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1 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA SEPI – PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO GESTÃO DO DESEMPENHO ORGANIZACIONAL Profª Elaine Mandotti São Paulo 2010 2 Planejamento e controle O objetivo deste texto é familiarizá-lo com os conceitos gerais de planejamento e controle. Por esta razão não esgotaremos o assunto nesse momento, já que você terá uma disciplina que envolve essa temática. Contudo, compreender os fundamentos do planejamento é de suma importância para o desempenho organizacional. Não é possível avaliar corretamente sem definir um objetivo previamente definido. As organizações se definem em torno de objetivos, suas atividades devem seguir uma ordem, um padrão, cabendo a seus gestores definir qual será o caminho a ser seguido, o qual levará aos objetivos da organização. O planejamento é a função da administração responsável pela definição dos objetivos da organização e pela concepção dos planos que integram e coordenam suas atividades. Apesar de sua importância, nem sempre as organizações formalizam seu planejamento em documentos por escrito. Muitas vezes, especialmente em pequenas organizações brasileiras, existe um planejamento informal, onde se caracterizam os objetivos. Os passos seguintes ao desenvolvimento do planejamento são: 1) Organizar: alocar e distribuir recursos para cumprir tarefas; 2) Liderar: dirigir os esforços e recursos humanos para assegurar altos níveis na realização de tarefas; e 3) Controlar: monitorar a realização das tarefas e adotar as ações corretivas necessárias. (SCHERMERHORN, 2007). Tipos de planos 3 Sobral e Peci (2008) descrevem com detalhes os tipos de planos. Segundo eles, o plano formal engloba a definição dos objetivos e dos planos. Os objetivos são configurados para que a organização tenha claro o que se deseja alcançar ou ser no futuro. Os planos são a tradução formal do planejamento em documentos que estabelecem objetivos, recursos, atividades a serem realizadas etc. Em termos de abrangência, os planos podem ser estratégicos, táticos ou operacionais, de acordo com o nível organizacional respectivo, conforme visto anteriormente. Os planos estratégicos envolvem a organização como um todo e são à base do plano tático e operacional. Os planos táticos desdobram o objetivo geral elaborado pelo plano estratégico, construindo quais são os principais objetivos e cursos necessários para a realização do plano estratégico. Já os planos operacionais identificam os procedimentos e processos específicos requeridos nos níveis operacionais da organização, que contribuirão para sustentar as atividades dos planos tático e estratégico. Em termos de horizonte temporal, os planos podem ser de longo, médio ou curto prazo. Desse modo, a diferença entre os três níveis do plano (estratégico, tático e operacional) está na dimensão temporal, pois os planos estratégicos normalmente são de longo prazo, os táticos de médio prazo e o operacional de curto prazo. No que se refere à especificidade, os planos podem ser gerais ou específicos. O que importa nos planos gerais são os objetivos e não os meios que serão desenhados para alcançá-los. E nos objetivos específicos devem estar claros os processos, definindo como, quando e o quê deverá ser desenvolvido para o alcance do objetivo geral. Os planos gerais normalmente definem o plano estratégico e os planos específicos são mais permanentes, com pouca possibilidade de mudança ou inovação, e definem os planos táticos e operacionais. Os planos podem ser definidos como permanentes ou temporários. Os permanentes são usados em situações predefinidas e se referem a tarefas desempenhadas rotineiramente em uma organização, por exemplo, procedimentos, normas, rotinas que detalham as atividades operacionais. Os planos temporários se extinguem quando os objetivos que os sustentam são realizados. Por exemplo, cronograma, projeto, programa ou orçamento (SOBRAL; PECI, 2008). Controle e desempenho organizacional Da mesma forma que é importante planejar, controlar para a mensuração do desempenho, gerando ações para assegurar os resultados desejados, é fundamental. Schermerhorn (2007) afirma que o que alimenta o controle são informações presentes em todas as etapas do planejamento. O objetivo do controle é assegurar o desempenho de pessoas e grupos conforme o planejamento. Para o processo de controle, é importante desenvolver os seguintes passos: 4 1) Estabelecer objetivos e padrões: o processo de controle começa com o planejamento, como