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Daniela Conte Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Jeane Passos de Souza – CRB 8a/6189) Conte, Daniela Valorização e remuneração de pessoas : cargos e salários / Daniela Conte. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2020. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-65-5536-200-8 (ePub/2020) e-ISBN 978-65-5536-201-5 (PDF/2020) 1. Gestão de pessoas 2. Recursos Humanos : Administração 3. Recursos Humanos : Cargos e Salários 4. Recursos Humanos : Sistemas de recompensa I. Título II. Série 20-1165t CDD – 658.31 BISAC BUS030000 Índice para catálogo sistemático 1. Recursos Humanos : Administração 658.31 au lo . or a Se na c Sã o P ob a s pe na s da L ei . © E di t o di gi ta l, s til ha m en t ep ro du çã o e o co m pa r oi bi da a r po nd en te . P r ci pl in a co rre s , d a di s tâ nc ia d a Re de S en ac E AD du ca çã o a Di s ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e E cl us a us o ex M at er ia l p ar VALORIZAÇÃO E REMUNERAÇÃO DE PESSOAS: CARGOS E SALÁRIOS Daniela Conte M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Jeane Passos de Souza Gerente/Publisher Jeane Passos de Souza (jpassos@sp.senac.br) Coordenação Editorial/Prospecção Luís Américo Tousi Botelho (luis.tbotelho@sp.senac.br) Dolores Crisci Manzano (dolores.cmanzano@sp.senac.br) Administrativo grupoedsadministrativo@sp.senac.br Comercial comercial@editorasenacsp.com.br Acompanhamento Pedagógico Otacília da Paz Pereira Designer Educacional Anny Frida Silva Paula Revisão Técnica Maria José Marcos Preparação de Texto Eloiza Mendes Lopes Revisão de Texto Eloiza Mendes Lopes Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica Sidney Foot Gomes Ilustrações Sidney Foot Gomes Imagens Adobe Stock Photos E-pub Ricardo Diana M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Rua 24 de Maio, 208 – 3o andar Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: http://www.livrariasenac.com.br © Editora Senac São Paulo, 2020 Sumário Capítulo 1 As recompensas nas organizações e os modelos de remuneração, 7 1 Tipos de recompensas ao trabalho, 8 2 Recompensa financeira (remuneração), 13 3 Novas abordagens em sistemas de recompensa, 16 Considerações finais, 20 Referências, 21 Capítulo 2 Cargos e carreiras, 23 1 O cargo, 24 2 Análise e descrição de cargos, 27 3 Métodos de avaliação dos cargos, 33 4 Carreira, 41 Considerações finais, 44 Referências, 45 Anexo I, 46 Capítulo 3 Pesquisa, estrutura e política salarial, 55 1 Pesquisa salarial, 56 2 Como é feita a pesquisa?, 58 3 Estrutura ou tabela salarial, 61 4 Política salarial: conteúdo e definições, 67 Considerações finais, 71 Referências, 72 Capítulo 4 Aspectos legais da remuneração direta e indireta e gestão de benefícios, 75 1 Aspectos legais da remuneração, 76 2 Os benefícios, 80 3 Gestão dos benefícios, 85 Considerações finais, 89 Referências, 90 Capítulo 5 Participação nos lucros ou resultados (PLR), 91 1 Definições, 92 2 Legislação do PLR, 96 3 Etapas para a implementação, 100 Considerações finais, 104 Referências, 105 Capítulo 6 Incentivos de curto prazo (ICP)/ incentivos de longo prazo (ILP), 107 1 Definições de ICP e ILP, 108 2 Tipos de ICP, 112 3 Tipos de ILP, 117 Considerações finais, 120 Referências, 121 Capítulo 7 Desempenho humano e organizacional, 123 1 Definições de desempenho humano e organizacional, 124 2 A gestão do desempenho, 127 Considerações finais, 141 Referências, 142 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 6 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Capítulo 8 O futuro da remuneração, 143 1 A remuneração estratégica, 144 2 Boas práticas em remuneração, 148 3 Tendências em remuneração, 152 Considerações finais, 155 Referências, 156 Sobre a autora,159 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 As recompensas nas organizações e os modelos de remuneração Pessoas e organizações se relacionam em um complexo sistema de intercâmbios: as pessoas emprestam sua força de trabalho à organiza- ção e esperam receber em troca algum tipo de recompensa. Para essa relação se manter frutífera, será necessária a adoção de algum sistema de recompensa que torne essa troca justa e equilibrada. Não existe uma fórmula mágica ou um modelo infalível para a com- pensação dos trabalhadores. Muitos modelos estão postos nos am- bientes corporativos e cada qual fornece uma contribuição específica. O que se faz necessário é a adoção por parte da empresa de um sistema 8 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . de remuneração que mantenha o equilíbrio entre o ambiente interno e o externo, que valorize adequadamente sua força de trabalho e proporcio- ne competitividade no cenário empresarial. O intuito deste capítulo é discutir o caráter multivariado do sistema de recompensa, com a apresentação dos componentes financeiros e não financeiros e sua importância para o engajamento dos trabalhadores no ambiente organizacional. Discutiremos também novas abordagens em sistemas de recompensa, tendências que têm por objetivo acom- panhar o mutante cenário econômico atual, que obriga as corporações a ajustar constantemente seus modelos de gestão, principalmente as políticas de recursos humanos. Aqui não há pretensão de esgotar o assunto, haja vista sua complexi- dade, mas propor uma reflexão sobre a necessidade e a importância do estabelecimento de uma sistemática de remuneração que acompanhe os novos rumos do cenárioempresarial. Todos prontos? Embrenhemo - -nos, então, nas nuanças dos sistemas de compensação de pessoal. 1 Tipos de recompensas ao trabalho As organizações contemporâneas imprimem cada vez mais esfor- ços para a valorização de seus trabalhadores, pois veem nessa estraté- gia uma alternativa para o engajamento de sua força de trabalho. Assim, as companhias precisam prover sistemas de recompensas que supram as necessidades dos trabalhadores e ao mesmo tempo estejam alinha- dos aos seus desafios. Uma metodologia que incentive os profissionais a potencializar seus desempenhos por meio de seus conhecimentos, capacidade e habilidade, mas que, acima de tudo, seja sustentável economicamente. 9As recompensas nas organizações e os modelos de remuneração M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Quando ouvimos o termo recompensa, é muito comum o confun- dirmos com remuneração, que, por sua vez, é apenas parte de um con- junto mais amplo de recompensas que configura o sistema de remu- neração organizacional. Por recompensa, entendemos tudo aquilo que pode ser oferecido aos profissionais em troca de seu trabalho, compreendendo aspec- tos de caráter financeiro ou não. Assim, elementos como ascen- são profissional, oportunidades de desenvolvimento e gratificação de pessoal obtida pelo trabalho realizado ou em função de seus resultados podem ser vistos como formas de recompensa. Já o termo remuneração considera apenas aquelas recompensas rela- cionadas à obtenção ou ao não desembolso de recursos financei- ros. São exemplos benefícios e quaisquer formas de pagamento centrado em aspectos pecuniários. (HIPÓLITO, 2004, p. 4) Assim, podemos classificar o sistema de recompensas em duas ca- tegorias, a saber: 1. Recompensas financeiras: é a parte tangível do sistema de re- compensa, que está diretamente relacionada a uma gratificação monetária ou à concessão de benefícios. Estamos nos referindo ao salário nominal, aos bônus e às gratificações financeiras por desempenho e ao pacote de benefícios. 2. Recompensas não financeiras: é a parte mais intangível do siste- ma de recompensa, que está diretamente relacionada a aspectos sociais do reconhecimento, como oportunidade de crescimento e desenvolvimento profissional, reconhecimento por um bom de- sempenho, estabilidade, clima de trabalho, autonomia. Para elucidar mais esse conceito, propomos a figura 1. 