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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4 2 CARGOS E SALÁRIOS NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL ............................. 5 2.1 Contexto Histórico ............................................................................................. 5 3 ADMINISTRAÇÃO DE CARGOS ......................................................................... 9 3.1 Cargo................. ................................................................................................ 9 3.2 Função............ .................................................................................................. 9 3.3 Tarefas........... ................................................................................................. 10 3.4 Descrição de cargos ........................................................................................ 10 4 AVALIAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS: PRIMEIROS PASSOS ..................... 12 5 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS ...................... 15 6 MÉTODOS QUANTITATIVOS DE AVALIAÇÃO DE CARGOS .......................... 17 7 A AVALIAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS E O PLANO DE REMUNERAÇÃO FUNCIONAL .......................................................................................................... 20 8 PLANEJAMENTO DE CARREIRA ..................................................................... 23 8.1 O que é planejamento de carreira? ................................................................. 23 8.2 Planejamento de carreira ................................................................................ 28 9 PLANEJAMENTO E TRAJETÓRIA DE CARREIRA: RELAÇÕES POSSÍVEIS 29 10 MARKETING PESSOAL .................................................................................. 31 11 DIFERENTES BARREIRAS PARA PLANEJAMENTO E TRAJETÓRIA DE CARREIRA.............. .............................................................................................. 33 12 BENEFÍCIOS NA PERSPECTIVA DA GESTÃO DE CARREIRA CONTEMPORÂNEA ............................................................................................. 36 12.1 Gestão da remuneração ................................................................................ 36 12.2 Gestão da carreira ......................................................................................... 38 3 13 VALORIZAÇÃO DE PESSOAS COM A GESTÃO DE SALÁRIOS E BENEFÍCIOS............ ............................................................................................. 39 14 BENEFÍCIOS QUANTO À EXIGÊNCIA LEGAL ............................................... 40 14.1 Benefícios sociais ou compulsórios ............................................................... 40 14.2 Benefícios espontâneos ou voluntários ......................................................... 41 15 BENEFÍCIOS QUANTO À NATUREZA ............................................................ 41 15.1 Benefícios monetários ................................................................................... 41 15.2 Benefícios não monetários ............................................................................ 41 16 BENEFÍCIOS QUANTO AOS OBJETIVOS ...................................................... 42 17 ADMINISTRAÇÃO DA REMUNERAÇÃO ........................................................ 43 18 PRINCIPAIS CONCEITOS DE REMUNERAÇÃO E INCENTIVOS APLICADOS PELAS ORGANIZAÇÕES ..................................................................................... 44 18.1 Processo de recompensas organizacionais .................................................. 46 18.2 Conceito de remuneração ............................................................................. 47 19 MÉTODOS UTILIZADOS PARA AVALIAR OS CARGOS EM FUNÇÃO DO SEU VALOR ORGANIZACIONAL ................................................................................. 50 20 REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS: ESTRATÉGIA PARA RETER TALENTOS DA ORGANIZAÇÃO .......................................................................... 52 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 56 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 CARGOS E SALÁRIOS NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL Cada vez mais os colaboradores buscam gerenciar as suas carreiras de modo a tomarem as melhores decisões visando obter melhor remuneração e recompensas relacionadas à contraprestação de serviços. Além disso, atingindo bons resultados, eles aumentam a sua satisfação profissional e, por consequência, a sua empregabilidade, que consiste nos atributos que tornam um colaborador capaz de ganhar e manter o emprego. Nesse sentido, quando as empresas implementam administração de salários e gestão de benefícios, passam a ter melhores resultados alinhados aos seus objetivos organizacionais. A comunicação com os colaboradores também se torna mais transparente, principalmente para reconhecer e relacionar as necessidades de capacitação e aprimoramento de competências e habilidades. Tais práticas impactam diretamente na valorização das pessoas e, por consequência, oportunizam a sua ascendência nas organizações (WOLFF, 2019). 2.1 Contexto Histórico No final do século XIX e início do século XX, foi criada, por Frederick Taylor, a Administração Científica, que buscava aumentar os níveis de produtividade dos trabalhadores sem elevar os custos de produção. Isso era feito com métodos científicos que comprovaram a falta de padronização dos métodos de trabalho e o desconhecimento dos administradores em relação ao trabalho realizado pelos operários e à forma de remuneração. Em 1903, Taylor publicou a sua teoria, em que defendeu a padronização dos métodos e ferramentas de trabalho. Propôs, de certa forma, uma divisão de trabalho. Argumentou que os operários deveriam ser escolhidos considerando as suas aptidões, mas que, mesmo assim, era preciso treiná-los para diminuir o tempo de execução na atividade e, com isso, aumentar a produtividade e o sistema de remuneração diretamente proporcional à produção individual. Nessa época, a satisfação dos operários não era considerada como fator 6 relevante para mudanças, até porque os salários estavam condicionados a produção dos operários (JONES; GEORGE, 2011). Após a Revolução Industrial, vários estudos e pesquisas surgiram trazendo grandes contribuições para a administração. A partir do século XX, a administração passou a ser considerada uma ciência e logo recebeu o nome de Administração Clássica. A teoria clássica foi idealizada por Henri Fayol (1841–1925) e teve como ênfase a estrutura econômica organizacional e a busca da máxima eficiência. Henri Fayol foi bastante criticadopor propor incentivos salariais e materiais aos trabalhadores e por defender o excesso de comando nas organizações (JONES; GEORGE, 2011). Em 1916, Henri Fayol defendeu 14 princípios da administração utilizados até hoje em todo o mundo, que estão dispostos no Quadro 1. 7 Com os princípios propostos por Fayol, surgiu a necessidade de definir o trabalho entre os empregados. Para o autor, é necessário atribuir as responsabilidades do trabalho de acordo com cada pessoa que o desempenha. Para tanto, devem ser consideradas a sua especificidade e especialidade. Destaca- se também o princípio 7, que diz respeito à remuneração pessoal, que visa garantir à satisfação dos funcionários e das organizações. Nesse olhar de Fayol, percebe- se o início da preocupação com o trabalhador. O foco não é somente na compensação pela produção, mas com o resultado que influencia na satisfação ao realizar a atividade (JONES; GEORGE, 2011). Depois da Administração Clássica e em oposição à administração de Taylor, surgiu a Teoria das Relações Humanas, que teve como pano de fundo os estudos coordenados e realizados por Elton Mayo, em 1927, em uma fábrica da Western Eletric Company. Essa experiência foi denominada Experiência de Hawthorne, que é um bairro em Chicago. Conforme descreve Ribeiro (2003, p. 58), “[…] o objetivo inicial era estudar a relação, entre a intensidade de iluminação e eficiência dos operários, tendo a produção como medida de avaliação”. Como principal conclusão, destaca-se que há uma relação diretamente proporcional entre o fator social (empregados) e o sucesso da empresa. A integração social sequer era considerada nas escolas anteriores. Os métodos de trabalho eram tão rigorosos que a relação entre empresa e empregado era desumana. A partir daí, surge a 8 Escola do Comportamento Humano, em que se passa a considerar as necessidades humanas. Emergem, então, as teorias da motivação, a hierarquia de necessidades de Maslow, a teoria de dois fatores, de Herzberg, e tantas outras que são objetos de estudo até os dias atuais (RIBEIRO, 2003). Do antagonismo entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas, surge a Escola Burocrática, atribuída a Max Weber, então considerado o pai da Teoria da Burocracia. Conforme Ribeiro (2003, p. 85), “[…] a burocracia surge da necessidade de criar um modelo organizacional que considerasse todos os aspectos organizacionais, fossem eles humanos ou estruturais”. Considerando essa cronologia, Chiavenato (2008, p. 198) afirma que “[…] o conceito de cargo é uma decorrência do trabalho imposto pelo velho e tradicional modelo burocrático”; afinal, os cargos fazem parte do formato estrutural de uma organização. Alinhados a Ribeiro (2003) e Chiavenato (2008), Jonas e George (2011) representam os princípios da burocracia de Weber: • sistema escrito de regras e procedimentos operacionais padrão explicando como os funcionários devem se comportar; • sistema de tarefas e papeis claramente especificado; • hierarquia de autoridade claramente especificada; • sistema de seleção e avaliação que recompensa os funcionários de maneira adequada e equitativa. Com contradições e alinhamentos, outras cinco escolas surgiram a posteriori, mas a administração de cargos na sua essência, e como é trabalhada nos dias atuais, advém da Teoria da Burocracia. A Teoria da Burocracia enfatiza a formalização da obediência às normas, rotinas, regulamentos e regras na divisão do trabalho. Considera a obediência à hierarquia no cumprimento das ordens dos superiores, o status e as posições hierárquicas elevadas, a impessoalidade e a profissionalização dos empregados e, finalmente, as competências técnicas inerentes à função (RIBEIRO, 2003; WILLIAMS, 2010). 