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MBA EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS TÉCNICAS DE RECRUTAMENTO, SELEÇÃO, TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO UNIDADE 1 OS PROCESSOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS José Benedito Regina REGINA, José Benedito Técnicas de Recrutamento, Seleção, Treinamento e Desenvolvimento (livro-texto) / José Benedito Regina – São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu UNIP, 2019. 1. Recrutamento de pessoas. 2. Seleção de pessoas. 3. Treinamento e Desenvolvimento de pessoas. Regina, José Benedito. II. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. III. Título. Professor conteudista JOSÉ BENEDITO REGINA Formação acadêmica: Bacharel em Ciências Econômicas, pela FEA/USP; Especialista em Direção de Recursos Humanos pela FGV/EAESP; Especialista em Administração, pela UNIP (lato sensu); Mestre em Administração, pela FEA/USP. Formação técnica-administrativa- gerencial: inúmeros cursos, ao longo de quatro décadas em organizações, com destaque para: análise de sistemas de informação, diagnósticos para treinamento e desenvolvimento de pessoal e desenvolvimento organizacional; jogos de empresas, direção de Recursos Humanos, análise transacional, formação psicodramática voltada para Educação. Atuação acadêmica: Professor, líder de disciplina e Coordenador de cursos no ensino superior, em várias universidades, tanto para graduação como para pós-graduação, desde 1977. Professor conteudista, autor e ministrante de disciplinas relacionadas com Administração Geral e Administração de Recursos Humanos, no programa de EAD – Educação à distância, da UNIP. Coordenador, orientador, e participante em bancas de avaliação, para trabalhos acadêmicos diversificados, individuais e grupais, especialmente os de conclusão/monografias, tanto para cursos de graduação como de pós-graduação. SUMÁRIO GERAL (OU CONTEÚDOS DAS UNIDADES) Unidade 1 – Os processos de Recrutamento e de Seleção de pessoas 1.1 – Como se dá a captação de pessoas 1.2 - Planejamento da GP 1.3 - Recrutamento de pessoal 1.4 - Seleção de pessoal 1.5 - Tendências para recrutamento e seleção Unidade 2 – Os processos de Treinamento e de Desenvolvimento de pessoas 2.1 – Treinamento e Desenvolvimento 2.2 - As fases do processo de treinamento e desenvolvimento 2.3 - Tendências para treinamento e desenvolvimento SUMÁRIO da UNIDADE 1 Unidade 1 – Os processos de Recrutamento e de Seleção de pessoas Introdução 1 Os processos de Recrutamento e de Seleção de pessoas 1.1 Como se dá a captação de pessoas 1.2 Planejamento da GP 1.3 Recrutamento de pessoal 1.3.1 Técnicas para recrutamento 1.3.2 Curriculum vitae 1.3.3 Instrumentos para o recrutamento 1.3.4 Entrevista 1.3.5 Etapas para o processo de recrutamento 1.3.6 Possíveis problemas envolvidos no recrutamento 1.3.7 Riscos possíveis decorrentes do processo de recrutamento 1.3.8 Avaliação do processo de recrutamento 1.4 Seleção de pessoal 1.4.1 Técnicas de seleção Entrevista de seleção Provas de conhecimento Testes psicológicos Testes de personalidade Técnicas de simulação Outros testes - grafologia 1.4.2 Seleção por competência 1.4.2 Etapas do processo seletivo 1.4.4 Possíveis problemas envolvidos no recrutamento e riscos possíveis decorrentes do processo 1.4.5 Avaliação do processo de seleção 1.4.6 O grande papel do processo seletivo 1.5 Tendências para recrutamento e seleção NOTA As REFERÊNCIAS e a BIBLIOGRAFIA são únicas para as duas unidades deste texto e aparecem ao final da UNIDADE 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Olá, cara(o) aluna(o)! Seja bem-vinda(o)! Nossa disciplina pretende trabalhar com alguns processos da GP – Gestão de Pessoas, especificamente com os de Recrutamento, de Seleção, de Treinamento e de Desenvolvimento. A GP é uma função diferenciada nas organizações por ser bastante complexa, muito rica em diferentes abordagens e em seus incontáveis detalhes, possuindo muitos e diferentes enfoques, com uma imensidade de problemas a serem enfrentados e, talvez e por isso mesmo, tudo isso faça com que essa função seja tão absorvente e tão maravilhosa. A razão central e explicativa para a especial atenção que essa função desperta e merece é simples: a GP trata do e com o ser humano e todas as suas atividades giram entorno da relação das pessoas com a organização, e vice-versa. Cada pessoa é um ser complexo e um particular universo em busca de realização. E, para não delongar: cada organização é um conjunto de pessoas, um ente particularíssimo resultante dessa combinação! É dessa integração que vêm os resultados. GP - GESTÃO DE PESSOAS A GP - GESTÃO DE PESSOAS também pode ser identificada por vários outros nomes, tais como: GRH - Gestão de RH (Recursos Humanos), ARH - Administração de RH, GT - Gestão de Talentos, GP - Gerenciamento de Pessoas, DG - Departamento de Gente, entre tantos outros. É muito comum o uso da sigla RH quando se fala da GP A sigla GP pode identificar tanto uma área da estrutura organizacional (um órgão ou um departamento do organograma), como também uma função administrativa. Enquanto um órgão é um pedaço da organização, assim como o fígado, por exemplo, é um órgão (uma parte) da organização chamada corpo humano, uma função é entendida como um conjunto de processos que têm uma finalidade específica na organização, como o é, similarmente, a digestão no corpo humano. Assim, cada órgão é responsável por algum tipo de processo. Uma organização típica é composta por várias funções administrativas, sendo que as quatro ilustradas a seguir são consideradas clássicas praticamente por todos os estudiosos de organizações, pois ocorrem maciçamente em todas nas empresas, conforme mostram os estudos da ciência administrativa. Abaixo a imagem que dois desses estudiosos, Sobral e Peci (2013), que mostram sobre essas quatro áreas funcionais, clássicas para qualquer organização: As áreas funcionais da organização Fonte: SOBRAL, Felipe. PECI, Alketa -Administração: teoria e prática no contexto brasileiro, 2ª. Edição, São Paulo. Pearson Education, 2013, p.12 Qual é o papel de cada uma? função produtiva – responsável por elaborar os produtos para os quais a essa organização foi criada. Todas as suas atividades (processos) são desenhadas para a realização do produto final da organização; função financeira – é um grupo de atividades criado para cuidar do dinheiro da organização; função mercadológica – consiste em tarefas que têm como objetivo perceber no mercado quais os produtos devem ser ofertados e informar à produção o que deve e como deve ser fabricado para atender as necessidades de seus clientes e, função RH - Recursos Humanos (ou GP, ou ARH, ou ...) – é formada pelos processos que cuidam da relação da organização com as pessoas que a compõem. A figura mais comum utilizada para representar uma organização é triangulo. Dentro dele, linhas partindo do vértice superior até a base do mesmo indicam a divisão da organização em partes especializadas. Cada parte dessas representa um departamento. A palavra departamento normalmente identifica cada um desses pedaços, ou seja, cada área funcional. A seguir uma imagem dessas áreas num organograma de empresa: As áreas funcionais típicas de uma organização representadas como seus departamentos Criação do autor, com base em Sobral e Peci (2013) Cada uma dessas funções, então, congrega um conjunto de processos específicos e próprios, voltados à execução de suas atividades que devem levar ao atingimento de suas metas particularese, ao final, ao cumprimento dos objetivos maiores da organização deque fazem parte. Por que a GP é avaliada atualmente como uma área (ou função) tão especial nas organizações? Não é difícil entender isso: por mais estratégica que seja qualquer das funções administrativas citadas, numa organização ela sempre será desenvolvida e sustentada por suas pessoas. Uma organização, assim como uma nação, vale pela competência de suas pessoas, pois elas estão de alto a baixo em qualquer organização e são elas que, realizando as suas tarefas, mesmo (e principalmente) nas mais avançadas tecnologicamente, que garantem o sucesso do negócio. Logo, sem menosprezo das demais funções, é bastante lógico concluir e admitir que, saber gerir adequadamente as pessoas é uma função nuclear, a espinha dorsal, de qualquer organização! Entender esta afirmação é o motivo central desta disciplina e a razão deste material que você terá em mãos para acompanhar a mesma. Nesta disciplina são abordados alguns dos processos da GP, a saber: os de Recrutamento, de Seleção, de Treinamento e de Desenvolvimento Convidamos você a entrar em contato esses quatro processos fundamentais da GP que em muito ajudarão você a entender no que eles podem contribuir para o seu sucesso e o de sua organização. Como são processos muito importantes e profundos, este material não pretende – e nem tem condições – de esgotar o assunto: vai apresentar seus conceitos essenciais, apontar algumas técnicas utilizadas por eles, assim como tentar jogar alguma luz sobre as suas tendências que especialistas apontam como possíveis caminhos para sua execução. Esperamos, sinceramente, que este nosso trabalho possa lhe ser útil e possa, também, contribuir com você no atingimento de seus anseios profissionais e pessoais. Mãos à obra! INTRODUÇÃO A GP – Gestão