já apresentado. Este é formado com claros objetivos a serem alcançados e, além disso, padrões para medi-los também devem ser definidos. Os padrões de output (ou de saída) medem os resultados de desempenho em termos de quantidade, qualidade, custo ou tempo de trabalho realizado, por exemplo: porcentagem de erro, desvios dos gastos definidos no orçamento e número de unidades produzidas ou de clientes atendidos em um determinado tempo. Já os padrões de input (ou de entrada) medem os esforços em termos do volume de trabalho gasto no desempenho da tarefa, por exemplo: conformidade e regras de procedimentos, eficiência no uso dos recursos e presença no trabalho ou pontualidade. 2) Medir o Desempenho Atual: o segundo passo no processo de controle é medir o desempenho atual. A meta é medir com precisão os resultados de desempenho (padrões de output) e/ou esforços de desempenho (padrões de input). A medição deve ser precisa o suficiente para identificar diferenças significativas entre o que está realmente acontecendo e o que foi originalmente planejado. 3) Comparar os resultados com os objetivos e padrões: no processo de controle é importante comparar os objetivos com os resultados. Essa comparação pode ser expressa pela seguinte equação: Necessidade de ação = desempenho desejado – desempenho real. Muitas vezes, o gerente faz uso de uma comparação histórica, com base no desempenho passado. 4) Executar ações corretivas: o passo final no processo de controle é executar ações necessárias para corrigir problemas ou fazer melhorias. Se vários problemas e oportunidades são diagnosticados simultaneamente, é natural que as ações imediatas contemplem os problemas que oferecerem maior risco ao planejamento e à organização. Por outro lado, quando oportunidades se apresentarem diante de um desempenho positivo da organização, elas precisam ser avaliadas para que o nível elevado permaneça e a empresa continue se destacando no mercado. Tipos de controle Os três mais difundidos tipos de controle são: 1) Controle de feedforward: também chamado de controles preliminares, pois ocorrem antes do início da atividade. Devem assegurar que os objetivos estejam claros, que tenham sido definidas instruções adequadas e que os recursos corretos estejam disponíveis 5 para o cumprimento dos objetivos. A meta deste tipo de controle é resolver problemas antes que eles ocorram. No McDonald’s, o controle preliminar dos ingredientes dos alimentos tem um papel importante no programa de qualidade da empresa. A companhia exige que os fornecedores de seus pães de hambúrguer produzam de acordo com especificações exatas, que envolvem detalhes que vão desde a textura à uniformidade da cor. Em cada parte do mundo, o McDonald’s desenvolve fornecedores locais que apresentem as mesmas características a fim de manter o nível da qualidade. 2) Controles concomitantes: tem seu foco no que acontece durante o processo de trabalho. Também conhecido como controles de direção. Eles asseguram que as coisas sejam feitas de acordo com o plano. O objetivo para esse tipo de controle é resolver problemas enquanto eles ocorrem. No McDonald’s, os líderes de turno providenciam o controle concomitante por meio da supervisão direta. Eles observamsempre o que está ocorrendo, mesmo quando auxiliam o trabalho. Eles recebem treinamento para intervir imediatamente quando tudo não estiver saindo como o planejado, corrigindo na mesma hora. 3) Controles de feedback: os controles de feedback são também conhecidos como controles pós-ação. Ocorrem após a realização do trabalho. O objetivo é avaliar a qualidade dos resultados finais. Desse modo, o problema é detectado quando já ocorreu. Com esse controle, podem ser evitados problemas futuros. Controle de Feedforward Assegura que as instruções corretas estejam disponíveis e que as entradas corretas de recursos estejam disponíveis. Inputs do trabalho Outputs do trabalho Processamento do trabalho Resolvam problemas enquanto eles ocorrem. Resolvam problemas após eles terem ocorrido. Resolvam problemas antes que eles ocorram. Controle Concomitante Assegura que as coisas certas estejam sendo feitas como parte das operações do fluxo de trabalho. O que é preciso fazer antes de iniciarmos? O que podemos fazer para melhorar as coisas neste exato momento? Como foi que nos saímos? Controle de Feedback Assegura que os resultados finais estejam de acordo com os padrões desejados. Controle de Feedforward Assegura que as instruções corretas estejam disponíveis e que as entradas corretas de recursos estejam disponíveis. Inputs do trabalho Outputs do trabalho Processamento do trabalho Resolvam problemas enquanto eles ocorrem. Resolvam problemas após eles terem ocorrido. Resolvam problemas antes que eles ocorram. Controle Concomitante Assegura que as coisas certas estejam sendo feitas como parte das operações do fluxo de trabalho. O que é preciso fazer antes de iniciarmos? O que podemos fazer para melhorar as coisas neste exato momento? Como foi que nos saímos? Controle de Feedback Assegura que os resultados finais estejam de acordo com os padrões desejados. 