9 3 ADMINISTRAÇÃO DE CARGOS A administração de cargos está condicionada à estrutura organizacional, à cultura e ao negócio da empresa. Quando um empregado inicia as suas atividades em uma organização, ele passa a ser vinculado a um cargo e, com isso, começa a entender o que é esperado dele em relação a desempenho e resultados. Isso porque o cargo é composto por atividades que devem ser executadas (IVANCEVICH, 2011). O conceito de cargo nos moldes atuais é decorrência da divisão de trabalho advinda do modelo burocrático (CHIAVENATO, 2008). Para os autores Oliveira (2013), Snell e Bohlander (2011) e Ivancevich (2011), em relação a administração de cargos, é necessário distinguir as diferenças entre cargo, funções e tarefas. 3.1 Cargo Conforme Oliveira (2013, p. 7), “[…] cargo é a ocupação oficial do empregado”. Alguns autores definem como o conjunto de funções (atividades e deveres) de mesma natureza de trabalho, de requisitos e nível de dificuldades, ou seja, posições com funções semelhantes e com responsabilidades em comum dos ocupantes. Cargo é, portanto, uma posição clara e distinta dentro da organização, que reúne as funções que o ocupante deverá cumprir. Para que o ocupante do cargo desempenhe de forma satisfatória o papel atribuído ao cargo, é necessário que ele possua as competências necessárias (SNELL; BOHLANDER, 2011; IVANCEVICH, 2011). São exemplos de cargos: presidente, diretor de marketing, diretor financeiro, assistente jurídico, estagiário, coordenador, supervisor. 3.2 Função Conjunto de tarefas executadas repetidamente. É um agregado de deveres, tarefas e responsabilidades que requerem os serviços de um indivíduo (OLIVEIRA, 2013; SNELL; BOHLANDER, 2011; IVANCEVICH, 2011). São exemplos de funções 10 de um gerente de vendas: estruturar a equipe de vendas, definir as metas e estratégias de vendas, participar do planejamento anual e acompanhar as equipes com o objetivo de cumprir metas, contratar vendedores, capacitar os vendedores, desenvolver novos negócios e parcerias e acompanhar os indicadores de vendas. 3.3 Tarefas De acordo com Oliveira (2013, p. 7), “[…] é o conjunto de elementos que requer esforço humano para determinado fi m”. Ainda, os autores Snell e Bohlander (2011) e Ivancevich (2011) explicam que tarefas são as responsabilidades diárias do empregado que justificam sua função e, como consequência, o seu cargo. Apesar de haver cargos iguais, cada empregado pode executar funções diferentes. São exemplos de tarefas a serem realizadas por um gerente de vendas: • extrair relatórios de acompanhamento de vendas do sistema; • elaborar gráficos de vendas para a direção; • visitar as lojas da concorrência para identificar as práticas de mercado; • esclarecer as dúvidas dos vendedores para melhorar a qualidade da venda; • dar feedback para os membros da sua equipe sobre resultados dos indicadores de vendas e comportamento individuais. 3.4 Descrição de cargos Nascimento e Carvalho (2006, p. 49) explicam que “[…] administrar cargos e salários pressupõe conhecer profundamente cada função do conjunto de cargos da empresa”. Entendendo esses conceitos, as organizações devem formalizar as especificações e necessidades dos cargos com a descrição de cargos. Para Ivancevich (2011, p. 152), a descrição de cargos é o “[…] principal produto de análise de cargos. É um resumo formal (escrito) do cargo como unidade identificável”. Na mesma linha, Snell e Bohlander (2011, p. 127) afirmam que a 11 descrição de cargo é, para o empregado, “[…] uma declaração de suas tarefas, deveres e responsabilidades”. Já para Nascimento e Carvalho (2006, p. 50), a descrição de cargo diz respeito ao “[…] registro, de forma organizada, das funções, tarefas e responsabilidades atribuídas a uma ou mais pessoas”. Descrição de cargo é o processo de sintetização das informações recebidas e prospectadas no passo anterior de análise das funções, padronizando o registro de dados de maneira a permitir um rápido e fácil acessoaos contornos de cada um dos cargos da empresa. Além de registrar o universo de tarefas que compreendem um cargo, a descrição registra a análise dos diversos requisitos exigidos pelo cargo, como: escolaridade, experiência, responsabilidades, condições de trabalho, complexidade das tarefas, conhecimentos etc. (MARRAS, 2016, p. 97). Com a descrição de cargo é possível identificar (WOLFF, 2019): • o que a empresa espera do empregado que ocupa ou ocupará aquele cargo; • quais são as competências necessárias do ocupante do cargo descrito; • quais são ou serão as condições em que o trabalho deverá ser realizado; • a quem se reporta o cargo (quem é o superior imediato); • quem o ocupante do cargo deverá supervisionar (se houver). Normalmente a descrição de cargo é sucinta e especifica as tarefas usuais (periódicas), as tarefas ocasionais (quando houver), a educação formal e os conhecimentos exigidos, a experiência anterior, a chefia imediata, o número de subordinados, entre outros campos informativos relevantes. Esse documento auxilia a área de recursos humanos a encontrar os candidatos mais aderentes às vagas disponíveis na empresa (MARRAS, 2016). Os sistemas de avaliação de cargo fornecem subsídios para a equidade salarial, que é a igualdade de remuneração para profissionais exercendo a mesma função dentro das organizações (SNELL; BOHLANDER, 2011). 12 4 AVALIAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS: PRIMEIROS PASSOS A avaliação de cargos e salários é uma parte importante da administração de cargos e salários e será decisiva para a construção de uma estrutura salarial eficiente. Como você sabe, uma estrutura adequada pode contribuir tanto para o equilíbrio interno (cargos e salários dos colaboradores da organização) quanto para o equilíbrio externo (cargos e salários praticados no mercado de trabalho). É na avaliação de cargos e salários que será construída uma escala, um ranking, um ordenamento dos cargos e salários por ordem de importância para a organização. Para que os cargos possam ser escalonados, deverão passar por um processo de comparação e análise que os posicione hierarquicamente (BES, 2018). Além dessa construção de uma escala de importância e da determinação do valor relativo de cada cargo para a organização, a avaliação de cargos “[...] neutraliza o efeito de decisões arbitrárias para a determinação dos salários” (PONTES, 2011, p. 169). Ou seja, já se encontrará objetivamente estabelecido na estrutura salarial adotada pela empresa, por exemplo, que, comparativamente ao supervisor, o gerente deverá ter um salário maior e determinados benefícios relacionados ao cargo que ocupa. Essa hierarquia e o estabelecimento de salários e incentivos são realizados com a avaliação de todos os cargos existentes em determinado estabelecimento. Dessa forma, segundo Pontes (2011), não existem maneiras de fazer com que alguém, por quaisquer outros motivos de natureza pessoal, receba um salário maior que não seja condizente com o determinado pela avaliação de cargos. Para que a avaliação de cargos possa ser realizada de forma eficiente, é importante que a organização constitua um comitê de avaliação de cargos. Na Figura 1, você vê os integrantes que podem formar esse comitê. Como você pode perceber na Figura 1, é necessário que o comitê inclua os gerentes das áreas em que os cargos se situam, bem como os gestores de pessoas que atuam diretamente no staff relacionado com a questão da remuneração e da construção/implantação do plano de cargos e salários da organização. Para que o comitê realize o seu trabalho de forma produtiva e organizada, cabe ao coordenador enviar com antecedência os materiais que irão facilitar o trabalho dos membros, que 13 são as cópias das descrições dos cargos e os manuais de avaliação elaborados para essa finalidade. As reuniões serão realizadas para discutir os resultados das avaliações realizadas pelos membros do comitê em busca de um consenso ou voto da maioria (BES, 2018). A primeira etapa da avaliação de cargos é o estabelecimento dos cargos- chave a serem avaliados. São extraídos normalmente 20% dos cargos que compõem determinado grupo ocupacional ou classe. Esses cargos passam, então, pelo processo de avaliação, que servirá de base para a construção de parâmetros para a avaliação dos demais. Devido à sua importância para o processo de avaliação, segundo Pontes (2011), esses cargos-chave devem apresentar as seguintes características: representar toda a estrutura do plano, representar todas as áreas da empresa e possuir um número significativo de estudantes. Existem alguns métodos tradicionais que podem ser utilizados para que a avaliação de cargos seja realizada, constituindo-se em métodos quantitativos e não quantitativos. Observe o Quadro 2 (BES, 2018). 