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Responsável técnico: Allison Silva de Andrade (CRB11/1102) Biblioteca CEUNI-FAMETRO FAMETRO Av. Djalma Batista, Nossa Sra. das Gracas. Manaus, AM Ficha catalogada na Biblioteca CEUNI-Fametro O48p Oliveira, Débora da Cunha Nogueira de. Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem / Débora da Cunha Nogueira de Oliveira. – Manaus: FAMETRO, 2022. 119 p. ISBN: 978-85-64293-32-8 1. Educação. 2. Desenvolvimento. 3. Aprendizagem. I. CEUNI- FAMETRO. II. Título. CDU.:37 Todos os direitos reservados © FAMETRO IME Instituto Metropolitano de Ensino Ltda Wellington Lins de Albuquerque | Presidente - IME Maria do Carmo Seffair Lins de Albuquerque | Reitora Cinara da Silva Cardoso | Vice-Reitora Iyad Amado Hajoj | Diretor de EaD e Expansão Leonardo Florêncio da Silva | Diretor Editorial e Gestor de EaD Luciana Braga | Projeto Gráfico e Direção de Arte Amanda Rocha | Diagramação Ana Augusta de Oliveira Simas | Supervisora de Produção e Revisão Giselle Fonseca | Revisora Imagens | depositphotos.com Imagens | unsplash.com Imagens | br.freepik.com "Nos termos da Lei n.º 9.610/98, o autor desta obra é titular de todo o complexo de direitos autorais sobre a presente criação. 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Praticar o ensino, pesquisa e extensão é a sua principal bandeira. A Fametro, ao longo das últimas duas décadas, vem se consolidando como a melhor instituição de ensino do Norte, um espaço democrático e docentes com variadas visões de mundo. Somos uma instituição de ensino plural que avança a cada ano em busca sempre de desenvolver a economia da Amazônia. Nossa estrutura é moderna, estamos em diversos municípios levando uma educação inclusiva e de qualidade. Conheça o Centro Universitário Fametro e viva a experiência em estudar numa instituição com o corpo docente com mestres e doutores e de qualidade de ensino comprovada pelo MEC. Maria do Carmo Seffair Reitora Su m ár io UNIDADE 1 - PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO Desenvolvimento Humano 13 Aprendizagem 24 UNIDADE 2 - PSICANÁLISE: TEO‐ RIA PSICOSSEXUAL Teoria: Ide, Ego e Superego 36 Psicanálise: Teoria Psicossocial 39 Os Estágios do Desenvolvimento Psicosocial 42 UNIDADE 3 - TEORIA COGNITIVA- JEAN PIAGET Teoria de Piaget: Estágios do Desenvolvi‐ mento Cognitivo 56 Teoria Sociointeracionista - Lev S. Vygotsky 58 UNIDADE 4 - TEORIAS BEHAVIOR‐ ISTAS - O MODELO DE CONDI‐ CIONAMENTO CLÁSSICO DE PAVLOV O Modelo de Condicionamento Operante de Skinner 74 Processos Psicológicos Básicos 86 Referências 94 U ni da de 1 Videoaula 1 Videoaula 2 10 11 PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO A psicologia e a Educação por muito tempo caminharam distantes uma da outra. Para entender a influência que a Psicologia tem na Educação é necessário um breve conhecimento histórico da relação entre elas. De acordo com Coll (2004), por volta do final do século XIX essa relação era mediada pela Filosofia, desta forma, a educação tinha maiores influências dos pen‐ samentos filosóficos. Desse modo, por volta das primeiras décadas do século XX, a Psicologia passa a ter forte influên‐ cia para a Educação. No Brasil, o Anotações: 12 marco histórico teve início durante os anos 20, devido ao movimento escolanovista, com uma visão de educação renovada, a democratização do ensino adentrando neste período os testes de coeficiente profissional. Nesse período, teve forte influência da educação especial com a formação de professores para ensinar crianças com deficiência mental, tendo como destaque a Helena Antipoff, uma das idealizadoras no Brasil das APAES (Associ‐ ação de Pais e Amigos dos Excepcionais), difundin‐ do a Psicologia Funcional na Psicologia infantil. Segundo Cosmo (2006), a pesquisa na área de Educação foi permeada pelo contexto psicopeda‐ gógico, em sua grande maioria focada no processo de avaliação da aprendizagem e no desenvolvimen‐ to do psicológico do ser humano, desta forma, confirmando neste sentido a busca de um coefici‐ ente intelectual. Também levantando a discussão em torno da função social da escola, uma vez que a realidade histórica que se vivia era permeada de uma sociedade estratificada e caracterizada pela desigualdade, de modo que crianças de classes sociais distintas, ou gêneros diferentes eram separadas em seus ambientes escolares. Neste sentido, o processamento da aprendi‐ zagem, o desenvolvimento da inteligência, o ensi‐ no, o desenvolvimento psicomotor, as relações professor-aluno, o contexto da sala de aula, entre outras temáticas são propostas por estudiosos da Psicologia da Educação como Vygotsky, Piaget, Wallon, David Ausubel, Carl Rogers. Portanto, a Psicologia e a Educação se entre‐ laçam em suas teorias e práticas, sendo de funda‐ mental importância o conhecimento Psicológico adentrar na educação, tornando mais compreensí‐ Anotações: 13 veis situações que antes eram deixadas à margem da educação. Um exemplo deste aspecto é o desenvolvi‐ mento humano que interfere diretamente no pro‐ cesso da aprendizagem, observações de pesquisa‐ dores e inúmeras pesquisas na área da Psicologia apontam hoje as características dos indivíduos e dos grupos. Essas características são relevantes para o processo de ensino e aprendizagem. De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2008) a Psico‐ logia do Desenvolvimento é o estudo das continui‐ dades e transformações do indivíduo ao longo de sua vida. Estuda o desenvolvimento nos diversos aspectos e funções, como corpo e mente, relacio‐ nam e se interligam com o meio, e como cada um é capaz de interferir no outro. Morris e Maisto (2004) corroboram com os demais autores, quando discorrem que os psicólo‐ gos do desenvolvimento estudam o crescimento físico e cognitivo do indivíduo desde a sua fecunda‐ ção até a vida adulta tardia. Ou seja, a Psicologia do Desenvolvimento Humano estuda o ciclo da vida, seus aspectos afetivos, cognitivos, sociais e bioló‐ gicos, com o apoio de diferentes áreas de conheci‐ mento como a Biologia, Antropologia, Sociologia da Educação, Medicina, entre outros. DESENVOLVIMENTO HUMANO Ao longo dos estudos sobre o desenvolvimen‐ to humano, focou-se mais na criança e no adoles‐ cente, o interesse apenas por essas etapas teve origem na história do estudo do indivíduo e em seu desenvolvimento. Devido a buscar compreender ao Anotações: 14 longo do processo da infância, a preocupação sempre estava mais voltada a entender como se dava este desenvolvimento, poiseraindispensávelessa preocupaçãocomaeducaçãodascrianças(CAIRNS,1983). Noentanto,essaperspectivamudounasúltimas décadas, e vem buscando entender como um todo o ciclo vital, ampliando o estudo para a adolescência, vida adulta e a vida adulta tardia. Para Bock, Furtado e Teixeira (2008), o desenvolvimento humano seria umestudoparaentenderascaracterísticasecondutas dos bebês, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. É um processo contínuo e ininterrupto, visto queosaspectosbiológicos, físicos,sociaiseculturais estão entrelaçados, e esta conexão faz com que se influencie mutuamente. Ainda de acordo com os autores citados, o de‐ senvolvimento do ser humano está composto pelos seguintesaspectos:físico-motor, intelectual,afetivo- emocional e social, em todo o seu ciclo de vida, desde onascimentoatéamaturidade.Énecessárioentender osfatoresqueinfluenciamodesenvolvimentohumano. O Quadro 1 apresenta os fatores que instigam o de‐ senvolvimento humano. Anotações: 15 Quadro 1: Fatores influenciadores do desenvolvimento humano (Fonte: CARRARO, Patrícia Psicologia do desenvolvimento e aprendizagem / Patrícia Carraro. Rio de Janeiro: SESES, 2015). A HEREDITARIEDADE Seria a carga genética que estabelece o potencial do indivído, que pode não se desenvolver. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência. No entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou além do seu potencial, dependendo das condições do meio. CRESCIMENTO ORGÂNICO É o aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma criança, quando começa a engatinhar e depois a andar, em relação a quando estava no berço com alguns dias de vida. AMATURAÇÃO NEUROFISIOLÓGICO Refere-se ao que torna possível determinado padrão de comportamento. A alfabetização das crianças, por exemplo, depende dessa maturação. Para segurar o lápis e maneja-lo, é necessário um desenvolvimento neurológico que uma criança entre 2 e 3 anos não tem. OMEIO Seria o conjunto de influências e estimulações ambientais que altera os padrões de comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer uma escada com facilidade se essa situação não fez parte de sua experiência de vida. Anotações: 16 Quando se fala de hereditariedade, descreve- se a carga genética que o indivíduo apresenta. Esse fator influencia o desenvolvimento humano, uma vez que os geneticistas do comportamento expli‐ cam que a hereditariedade específica apresenta uma amplitude de características comportamen‐ tais, além de características únicas como cor dos olhos, tipagem sanguínea, altura, entre outras, são herdadas (PAPALIA, 2013). Também podem ser destacadas algumas doenças que são hereditárias e que afetam direta‐ mente o desenvolvimento do indivíduo, podendo até atrasá-lo, afetando todos os aspectos que o entrelaçam. No entanto, não se pode tê-lo como determinismo. É fundamental perceber que, além da genéti‐ ca ou hereditariedade, o meio também é um fator de influência ao desenvolvimento, assim ele pro‐ porciona maiores possibilidades, tanto para aspec‐ tos positivos quanto para aspectos negativos. Estudos comprovam que crianças expostas a estímulos visuais, motores e atividades que esti‐ mulam sua capacidade cognitiva têm maior desen‐ voltura nesses aspectos, começam a falar mais cedo, o diálogo e o vocabulário são mais complexos do que crianças que não são expostas a esses