que não estejam em esquema de diálise.
 � Encefalopatia hepática: formulação especializada, normoproteica, rica 
em aminoácidos ramificados, para pacientes com hepatopatia crônica, 
em encefalopatia hepática graus III e IV.
 � Módulo de proteína: utilizado quando, após cálculo das necessidades 
individuais, o paciente necessita que o nutriente seja complementado 
na dieta enteral padrão ou hiper-hiper.
 � Módulo de glutamina: indicado em situações de estresse metabólico, 
no qual o aminoácido, que, em indivíduos não hipermetabólicos, é o 
mais abundante no organismo, pode se tornar condicionalmente es-
sencial. Deve ser utilizado após avaliação criteriosa do estado clínico 
e nutricional do paciente. A dose recomendada é de 0,3 a 0,6 g/kg/dia. 
A glutamina também está indicada para pacientes com sepse. Por ser 
instável em solução, a glutamina deve ser administrada o mais rapida-
mente possível após a sua diluição.
Nutrição enteral6
 � Fibra solúvel: nutriente essencial para os colonócitos, a fibra solú-
vel pode ser adicionada à NE ou aos alimentos, com a finalidade de 
regularizar o transito intestinal, controlando obstipação e diarreia, e 
melhorar o controle glicêmico e o perfil lipídico. A quantidade de fibra 
alimentar recomendada é de 20 a 35 g/dia ou 10 a 13 g de fibra para 
cada 1.000 kcal.
2 Atribuições do farmacêutico relacionadas 
à nutricional enteral
Dentre as atribuições do farmacêutico previstas na Resolução do Conselho 
Federal de Farmácia nº 568/2012, dentro do ambiente hospitalar, há a parti-
cipação da EMTN, que visa a analisar o estado nutricional do paciente a fim 
de garantir a melhor recuperação possível para a sua condição. Essa equipe 
é responsável por estabelecer as normas e os procedimentos para prescrição, 
formulação, armazenamento e administração corretos da NE aos pacientes 
(BRASIL, 2012). 
De acordo com a RDC nº 63/2000, o farmacêutico hospitalar deve: 
[...] selecionar, de acordo com os critérios estabelecidos pela EMTN, adquirir, 
armazenar e distribuir, criteriosamente, a nutrição enteral industrializada, 
quando estas atribuições, por razões técnicas e ou operacionais, não forem 
de responsabilidade do nutricionista (BRASIL, 2000, documento on-line).
Conforme Gomes e Reis (2003), outras atividades do farmacêutico rela-
cionadas à NE incluem:
 � Garantir que os insumos sejam entregues juntamente com o certificado 
de análise emitido pela empresa fabricante.
 � Participar de pesquisas e estudos que visam ao desenvolvimento de 
novas formulações para NE.
 � Analisar se há algum erro na formulação prescrita pelo médico em 
relação à incompatibilidade físico-química e/ou interação fármaco-
-nutriente e nutriente-nutriente.
 � Instruir os profissionais responsáveis pela administração de medica-
mentos por sondas enterais.
 � Participar de estudos de farmacovigilância com base em análise de 
reações adversas e interações (fármaco-nutriente e nutriente-nutriente).
7Nutrição enteral
Dentre as atividades logísticas do farmacêutico relacionadas à NE, há 
a aquisição e o controle do estoque das formulações de NE e suplementos. 
O farmacêutico deve supervisionar e estabelecer critérios para todo o processo 
de aquisição, bem como participar da qualificação de fornecedores, avaliando 
se estes cumprem as condições de entrega, se há conformidade nos itens 
adquiridos e se estes são registrados pelo Ministério da Saúde. O processo de 
qualificação de fornecedores deve ser devidamente documentado.
Ao receber as formulações de NE, o farmacêutico deve conferir o certificado 
de análise fornecido pela empresa fabricante e deve acompanhar a entrada 
desses produtos no estoque, onde deve ser feita a verificação da integridade 
da embalagem e dos rótulos, conferindo lote e validade, e, em seguida, deve 
ser feito o armazenamento, realizado utilizando condições apropriadas com 
a devida identificação e separação por lotes. Caso haja inconformidades 
encontradas, estas devem ser identificadas e registradas. 
