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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Motivação e Satisfação no Trabalho Aula 5 Profa. Carla Souza Profa. Carolina Walger Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa inicial As empresas comumente possuem programas de relacionamento com o cliente externo para avaliarem sua percepção sobre os produtos ou serviços oferecidos. Por outro lado, recentemente, elas passaram a ouvir também a opinião de seus clientes internos (funcionários) sobre como eles percebem a organização, seu trabalho e o relacionamento com colegas e chefias (Pasetto; Mesadri, 2012). A partir dessa necessidade de ouvir o cliente interno, apresenta-se a importância de avaliar o clima organizacional, com o objetivo do alinhamento entre os esforços individuais e organizacionais em função da estratégia organizacional (Souza, 2014). Nesta aula, aprofundaremos a discussão da Aula 4 com a aplicação prática da pesquisa de clima organizacional e a gestão do clima organizacional. Contextualização Segundo Souza (2014), ouvir o cliente interno é fundamental para melhorar os processos internos e prestar um serviço ou oferecer um produto de excelência ao nosso cliente externo. No entanto, como ouviremos nossos clientes internos? A partir daí, insere- se a pesquisa de clima organizacional. No que se refere aos benefícios do monitoramento do clima organizacional, podemos citar: (1) A maior envolvimento dos funcionários com relação ao seu ambiente de trabalho, gerando maior satisfação, redução de absenteísmo e melhoria de desempenho; (2) A melhoria da comunicação e facilidade de acesso às informações para o corpo gerencial; (3) A oportunidade de comparação entre as características do ambiente de trabalho da organização com o de outras organizações; Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 (4) O planejamento de ações para a prevenção de situações críticas que podem influenciar negativamente as equipes de trabalho. Tema 01: Pesquisa de cultura e clima organizacional O clima organizacional, segundo Coda (1997), é um indicador do grau de satisfação dos funcionários em relação a diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente da organização, tais como: valorização profissional e identificação com a empresa, modo de gestão, política de recursos humanos, missão da empresa e processo de comunicação. Fazendo uma analogia, a pesquisa de clima organizacional pode ser considerada um termômetro que tem por objetivo avaliar como os funcionários percebem o próprio trabalho, o relacionamento com colegas e chefia, a remuneração, os benefícios, entre outros indicadores. A pesquisa de clima organizacional tem por objetivo analisar a percepção dos funcionários sobre a organização e o ambiente de trabalho. De acordo com Luz (2003), essa pesquisa visa apontar problemas nas relações de trabalho e nas condições físicas em que ele é realizado. A partir dos resultados obtidos na pesquisa, os gestores poderão adotar medidas que elevem a satisfação no trabalho. Segundo Bispo (2006), a pesquisa de clima organizacional visa identificar a percepção dos funcionários sobre a realidade atual, gerando um diagnóstico da situação e fornecendo elementos objetivos e verificáveis das necessidades organizacionais. Os resultados são valiosos instrumentos para o sucesso de programas voltados para o melhoramento da qualidade, o aumento da produtividade e a adoção de políticas de recursos humanos. Além das vantagens citadas, conforme Bispo (2006), esse tipo de pesquisa contribui para a compreensão da capacidade da organização em reter talentos, podendo contribuir também para a melhoria de processos comunicacionais, a redução dos índices de absenteísmo e a rotatividade de pessoal, entre outros. Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 Coda (1997), por sua vez, afirma que os resultados da pesquisa de clima mostram os verdadeiros níveis de motivação para o trabalho, fazendo com que observemos quatro fatores específicos: A existência de espaço para melhorias; A identificação dos funcionários relativamente mais satisfeitos ou insatisfeitos; Os fatores que mais contribuem para a satisfação dos funcionários; A identificação dos possíveis efeitos das percepções negativas dos funcionários. No que se refere à aplicação da pesquisa de clima, Luz (2003) evidencia que ela deve ser aplicada durante os períodos de neutralidade, evitando-se assim momentos de altos e baixos, a exemplo do falecimento de algum funcionário, de demissões, do período de pagamento de participação de lucros, entre outros. Recomenda-se, ainda, a aplicação de um instrumento diferenciado em relação aos níveis hierárquicos, pois os níveis operacionais e gerenciais percebem o ambiente de maneira diferente, e também possuem linguagens diferentes, justificando a adaptação do instrumento de pesquisa. Tema 02: Instrumentos de mensuração do clima organizacional Segundo Luz (2003), os instrumentos de pesquisa de clima organizacional geralmente apresentam a seguinte estrutura: 1. Instruções de preenchimento: essa informação é relevante, pois os funcionários responderão o instrumento sem o auxílio de outras pessoas, evitando-se erros no preenchimento e prejuízo na amostra. 