estímulos. Outro fator relevante é o crescimento orgâni‐ co, todo o desenvolvimento físico é fundamental para o crescimento dos ossos, tonicidade, coorde‐ nação motora, capacidade de conseguir sentar e correr, são fundamentais para o bom desenvolvi‐ mento. A criança que tem má alimentação e sono desregulado, acaba tendo uma lentificação em seu processo de maturação física, o que por sua vez, Anotações: 17 dificulta o desenvolvimento cognitivo. Neste contexto chegamos ao fator de influên‐ cia, chamado maturação neurofisiológica, que consiste na evolução orgânica descrita, mas essa maturação é do sistema neurológico, que é funda‐ mental para o processo de aprendizagem conseguir estabelecer-se. Uma má formação neurológica pode ocasionar distúrbios de aprendizagem. Desta forma, é constatado cada fator que influencia o desenvolvimento humano e, é deste modo que os aspectos entrelaçam, não é possível conceber cada fator de influência de forma separa‐ da, eles se completam e se apoiam no que tange o desenvolvimento humano. Uma vez entendido os fatores que influenci‐ am o desenvolvimento humano, é necessário compreender que este desenvolvimento se confi‐ gura em uma globalidade, ou seja, não pode ser fragmentado. Logo, devem ser considerados os aspectos que constroem a sua globalidade: físico- motor, intelectual, afetivo-emocional e social. Anotações: 18 Quadro 2: Aspectos do desenvolvimento humano (Fonte: CARRARO, Patrícia Psicologia do desenvolvimento e aprendizagem / Patrícia Carraro. Rio de Janeiro: SESES, 2015). De acordo com BOCK (2008), as teorias do desenvolvimento humano entendem que a partir da premissa esses quatro aspectos são inseparáveis, mas elas podem estudar o desenvolvimento global com o foco em um dos aspectos. A Psicanálise, por exemplo, estuda o desenvolvimento a partir do aspecto afetivo-emocional. Jean Piaget enfatiza o desenvolvimento intelectual, e assim por diante. Piletti (2011) descreve que o desenvolvimento ASPECTO FÍSICO-MOTOR Refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofísiológia, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. Vamos ao exemplo: uma criança leva a chupeta à boca ou consegue tomar a mamadeira sozinha, por volta dos 7 meses, porque já coordena os movimentos das mãos. ASPECTO INTELECTUAL Seria a capacidade de pensamento, raciocínio. Exemplo: uma criança de 2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está em baixo de um móvel ou um jovem que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salário. ASPECTO AFETIVO- EMOCIONAL Refere-se o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. É o sentir. A sexualidade faz parte desse aspecto. Exemplos: a vergonha que sentimos em algumas situações, o medo em outra, a alegria de encontrar um amigo querido. ASPECTO SOCIAL Seria a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas. Vamos novamente a um exemplo: em um grupo de crianças, no parque, é possível observar, enquanto algumas permanecem sozinhas. Anotações: 19 humano é muito diversificado, cada ser humano tem características e traços próprios, que o torna único, diferenciando-o dos demais, em seu próprio tempo, ou melhor, ritmo de desenvolvimento. Cada grupo de pesquisadores busca entender o vasto campo de pesquisa chamado ser humano, discorda em vários fatores, mas há um fator do qual não se discorda, cada ser humano é único, mesmo sendo gêmeos, seus traços e características os diferenciam. Cada aspecto do desenvolvimento humano corrobora para a construção dessas características individuais que Peleti (2011) enfatiza, como já apre‐ sentado anteriormente, os aspectos do desenvolvi‐ mentosão:físico-motor, intelectual,afetivo-emocional e social. Também descritos por Papalia e Feldman (2012) como domínios ou aspectos, nomeando-os como,desenvolvimentofísico,cognitivoepsicossocial. Segundo as autoras, o desenvolvimento físico consiste no crescimento do corpo e do cérebro, desenvolvendo suas habilidades sensoriais e moto‐ ras. Já o cognitivo diz respeito à aprendizagem, atenção, memória, linguagem, raciocínio e criativi‐ dade, o desenvolvimento psicossocial focaliza as emoções, a construção da personalidade e as relações sociais. Cada aspecto é estudado de acordo com as etapas do desenvolvimento, também conhecidas como períodos do desenvolvimento. Cada período é vivenciado por todo ser humano dentro dos padrões de normalidade, que chamamos de desenvolvimento típico, os desenvolvimentos atípicos são os que fogem desse padrão, tendo uma diferença do que normalmente é prevista (PAPALIA, 2012). Os períodos são divididos em oito, pré-natal, primeira, segunda, terceira infância, adolescência, Anotações: 20 início da vida adulta, vida adulta intermediária e vida adulta tardia. Em cada período existem carac‐ terísticas correlacionadas com cada aspecto do desenvolvimento, conforme tabela proposta por Papalia e Feldman (2012). Anotações: 21 Quadro 3: Períodos do Desenvolvimento Humano Faixa etária Desenvolvimento físicoDesenvolvimento cognitivo Desenvolvimento psicosso? Período Pré-natal (da concepção ao nascimento) Ocorre a concepção por fertilização normal ou por outros meios. Desde o começo, a dotação genética interage com as influências ambientais. Formam-se as estruturas e os órgãos corporais básicos: inicia-se o surto de crescimento do cérebro. O crescimento físico é o mais acelerado do ciclo de vida. É grande a vulnerabilidade às influências ambientais. Desenvolvem-seascapacidades de aprender e lembrar, bem como as de responder aos estímulos sensoriais. O feto responde à voz da mãe e desenvolve preferência por ela. Primeira infância (do nascimento aos 3 anos) No nascimento, todos os sentidos e sistemas corporais funcionam em graus variados. O cérebro aumenta em complexidade e é altamente sensível à influência ambiental. O crescimento físico e o desenvolvimento das habilidades motoras são rápidos. As capacidades de aprender e lembrar estão presentes, mesmonasprimeirassemanas. O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas se desenvolvem por volta do final do segundo ano de vida. A compreensão e o uso da linguagem se desenvolvem rapidamente. Formam-se os vínculos afetivos com os pais e com outras pessoas. A autoconsciência se desenvolve. Ocorre a passagem da dependência para a autonomia. Aumenta o interesse por outras criaças. Segunda Infância (3 a 6 anos) O crescimento é constante; a aparência torna-se mais esguia e as proporções mais parecidas com as de um adulto. O apetite diminui e são comuns os distúrbios do sono. Surge a preferência pelo uso de uma das mãos; aprimoram-se as habilidades metoras finas e gerais e aumenta a força física. O pensamento é um tanto egocêntrico, mas aumenta a compreensão do ponto de vista dos outros. A imaturidade cognitiva resulta em algumas ideias ilógicas sobre o mundo. Aprimoram-se a memória e a linguagem. A inteligência tornam-se mais previsível. É comum a experiência da pré-escola; mais ainda a do jardim de infância. O autoconceito e a compreensão das emoções tornam-se mais complexos; a autoestima é global. Aumentam a independência, a iniciativa e o autocontrole. Desenvolve-se a identidade de gênero. O brincar torna-se mais imaginativo, mais elaborado e, geralmente, mais social. Altruísmo, agressão e temor são comuns. A família ainda é o foco da vida social, mas outras crianças tornam-se mais importantes. Terceira infância (6 a 11 anos) O crescimento torna-se mais lento. A força física e as habilidades atléticas aumentam. São comuns as doenças respiratórias, mas de um modo geral a saúde é melhor do que em qualquer outra fase do ciclo de vida. Diminui o egocentrismo. As crianças começam a pensar com lógica, porém concretamente. As habilidades de memória e linguagem aumentam. Ganhos cognitivos permitem à criança beneficiar-se da instrução formal na escola. Algumas crianças demonstram necessidades educacionais e talentos especiais. O autoconceito torna-se mais complexo, afetando a autoestima. A corregulação reflete um deslocamento gradual no controle dos pais para a criança. Os colegas assumem importância fundamental. Anotações: 22 Continuação do quadro 3: Períodos do Desenvolvimento Humano Fonte: PAPALIA E FELDMAN, Desenvolvimento Humano,12 ed. Porto Alegre:AMGH. 2013. O comportamento humano é complexo e seu desenvolvimento sempre possui surpresas e impre‐ vistos, embora seguindo certos padrões que foram pesquisados e observados como características comuns em vários povos, há a possibilidade de Faixa etária Desenvolvimento físico Desenvolvimento cognitivo Desenvolvimento psicosso? Adolescência (11 a aprox. 