6 Controles internos e externos Os gestores dispõem de duas opções de controle: interno e externo. O controle interno permite que indivíduos e grupos motivados exercitem a autodisciplina no cumprimento das expectativas da função. Já o controle externo ocorre por meio da supervisão pessoal pelo uso de sistemas administrativos formais. O controle eficaz normalmente envolve a combinação de ambos. Controle organizacional As organizações se beneficiam do uso de controles abrangentes e sistemáticos. Entre as abordagens, estão a gestão por objetivos, sistemas de disciplina funcional, informação e análise financeira, análise de break-even ou ponto de equilíbrio e técnicas de gerenciamento e operações. Dentre as formas de controle organizacional mais difundidas estão: Gestão por objetivos (que será mais detalhada no próximo tópico), em que toda a organização é avaliada a fim de se observar o empenho para o cumprimento dos objetivos do planejamento da organização. Performance dos colaboradores – todo o comportamento do colaborador no ambiente organizacional, tais como: conhecimento, pontualidade, condutas em conformidade com a cultura organizacional. Informações e controle financeiro – os gestores precisam estar aptos a entender alguns meios a fim de analisar o desempenho organizacional: liquidez (capacidade de gerar receita para pagar contas), alavancagem (capacidade de obter um rendimento maior do que o custo de empréstimo); administração de ativos (capacidade de utilizar recursos de modo eficiente e operar a um custo mínimo) e lucratividade (capacidade de gerar receitas maiores do que os custos). Análise do Ponto de Equilíbrio – método utilizado para manter o controle das operações da empresa. A premissa deste cálculo financeiro é saber se a receita de vendas é suficiente para cobrir os custos. Veja na equação abaixo: PE = CF / (P – CV) PE = Ponto de Equilíbrio CF = Custos fixos totais P = Preço CV = Custo Variável 7 Gestão do controle e de operações – a ênfase está na transformação eficiente dos inputs em outputs. São prioridades da gestão de operações o controle de compras, controle de estoques, controle estatístico da qualidade. Características de controle e desempenho O controle pode ser definido como administrar a execução para que as atividades ocorram dentro do planejado. Desse modo, o controle regula as atividades organizacionais e as torna consistentes em relação às expectativas estabelecidas no planejamento (MINTZBERG, 2003). O desempenho é o conjunto de resultados que a organização vai efetivando na medida em que suas atividades são executadas. Em síntese, é a definição dos resultados desejados no planejamento (CERTO; PETER, 2005). Segundo Lebas (1995), os processos de controle gerencial e processos de medição de desempenho são tão semelhantes que podem ser considerados inseparáveis, existindo entre eles um ciclo iterativo, em que o sistema de medição de desempenho atua como um facilitador da realização do controle gerencial que, por sua vez, fornece o contexto para o desenvolvimento e uso de tal sistema. Dessa forma, as necessidades de informações para a realização do controle e análise do desempenho organizacional devem orientar o projeto e o uso do sistema de medição de desempenho, especialmente no novo cenário competitivo mundial (MARTINS, 2002). Dentre os diversos propósitos do uso do sistema de medição de desempenho, elegemos o de Benh (2003): 1) Avaliação da organização: avaliar se a organização como um todo está melhorando o seu desempenho no longo prazo; 2) Controle de operações: estimular o comportamento dos empregados para a realização das ações necessárias; 3) Orientar a alocação de recursos financeiros em prioridades identificadas pela medição de desempenho; 4) Motivação: desenvolver metas que foquem a atenção das pessoas e promovam a busca de melhorias do processo e aprendizado organizacional; 5) Melhoria da imagem da organização: fornecer informações para o convencimento de partes interessadas de que a organização