10 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Figura 1 – Classificação das recompensas pelo trabalho Recompensas Utilizadas para engajar os trabalhadores aos propósitos da empresa Estão relacionadas a tudo que a empresa oferece em troca do trabalho Compreendem aspectos financeiros e não financeiros Atendem às necessidades dos trabalhores e à sustentabilidade organizacional Recompensas não financeiras Reconhecimento pelo bom trabalho prestado, oportunidade de aprendiza- gem e crescimento profissional Estima pela entrega de um bom trabalho, satisfação pessoal Exemplos: horário flexível, semana reduzida, políticas de RH, área de lazer, reconhecimento, camaradagem Recompensas financeiras (remuneração) Estão relacionadas a valores monetários recebidos ou ao não desembolso por um serviço ou benefício Compreendem o somatório dos valores do salário-base, remunerações variáveis, gratificações, adicionais de qualquer natureza. Exemplos: salário, bônus, benefícios, plano de incentivos, férias, 13o salário Atualmente, como as grandes corporações estão configurando seus sistemas de recompensa? Essa foi a pergunta que a plataforma Love Mondays tentou responder com uma pesquisa recente disponibilizada na web. O resultado da enquete mostrou que as companhias brasilei- ras investem em outros modelos de remuneração além dos tradicionais (salário fixo, vale-transporte e vale-alimentação). Entre as empresas pes- quisadas, destacam-se a startup de serviços financeiros Nubank, que oferece stock options (possibilidade de compra de ações da empresa) para alguns cargos, clube de leitura e sala de meditação, por exemplo. A Unilever disponibiliza aos seus empregados complemento na alimen- tação com o fornecimento de frutas variadas, bônus anual e jornada de trabalho flexível. O banco Santander oferece reembolso para acade- mia, entre outras estratégias pouco convencionais. Outras companhias brasileiras também apareceram na pesquisa, com políticas de recom- pensas que mesclam ações tidas como mais tradicionais e outras bem 11As recompensas nas organizações e os modelos de remuneração M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. inovadoras, evidenciando a crescente preocupação das empresas em alinhar suas políticas de recompensas com a realidade de sua força de trabalho (QUAIS..., 2018). Agora, avancemos um pouco mais na reflexão a respeito do engaja- mento dos trabalhadores versus sistemas de recompensas. Para isso, se faz necessário investigarmos o quanto este está relacionado à moti- vação da força de trabalho, o quanto os funcionários são efetivamente motivados por um sistema de recompensa atrativo. Entre as clássicas teorias de motivação, duas delas podem contri- buir para a elucidação dessa questão: a teoria da “hierarquia das neces- sidades”, de A. Maslow, e a teoria dos “fatores motivadores e higiênicos”, de F. Herzberg. Para Maslow, a motivação humana está embasada na satisfação das necessidades humanas e as divide em cinco grandes grupos, nos quais a satisfação de uma necessidade impulsiona a satisfação da se- guinte e assim sucessivamente, até a satisfação de todas elas. Mas, mesmo tendo satisfeito as necessidades mais complexas, se alguma básica deixar de ser satisfeita, ela retorna como preponderante e torna- -se imprescindível a sua satisfação. Figura 2 – Pirâmide da hierarquia das necessidades de Maslow Autorrealização: desafios no trabalho, autono- mia, desenvolvimento pessoal e profissional Autoestima: reconhecimento, responsabilidade por resultados, plano de carreira Social: ambiente de trabalho harmônico, camaradagem, bom relacionamento com líderes Segurança: remuneração adequada, estabilida- de, local de trabalho seguro Fisiológicas: intervalo entre jornadas de trabalho, alimentação adequada, conforto físico 12 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Utilizando dessa teoria para compreender a relação entre engaja- mento dos trabalhadores versus sistemas de recompensa, podemos conceber que as recompensas financeiras contribuem para que sejam garantidas as necessidades básicas dos trabalhadores quanto a mora- dia, alimentação, saúde, segurança, e as recompensas não financeiras garantiriam as necessidades complexas dos trabalhadores, como reco- nhecimento, desafios, desenvolvimento pessoal e profissional, ambien- tes de trabalho adequados e relacionamentos harmônicos. Já Herzbergatribui a motivação para o trabalho por meio de dois fa- tores: motivadores e higiênicos. Os “fatores motivadores” (intrínsecos) são definidos pelo próprio indivíduo e estão relacionados a sua ativida- de de trabalho. Referem-se às recompensas não financeiras, como ati- vidades desafiadoras, oportunidades de aprendizagem e crescimento profissional, reconhecimento, entre outros. Os “fatores higiênicos” (ex- trínsecos), por sua vez, são determinados pelo mercado de trabalho. Referem-se a recompensas financeiras, como salário, benefícios e de- mais concessões oferecidas pela empresa. Diante disso, podemos perceber o quão complexa é a compreensão da recompensa no ambiente de trabalho. Assim, cabe às organizações conceber sistemas de recompensa que alinhem sua estratégia àsne- cessidades dos trabalhadores. No próximo tópico, discutiremos as re- compensas financeiras, um dos pontos focais desta obra. PARA PENSAR Salário motiva? A primeira resposta a essa pergunta é: certamente! E quem não gostaria de ter um alto salário? Porém, esse fator não se sustenta por muito tem- po, não garante a permanência do profissional no ambiente de trabalho. Ter um bom salário é muito importante, pois é a remuneração que ga- rante o atendimento das necessidades básicas dos trabalhadores, mas não podemos esquecer que, acima de tudo, as pessoas precisam fazer o que gostam ou, pelo menos, em grande parte, desempenhar ativida- 13As recompensas nas organizações e os modelos de remuneração M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. des significativas profissionalmente. Além disso, é fundamental execu- tar atividades que não firam seus valores e princípios. Caso contrário, a motivação será curta, e o prazer pelo trabalho, também. 2 Recompensa financeira (remuneração) O sistema de recompensas apresenta um caráter multivariado, no qual a remuneração financeira é apenas uma das partes, mesmo sendo uma das mais relevantes. Por definição, a recompensa financeira não é nada mais que a retribuição paga pelo empregador ao seu empregado por um serviço prestado durante um determinado tempo. Segundo Marras (2012), salário, ou remuneração, é o pagamento re- cebido por outrem como liquidação por um serviço prestado e pode ser concebido por prazo (semanal ou mensal) ou por obra certa. Para a definição do valor da recompensa financeira, alguns critérios devem ser avaliados, como o tipo de trabalho que está sendo prestado, ou seja, o grau de complexidade da atividade executada e a responsa- bilidade atribuída, e o tempo que o trabalhador permanece à disposição da organização, parcial ou integralmente. Além da complexidade da atividade e do prazo de execução, outra variável é fundamental para a determinação das recompensas financei- ras: o mercado de trabalho. Em uma economia capitalista, os salários flutuam de acordo com as condições de oferta e procura. Portanto, os valores praticados pelas empresas a seus trabalhadores sofrem influên- cia do mercado de trabalho; quanto mais “aquecida” estiver a busca pelos serviços de determinados profissionais, mais valorados estarão seus salários, e o contrário também é verdadeiro. Assim, o momento econômico do país é fator preponderante na determinação dos salários nas companhias. 14 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Há ainda questões culturais envolvidas na formatação dos sistemas de recompensa financeira. No Brasil, verificamos a tradição de os paga- mentos serem estipulados mensalmente. Já nos EUA, as remunerações são definidas anualmente, ou seja, as tradições e as legislações presen- tes nos países influenciam em grande parte a formatação dos sistemas de recompensa financeira. Olhando mais de perto para o conceito das recompensas financei- ras, podemos classificá-las de diferentes formas, a saber: 1. Fixa e variável está relacionada ao tipo de remuneração oferecida de acordo com a dedicação do funcionário. 