20 anos) O crescimento físico e outras mudanças são rápidas e profundas. Ocorre a maturidade reprodutiva. Os principais riscos para a saúde emergem de questões comportamentais, tais como transtornos da alimentação e abuso de drogas. Desenvolvem-seacapacidade depensaremtermosabstratos edeusaroraciocíniocientífico. Opensamentoimaturopersiste em algumas atitudes e comportamentos. A educação concentra-se na preparação para a faculdade ou para a profissão. A busca pela identidade, incluindo a identidade sexual, torna-se central. O relacionamento com os pais geralmente é bom. Os amigos podem exercer influência positiva ou negativa. Início da Vida Adulta (20 a 40 anos) A condição física atinge o auge, depois declina ligeiramente. Opções de estilo de vida influenciam a saúde. Opensamentoeosjulgamentos morais tornam-se mais complexos. São feitas as escolhas educacionais e vocacionais, às vezes após um período exploratório. Traços e estilos de personalidade tornam-se relativamente estáveis, mas as mudanças na personalidade podem ser influenciadas pelas fases e acontecimentos da vida. São tomadas decisões sobre relacionamentos íntimos e etilos de vida pessoais, mas podem não ser duradouros. A maioria das pessoas casa-se e tem filhos. Vida Adulta Intermediária (40 a 65 anos) Pode ocorrer uma lenta deterioração das habilidades sensoriais, da saúde, do vigor e da força física, mas são grandes as diferenças individuais. As mulheres entram na menopausa. As capacidades mentais atingem o auge; a especialização e as habilidades relativas à solução de problemas práticos são acentuadas. A produção criativa pode declinar, mas melhora em qualidade. Para alguns, o sucesso na carreira e o sucesso financeiro atingem seu máximo; para outros, poderá ocorrer esgotamento ou mudança de carreira. O senso de identidade continua a se desenvolver; pode ocorrer uma transição para a meia- idade. A dupla responsabilidade pelo cuidado dos filhos e dos pais idosos pode causar estresse. A saída dos filhos deixa o ninho vazio. Vida Adulta Tardia (65 anos em diante) A maioria das pessoas é saudável e ativa, embora geralmente haja um declínio da saúde e das capacidades físicas. O tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos funcionais. A maioria das pessoas está mentalmente alerta. Embora inteligência e memória possam se deteriorar em algumas áreas, a maioria das pessoas encontra meios de compensação. A aposentadoria pode oferecer novas opções para o aproveitamento do tempo. As pessoas desenvolvem estratégias mais flexiveis para enfrentar perdas pessoais e a morte iminente. O relacionamento com a família e com amigos íntimos pode proporcionar um importante apoio. Anotações: 23 mudanças e ritmos de desenvolvimento, como dizia Piaget, é o desequilíbrio que gera o desenvolvimento, pois este “é uma equilibração progressiva, uma passagem contínua de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior” (PIAGET, 1963 apud PILETTI, 2008). Figura 1: O ciclo da vida Fonte:www.minutopsicologia.com.br-periodos-do-desenvol‐ vimento-humano O educador em sua prática profissional preci‐ sa ter compreensão e domínio teórico e prático dos períodos do desenvolvimento humano. Em sua jornada acadêmica, ele precisa conhecer as carac‐ terísticas de cada período e os aspectos do desen‐ volvimento apresentados em cada uma delas. Para quem irá atuar profissionalmente na educação básica, tem que ter domínio da primeira, segunda e terceira infância, que são fundamentais para o trabalho do professor da educação infantil ao ensino fundamental I. A psicologia e a Educação se complementam no que tange ao entendimento do processo de formação básica de um ser humano, compreender esse fenômeno é uma tarefa complexa, mas ao ter domínio, percebe-se o quanto essas duas áreas são Anotações: 24 fundamentais para a prática profissional do edu‐ cador, sendo ele um agente capaz de gerenciar os processos de ensino e aprendizagem de forma eficiente e eficaz. APRENDIZAGEM Quando se está no contexto acadêmico, ouve- se falar de aprendizagem, percebe-se discursos como, “aquela pessoa aprende rápido,” ou ainda, “essa pessoa tem dificuldade para aprender,” nas duas situações tem a palavra aprendizagem. Mas em algum momento você já se perguntou, o que é a aprendizagem? Como aprendemos? Como a apren‐ dizagem se processa em nosso cérebro? Aprendi‐ zagem e inteligência são sinônimas?Por que se tem dificuldade em aprender? Inúmeros são os questionamentos em torno da temática, nos dias de hoje a área que mais se con‐ centraemdescortinaraaprendizageméaneurociên‐ cia e vem apresentando resultados extremamente relevantes. No entanto, é importante que antes de discursar sobre a neurociência, é preciso compreen‐ der o conceito de aprendizagem. Desdeaantiguidade,tenta-secompreendercomo aaprendizageméprocessada,ouseja,comoohomem aprende, com o desenvolvimento das disciplinas ci‐ entíficas. No século XIX, emerge o conceito de apren‐ dizagem nas investigações empíricas em Psicologia, passando a ser foco de investigação do processo de construção do conhecimento, vários teóricos se em‐ penharamemestudaroconceito,comooscognitivistas, psicanalistas, behavioristas entre outros, que pro‐ curavaminvestigaracapacidadehumanadeaprender. Anotações: 25 Dessaforma,oprocessodeaprendizagemécom‐ preendidopordiversasperspectivas,masumapremissa que envolve todas essas teorias é que, para ocorrer aaprendizagemhácondições internaseexternasque a influenciam. Uma vez que a ação do sujeito sobre omeioeaformacomocadasujeitoaprocessa,aprende einternalizaas informaçõesexternas,aaprendizagem é o resultado da transformação que tem por base a experiência do sujeito no meio e como ele interage com ela. A aprendizagem é complexa, visto que sua ori‐ gem se processa no meio natural e social, contendo os hábitos formados e assimilados de valores cultu‐ ralmente construídos. Não se pode deixar de descre‐ ver que ainda há influências que advêm de fatores internos, de natureza psicológica e biológica que in‐ teragem entre si e com o meio. Desta forma, a apren‐ dizagem acontece no momento em que o sujeito en‐ frenta as exigências externas e, portanto, social, respondendo a elas de forma satisfatória. Skinner (1972) esclarece que o sujeito aprende no momento que produz modificações no ambiente, significa que algo novo foi ensinado, por isso torna- se mais adaptável passando a emitir um novo com‐ portamento. Neste contexto, Oliveira (1993) declara aaprendizagemcomumadefiniçãodeVygotsky, sen‐ do uma aquisição de conhecimento ou uma ação a partir da interação com seu meio. Anotações: 26 Figura 2: Condições internas e externas (Fonte: www.hoper.com.br. F MELHORAR-A- APRENDIZAGEM) Entendemos que essa troca com o meio faz parte do processo da aprendizagem, e como cada sujeito processa a informação externa, demonstra a peculiaridade do aprender, fica claro nesse senti‐ do que a aprendizagem é algo individual, ninguém aprende como o outro, pois as ligações internas variam de um sujeito para o outro. É errôneo pensar que a mente humana apenas armazena conteúdo e informações externa, de acordo com David Ausubel (1982), a mente humana não armazena propriamente dados e informações, mas os reprocessa, reconstrói, redimensiona, revelando sempre a atividade de sujeito capaz de interpretação própria. Para Ausubel, a aprendizagem é definida por organização e integração de material na estrutura cognitiva do indivíduo, aprender é muito mais que adaptar-se à realidade, é poder intervir. Rogers (2001, p. 01), com as concepções de Ausubel con‐ Anotações: 27 ceitua a aprendizagem significativa da seguinte maneira: Poraprendizagemsignificativaentendo uma aprendizagem que é mais do que umaacumulaçãodefatos.Éumaaprendi‐ zagem que provoca uma modificação, quersejanocomportamentodoindivíduo, naorientaçãofuturaqueescolheounas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimento, mas que penetra profundamente todas as parcelas da sua existência. Portanto, fica claro que a aprendizagem é um fenômeno com vários fatores a serem considerados. Assim, a aprendizagem precisa ser compreendida como um fenômeno individual, ativo, coletivo e ela não se completa. Figura 3: Aspectos que compõe a aprendizagem (Fonte: grifo nosso). A figura 3 descreve o que compõe o processo de aprendizagem, de acordo com estudiosos da Psicologia, a aprendizagem é um processo individual. Anotações: 28 Uma vez que, cada indivíduo a processa de forma particular, as experiências do sujeito estão constru‐ ídas por uma interpretação subjetiva da realidade, logo, cada um faz uma organização e interação na estrutura cognitiva. Ela é ativa, pois cada indivíduo interpreta a realidade conforme sua compreensão, podemos dizer que estão sendo estabelecidas trocas, e estas são estabelecidas por ações de ambas as partes. Entende-se que o sujeito não é passivo no seu processodeaprendizagem,eleéativo,estabelecendo ligações próprias e executando uma ação em todo processo. Assim, para ocorrer a aprendizagem é preciso um processo de assimilação ativa, para isso, são necessáriasatividadespráticasemváriasmodalidades eexercícios,nosquaispode-severificaraconsolidação e aplicação prática de conhecimentos e habilidades. Nenhumapráticaanulaaoutra,eoprocessodeassimilação ativo é composto de diversos componentes como osobjetivos,conteúdos,métodoseformasorganizativas (LIBÂNEO, 1994). Dessa forma, Libâneo (1998, p. 29) afirma que “o professor medeia a relação ativa do aluno com a matéria, inclusive com os conteúdos próprios de sua disciplina, mas considerando o conhecimento, a experiência e o significado que o aluno traz a sala de aula, seu potencial cognitivo, sua capacidade e interesse, seu procedimento de pensar e seu modo de trabalhar”. Por esse motivo, de estabelecer trocas, a aprendizagem também deve ser entendida como um processo coletivo. Construímos nossas inter‐ pretações sobre a realidade a partir de um proces‐ so cultural, a constante interação com o meio Anotações: 29 externo, promovendo conhecimento cultural e social, ou seja, aprendemos de forma coletiva. A aprendizagem não se completa, ao longo do ciclo da vida, estamos em constante processo de aprendizagem, cada situação nova que surge em nosso caminho nos permite experiências diferentes que geram aprendizagem. Libâneo (1994) descreve o aprender como um processo de assimilação de qualquer conhecimento, do mais simples como andar, ou correr, ao mais complexo, como aprender a escolher uma profissão, isso mostra que as pessoas estão sempre assimilan‐ do novos conhecimentos. Assim, a aprendizagem nunca se completa. É percebido que o processo de aprendizagem não é simples, ou fácil. Ela se compõe de diversos fatores para que o aprendizado realmente aconteça. Compete ao educador ter amplo conhecimento sobre o processo da aprendizagem e entender como se deve acontecer o ensino. Uma vez distantes, a aprendizagemdoensinonocontextoescolar,aescola estará fadada ao fracasso. U ni da de 2 Videoaula 1 Videoaula 2 32 33 PSICANÁLISE: TEORIA PSICOSSEXUAL Apsicanálisetemcomofundador SigmundFreud(1856-1939),elebuscou entendereexplicaraorigemdahisteria, dapsicoseedaneurose.Compreendeu