de Pessoas tem sido estudada por inúmeros pesquisadores no mundo todo, sendo que no Brasil alguns de seus reconhecidos autores estão considerados neste livro texto e relacionados nas referências, ao final do mesmo. Tais autores, focando a GP e para explicá-la, apresentam como seus componentes alguns processos universais. Cada autor pode classificar esses processos e quatro, cinco ou mais categorias e atribuir-lhes nomes diferentes daqueles dados por seus colegas pesquisadores. Porém, no fundo, todos estarão abordando os mesmos conjuntos de atividades (processos) que em essência são os seguintes: recrutamento, seleção, contratação, integração de novos funcionários, modelagem do trabalho (desenho de cargos), remuneração e reconhecimento, benefícios, treinamento e desenvolvimento, carreira, e tantos outros. Para facilitar nossa abordagem, vamos assumir a proposta de Chiavenato (2010), assim apresentada: Os seis processos da GP e seus subprocessos Fonte: Chiavenato, 2008, p. XII Conforme esse autor, a GP – Gestão de Pessoas é um conjunto de seis processos bem determinados, com atividades e objetivos específicos e próprios. Tais processos são todos inter-relacionados, interdependentes e guardam entre si uma relação sistêmica que deve garantir a ocorrência de sinergia na GP. Da mesma maneira, assim como em seus processos internos, a função GP mantém relações com as demais funções administrativas da empresa com a missão de produzir uma sinergia semelhante no plano global da organização. Por sua vez, esses mesmos seis processos são compostos por subprocessos, conforme aponta Chiavenato (2010, p.15) sob a forma hierárquica de um organograma: Os seis processos da GP e seus subprocessos Fonte: Chiavenato, I. – Gestão de Pessoas, 2010, p. 15 Dentro desse conjunto geral da GP, estudaremos os seguintes: Recrutamento de pessoas Seleção de pessoas Treinamento de pessoas Desenvolvimento de pessoas Por haver grande ligação prática entre alguns deles, costumeiramente esses quatro processos são agrupados em dois conjuntos maiores: Processo de Recrutamento e Seleção (R&S) Processo de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) NOTA O processo de recrutamento e o processo de seleção costumeiramente são considerados em conjunto e, essa junção recebe o nome de processo seletivo. Recrutar e selecionar são, na verdade, duas fases sequenciais do mesmo processo: primeiro acontece o recrutamento e depois a seleção entre os recrutados. Então, a expressão processo seletivo pode ter dois significados diferentes: pode se referir ao todo (os dois processos juntos) ou, especificamente à fase de seleção. Ao longo deste trabalho esses dois usos acontecem e devem ser entendidos de acordo com o contexto em que aparecem. Isso pode ocorrer na estrutura das organizações, onde é comum encontrarmos, por exemplo, o Departamento de Recrutamento e Seleção e outro departamento, o de Treinamento e de Desenvolvimento. É importante saber que os processos da GP não precisam ser executados internamente pelas organizações, ou seja, não é preciso que uma organização tenha um departamento voltado para isso em sua estrutura. Tais processos podem ser terceirizados. Assim, há organizações que contratam empresas especializadas para montar e executar seus processos de recrutamento e seleção, assim como os de treinamento e de desenvolvimento. De qualquer maneira, sendo executados pela própria empresa ou terceirizados, a responsabilidade pelos resultados desses processos é inalienável, ou seja: a organização não pode terceirizar suas consequências. E estas duas unidades são as seguintes: Unidade 1 – Os processos de Recrutamento e de Seleção de pessoas Unidade 2 - Os processos de Treinamento e de Desenvolvimento Para este estudo, a disciplina tem os seguintes OBJETIVOS GERAIS: Conceituar cada um dos processos envolvidos; Apresentar tendências futuras para esses processos. e os seguintes OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Saber os conceitos essenciais relativos ao Recrutamento e à Seleção de pessoas, bem como os ligados ao Treinamento e Desenvolvimento de pessoas e de organizações e o que as organizações esperam dos mesmos; Conhecer os passos (etapas) seguidos nesses processos, relacionando os principais métodos e técnicas comumente e utilizados pela GP; Saber algumas das indicações fornecidas por especialistas do mercado para possível utilização dessas práticas, nas organizações onde atuam os participantes deste curso e, Conhecer algumas tendências para esses processos, publicadas na literatura e nas práticas organizacionais divulgadas, por exemplo, em redes digitais. NOTA Ao longo deste material você vai encontrar alguns boxes identificados com a expressão SAIBA MAIS trazendo links de sites que você pode (e deve) pesquisar, para incrementar o conhecimento do tópico que está sendo apresentado nessa parte do texto. Esperamos que você possa fazer os acessos a esses e a outros sites relacionados, que seguramente vão aparecer, pois há um mundo de informações importantes que ajudarão você a completar sua percepção dos assuntos tratados. Explore nesses sítios todos os aspectos que lhe são apresentados neste trabalho e expanda seus conhecimentos, a vontade! Bom trabalho! UNIDADE 1 1 - Os processos de Recrutamento e de Seleção de pessoas 1.1 – Como se dá a captação de pessoas O ingresso das pessoas numa organização acontece via processo de R&S - Recrutamento e Seleção. Esses dois processos são, por assim dizer, duas faces da mesma moeda, que tem como objetivo, captar pessoas para o suprimento adequado de vagas da organização. Porém, não acontecem sozinhos: são acionados por solicitações de preenchimento de vagas, de acordo com um planejamento do quadro de pessoal da organização. Esse planejamento dos RH se enquadra no planejamento geral da organização, que envolve todas aquelas funções administrativas jácitadas e aciona a GP para realizar contratações ou remanejamentos, visando à manutenção de um quadro de funcionários ajustado às flutuações que as condições do negócio vão exigir. O planejamento da organização determina a quantidade de pessoas para cada departamento, por exemplo, em função dos negócios contratados com seus clientes ou então na expectativa de vendas a fazer, o que vai determinar o fluxo de produção a ser mantido. Isso vale para qualquer organização, sejam os seus produtos tangíveis (bens materiais) ou intangíveis (serviços). Nem sempre o efetivo de pessoal é constante numa organização, podendo variar no tempo. Marras (2009, p.52-53) ilustra esse fato com um “budget de efetivos”, no qual exemplifica num quadro anual, como a quantidade de funcionários de vários departamentos pode variar ao longo dos meses, dependendo de fatores tais como: mudança de maquinário (aumento ou diminuição); extinção de uma área e redimensionamento de outras; criação de uma nova área; lançamento de um produto; aumento de produção; abertura de novas praças; reestruturação administrativa, etc. Na verdade, toda organização precisa de pessoas que vêm do ambiente onde ela se encontra e do qual faz parte. Nesse ambiente, então, podem ser identificados dois mercados muito característicos: o MERCADO DE RH (MRH) e o MERCADO DE TRABALHO (MT). Chiavenato (2014, p.94) define o mercado de trabalho – MT como o espaço “composto pelas oportunidades de trabalho oferecidas pelas organizações. Toda organização – na medida em que oferece oportunidades de trabalho – à parte do MT”. Entendendo-se “oportunidades de trabalho” como vagas, o MT seria o conjunto das vagas oferecidas pelas organizações de uma determinada economia. Por outro lado, para Chiavenato (2014, p.99), o mercado de recursos humanos -MRH “se refere ao conjunto de candidatos a emprego. O MRH – ou mercado de candidatos – se refere ao contingente de pessoas que estão dispostas a trabalhar, ou que estão trabalhando, mas dispostas a buscar outro emprego”. Analogamente, o MRH seria o conjunto dos candidatos, ou dos profissionais que procuram emprego. Esses dois mercados podem ser segmentados para facilitar sua análise e penetração, complementa o autor. De acordo com Regina, Esses dois “mercados” são complementares e seu equilíbrio varia de acordo com as condições ambientais (sócio-político-econômicas, etc.). Por exemplo, o mercado de trabalho poderá estar em oferta, ou seja, tem muitas vagas para oferecer. Nessa situação as organizações precisam “correr atrás” de candidatos, investindo em processos de recrutamento. Outras vezes, poderá estar em procura, isto é, como as vagas são poucas, os candidatos é que correm atrás das vagas. Neste caso, quase não é necessário promover grandes recrutamentos, pois a procura é quase espontânea. (REGINA, 2010, P.83) Assim, o processo de colocação das pessoas nos postos de trabalho começa com o processo de planejamento de pessoal da organização, que aciona o processo de R&S, que por sua vez vai interagir com o MRH. O preenchimento de vagas sempre irá depender do nível da relação do MRH com o MT, que pode variar tanto no tempo como no espaço, resultado de um coquetel de causas, tais como econômicas, políticas, sociais, etc. Uma visualização dessa relação dinâmica entre o MT e o MRH é dada por Chiavenato (2014) Interação entre o MT e o MRH Fonte: CHIAVENATO, I. – Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações – 4ª. edição, SP, Barueri, MANOLE, 2014, p.100 1.2 - Planejamento da GP Conforme já foi dito, o planejamento da GP sempre é decorrente do planejamento estratégico da organização, pois este envolve as quatro funções administrativas clássicas, já citadas: produção, marketing, finanças e recursos humanos. É claro que cada organização tendo em sua estrutura outras funções, tais como pesquisa e desenvolvimento, logística, suprimentos, etc., estas estarão inseridas no planejamento estratégico organizacional. Assim, quando se diz “planejamento estratégico de RH, esse “estratégico” de RH não é o estratégico da organização. Para a organização qualquer planejamento estratégico de qualquer área funcional é planejamento tático em relação ao da organização. Esses planejamentos das funções são denominados como táticos e envolvem, em cada função, outro nível menor, o de planejamento operacional. Esse planejamento estratégico da organização se inicia com a definição da missão organizacional, dos valores que ela adota, da sua visão de futuro e do estudo dos ambientes interno e externo à organização, para que seja possível determinar as estratégias que regerão todo o esforço organizacional. Os resultados desse planejamento global é que vão determinar as estratégias para a GP. Chiavenato (2014, p. 77) mostra as alternativas tradicionais de planejamento estratégico para a GP: As alternativas tradicionais do planejamento estratégico da GP Fonte: CHIAVENATO, I. – Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações – 4ª. edição, SP, Barueri, MANOLE, 2014, p.77 Conforme Chiavenato (2014, p.76-83) os modelos possíveis para a consecução dessas quatro estratégias tradicionais (expansão, ajustamento, mudança e enxugamento) podem ser os seguintes: Modelo baseado na procura estimada de produto ou serviço Modelo baseado em segmento de cargos Modelo de substituição de postos chave Modelo baseado no fluxo de pessoal. Há, ainda, um quinto modelo, mais amplo e abrangente que os quatro anteriores, que leva em conta: o volume de produção planejado pela organização; mudanças tecnológicas que alterem a produtividade do pessoal; oferta e procura no mercado e no comportamento da clientela e, planejamento de carreiras na organização. Chiavenato (2014, p.81-84) ainda nos lembra de dois fatores importantes que intervêm no planejamento da GP: o absenteísmo (ou ausentismo) que são as horas de trabalho perdidas quando os colaboradores não comparecem ao trabalho e a rotatividade (turnover) que representa o índice de trocas de pessoas, pela saída de alguém da organização e a consequente necessidade de sua substituição. Esses dois fatores aumentam significativamente os custos de produção. Em resumo: o planejamento da organização determina a quantidade de pessoas para cada departamento, por exemplo, em função dos negócios contratados com seus clientes, na expectativa de vendas a fazer ou de qualquer outro fator. Isso vai determinar o fluxo de produção a ser mantido. Esse raciocínio vale para qualquer organização, sejam os seus produtos tangíveis (bens materiais) ou intangíveis (serviços). Nem sempre o efetivo de pessoal é constante numa organização, podendo variar no tempo. Marras (2009, p.52-53) ilustra esse fato com um “budget de efetivos”, no qual exemplifica num quadro anual, como a quantidade de funcionários de vários departamentos pode variar ao longo dos meses, dependendo de fatores tais como: mudança de maquinário (aumento ou diminuição); extinção de uma área e redimensionamento de outras; criação de uma nova área; lançamento de um produto; aumento de produção; abertura de novas praças; reestruturação administrativa, etc. 1.3 – Recrutamento de pessoal Chiavenato (2016, p.101), numa de suas várias definições, diz que o “recrutamento é um conjunto de técnicas desenvolvidas para atrair candidatos qualificados para uma organização”. Outro autor, Marras (2009, p.49) diz que “o subsistema de Recrutamento é responsável pela captação e triagem de profissionais no mercado”. Especifica melhor o recrutamento de pessoal, dizendo que “é uma atividade de responsabilidade do sistema de ARH que tem por finalidade a captação de recursos humanos interna e externamente à organização objetivando municiar o sistema de seleção de pessoalem seu atendimento aos clientes internos da empresa”. Marras (2009, p.54) De acordo com Chiavenato (2008), Regina informa: Recrutamento é o conjunto de atividades responsável por atrair candidatos que estejam no mercado e RH para que seja possível realizar, dentre eles, a seleção dos que vão ocupar as vagas oferecidas pela organização. O processo de recrutamento ideal seria aquele que conseguisse reunir um número adequado de candidatos (nem em excesso, nem em falta) que permitisse ao passo seguinte, o da seleção, fazer uma boa escolha entre eles, para a indicação dos que serão contratados / promovidos. (REGINA, 2010, p.84). Todos os autores do assunto declaram que esse recrutamento pode ser INTERNO ou EXTERNO. Pode, ainda, ocorrer um terceiro tipo, decorrente desses dois que é o RECRUTAMENTO MISTO. Continuando nessa direção, Regina acrescenta: O RECRUTAMENTO INTERNO contará com candidatos que já sejam funcionários, interessados em ocupar outros cargos ou funções que a empresa necessita. O RECRUTAMENTO EXTERNO, vai se dirigir ao mercado de RH propriamente dito, que é composto pelos cidadãos componentes da comunidade onde a empresa vai praticar o recrutamento. A empresa poderá, ainda, praticar um RECRUTAMENTO MISTO, ou seja, combinando candidatos internos e externos, em consonância com suas políticas e/ou conforme definição de sua direção. Qualquer que seja o tipo de recrutamento a ser praticado, a organização precisa deixar claro ao mercado que deverá supri-la, sejam áreas da própria empresa ou o mercado externo, que vagas (oportunidades de ocupação de cargos) estão oferecendo, de modo que essa informação realmente atinja a esse segmento do mercado de RH que lhe interessa. (REGINA, 2010, p.84). O número de candidatos que respondem aos anúncios da empresa pode ser uma boa medida que mostra o quanto a empresa foi bem- sucedida na divulgação de suas vagas. Como em qualquer decisão organizacional, a escolha pelo processo de recrutamento interno, externo ou misto sempre apresentará vantagens e desvantagens, que deverão ser ponderadas para que os resultados sejam os melhores possíveis. (REGINA, 2010, p.84). VANTAGENS/DESVANTAGENS DOS TIPOS DE RECRUTAMENTO TIPOS E RESULTADOS INTERNO EXTERNO VANTAGENS Aproveita a “prata da casa”, valoriza o potencial humano da organização promove a motivação, o desenvolvimento e a fidelização dos funcionários; É mais fácil de ser divulgado, a escolha pode ser melhor pois os funcionários já são conhecidos além de não precisarem ser integrados à organização; custa menos. É o tipo de recrutamento adequado quando a empresa e o mercado se encontram estáveis. Traz “sangue novo” - talentos, experiências e expectativas - enriquece o patrimônio humano da organização, aumenta o capital intelectual, renova a cultura, incentiva a interação com o mercado de RH, DESVANTAGENS Por não abrir a empresa para novas ideias, experiências e expectativas pode perpetuar o conservantismo, as rotinas, a cultura estabelecida; não inova o patrimônio humano da organização. Funciona como um sistema fechado e, por isso, pode ser adequado para empresas burocráticas e mecanísticas. Desmotiva os já funcionários, reduz a fidelidade, custa mais por exigir mais técnicas seletivas e exigir que os novos funcionários sejam socializados. É, portanto, mais custoso, mais demorado e mais inseguro que o recrutamento interno. Adaptado de CHIAVENATO, I.- Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações - Elsevier, 2008, p..117-119 Se a empresa optar pelo recrutamento misto, pode fazer isso em fases, ou seja: primeiro faz um externo, depois um interno, ou ao contrário, ou simultâneos. Um recrutamento misto pode combinar as vantagens e desvantagens dos outros dois tipos, podendo equilibrar essas situações e maximizar adequadamente os resultados. Conforme afirma Regina (2012, p.33), com relação à escolha do tipo de recrutamento a ser realiza, “Não existe receita: cada organização, em cada momento poderá tomar sua decisão considerando todos esses aspectos. O importante é confrontar esses aspectos da tabela acima com outros, tais como: clima organizacional reinante na organização, com os cadastros de funcionários que tragam o histórico de competência, os programas instituídos na organização, tais como planos de carreira, programas de Treinamento e Desenvolvimento, exigências das vagas disponibilizadas, tanto em termos de CHA envolvidos quanto de tempo para preenchê-las, etc. etc. CHA Entenda-se por CHA o perfil que mede o conjunto de C - conhecimentos, de H - habilidades e, de A – atitudes, necessário ao desempenho de alguma tarefa. C = conhecer (saber, ter informação) H = ter habilidades (saber fazer, aplicar o conhecimento) A = ter atitude (querer fazer) Cada um de nós, como pessoa ou profissional tem seu próprio perfil. Cada cargo, desenhado pela empresa, também tem um perfil próprio, com os requisitos que exige de seu executante. 