2. Direta e indireta está relacionada ao destino do recurso, se é ad- ministrado pelo funcionário ou pela companhia. Para esclarecer melhor a questão, acompanhe a figura 3. Figura 3 – Classificação das recompensas financeiras segundo sua natureza Remuneração fixa: é atribuída ao empregado pela sua dedicação ao trabalho em período determinado em contrato e condizente a um escopo de atividades previamente acordado. Remuneração variável: pagamento atrelado ao desempenho do trabalhador, geralmente negociada e acordada em empregado e empregador para um determinado período. Representa uma forma de incentivo para melhores performances. Remuneração direta: corresponde a todas as verbas pagas pelo empregador ao empregado, cujo destino cabe exclusivamente ao profissional administrar. Em outras palavras é o que está descrito no holerite. Remuneração indireta: os valores não são pagos diretamente ao trabalhador, são previamente especificados. E, neste caso, o profissional usufrui do serviço adquirido pela empresa e deixa de desembolsar seus recursos monetários. Salários Gratificações Adicionais Bônus Comissões PLR PPR Salários Gratificações Adicionais Assistência médica Vale-alimentação Vale-refeição Seguros Previdência privada 15As recompensas nas organizações e os modelos de remuneração M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Motivadas pela reforma da previdência e incentivos fiscais, cresce o número de empresas que oferecem planos de previdência privada aos seus profissionais. De acordo com o estudo feito em 2019 pela corretora de seguros Aon, 51% das empresas pesquisadas oferecem planos de previdência a seus empregados funcionários, o que repre- senta 2,3 milhões de colaboradores. O estudo apontou também que 30% das empresas que ainda não dispunham desse benefício preten- dem implantá-lo em alguns anos. “Os planos de aposentadoria com- plementar privada devem passar a ser mais frequentes como meca- nismo de atração de talentos”, relatou Roberta Porcel, executiva da Aon (AGÊNCIA REUTERS, 2019). Como vimos, para a definição de uma proposta de remuneração fi- nanceira adequada, muitas variáveis e particularidades devem ser consi- deradas. Fatores internos e externos à organização impactam em gran- de parte a definição dos valores a serem praticados pelas companhias. Não existe uma fórmula infalível, o que vale é considerar as necessida- des dos trabalhadores em contrapartida aos desafios organizacionais, tendo como pano de fundo o cenário econômico da atualidade. NA PRÁTICA Observamos no mercado a tendência de as empresas remunerarem suas equipes comerciais com baixos salários fixos e um sistema de re- muneração variável mais competitivo. Será que essa prática faz sentido? Como vimos, não há uma receita pronta e infalível quando o assunto é remuneração de pessoal. Tudo dependerá da estrutura empresarial, do tipo de vínculo entre empregado e empregador e o segmento de atuação da empresa. Mas, com certeza, essa é uma tendência que deve se per- petuar nas organizações contemporâneas, haja vista a sustentabilidade do modelo, uma vez que os resultados financeiros obtidos pela empresa cobram os custos da remuneração variável, e o trabalhador, por sua vez, também poderá auferirganhos mais significativos que apenas o siste- ma fixo de remuneração não garantiria. Enfim, como vimos no tópico anterior, não existe uma fórmula infalível. A empresa terá de encontrar 16 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . o ponto de equilíbrio entre um salário fixo que garanta o mínimo de con- dições de trabalho ao empregado e uma remuneração variável que o motive a superar seus resultados. 3 Novas abordagens em sistemas de recompensa O cenário econômico contemporâneo provoca forte influência nos sistemas de recompensa. Fica insustentável para as organizações au- mentar continuamente os salários dos trabalhadores para acompanhar o custo de vida sem a contrapartida da melhoria do desempenho e da produtividade. Como dito anteriormente, uma das premissas básicas dos sistemas de remuneração é o alinhamento das necessidades dos trabalhadores à sustentabilidade financeira das organizações. Além disso, os sistemas de recompensa tradicionais (funcionais), popularmente conhecidos como planos de cargos e salários, compos- to pelas descrições de cargos, tabela salarial desenhada em faixas de remuneração, pesquisas salariais e políticas salariais precisam evoluir e acompanhar as tendências econômicas, contribuindo para a perpetui- dade das organizações. Por isso, muitas empresas estão migrando ou mesclando seus sistemas de recompensa com modelos mais compe- titivos, voltados ao desempenho e avaliando a efetividade da utilização de apenas métodos tradicionais de remuneração. Nesse sentido, novos sistemas de remuneração despontam no mer- cado, atrelando a recompensa financeira ao alcance de metas e objeti- vos, tornando o sistema de recompensa mais justo e sustentável. Neste tópico, destacaremos três modelos: remuneração por resultados, por habilidades e por competências. User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 17As recompensas nas organizações e os modelos de remuneração M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 3.1 Remuneração por resultados A remuneração por resultados é uma alternativa para as organiza- ções alinharem seus ganhos à recompensa oferecida aos trabalhado- res. Seu principal objetivo é vincular o desempenho organizacional à produtividade dos seus profissionais. Com esse sistema, as compa- nhias estimulam sua força de trabalho na busca por ganhos de produ- tividade e qualidade, propondo o alcance de metas e objetivos e, assim, oferecem recompensas condizentes com os resultados obtidos por cada equipe ou profissional. Nesse modelo, normalmente, as empresas estabelecem metas men- suráveis a serem atingidas pelos trabalhadores e os recompensam pe- riodicamente em função do atingimento dessas metas. Para Marras e Neto (2012) esse modelo de remuneração apresenta as seguintes vantagens: • Estimula os profissionais a melhorar a qualidade de suas entregas. • Potencializa enormemente a produtividade. • Contribui para a redução dos custos organizacionais. • Reforça os valores organizacionais. • Incentiva o trabalho em equipe. • Acima de tudo, é um modelo autossustentável Não como uma desvantagem, mas como um ponto de atenção, as empresas que pretendem adotar esse sistema de recompensa preci- sam estabelecer metas e objetivos atingíveis e confiáveis, e sistemas transparentes de mensuração dos resultados, pois todo o sucesso do sistema consiste nessas duas premissas. User Realce 18 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 3.2 Remuneração por habilidades A remuneração por habilidades tem por objetivo fornecer a recom- pensa com base nas habilidades demonstradas pelos trabalhadores, e não com base nos cargos ocupados. Nesse sistema de recompen- sa, a empresa deve estabelecer as habilidades ou bloco de habilidades importantes ao seu negócio e avaliar se os trabalhadores apresentam essas habilidades. Assim, à medida que o empregado demostra no exercício de sua atividade profissional as requeridas habilidades, obtém progressivamente incrementos salariais. Os sistemas de remuneração por habilidades podem ser estabeleci- dos de duas formas: 1. Com base no conhecimento formal: vincula a remuneração à pro- fundidade de conhecimento do trabalhador em sua função. Por exemplo, para o ingresso em determinadas funções, o profissional precisaria ter como requisito mínimo graduação e, para progredir em sua remuneração, deveria obter avanços em sua educação. 2. Com base em suas habilidades: vincula a remuneração à habilida- de, à destreza funcional, à capacidade do funcionário profissional em executar diferentes atividades, além de sua função primordial. Por exemplo, um profissional pode apresentar diferentes habilida- des que o habilitam à execução de diferentes atividades profissio- nais, independentemente de sua função. Um operador de máqui- nas pode apresentar habilidades para desempenhar a função de inspetor de qualidade, entre outras funções. Assim, o progresso na remuneração está condicionado às habilidades desenvolvidas não apenas na função desempenhada. Esse sistema de recompensa traz a vantagem de proporcionar às empresas uma equipe de trabalho cognitivamente bem desenvolvida e versátil, facilitando o arranjo funcional, mas, em contrapartida, será 19As recompensas nas organizações e os modelos de remuneração M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. necessária a criação de um robusto sistema de educação para o traba- lho, uma vez que será por meio das estratégias de educação corporativa que os profissionais adquirirão as habilidades necessárias ao trabalho. 