a luz de sua teoria, a mente humana e seus métodos criados resultaram na Psicanálise. Em seus estudos teve como foco a sexualidade humana. De acordo com a Federação BrasileiradePsicanálise (FEBRAPSI), Freud nasceu em 06 de maio de 1956, na Morávia. Viveu oitenta anos de sua vidaemViena,deixouacidadedevido à ocupação nazista. Matriculou-se no curso de Medicina em 1873, ainda em Viena, e mesmo sem vontade de Anotações: 34 clinicar por necessidade pessoais e sociais passou aatuarnaárea,especializou-seemdoençasnervosas. Seguindoaneurologia,conheceueutilizouosmétodos de Joseph Breuer, o médico que buscava fazer seus pacientes falarem sobre seus sintomas, buscando a cura a partir dessa técnica. Os dois se tornaram parceirosnoestudodahisteria,masromperamdevido à divergência sobre a sexualidade humana. Breuer seguiaumavisãotradicionaleFreuddefendiaaorigem apartirdasexualidade.Apartirdisso,Freudsustentou seus estudos sozinho em busca de fundamentar sua teoria, posteriormente conhecida como Psicanálise. DeacordocomCarraro (2015),paraaPsicanálise, o aspecto central da teoria, que o comportamento é gerenciado por processos inconscientes e conscientes, que eles veem o desenvolvimentoconstruídosporestágios,sendoquecadaestágioestá centrado em uma tensão particular, o ser humano passa por esses aprendizados resolvendo tarefas ou diminuindo as tensões vividas em cada estágio. Segundo a autora, essa teoria baseia-se na suposiçãodequeasmudançasdecadaidaderesultam emconflitosdeacordocomamaturidade,porpulsões internas e demandas do meio em que cada indivíduo serelaciona.ApartirdessespensamentosFreudcriou o conceito de inconsciente, sendo que, uma parte damentehumanaformulouaconstituiçãodoaparelho psíquico humano, o complexo de Édipo, o conceito de libido, entre outros conceitos. Emsualongacaminhadadeestudoseelaboração teórica,apresentouduasteorias,aprimeiraeasegunda teoria do aparelho psíquico. Bee (2011) destaca que elepropôsaexistênciadeumapulsãobásica,inconsciente eintuitiva,aqualnomeoudelibido,alibidoseriadescrita como uma pulsão sexual básica, essa pulsão é o que Anotações: 35 motivaocomportamentohumano.Aolidardiariamente com certas pulsões, ele também propôs que o ser humanopossuiummaterial inconscientequeécriado paraofuncionamentodeváriosmecanismosdedefesa. Para compreender a teoria Psicanalítica, faz- senecessáriocompreenderasteoriasdeFreud,dessa forma, vamos entender a primeira teoria do aparelho psíquico. O aparelho psíquico é composto por consciente, pré-consciente e inconsciente. O meio mais simples de compreender a teoria psicanalítica é por meio da metáfora de Iceberg, entenda como se a mente humana fosse um Iceberg e o que está à amostra, parte que está fora do oceano, a parte que consegue ser visualizada é o consciente, já a parte que está um pouco submersa, mas consegue ainda mesmo com dificuldade ser visualizada, é o pré- consciente.Amaiorpartequenãoconseguimossaber, o tamanho ou até que profundidade se encontra é denominada de inconsciente. A figura 4 representa o iceberg e a comparação com a psique humana segundo Freud. Figura 4: Metáfora do iceberg Fonte: http://www.psicodaily.me/2019/07/niveis-da-vida- mental-consciente-pre.html Anotações: 36 ConformedescreveCarraro (2015),oconsciente é uma pequena parte da mente que fica em estado de ciência de dado momento, percebe-se o mundo exterior, forma como o “EU” percebe o mundo pela estrutura interior. O pré-consciente fica acessível à consciência por meio de lembranças, memórias, lembranças verbaisousensoriais, facilmentesetemacesso,pode ser enviada ao consciente. Já o inconsciente é caracterizado pelos impulsos instintivos, as pulsões, ou ainda conteúdos reprimidos, são conteúdos não presentes e não acessíveis à consciência, é um conteúdo que teve que ser excluído. TEORIA: IDE, EGO E SUPEREGO Outro pressuposto da teoria Freudiana, é como a personalidade que se constrói. Para ele, a mente humana é composta por Id, Ego e Superego. Conforme Bee (2011), Freud descreve o Id como nossa primeira e mais primitiva personalidade, os desejos, buscando a gratificação imediata. O Ego é a porção da personalidade que se estrutura de forma mais organizada, planeja, faz estarmos em total contato com a realidade, a razão, o pensamento e a linguagem são estruturas do Ego. Já o Superego é a parte mais consciente da personalidade humana, desenvolve-se aconsequênciadoprocesso de identificação, é nesta parte que contém as regras e valores internalizados pelasociedade,pelospais,pelaculturaqueoindivíduo esteja inserido. Novamente temos a metáfora do iceberg para ilustrar esse entendimento. Anotações: 37 Figura 5: Metáfora do iceberg, primeiro e segundo pressuposto de Freud Fonte:http://karinaferrari.com.br/terapias/psicoterapias/ psicanalise/id-ego-superego-e-a-mente-consciente-e- inconsciente/ Percebe-se na representação da figura 5, que todas as pulsões de desejos, as mais primitivas se estabelecem na estrutura do Id, a criança em seu processo de formação da personalidade busca sempre satisfazer seus desejos mais primitivos, por esse motivo fica clara a primeira estrutura que se forma na personalidade da criança. Já o ego e o superego vamos construindo paralelamente, o superego busca equilibrar o id e o ego, os pais normalmente nessa configuração de personalidade são os superegos externos da criança, até ela internalizar a compreensão das regras construídas socialmente. Segundo Carraro (2015), neste processo de Anotações: 38 construção da personalidade da criança e na elaboração dessa estrutura psíquica, de acordo com a teoria de Freud, ela vai vivenciando estágios do desenvolvimento. Ele acreditava que os estágios eram influenciados pelo amadurecimento, em cada estágio vivenciado, a libido está focada na parte mais sensível do corpo. Por exemplo, a criança, ao nascer, sua boca é a parte mais sensível do corpo, até nesse momento, sua zona erógena está focada na boca, por isso, o estágio é denominado de estágio oral, e assim sucessivamente. Freud apresenta cinco estágios do desenvolvimento da personalidade, e é necessário serem vivenciados e bem resolvidos, para que não tenha problema na construção da sua personalidade e que posteriormente não seja descoberta fonte de histerias, neuroses ou psicoses. Osestágiosdodesenvolvimentodapersonalidade propostos por Freud são: oral, anal, fálico, de latência e genital. Como descreve Carraro (2015), o estágio denominadodeoral,azonaerógenaéabocaeàmedida que o desenvolvimento neurológico progride, o bebê tem mais sensação no ânus, passando assim ao estágio anal, posteriormente nos órgãos genitais e o estágio fálico, depois o estágio genital. O estágio delatênciaéumpequenomomentodeadormecimento que fica entre o estágio fálico e o estágio genital, este estágio não tem zona erógena estabelecida. O quadro 4 descreve a idade, o estágio, a zona erógena e o desenvolvimento referente a cada estágio. Anotações: 39 Quadro 4: Fases do desenvolvimento da personalidade, Teoria Psicossexual Fonte: CARRARO apud BEE, Helen; BOYD, Denise. A Criança em Desenvolvimento. 12. ed. Tradução Cristina Monteiro. Porto Alegre: Artmed, 2011. Diante do exposto, considera-se de extrema importância que os educadores tenham domínio sobre o que acontece nas fases do desenvolvimen‐ to da sexualidade vivida pela criança. Isto porque as primeiras manifestações ocorrem no período escolar, principalmente na educação infantil e o professor precisa estar apto para trabalhar e intervir nesta etapa do desenvolvimento. Deve-se saber que muitas vezes não contará com o apoio da família, uma vez que a própria família precisa ser orientada neste momento, pois não sabem lidar com as situações vividas pela criança, e acaba desnorteado com esse desenvolvimento ficando assustada com o processo. A escola e o professor desse momento são orientadores desses pais. PSICANÁLISE: TEORIA PSICOSSOCIAL Erik Homburger Erikson nasceu na Alemanha em Frankfurt, em 1902 e faleceu em 1994. Optou inicialmente pela carreira artística, sendo convida‐ do a trabalhar em uma escola para pacientes sub‐ Anotações: 40 metidos ao tratamento com a psicanálise. Neste momento, entrou em contato com o grupo de Anna Freud. Casou-se com uma canadense em 1933, mudando-se neste período para os Estados Unidos, desde aí continuou seus estudos em Psicanálise, tornando-se o primeiro psicanalista infantil nos Estados Unidos (RABELO & PASSOS, 2020). Como descreve o autor, Erikson não negou a teoria de Freud, apenas mudou o enfoque, discor‐ rendo sobre as crises do ego, embasado no contex‐ to social, ou seja, traçando uma nova visão da teoria psicanalítica sem descartar as bases de Freud. Enfoque esse que foi estratégico para Erikson, pois a psicanálise passava a ter como foco o estudo dos conflitos do ego, sendo relevante enfatizar que essa mudança no foco na Psicanálise ocorreu antes da morte de seu fundador (HALL et. al., 2000). Esse motivo é importante destacar, pois todas as adaptações e amplitudes teóricas aconte‐ ceram por meio de seus discípulos com a sua anuência, diferente de Jung e Adler, que foram excluídos por mudarem o foco da psicanálise. Essa é a causa de tantas disseminações em seu círculo de estudo (HALL et. al., 2000).De acordo com o autor supracitado, após sua morte houve uma ampliação de sua teoria, enquan‐ to com Freud focalizava-se no ego ser submisso ao id, com Anna Freud, filha de Freud, passou-se a facultar a autonomia do ego, com poder de decisão, ampliando também os mecanismos de defesa para dez, algumas ideias foram ressignificadas devido ao contato da Psicanálise com a Psicologia. Outro fator importante para teoria de Erikson, foi Anna Freud reestruturar os estágios psicosse‐ xuais de Freud em estágios da busca de domínios Anotações: 41 do ego, permitindo nesse ponto os estudos de Erik Erikson. Este momento da história da Psicanálise foi denominado “Psicologia