O farmacêutico também deve garantir as boas práticas de transporte, 
verificando se o veículo tem temperatura controlada, se as caixas de armaze-
namento são apropriadas com material que evita a perfuração e, por fim, se o 
motorista é devidamente treinado para realizar a entrega desse tipo de produto.
O farmacêutico, no que diz respeito às suas atribuições clínicas em relação 
à NE, deve analisar a prescrição diante de uma possível interação fármaco-
-nutriente e nutriente-nutriente. Os pacientes que fazem uso de dieta enteral 
no ambiente hospitalar frequentemente recebem tambémpor essa via me-
dicamentos para o tratamento da sua condição clínica, com isso, algumas 
complicações podem ocorrer, como a obstrução da sonda e a interação entre o 
fármaco e os nutrientes da fórmula. Quando identificada alguma interação, é 
preciso analisar a necessidade de intervenção farmacêutica, a fim de garantir 
a efetividade do tratamento.
O farmacêutico e toda a equipe multidisciplinar, composta por médicos, 
nutricionistas, fonoaudiólogos, dentre outros, devem dialogar a respeito de 
casos clínicos e, em situações de complicações relacionadas ao uso da NE em 
pacientes graves, como constipação, diarreia, dor abdominal, íleo gástrico, 
náusea e vômitos, determinar a medida correta a ser tomada.
Veja o Quadro 2.
Nutrição enteral8
Fonte: Adaptado de Moraes et al. (2014).
Complicação Manejo
Constipação Checar quantidade de água e corrigir, se necessário; otimizar 
quantidade de fibra alimentar (solúvel e insolúvel).
Diarreia Checar prescrição e os itens possivelmente relacionados a 
alterações da microbiota intestinal e diarreia: antibióticos, 
laxativos e elixires; checar e corrigir quantidade de fibra 
alimentar (principalmente solúvel); checar osmolaridade da 
fórmula e velocidade de infusão; tentar classificar diarreia 
entre secretora, osmolar ou mista; tentar não interromper o 
fornecimento de alimentos na investigação/tratamento.
Dor 
abdominal 
e distensão
Checar quantidade de fibra (principalmente no paciente com 
risco de estenose/suboclusão); lentificar fluxo (administrar 
dieta ao longo de 24 horas); considerar intolerância à lactose.
Íleo gástrico Reduzir a quantidade de gordura na dieta; reduzir a 
velocidade de infusão; trocar para fórmula semielementar; 
usar sonda de alimentação de duplo lúmen (um lúmen no 
estômago para drenagem e um lúmen distal pós-pilórico 
para alimentação – necessita de endoscopia digestiva 
para adequada localização); adicionar pró-cinético.
Náuseas e 
vômitos
Reduzir a quantidade de gordura na dieta; reduzir a velocidade 
de infusão; prescrever antiemético; adicionar pró-cinético.
Quadro 2. Complicações da NE e do manejo
Dessa forma, o farmacêutico tem um papel muito importante na equipe 
multidisciplinar de terapia nutricional. A fim de evitar problemas relacionados 
com medicamentos durante um regime hospitalar com uso de NE, algumas 
medidas podem ser adotadas pelo profissional farmacêutico, segundo Gomes 
e Reis (2003, p. 503):
• elaborar relação de medicamentos que não devem ser triturados para admi-
nistração por cateteres enterais;
• incluir no formulário farmacêutico informações sobre a administração de 
medicamentos por cateteres enterais;
• desenvolver, em conjunto com a equipe de enfermagem, um protocolo de 
administração de medicamentos em paciente submetidos à terapia nutricional 
enteral;
9Nutrição enteral
• orientar os membros da equipe de terapia nutricional, especialmente a en-
fermeira, sobre incompatibilidades físico-químicas, interações fármaco-
-nutrientes, disponibilidade ou viabilidade de manipular preparações líquidas 
e outras relacionadas à administração de medicamentos por cateteres;
• incluir nos treinamentos da seção de dispensação da farmácia a administração 
de medicamentos por cateteres enterais.