14 Dessa forma, colocar os cargos e seus respectivos salários numa ordem de importância significa utilizar um método de escalonamento simples, que é considerado o mais fácil e que permite uma elaboração rápida. Para que você entenda como funciona esse escalonamento simples, considere que o comitê de avaliação elegeu como cargos-chave para serem avaliados os cargos de motorista, recepcionista, assistente de recursos humanos (RH), supervisor operacional e operador de máquinas I. Ao receberem as descrições desses cargos, com suas devidas especificações, os membros do comitê já terão condições de perceber a complexidade existente para o ocupante do cargo em termos das competências exigidas (aqui considerados os requisitos mentais/ intelectuais e físicos), bem como das responsabilidades envolvidas. A partir daí o manual de avaliação dos cargos em questão irá apresentar uma tabela em que o avaliador pode colocar os cargos em ordem de importância, de acordo com o seu entendimento. As avaliações de todos os membros do comitê irão produzir um escalonamento como o apresentado no Quadro 3, a seguir (BES, 2018). 15 Após as avaliações realizadas pelos três avaliadores e a discussão buscando um consenso, ficou estabelecido que a escala de importância dos cargos em questão seguirá a seguinte sequência (em ordem decrescente de valores salariais): supervisor operacional, operador de máquinas I, assistente de recursos humanos, motorista e recepcionista. Esse escalonamento vai permitir que a estrutura salarial respeite em termos de valores pagos e incentivos o que foi estipulado pela avaliação. Dessa forma, o salário e os benefícios desembolsados para o cargo de assistente de recursos humanos, por exemplo, não poderão ser inferiores aos do cargo de motorista, pois aquele se encontra em posição superior no ranking escalonado (Figura 2) (BES, 2018). 5 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS Você viu anteriormente que existem alguns métodos para que a avaliação de cargos se realize de forma eficiente, entre eles os quantitativos e os não quantitativos. Você já conhece um exemplo da primeira categoria, o método de escalonamento. Ele é considerado o mais simples e de rápida elaboração, desenvolvido a partir da construção de uma escala de valor subjetivo a respeito dos cargos que se pretendem avaliar. Agora você vai conhecer os demais métodos que podem ser aplicados na avaliação de cargos e salários (BES, 2018). 16 Outro método não quantitativo é o método de graus predeterminados. De acordo com Pontes (2011), esse método consiste em construir uma régua de avaliação para comparar as características de complexidade e as dificuldades impostas para cada cargo de determinada classe ou grupo ocupacional. Após, os cargos são avaliados em relação a esses graus e recebem a devida classificação. É aconselhado utilizar de cinco a 10 graus para cada um dos planos que envolvem o cargo. Observeo Quadro 4, que exemplifica a aplicação do método de graus predeterminados para cargos de natureza administrativa: auxiliar administrativo, auxiliar de faturamento e auxiliar de contabilidade. A partir da definição prévia dos graus, os cargos deverão ser avaliados determinando como as atividades inerentes a eles se enquadram nos respectivos graus. Então, devem ser posicionados em ordem de importância. A avaliação dos cargos, nesse método, seria realizada como mostra o Quadro 5 (BES, 2018). 17 Como você pode perceber na coluna final do Quadro 5, o consenso dos avaliadores determina que o cargo de menor complexidade e, no caso, com posicionamento inferior é o cargo de auxiliar administrativo, seguido pelo de auxiliar de faturamento. O primeiro colocado na ordem de importância é o auxiliar de contabilidade (BES, 2018). 6 MÉTODOS QUANTITATIVOS DE AVALIAÇÃO DE CARGOS Existem alguns métodos quantitativos que costumam ser utilizados para a avaliação dos cargos de forma mais precisa e exata. Você vai aprender agora sobre o mais utilizado desses métodos, que é o método de avaliação por pontos (BES, 2018). O método de avaliação por pontos consiste em atribuir uma pontuação aos cargos, de acordo com fatores previamente estabelecidos que são descritos e apresentam uma graduação em ordem de dificuldade crescente. Esses fatores devem ser comuns à maioria dos cargos dos grupos ocupacionais que serão avaliados. Ao final da avaliação, se somam os pontos de cada métrica desses fatores e o cargo recebe a sua pontuação final, que irá propor a hierarquia dos cargos no interior da organização. Esse método deve seguir alguns passos, como você pode ver na Figura 3 (BES, 2018). 18 Para entender esse método de avaliação de cargos por pontos, considere como exemplo alguns cargos-chave relativos ao grupo ocupacional administrativo ou gerencial de uma empresa. Os cargos avaliados serão: auditor sênior, auditor pleno, técnico de contabilidade sênior, comprador, técnico de contabilidade, analista de cargos pleno, analista de cargos júnior, auxiliar de pessoal e auxiliar administrativo. Como fator de avaliação, será utilizada a experiência requerida para os cargos. Dessa forma, os cargos-chave primeiramente serão escalonados dentro do enquadramento do tempo de experiência exigido, para posterior pontuação a partir da escala de pontos de cada um dos graus existentes na empresa. Veja o Quadro 6, a seguir (BES, 2018). 19 Para que o avaliador pudesse saber quanto pontos deveria atribuir para cada cargo em relação ao fator avaliado no exemplo (a experiência), ele recebeu em seu manual de avaliação dos cargos uma tabela com a descrição dos graus e sua respectiva pontuação, como você pode ver no Quadro 7 (BES, 2018). Como você pode perceber, a avaliação por pontos permite que os avaliadores construam um somatório de pontos para cada fator a ser avaliado. Isso garante uma avaliação menos subjetiva e mais precisa, seguindo a escala de pontuação previamente construída que norteia o processo. Cabe aos avaliadores enquadrar os cargos nesses quesitos e, partindo das tabelas com as legendas dos graus e suas pontuações, lançar os pontos correspondentes. Ao final da avaliação de todos os fatores, o cargo com pontuação maior é o hierarquicamente superior e ocupará o topo da hierarquia de cargos da organização (BES, 2018). 20 7 A AVALIAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS E O PLANO DE REMUNERAÇÃO FUNCIONAL A avaliação de cargos e salários se relaciona diretamente com o plano de remuneração funcional, mais conhecido como plano de cargos e salários. Afinal, é a partir da avaliação dos cargos e do seu escalonamento ou hierarquização por ordem de complexidade e importância que será possível construir a estrutura salarial da empresa. Por sua vez, a estrutura salarial “É a organização de uma progressão salarial em função da crescente valorização dos cargos resultante do processo de avaliação” (PONTES, 2011, p. 285). Como saber quanto deve ser pago para um cargo em relação aos demais dentro da organização? Ou ainda: como estabelecer um valor relativo que remunere adequadamente o colaborador pela realização de suas tarefas e que seja justo e equitativo com relação a todos os demais cargos da organização? Essas perguntas são respondidas a partir da adoção de um método de avaliação dos cargos e salários, que poderá fornecer o ranqueamento dos cargos e estabelecer sua hierarquia de importância e de valores (BES, 2018). Você pode considerar que, após todos os esforços de análise dos cargos, com as descrições e especificações devidas, é essencial que se realize a avaliação desses cargos. Dessa forma, é possível construir o escalonamento dos cargos da organização. A partir dessa avaliação, também poderão ser comparados os cargos avaliados com os cargos similares existentes nas empresas concorrentes, o que é feito por meio da pesquisa salarial (BES, 2018). Você deve notar que “As fases de avaliação de cargos e de pesquisa salarial podem ser realizadas simultaneamente, uma vez que para a ponderação dos fatores dos manuais de avaliação serão necessários dados da pesquisa salarial” (PONTES, 2011, p. 324). Imagine que o fator a ser avaliado no cargo seja relativo às condições de trabalho. Nesse caso, na construção do manual de avaliação, também poderá ser considerado o que foi observado nas empresas que participaram da pesquisa salarial, ou seja, é possível confrontar dados. 21 A avaliação de cargos e salários proporciona que o plano de remuneração funcional atue na manutenção da satisfação dos colaboradores. Eles poderão conhecer o posicionamento de seus cargos em relação aos demais e perceber como foram calculados, avaliados e ranqueados seguindo critérios sérios previamente estabelecidos. Dessa forma, o ocupante de um cargo qualquer não poderá receber um salário somado de benefícios e incentivos considerados exorbitantes ou além do estabelecido, como se produzissem um certo favorecimento. É importante você atentar à ideia de que a avaliação de cargos dentro do plano de cargos e salários, ao minimizar a arbitrariedade, é um importante instrumento para que se persiga a ética na distribuição equitativa dos valores a serem pagos a todos na organização (BES, 2018). Para que você possa entender mais precisamente a importância da avaliação dos cargos na implantação ou na manutenção do plano de cargos e salários de uma organização, deve considerar os fatores que afetam a composição dos salários. Como você viu, os salários são influenciados por condições ambientais internas e externas, conforme a Figura 4 (BES, 2018). 