do Ego” (HALL, et. al., 2000). Com um maior entendimento histórico das adaptações e mudanças sofridas pela psicanálise, embasam assim a compreensão dos estudos de Erik Erikson. Uma vez a Psicanálise voltada para essa autonomia do ego. Erikson passa a ter como foco os conflitos do ego. Conflitos esses vivencia‐ dos por cada um em seu processo de desenvolvi‐ mento humano. Segundo Erikson, ao longo de nossas vidas elaboramos o que ele nomeou de plano de vida, como se fosse um roteiro, um planejamento que, de acordo com as crises do ego, vão se construindo e se desenrolando. A indispensável contribuição da fase da iniciativa para o desenvolvimento ulterior da identidade consiste, pois, obviamente, na libertação da iniciati‐ va e sentido de propósito da criança para as tarefas adultas que prometem (mas não podem garantir) a realização plena da gama de capacidades do indivíduo. Isso é preparado na convic‐ ção firmemente estabelecida e invariavelmente crescente, não intimidada pela culpa, de que “Eu sou o que posso imaginar que serei”. Contudo, é igualmente óbvio que um desapontamento geral dessa convic‐ ção por uma discrepância entre os ideais infantis e a realidade adoles‐ cente só pode conduzir a um desen‐ Anotações: 42 cadeamento do ciclo de culpa e violência, tão característico do homem e, no estudo, tão perigoso para a sua própria existência” (ERIK‐ SON, 1987, p. 122). Percebe-se como os conflitos do ego acabam sendo construídos e elaborados por cada indivíduo. De acordo com Bee e Boyd (2011), ele propôs está‐ gios psicossociais diferente de Freud que deixou claro a influência do amadurecimento neurológico, para Erikson os estágios são mais influenciados pelas demandas socioculturais, para ele toda criança perpassa por uma sequência fixa de tare‐ fas, cada uma focada no desenvolvimento de uma determinada parte de sua identidade. As três proposições básicas da teoria de Erikson, segundo Carrera (2015), a primeira é que em todo o ciclo vital, ou seja, todo indivíduo passa por fases distintas e com uma tarefa específica a ser cumprida. A segunda é que essas fases são parcialmente definidas pela sociedade em que está inserido. Terceira proposição trata-se das tarefas que não foram cumpridas com êxito, com isso, deixam resíduos que interferem na fase seguinte. OS ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOSOCIAL De acordo com Bee e Boyd (2011), na teoria de Erikson, o desenvolvimento é composto por oito fases, com características peculiares. Em primeiro lugar, o ego é o foco. Segundo, em cada um dos estágios, o ego passará por um conflito, a crise do Anotações: 43 ego, e a conclusão sendo positiva, ele sairá mais forte e estável. No entanto, se for negativa, sairá mais fragilizado. Terceiro, acontece depois de cada crise uma reformulação e reestruturação da perso‐ nalidade, e é claro como dito anteriormente, as crises do ego servem para fragilizá-lo e fortificá-lo, dependendo do desfecho. Os oito estágios estão descritos na tabela 5: Quadro 5: Estágios Psicossocial Fonte: BEE, Helen; BOYD, Denise. A Criança em Desenvolvi‐ IDADE APROXIMADA QUALIDADE DO EGO A SER DESENVOLVIDA ALGUMAS TAREFAS E ATIVIDADES DO ESTÁGIO 0-7 Confiança Básica versus Desconfiança Confiança na mãe ou provedor principal de cuidados e em sua própria capacidade de fazer com que as coisas aconteçam. Um elemento chave para um vínculo inicial seguro. 2-3 Autonomia versus Vergonha, dúvida Novas habilidades físicas levam à livre escolha; ocorre o treinamento do controle dos esfinc teres; a criança aprende a controlar-se, mas pode desenvolver vergonha se não se manejar adequadamente a situação. 4-5 Iniciativa versus Culpa Organiza atividades em torno de alguma meta; torna-se mais positiva e agressiva; conflito de Édipo com progenitor do mesmo sexo pode levar à culpa. 6-12 Atividade versus Inferioridade Absorve todas as habilidades normais culturais básicas, inclusive habilidades escolares e uso de instrumentos. 13-18 Identidade versus Confusão Adapta o senso do self às mudanças da puber dade, faz uma escolha ocupacional, atinge identidade sexual adulta e busca novos valores. 19-25 Identidade versus Isolamento Forma uma ou mais relações de intimidade que vão além do amor adolescente; forma grupos familiares. 26-40 Procriação versus Estagnação Tem e cria filhos, foco na conquista profissional e criatividade, e treinamento da geração seguinte. A41+ Integridade do Ego versus Desespero Integra estágios anteriores e encontra a identidade básica. Aceita o self (eu). Anotações: 44 mento. 12. ed. Tradução: Cristina Monteiro. Porto Alegre: Artmed, 2011. A Confiança Básica x Desconfiança Básica configura a fase da infância inicial, correspondendo ao estágio oral freudiano. O bebê estabelece total atenção em seu cuidador primário, que lhe garante não ficar sozinho, é a primeira relação social do bebê. Com a falta da cuidadora primária, ele prevê o seu retorno, forma de lidar com a ansiedade promo‐ vida pela sua ausência, com o seu retorno, gera-se a confirmação de sua força básica, desenvolvendo a confiança primária. É fundamental que a criança conviva com frustrações, pois é neste momento que ela irá aprender a definir quais esperanças são possíveis de serem realizadas, dando a noção daquilo que Erikson chamou de ordem cósmica, ou seja, “as regras que regem o mundo'' (ERIKSON, 1987 e 1976). Para o psicanalista, confiança básica é relevante, a criança “não só aprendeu a confiar na uniformidade e na continuidade dos provedores externos, mas também em si própria e na capacida‐ de dos próprios órgãos para fazer frente aos seus impulsos e anseios” (1987, p.102). Na Autonomia x Vergonha, é a dúvida corres‐ ponde à fase anal de Freud, a criança já tem pouco controle de seus movimentos musculares, dessa forma, focaliza sua atenção para às experiências ligadas à atividade exploratória e à conquista da autonomia. No entanto, começa a entender que não pode usar sua energia exploratória à vontade, pois é preciso respeitar certas regras sociais e interna‐ lizá-las ao seu ser, fazendo uma equação entre manutenção muscular, conservação e controle, então, começa a aprender sobre o autocontrole Anotações: 45 (ERIKSON, 1976). Assim, “de um sentimento de autocontrole sem perda de autoestima resulta em um sentimen‐ to constante de boa vontade e orgulho; de um sentimento de perda do autocontrole e de super‐ controle exterior, surge uma propensão duradoura para a dúvida e a vergonha” (ERIKSON, 1976, p. 234). No estágio de Iniciativa x Culpa, corresponde à fase fálica freudiana, a criança já internalizou a confiança, com o contato inicial com a cuidadora primária, e a autonomia, com a expansão motora e com o autocontrole. Neste momento, ela terá que vincular a autonomia e a confiança a um processo de iniciativa, por meio de sua capacidade intelectu‐ al. A combinação confiança-autonomia permite à criança um sentido de determinação, alavanca para a iniciativa. O estágio de Atividade x Inferioridade está marcado pelo controle, mas um controle diferente do que foi exposto anteriormente. Destaca-se o controle de atividades, tanto física como intelectu‐ al em busca de um equilíbrio das regras do método de aprendizado formal. Com a escola, é cobrado o esforço das funções intelectuais e ela aprende a respeitar os adultos, passa a entender a ideia de propósito, perseverançae interesse em seu futuro (CARRERA, 2015). Nesta fase de Identidade x Confusão, é quan‐ do se desenvolvem mais trabalhos, Erikson ressalta que o adolescente precisa de segurança frente a todas as transformações. Essa segurança ele passa a encontrar na busca de sua identidade, ao permear essa fase, vários conflitos da formação de sua identidade, questionamentos são necessários para encontrar o “eu”. Anotações: 46 Depois de estabelecer essa identidade, ele passa a vivenciar a Intimidade x Isolamento, passa a perceber a possibilidade de se unir a outra pessoa sem se sentir ameaçado, existindo a possibilidade de intimidade, parceria e colaboração. Para que essa parceria ocorra, é necessário ter construído ao longo das fases anteriores um ego forte e autônomo, caso não ocorra, pode preferir o isolamento, tendo medo de assumir um compromisso (RABELO, 2020). Ainda de acordo com Rabelo (2020), nesta fase de Procriação x Estagnação, o indivíduo terá como preocupação o que pode ser gerado a partir dele, desde filhos até ideias e produtos. Empenha‐ ram-se no cuidado com o que criou e gerou, sendo perceptível na transmissão dos valores sociais de pai para filho. Aqui, ele se sente enriquecido, uma vez que há a necessidade inerente ao ser humano em transmitir e ensinar. Quando essa transmissão não acontece, o indivíduo percebe que tudo que conquistou pode não ter valido a pena. A última fase de Erikson consiste na Integri‐ dade x Desespero, o ser humano passa a refletir, rever sua vida, buscar entender em termo de ordem e realizações. Algumas podem entrar em desespero devido à proximidade da morte e o medo de o tempo ter acabado. No entanto, a experiência também pode ser positiva, por meio da sensação de dever cumprido, experimenta o sentimento de dignidade e integridade e divide sua experiência e sabedoria. Neste contexto, que um educador precisa ter domínio das teorias freudianas, ele precisa levar em consideração as crises do ego vivenciado por cada ser humano, como se caracteriza a teoria de Erik Erikson. Cada conflito vivenciado ajuda o Anotações: 47 indivíduo na formação de sua identidade, e o ambi‐ ente acadêmico possibilita à criança um apoio para vivenciar essas etapas de conflitos. Quando um professor entende os conflitos que seus alunos podem estar vivenciando é capaz de estabelecer aprendizagens significativas que ajudam o aluno a experimentar esses estágios de forma equilibrada. U ni da de 3 Videoaula 1 Videoaula 2 50 51 TEORIA COGNITIVA- JEAN PIAGET Antes de adentrar