1.3.1 - Técnicas para recrutamento Para Regina (2010), o RECRUTAMENTO EXTERNO lança mão de técnicas, algumas das quais foram adaptadas com base em CHIAVENATO (2008, p.118- 125) e seguem abaixo. Devem ser adequadas ao tipo de cargo que está sendo oferecido pela empresa e o tratamento que se deve dar a cada caso deve ser cuidadosamente discutido. ANÚNCIOS: podem ser feitos nos meios de informação que tenham acesso aos candidatos que interessam à organização. Envolvem normalmente revistas especializadas e jornais. Devem ser formulados de maneira a despertar a atenção dos candidatos a ponto de fazê-los entrar em contato com a organização. Estes anúncios podem ser ABERTOS, e divulgados nas mídias escolhidas, com todas as informações referentes à vaga oferecida, ou FECHADOS. Este último é utilizado para vagas confidenciais e a organização convida apenas candidatos que tenham o perfil procurado a entrarem em contato com ela para conhecimento mútuo. CARTAZES: uma variante para o anúncio em periódicos é a fixação de cartazes em pontos estratégicos, locais visíveis e que garantam a disseminação dessa informação da empresa. Este procedimento é muito mais barato que a divulgação pela mídia. USO DE AGÊNCIAS: quando a empresa não possuir um órgão de RH, poderá se valer de agências existentes no mercado. Estas organizações trabalham junto ao mercado de RH, interagindo com ele e montando bancos de dados que podem facilitar à organização a localização de candidatos que lhe interessam. Muitas, por serem bastante conhecidas são espontaneamente procuradas por candidatos. CONTATOS COM FONTES ESPECÍFICAS: a organização pode divulgar suas vagas diretamente junto a escolas, universidades, associações, etc., que envolvam pessoas com as características que lhe interessam. Essa divulgação pode se constituir de cartazes, palestras, entre outros esforços. INDICAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS: os próprios funcionários da empresa podem ser agentes recrutadores de candidatos. Esse procedimento é interessante pois possibilita o envolvimento de todos os empregados no processo, fazendo com que se interessem pelo sucesso dos candidatos apresentados. CONSULTA A ARQUIVO DE CANDIDATOS: Toda organização pode montar e manter um banco de dados com informações de candidatos. Sua constante atualização poderá facilitar à empresa em processos de recrutamento posteriores e baixar os custos do processo. RECRUTAMENTO VIRTUAL: a possibilidade do uso da internet no processo de recrutamento trouxe ao processo uma nova dinâmica e maior velocidade, incluindo-se todas as vantagens de se fazer contatos imediatos e à distância com candidatos. BANCO DE DADOS DE CANDIDATOS / TALENTOS: é um patrimônio de agências de consultoria, específicas de recrutamento,que pode ser adotado por qualquer empresa, principalmente para sustentar seus recrutamentos internos. Um caso específico desse tipo de consultores são os Headhunters (“caça cabeças”), profissionais especializados em localizar talentos, recrutando-os para seus clientes. 1.3.2 - Curriculum Vitae Um elemento de vital importância nos processos de recrutamento externo é o CURRICULUM VITAE - CV. Em princípio, qualquer candidato de qualquer localização em relação à empresa, poderá estar submetendo a ela suas qualificações por meio desse instrumento. É considerável a incidência de envios espontâneos de CVs, mas é a organização que normalmente comanda essa prática, estimulando candidatos a enviarem os seus CVs, fazendo divulgações via meios de comunicação possíveis para a empresa, tais como rádios, jornais, revistas, etc. Muitos recrutamentos nem sequer recebem as pessoas fisicamente: primeiro verificam os currículos enviados e, então, a partir deles é que entrarão em contato com os donos dos CVs que despertaram a atenção. Nesse sentido é importante para as organizações levar em conta o papel que a tecnologia da informação pode jogar nesse processo, com o uso da internet, de redes, bancos de dados, sites gratuitos, etc. Modernamente, as redes sociais abrem perspectivas importantes para alargar o foco das pesquisas sobre candidatos, de forma que a participação das pessoas nessas redes pode vir a complementar um conjunto de informações e a ter peso significativo já no recrutamento ou com mais intensidade na fase posterior, de seleção. Quanto ao RECRUTAMENTO INTERNO, as técnicas usadas são mais diretas, envolvendo diretamente as chefias na indicação e liberação dos possíveis concorrentes a vagas da própria organização. Os sistemas internos de comunicação facilitam o acesso aos candidatos, até porque muitas organizações já possuem bancos de informações de seus funcionários, de recrutamentos anteriores, etc., e muitas vezes, quando surge uma vaga já existem pessoas praticamente prontas para assumi-la. Tal recrutamento normalmente é mais rápido e menos custoso. De qualquer modo, é sempre bom lembrar de alguns cuidados éticos a serem observados no recrutamento interno: os pré-requisitos técnicos relacionados com a vaga precisam estar suficientemente claros e amplamente divulgados, assim como os aspectos pessoais tais como exigências disciplinares, avaliações de desempenho anteriores na empresa, salário percebido e a perceber. Caso haja um recrutamento misto, informar que há candidatos externos concorrendo à mesma vaga, devendo ser aproveitado aquele que obtiver melhores resultados no processo seletivo. SAIBA MAIS Exemplo de CURRICULUM VITAE (CV) ver em CHIAVENATO, I. – Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações – 4ª. edição, SP, Barueri, MANOLE, 2014, P. 106 SAIBA MAIS Você conhece currículo cego? Veja matéria “O que é currículo cego e qual a sua importância?” Disponível em: https://www.evolke.com.br/recursos-humanos/o-que-e-curriculo- cego-e-qual-a-sua-importancia/ Equipe EVOLKE – publicação em 14.01.2019 acesso em 10.05.2019 Veja o vídeo “Currículo cego: veja como a prática pode ajudar a sua empresa” Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MweJ0aUAevQ SOLIDES - publicação em 05.11.2018 acesso em 10.05.2019 https://www.youtube.com/watch?v=MweJ0aUAevQ 1.3.3 - Instrumentos para o Recrutamento O principal instrumento de que se vale o recrutamento para trabalhar com os candidatos, além das tradicionais mídias para contato é a triagem dos CVs. Para isso são utilizados os cadastros montados para um recrutamento específico, com aproveitamento ou não de cadastros de recrutamentos anteriores. Nesse processo o recrutamento não precisa, necessariamente, realizar um trabalho face a face, mas pode considerar a inclusão de entrevistas, como componente dessa triagem inicial. Assim, pode lançar mão de tecnologias disponíveis, além do telefone, Skype, internet, etc. Se realizadas, as entrevistas nessa fase visam a checar os principais pontos que a vaga exige e as características de cada candidato, relacionadas. Na verdade, já é uma pré- seleção. 1.3.4 - Entrevista Esta ferramenta, de uso muito amplo e diversificada é um dos instrumentos mais potentes para pesquisas sobre o que se quiser, em qualquer campo de atividade humana. O uso de entrevistas, na verdade é muito mais explorado no processo de seleção. Para não passar em branco, o que é uma entrevista? COOPER e ARGYRIS assim apresentam o conceito de entrevista de emprego – employment interview: “a entrevista de emprego é definida como um diálogo iniciado por duas ou mais pessoas para reunir e avaliar as informações sobre qualificações de um candidato a emprego. (DIPBOYE, 1992, citado por COOPER e ARGYRIS, 2003, p.502). Podem ser divididas em entrevistas estruturadas e não estruturadas. Os autores discutem sua validade e confiabilidade e informam, com base em pesquisas sobre o fato, que as entrevistas estruturadas são mais confiáveis e válidas. Para eles, as entrevistas são largamente utilizadas na seleção de funcionários. No entanto, é importante observar que elas servem para muitas outras funções que não apenas a de seleção. A mais notável dessas funções alternativas é a de Recrutamento. (COOPER e ARGYRIS, 2003, p.504). 1.3.5 - Etapas para o processo de recrutamento Cada organização pode ter suas peculiaridades que estabelecem etapas singulares, mas, de modo geral, a seguinte lógica é respeitada nesse processo: 1- Recepção da solicitação de preenchimento da vaga, encaminhada pelo órgão requisitante 2- Consulta ao manual de cargos da organização para verificação dos requisitos exigidos pelo cargo a ser preenchido 3- Contato com o órgão requisitante para checagem dos requisitos e de particularidades necessárias do cargo e fechamento do perfil da vaga a ser preenchida 4- Definição das informações (requisitos, salários, local, etc.) que comporão a chamada de candidatos (anúncio da vaga) 5- Acionamento dos canais de comunicação para publicação da existência da vaga, no ambiente onde se quer buscar os candidatos (fontes e locais) 6- Recepção dos CVs, se for o caso, e atendimentos aos contatos de procura de mais informações. 7- Triagem e organização dos CVs 8- Contato com os candidatos cujos CVs foram considerados interessantes para a vaga, chamando-os para entrevista ou já realizando a própria, por meio desse contato 9- Classificação dos candidatos pelos resultados dos contatos 10- Envio para o passo seguinte, Seleção, para iniciar o processo de escolha entre os recrutados. Em função das particularidades de cada empresa, esse número de passos pode variar. 