3 Práticas seguras na administração 
de medicamentos por sondas
De acordo com Silva e Lisboa (2011, documento on-line): 
[...] é comum, na prática diária junto a pacientes que recebem NE por son-
das, que a enfermagem prepare e administre medicamentos de apresentação 
sólida triturando os mesmos e, depois, diluindo em água para administrar 
pelas sondas.
O farmacêutico dentro do ambiente hospitalar tem a atribuição de treinar 
os profissionais responsáveis pela administração de medicamentos por sondas 
enterais, a fim de garantir a segurança e efetividade da NE e dos fármacos 
administrados. As formas farmacêuticas líquidas e sólidas são as mais apro-
priadas para administração por sondas, no entanto, nem sempre estas últimas 
podem ser trituradas.
As propriedades físico-químicas e farmacocinéticas do fármaco a ser 
administrado devem ser conhecidas primeiramente para determinar se é 
possível triturar o medicamento com manutenção dessas propriedades, bem 
como para selecionar adequadamente a solução para diluição. Um exemplo 
de fármaco que não pode ser triturado é o ácido valproico, no qual a apresen-
tação na forma de comprimido tem revestimento entérico e, ao triturar esse 
revestimento, ocorre inativação do medicamento e irritação da mucosa. Dessa 
forma, comprimidos com revestimento entérico não devem ser triturados para 
administração por sondas. 
O omeprazol, um inibidor irreversível da bomba de próton, tem em sua 
forma farmacêutica microgrânulos de revestimento entérico. De acordo com 
Hoefler e Vidal (2009), para administração em sonda de posição gástrica: 
Nutrição enteral10
[...] devem ser misturados com suco de laranja ou maçã, por serem ácidos, para 
proteger os grânulos até que estes cheguem ao intestino. No caso de sonda 
de posição intestinal, pode ser preparada suspensão a partir destes grânulos, 
com solução de bicarbonato de sódio a 8,4%.
Os comprimidos sublinguais não podem ser triturados para administração 
por sondas enterais, pois sua forma farmacêutica tem como objetivo a rápida 
dissolução nos fluidos orais com absorção ainda na boca, em razão de a região 
mucosa ser altamente vascularizada. 
Os comprimidos ou as cápsulas de ação modificada são planejados para 
promover a liberação do fármaco de forma lenta e gradual, garantindo um efeito 
farmacológico mais prolongado. A trituração desses medicamentos também não 
é recomendada, uma vez que podem acarretar liberação abrupta do fármaco 
com consequentes efeitos de sobredose, bem como irritação gastrointestinal. 
Além disso, a dissolução desses comprimidos pode ser mais difícil e quase 
sempre não completa, aumentando o risco de obstrução da sonda entérica.
Os laxantes, como metilcelulose e Psyllium, não devem ser administrados 
por sonda entérica, pois podem obstruí-la quando misturados com fluidos. 
Uma alternativa para pacientes que necessitem de efeito laxativo é adicionar 
fibras solúveis à formulação de NE.
O local da administração dos fármacos por sondas enterais, estômago ou 
duodeno, também é de grande importância no momento de avaliar possíveis in-
terações. Os fármacos dependentes de pH ácido são melhor absorvidos quando 
utilizadas sondas com posicionamento gástrico; já os fármacos dependentes 
de pH alcalino são melhor absorvidos quando instilados no duodeno. Certos 
fármacos também são melhor absorvidos em jejum, devendo ser administrados 
com o estômago vazio; nesses casos, deve-se manter um intervalo entre a 
administração do fármaco e da dieta enteral. 