3.3 Remuneração por competências O sistema de remuneração por competências parte do modelo de gestão de pessoas por competências. Nele, a organização faz o mapea- mento das competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) ne- cessárias ao seu negócio e passa fazer a gestão do seu capital humano tendo-as como base. A figura 4 apresenta esquematicamente o referido modelo. Figura 4 – Modelo de gestão por competências Definição da missão organizacional Identificação das competências humanas (conhecimento, habilidades e atitudes) Elaboração da estratégia, da visão e dos valores organizacionais Definição das competências essenciais ao negócio Seleção por competências Desenvolvimento das competências Avaliação de desempenho por competências Remuneração por competências Assim, o sistema de remuneração por competências privilegiará os trabalhadores que no desempenho de suas atividades profissionais de- monstrarem possuir as competências estratégicas necessárias ao bom resultado do negócio, uma vez que elas são os atributos humanos que agregam valor ao negócio. 20 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al uno m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .PARA SABER MAIS O sistema de remuneração ocupa cada vez mais a posição de destaque nas estratégias corporativas, pois apenas a remuneração tradicional tor- na-se insuficiente para engajar e incentivar a força de trabalho a atingir melhores resultados. Considerações finais O que é mais importante para o trabalhador: ter um bom salário ou fazer o que gosta? É com esse questionamento que encerramos este capítulo. Ao longo de nossa carreira profissional, deparamos com importan- tes dilemas: equilibrar vida pessoal e profissional, manter-se atualiza- do na profissão escolhida, empreender ou buscar uma colocação em uma empresa, dedicar-se a concursos públicos, etc. Sem dúvida, muitos questionamentos passam pelo tema da remuneração. O salário real- mente faz diferença na decisão do trabalhador em permanecer em uma determinada empresa? Podemos arriscar a dizer que depende… Quando o profissional está em início de carreira, certamente, o sa- lário será um fator atrativo, já que ele alimentará a necessidade de au- tossuficiência do profissional, afinal, foram anos sonhando em como seria feita a aplicação dos seus primeiros recursos financeiros. Mas, conforme os profissionais vão amadurecendo, outros pontos passam a ser mais relevantes, e fazer o que gosta está entre os maiores desejos dos trabalhadores. Sabemos, no entanto, que é impossível em todo ambiente e a todo tempo realizarmos somente atividades prazerosas. Nosso dia a dia nas empresas são mesclados com atividades desafiadoras e outras nem 21As recompensas nas organizações e os modelos de remuneração M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. tanto. O mais importante é que o saldo seja positivo, que tenhamos a sensação de que fazemos a diferença na profissão que escolhemos ter. Em resumo, ser bem recompensado, seja com recursos financeiros, seja com recursos não financeiros, deve ser apenas consequência de uma satisfação materializada em trabalho. Referências AGÊNCIA REUTERS. Benefícios fiscais a empresas que criam planos de Previdência funcionam como incentivos. Revista Época Negócios, São Paulo, ago. 2019. Disponível em: https://exame.abril.com.br/economia/metade- das-empresas-ja-tem-plano-de-previdencia-complementar-diz-estudo/. Acesso em: 3 jan. 2020. HIPÓLITO, J. A. M. Recompensas em organizações que atuam no tercei- ro setor: uma análise a partir de seus pressupostos orientadores. 254 f. Tese (Doutorado em Administração) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. MARRAS, Jean Pierre. Administração de remuneração. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. MARRAS, Jean Pierre; NETO, Pietro M. Remuneração estratégica. São Paulo: Campus Elsevier, 2012. NETO, Antonio. Como recompensar funcionários em empresas pequenas. Revista Exame, São Paulo, 2011. Disponível em: https://exame.abril.com.br/ pme/a-recompensa-de-cada-um/. Acesso em: 3 jan. 2020. QUAIS benefícios Itaú, Ambev, Santander e Avon dão aos funcionários? Revista Época Negócios, São Paulo, jun. 2018. Disponível em: https://epocanegocios. globo.com/Carreira/noticia/2018/06/quais-beneficios-itau-ambev-santander-e -avon-dao-aos-funcionarios.html. Acesso em: 17 dez. 2019. 23 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 2 Cargos e carreiras Existem várias maneiras de as organizações recompensarem seus trabalhadores, que vão desde um simples elogio, passando ao ofereci- mento de um excelente pacote de benefícios, com prêmios e bonifica- ções, e até mesmo aumento salarial ou promoção. A questão-chave que recai nos sistemas de recompensa está na metodologia a ser utilizada, pois a sistemática de valorização de pessoal deve ser coerente, com crité- rios bem definidos e consistente ao longo do tempo, caso contrário, cor- remos o risco de recompensar os trabalhadores de maneira equivocada. Para isso, cada organização deverá escolher a metodologia de ava- liação e compensação de pessoal que melhor se adéque a sua realida- de, que atenda às características e particularidades do negócio e, ao mesmo tempo, esteja alinhada às tendências de mercado. Os sistemas de valorização precisam garantir o equilíbrio interno e externo, atraindo 24 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . e retendo os melhores talentos para os ambientes corporativos, mas, ao mesmo tempo, precisam ser sustentáveis, garantindo a competitivida- de das empresas em termos de custos com pessoal. Neste capítulo, iniciaremos discutindo o conceito de cargo, sua na- tureza e o que o constitui. Abordaremos a importância da análise dos cargos e principais técnicas disponíveis no mercado para a elaboração das descrições de cargos. Abordaremos também as diferentes metodo- logias de avaliação de cargos, as vantagens e as desvantagens de cada sistemática para os diferentes ambientes corporativos. Por fim, discuti- remos brevemente o conceito de carreira, suas diferentes formatações e novas abordagens nesta temática. 1 O cargo A base para a elaboração de um sistema de remuneração funcional é o entendimento das tarefas executadas pelos trabalhadores e a posi- ção que eles ocupam na hierarquia da empresa, o que tradicionalmente chamamos de “cargo”. Todo processo de implantação de uma política salarial corporativa inicia-se pelo levantamento da estrutura de cargos. A análise e a descri- ção de cargos é o pontapé inicial, pois fornece as informações necessá- rias para a elaboração da descrição e da avaliação dos cargos. Antes de avançarmos com esse assunto, é importante, no entanto, compreender alguns conceitos básicos que influenciam na elaboração de um sistema de remuneração. São eles: tarefa, função, cargo e, mais recentemente, grupo ocupacional (ORSI, 2015). Na dinâmica de funcionamento das empresas, são estabelecidas di- versas atividades que têm por objetivo o alcance das metas almejadas. São elas: produção de bens, comercialização, prestação de serviços, con- troles administrativos, gestão do negócio, entre outras. User Realce 25Cargos e carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Se formos analisá-las mais de perto, podemos perceber que essas atividades são compostas por pequenas partes. Chamamos cada uma dessas partes de “tarefa”. Assim, tarefa é um conjunto de ações que tem por objetivo a realiza- ção de alguma atividade laborativa, seja ela operacional, administrativa ou gerencial. São as ações diárias dos trabalhadores, o que eles execu- tam no desempenho de sua função. Nesse sentido, as organizações atribuem um conjunto de tarefas aos trabalhadores, normalmente por similaridade, ações que eles devem executarno desempenho de seu trabalho. Denominamos esse conjunto de tarefas como “função”, assim, função são as atividades correlatas que os trabalhadores executam no dia a dia de trabalho em razão de um objetivo específico. Consequentemente, o conjunto de funções define o “cargo” que o tra- balhador ocupa na empresa. Ou seja, cargo é o conjunto de funções que o empregado executa na corporação. São todas as atividades laborati- vas realizadas em função de um objetivo específico. Para ilustrar os conceitos apresentados, propomos o esquema pre- sente na figura 1. Figura 1 – Elementos que compõem um cargo Função 2 • T3 • T5 • T7 Função 1 • T1 • T4 • T6 Cargo T2 Fonte: adaptado de Orsi (2015). 