está atendendo a suas expectativas; 6) Reconhecimento: divulgar melhorias de desempenho obtidas como forma de reconhecimento e promoção; 7) Aprendizado: identificar as causas do desempenho obtido por e identificar mudanças necessárias nos padrões organizacionais; 8 8) Melhorias no processo: orientar a ação para a melhoria dos processos, obtida por meio das informações do sistema de medição de desempenho. Planejamento e Controle Integrados (MOB) Como vimos, foi Drucker quem introduziu o conceito de administração por objetivos. A gestão por objetivos é uma técnica bastante utilizada para planejamento e controles integrados. Trata-se de um processo estruturado de comunicação periódica, em que o supervisor/líder de equipe e os subordinados/membros da equipe definem juntos os objetivos de desempenho e analisam os resultados obtidos. Conforme Lupoli Jr. e Ângelo (2002), é importante a ideia de utilização dos objetivos como fator de motivação. As relações pessoais são fundamentais para a construção de uma linguagem comum nas organizações. Desse modo, deve ser desenvolvido um acordo entre as partes quanto a: 1) Objetivos de desempenho para um determinado período: devem ser descritos e o modo como serão estabelecidos irá influenciar o sucesso da gestão. Há três níveis de objetivos que podem ser especificados: A. Objetivos de melhoria – documentam as intenções para a melhoria do desempenho de uma forma específica. Por exemplo: reduzir em 10% a rejeição por problemas de qualidade. B. Objetivos de desenvolvimento pessoal – referem-se às atividades de crescimento pessoal e resultam em um maior conhecimento da função e ou das habilidades. Por exemplo: utilizar a última versão da planilha eletrônica. C. Objetivos de manutenção ou de desempenho – expressam as intenções de manter o desempenho em um determinadonível. Há quatro critérios para um bom objetivo de desempenho: específico (com o estabelecimento de metas), data definida, ser desafiador (sempre algo que possa ser alcançado), mensurável (o critério de medida deve ser específico e quantitativo tanto quanto for possível). 2) Planos por meio dos quais os objetivos serão atingidos. 3) Padrões para avaliar se foram atingidos ou não. 4) Procedimentos para analisar os resultados obtidos. Na GE, descrito por Jack Welch em 1940, um dos fatores-chave de sucesso foi a construção de áreas-chave de resultado, com um sistema de controle baseado em medidas e lucratividade, posição de mercado, produtividade, liderança de produto, desenvolvimento de pessoal, atitudes de empregados, responsabilidade pública e balanço entre objetivos de curto e longo prazo. 9 Modelo Performance Pyramid Trata-se de um modelo desenvolvido com base em um sistema de controle gerencial denominado Strategic Measurement Analysis and Reporting Technique – SMART (CROSS; LYNCH, 1989). Seu objetivo é estabelecer e administrar poucas medidas individuais de desempenho críticas para a estratégia, correlacionando-as às demais medidas individuais estabelecidas para os processos de negócio, em que cada função ou departamento deve buscar entender, gerenciar e melhorar os atributos de desempenho relativos às atividades que irão contribuir para a estratégia da organização como um todo. Na Performance Pyramid, destacam-se dois elementos organizacionais sobre os quais ela está fundamentalmente embasada: estratégia e processos. Nesse contexto, a estratégia é o meio capaz de promover um plano balanceado para o gerenciamento das expectativas dos clientes e o desempenho necessário para atendê-las, o que é considerado o fator fundamental de sucesso da organização (CROSS; LYNCH, 1989). Para garantir o desempenho necessário ao plano estratégico, o SMART impõe que os processos organizacionais sejam medidos e gerenciados. Para isto, o desdobramento de medidas de desempenho em departamentos não deve obedecer apenas à estrutura funcional por departamentos, mas também a existência dos processos essenciais da organização, tais como desenvolvimento de produtos, produção, marketing entre outros (CROSS; LYNCH, 1989). Na execução do desdobramento por processos, o modelo Performance Pyramid utiliza uma ferramenta denominada sistema de operação do negócio. Esta ferramenta desenha o mapeamento do fluxo de trabalho e aponta toda a cadeia de atividades necessárias para atender à expectativa dos clientes. Esta cadeia deve evidenciar todos os pontos de contato dos clientes com a organização e a relação de clientes-consumidores internos, de forma que cada departamento seja capaz de estabelecer suas medidas individuais de desempenho para atender às expectativas de seus clientes internos e/ou externos (CROSS; LYNCH, 1992). O sistema de operação de negócios (BOS) é o elemento central do modelo do Performance Pyramid, pois é por meio dele que surge o relacionamento da estratégia do negócio com a medição do desempenho das operações em todos os níveis organizacionais, mantendo a relação de causalidade vertical e horizontal do sistema de medição de desempenho (CROSS; LYNCH, 1992). 