na teoria de Jean Piaget, é necessário ter o mínimo de conhecimento de sua história. Jean Piaget nasceu em 1896 e faleceu em 1980, sua terra natal foi a Suíça em Neuchâtel. Desde menino já apresentava interesse pela natu‐ reza, ingressou na faculdade de Neuchâtel,ondeestudouBiologia,em 1918, tornou-se doutor em Biologia e começou a despertar interesse pela mente humana. Nesse mesmo ano, mudou-se para Zurique com o intuito de trabalhar em um laboratório de Psicologia,logoapósfezestágioemuma clínica psiquiátrica (BEE; BOYD, 2011). Anotações: 52 Nesta época, participou de aulas ministradas pelo psicólogo Carl Jung, discípulo de Freud. Em 1919 foi para Paris, onde trabalhou com o psicólogo infantil Alfred Binet, responsável pela criação dos testes de QI.Tornou-seprofessordaescolaedesenvolveutrabalhos no laboratório de pesquisa experimental gerenciado por Binet. Por meio de pesquisa, descobriu que as criançasdamesmafaixaetáriacometiamosmesmos erros, o que fez acreditar que o pensamento lógico era desenvolvido gradativamente (BEE; BOYD, 2011). DeacordocomBee(2011),Piagetcomseusestudos e pesquisas sobre a origem da inteligência se tornou a figura central na teoria cognitiva-desenvolvimento, aprimorando o pensamento de diversos psicólogos do desenvolvimento. Ele ficou fascinado pela regularidade do pensamento das crianças, observou que todas elas passavam pelo mesmo tipo de descobertas sequenciadas sobre o mundo, ou seja, os erros e as conclusões eram os mesmos. Segundo a autora, as observações minuciosas de Piaget sobre as mudanças sistemáticas no pensamentodacriança, levou-oaocernedesuateoria, que é da natureza do organismo humano adaptar-se ao meio, neste tempo ela explora, manuseia e avalia objetos e pessoas em seu mundo. Osprincípiosquefundamentamsuateoriaperpassa pelo construtivismo, uma vez que o sujeito age sobre o objeto de seu conhecimento, pelo interacionismo, devido às trocas que o sujeito realiza com o meio ou com os objetos, pelo estruturalismo, pois ele constrói acapacidadedepensar,organizareplanejarconstruindo suas estruturas mentais e as tornando cada vez mais complexas,pelogenético,associandoaideiadegênese da inteligência. Piagetpropõeumaconcepçãosobreoqueseria Anotações: 53 o conhecimento, o que seria para ele o sentido dado à palavra “conhecer”, que seria organizar, explicar ao mundo, por meio do que se foi experienciado. Então, o conhecimento para o autor, é produzido a partir da açãodosujeitosobreomeio,estruturandoassimsuas experiênciaseatribuindosignificadoàscoisas.Dessa forma, a significação é entendida por um resultado de assimilação (CAVICCHIA, 2013). Para Piaget o conhecimento não pode serconcebidocomoalgopredeterminado desdeonascimento(inatismo),nemcomo resultado do simples registro de percepçõese informações (empirismo): o conhecimento resulta das ações e interações do sujeito no ambiente em que vive. Todo conhecimento é uma construçãoquevaisendoelaboradadesde a infância, por meio de interações do sujeito com os objetos que procura conhecer, sejam eles do mundo físico ou do mundo cultural. O conhecimento resulta de uma inter-relação do sujeito queconhececomobjetoaserconhecido. (MOREIRA, 1999, p.75) Em sua teoria, Piaget sempre buscou explicar como se processa o desenvolvimento da inteligência, não necessariamente sobre a aprendizagem. Ele vai em sua teoria discorrendo como que resulta este processo,destaforma,apresentaateoriadaequilibração que é o resultado de todo o ciclo da construção desse conhecimento. Para ele, quando o indivíduo entra em contato com o novo conhecimento, há um processo de desequilíbrio, surgindo a necessidade de voltar ao Anotações: 54 equilíbrio, dessa forma, ela passa a assimilar o conteúdo novo, tentando incorporá-lo a estruturas já adaptadas, ou seja, a sua estrutura cognitiva existente,quefoiesquematizadaatravésda interação com o meio. Quando começa uma mudança nessa estrutura, inicia-seumprocessodeacomodaçãodeste novo conhecimento, de modo que ele vai adaptar a sua estrutura cognitiva, assim um novo esquema é construído, voltando ao equilíbrio. O processo é dialético (domovimentoconstante)eodomínioafetivo acompanha sempre o cognitivo (habilidades intelec‐ tuais), um processo endógeno (CAVICCHIA, 2013). Então, independentemente do estágio em que oindivíduoseencontre,suaaquisiçãodeconhecimento sempre perpassará por uma relação dialética entre sujeito e objeto, e essa relação se constrói por meio deesquema,assimilação,acomodaçãoeequilibração. A respeito dessa relação, dos pontos de equilíbrio, assimilação e acomodação, Piaget (1937, apud Silva, 2009. p. 4) diz que: A inteligência não começa nem pelo conhecimento do eu nem pelo conhe‐ cimento das coisas enquanto tais, mas pelo conhecimento de sua intenção e, orientando-se simultaneamente para os dois polos desta interação, a inteligência organiza o mundo, organi‐ za-se a si mesma (PIAGET 1937, p. 361). Anotações: 55 Figura 6: Teoria da Equilibração Fonte:https://www.researchgate.net/figureRepresentacao- do-relacionamento-da-assimilacao-acomodacao-e-equili‐ bracao A figura 6 representa de forma clara o processo de equilibração descrito por Piaget, no entanto, é necessário o domínio dos conceitos apresentados. Esquemas: são as estruturas mentais ou cognitivas pelas quais o sujeito organiza o meio. A assimilação é a incorporação dos elementos do meio a uma estrutura cognitiva já existente. A acomodação é quando acontece uma modificação de uma estrutura em particularidade com o quevai ser assimilado. A equilibração é quando passa de um menor equilíbrio para um maior. O desenvolvimento é caracterizado por um processo de sucessivas equilibrações. “O desenvol‐ vimento psíquico começa quando nascemos e segue até a maturidade, sendo comparável ao crescimento orgânico; como este, orienta-se, essencialmente, para o equilíbrio” (PIAGET, 1995, p.13). Anotações: 56 TEORIA DE PIAGET: ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Piaget concebe o desenvolvimento humano de forma sequencial e progressiva, então, os estágios dodesenvolvimentodainteligênciasãocompreendidos de forma contínua, cada vez a criança sai do mais simples para o mais complexo, evoluindo à medida que seus esquemas se tornam mais elaborados. O autor apresenta quatro estágios do desenvolvimento da inteligência: sensório-motor, pré-operatório, operações concretas e operações formais, conforme descrito no quadro 6. Quadro 6: Estágios do desenvolvimento da inteli‐ gência de Piaget (Fonte: PIAGET, J.; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. São Paulo: Difel, 1968). De acordo com Cavicchia (2013), o estágio sensório-motor acontece aproximadamente entre Estágio Faixa Etária Características Sensório-motor 0 – 2 anos Evolução da percepção emotricidade. Pré-operatório 2 – 7 anos Interiorização dos esquemas de ação, surgimento da linguagem do simbolismo e da imitação diferida. OperatórioConcreto 7 – 11 anos Construção e descentralização cognitiva; compreensão da reversibilidade sem coordenação da mesma; classificação, seriação e compensação simples. Operatório Formal Acima de 11 anos Desenvolvimento das operações lógicas matemáticas e infralógicas, da compensação complexa (razão). Anotações: 57 0 a 2 anos, período de fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo. Ele forma a base do processo, seus esquemas são as primeiras formas de pensamento e expressão, seus padrões de comportamento que podem ser aplicados a diferentes objetos e em diferentes contextos. Neste estágio, estabelecem-se as bases para a construção do conhecimento, que permitem ao ser humano organizar a sua experiência na construção do mundo: objeto, espaço, causalidade e tempo. A autora também descreve que, no estágio pré-operatório (2 a 7 anos), é realizada a transição entre a inteligência propriamente sensório-motora e a inteligência representativa acontece lenta e sucessivamente. Ao atingir o pensamento, o sujeito reestrutura o significado do objeto, o tempo, o espaço, as categorias lógicas de classes e relações nesse novo plano da representação. O raciocínio neste estágio ocorre por analogias, por transdução, uma vez que lhe falta a generalidade de um verda‐ deiro raciocínio lógico. O estágio operatório concreto ocorre por volta de 7 a 12 anos. Aos sete anos, a atividade cognitiva da criança torna-se operatória, com a aquisição da reversibilidade lógica. A reversibilidade aparece como uma parte das ações da criança, sujeita a exercer em pensamento ou interiormente. Assim, surge um equilíbrio entre as trocas cognitivas e a realidade, muito característico de estruturas operatórias (CAVICCHIA, 2013). Ainda de acordo com a autora, o último estágio é configurado pelas operações formais, ocorre entre os 11 anos em diante. Inicialmente, de natureza concreta, aos onze anos as crianças continuam ligadas em agir sobre os objetos. As operações se Anotações: 58 desconectamdeformaprogressivadoplanoconcreto chegando ao raciocínio hipotético-dedutivo. Assim, começam a chegar a conclusões mais hipotéticas sem a necessidade de manipular objetos. Passando pelos estágios de forma contínua e progressiva, vivenciando todos os aspectos de equilibração, Piaget acreditava que o conhecimen‐ to é construído de maneira espontânea pelo sujeito, de acordo com os estágios do desenvolvimento que o indivíduo se encontra. A visão individual que a criança percebe do mundo e age sobre ele, aconte‐ ce de maneira progressiva aproximando-se da forma como o adulto a concebe, tornando-se socializada com o objeto. Assim como Freud, os estudos de Piaget representam hoje um dos mais relevantes para o campo da psicologia do desenvolvimento infantil, sendo basilar para o educador compreender os estágios do desenvolvimento e como se processa a inteligência. Diante destes conhecimentos, pode estabelecer suas metodologias para guiar as crian‐ ças em suas descobertas e