26 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Um conceito que vem recentemente se destacando nos ambientes corporativos é o de grupos ocupacionais. São arranjos de cargos que apresentam características e responsabilidades semelhantes no de- sempenho de suas atividades profissionais. Normalmente, os grupos são assim definidos: cargos executivos ou de gestão, cargos técnicos e/ou administrativos ou cargos operacionais. Essa divisão dos cargos por grupos facilita nos desdobramentos das definições da sistemática de compensação, já que é possível a criação de políticas salariais e de benefícios por grupo de cargos, ou seja, me- todologia que atenda à especificidade de cada grupo funcional. É muito comum as empresas desenharem políticas de remuneração e benefí- cios distintas para seus executivos e comuns para os grupos adminis- trativos e operacionais na tentativa de tornar cada vez mais competitiva suas políticas de remuneração. Tendo esmiuçado um pouco mais os conceitos de tarefa, função e cargo, partiremos para o próximo tópico, apresentando o tema descri- ção de cargos. PARA PENSAR As organizações modernas tendem a conceber cargos com tarefas e funções mais amplas a fim de enxugar as estruturas de pessoal e enri quecer o campo de atuação dos trabalhadores. Percebemos essa tendência como positiva para o mundo do trabalho, tanto para os trabalhadores como para as organizações, uma vez que dá a possibilidade ao empregado de ampliar seu campo de atuação, executando atividades diversas, tornando sua rotina diária mais desafia dora. E, por sua vez, a empresa pode diminuir suas hierarquias e setores, dando maior mobilidade a suas estratégias de gestão e economia para sua administração. 27Cargos e carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 2 Análise e descrição de cargos A análise e a descrição de cargos é o primeiro passo para a constru- ção de um sistema de remuneração funcional. Nessa etapa, realizam-se a pesquisa e o levantamento de todas as informações pertinentes aos cargos, como conhecimentos necessários, metodologias de trabalho, principais atribuições e responsabilidades requeridas para o desempe- nho das funções. O principal objetivo da análise de cargos é identificar a natureza, o con- teúdo do cargo e os requisitos necessários para que o ocupante dele de- sempenhe o conjunto de tarefas pertinentes às suas funções de maneira adequada para a posterior criação de uma metodologia de remuneração de pessoal. Existem diferentes técnicas disponíveis no mercado para a realização da análise e do levantamento de informações sobre os cargos, cabe à empresa escolher a que melhor se adapta a sua realidade. Destacamos três técnicas que estão entre as mais utilizadas: • Entrevista: abordagem individual dos ocupantes dos cargos para entendimentos das tarefas executadas. • Questionário: elaboração de um instrumento para a coleta de informações. • Observação: observação dos ocupantes dos cargos no desem- penho de suas atividades profissionais. 28 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . O quadro 1 compara as três principais técnicas de análise de cargos. Quadro 1 – Comparação das principais técnicas de análise de cargos TÉCNICAS PARA ANÁLISE DE CARGOS Técnica Vantagem Desvantagem • Método rápido e de fácil aplicação • Requer verificação das informações in Questionário • Econômico • Abrangente, atingindo diferentes loco • Pode ocorrer omissão e desatenção por localidades da empresa parte do respondente • Custo elevado • Maior interação com o entrevistado • Exige treinamento para os Entrevista • Melhor compreensão das atividades entrevistadores • Informações mais precisas • Valorização excessiva dos entrevistados nos relatos das ações • O trabalhador não precisa parar o trabalho • Método moroso Observação • Permite melhor compreensão dos objetivos e das tarefas do cargo • Exige explanação do trabalhador sobre as ações • Não dá margem para interpretações equivocadas • Custo elevado, já que precisa de uma equipe dedicada a essa atividade Existe ainda a possibilidade da utilização de métodos mistos, a com- binação das diferentes técnicas para o levantamento e a análise das informações sobre os cargos para a elaboração da descrição. Isso se dá em razão da natureza da função ou alguma outra particularidade, as- sim, como dito anteriormente, cada organização deverá avaliar a melhor técnica para sua realidade. Independentemente do método utilizado, ao final da análise dos car- gos algumas perguntas precisam ser respondidas: • O que faz? Tarefas e atribuições desempenhadas, atividades físi- cas ou intelectuais executadas. User Realce 29Cargos e carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Como faz? Métodos e materiais utilizados, pessoas envolvidas, máquinas e equipamentos utilizados. • Quando faz? Diariamente, semanalmente, mensalmente, anual- mente, esporadicamente. • Onde faz? Ambiente interno ou externo à organização. • Por que faz? Objetivo da tarefa, a que ela se propõe. Feito o levantamento de informações e análises dos cargos, o pró- ximo passo para a elaboração das descrições de cargo será a defini- ção dos requisitos de atuação, os fatores e os graus de avaliação dos cargos que representam as condições necessárias para a atuação do profissional, atividade importantíssima para a próxima fase, a avalia- ção dos cargos. As quatro principais áreas comumente utilizadas e seus respecti- vos fatores de avaliação são: • Requisitos mentais: diz respeito ao conhecimento teórico que o ocupante do cargo precisa apresentar para desempenhar ade- quadamente suas funções. Exemplos: escolaridade, instrução, especialização, experiência, entre outros fatores. • Requisitos físicos: representa os desgastes físicos que os ocu- pantes dos cargos sofrem em decorrência da sua atuação pro- fissional. Exemplos: habilidades, esforços físicos, destrezas, con- centração mental, fadiga, entre outros fatores. • Responsabilidades: as exigências impostas aos ocupantes dos cargos no desempenho de suas atividades laborativas. Exemplos:responsabilidade por materiais, numerários, resultados, erros, por ferramentas e equipamentos, entre outros fatores. • Condições de trabalho: determina o ambiente, o local onde será desenvolvida a atividade de trabalho e os riscos envolvidos no User Realce 30 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . processo. Exemplos: ambiente interno, ambiente externo, frio, ca- lor, umidade, segurança, entre outros fatores. Agora, com base em todas essas informações obtidas nas etapas de levantamento e análise dos cargos, é possível dedicar-se à elaboração da descrição de cargos, o primeiro documento concebido para o plano de cargos e salários. Para Marras (2012), a descrição de cargos nada mais é do que uma iniciativa que busca sintetizar e padronizar as informações pertinentes aos cargos por meio do estudo, da observação e da redação das ativida- des e das características que compõem o perfil de um cargo. Assim, ao analisar e descrever um cargo, alguns cuidados devem ser tomados. A saber: • A análise e a descrição deve refletir sempre o padrão de com- portamento exigido para aquele determinado cargo, o que o ocu- pante deveria realizar caso estivesse naquela posição dentro da organização, um padrão esperado de desempenho. • As descrições precisam ser sucintas e objetivas, devem trans- mitir com exatidão as informações, não dando margens a in- terpretações equivocadas. Elas precisam informar sobre as atividades do cargo às pessoas leigas e conhecedoras dos processos da empresa. • As descrições devem ser impessoais, podendo representar dife- rentes empregados que