2. Identificação da unidade do respondente: apesar de a pesquisa ser anônima, é importante que seja indicada a unidade do respondente para a análise dos resultados e a implementação das futuras ações adequadas a cada unidade. 3. Questionário: corpo de questões a serem assinaladas pelos funcionários para a mensuração do clima organizacional. Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 Exemplos de questionários serão apresentados na seção “modelos de questionários de pesquisa de clima organizacional”. 4. Espaço para sugestões: é a parte subjetiva do instrumento, e tem o objetivo de coletar as sugestões dos funcionários para a adoção de melhorias na organização. Veja um exemplo de espaço para sugestões no Anexo 2. 5. Folha de resposta: é um documento, separado das demais fichas, no qual os funcionários preencherão suas respostas. Um modelo de pesquisa de clima bem interessante é o de Bispo (2006). O instrumento é subdividido em duas partes: em um primeiro momento, englobam-se os fatores internos à empresa que agem no comportamento dos colaboradores; na segunda etapa, procura-se abordar os fatores externos que exercem influência direta no comportamento, nas ações e decisões dos funcionários dentro da empresa. Uma das pesquisas mais populares e amplamente divulgada é a pesquisa que aponta as melhores empresas para trabalhar. Essa pesquisa foi criada em 1997, em uma parceria da Revista Exame com a Fundação Instituto de Administração (FIA). Considerada a maior pesquisa de clima do Brasil, é feita por meio de várias abordagens, procurando ouvir tanto os funcionários quanto a empresa empregadora (As Melhores, 2014). Para os funcionários, segundo a revista Exame (2014), o instrumento se propõe a medir o grau de satisfação dos colaboradores em relação à empresa na qual trabalham. O questionário procura abordar quatro conceitos: identidade; satisfação/motivação; liderança; aprendizado. O instrumento aplicado junto às empresas é chamado de caderno evidências, no qual a organização deve descrever as práticas adotadas no que se refere a quatro elementos: estratégia e gestão; liderança; políticas e práticas; cidadania. As duas fases da pesquisa são feitas de forma paralela, e, somente após ambos os segmentos responderem, os instrumentos são encaminhados à Revista Exame para que sejam realizadas as análises dos dados e confecção de relatório. Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 Posteriormente, são agendadas visitas nas empresas para o esclarecimento do processo de pesquisa (As Melhores, 2014). Tema 03: Gestão do clima organizacional A gestão do clima organizacional, segundo Gordon e Cummins,citados por Bedani (2006), tem como principal objetivo auxiliar os administradores a focarem os aspectos mais relevantes da organização. O clima organizacional pode ser gerenciado por meio de ações que se iniciam com o planejamento da pesquisa e se estendem até a avaliação dos resultados do plano de ação construído a partir da pesquisa. Contudo, esse gerenciamento não é fácil, pois requer o apoio da alta gestão e o comprometimento coletivo para a criação de um clima organizacional favorável. A gestão do clima organizacional não se limita apenas à aplicação da pesquisa de clima. Para que você compreenda melhor o processo, apresentamos as etapas de gestão do clima organizacional propostas por Bedani (2006, p. 1): Figura 1 – Etapas para a gestão do clima organizacional Fonte: Adaptado de Bedani, 2006, p. 1. Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 As etapas para a gestão do clima organizacional retratam o planejamento e a organização anterior à execução da pesquisa de clima, a execução e a análise da pesquisa, o desenvolvimento e a comunicação do plano de ação, a execução do plano de ação e o monitoramento contínuo. A seguir, são retratadas as definições das etapas, segundo Bedani (2006, p. 1): Investigação: etapa em que se define o instrumento a ser utilizado e realiza-se a pesquisa junto aos membros da organização. Diagnóstico: tabulação dos dados coletados, identificando os focos de satisfação e insatisfação presentes no ambiente da organização. Intervenção: elaboração de planos de ação, objetivando a melhoria dos aspectos desfavoráveis e manutenção dos pontos positivos diagnosticados. Comunicação: divulgação, para todos os membros da organização, dos resultados da pesquisa e das ações que serão implementadas, visando a melhoraria da qualidade do clima. Implementação: concretização do plano de ações no ambiente