interações com o meio. TEORIA SOCIOINTERACIONISTA- LEV S. VYGOTSKY Lev Vygotsky nasceu em 1896 na Bielorrússia, de família judia. Formou-se em direito em 1918, pela Universidade de Moscou, aos vinte e oito anos casou-se, faleceu em 1934 devido à tuberculose, doença que conviveu durante quatorze anos. Dedicou-se aos estudos dos distúrbios de aprendi‐ zagem e de linguagem, em função de sua experiên‐ cia como professor. Por esse motivo, graduou-se Anotações: 59 em medicina e fundou o laboratório de psicologia da escola de professores de Gomel. Adentrou-se na Psicologia com o estudo dos problemas de crianças com defeitos congênitos, tais como: cegueira, retardo mental severo, surdez entre outras nos quais dedicaria anos de estudos buscando oportu‐ nidades de compreensão dos processos mentais humanos, sendo este o centro do seu projeto de pesquisa. Foi convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscou. No final da revolução Russa, Vygotsky inicia suas teorias criando um pensamento marxista, em virtude de os pais se tornarem socialistas, basean‐ do-se em Marx de que “tudo é histórico, fruto de um processo, e que são as mudanças históricas na sociedade e na vida material que modificam a natureza humana em sua consciência e comporta‐ mento”, Vygotsky desenvolveu sua teoria sobre funções psicológicas superiores, sobre linguagem, pensamento e como estão fortemente conectados. Tanto Vygotsky como Piaget compartilham de ideias construtivistas, em que a única aprendiza‐ gem significativa é aquela que ocorre através da interação entre sujeito, objetos e outros sujeitos. Para Vygotsky, o desenvolvimento humano é o resultado de um processo sócio-histórico, e a linguagem é central neste processo. Enfatiza, portanto, em sua teoria, a aquisição da aprendiza‐ gem, sendo o cerne a aquisição do conhecimento que acontece mediada pela interação do sujeito com o meio. Lev S. Vygotsky é comumente relacionado ao campo cognitivo-comportamental, porque estava primeiramente preocupado em entender as origens do conhecimento da criança. Ele diferia de Piaget, Anotações: 60 contudo, em um aspecto fundamental: ele estava convencido de que formas complexas de pensa‐ mentos têm suas origens em interações sociais (BEE; BOYD, 2011). As pesquisas de Vygotsky se fundamentam em três elementos, o primeiro é que o cérebro é a base biológica das funções psicológicas, o segundo é a noção de que as funções psicológicas se origi‐ nava nas relações sociais construídas histórica e culturalmente, o terceiro diz respeito à interpreta‐ ção de que essas funções psicológicas são media‐ das simbolicamente (OLIVEIRA, 1993). De forma interdisciplinar, entende-se o homem como corpo e mente integrante de um processo histórico, o sujeito é um ser biológico e social (MÁRMORA, 2013). Permeia nesse momento um pensamento sobre o desenvolvimento humano como uma nova fronteira na ciência psicológica, pois se entende a interação social como fundante do desenvolvimento cognitivo. De acordo com Arantes (2003), essa concepção teórica compreende o sujeito como produto do desenvolvimento físico e mental, cognitivo e afetivo, interno no que tange a história do sujeito, e externo como as situações sociais do desenvolvimento no qual o sujeito está envolvido. Logo, é na interação da ética dos planos genéticos que se constitui o sujeito. Conforme Velasco (2006), os planos genéticos propostos por Vygotsky compartilham a filogênese queéahistóriadaespécie,aontogêneseaqualconfigura a história do próprio indivíduo. A sociogênese retrata a história do grupo e a microgênese história da formação de cada processo psicológico específico em curto prazo, bem como dasexperiências vividas Anotações: 61 Anotações: 62 ela um processo contínuo, para ele, a educação é caracterizada por saltos qualitativos de um nível de aprendizagem a outro, por isso, a relevância das relações sociais. Para Vygotsky, a aprendizagem de novas estru‐ turascognitivaséconduzidaporumadulto(oupor uma criança mais hábil, como por um irmão mais velho), que modela e estrutura a experiência de aprendiza‐ gem da criança. Denominando zona de desenvolvi‐ mentoproximal,hátarefasquesãomuitodifíceispara a criança fazer sozinha, mas que ela pode conseguir comorientação.Àmedidaqueacriançasetornamais habilidosa, a zona de desenvolvimento proximal amplia-se constantemente, incluindo tarefas sempre mais complexas (BEE; BOYD, 2011). Ele acreditava que o segredo para esse pro‐ cesso interativo é a linguagem que o outro usa para descrever ou estruturar a tarefa. Mais tarde, a crian‐ ça poderia usar essa linguagem para orientar suas tentativas independentes de fazer vários tipos de tarefas (BEE; BOYD, 2011). Anotações: 63 Figura 8: Zona de Desenvolvimento Proximal -ZDP Fonte: https://bityli.com/JyoeUkw O pensamento de Vygotsky sobre a noção de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) vem sendo bemdiscutidoentreospensadorescontemporâneos, devido às suas implicações na área da educação. A definição de ZDP é a existência de uma área potencial de desenvolvimento cognitivo, ela medeia o desen‐ volvimento real do sujeito, definindo sua capacidade de solucionar atividades sozinha, ao seu nível de desenvolvimento potencial, definindo sua percepção do que pode vir a executar (VYGOTSKY, 1978). Para melhor compreensão, podemos dizer que a Zona de Desenvolvimento Proximal é a dis‐ tância entre o que a criança é capaz de realizar para o que ela tem como potencial realizar, como está representado na figura 8. No entanto, como expos‐ to na teoria de Vygotsky, será necessário para esse processo um mediador, este pode ser uma criança mais velha, ou um adulto. Esse conceito é bem discutido e divulgado na área da educação justamente por entendermos o professor como um agente mediador desse proces‐ so, além de claro, de todas as relações estabeleci‐ das na sala de aula, onde à criança que tem maior Anotações: 64 facilidade, também pode-se configurar nesse agen‐ te mediador. Ou seja, o professor, neste processo, torna-se um agente metacognitivo e o aprendiz é capaz de identificar o conhecimento, os valores e as habili‐ dades, interiorizando o processo. Porém, não é somente isso que configura a evolução para um desenvolvimento em um nível mais elevado, o aprendiz sempre necessitará de um agente de mediação. Nesta perspectiva, um bom professor pode identificar caminhos mais apropriados para o processo acontecer com mais eficiência, com demonstrações, uso de ferramentas pedagógica, tecnologias e métodos que ajudem o aluno a passar pela ponte, ou seja, cruzar a ZDP, saindo do nível real para um nível mais elevado, seu nível potencial. O professor é capaz de planejar, monitorar e dirigir, guiando o aluno para a solução do problema, sendo um agente metacognitivo (MORRISON, 1993). Outro fator relevante para o processo de ZDP são as “janelas de aprendizagem” descritas por Vygotsky. Para ele, em cada momento do desenvol‐ vimento cognitivo, não existe apenas uma janela de aprendizagem, são várias e bem personalizadas conforme cada indivíduo. Elas existem pela neces‐ sidade de possibilitar a cada sujeito uma amplitude deatividadeseconteúdoqueencaixenasuaestrutura de aprendizagem (VYGOTSKY, 1978). Não se pode esquecer que, em toda teoria proposta pelo autor, a atividade humana é sempre mediada, as interações sociais são fundamentais, a linguagem e os signos são ferramentas deste processo, assim como a cultura. A mediação é um condutor para a atividade Anotações: 65 humana, visto que o sujeito torna-se capaz de agir sobre o objeto, sempre levado à mudança. As atividades são socialmente organizadas, importante para a construção da consciência que se forma por meio da capacidade que o ser humano possui em se empenharemformassociaisdeatividadesprodutivas e construtivas. U ni da de 4 Videoaula 1 Videoaula 3 Videoaula 2 Videoaula 4 68 69 TEORIAS BEHAVIORISTAS - O MODELO DE CONDICIONAMENTO CLÁSSICO DE PAVLOV Ivan Petrovich Pavlov nasceu em Riazan na Rússia no ano de 1849. Começou seus estudos no campo da teologia por influência familiar devido ser filho de um sacerdote ortodoxo, no entanto, era um leitor das obras de Charles Darwin, por isso abandonou os estudos teológi‐ cos e foi estudar medicina e quími‐ ca em São Petersburgo. Em1883concluiuseudoutorado em cirurgia médica, especializando- seemsistemacirculatórioefisiologia digestiva. Tornou-se professor de Fisiologia na Academia Americana Experimental, também foi nomeado Anotações: 70 diretor do departamento de Fisiologia do Instituto de Medicina Experimental de São Petersburgo, onde ficoupormaisde45anosedesenvolveuseusestudos sobre o aparelho digestivo humano e os reflexos condicionados. Foi premiado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1904, tornando-se o primeiro russo a receber este mérito. Ele é, sobretudo, conhecido por formular a lei do reflexo condicional, com o modelo de condicionamento clássico, sendo este o que mais influenciou os estudos em Psicologia e na educação. O conceito de condicionamento clássico foi desenvolvido por Ivan Pavlov, de acordo com Papalia, Feldman e Olds o condicionamento clássico e “um tipo de aprendizagem baseado na associação de estímulos, que não eliciam uma resposta particular com outros estímulos que eliciam a resposta” (p.47, 2007). Ou seja, pode ser compreendido que o condi‐ cionamento clássico tem como fonte a associação, dois estímulos que são experimentados simultane‐ amente repetidas vezes. Com isso, eles se tornam associados, por exemplo, uma criança encontra sempre estímulos de desprazeres em suas aulas de matemática,elapodeassociarnãogostardadisciplina. É de fundamental importância entendermos como Pavlov chegou a essa premissa. Inicialmente, ele estava estudando a função da saliva na diges‐ tão, media a quantidade de saliva que o cachorro produzia quando recebia a carne. Logo após perce‐ beu que