22 Como você pode ver na Figura 4, existem itens específicos que afetam a composição salarial, representados nas ações realizadas na avaliação dos cargos e salários. Entre eles está o valor relativo do trabalho, ou seja, a possibilidade de quantificação em termos monetários do que deverá ser o valor justo a ser pago ao colaborador pelo que lhe é exigido e pelo que ele realiza no interior da organização por meio do cargo que ocupa. O valor relativo do trabalho é o valor que se refere a determinado cargo. Nesse caso, convém reforçar que o processo de avaliação de cargos “Trata-se de um processo sistemático para determinar o valor relativo dos cargos e estabelecer aqueles que devem receber remuneração maior que outros dentro da empresa” (BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2005, p. 261). Dessa forma, segundo os autores, a avaliação de cargos promove a equidade interna entre os vários cargos que a organização possui. Outro ponto importante é o valor relativo do funcionáriopara a organização, uma vez que este costuma associar o valor que possui ao que a empresa lhe oferece em termos de remuneração (salários mais incentivos ou benefícios). Ao realizar as comparações entre os cargos e suas hierarquias propostas pela empresa, os colaboradores poderão, além de perceber formas de ascensão, se sentir valorizados e recompensados pelo investimento na sua qualificação e na busca pelo seu aperfeiçoamento. Esse sentimento pode produzir motivação e estimular um bom clima organizacional (BES, 2018). Por fim, a importância da avaliação de cargos está relacionada não somente com a implantação do plano de cargos e salários, mas também com outras finalidades importantes para a organização. Uma avaliação de cargos e salários permite o controle mais eficiente dos custos com pessoal. Além disso, serve de instrumento junto às negociações sindicais para revisão dos salários da organização, quando necessário. A avaliação dos cargos e salários também repercute em outras práticas de gestão de pessoas, como na integração, no treinamento e na seleção de pessoal (BES, 2018). Ao estabelecer uma escala de valores para cada cargo e uma hierarquia dos cargos, esse plano também poderá proporcionar melhoria nas relações entre os gestores e colaboradores das organizações. As vantagens de investir na 23 avaliação de cargos e salários são muitas. Isso faz com que, cada vez mais, as empresas que adotam o sistema de pagamentos tradicional por funções implantem com eficiência seus planos de cargos e salários. Como você deve imaginar, essas empresas buscam seu equilíbrio interno e externo relacionado aos aspectos salariais (BES, 2018). 8 PLANEJAMENTO DE CARREIRA O que se compreende na contemporaneidade como carreira, fenômeno associado ao êxito individual e ao crescimento econômico e social, é algo recente em termos de conceituação. A partir do século XX é que se começa a pensar sobre como pode ser compreendida a carreira e essa discussão segue crescente, permitindo diversos esforços conceituais em diferentes áreas do pensamento. As mudanças ambientais levam as discussões sobre carreira a uma constante necessidade de reflexões mais atualizadas e sinalizadoras das reconfigurações de trabalho que ocorrem de maneira acelerada. A globalização trouxe, junto a todo o seu conjunto, exigências que levam os profissionais das mais diversas áreas a buscarem sistematizar uma trajetória a partir da qual se possa construir uma carreira sólida. A relação entre o indivíduo, na sua atuação profissional, e as influências do ambiente externo irão influenciar no que para ele se constituirá como carreira. Nas interfaces entre esses universos o indivíduo irá constituir a sua atuação, em que buscará referências para traçar um caminho que dialogue com as suas necessidades e concepções de mundo (SANTOS, 2019). 8.1 O que é planejamento de carreira? Vamos iniciar com um exemplo? Você já ouviu falar sobre a carreira de taquígrafo? A taquigrafia é uma atividade laboral voltada ao registro gráfico. Imaginemos que você tenha achado o radical taqui um pouco estranho. De fato, não utilizamos em nosso dia a dia um amplo conjunto de palavras que iniciam por esse radical. Pensemos juntos: taquicardia e taquara. Pensou em outras? 24 Etimologicamente, conforme explica Kose (2005, p. 14), “[...] a palavra taquigrafia tem raízes gregas e significa escrita rápida (taqui: rápido; grafia: escrita, descrição)”. Em resumo, a taquigrafia é “[...] um sistema de captação de linguagem oral por meio de símbolos gráficos, chamados taquigramas” (KOSE, 2005, p. 14). Essa atividade laboral, consequentemente, exige uma complexa trajetória de formação bastante específica tanto para a carreira no setor privado quanto no setor público. Junto a isso, a formação técnica para o exercício dessa atividade é extremamente exigente. Onde os taquígrafos podem exercer sua atividade? Podem acompanhar, por exemplo, uma sessão em um Tribunal Federal, na qual utilizam tais símbolos para, de forma rápida, anotar o que os magistrados e demais participantes fazem ou falam durante o julgamento. A partir do ano 2012, com a inserção tecnológica na Justiça brasileira, a inserção de câmeras passou a questionar a pertinência da continuidade dessa atividade laboral. Como a carreira foi atravessada pela inserção da tecnologia? E a carreira dos taquígrafos, como continua no curso do desenvolvimento? E o tempo que dedicaram para essa formação? É bem provável que este debate não está previsto na maioria dos planejamentos de carreira dessa categoria profissional. A partir do exemplo, ressaltamos que são diversos os aspectos a serem considerados quando se trata de planejamento de carreira. Não se pode pensar nessa questão considerando apenas a atividade laboral, somente a formação técnica, somente o ambiente organizacional ou a atuação isolada do indivíduo dentro da função desempenhada. Mudanças ambientas macroestruturais somam- se às mudanças microestruturais na vida dos indivíduos e impactam na forma como ele concebe e poderá traçar um planejamento para a sua carreira. Junto a isso, mutações econômicas e questões sociais, ambientais, tecnológicas e políticas continuamente influenciam e renovam as possibilidades do que está sendo planejado para uma determinada carreira (SANTOS, 2019). A partir dessas reflexões iniciais, podemos nos perguntar: o que é um planejamento de carreira? O desenvolvimento de um plano de carreira, contemporaneamente, é considerado uma metodologia de suporte para o gerenciamento profissional. Dada a perspectiva formal dessa prática, é possível, 25 por meio da elaboração de um plano de carreira, rearranjar com mais facilidade os diferentes rumos profissionais, diante das oportunidades e ameaças que ocorram no mercado de trabalho. Nesse sentido, a elaboração de um plano de carreira acaba por envolver diferentes atores dentro e fora da organização. Isso ocorre porque ele somente é eficaz se for coerente com a realidade e as necessidades das empresas e das comunidades. É importante considerar uma interação evolutiva das partes envolvidas nessa etapa da gestão de carreira (DUTRA, 2016). De modo geral, o planejamento de carreira envolve duas partes essenciais, uma delas é a própria pessoa e a outra, a organização. Ampliando essa compreensão, podemos ainda inserir a família, o líder, os pares na equipe de trabalho, dentre tantos outros. Especialmente por volta dos anos 70 e 80, as empresas estipulavam qual seria a carreira dos seus funcionários, na medida em que era a principal responsável pelas decisões da carreira de quem entrasse jovem e de lá saísse aposentado. Mais recentemente, com mais autonomia e poder decisório no que tange à valorização de seus projetos, valores, aptidões, autodesenvolvimento e autogestão, as pessoas têm assumido protagonismo na gestão de suas carreiras, pois é o próprio indivíduo quem avalia os riscos, toma decisões e estabelece e atualiza as metas continuadamente (NEUBURGER, 2011). O planejamento de carreira é um processo complexo que exige dedicação, esforço e, principalmente, engajamento do profissional para compreender qual são os seus objetivos de carreira e quais as possibilidades para a sua trajetória profissional para traçar as suas metas. Como se pode realizar um planejamento de carreira? A partir, dentre outros, da verificação e da análise das possibilidades para o futuro profissional, avaliando o que foi conquistado versus as expectativas e os objetivos para o futuro. Dessa maneira, é facilitado o processo de identificação das viabilidades e também é possível direcionar os seus esforços para propósitos específicos. Nesse sentido, a autoavaliação e o autoconhecimento são exercícios intrínsecos às boas práticas do planejamento de carreira, especialmente porque o que se planeja para os próximos passosda carreira deve ser pensado de forma relacional com o contexto em que o profissional colocará o planejamento em curso. Como explicou Chanlat (1996), precisamos pensar quais carreiras são possíveis 26 para determinadas sociedades. Ainda, a prática laboral almejada, as possibilidades para crescimento em um mesmo ambiente organizacional, ou em outros, ainda dependerá das condições do mercado