Ao administrar nutrientes e medicamentos concomitantemente pela via 
enteral, pode ocorrer uma interação entre eles que pode levar à alteração da 
biodisponibilidade e, consequentemente, diminuição sérica do fármaco e da 
atividade farmacológica. Conforme Silva e Lisboa (2011), as proteínas presentes 
numa formulação de NE interferem na absorção da levodopa, um medicamento 
antiparkinsoniano, com redução das suas concentrações plasmáticas. 
Para pacientes que recebem NE de forma intermitente, a medicação deve ser 
administrada durante os intervalos de infusão. No entanto, se a administração 
da NE é feita de forma contínua, recomenda-se a interrupção da infusão para 
a administração dos medicamentos — lembrando que estes só podem ser 
administrados após a lavagem da sonda. 
11Nutrição enteral
A absorção dos nutrientes pode ocorrer por mecanismo semelhante e até 
mesmo competitivo a uma variedade de fármacos que têm como principal sítio 
de interação o TGI. A fenitoína, um fármaco utilizado para as principais formas 
de epilepsia, ao ser administrada juntamente com a NE, resulta em quelação 
entre o fármaco e os cátions divalentes da NE, diminuindo a biodisponibilidade 
do medicamento e, consequentemente, a atividade farmacológica; além disso,ocorre adesão da fenitoína à sonda. De acordo com Hoefler e Vidal (2009), o 
ideal é que se dilua a fenitoína (disponível em forma líquida no Brasil) com 
20 a 60 ml de água e interrompa a NE duas horas antes da administração, 
reiniciando-a duas horas após, e é preciso enxaguar a sonda com 60 ml de 
água antes e após a administração do medicamento.
A carbamazepina é outro medicamento que tem sua absorção diminuída 
quando administrada concomitantemente à NE por se aderir à sonda entérica. 
Antes da sua administração, é preciso diluir a suspensão de carbamazepina com 
o mesmo volume de água. A varfarina é um fármaco utilizado no tratamento de 
diversas doenças tromboembólicas, bem como de suas complicações. Por ser 
um antagonista da vitamina K e apresentar alta afinidade às proteínas, o seu 
efeito anticoagulante é diminuído quando administrada concomitantemente 
à dieta enteral. Uma alternativa para diminuir as interações é a interrupção 
da NE uma hora antes da administração da varfarina, reiniciando a NE uma 
hora após. Mesmo assim, um aumento de dose desse medicamento deve ser 
considerado. Caso não influencie na resposta do tratamento, outro medica-
mento com efeito anticoagulante como a heparina pode ser utilizado como 
substituto. Durante o tratamento, é preciso monitorar frequentemente o tempo 
de protrombina em pacientes que utilizam varfarina e NE.
As fluorquinolonas, uma classe de agentes antimicrobianos, podem ter sua 
biodisponibilidade diminuída na presença de cátions multivalentes (p. ex., 
cálcio, magnésio, alumínio e ferro) nas formulações de NE. Dessa forma, é 
preferível a utilização da via parenteral para administração desses medica-
mentos. Em situações que exigem a administração utilizando sonda, deve-se 
interromper a NE uma hora antes e reiniciá-la duas horas após a administração 
da solução recém-preparada. Os comprimidos dos antimicrobianos devem 
ser triturados e depois diluídos em 20 a 60 ml em água estéril. Ao diluir 
ciprofloxacino, ocorre a formação de suspensão, não sendo recomendada a 
administração pela via enteral em razão de possível adesão e oclusão da sonda.
Nutrição enteral12
Os vários exemplos de interações fármacos-nutrientes relatados ante-
riormente indicam a importância desse tema na rotina hospitalar. Como a 
quantidade de medicamentos e dietas disponíveis atualmente é imensa, parece 
praticamente impossível prever todas as interações possíveis. Nesse sentido, 
manter os manuais e guias de medicamentos e dietas sempre atualizados, 
prevendo possíveis interações e formas de preveni-las, é de suma importância 
para alcançar bons resultados terapêuticos. 