ocupam o mesmo cargo na companhia. Nela não cabem particularidades, mas a dinâmica geral do cargo. A escolha do título do cargo na elaboração da descrição é uma tarefa de suma importância, pois ele deve espelhar com exatidão o conjunto de atribuições. O nome ainda deve estar alinhado com os demais car- gos existentes da empresa, assim como com as práticas de mercado, 31Cargos e carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. pois será por meio do título das descrições que serão feitas futuras pes- quisas salariais. Assim, se a empresa definir cargos muito particulares para suas funções, ela perderá o poder de comparação com outras em- presas de seu segmento. IMPORTANTE É por meio do desenho do cargo que a empresa estabelece os métodos de trabalho, bem como responsabilidades e hierarquias. Com a defini ção do cargo, é apontada a metodologia de trabalho, como o emprega do deverá executar determinada tarefa para atingir o objetivo esperado. Além disso, qual será sua responsabilidade, a amplitude de suas ações e a quem ele deverá responder. Assim, a descrição de cargos é uma tarefa primordial para nortear a atua ção do trabalhador dentro da organização e para conduzir a elaboração de uma sistemática de remuneração alinhada aos objetivos organizacionais. A elaboração da descrição de cargos deve ser feita com a transcri- ção de todas as informações levantadas e analisadas. Basicamente, essa atividade consiste na elaboração de um documento (descrição de cargo) que obedece a um modelo previamente definido pela orga- nização. Normalmente, os principais campos utilizados nesse formu- lário são: título do cargo; Classificação Brasileira de Ocupações (CBO); departamento; grupo ocupacional; reporte; unidade; descrição sumária; principais atribuições; requisitos do cargo: mental, físico, responsabili- dade e condições de trabalho; competências (se for uma descrição por competências); habilidades do cargo (se for uma descrição por habilida- des); elaborador, revisor e aprovador. Na figura 2, há um modelo de descrição de cargos funcional, conten- do os itens indispensáveis a esse documento. 32 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Figura 2 – Modelo de descrição de cargos funcional Logotipo da empresa Descrição de cargos DADOS GERAIS Título: Analista de treinamento de desenvolvimento CBO: 2332-10 Departamento: Recursos humanos Grupo ocupacional: Técnico/administrativo Reporte a: Coordenador de treinamento e desenvolvimento Unidade: Administrativo/SP DESCRIÇÃO SUMÁRIA Realiza estudos e análises sobre as necessidades de treinamento corporativas, dando suporte tanto à estratégia organizacional quanto às necessidades educacionais do capital intelectual da corporação. PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES • • • • • • Realiza periodicamente o levantamento de necessidades de treinamento (LNT) por meio do formulário específico para esse fim, elencando as necessidades educacionais dos trabalhadores da organização Elabora anualmente o Programa Anual de Treinamento e Desenvolvimento (PATD) alinhado aos objetivos corporativos e aos desafios do negócio Viabiliza as iniciativas educacionais contidas no PATD, interna ou externamente, cotando parceiros e organizando a infraestrutura interna Participa mensalmente de reuniões com os gestores das áreas a fim de identificar oportunidades educacionais para a força de trabalho não contidas no PATD Acompanha periodicamente a realização dos treinamentos internos e externos definidos no LNT e em demais levantamentos, garantindo sua viabilização. Elabora e ministra esporadicamente conteúdos educacionais, alinhados com o LNT e os objetivos organizacionais • • • • Garante a infraestrutura e a logística dos treinamentos que serão aplicados internamente na organização Avalia a efetividade e a eficácia dos programas de treinamento corporativos internos e externos por meio da metodologia de eficácia de treinamento presente na organização Elabora indicadores de treinamento a fim de computar as iniciativas corporativas quanto à qualificação de sua força de trabalho Contabiliza os investimentos em educação corporativa para acompanhar as iniciativas da empresa quanto à destinação de recursos à capacitação de seus funcionários (cont.) 33Cargos e carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. REQUISITOS PARA O CARGO MENTAL Instrução: curso superior em administração de empresas, recursos humanos, psicologia ou áreas afins Especialização: em recursos humanos Conhecimentos: técnicas de aprendizagem, pacote Office Experiência: em treinamento e desenvolvimento de pessoal Boa fluência verbal e escrita FÍSICO Atividades intelectuais com pouca fadiga física RESPONSABILIDADES Responsabilidade por elaboração e ministração de conteúdos educacionais Contabilização de investimentos financeiros e indicadores de performance CONDIÇÕES DE TRABALHO Contatos muito esporádicos com ambientes insalubres. ___________________________ __________________________ _________________________ Elaborador Revisor Aprovador ____/____/_________/____/_____ ____/____/_____ 3 Métodos de avaliação dos cargos A avaliação dos cargos é um processo de atribuição de valor aos cargos presentes na organização. Normalmente utilizando alguma metodologia predefinida, estabelece-se uma relação de comparação entre os cargos para conhecer seu grau de importância dentro da hie- rarquia organizacional. Essa atividade busca estabelecer um equilíbrio na relação entre os valores praticados pela empresa em termos de remuneração e as atri- buições e as responsabilidades que os trabalhadores precisam cumprir. Chiavenato define a avaliação de cargos como “o processo de ana- lisar e comparar o conteúdo de cargos, no sentido de colocá-los em uma ordem de classes, as quais podem ser usadas como base para um sistema de remuneração” (CHIAVENATO, 2009, p. 41). 34 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Marras (2012) completa que o processo de avaliação de cargos per- mite à organização atribuir valor a cada cargo presente em sua estru- tura, de modo a hierarquizá-los em função de sua importância para a estratégia corporativa. Os métodos mais comumente utilizados para a avalição de cargos, segundo Chiavenato (2009), são: métodos qualitativos – escalonamen- to e avaliação por categorias predeterminadas; métodos quantitativos – método de comparação de fatores e metodologia de pontos. Nesta obra, trataremos apenas da metodologia de avaliação por pontos. 3.1 Método de pontos A avaliação de cargos por pontos atualmente é a metodologia mais utilizada pelas organizações. De todas as demais metodologias dispo- níveis no mercado, é a que mais vem sendo aperfeiçoada por empresas e pesquisadores. Esse sistema de avaliação configura-se ao mesmo tempo de modo analítico, uma vez que os cargos são analisados por meio de comparação de fatores preestabelecidos e quantificáveis, já que, para cada uma das categorias, são atribuídos pontos que permi- tem valorar os cargos-alvo do processo de avaliação. Para a implantação de uma metodologia de avaliação por pontos, será necessário percorrer as seguintes etapas: 1. Escolha dos indicadores de avaliação. 2. Definição dos graus de desdobramento dos indicadores de ava- liação escolhidos. 3. Ponderação dos graus definidos. 4. Atribuição de pontos aos graus definidos. 5. Avaliação dos cargos segundo os pontos determinados. 