10 Fonte: GOESSLER, 2009, p. 25. Com base na pirâmide, podemos notar que, em seu primeiro nível, a visão do negócio é estabelecida pelos diretores corporativos, formando a base para o estabelecimento da estratégia, a escolha dos mercados em que a organização irá atuar e as bases de competitividade em cada um dos mercados (preço, customização, entrega etc.). No segundo nível, os objetivos para cada unidade de negócio são estabelecidos em termos de mercado e finanças e os planos estratégicos. Para atingir estes objetivos são então desenhadas, em conjunto com as medidas de desempenho, estratégias de curto e longo prazo. No terceiro nível, as dimensões estratégicas relacionadas à perspectiva de mercado são traduzidas em medidas de desempenho para eficácia na satisfação do cliente e as dimensões estratégicas relacionadas à perspectiva financeira em medidas de desempenho de produtividade e eficiência de recursos por meio dos BOS desenhado para cada um dos processos principais da organização. Medidas de desempenho de flexibilidade são estabelecidas para garantir que as mudanças em aspectos de demanda externa sejam prontamente respondidas sem promover a perda da eficiência dos processos internos da organização e eficácia no atendimento aos clientes. No quarto nível, as medidas de desempenho estabelecidas em termos de satisfação do cliente, flexibilidade e produtividade são, então, desdobradas em medidas de desempenho operacionais externas nas dimensões de qualidade e entrega, e em medidas de desempenho operacionais internas relacionadas nas dimensões de tempo de ciclo e custo. Finalmente, o SMART estabelece um sistema de revisão do desempenho integrado em todas as dimensões e em todos os níveis organizacionais, de forma que as tendências identificadas em qualquer dimensão em qualquer nível possam ser comunicadas hierarquicamente e horizontalmente (GOESSLER, 2009, p. 26). Modelo Balanced Scorecard (BSC) EFICÁCIA EXTERNA EFICIÊNCIA INTERNA 11 O Balanced Scorecard é o mais difundido dos modelos de gestão. Foi desenvolvido no início da década de 90 e a partir dele diversos modelos adaptados foram desenvolvidos. Segundo seus criadores, Kaplan e Norton (1992), a melhor definição para o BSC é a de um sistema de medição que proporciona uma visão abrangente do desempenho do negócio para os altos executivos, incluindo medidas financeiras que refletem o desempenho passado e suas conexões com medidas não-financeiras, as quais constituem-se nos direcionadores do desempenho futuro da organização. A partir das medidas de desempenho, surgem perspectivas que tendem a ajudar a responder a alguns questionamentos, sempre tendo como foco a visão estratégica, definindo objetivos, indicadores, alvos e iniciativas: • Perspectiva do cliente: como os clientes veem o negócio? • Perspectiva dos processos internos: o que precisa ser melhorado? • Perspectiva de inovação e aprendizado: é possível continuar melhorando e gerando valor no futuro? • Perspectiva financeira: como os acionistas veem o negócio? Perspectiva Pergunta-chave Objetivos Indicadores Alvo Iniciativas Financeira Se formos bem sucedidos, como cuidaremos de nossos acionistas? Cliente Como devo cuidar dos clientes? Interna Em que processos devo ser excelente? Aprendizado e crescimento Como a organização deve aprender a melhorar? Adaptado de Kaplan e Norton, 2000. A mudança de atenção do modelo da medição do desempenho para as perspectivas não financeiras, promovendo um balanceamento da atenção gerencial para outras dimensões do negócio, é atribuída à crescente competição baseada em ativos intangíveis que não são facilmente expressos por medidas de desempenho exclusivamente financeiras. Desse modo, o BSC é um modelo que procura descrever a estratégia de criação de valor por meio do estabelecimento de medidas de desempenho relativas aos ativos tangíveis e intangíveis da organização associadas aos respectivos objetivos e iniciativas (KAPLAN; NORTON, 1996). O BSC mantém as medidas financeiras de desempenho como indicadores de resultado organizacional (lagging indicators), porém