organizacional. Monitoramento: acompanhamento e (re)avaliação contínua das ações implementadas em decorrência dos resultados observados. Outra perspectiva para execução da pesquisa de clima organizacional é indicada por Oliveira (1995). Ressalta-se que esse autor vê a gestão do clima apenas considerando os aspectos inerentes à sua aplicação. A seguir, são apresentadas as etapas propostas por Oliveira: Preparação: obtenção de informações mais precisas sobre o problema a ser identificado. Nesse caso, o principal objetivo é avaliar o clima organizacional. Plano e metodologia de pesquisa: formulação das questões de pesquisa, definição da amostra. Execução da pesquisa: coleta dos dados, ou seja, aplicação do instrumento de pesquisa. Interpretação dos dados: análise e avaliação dos dados recolhidos. Conclusões teóricas: estabelecimento de conclusões a partir dos dados encontrados na etapa anterior. Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 Relatório final da pesquisa: documento que apresenta os principais resultados, as conclusões e o que deve ser feito para minimizar os problemas encontrados e otimizar os aspectos positivos que emergiram com a pesquisa. Para que você entenda melhor o processo de gestão do clima organizacional, a seção a seguir descreve as etapas desse processo, a partir da proposta de Luz (2003). A proposta de etapas de gerenciamento do clima organizacional de Luz (2003) é a mais adequada, pois inicia pelo processo de sensibilização da direção sobre a importância de se monitorar o clima organizacional e se estende até a análise dos resultados do plano de ação. Para Luz (2003), a gestão do clima organizacional ocorre em 11 (onze) etapas: 1ª etapa: obtenção de aprovação e apoio da direção; 2ª etapa: planejamento da pesquisa; 3ª etapa: definição das variáveis a serem pesquisadas; 4ª etapa: montagem e validação do instrumento de pesquisa; 5ª etapa: parametrização; 6ª etapa: divulgação da pesquisa; 7ª etapa: aplicação e coleta da pesquisa; 8ª etapa: tabulação; 9ª etapa: emissão de relatórios; 10ª etapa: divulgação dos resultados; 11ª etapa: definição dos planos de ação. Tema 04: Recomendações para a pesquisa e gestão do clima organizacional A pesquisa de clima organizacional tem por objetivo “tirar um retrato” do momento atual da organização. Nesse sentido, é necessário que, durante a aplicação da pesquisa, sejam tomados alguns cuidados para garantir a confiabilidade e a fidedignidade das informações obtidas (Luz, 2003). Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 As recomendações para a pesquisa de clima, segundo Luz (2003), são apresentadas a seguir: Mantenha os funcionários informados sobre a realização da pesquisa, com o objetivo de ter uma maior adesão dos participantes. Os canais de comunicação mais comuns utilizados são o e-mail, a intranet, os folders fixados nos murais e também o aviso verbal dos chefes dos setores sobre a importância da participação dos funcionários na pesquisa de clima organizacional. Recomenda-se que a pesquisa seja desenvolvida por uma consultoria independente, evidenciando maiores credibilidade, isenção e confidencialidade do processo. Caso a empresa não possua recursos para a contratação de uma consultoria externa, a pesquisa poderá ser realizada sob a liderança do setor de recursos humanos. Ressalta-se que o aplicador do instrumento não deve ter envolvimento com a unidade pesquisada e nem pelo chefe imediato. Para que seja considerada como algo importante, é imprescindível que os funcionários percebam o compromisso do corpo gerencial da empresa com a iniciativa e com os resultados da pesquisa. O instrumento deve ser divido em blocos, facilitando, assim, o seu preenchimento. Para a tabulação e a análise dos resultados, deve-se olhar para a interrelação entre os indicadores, e não apenas para os dados isolados. A pesquisa não deve ser aplicada em momentos de fortes emoções, tais como períodos de pagamento de bônus, aumento salarial ou demissões, pois essas situações podem contribuir positivamente ou negativamente nos resultados. A pesquisa deve ser aplicada a uma amostra representativa da população de funcionários, já que é impossível aplicá-la a todos os funcionários, visto que, na organização, pode haver pessoas em períodos de férias, licenças e afastamentos. Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 Os resultados da pesquisa devem ser divulgados a todos os funcionários. Deve ser desenvolvido um plano de ação realista, deixando claros aos funcionários as ações, os prazos, as pessoas envolvidas e os resultados esperados. A pesquisa de clima deve ser aplicada com a periodicidade não inferior a um ano. Tema 05: Alternativas para mensuração do clima organizacional Além da pesquisa para o monitoramento do clima organizacional, Luz (2003) aponta outras maneiras de o clima ser mensurado sem a necessidade de uma pesquisa. As formas alternativas para analisar o clima, segundo Luz (2003), são as seguintes: Contato direto dos gestores com os seus subordinados; Entrevista de desligamento; Entrevista do serviço social com os empregados; Ombudsman; Programa de sugestões; Sistema de atendimento às queixas e reclamações; Reuniões da equipe de relações trabalhistas com os funcionários; Linha direta com o presidente; Café da manhã com o presidente ou diretores ou gerentes. O clima organizacional pode ser monitorado pelos gestores por meio de reuniões com os colaboradores, um contato direto que objetiva colher opiniões junto aos funcionários sobre os fatores que eles consideram positivos ou negativos. A entrevista de desligamento é aplicada quando o funcionário se desliga da organização. Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 Essa entrevista deve ser realizada até no máximo um mês após o desligamento, com o objetivo de captar a percepção do ex-funcionário sobre a empresa. Ressalta-se que, se a demissão tiver ocorrido de maneira não amistosa,os resultados desse método poderão gerar informações falsas. A entrevista do serviço social da empresa com seus funcionários pode ser utilizada como uma alternativa à pesquisa de clima, pois os profissionais de assistência social, em contato direto, podem observar e coletar as impressões dos funcionários. Ombudsman se refere ao profissional que busca informações sobre possíveis reclamações dos clientes internos e externos. Nesse caso, seria uma espécie de ouvidoria. O programa de sugestões tem por objetivo ser um canal de comunicação entre a empresa e os funcionários para que eles sugiram novas ideias que possam ajudar a melhorar o clima organizacional. A falta de indicação de sugestões pode demonstrar que o clima organizacional vai mal e que os funcionários acreditam que não vale a pena dar ideias para a organização. O sistema de atendimento de queixas e reclamações pode ser utilizado para mediar atritos entre dirigentes e subordinados, quando os superiores do chefe averiguarão o ocorrido sob várias perspectivas. Alto índice de conflitos sinaliza clima desfavorável. As reuniões da equipe de relações trabalhistas objetivam atender de maneira satisfatória os funcionários e os sindicados para impedir a ineficiência produtiva e as greves. A linha direta com o presidente oferece ao funcionário oportunidades de expressar suas percepções sobre o ambiente de trabalho. Por fim, o café da manhã com presidente ou diretores ou gerentes faz com que as pessoas se sintam valorizadas por estarem próximas às pessoas importantes na organização. Esse momento de caráter mais informal oportuniza à alta direção descobrir fatos do cotidiano da empresa que podem afetar os rumos desta. Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 Síntese Estudamos nesta aula a importância de avaliar o clima organizacional, objetivando o aumento da satisfação dos funcionários e o desenvolvimento de uma política de recursos humanos alinhada a reais necessidades organizacionais. Estudamos também que a pesquisa de clima organizacional é uma importante ferramenta para a gestão do clima organizacional e que apresenta uma série de etapas. Você aprendeu alguns cuidados para que a realização da pesquisa de clima organizacional obtenha resultados fidedignos e a indicação de formas alternativas para avaliação do clima organizacional, como o contato direto dos gestores com os seus subordinados, a entrevista de desligamento, o programa de sugestões, o sistema de atendimento às queixas e reclamações, o café da manhã com o presidente ou diretores ou gerentes, entre outras formas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 Referências bibliográficas AS MELHORES Empresas para Você Trabalhar - 2014. Revista Exame, São Paulo 2014. BEDANI, M. Clima organizacional: investigação e diagnóstico – estudo de caso em agência de viagens e turismo. Psicología para América Latina, México, n. 7, ago. 2006. BISPO, C. A. F. Um novo modelo de pesquisa de clima organizacional. Produção, v. 16, n. 2, mai./ago. 2006 CODA, R. Pesquisa de clima organizacional e gestão estratégica de recursos humanos. In: BERGAMINI, C. W.; CODA; R. (Org.). Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. São Paulo: Atlas, 1997. LUZ, R. S. Gestão do clima organizacional: proposta de critérios para metodologia de diagnóstico, mensuração e melhoria. 182 f. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2003. OLIVEIRA, M. A. Pesquisas de clima interno nas empresas: o caso do desconfiômetros avariados. São Paulo: Nobel, 1995. PASETTO, N. V.; MESADRI, F. E. Comportamento organizacional: Integrando conceitos da administração e da psicologia. Curitiba: IBPEX, 2012. SOUZA, C. P. S. Cultura e clima organizacional: compreendendo a essência das organizações. Curitiba: Intersaberes, 2014
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