de trabalho (ROCHA-DE-OLIVEIRA; PICCINNINI, 2011). Independentemente do estilo, mais arrojado, detalhista ou despreocupado, qualquer profissional pode realizar um planejamento da sua carreira, objetivando estabelecer metas para a trajetória profissional. Isso posto, para a organização do processo de planejamento, o qual insere-se em um debate mais amplo da gestão de carreira, Xavier (2006) identifica recursos que podem ser utilizados pelo indivíduo: analisar diversas questões para poder tomar uma decisão mais consistente, identificar as inconsistências que lacunam a sua trajetória profissional, ou seja, os pontos críticos de sua carreira, preencher formulários que facilitem as decisões, ter documentos norteadores para auxiliarem no controle e fazer um cronograma para dimensionar cada uma das etapas do planejamento. Além disso, é necessário situar esses planejamentos em diferentes períodos de tempo, para que sejam realizadas as avaliações periódicas acerca do que está sendo alcançado e do que ainda pode ser mobilizado para o atingimento de determinada meta. É fundamental que cada pessoa, antes de iniciar um planejamento de carreira, faça uma autoanálise dos seus pontos fortes e fracos e de quais são as suas qualificações e identifique em que momento está e onde quer chegar. Após, é possível seguir para a próxima etapa, que é analisar o seu ponto de partida. Nesse momento, o profissional necessita analisar o cenário em que está inserido, elencando vantagens e desvantagens. O indivíduo poderá analisar as expectativas e pensar em qual caminho poderá seguir. Em alguns casos, o auxílio de profissional qualificado pode auxiliar na gestão da sua carreira, com a ampliação de possiblidades que podem ser seguidas, bem como facilitação de manejo de ferramentas disponíveis como recursos metodológicos para essa etapa de consecução de alternativas. O segundo passo é o estabelecimento de objetivos. Por meio dos objetivos podemos construir metas para facilitar o percurso (NEUBURGER, 2011). 27 Logo, para que possamos planejar uma carreira devemos, antes de partir, entender de que forma o conceito foi definido e atualizado ao longo do tempo, o que já possibilita ampliações das perspectivas iniciais do planejamento. Nessa linha, Luca, Rocha-de-Oliveira e Chiesa (2016) apresentam alguns esforços de teóricos no tema de carreira, no sentido de ofertar um panorama histórico sobre diferentes definições de carreira, conforme o Quadro 9, e discorrem sobre os fundamentos do fenômeno de maneira mais profunda e interdisciplinar. Apesar das amplas discussões acadêmicas sobre a conceituação de carreira (CHANLAT, 1996; HALL, 1996, HUGHES, 1958; DUTRA, 2016), a sua percepção e definição se dá nas perspectivas de cada indivíduo e na concepção própria de quais caminhos são necessários e podem se desdobrar em realização para ascensão profissional ou mesmo para uma mudança de caminho. Nesse sentido, o planejamento da carreira surge como um elemento fundamental a partir do qual as estratégias e os caminhos necessários serão definidos para o alcance dos objetivos caso a caso. Tal como sugere a compreensão de carreira ao longo do 28 tempo, do ponto de vista teórico, é importante que um planejamento de carreira seja também pensado de forma interdisciplinar, coadunando realização pessoal, autodesenvolvimento, engajamento no trabalho, condições do mercado de trabalho, perspectivas da organização, dos líderes, dos pares, da família, dentre outros. 8.2 Planejamento de carreira Pelo exposto, o plano de carreira pode, então, ser compreendido como a explicitação formal de um conjunto planejado, estruturado, sustentado e sequencial de estágios. É importante estar atento para certa formalidade intrínseca ao processo, o que pode ser relacionado às possibilidades para análises inerentes aos percursos. Tais estágios, dessa forma, consolidam a realidade evolutiva de cada indivíduo, de forma interativa com as necessidades das empresas e das comunidades onde elas atuam. A ideia de estágios, por sua vez, não é observada de forma isolada. É importante que pensemos, neste sentido, nas diferentes ambiências em que a carreira será vivenciada e, além disso, na ideia de desenvolvimento continuado, atrelado à perspectiva de estágios evolutivos. Existem, dessa maneira, diferentes abordagens metodológicas que visam a auxiliar os indivíduos em seu planejamento de carreira (SANTOS, 2019). Pelo exposto, você já conhece os aspectos fundamentais de um plano de carreira, tanto para pensar a sua carreira quanto para auxiliar seus familiares, ou, ainda, para a prática profissional futura auxiliando sua equipe, seus colegas, etc. Por fim, apesar de o planejamento de carreira auxiliar o curso prático e a análise de uma trajetória de carreira, é importante conciliar os aspectos anteriormente elencados com as experiências singulares que, por um lado, poderão se diferenciar em outras novas etapas e, por outro lado, poderão suprimir determinadas etapas sugeridas pelo pesquisador. Ainda, é importante atentar para o fato de que, embora pensemos o planejamento na maioria das vezes descolado da prática, na 6ª fase supracitada, a da análise da evolução, é preciso analisar os resultados parciais, observando necessidades de realinhar objetivos e aprimorar estratégicas. Trata-se de um planejamento contínuo e aberto às atualizações que emergirem das 29 experiências laborais em contextos diferenciados, dependendo da trajetória percorrida (SANTOS, 2019). 9 PLANEJAMENTO E TRAJETÓRIA DE CARREIRA: RELAÇÕES POSSÍVEIS A noção de planejamento de carreira irá dialogar com a noção de trajetória no sentido de que planejar requer uma continuidade de ações, o que irá configurar um trajeto a ser seguido. O planejamento de carreira deverá ser constituído em uma perspectiva flexível que permita adaptações à medida em que a trajetória vai se configurando. Nesse processo sistemático de busca por alinhamento entre o que foi planejamento e o que se constituiu ao longo dos anos, ocorre um diálogo constante e reflexivo para a percepção da carreira. Ferreira e Dutra (2013) destacam que as discussões sobre carreira e trajetória sinalizam uma polarização entre organização e indivíduo, conforme a qual se pode pensar em uma carreira objetiva (onde o enfoque está na organização) e uma carreira subjetiva (na qual o enfoque está na pessoa). Entretanto, um olhar diferente propõe que a relação organização-indivíduo na perspectiva da carreira e da trajetória seja vista como duplamente influenciadora. Dessa forma, ambos se influenciam em uma relação simultânea. O contexto, nesse sentido, se apresenta como um influenciador elemento-chave para as configurações mentais a partir das quais o indivíduo planejará a sua carreira e conduzirá a sua trajetória. Planejamento de carreira é uma ferramenta que auxilia os profissionais a realizarem projeções no mercado de trabalho e/ou dentro de uma empresa, onde é criado um plano de ação com o intuito de alcançar os objetivos desejados, sendo um processo minucioso e que exige muita atenção e reflexão por parte da pessoa envolvida e pode ser considerada uma tarefa bastante árdua, pois o primeiro passo é o indivíduo se conhecer e realizar uma autoanálise para, tão logo, refletir e criar um planejamento consistente e coeso. Portanto, pode-se considerar o planejamento de carreira como uma ferramenta de gestãoque auxilia os profissionais na projeção do seu progresso e da sua evolução dentro de uma organização ou em voos maiores. Quando utilizada dentro de uma organização, tem a intenção de prever o 30 desenvolvimento do colaborador dentro desta, mas essa ferramenta normalmente é utilizada em empresas maiores na intenção de reter e atrair talentos (NEUBURGER, 2011). A trajetória profissional pode ser compreendida como o rumo que é dado à vida profissional, em que serão realizadas as ações que promovam o crescimento e que auxiliem a chegar nos objetivos. Em suma, é o histórico de todas as atividades desempenhadas, as qualificações realizadas, o desenvolvimento obtido na vida profissional, entre outras questões. Assim, o conjunto de experiências que foram acumuladas ao longo da vida profissional são parte da trajetória profissional (NEUBURGER, 2011). Na linha dessa reflexão, Neuburger (2011) destaca alguns passos que podem auxiliar em uma trajetória profissional percebida como bem-sucedida, conforme vemos a seguir. • Procurar um emprego adequado: esta é uma tarefa difícil e complexa, pois nem sempre é possível trabalhar no emprego ideal, algumas vezes por necessidades financeiras e outras por falta de oferta de uma oportunidade. Porém, para tanto, é fundamental que seja identificado o objetivo e, a partir disso, seja iniciada a sua busca. • Agir e reagir de maneira adequada: no momento que se pode ter uma visão ampla do mercado de trabalho e das possibilidades por ele ofertada, será possível ter ações que auxiliem no direcionamento correto da carreira. Um bom exemplo sobre isso é perceber a divulgação de oportunidades de acordo com o seu objetivo, no sentido de direcionar os esforços para conhecer melhor a empresa que está divulgando e a cultura da organização, e, tão logo, enviar o currículo, podendo ser um currículo resumido ou completo e uma carta de apresentação, caso seja pertinente. • Interpretar corretamente: a partir do momento em que se utiliza redes sociais e outros meios para encontrar oportunidades para seguir a sua trajetória profissional, é pertinente estar atento a todos os detalhes divulgados e, antes de enviar o currículo, ter certeza que atende a todos os requisitos solicitados, pois nem sempre todas as informações são divulgadas com clareza e exatidão e precisam 31 ser interpretadas. Além disso, é preciso analisar se atende a todos os requisitos e se precisa ainda realizar alguma qualificação para estar em consonância com os seus objetivos profissionais. O sucesso na trajetória não se limita, no entanto, a esses pontos. De modo geral, é fundamental que o indivíduo esteja conectado às informações que podem interferir de maneira positiva ou negativa na sua trajetória, de modo a buscar respostas de maneira efetiva, reorganizando metas, objetivos e ações, sempre que necessário (SANTOS, 2019). 