Buscar

Sistema Cardiovascular Angina peitoris

Prévia do material em texto

Sistema Cardiovascular
Docente:
Samuel J. Tacuana,
Maputo, Outubro de 2022
Curso de Tecnico de Medicina Geral
Disciplina: Sistema Cardiovascular
Aula 7:
 Clínica Médica:
Angina do Peito e IAM, 
ANGINA DO PEITO 
Microbiologia e Imunologia
Angina do peito é uma síndrome clínica caracterizada por dor torácica devido ao reduzido fluxo sanguíneo (isquemia) coronário resultante num fornecimento inadequado de oxigénio ao músculo cardíaco.
Epidemiologia
É mais frequente em homens que mulheres, geralmente com uma faixa etária superior a 50 anos. Não existem estudos sobre a sua incidência em Moçambique.
Etiologia
As causas da angina do peito são:
Obstrução ateroesclerótica das artérias coronárias (mais frequente)
Doença da válvula aórtica
Miocardiopatia hipertrófica
Espasmo da artéria coronária
2
ANGINA DO PEITO 
Microbiologia e Imunologia
Factores de risco
Tabagismo
Hipertensão arterial
Hipercolesterolémia ( aumento do LDL e Redução do HDL)
Diabetes
Antecedentes familiares de coronariopatia antes dos 55 anos de idade
3
ANGINA DO PEITO 
Microbiologia e Imunologia
Fisiopatologia
A angina de peito resulta de um desequilíbrio entre a oferta e a demanda miocárdicas de oxigénio, na maioria das vezes decorrente de obstrução ateroesclerótica das artérias coronárias. Em condições normais, para qualquer nível de demanda de oxigénio, o miocárdio será suprido com sangue rico em oxigénio para evitar a perfusão inadequada (isquemia) dos miócitos (células do miocárdio) e subsequente desenvolvimento de hipóxia celular. 
Uma diminuição do diâmetro das artérias coronárias, como acontece quando há ateroesclerose, reduz a quantidade de oferta de oxigénio e resulta em isquemia miocárdica.
Um aumento da demanda de oxigénio, como acontece na hipertrofia ventricular esquerda por estenose aórtica ou hipertensão arterial, a quantidade de oferta de oxigénio pode ficar reduzida e resultar em isquemia.
Podem coexistir duas ou mais causas de isquemia, como aumento da demanda de oxigénio (pró hipertrofia do ventrículo esquerdo) e redução da oferta de oxigénio (ateroesclerose coronária e anemia). A constrição anormal ou falha de dilatação normal das artérias coronárias também pode causar isquemia.
4
ANGINA DO PEITO 
Microbiologia e Imunologia
Classificação
Angina estável - é aquela que apresenta sempre as mesmas características, ou seja, seu factor desencadeante, intensidade e a sua duração costumam ser sempre os mesmos. Geralmente, angina estável é previsível, em que ocorre com o mesmo nível do esforço e consistentemente melhora com o repouso. Ela representa uma limitação fixa no fluxo sanguíneo para o miocárdio
Angina instável – o desconforto passa a ter uma maior frequência, intensidade ou duração, muitas vezes aparecendo ao repouso. A angina do peito instável é uma emergência médica, pois poderá evoluir para um infarto do miocárdio ou até a morte. Esta geralmente é fruto de um bloqueio súbito no fluxo sanguíneo para o coração levando a formação de um trombo que interrompe parcialmente o fluxo de sangue para uma área do miocárdio
Angina Variante (angina de Prinzmetal) - é resultante de um espasmo da artéria coronária. Esse tipo de angina é chamado de variante por se caracterizar pela ocorrência de dor com o indivíduo em repouso (geralmente à noite) e não durante o esforço, e ainda por certas alterações electrocardiográficas típicas
5
ANGINA DO PEITO 
Microbiologia e Imunologia
Quadro Clínico
Sinais e Sintomas
A característica principal é a dor torácica ou desconforto no peito, tipo opressão, peso, aperto, ardor, que se irradia para os braços (principalmente o braço esquerdo), ombros, pescoço e mandíbula.
A dor dura em geral menos de 10 minutos e é precipitada por esforço físico, stress emocional, temperaturas frias, depois de uma refeição abundante, sendo aliviada pelo repouso ou nitratos (nitroglicerina).
As características da dor, são diferentes dependendo do tipo de angina e são apresentadas no quadro abaixo
 
6
ANGINA DO PEITO 
Microbiologia e Imunologia
Quadro Clínico
Sinais e Sintomas
As características da dor, são diferentes dependendo do tipo de angina e são apresentadas no quadro abaixo
 