35Cargos e carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A identificação e a definição dos fatores de avaliação é a primeira etapa do processo de avaliação por pontos. Os fatores de avaliação são comumente escolhidos pela empresa ou por um comitê por ela de- signado. Esses fatores estão diretamente relacionados à estratégia do negócio e às características dos cargos, uma vez que será por meio da escolha dos fatores representativos que a empresa atribuirá valor a sua estrutura de pessoal. Para Marras (2012), o processo de escolha dos fatores resume-se a identificar os que melhor conseguem medir a eficiência e a eficácia dos cargos no desempenho de suas atividades profissionais. Normalmente, os fatores de avaliação são comuns a to- dos os cargos e o que variará será o nível de incidência do fator no cargo em avaliação. Essa metodologia não prevê uma quantidade ideal de fatores, mas para Marras (2012) é comum as empresas escolherem de cinco a dez fatores, assim categorizados: requisitos mentais; requisitos físicos; res- ponsabilidades e condições de trabalho. No quadro 2, há alguns exemplos de fatores de avaliação comumen- te utilizados pelas organizações. Quadro 2 – Fatores de avaliação comumente utilizados pelas organizações na metodologia por pontos FATORES DE AVALIAÇÃO Instrução Requisitos mentais Experiência Capacidade de análise Planejamento (cont.) 36 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . FATORES DE AVALIAÇÃO Esforço físico Requisitos físicos Concentração Pressão emocional Fadiga Responsabilidade por numerários Responsabilidades Responsabilidade por máquinas e equipamentos Responsabilidade por informações Responsabilidade por erros Ambiente de trabalho interno Condições de trabalho Ambiente de trabalho externo Riscos inerentes à atividade profissional Aspectos físicos relacionados ao ambiente de trabalho Na sequência da definição dos critérios de avaliação de cargos, o próximo passo será a identificação de em quantos graus poderão ser desmembrados os fatores de avaliação. Para essa atividade, deverá ser considerada a importância e a complexidade do fator para a orga- nização. Na prática, a estratificação dos fatores por graus consiste em desmembrar o fator em nível operacional, a fim de identificar como ele poderia ser medido/observado na prática do profissional. No quadro 3, exemplificamos esse conceito com quatro fatores já utilizados anteriormente. 37Cargos e carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Quadro 3 – Fatores de avaliação com seus respectivos graus de avaliação GRAUS DOS FATORES DE AVALIAÇÃO – REQUISITOS MENTAIS E FÍSICOS Requisitos mentais Requisitos físicos Grau Grau Instrução Esforço físico 1 Analfabeto 1 Sem esforço físico 2 Alfabetizado 2 Baixo esforço físico 3 Ensino fundamental incompleto 3 Esforço físico moderado 4 Ensino fundamental completo 4 Esforço físico elevado 5 Ensino médio incompleto 6 Ensino médio completo 7 Ensino superior incompleto 8 Ensino superior completo 9 Pós-graduação incompleta 10 Pós-graduação completa Responsabilidades Condições de trabalho Grau Grau Responsabilidade por numerários Riscos inerentes à atividade profissional 1 Sem responsabilidade por numerários 1 Ambiente sem riscos aparentes 2 Baixa responsabilidade por numerários 2 Ambiente com pouco riscos aparentes 3 Moderada responsabilidade por numerários 3 Ambiente com moderados riscos aparentes 4 Elevada responsabilidade por numerários 4 Ambiente com elevados riscos aparentes 38 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . A próxima fase para a implantação da metodologia de avaliação de cargo por pontos é a ponderação dos fatores já determinados. Essa ação tem como objetivo determinar a contribuição e a importância de cada fator para a estratégia do negócio. A ponderação consiste em atri- buir um peso relativo a cada um dos fatores definidos no manual de avaliação de cargos. Na tabela 1 essa atividade está exemplificada. Tabela 1 – Ponderação dosfatores de avaliação PONDERAÇÃO DOS FATORES DE AVALIAÇÃO Instrução 30 Requisitos mentais Experiência 20 Esforço físico 5 Requisitos físicos Pressão emocional 5 Responsabilidade por numerários 10 Responsabilidades Responsabilidade por informações 20 Ambiente de trabalho 5 Condições de trabalho Riscos inerentes a atividade profissional 5 TOTAL 100% Feita a ponderação dos pontos, partiremos para a montagem da escala numérica com a atribuição de pontos para cada um dos graus de fatores predefinidos. Inicia-se, geralmente, com o grau mais baixo (menos complexo), atribuindo-se um valor (número) e, depois, sucessi- vamente, serão atribuídos os demais pontos. Resumidamente, trata-se de uma progressão de pontos, partindo do nível menos complexo até chegar ao mais complexo. Essa progressão pode ser determinada arit- mética, geométrica e arbitrariamente. Veja os exemplos na tabela 2. 39Cargos e carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Tabela 2 – As diferentes sistemáticas para a definição dos pontos REQUISITOS MENTAIS PROGRESSÃO ARBITRÁRIA PROGRESSÃO ARITMÉTICA PROGRESSÃO GEOMÉTRICA Grau Instrução 1 Analfabeto 10 10 10 2 Alfabetizado 18 30 20 3 Ensino fundamental incompleto 37 50 40 4 Ensino fundamental completo 45 70 80 5 Ensino médio incompleto 54 90 160 6 Ensino médio completo 63 110 320 7 Ensino superior incompleto 71 130 640 8 Ensino superior completo 86 150 1.280 9 Pós-graduação incompleta 91 170 2.560 10 Pós-graduação completa 100 190 5.120 Utilizando a escala aritmética, os valores vão aumentando em uma proporção constante predefinida; já fazendo uso da escala geomé- trica, a progressão dobra (100%) a cada novo grau. A escolha da melhor metodologia estatística será determinada pela estratégia de remunera- ção do negócio. Para sistemas de remuneração mais conservadores, re- comenda-se a progressão aritmética e, para modelos mais agressivos, a escala geométrica de mensuração. Ao final desse trabalho, espera-se que a empresa tenha estabele- cido seu manual de avaliação de cargos, o documento que norteará todo o processo de avaliação de cargos na organização. Nesse instrumento estarão redigidas todas as informações necessárias para o comitê de cargos e salários ou outro órgão que a empresa indicar para operacio- nalizar o processo de avaliação de cargos por pontos. Ele contemplará 40 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . os fatores de avaliação, os graus de desdobramento de cada fator, os pontos e os pesos atribuídos a cada fator, bem como as descrições de cargo presentes na companhia. Uma vez finalizada toda a sistemática de avaliação por pontos e a criação do manual de avaliação, a fase final prevê a avaliação dos cargos propriamente dita. Nessa etapa, o comitê de cargos e salários analisa o perfil do cargo, definidos nas descrições de cargos, com o manual de avaliação. A tarefa agora consiste em comparar o manual de avaliação com as descrições de cargos e atribuir pontos a cada um dos requisitos necessários ao cargo. Essa atividade seria representada como na tabela 3 utilizando a progressão aritmética como métrica de mensuração. Tabela 3 – Avaliação de cargos por pontos utilizando a escala aritmética de mensuração Cargos Instrução Grau Pontos Esforço físico Grau Pontos Responsabilidades Grau Pontos Condições de trabalho Grau Pontos Total de pontos Operador de máquinas 3 50 3 50 2 30 3 90 220 Auxiliar de RH 6 110 1 10 2 30 1 10 160 Assistente financeiro 7 130 1 10 4 70 1 10 220 Secretária 8 150 1 10 4 8 1 10 240 Analista de marketing 8 150 1 10 4 70 2 30 260 Supervisor administrativo 10 190 2 30 4 70 1 10 300 41Cargos e carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 4 Carreira Um dos desdobramentos dos planos de cargos e salários é a pers- pectiva de carreira. Elaboradas a avaliação de cargos e a estrutura sala- rial, naturalmente, os cargos passam a ser dispostos em uma estrutura que denominamos “carreira”, e isso se torna o plano básico de desenvol- vimento do trabalhador no ambiente corporativo. Para Pontes (2002, p. 202), carreira “é a sucessão de cargos ocupa- dos por um indivíduo em sua vida profissional”. Para Orsi (2015), carreira representa o avanço, a progressão vertical na hierarquia que um trabalhador pode obter em uma dada organização. E de quem é a responsabilidade pela administração da carreira? Se pensarmos no plano individual, à luz da definição dada por Pontes (2002), de carreira como a sucessão de cargos ocupados pelo traba- lhador em sua trajetória profissional, podemos afirmar que ela é res- ponsabilidade única e exclusiva do profissional. Cabe a todos os bons profissionais planejarem seu futuro profissional e buscar qualificações e desafios que estejam alinhados a suas pretensões profissionais. Agora, se o fator de análise for o ambiente corporativo, segundo a definição de Orsi (2015), é incumbência da organização a responsabi- lidade por conceber um plano de carreira para seus trabalhadores, o desenho de uma trajetória profissional que possibilite crescimento e as- censão a todos os trabalhadores que nela prestam serviço. Assim, a carreira profissional e a progressão do trabalhador na em- presa deve ser uma conjunção de dois fatores, os esforços do traba- lhador em manter-se constantemente qualificado e atualizado em sua profissão e iniciativas da corporação em proporcionar oportunidades de aprendizagem para crescimento profissional. 