1.3.6 - Possíveis problemas envolvidos no recrutamento Sempre, em toda e qualquer ação humana, há riscos envolvidos, relacionados com as mais diversas razões. O processo de recrutamento e seleção tem que colocar a pessoa certa no lugar certo, na organização. Nesse processo pode haver interferências que comprometam o mesmo e venham a causar prejuízos à organização. Como o primeiro passo é o recrutamento, dois aspectos precisam ser considerados nele: - Falta de informações para definição do perfil adequado (mesmo que um manual de cargos exista e esteja bem definido, cada vaga pode ter, como já dito, particularidades específicas do órgão que a solicita). Isto se resolve com o conhecimento da realidade da área onde o cargo existe e, um bom diálogo entre o recrutamento e o órgão solicitante. - Deficiências na percepção do recrutador, principalmente motivadas pelos três fatores levantados por Soto (2002, p.66), conforme citam Regina e Brandão (2012, p.18), a saber: Fatores que influenciam na percepção Fonte: REGINA, José Benedito; BRANDÃO, Leonor Cordeiro.GFH - GESTÃO DO FATOR HUMANO – Unidade II – Comportamento Organizacional – livro texto do MBA – ADMINISTRAÇÃO DE RH e outros - EAD/UNIP INTERATIVA – UNIP, SEI-2012, p.18 Enfim, a atividade de recrutar é absolutamente importante, pois é o começo de tudo na relação das pessoas com a organização e, por isso mesmo, deve ser executada por profissionais preparados para tanto. 1.3.7 - Riscos possíveis decorrentes do processo de recrutamento O fato mais indesejado que pode ocorrer é o desligamento do candidato contratado, seja por parte da empresa ou por motivo próprio do já funcionário, principalmente se isso estiver relacionado com a aderência do candidato ao cargo. Possivelmente causado por problemas de competência técnica ou comportamental e divergências em aspectos culturais da pessoa e do departamento onde o funcionário foi colocado. Isso pode ser reflexo de um recrutamento mal feito, consolidado a seguir pela seleção. Isso envolve alguns custos financeiros e também de outras ordens, pela falha do processo: despesas com anúncios, tempo envolvido, repetição do processo, indenizações pagas, não atendimento imediato do solicitante da vaga, reflexos nas equipes nas quais se colocou o contratado, desperdício do investimento no processo de integração e de treinamento do novo funcionário, perda de candidatos melhores que podem ter aparecido no processo, entre outros. 1.3.8 - Avaliação do processo de recrutamento De acordo com Chiavenato (2014, p.110-113), os resultados de um recrutamento podem ser medidos em duas dimensões: na qualitativa, que considera a agregação de valor à organização e às pessoas e, na quantitativa, que avalia a quantidade de candidatos recrutados, pois quanto maior o número de candidatos influenciados, melhor. O importante, então, é uma boa triagem que leve bons candidatos para o passo seguinte, o da seleção. Esse autor expressa essa avaliação pela imagem do funil do processo, considerando as dimensões descritas acima: Pirâmide do processo de recrutamento CHIAVENATO, I. – Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações – 3ª. edição, Rio de Janeiro, Elsevier, 2008, p. 125 Mas, há outros indicadores de resultados para o recrutamento que podem dizer coisas mais significativas sobre o processo, como por exemplo: número de cargos preenchidos num determinado período, tempo de resposta para atendimento de vagas solicitadas, custo unitário por vaga recrutada, número de demissões possivelmente relacionadas com o processo de recrutamento. Da mesma forma, o número de promoções de empregados confirma um bom recrutamento feito. E, talvez, o parâmetro mais significativo seja a satisfação das áreas clientes atendidas, tanto das lideranças requisitantes quanto dos funcionários admitidos. 1.4 – Seleção de pessoal De acordo com o que já foi apresentado, a partir da necessidade de pessoas competentes que a organização tem para suprir suas vagas, o processo de recrutamento e seleção tem como missão colocar nessas vagas os profissionais mais competentes possíveis. Chiavenato (2014, p.118) afirma bem diretamente que a seleção é o “processo de escolher o melhor candidato para o cargo”. Marras (2009, p.49), define o processo geral de R&S: “o subsistema de Recrutamento & Seleção é responsável pela: a) captação e triagem de profissionais no mercado e, b) seleção e encaminhamento de profissionais para a empresa”. Particulariza o processo de seleção, dizendo que a “Seleção de pessoal é uma atividade de responsabilidade doo sistema de ARH (Administração de Recursos Humanos) que tem por finalidade escolher, sob metodologia específica, candidatos a emprego recebidos pelo setor de recrutamento, para o atendimento das necessidades internas da empresa”. (MARRAS, 2009, p.65). Então, com base nessas afirmações, pode-se inferir uma definição genérica para o binômio recrutamento-seleção: é o processo de atrair, captar e escolher pessoas para ocupação de alguma vaga na organização. Apenas para não ficarmos em cima de um único autor, vejamos mais algumas definições para esses dois processos: Outros autores, como Araújo e Garcia confirmam essa visão integrada desses processos que ora são apresentados, dizendo que Recrutamento e seleção são atividades que estão plenamente interligadas, andam sempre lado a lado e fica difícil fazer uma separação entre elas, embora curiosamente se refiram a resultados finais distintos. Dessa forma, você não deve estranhar quando se deparar com a sigla R&S (recrutamento e seleção) no decorrer do texto, pois, apesar de esta não ter sido amplamente divulgada, apode facilitar o processo de aprendizado sua utilização, assim como T&T, para o treinamento e desenvolvimento. (ARAUJO e GARCIA, 2009, p.15). Esses mesmos autores reafirmam a posição de outros estudiosos, como Dutra (2002), em fundir recrutamento e seleção num único processo assim como o fazem também para treinamento e desenvolvimento e aproveitam para apresentar algumas definições. Citam, também, MILKOVICH e BOUDREAU (2000) que afirmam ser o recrutamento um “processo de identificação e atração de um grupo de candidatos, entre os quais serão escolhidos alguns para posteriormente serem contratados para o emprego” (2009, P.15), completando com a afirmação de CHIAVENATO (1997) de que “a função do recrutamento é abastecer adequadamente o processo de seleção” (2009, p.15). Regina (2012, p.35) nos apresenta o seguinte: Como o próprio nome diz selecionar é escolher. Assim, o processo de seleção consiste em escolher o (s) melhor (es) candidato (s), a partir do conjunto de pessoas resultante do recrutamento. Os conteúdos aqui apresentados estão baseados em adaptação do texto de CHIAVENATO (2008). A seleção é um processo de comparação, onde as condições apresentadas pelo candidato (CHA do candidato) são comparadas com os requisitos do cargo a ser preenchido (CHA do cargo). Dessa comparação resultam três possibilidades: 1) o perfil do candidato é menor do que o exigido; 2) os perfis do candidato e do cargo são iguais e, 3) o candidato tem um perfil maior que o exigido pelo cargo. Cada uma dessas possibilidades vai gerar decisões compatíveis pela seleção, principalmente quando estiverem envolvidos mais de um candidato. Em outro trabalho, Regina (2010, p.86), complementa: Operacionalmente, o CHA caracteriza o conceito de competência, a ser utilizado em todos os processos do Critério Pessoas da FNQ (Sistemas de Trabalho, Capacitação e Desenvolvimento e, Qualidade de Vida): no recrutamento e seleção, na estruturação dos cargos, na remuneração e reconhecimento, na avaliação de desempenho, na capacitação e desenvolvimento, etc.: Competência: mobilização de conhecimentos (saber), habilidades (fazer) e atitudes (querer) necessários ao desempenho de atividades ou funções, segundo os padrões de qualidade e produtividade requeridos pela natureza do trabalho. (IPEG/PPQG – 2008, p.62-63) A seleção também é um processo de decisão, quando o resultado da comparação mostra vários candidatos praticamente nas mesmas condições. Nesse caso, caberá ao órgão requisitante do preenchimento da vaga decidir, dentre os “selecionados”, qual(is) o(s) que melhor se adéque (m) aos seus interesses. Para que o processo seletivo seja eficiente e eficaz, é preciso que os dois lados da moeda, ou seja, aquilo que o cargo exige dos ocupantes (requisitos do cargo) e as condições que cada candidato apresente sejam adequadamente dominados pelo órgão que está realizando a seleção. A especificação dos requisitos do cargo, segundo Regina (2012, p. 35) pode ser determinada por vários meios, tais como: 1) uma descrição e análise adequadas do cargo; 2) uma requisição que contenha com a maior clareza possível quais os aspectos desejáveis do candidato para ocupara vaga; 3) um levantamento no mercado das características fundamentais do cargo; 4) uma relação de características desejáveis e indesejáveis relacionadas com o cargo e, 5) uma projeção do que o ocupante do cargo deverá realizar. Para esse mesmo autor, as organizações que possuem órgão de recrutamento e seleção normalmente têm esses requisitos montados em fichas de especificação de cargos, que podem compor o que se denomina manual profissiográfico, que direciona o trabalho de seleção. 