os cachorros salivavam apenas ao visuali‐ zar a carne, buscando nesse momento compreen‐ der esse fenômeno. Passouaexporocachorroaumsompoucoantes de lhe apresentar a carne, por inúmeras vezes repetiu 71 Anotações:oprocedimento,então,percebeuqueocachorrosalivava assim que ouvia o som, ou seja, o cachorro foi condicionado a salivar como resposta ao estímulo (som). Este incentivo não produziria a salivação, o que deixa clara a associação, o cachorro associou o som com a carne (PAPALIA & OLDS, 2007). Figura 9: Condicionamento Clássico de Pavlov Fonte: http://psico12paratodos.blogspot.com/2013/05/con‐ dicionamento-classico-experiencia-de.html Quando falamos de condicionamento, preci‐ samos entender alguns conceitos básicos: o que é um estímulo? Este é definido como qualquer coisa que influencie diretamente um comportamento e produz com isso, uma resposta. No condiciona‐ mento clássico proposto por Pavlov, existem dois tipos de estímulos e dois tipos de resposta, poden‐ do ser nomeados de estímulo condicionado, estí‐ mulo incondicionado, resposta condicionada e resposta incondicionada (BEE & BOYD, 2011). Oestímulo incondicionadoproduzrespostasem aprendizagem, já o estímulo condicionado apresenta Anotações: 72 uma resposta por ser associado ao estímulo incon‐ dicionado. A resposta incondicionada é a reação ao estímulo incondicionado, normalmente é uma resposta inata, biológica, já a resposta condicionada é a reação ao estímulo condicionado. Conforme descrito na figura 10. Figura 10: Estímulo e resposta Fonte: BEE, Helen; BOYD, Denise. A Criança em Desenvolvi‐ mento. 12. ed. Tradução: Cristina Monteiro. Porto Alegre: Artmed, 2011). Alémdedescrevermososestímuloserespostas, também se faz necessário entender que em todo o processodecondicionamentoclássico,háfenômenos queacontecemesãocomunsnessecondicionamento,como a generalização, a discriminação e a extinção. De acordo com Papalia (2007), a generaliza‐ ção é um fenômeno que ocorre quando o estímulo condicionado gera uma resposta condicionada, por exemplo, um jovem que não tira uma boa nota em matemática fica com medo de tirar nota baixa em física e química, as provas são estímulos similares 73 Anotações:gerando uma resposta por si só generalizada. A discriminação conforme a autora, é o con‐ trário da generalização, é a habilidade de distinguir os estímulos similares, com o mesmo exemplo exposto na generalização, ele pode sentir medo na prova de matemática, no entanto, pode não sentir nas outras duas. Logo percebe-se que o jovem consegue fazer a diferença entre as situações, elucidando uma resposta diferente. Ainda conforme a autora, também temos o fenômeno de extinção, que é um processo de desaprender a resposta aprendida com a extinção da aprendizagem inicial. Se seguirmos o mesmo exemplo, o jovem passa a conseguir bons resulta‐ dos repetidamente na prova de matemática, o medo da prova se extinguirá. Portanto, é comum em nossa vida termos o condicionamento clássico presente, temos um certo medo do barulho da máquina do dentista (estímulo neutro) que foi associado a dor (estímulo incondicionado). Com os estudos do condicionamento clássi‐ co, possibilitou a compreensão muito mais ampla dos aspectos da aprendizagem humana, sobre a aprendizagem e o condicionamento, o que possibi‐ lita as associações de estímulos como fonte de processos de aprendizagem. Para Pavlov (1976), o sujeito tem uma cons‐ ciência, pensamento, vontade, emoções, que em sua opinião são funções da atividade psíquica do segmento superior do sistema nervoso. O mundo subjetivo é percebido e manifestado pela observa‐ ção de seu comportamento. Anotações: 74 O MODELO DE CONDICIONAMENTO OPERANTE DE SKINNER Burrhus Frederic Skinner, norte americano, nasceu em Susquehanna, nos Estados Unidos em 1904 e faleceu em 1990, desde cedo mostrou seu interesse pelos comportamentos de animais. Entrou na Hamilton College em Nova Iorque com o objetivo de se tornar escritor, concluiu seu bacharelado em literatura Inglesa e Línguas Românticas, dedicou-se a escrever por dois anos e concluiu que não tinha habilidades literárias. Skinner, no ano de 1928, adentrou o curso de pós-graduação em Psicologia por Harvard, mesmo nunca tido estudado antes Psicologia, terminou seu mestrado e doutorado e continuou na Universidade como pesquisador. Lecionou na Universidade de Minnesota em 1936, permanecendo por nove anos. Depois lecionou na Universidade de Indiana até 1947, onde se tornou presidente do departamento de Psicologia, e em 1948 retorna para Harvard como professor titular. Ele foi um pesquisador preocupado com a educação, em sua obra “Walden Two”, um modelo de uma sociedade utópica, fundamenta em princí‐ pios comportamentais que o ensino era voltado para um planejamento cultural, formando indiví‐ duos para conviver na sociedade. Afirma que a educação tinha como função a transmissão de cultura, "maximizar as oportunidades da cultura, não é só de lidar com seus problemas, mas de aumentar constantemente sua capacidade de fazê- lo” (SKINNER, p.232, 1968). Mas antes de entendermos a influência de 75 Anotações:Skinner no contexto educacional, é necessário compreendermos como ele chegou a esse processo, seu estudo fundamentava-se na análise do compor‐ tamento, o behaviorismo, iniciado por John Watson. Skinner, então, dedicou-se a estudar e analisar as consequências e os fatores que influenciam o estudo do comportamento. Tinha como base o estudo do comportamento por meio de um conjunto de respostas que o orga‐ nismomanifestaaosestímulosexternos,dessaforma é percebido a possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano, para ele o comportamento é determinado pelo ambiente. Conforme Papalia (2007),eleentendeoprocesso de aprendizagem como mudança do comportamento através do condicionamento operante, configura-se no processo de aprendizagem através do qual uma resposta torna-se mais provável ou mais frequente, sendo este comportamento moldado por reforços, positivos e negativos. ComoconfirmaMorriseMaisto,“ocomportamento que gera um efeito de satisfação (reforçamento) está apto a ser repetido, enquanto o comportamento que gera um efeito negativo (punição) está apto a ser suprimido” (2001, p.10). Skinner buscou compreender estecondicionamentooperante,sendodefinidocomo o comportamento associado a uma consequência, esses comportamentos foram estudados por Edward Thorndike e por Frederic Skinner. Para eles, como exposto anteriormente, existia o reforço ou a punição, o reforçamento visava o aumentodaprobabilidadedocomportamentoocorrer, já a punição visava a diminuição da frequência desse comportamento ocorrer. Anotações: 76 Figura 11: Reforço e punição Fonte: http://sabercom.furg.br/bitstream/1/1602/1/behavio‐ rismo.pdf Perceba que quando uma situação prazerosa é acrescentada, o estímulo é chamado de positivo. E quando algo é retirado, é chamado de negativo, tanto o reforço quanto a punição podem ser positi‐ vos ou negativos. Conforme quadro 7 fica mais claro o entendimento. 77 Anotações:Quadro 7: Reforço e punição: estímulos positivos ou negativos Fonte: http://sabercom.furg.br/bitstream/1/1602/1/behavio‐ rismo.pdf Quando se discute sobre o reforçamento positivo e negativo, normalmente se pensa no negativo como fator de punição, ou ainda, como uma situação ruim, percebe-se, a partir dos exem‐ plos apresentados, que a ideia central é a diminui‐ ção das frequências de um determinado comporta‐ mento podendo ser por punição ou reforçamento. Vieira (2009) descreve que Skinner, por meio de seus estudos, diferencia o condicionamento clássico de Pavlov do condicionamento operante, uma vez que, o condicionamento clássico é gerado por um estímulo exterior, e no condicionamento operante, de Skinner, é menos influenciado por estímulos exteriores e muito mais por estímulos internos, promovendo a impressão de ser um comportamento voluntário. Portanto, o comportamento operante permite CONSEQUÊNCIAS DESCRIÇÃO EXEMPLO Reforçamento positivo Receber algo prazeroso aumentará a ocorrência do comportamento Um aluno é elogiado por fazer perguntas em sala. Subsequentemente, o aluno passa a perguntar mais. Reforçamento negativo Remover algo desprazeroso aumentará a ocorrência do comportamento Um filho que está cansado de ouvir seu pai reclamar por ele não ter feito o dever de casa, faz o dever para remover a reclamação do pai. Punição positiva Receber algo desprazeroso diminuirá a ocorrência do comportamento Se um professor faz piada da pergunta de um aluno, a probabilidade desse aluno perguntar novamente diminui. Punição negativa Remover alguma coisa prazerosa diminuirá a ocorrência do comportamento Um alunomal criado é removido de sala de aula Anotações: 78 uma amplitude em relação à atividade humana. Ele inclui todas as atividades do indivíduo, o que se pode dizer que, em um dado momento, terá efeito sobre o meio, e operar sobre o mundo, quer direta‐ mente, quer indiretamente (BOCK, 2009). O famoso experimento de Skinner com os ratos é muito utilizado como forma de verificar o efeito do meio sobre o organismo. No experimento com rato, por exemplo, o animal ao sentir sede busca saciar sua necessidade biológica. Em seu habitat natural,buscaporáguaquandoprivadodelae,quando está em uma caixa, busca por água assim que sentir sede. Então se inicia o experimento de Skinner. O rato foi colocado em uma caixa, caixa de Skinner. Dentro dela tem uma barra camuflada, essa barra ao ser pressionada por ele (rato) acionará um mecanismo que o permitirá ter acesso a uma gota de água. O rato, acidentalmente, esbarrou na barra e assim tem acesso pela primeira vez à água e logo a consome devidoasuasede.Percebe-seagrandeprobabilidade de o rato quando estiver em situação semelhante, repetir o comportamento (BOCK, 2009). Então, o que proporciona a aprendizagem é a ação do organismo sobre o meio. Pode-seafirmarqueocomportamentooperante,