10 MARKETING PESSOAL Dentro do planejamento de carreira, o marketing pessoal assume um papel relevante, na medida em que traduz a maneira como o profissional irá publicizar suas diferentes competências. Mais pormenorizadamente, o marketing pessoal engloba “[...] o planejamento e a execução das atividades relacionadas à identificação e ao aumento do seu valor no mercado de trabalho, de forma que esse valor seja percebido pela organização contratante” (CILETTI, 2011, p. 18). Em outros termos, é o alinhamento do marketing com os diferentes papéis do indivíduo ao longo de sua trajetória profissional. Nesse sentido, podemos destacar o currículo como o resumo da trajetória profissional. Nesse documento, analogamente, estão mapeados os lugares por onde o indivíduo esteve durante sua caminhada, com realce para o tempo em que ficou em cada lugar, bem como os conhecimentos que o profissional desenvolvia para trilhar um novo trajeto. Com relação ao currículo, Ciletti (2011, p. 18) resume: [...] é um breve resumo do seu nível educacional, histórico profissional e capacidades. Seu Currículo o apresenta a um empregador ao fornecer um quadro de suas experiências e das suas realizações. O mais importante é que ele serve como uma propaganda que pode estimular o interesse do recrutador o suficiente para chamá-lo para uma entrevista. 32 Na contemporaneidade, a noção tradicional de currículo foi atualizada em consequência das mudanças em nossa forma de viver, decorrentes da introdução da tecnologia, dentre outros aspectos, e do acesso ampliado a informações e conhecimento. A folha impressa do passado foi digitalizada (ainda não extinta); agora contamos com uma gama de redes sociais voltadas para a publicação de currículos profissionais. Por meio dessas redes, os perfis se conectam a outros perfis e a rede de conexão, à medida que cresce, é percebida como uma importante ferramenta de network (rede de trabalho), imprescindível em razão da velocidade com que as necessidades, o conhecimento e as oportunidades se atualizam (SANTOS, 2019). Nesses perfis, podemos encontrar relevantes informações sobre a trajetória profissional dos indivíduos, com a integração dos “currículos em rede”, com a visualização do que os profissionais têm feito e onde trabalham, além de novas oportunidades de colocação profissional e desenvolvimento. Notícias sobre temas de interesse também são compartilhadas nesse processo; o perfil virtual (ou o currículo físico) visa, assim, a aglutinar o conjunto das experiências que se desdobram em novos objetivos e metas de carreira, em diferentes percursos (SANTOS, 2019). Em termos didáticos, Neuburger (2011) destaca alguns detalhes a que as pessoas precisam estar atentas no momento que realizam o preenchimento do seu currículo: inserir corretamente competências, habilidade e atitudes, pois esse preenchimento correto poderá ser um grande diferencial; realizar uma reflexão sobre qual a área de trabalho que deseja atuar, além de saber qual o ambiente empresarial que tem interesse em atuar; conhecer as formas de enviar o seu currículo, se por meio de e-mail, preenchimento de cadastros ou divulgação em redes sociais próprias para isso; e estudar e conhecer a cultura da empresa para a qual está encaminhado o currículo, analisando se ela atende às expectativas. 33 11 DIFERENTES BARREIRAS PARA PLANEJAMENTO E TRAJETÓRIA DE CARREIRA Cada dificuldade de planejamento e trajetória de carreira deve ser analisada contextualmente, entretanto, alguns elementos podem interferir de maneira geral sobre essas definições. A falta de foco do profissional pode impedi-lo de definir mais claramente qual carreira deseja efetivamente seguir e, nesse processo de confusão, compromete também a trajetória a ser perseguida (SANTOS, 2019). Conforme destacam Silva et al. (2012) um ambiente em constante mudança em um mercado cada vez mais competitivo desafia os indivíduos no processo de melhor alocação de suas vocações intenções de carreira. As relações com a tecnologia e as novas configurações de canais por meios das quais as interações contemporâneas acontecem também se apresentam nessa miscelânea de dificuldades que podem se apresentar ao planejamento e à trajetória de carreira na contemporaneidade. Exige-se muito que os indivíduos estejam atentos às transformações, tendo em vista a rapidez com que a informação circula e a intensidade de exposição a que as pessoas estão vulneráveis. Nesse sentido, a atenção a padrões éticos de conduta se intensifica com o “teto de vidro” das redes sociais. Planejar uma carreira e estar atento ao desenrolar da trajetória exige do indivíduo atenção em todos os seus movimentos e posicionamentos. Desde o início dos anos 2000, como se pode observar na Figura 5, há um esforço de sinalização quanto às possibilidades para o crescimento profissional (SANTOS, 2019). A Figura 4 contempla três enfoques, sendo que o primeiro é referente às possibilidades gerais.Pensando naquele garoto que tem o desejo de se tornar um jogador de futebol, se analisarmos, é possível ele realizar esse sonho, porém, será que todos podem alcançar os seus sonhos? Infelizmente, além de desejar, existe um trabalho penoso que ocorre concomitantemente, o qual exige qualificação e, muito mais que isso, o garoto precisa ter talento, por esse motivo nem tudo que está contido dentro das possibilidades gerais será possível de ser alcançado. Já as possibilidades objetivas são aquelas que precisam ser trabalhadas pelas pessoas 34 para terem êxito nas suas escolhas, porém, precisam que sejam realizados esforços extras, pois, na maioria das vezes, fatores externos atrapalham. Vamos pensar novamente naquele garoto que tinha o sonho de ser jogador de futebol: na sua adolescência, ele conseguiu espaço em um time renomado e estava sendo reconhecido o seu talento, porém, tinha diversas complicações de saúde. Se analisarmos essa situação, a meta está ao alcance do menino, porém, fatores extras a sua vontade estão atrapalhando. Existem possibilidades objetivas de chegar ao êxito na sua profissão, mas fatores que o atrapalham. Por fim, existem as possibilidades percebidas, que são aqueles profissionais que percebem as qualificações que ainda necessitam fazer para chegarem ao seu objetivo-fim, entretanto, é necessário cuidado para não ser extremista e achar que sempre estão precisando de mais qualificação para alcançar um objetivo. A barreira nesse quesito tem relação direta com a percepção que as pessoas têm de si mesmas, um exemplo interessante seria aquele profissional que atua há 10 anos na área de recursos humanos, já passou pelos cargos de auxiliar, assistente e analista e perpassou por todos os subsistemas da área, realizou diversos cursos de aperfeiçoamento e é um líder nato, porém sempre acha que está faltando algo mais para tentar participar de processo seletivo como gestor da área de recursos humanos (SANTOS, 2019). 35 Para que se tenha plenitude em um planejamento de carreira e na trajetória profissional, é relevante estar atento às mais diversas barreiras, aqui são apresentadas algumas, porém existem outros aspectos que também devem ser elencados, tais como: erros morais e éticos, erros profissionais, erros estratégicos e erros de marketing pessoal, todos eles têm relação direta com as possíveis barreiras e geram resultados que não são tão positivos (XAVIER, 2006). Algumas questões no que diz respeito aos ajustamentos de planejamento de carreira e à trajetória podem estar relacionadas às perspectivas de cada geração. Silva et al. (2012) destacam, conforme o Quadro 10, as características, a relação com o trabalho e o contexto a partir dos quais as diferentes gerações concebem as suas noções de mundo. Ainda, podemos inferir a questão de gênero como desafiadora no que se relaciona ao planejamento e às decisões sobre a trajetória de carreira. Em razão da pluralidade de elementos com os quais interagimos em nossa vida relacional contemporânea, cada vez mais o debate acerca do planejamento de carreira pode ser ampliado em diferentes perspectivas (SANTOS, 2019). Na relação entre essas diferentes perspectivas, tem-se a dimensão do quão desafiador é estruturar um planejamento de carreira e manter a manutenção de uma trajetória fiel a ele, tendo em vista as amplas possibilidades de interferência nos mais diversos âmbitos da vida social. Entretanto, com o auxílio de algumas ferramentas ou alguns assessoramentos, quando desejado, é possível seguir um plano a partir do qual as barreiras, que sempre acabam por existir, possam ser contornadas (SANTOS, 2019). 