1.4.1 - Técnicas de seleção A especificação das condições do candidato deverá ser promovida por meio de procedimentos e técnicas adequados que permitam essa verificação. De acordo com Chiavenato (2008, p. 144-158), as mais usualmente utilizadas são: entrevista de seleção provas de conhecimento testes psicológicos testes de personalidade técnicas de simulação outros testes - grafologia Entrevista de seleção A entrevista de seleção é diferente da entrevista utilizada no recrutamento, uma vez que vai explorar aspectos que o processo anterior ainda não detinha. A entrevista é a técnica mais comumente disseminada para seleção de pessoas. Em princípio, qualquer pessoa da organização pode realizar (conduzir) uma entrevista, que pode ser classificada em quatro categorias: 1) padronizada quanto a perguntas e respostas; 2) padronizada apenas quanto a perguntas; 3) diretiva ou padronizadas apenas quanto a respostas e, 4) totalmente livre. Saber criar um protocolo ou roteiro de entrevista é trabalhoso, mas saber aplica- la exige alguma arte (que de resto, se aprende!). Assim, apenas um profissional experimentado poderá retirar dessa ferramenta toda a potencialidade que ela permite explorar. Por ser uma oportunidade de ficar frente a frente com o candidato, na entrevista muitos aspectos poderão ser trabalhados no sentido de garantir a perfeita adequação do mesmo à vaga procurada. Na verdade, bons entrevistadores são praticamente “detetives” que conseguem encontrar detalhes importantes para perceber melhor o candidato e captar indicadores reais de suas potencialidades que poderão ser explorados em outras situações, como a dos testes. Para mapear esses aspectos existem alguns instrumentos de pesquisa, do tipo testes de perfil comportamental, a serem indicados mais à frente. Apesar de sua aplicação ser muito ampla, de ser muito poderosa nas mãos de quem sabe trabalhar com ela, também há o “lado B” da técnica, pois também apresenta além das vantagens, algumas desvantagens. Vantagens: como é realizada na presença do respondente, permite verificar reações, posturas e comportamentos, que dificilmente seriam observados por outros meios. Desvantagens: por se tratar de um exercício de comunicação, envolve todos os problemas relacionados com o processo de comunicação humana (ruídos e barreiras sempre presentes no processo); exige atenção e dedicação de ambos os participantes; permite a subjetividade do entrevistador e seus consequentes erros e distorções; permitem resultados ruins pois algumas pessoas não se saem bem em entrevistas, por razões pessoais; difícil de se estabelecer comparações entre resultados de entrevistas diferentes; exige rigorosa preparação do entrevistador, quanto ao domínio do processo e também quanto ao conhecimento dos requisitos do cargo a ser preenchido. SAIBA MAIS Explore vários exemplos de como montar uma entrevista de seleção. Entre no Google e digite “como montar uma entrevista de seleção” e escolha o link que quiser para explorar. As possibilidades são inúmeras. Da mesma maneira veja exemplos de como conduzir uma entrevista de seleção e Também, veja como se sair bem numa entrevista de emprego Provas de conhecimento Estes testes medem capacidade do candidato. Em geral são testes que medem o quanto o candidato conhece ou domina aspectos que interessam ao cargo. Tais aspectos podem ser mensurados por meio de provas escritas, orais ou ainda provas práticas. Tais provas podem ser abrangentes (cultura geral, generalidades) ou específicas (conhecimentos diretamente relacionados com o exercício do cargo). Estes testes, também recebem o nome de testes situacionais e, numa fase oportuna do processo seletivo, podem (e até devem) ser aplicados por alguém do órgão requisitante da vaga. De qualquer forma, a responsabilidade por indicar quais os itens importantes a serem explorados num teste dessa natureza tem como principal responsável o “dono” da vaga. Podem ser desenvolvidos testes específicos e dirigidos para tal ou qual candidato, conjuntamente pela área de seleção e pelo requisitante da vaga. Testes psicológicos Material de domínio e de uso exclusivo de profissionais psicólogos. Enquanto os testes de conhecimento medem a capacidade atual do candidato, os testes psicométricos medem as aptidões individuais. A capacidade pode ser entendida como uma habilidade adquirida para realizar algo, real e detectada num determinado momento e que pode ser modificada com o tempo. A aptidão é algo que cada pessoa traz consigo de modo natural, é uma predisposição para realizar alguma tarefa ou trabalho, constituindo-se em potencial latente e permanente para cada pessoa. O manual profissiográfico, já citado, traz a relação que deve existir entre cada requisito do cargo a ser verificado no candidato e os respectivos testes que podem/devem ser aplicados para essa aferição. Chiavenato (2008) explica que estes testes apresentam três características que as entrevistas e as provas tradicionais não têm: 1) são preditores, ou seja, servem para fazer prognósticos do desempenho do candidato no cargo; 2) têm validade, isto é, garantem que se está medindo um critério relevante para a avaliação do candidato e, 3) apresentam precisão, o que significa consistência na mensuração e ausência de discrepâncias na medida. A bateria mais conhecida e utilizada para aferição de aptidões é o Teste Multifatorial de Thurstone, que explora o Fator G (inteligência geral) que integra a investigação de várias aptidões, a saber: verbal, fluência verbal, numérica, espacial, memória associativa, perceptiva e raciocínio abstrato (Chiavenato, 2008, p.152-154). O resultado da aplicação dessa bateria gera um laudo com pontuações para cada aptidão e fecha um quadro onde aparecem as aptidões e seus resultados correspondentes. Em princípio, cada cargo da organização exigiria uma certa pontuação em cada uma das aptidões mensuradas. A respeito do conceito de inteligência, Chiavenato (2014, p.137-138) ainda coloca o modelo de múltiplas inteligências, de autoria de Gardner, no qual esse estudioso propõe que não existe apenas única inteligência, mas várias. São elas: inteligência lógico-matemática; verbal ou comunicativo-linguística; musical; espacial; corporal-cinestésica; interpessoal e, intrapessoal. Mais recentemente Gardner acrescentou mais duas inteligências à essa lista: a pictográfica e a naturalista ou existencialista. Testes de personalidade Como tratam de psicodiagnósticos, os testes de personalidade são, também, de domínio e uso exclusivo de psicólogos. Revelam certos aspectos das características do candidato, tais como caráter (que são traços adquiridos pela pessoa) e temperamento (que são aspectos inatos). A pesquisa desses aspectos tem muito a ver com os requisitos que certos cargos determinam para seus ocupantes. Alguns dos testes mais aplicados são o Zulliger, PMK, TAT, da árvore e da figura humana. (Chiavenato, 2008, 155-156). Existem muitos modelos e consequentes abordagens diferentes para o tema personalidade. Segundo Robbins (2005, p.81), existe o modelo de personalidade dos cinco fatores, o “Big Five”, desenvolvido e estado por John Bearden, que mostra que as cinco dimensões apresentadas pelo modelo guardam importantes relaçõesentre elas e o desempenho no trabalho, num amplo espectro de profissionais liberais e inclusive de operários com ou sem qualificação. As cinco dimensões do Big Five são: 1. extroversão: nível de conforto de alguém com seus relacionamentos 2. amabilidade: propensão de alguém em acatar ideias dos outros 3. consciência: revelam o nível de confiabilidade de alguém 4. estabilidade emocional: capacidade de uma pessoa enfrentar o estresse e, 5. abertura para experiências: revela o interesse de alguém por novidades Inúmeras pesquisas recentes indicam que essas cinco dimensões básicas sustentam as variações mais significativas da personalidade humana. Portanto, um instrumento para lideranças poderem trabalhar com sua própria personalidade e com as das suas equipes. Técnicas de simulação São basicamente técnicas de dinâmica de grupo, nas quais os candidatos não são avaliados apenas individualmente, mas num contexto dramático. Nelas, os participantes são convidados a enfrentar situações simuladas, muito próximas das da vida real, onde problemas e situações são propostos e cada um põe em ação os papéis que lhe são mais característicos. Tais técnicas devem ser conduzidas por especialistas habilitados. Outros testes Grafologia: Trata-se um tipo de investigação que muitos psicólogos não aceitam, enquanto outros profissionais são entusiastas do mesmo, garantindo sua eficácia nos processos de seleção. É um conhecimento que é liberado para qualquer pessoa que queira conhecer o assunto. De acordo com Guss de Lucca(SD), para a grafóloga Luciana Boschi, a ferramenta pode sim minimizar equívocos de uma contratação indevida. Segundo essa profissional, “A grafologia é um estudo da personalidade através da escrita. Ela observa e tenta buscar traços de comportamento, caráter, competências – não é uma formação, mas uma especialização, um trabalho que se presta a diversas áreas”. Profissional formada em psicologia e trabalha faz 20 anos fazendo uso da grafologia. Entre os serviços prestados por Luciana o destaque é a avaliação da escrita para cargos em empresas. “O objetivo é minimizar o erro. Não existe ferramenta que me dê 100% de garantia, que não vá haver nenhuma falha, mas acho que a grafologia é a que mais se aproxima. Complemente: As empresas buscam isso pra complementar o processo