as complementa com medidas de desempenho não-financeiras, que procurarão garantir o desempenho financeiro futuro (leading indicators). Esse modelo visa a 12 direcionar o foco dos gestores para o planejamento do futuro da organização, com o objetivo de traduzir o planejamento estratégico em um conjunto de medidas de desempenho com características de monitoramento de longo prazo. Este direcionamento pretende proporcionar a introdução de mudanças nas atividades organizacionais em busca de melhoriasde desempenho em termos de produto, processos, clientes e desenvolvimento de mercado. (KAPLAN; NORTON, 1996). As medidas de controle operacionais presentes nos processos da organização são fontes dessas medidas de desempenho de longo prazo, que são selecionadas de acordo com a estratégia para compor o BSC e determinar o foco da atenção gerencial para os esforços de mudanças. Desse modo, o BSC é um modelo com ênfase na abordagem de implantação da estratégia, indo além da proposta de sistema de medição de desempenho para o qual ele foi originalmente concebido (KAPLAN; NORTON, 2001). Atualmente, o modelo do BSC vem sofrendo alterações com o propósito de alinhar diversos elementos da organização para a execução do plano estratégico com sucesso sem, no entanto, provocar rupturas significativas em instrumentos como elaboração do orçamento, sistema de recompensa, sistemas de informações, cultura e estrutura organizacionais (KAPLAN; NORTON, 2006). Desta forma, a aplicação do BSC deve ser orientada para a medição do desempenho estratégico e execução do plano estratégico atuando apenas nos sistemas e mantendo a estrutura existente na organização. Modelo Integrated Performance Measurament System Modelo criado por Bititci et al. (1997) tem como objetivo central o de propiciar a construção de um sistema de medição de desempenho baseado na análise integrada, proveniente dos diversos sistemas de informação existentes na organização. A ideia de criar esse modelo surgiu da identificação da carência entre os modelos existentes e as demandas dos processos de gestão gerando diversos conflitos. Dessa forma, o Integrated Performance Measurement Systems liga os diversos sistemas de informação da organização e os processos de gestão, sendo um elemento integrador das informações relevantes dos diversos sistemas operacionais, bem como promover o correto desdobramento dos objetivos estratégicos e táticos existentes nos diversos processos de gestão para os processos operacionais organizacionais. A estrutura e configuração do sistema de medição de desempenho são desenvolvidas a partir de dois pontos críticos, denominados pelos autores de integridade e desdobramento da medição de desempenho. A integridade do sistema de medição de desempenho está relacionada à habilidade dele em promover integração entre as várias áreas da 13 organização. Para este fim, esses mesmos autores utilizam a abordagem do Viable Systems Model (VSM), que considera que a viabilidade de qualquer sistema está relacionada à existência de cinco subsistemas: 1) Conjunto de medidas individuais de desempenho dos processos principais do negócio. 2) Sistema que coordena as atividades do subsistema um, representado pelos processos principais de negócio propriamente ditos. 3) Sistema de gerenciamento dos sistemas um e dois, responsável pelo estabelecimento de objetivos e metas por meio do processo de desdobramento. Esse subsistema pode ser visto como um meta- sistema, cujo principal objetivo é a implantação de mudanças para a melhoria do desempenho. 4) Sistema relacionado ao ambiente externo e à identificação de oportunidades de futuras mudanças para os subsistemas 1, 2 e 3. 5) Sistema Central ou sistema chefe, que determina a direção, políticas e estratégia para todo o meta-sistema formado pelos subsistemas 1, 2, 3, 4 e 5. Tal conjunto de sistemas, para se tornar viável dentro do modelo do VSM, é associado então aos conceitos de amplificação, tradução, atenuação e repetição. 1) A amplificação é o desdobramento de medidas de desempenho do nível estratégico para o nível operacional. 2) A tradução é o conceito de conversão das medidas de desempenho estratégicas em medidas de desempenho operacionais compreensíveis para os usuários dos diversos processos em todos os níveis. 3) A atenuação é o processo de retorno das informações das diversas medidas de desempenho existentes no nível operacional para as poucas medidas de desempenho críticas ao nível estratégico. 