42 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Ainda que, nos ambientes corporativos, a configuração das carrei- ras possa ser estabelecida em linha ou em rede, a adoção de um ou outro sistema será determinado pela estratégia de carreira adotada pela empresa e pela disponibilidade do trabalhador em aceitar os de- safios propostos. Não existe um modelo ideal, mas o que melhor se adéqua ao ambiente organizacional. A figura 3 apresenta dois modelos de carreira, em linha e em rede. Figura 3 – Estrutura de carreira em linha e estrutura de carreira em rede Fonte: adaptado de Orsi (2015, p. 37). Outro aspecto extremamente relevante quando o assunto é carreira ou ascensão profissional é o de nem todos os profissionais apresenta- rem aptidão ou interesse em ocupar carreira gerencial. Muitos profis- sionais preferem contribuir para o resultado da empresa tecnicamen- te, assim, as empresas precisam conceber estruturas de carreira que contemplem crescimento para a linha gerencial e também para a linha técnica, já que ambas têm seu valor e sua importância para a estratégia organizacional. Em resposta a essa demanda, surge um modelo viável de carreira, a carreira em Y, que proporciona desenvolvimento e ascensão profissional Carreira em linha Ge re nc ia l Té cn ic o Carreira em rede Ge re nc ia l Té cn ic o 43Cargose carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. a ambos os trabalhadores, os que apresentam pretensões de cresci- mento gerencial e os que apresentam pretensões de crescimento de- sempenhando atividades técnicas. Esse modelo de estruturação de carreira vem sendo utilizado com muito sucesso nos ambientes corpo- rativos. Na figura 4, essa ideia é representada graficamente. Figura 4 – Esquema de carreira em Y Cargos técnicos Cargos operacionais e administrativos Consultores Assessores Especialistas Cargos gerenciais Carreira em Y Gerente Coordenador Supervisor Analista Assistente Auxiliar Resumidamente, organização e trabalhadores precisam conceber esforços para a criação de estruturas de carreiras que proporcionem crescimento e desafio profissional, pois, só assim, os objetivos pes- soais e corporativos serão atingidos. PARA SABER MAIS Surge atualmente no mercado de trabalho outra possibilidade de estru tura de carreira, a carreira em W, profissionais que apresentam ambas as potencialidades: gerencial e técnica. Essa formatação de carreira é muito comum em projetos que precisam alocar trabalhadores que apre sentam tanto competências para gerenciamento como para solucionar tecnicamente as necessidades dos projetos. 44 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Considerações finais Quando falamos em sistemas de recompensa corporativos, a ques- tão central recai em como diferenciar a remuneração dos trabalhadores e como as recompensas devem ser distribuídas de maneira justa no am- biente de trabalho. Quais devem ser as métricas utilizadas para determi- nar os salários dos profissionais? Quanto vale o esforço de cada traba- lhador? Grande parte das respostas a esses questionamentos podemos encontrar nas políticas de remuneração. Ela será a norteadora das organi- zações na elaboração de sistemáticas de compensação de pessoal. Para a criação de uma sistemática de remuneração competitiva, a empresa deve ter como referência o mercado externo, como seus concorrentes equacionam seus sistemas de remuneração. Ainda, no entanto, é fundamental considerar seu ambiente interno, as estruturas de trabalho, a natureza das atividades profissionais e, acima de tudo, a equidade entre os trabalhadores. As referências de mercado são importantes para nortear a empresa quanto a sua competitividade, sua facilidade ou dificuldade em atrair e reter seus talentos, mas será o sentimento de justiça o fator-chave na construção de sistemas de remuneração. Assim, a adoção de uma ade- quada metodologia de análise, descrição e avaliação de cargos é tarefa fundamental na construção de sistemas de recompensa. Como vimos neste capítulo, existem várias metodologias para a construção de um sistema de remuneração corporativo. Cabe a cada organização escolher a sistemática que melhor atenda às suas neces- sidades. Contudo, independentemente da metodologia utilizada, o que precisa acontecer é a equidade em termos salariais, a sensação de in- justiça quanto a remuneração é um dos sentimentos mais danosos para a qualidade das relações no ambiente empresarial. Assim, qualquer que seja a metodologia, ela deve ter como premissa básica a justiça entre os trabalhadores. 45Cargos e carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Referências CHIAVENATO, Idalberto. Administração de recursos humanos: fundamentos básicos. Barueri: Manole, 2009. MARRAS, Jean Pierre. Administração de remuneração. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. ORSI, Ademar. Remuneração de pessoas nas organizações. Curitiba: InterSaberes, 2015. PONTES, Benedito Rodrigues. Administração de cargos e salários. São Paulo: LTR, 2002. 46 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Anexo I 1 Método de escalonamento O método de escalonamento é o mais simples de ser implementado na organização, comumente recomendado para empresas de pequeno porte com uma estrutura hierárquica pouco complexa. Ele consiste em dispor os cargos em ordem de importância (crescente ou decrescente), de acordo com a avaliação de um comitê formado para esse fim. Além da simplicidade, esse método de avaliação requer pouco inves- timento, podendo ser conduzido internamente na empresa, mas, como ponto de atenção, deve-se ter o máximo de cuidado com a imparcia- lidade, uma vez que a única ferramenta de análise é a percepção dos participantes do comitê de avaliação que atribuirão importância (valor) aos cargos presentes na companhia. O processo de avaliação inicia-se com os avaliadores recebendo a relação de cargos a serem avaliados e atribuindo pontos (ranking) a eles em razão de seu julgamento de importância para a organização. O re- sultado pode ser definido pela média aritmética dos valores, pela moda (valor com maior frequência) ou por consenso. É o comitê que definirá o critério de julgamento. Para facilitar o processo de avaliação, podem ser definidos os car- gos que serão alocados nos extremos – o mais simples e o mais com- plexo – e, assim, os demais cargos serão alocados nesse intervalo preestabelecido. Ou, ainda, pode-se fazer a escolha de um cargo de referência e os demais cargos serão escalonados em comparação à complexidade deste. Para melhor entendimento desse método, propomos uma tabela ex- plicativa (tabela 1). 47Cargos e carreiras M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Tabela 1 – Exemplo de avaliação por escalonamento AVALIADORES CARGOS CONSENSO MÉDIA MODA AVAL. 1 AVAL. 2 AVAL. 3 AVAL. 4 Assistente financeiro 3 3 4 1 4 2,75 3 Secretária 4 4 4 2 3 3,50 4 Auxiliar de RH 2 1 2 2 2 1,75 2 Operador de máquinas 1 1 1 1 1 1 1 Supervisor administrativo 6 6 6 6 6 6 6 Analista de marketing 5 5 5 5 5 5 5 Como resultado do processo de avaliação de cargos pela metodologia de escalonamento, teríamos a estrutura de cargos exposta na tabela 2. Tabela 2 – Estrutura de cargos segundo a metodologia de escalonamento utilizando-se como critério de comparação o consenso CARGOS CONSENSO Operador de máquinas Auxiliar de RH 1 2 Secretária 3 Assistente financeiro 4 Analista de marketing Supervisor administrativo 5 6 No exemplo da tabela, a estrutura de cargos seria dessa forma se a metodologia escolhida pelo comitê para fazer o escalonamento fosse o consenso. Agora, se a metodologia escolhida fosse a média ou a moda, a estrutura de cargos seria disposta como na tabela 3. 48 Valorização e remuneração de pessoas: cargos e salários Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD
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