Prevenção e manejo de obstrução da sonda
Por definição, sondas são tubos introduzidos em algum canal ou alguma 
cavidade do organismo. Esses tubos apresentam calibres e tamanhos diver-
sos, conforme a função que devem desempenhar, mas para que exerçam sua 
função, precisam garantir a livre-passagem de líquidos. Quando há obstrução 
da sonda, há interrupção temporária da administração da dieta entérica e de 
medicamentos, podendo comprometer o resultado esperado do tratamento. 
Geralmente, os procedimentos para a desobstrução (descritos a seguir) re-
solvem o problema. Porém, quando não se consegue realizar a desobstrução, 
é necessário passar a sonda novamente, gerando desconforto ao paciente. 
Por isso que é tão importante evitar a obstrução de sondas. 
A obstrução da sonda pode correr por diferentes mecanismos. Um deles 
está relacionado a interações físico-químicas entre os componentes da fórmula 
enteral e do fármaco, levando a formação de gel, coagulação, aumento da 
viscosidade, separação de fases, granulação e precipitação. Outros fatores 
como material ou dobra da sonda e enxágue insuficiente também podem 
contribuir para essa obstrução. De acordo com Gomes e Reis (2003, p. 493), 
“[...] alterações da NE e obstrução do cateter são mais comuns de ocorrer 
quando medicamentos ácidos entram em contato com fórmulas enterais con-
tendo caseinato”.
Para a prevenção da obstrução é recomendado por Hoefler e Vidal (2009) 
enxaguar a sonda com 30 ml de água a cada quatro horas em casos em que a 
NE é administrada de forma contínua. Para a forma de administração inter-
mitente, a sonda deve ser lavada a cada administração da dieta, utilizando o 
mesmo volume de água.
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Em situações de obstrução, Hoefler e Vidal (2009, p. 3) recomenda o 
seguinte procedimento:
- Injetar, suavemente, 20 ml de água morna na sonda e aspirar repetidas vezes;
- Se não houver êxito, enxaguar com água carbonatada ou 5 ml de solução 
enzimática alcalina; 
- Não utilizar líquidos ácidos, como sucos ou refrigerantes de cola, pois podem 
desnaturar proteínas e provocar mais oclusão. 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 63, de 6 de julho de 
2000. Regulamento técnico para terapia de nutrição enteral. Brasília, DF, 2000. Disponível 
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2000/rdc0063_06_07_2000.
html. Acesso em: 26 jan. 2020.
BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução n. 568, de 6 de dezembro de 2012. Dá 
nova redação aos artigos 1º ao 6º da Resolução/CFF nº 492 de 26 de novembro de 2008, 
que regulamenta o exercício profissional nos serviços de atendimento pré-hospitalar, 
na farmácia hospitalar e em outros serviços de saúde, de natureza pública ou privada. 
Brasília, DF, 2012. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/568.
pdf. Acesso em: 26 jan. 2020.
BRITO, S.; DREYER, E. Terapia nutricional: condutas do nutricionista. Campinas, 2003. Dispo-
nível em: https://www.hc.unicamp.br/servicos/emtn/manual_nutricionista_2004-11-02.
pdf. Acesso em: 26 jan. 2020.
GOMES, M. J. V. de M.; REIS, A. M. M. Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia 
hospitalar. Rio de Janeiro: Atheneu, 2003. 
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coterapêutica, v. 14, n. 3/4, p. 1–6, 2009. Disponível em: http://www.cff.org.br/sistemas/
geral/revista/pdf/122/063a068_farmacoterapeutica.pdf. Acesso em: 26 jan. 2020.
MORAES, R. B. et al. Medicina intensiva: consulta rápida. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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Acesso em: 26 jan. 2020.
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Leitura recomendada
LUNA, S. M. de. Atribuições do farmacêutico na equipe multiprofissional de terapia nutricio-
nal (EMTN). 2012. Monografia (Pós-Graduação em Farmácia Clínica e Hospitalar) - Facul-
dade Santa Emília e Centro de Capacitação Educacional, Recife, 2012. Disponível em: 
https://www.ccecursos.com.br/img/resumos/farmacia/01.pdf. Acesso em: 26 jan. 2020.
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