seletivo”. SAIBA MAIS Depoimentos e informações sobre escolas de formação em grafologia Veja a matéria “Você sabe o que é grafologia?” Disponível em: https://www.vagas.com.br/profissoes/carreiras/grafologia/voce-sabe-o- que-e-grafologia/ Guss de Lucca – sem data de publicação acesso em 05.05.2019 Um processo seletivo adequado combina de modo eficiente essas técnicas apresentadas até aqui, procurando não só ser o mais econômico possível, mas também oferecer a melhor resposta, ou seja, a indicação do melhor candidato para ocupação da vaga oferecida, no menor tempo de resposta. SAIBA MAIS Veja a matéria “Conheça 7 ferramentas de recrutamento e seleção para contratar os profissionais certos”. Disponível em https://blog.solides.com.br/7-melhores-ferramentas-de- recrutamento-e-selecao/ SOLIDES – publicação 14.03.2019 Acesso em 10.05.2019 https://blog.solides.com.br/7-melhores-ferramentas-de-recrutamento-e-selecao/ https://blog.solides.com.br/7-melhores-ferramentas-de-recrutamento-e-selecao/ 1.4.2 - Seleção por competências Conforme apresentado acima, no início deste item 1.4, o processo de seleção sempre trabalhou para aferir o perfil de competência dos candidatos advindos do recrutamento, comparando o seu CHA com o CHA do cargo requisitado, Porém, com a evolução das práticas, as formas de fazer isso foram evoluindo. Uma prática se destacou e recebeu o nome de seleção por competências. Regina (2010) cita BRUNO (2005), que em estudo revisando o assunto seleção, especifica o seu foco para competências, afirmando que DAVID MCCLELLAND publicou, em 1973, um importante artigo, “Selecionando por competências e não pelo QI ”no qual se mostrava interessado em identificar padrões de comportamento de pessoas com sucesso na vida prática, do trabalho, pois via uma baixa correlação entre o QI e as pessoas de alto desempenho. Diz Bruno: “O que MacClelland traz à tona é que a compreensão dos padrões de sucesso de alguém não se dá pelo “visível” do comportamento, e sim pelo que “está por detrás dele (...) a mudança aponta para a necessidade de redefinição dos indicadores de sucesso para o que ele passa a chamar de competências, e o processo avaliativo precisa ser um processo dinâmico, de interação com a pessoa, um processo que capte as pessoas “em ação”. Só então entenderemos o que as pessoas fazem e porque o fazem. Só então entenderemos quais são os recursos que elas usam para obter bons resultados. As ideias de MacClelland sobre competências vêm acompanhadas de um procedimento avaliativo denominado “behavioral event interview” (entrevista por eventos comportamentais). “Avaliar por competências torna-se um procedimento muito difundido em consultorias de seleção no final dos anos 70 e anos 80. Durante os anos 80 o impacto do modelo de competências dentro das organizações não foi significativo. As empresas desenvolviam suas avaliações focando o perfil de funções, definindo o perfil das pessoas com base nos conhecimentos, nas habilidades e nas atitudes (“CHA”) requeridos. Cada departamento do “CHA” possuía suas técnicas de avaliação. Dinâmicas de grupo e provas situacionais tiveram seu auge nesse período (refiro-me ao Brasil). Paralelamente, instrumentos de personalidade e inteligência continuaram (e continuam) a ser utilizados”. “A partir dos anos 90, Hamel e Prahalad (1995) introduzem o conceito de core competences no âmbito dos negócios. As organizações, para serem bem-sucedidas e competirem pelo futuro, precisam focar aquilo que consideram como essencial e vital. As core competences passam a canalizar todas as preocupações da gestão. O mercado observa uma consolidação das tendências de terceirização. As empresas querem livrar-se daquilo que não consideram como suas competências. Esse modelo de gestão do negócio com foco em competência faz com que se passe a buscar também as competências das pessoas. E, agora, a atividade de recursos humanos engaja-se, empurrada “de cima” pela gestão estratégica, buscando modelos de competências que possam dialogar com uma mesma linguagem na gestão de pessoas”. “Do ponto de vista da seleção, o foco está nas competências das pessoas. Contudo, esse olhar para as pessoas não pode estar desprovido de uma clara visão do negócio”. (BRUNO, 2005, apud REGINA, 2010, p.89-90) O mesmo BRUNO (2005, p.79) cita GUION que assim define competência: “... é uma característica subjacente de uma pessoa e que resulta num desempenho eficiente ou superior numa função ou trabalho”. (BRUNO, 2005, apud REGINA, 2010, p.89-90). Continua Bruno: LUCIA e LEPSINGER dizem que competência é “um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes, inter-relacionados, que afeta a maior parte do trabalho (função ou responsabilidade) e que se correlaciona com a performance naquele trabalho, e que pode ser medido contra um padrão aceito (...) e que pode ser melhorado através de treinamento e desenvolvimento”. [...] Dessa maneira, entende-se que competências são aspectos subjacentes (que estão por baixo, implícitos) à conduta. É preciso, portanto, termos acesso às competências, esses aspectos que estão “por trás” do comportamento. (BRUNO, 2005, apud REGINA, 2010, p.89-90) Isso remete à imagem do iceberg, que simboliza essas duas porções das competências em questão: o que se vê e o que está por baixo, oculto, sustentando esse visível. BRUNO, Marcos Luiz - Selecionar por competências - in Gestão de RH por competências e empregabilidade , p. 75- 104 – organizado por AguinaldoNéri – Campinas, SP, Editora Papirus, 2005 Ainda de acordo com Regina (2010, p.91), a pesquisa dessas porções do iceberg permite que se realize, segundo LUCIA e LEPSINGER (apud BRUNO 2005, P.86), um plano de seleção por competências que trará sempre os seguintes benefícios para a gestão de pessoas: Ter um quadro completo dos requerimentos do trabalho Focar a atenção em pessoas efetivamente trarão maior probabilidade de sucesso no trabalho Haver um certo “desinvestimento” naquelas pessoas que não atendem aos requerimentos da companhia Assegurar um processo de entrevista sistemático e profundo Ajudar a distinguir dentre as competências, aquelas que são mais treináveis daquelas mais difíceis de se desenvolver. Em seu artigo, BISPO (2003, apud Regina, 2010, p.91) apresenta comentários da profissional MARIA ODETE RABAGLIO sobre uma nova abordagem para o processo seletivo nas organizações: a seleção por competências. Segundo o artigo, RABAGLIO, autora da obra “Seleção por Competências” identifica “muitas vantagens nesse tipo de seleção. Dentre elas: o fato desta seleção ser realizada com maior foco e objetividade através de uma ferramenta consistente e de fácil utilização; mais consistência na identificação de comportamentos específicos relevantes para a vaga; maior facilidade de avaliação de desempenho futuro; boa probabilidade de adequação do profissional à empresa e à atividade a ser desempenhada; Turnover mais baixo e aumento de produtividade; fortalecimento da parceria entre a área de seleção e a área requisitante; aumento da credibilidade da área de seleção para os clientes internos e externos, dentre outras. A respeito de como selecionar por competências (habilidades comportamentais) com maior assertividade, muitas consultorias do mercado desenvolveram algumas práticas interessantes para de se conhecer. Sugerimos, nos quadros “SAIBA MAIS”, abaixo, algumas pesquisas para enriquecer o assunto: SAIBA MAIS A respeito de perfis de comportamentais (habilidades comportamentais): “Contrata-se pelo currículo, demite-se pelo comportamento” EBOOK GRATUITO, disponível em http://materiais.rhportal.com.br/mofu-contrata-pelo-curriculo-demite- pelo-comportamento acesso em 09.05.2019 SAIBA MAIS A respeito de perfis de comportamentais (habilidades comportamentais) baixe o ebook gratuito chamado: “Como contratar a pessoa certa para uma vaga?” Disponível em https://blog.solides.com.br/7-melhores-ferramentas-de-recrutamento-e- selecao/ acesso em 95.05.2019 SAIBA MAIS A respeito de “Recrutamento e seleção comportamental: como contratar a pessoa certa” ou Como fazer o recrutamento e seleção com a gestão comportamental, veja o webinar “Recrutamento e seleção”: Disponível em https://pt-br.eventials.com/solides/recrutamento-e-selecao/ Por Isabella Furbino e Amanda Oliveira Gravado em 24 de Julho de 2018 às 15:00 - acesso em 09.05.2019 As organizações se interessam, hoje, por selecionar e procurar manter pessoas com o melhor perfil de competências possível Vale ressaltar que, do lado do candidato, é preciso que este cultive sua empregabilidade, ou seja, uma condição pessoal definida pelo desenvolvimento contínuo da sua competência profissional, por meio da aprendizagem contínua. 1.4.3 - Etapas para o processo seletivo (Recrutamento e Seleção) Em tempo de recrutamento foram apresentadas 10 etapas para esse processo. Neste ponto do texto, fecha-se o processo de recrutamento e seleção, como um todo. Para Regina (2012, p.36), esse processo em sua totalidade pode ser resumido em seis passos, sendo que os dois primeiros se referem, sinteticamente, ao processo de recrutamento. A seleção fica, então, com os passos de 3 a 6, conforme abaixo. Assim, uma sequência para um processo seletivo completo, que poderia ser tida como “padrão”, envolveria as etapas do quadro abaixo, com as respectivas razões para rejeição em cada uma delas: . https://blog.solides.com.br/7-melhores-ferramentas-de-recrutamento-e-selecao/ https://blog.solides.com.br/7-melhores-ferramentas-de-recrutamento-e-selecao/ processos etapas razões para rejeição recrutamento 1-Solicitação de emprego pelo candidato. A rejeição neste passo se daria por qualificações insuficientes por parte do candidato. 