4) A repetição está associada ao caráter sistêmico do processo de medição, determinando que todo o sistema de medição de desempenho existente na organização abranja os cinco subsistemas acima citados (Bititci et al., 1997). Modelo Prisma Performance (Performance Prism) Esse modelo, criado por Kennerly e Neely (2002), prioriza o atendimento das necessidades dos stakeholders. Em virtude das constantes mudanças do ambiente externo, os autores notaram que deveriam colocar o foco da medição do desempenho nos interesses centrais da organização, norteados por seus stakeholders.Abaixo relacionamos as perspectivas do Prisma Performance: 1) Stakeholder (satisfação): primeiramente deve-se diferenciar os stakeholders e suas necessidades. Posteriormente definir como será o processo de entrega do retorno do investimento a cada perfil de stakeholder; 14 2) Stakeholder (contribuição): a premissa é a organização e seus stakeholders devem reconhecer que a relação é de reciprocidade; 3) Estratégias: definidas primeira e segunda etapas, a estratégia é desenvolvida a fim de atender a cada uma das necessidades estabelecidas; 4) Processos: o processo tem por objetivo alinhar os objetivos com a execução para o alcance da satisfação das necessidades dos stakeholders; 5) Capacitação: todos os envolvidos precisam ter conhecimento sobre suas funções e formação para melhor desempenhá-la. Definidas as perspectivas, o próximo passo é o desenho do mapa do sucesso, onde seu objetivo é identificar os fatores críticos em comum entre stakeholders e a organização, determinando estratégia, processos e capacidades. A seguir, relacionamos o processo de implantação do sistema de Performance Prisma: É importante ressaltar que a Prisma Performance considera que medidas individuais de desempenho devem ser estabelecidas para garantir que os processos e competências mais importantes sejam identificados e gerenciados, tanto no presente quanto no futuro. Desenho do Processo 1) Identificar os desejos dos stakeholders. 2) Identificar estratégias, processos e competências da organização. 3) Identificar sucessos e insucessos e identificar a relação com toda organização. Planejamento e Construção do Processo. Processo: deve envolver comunicação constante entre a execução e seus stakeholders. Desenvolver estrutura para o estabelecimento do planejamento. Desenvolver conhecimento. Implementando e operando o processo. Revisão constante dos processos. Desenho do Processo 15 Considerações desta parte A atividade do gestor está a cada dia mais complexa diante da diversidade do ambiente. Assim, planejar, controlar, liderar e mensurar são atividades que requerem do gestor habilidade, conhecimento e atitude. Conhecer as linhas de pensamento, os modelos de mensuração, é de suma importância para o gestor, mas mais importantes são a leitura e a reflexão que o gestor desenvolverá a partir deste conhecimento. Já que a organização não é um organismo estático e profundamente diverso, é necessário que o gestor seja capaz de definir quais elementos são fundamentais para a organização e, a partir daí, escolher o modelo mais adequado de mensuração. Para exercitar: Escolha um modelo de gestão e tente desenhá-lo com o objetivo de desenvolver um meio para avaliar e mensurar o desempenho organizacional da sua empresa. 16 Referências Bibliográficas BEHN, R. D. Why measure performance? Different purposes require different measures. Oklahoma: Public Administration Review. v. 63, n. 5, p. 586-606, 2003. BITITCI, U. S.; MENDIBIL, K.; NUDURUPATI, S.; TURNER, T.; GARENGO, P. 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São Paulo: LTC, Rio de Janeiro, 2007. SOBRAL, Felipe; PECI, Alketa. Administração – Teoria e Prática no contexto brasileiro. São Paulo: Prentice Hall, 2008. 18 Glossário Stakeholder: qualquer grupo ou indivíduo que afeta ou é afetado pelo alcance dos objetivos da empresa. Inputs: são os insumos ou informações de entrada em um processo de gestão. Outputs: é o resultado em produto ou serviço após o processamento dos inputs. Trade off: representa o compromisso ou incompatibilidade entre duas ou mais variáveis. Top down: orientações de gestão advindas da alta hierarquia para a área de execução e operacional. Estrutura vertical: caracteriza-se por vários níveis hierárquicos dentro da organização. Quanto mais alto, maior o poder. Estrutura horizontal: a ideia é de que o poder é mais difundido entre as células de trabalho, havendo o mesmo grau de importância entre elas. Valor: é a razão positiva entre o que se emprega (investe – custo) com o que se recebe (benefício).
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