36 12 BENEFÍCIOS NA PERSPECTIVA DA GESTÃO DE CARREIRA CONTEMPORÂNEA 12.1 Gestão da remuneração A gestão da remuneração é um processo da organização para encorajar, reforçar comportamentos desejáveis e recompensar as pessoas por desenvolverem um particular conjunto de ações definidas pelo cargo. Esse processo impacta 37 diretamente na gestão da carreira dos empregados, pois estes estão atentos ao mercado e, compreendendo os componentes da remuneração, fica mais fácil fazer escolhas. Afinal, a remuneração tem função de atrair e reter os talentos nas organizações e recompensar os empregados pelos trabalhos executados ao longo de um período. A remuneração é subdividida em remuneração direta e remuneração indireta (WOLFF, 2019). • Remuneração direta: é a remuneração fixa somada à remuneração variável. A remuneração fixa é o salário pago em espécie (dinheiro), igual para todos os ocupantes do mesmo cargo. A remuneração variável está vinculada ao atingimento individual ou coletivo de objetivos propostos, normalmente com o intuito de aumentar a rentabilidade, a produtividade ou o lucro. • Remuneração indireta: são os benefícios sociais concedidos pela empresa aos seus funcionários. Nesse grupo encontram-se, por exemplo, auxílio alimentação, planos de seguro saúde, seguro de vida, previdência privada, auxílio educação, combustível. Conforme Araújo e Garcia (2009), a administração de cargos, salários e benefícios deve estar alinhada à legislação e às tecnologias em relação às ações implementadas pelas organizações. Além disso, deve contemplar a remuneração estratégica, que vai considerar o desempenho, as recompensas e as punições aplicadas aos empregados, a fim de possibilitar equidade entre competências e habilidades. Isso vai influenciar diretamente na motivação do empregado e auxiliá- lo na gestão de sua carreira. Assim, ele passa a saber quais competências técnicas e comportamentais precisa desenvolver. Ivancevich (2011, p. 356) descreve que foi a partir da década de 1950 que as empresas passaram por “[…] mudanças significativas no que diz respeito a mudanças de atitudes dos funcionários, nas filosofias corporativas e nas necessidades das empresas”. Os sindicatos começaram a exercer pressão sobre o aumento do salário ou inovação nos benefícios e serviços assistenciais, que passaram então a ter papel de compensação financeira indireta. Os benefícios 38 também são responsáveis pela melhora no clima organizacional, uma vez que contribuem para motivar e reter os empregados. Além disso, têm impacto significativo na gestão de carreiras contemporâneas, porque propiciam aos empregados oportunidades de desenvolvimento e recompensas não financeiras, como liberdade e autonomia no trabalho. Esses dois fatores, a liberdade e a autonomia, estão diretamente alinhados à busca pela qualidade de vida que vem sendo foco nos dias atuais. O aumento na quantidade de leis, os custos das tecnologias, as doenças laborais, a concorrência global, as condições da economia e do mercado de trabalho, dentre outras situações, influenciam na oferta de benefícios oferecidos pelo empregador. Esses mesmos benefícios acabam influenciando na decisão do empregado, que busca os melhores benefícios e serviços assistenciais (por ser uma receita não tributável). Para as organizações, os benefícios são uma poderosa ferramenta de atração e retenção de talentos (IVANCEVICH, 2011). A seguir estão os tipos de recompensas que podem ser a razão de escolha na gestão da carreira dos empregados atualmente (CHIAVENATO, 2008). • Financeiras: oportunidades de desenvolvimento; reconhecimento e autoestima; segurança no emprego; qualidade de vida no trabalho; orgulho da empresa e do trabalho; promoções; liberdade e autonomia no trabalho. • Não financeiras (diretas): salário direto; prêmios; comissões. • Não financeiras (indiretas): descanso semanal remunerado (para horistas); férias; gratificações; gorjetas; horas extras; 13º salário; adicionais; decorrências financeiras dos benefícios concedidos. 12.2 Gestão da carreiraA gestão da carreira deve considerar as necessidades de conciliar as demandas profissionais e as do mercado, além dos interesses pessoais para o desenvolvimento de competências. Snell e Bohlander (2011) reforçam que a carreira tem dois atores participantes: o funcionário, que exerce o papel de 39 responsável pelo início e gerenciamento da carreira, e a empresa, que deve subsidiar o funcionário com feedback e comunicação clara e contínua acerca do desempenho do empregado e informar quais as lacunas deverão ser aprimoradas. Snell e Bohlander (2011, p. 177) ainda atribuem à empresa a responsabilidade de “[…] fornecimento de informações sobre a sua missão, políticas e planos e deve dar suporte a autoavaliação, o treinamento e o desenvolvimento do funcionário”. É fundamental o apoio da alta gerência a fim de estabelecer um contexto favorável para que esse desenvolvimento da carreira realmente aconteça. Ivancevich (2011) reforça a ideia de que a gestão da carreira acontece oportunizando ao empregado a ascensão dentro da organização, seja por maior remuneração, maior quantidade de responsabilidades ou até melhor status. Segundo o autor, “[…] os estudos a respeito das etapas da carreira mostram mudanças nas necessidades e expectativas à medida que o profissional vai passando de uma etapa para outra” (IVANCEVICH, 2011, p. 444), conforme ilustra o Quadro 2. 13 VALORIZAÇÃO DE PESSOAS COM A GESTÃO DE SALÁRIOS E BENEFÍCIOS Quando se fala em remuneração, é importante compreender a diferença entre o salário nominal e o salário real recebido pelo empregado. Chiavenato (2008, p. 281, grifo nosso) explica que “O salário nominal diz respeito ao volume de dinheiro fixado em contrato individual pelo cargo ocupado”, já o salário real é “[…] 40 a quantidade de bens que o empregado pode adquirir com o volume de dinheiro que recebe mensal ou semanalmente e corresponde ao poder aquisitivo”. Chiavenato (2008) ainda explica os três tipos de salários: salário por unidade de tempo, salário por resultado e o salário-tarefa. • Salário por unidade de tempo: pago em relação ao tempo que o empregado fica à disposição da empresa. Pode ser por uma hora, uma semana, uma quinzena, um mês ou mais. Desse tipo, se originam as denominações de horistas ou mensalistas. • Salário por resultado: pago considerando a produtividade do empregado. Abrange o sistema de incentivos (comissões ou porcentagem por resultados) e prêmios de produtividade. • Salário por tarefa: é a unificação dos dois tipos anteriores. O empregado tem uma jornada de trabalho, e o salário é determinado pelo resultado da sua produção. A remuneração total de um empregado é, portanto, a soma da remuneração básica e os incentivos salariais e benefícios, isto é, “[…] o pacote de recompensas quantificáveis que um funcionário recebe pelo seu trabalho” (CHIAVENATO, 2008, p. 280). Os benefícios podem ser classificados de acordo com a exigência legal quanto a sua natureza ou seu objetivo. 14 BENEFÍCIOS QUANTO À EXIGÊNCIA LEGAL 14.1 Benefícios sociais ou compulsórios São os benefícios exigidos pela legislação trabalhista ou previdenciária, ou ainda, por convenção coletiva entre sindicatos. De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), são obrigatórios apenas o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) (8% do total da remuneração percebida pelo trabalhador), vale- transporte (o que superar 6% do salário deve ser custeado pela empresa), férias e 41 décimo terceiro salário (gratificação natalina) (CHIAVENATO, 2008; MARRAS, 2016). 14.2 Benefícios espontâneos ou voluntários São os benefícios concedidos por liberalidade das organizações, já que não são exigidos por lei, nem por negociação coletiva. Por exemplo, gratificações, vale- restaurante, seguro de vida, assistência médica, cesta básica, seguro de acidentes pessoais, veículo, pagamento de quilometragem, assistência odontológica, complementação de aposentadoria, creche, horário flexível (CHIAVENATO, 2008; MARRAS, 2016). Por força das Convenções Coletivas do Trabalho (CCT), alguns benefícios podem se tornar obrigatórios, como é o caso do vale-refeição e da cesta básica para algumas categorias. Convênio/ seguro médico não costuma ser imposto pela CCT. 15 BENEFÍCIOS QUANTO À NATUREZA 15.1 Benefícios monetários São os benefícios concedidos em dinheiro, geralmente em folha de pagamento, que geram encargos sociais decorrentes de tais concessões, tais como: décimo terceiro salário, férias, gratificações, aposentadoria (CHIAVENATO, 2008). 15.2 Benefícios não monetários São os benefícios oferecidos na forma de serviços, vantagens ou facilidades para os empregados, como assistência médico-hospitalar e odontológica, entre outros (CHIAVENATO, 2008). 