2-Entrevista inicial de triagem. Aqui a rejeição dependerá da insuficiência do candidato quanto às suas habilidades e/ou conhecimentos seleção 3-Provas e testes de seleção. Descarte por baixos resultados. 4-Entrevistas. Reprovação por comportamentos/atitudes inadequados. 5-Exame médico. Não aceitação por comprovação de inabilidade física para o trabalho. 6-Análise e decisão final Não aprovação devida ao resultado geral do processo. Fonte: adaptado de CHIAVENATO, I. – Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações – 3ª. edição, Rio de Janeiro, Elsevier, 2008, p.158 Porém, é preciso ressaltar que tanto a definição dos requisitos necessários ao cargo, quanto à aprovação final do candidato disponibilizado pelo processo seletivo, são basicamente prerrogativas do órgão requisitante para a vaga. Nesse sentido, o órgão de Recrutamento e Seleção assume o papel fundamental de parceiro para toda a organização, desempenhando os papéis de orientador técnico e de consultor especializado na preparação e execução do processo de recrutamento e seleção, uma vez que cabe a cada Gerente da organização o seu start e a decisão final quanto ao mesmo. 1.4.4 - Possíveis problemas envolvidos na seleção e riscos possíveis, decorrentes do processo Sem medo de erros, pode-se colocar nestes dois itens os mesmos comentários que foram feitos para o processo de recrutamento 1.4.5 - Avaliação do processo de seleção Chiavenato (2014, p.143) informa que um número significativo de empresas se vale do quociente de seleção (QS) para mensurar os resultados do processo de colocação de pessoas. É a seguinte fórmula: O autor acrescenta que se trata de um cálculo pouco refinado, mas que dá indicativos interessantes, como por exemplo, permite perceber que quando o QS diminui significa que a eficiência e a seletividade do processo aumentam. Apresenta, também, a seguinte lista de resultados que o processo seletivo propicia para a organização: resultados do processo seletivo Fonte: CHIAVENATO, I. – Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações – 4ª. edição, SP, Barueri, MANOLE, 2014, p.143 Complementando, Chiavenato (2008, p.162), mostra as seguintes métricas que podem utilizadas na avaliação do processo seletivo: métricas para o processo seletivo Fonte: CHIAVENATO, I. – Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações – 3ª. edição, Rio de Janeiro, Elsevier, 2008, p.162 1.4.6 - O grande papel do processo seletivo O processo seletivo pode ser entendido como um dos guardiões da cultura organizacional, conforme resume Robbins (2005) no quadro a seguir: Processo seletivo e a cultura organizacional FONTE: ROBBINS, Stephen P. – Comportamento Organizacional – São Paulo, Editora Pearson Prentice Hall, 2005, p. 384-385) Essa ilustração de Robbins sintetiza “como uma cultura organizacional é estabelecida e sustentada. A cultura original deriva da filosofia do fundador da empresa. Isso por sua vez, influencia fortemente os critérios utilizados na contratação da força de trabalho. As ações dos dirigentes estabelecem o clima geral que define quais comportamentos são aceitáveis e quais não são. A maneira como os funcionários serão socializados dependerá tanto do sucesso obtido no processo de seleção, em relação à adequação entre os valores dos recém-chegados e os da organização, como dapreferência dos dirigentes quanto aos métodos de socialização.”. Robbins (2005, p.384-385) Concluindo: o processo seletivo precisa ser, além de ágil, profundamente atento aos os novos tempos para garantir o sucesso organizacional e desempenhar papel preponderante na sustentação da cultura organizacional. Nesse sentido é vital o desenvolvimento de uma adequada parceria do processo com todo o corpo gerencial, que deve participar dessa interação o mais intensamente possível, com delegação para decidir sinergicamente. Somente dessa maneira, o processo seletivo pode realmente desempenhar tal papel. NOTA Processo de socialização de pessoas Um processo importante, relacionado com a cultura organizacional e novos funcionários é o processo de socialização de pessoas. De acordo com o que mostra Robbins na figura acima (Processo seletivo e a cultura organizacional) a introdução de novas pessoas no corpo de funcionários de uma organização é extremamente importante e exige cuidados que garantam colocar essas novas pessoas o mais rapidamente possível em harmonia com a cultura organizacional. Para tanto, as organizações devem se preocupar em manter um processo de orientação para essas pessoas, que é um tipo particular de treinamento de ambientação. Por essa razão, será tratado na Unidade 2. 1.5 - Tendências para recrutamento e seleção O mundo está mudando, como sempre fez. Porém, a velocidade dessas mudanças aumentou vertiginosamente, potencializada pelos avanços da tecnologia! Estamos na era indústria 4.0, impulsionada pelas revoluções nos campos digital, da física e da biologia. Todas as organizações entram nessa dança! Schwab (2019, p.21) afirma: “a questão para todas as indústrias e empresas, sem exceção, não é mais ‘haverá ruptura em minha empresa?’, mas ‘quando ocorrerá a ruptura, quanto irá demorar e como afetará a mim e a minha organização?’” Dessa forma, nossas empresas e seus departamentos estão no foco e, junto com tudo, as GPs de todas as organizações. Então, os processos de Recrutamento e Seleção serão afetados, seguramente. Terão que rever e adaptar seus processos aos novos tempos. Algumas das tendências para o R&S, coletadasna internet, seguem abaixo: A empresa FOURSALES (2018), com base numa análise crítica do relatório “Global Recruiting Trends 2018“, publicado pelo LinkedIn, que teve origem em mais de 9 mil entrevistas com recrutadores e gestores de recrutamento para entender quais os tópicos que mais estão impactando https://news.linkedin.com/2018/1/global-recruiting-trends-2018 a forma de contratar profissionais, concluiu as seguintes tendências específicas para recrutamento: 1 – A diversidade de talentos 2- Novos métodos de entrevista 3 – Big data 4 – Inteligência artificial A empresa SOLIDES (2016), considera os dois processos em conjunto e anuncia oito tendências para recrutamento e seleção: 1. Criação de redes de contatos 2. Ferramentas de monitoramento online 3. Participação nas redes sociais 4. Recrutamento e seleção à distância 5. Aplicativos de recrutamento e seleção 6. Entrevistas por vídeo 7. Marketing como aliado do RH 8. Mapeamento comportamental A empresa SOU Educação e Talentos (2018) apresenta, como resultado de uma pesquisa significativa com 331 líderes corporativos, uma lista mais síntética porém mais atualizada, que referenda algumas das previsões da ampresa SOLIDES. Seua argumentos iniciais são os seguintes: Triagem automatizada de candidatos e softwares que analisam o tom da voz do profissional são algumas das tendências de recrutamento e seleção previstas para acontecer nos próximos anos. Dos sites para anúncios de vagas de emprego às soluções automatizadas, gestores de RH presenciaram, na última década, o advento de diversas ferramentas com potencial para revolucionar seu modo de trabalho. Continua afirmando: Diante de tantas opções, há quem escolha aderir às novidades e quem prefira se ater aos procedimentos mais tradicionais. No entanto, o uso dessas tecnologias em breve será obrigatório para as empresas que quiserem se manter ágeis e conectadas. Uma pesquisa realizada pela rede profissional LinkedIn ouviu 331líderes corporativos brasileiros da área de atração de talentos, de departamentos de RH de diversas empresas ao redor do país, e elencaram cinco tendências que devem transformar o setor de recrutamento nos próximos anos – três delas são pautadas pelo uso das novas tecnologias. As cinco previsões da pesquisa efetuada: 1 Seleção inteligente 2 Automação 3 Recrutamento online é uma tendência de recrutamento e seleção 4 De olho na missão 5 Avaliação de competências interpessoais. Deixamos para você a tarefa de pesquisar detalhes dessas previsões, nos links dessas três consultorias. Aí vão eles: SAIBA MAIS FOURSALES Veja a matéria “4 grandes tendências globais de recrutamento” Disponível em http://www.foursales.com.br/carreira/4-tendencias-globais- recrutamento/ Redação Foursales, publicação: 05.04.2018 Acesso em 09.05.2019 SAIBA MAIS SOLIDES Veja a matéria “8 novas tendências para recrutamento e seleção”. Disponível em https://blog.solides.com.br/tendencias-de-recrutamento-e-selecao/ SOLIDES - publicação: 17.06.2016 Acesso em 09.05.2019 SAIBA MAIS SOU EDUCAÇÃO E TALENTOS Veja a matéria “Recrutamento e Seleção: 5 tendências para 2020” Disponível em https://sou.com.br/recrutamento-e-selecao/ SOU Educação e Talentos, publicação: 17.04.2018 Acesso em 09.05.2019 Com isto, consideramos encerrada nossa apresentação desta Unidade. Bom estudo!!! http://www.foursales.com.br/carreira/4-tendencias-globais-recrutamento/ http://www.foursales.com.br/carreira/4-tendencias-globais-recrutamento/ https://sou.com.br/recrutamento-e-selecao/
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