	Doença	Localização	Qualidade	Duração	Factores de Melhora ou Piora
	Angina estável	Retroesternal com irradiação para a região cervical, mandíbula, epigástrio, ombros ou braços (mais para a esquerda)	Opressão, queimação, aperto, peso, indigestão	<2-10 min	Desencadeada pelo esforço, frio ou stress emocional; aliviada pelo repouso, nitroglicerina sublingual
	Angina instável 	As mesmas da angina estável	As mesmas da angina, porém com aumentos recentes na frequência e na intensidade	Geralmente 20 min	Desencadeado por actividade mínima ou em repouso
	Angina de Prinzmetal	As mesmas da angina estável	As mesmas da angina, porém mais intenso	> de 30 min	Ocorre tipicamente em repouso
7
ANGINA DO PEITO 
Microbiologia e Imunologia
Quadro Clínico
Sinais e Sintomas
O exame físico pode revelar aumento da pressão arterial sistólica e diastólica, ou em casos graves, hipotensão arterial
Complicações
A principal complicação é referente a uma evolução para o enfarte do miocárdio (morte da porção do miocárdio que sofreu a isquemia) e morte. 
Exames auxiliares e diagnóstico
A suspeita é sempre clínica e reforçada quando após a administração sublingual de nitroglicerina a dor melhora rapidamente. Necessário pesquisar causas que podem contribuir através de uma exame de hemograma (pode revelar anemia) e bioquímica sanguínea (colesterol, triglicéridos, glicemia).
O diagnóstico é fundamentalmente clínico e com prova terapêutica com nitroglicerina.
 
8
ANGINA DO PEITO 
Microbiologia e Imunologia
Diagnóstico Diferencial
Tabela 2: Diagnóstico diferencial com causas cardíacas de dor torácica
	Doença	Localização	Qualidade	Duração	Factores de Melhora ou Piora
	Enfarte do Miocárdico	Subesternal e podem irradiar se como na angina	Opressão, queimação, peso, constrição	>/= 30min	Geralmente não é aliviada com repouso ou nitroglicerina
	Pericardite	Geralmente, inicia sobre o esterno, ou em direcção ao ápex cardíaco e pode irradiar se para o pescoço ou ombro esquerdo, muitas vezes mais localizada que a dor por IM	Aguda em facada	Horas ou dias	Piora com a inspiração profunda, rotação do tórax, ou posição supina; aliviada na posição sentada ou com a inclinação anterior do tórax
	Embolia Pulmonar (Muitas vezes a dor torácica é ausente)	Subesternal, ou sobre a região do infarto pulmonar	Pleuritica (com infarto pulmonar) ou semelhante á angina	Início súbito, minutos a 1h	Pode piorar com a respiração
9
ANGINA DO PEITO 
Microbiologia e Imunologia
Diagnóstico Diferencial
Diagnóstico diferencial com causas não cardíacas de dor torácica.
	Doença	Localização	Qualidade	Duração	Factores de Melhora ou Piora
	Úlcera péptica	Epigástrica, subesternal	Queimação visceral	Prolongada	Alivia com alimentação e antiácidos
	Estados ansiosos	Muitas vezes localizada na região precordial	Variável; normalmente sua localização move dum lugar para outro	Variável; frequentemente efémera	Situacional
	Herpes zóster	Distribuição em Dermátomos	Queimação, coceira	Prolongada	Nenhum
	Pneumotórax Espontâneo	Unilateral	Aguda e bem localizada	Inicio súbito, dura muitas horas	Piora com a respiração
10
ANGINA DO PEITO 
Microbiologia e Imunologia
Conduta
 Tratamento não medicamentoso – identificar os factores de risco e corrigir: abandono obrigatório do tabagismo, redução do peso em obesos, tranquilização e orientação do paciente.
 Tratamento medicamentoso – perante um doente com suspeita de angina do peito, faça o seguinte:
Coloque oxigénio – 4 l/min
Nitroglicerina comprimidos de 0.5 mg, 1 comprimido sub-lingual que pode ser repetido em intervalos de 3 – 5 minutos, até alívio da dor. Não ultrapassar 4 comprimidos (2 mg).
Efeitos secundários: cefaleia, taquicárdia e rubor da face, no início da terapêutica. Náuseas, vómitos, hipotensão postural, tonturas e eventualmente síncope.
Contra-indicações: hipotensão arterial, bradicárdia ou taquicardia severa, usode sildenafil nas últimas 24 horas, pericardite constritiva; angina associada à estenose aórtica ou à cardiomiopatia hipertrófica; cor pulmonale e anemia importante. 
Notas e precauções: se ocorrer hiopotensão e síncope, elas podem ser aliviadas elevando as pernas do doente. Sempre que possível, o fármaco deve ser tomado pela primeira vez com o paciente sentado. A suspensão da terapêutica deve ser efectuada paulatinamente. O efeito hipotensor é potenciado pelo consumo de álcool.
Ácido acetilsalicílico (aspirina) – 125 mg (1/4 de comprimido de 500 mg) por via oral
11
ANGINA DO PEITO 
Microbiologia e Imunologia
Conduta
 Tratamento medicamentoso – perante um doente com suspeita de angina do peito, faça o seguinte:
Se a dor persiste por mais de 10-15 minutos apesar de duas ou três doses de nitroglicerina, transfira IMEDIATAMENTE para o médico ou hospital com médico!
Prevenção
A prevenção da angina de peito se faz com a redução/eliminação dos factores de risco. 
Eliminação do tabagismo, redução do peso em obesos, controlar a pressão arterial em hipertensos, reduzir o colesterol em pacientes com hipercolesterolémia.
12

Continue navegando