42 16 BENEFÍCIOS QUANTO AOS OBJETIVOS Podem ser classificados em relação aos objetivos assistenciais, recreativos e supletivos. Os assistenciais visam prover condições de segurança e previdência ao funcionário e seus familiares em caso de imprevistos e emergências. Os recreativos são serviços e benefícios que visam proporcionar ao empregado condições físicas e psicológicas de repouso, diversão, recreação, higiene mental ou lazer. Em alguns casos, esses benefícios também se estendem à família do empregado. Os supletivos, por sua vez, são serviços e benefícios que proporcionam facilidades, conveniências e utilidade para melhorar a qualidade de vida do empregado (CHIAVENATO, 2008). O Quadro 12 apresenta exemplos de benefícios quanto aos objetivos para melhor compreensão. Analisando o Quadro 12, é possível compreender por que os empregados se sentem valorizados por algumas empresas, uma vez que o rol de benefícios oferecidos pode suprir as suas necessidades imediatas. Percebe-se o cuidado dessas empresas para proporcionar condições físicas e mentais para o empregado, que terá um desempenho melhor, além do sentimento de acolhimento, segurança 43 e satisfação. Assim, a empresa demonstra recompensar os seus empregados, privilegiando não apenas o resultado financeiro, mas também as competências técnicas e comportamentais importantes na contratação e na manutenção desses conhecimentos, agregando vantagens ao patrimônio intelectual da organização (WOLFF, 2019). A criação de um ambiente favorável entre empregado e empregador transformam os investimentos destinados a benefícios de valorização do capital humano na eficiência de uma organização. As empresas devem desmitificar a ideia de que benefícios e incentivos convertidos em capacitação, desenvolvimento, segurança, melhoria da qualidade de vida, entre outros, são apenas linha de custo no orçamento. Na verdade, são ferramentas poderosas para aumentar a satisfação dos colaboradores, aumentar a lealdade em relação à retenção e garantir um clima organizacional favorável, um local onde as consequências de ajustes e mudanças, comuns a todas as empresas, sejam minimizadas (WOLFF, 2019). 17 ADMINISTRAÇÃO DA REMUNERAÇÃO Administrar a remuneração em plena Era do Conhecimento é um fator de grande relevância para as empresas. A remuneração, juntamente com os benefícios oferecidos aos colaboradores, é a principal forma de reter os talentos e se colocar à frente da concorrência acirrada encontrada neste ambiente. Com alguns recursos organizacionais cada vez mais escassos, são as pessoas diferenciadas, ou seja, os talentos, que acabam se tornando os principais atores deste “teatro” empresarial. Dessa forma, cabe às organizações a promoção de ações para manter essas pessoas fiéis e motivadas (OLIVEIRA, 2016). 44 18 PRINCIPAIS CONCEITOS DE REMUNERAÇÃO E INCENTIVOS APLICADOS PELAS ORGANIZAÇÕES No universo do trabalho, encontramos dois gigantes com objetivos e metas distintas um do outro, mas que se completam. Deum lado, podemos ver as organizações e toda sua estrutura, tendo por objetivo a geração de lucro aos proprietários, stakeholders, etc. Do outro lado, encontramos as pessoas, dotadas de conhecimentos, habilidades e atitudes e também com objetivos e metas estabelecidos. O relacionamento destes atores, no palco de suas atividades, ocorre de forma harmoniosa apenas devido às recompensas que as organizações oferecem aos colaboradores que nelas estão inseridos (OLIVEIRA, 2016). Ninguém trabalha em troca de gentileza. As pessoas ofertam suas competências somente quando são retribuídas de forma a atingir suas expectativas e motivações. As organizações sabem disso, e o sistema mais utilizado por elas, para reconhecer os colaboradores pelo esforço, tempo e dedicação, é o de recompensas organizacionais. Essas recompensas estão divididas em duas abordagens: tradicional (modelo no qual a motivação das pessoas somente é possível com incentivos salariais, financeiros e materiais) e moderna (modelo em que a motivação das pessoas depende de inúmeros incentivos organizacionais e autorrealização, em que a remuneração é aplicada através das competências e das diferenças individuais de cada colaborador) (OLIVEIRA, 2016). Antes de você percorrer os principais conceitos de remuneração e incentivos, deve entender quais são os processos de gestão de pessoas nas organizações. Com essa compreensão, você poderá identificar em qual processo a remuneração está inserida (OLIVEIRA, 2016). Observe a Figura 6. 45 Você pode compreender os processos de gestão de pessoas da seguinte forma (OLIVEIRA, 2016): • Prover ou agregar – Recrutar e selecionar pessoas no mercado de recursos humanos para suprir as necessidades da organização. • Aplicar – Alocar as pessoas selecionadas dentro da organização, orientando-as sobre os cargos a serem ocupados e aplicando avaliações de desempenho em períodos estabelecidos. • Recompensar – Oferecer remunerações, incentivos, benefícios e serviços de acordo com as políticas adotadas pela organização. • Desenvolver – Treinar e desenvolver as pessoas e a organização. • Manter – Gerenciar as relações com os empregados e primar pela higiene, segurança e qualidade de vida deles. • Monitorar – Desenvolver um banco de dados com todas as informações das pessoas dentro da organização (férias, demissões, contratações, aposentadorias, promoções, etc.) e avaliar constantemente a função de gestão de pessoas. 46 18.1 Processo de recompensas organizacionais O processo de recompensa organizacional pode ser considerado um conjunto de recompensas financeiras e não financeiras que uma empresa oferece aos seus colaboradores pelos serviços prestados. As retribuições oferecidas pelas organizações representam uma parcela significativa no processo motivacional e na satisfação dos parceiros envolvidos. Veja na Figura 2 como estão distribuídas as recompensas organizacionais (OLIVEIRA, 2016). É possível perceber que as recompensas financeiras diretas são efetivadas através dos salários e demais elementos, como contraprestação dos serviços oferecidos pelos colaboradores. Cabe salientar que os salários são classificados como diretos (valor monetário pago pelo serviço fornecido pelo colaborador no cargo ocupado) e indiretos (resultantes das convenções coletivas nos sindicatos e também originados dos benefícios e privilégios concedidos pelas organizações) (OLIVEIRA, 2016). As recompensas não financeiras abrangem um composto motivacional que o colaborador identifica no ambiente de trabalho, como você pode ver na Figura 3. Ressalta-se que essa sensação está diretamente ligada com a política empregada 47 por cada organização quando consegue promover este sentimento em cada indivíduo (OLIVEIRA, 2016). 18.2 Conceito de remuneração Você sabe que nenhum indivíduo está disposto a ofertar suas competências sem ser recompensado. Sabe também que essas recompensas estão estritamente ligadas à motivação humana. Conhecendo essa premissa, as organizações estabelecem estratégias para recompensar os colaboradores da melhor forma, sem prejudicar seu principal objetivo, que é o lucro! No entanto, pesquisas recentes apontam que o lucro de uma organização e sua posição mercadológica no ambiente em que está inserida são elementos diretamente relacionados com o desempenho das atividades de cada indivíduo e com o cargo que ele ocupa na empresa (OLIVEIRA, 2016). Um dos elementos utilizados pelas organizações é a remuneração. A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) no artigo 457, aponta que: “[...] compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.” (BRASIL, 1943). Essas recompensas são chamadas de remuneração total. A aplicabilidade dela varia de organização para organização, dependendo de três componentes, que são (OLIVEIRA, 2016): 48 • Remuneração básica – Aplicação do salário mensalista ou por hora trabalhada. • Incentivos salariais – Aplicação de bônus, participação nos resultados da empresa, etc. • Benefícios – Seguro de vida, seguro-saúde, relações subsidiadas, etc. Como você pode perceber, o salário é a principal recompensa percebida por um indivíduo com vínculo trabalhista. O pagamento representa o valor monetário firmado em contrato de trabalho e recebido pelo empregado diretamente do empregador. Para compreender como é um bom sistema de remuneração, você precisa entender os principais componentes de um salário e alguns critérios para construir um plano de remuneração eficiente e eficaz. Os salários originam-se a partir de dois fatores que agem de forma harmônica e independente. São eles (OLIVEIRA, 2016): • Fatores internos ou organizacionais – Tipografia dos cargos na organização, políticas de RH e salarial das organizações, performance financeira e competitividade da organização. • Fatores externos ou ambientais – Situação do mercado de trabalho, situação econômica de um país, negociações e relações com sindicatos, legislação trabalhista vigente, concorrência direta e indireta. Tendo compreensão dos fatores que envolvem a construção do salário, é possível estabelecer alguns critérios para implantar um programa de remuneração adequado por parte das organizações, como você pode observar no Quadro 13 (OLIVEIRA, 2016). 49 Como você pode perceber, são muitas as ferramentas e informações necessárias para gerir da melhor forma possível os recursos humanos das organizações. Para finalizar este capítulo, reflita a respeito da seguinte questão: como pode ser definida a administração de salários? Pesquisas recentes apontam que a administração, enquanto ciência, técnica e arte, é o processo que estuda o planejamento, a organização, a direção e o controle dos recursos organizacionais (financeiros, humanos, tecnológicos, logísticos, etc.), com o 50 propósito de atingir objetivos específicos. Entendendo cada um desses conceitos fica mais simples de responder à questão levantada no parágrafo anterior. A administração de salários pode ser definida como o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o conjunto de normas e métodos que uma organização deve adotar para aplicar salários equitativos e justos no seu ambiente (OLIVEIRA, 2016). 19 MÉTODOS UTILIZADOS PARA AVALIAR OS CARGOS EM FUNÇÃO DO SEU VALOR ORGANIZACIONAL Agora que você entendeu mais sobre remuneração e administração de salários, está preparado para identificar como são feitas as avaliações e como são classificados os cargos dentro de uma organização.
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