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Teoria Geral das Organizações

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Teoria das O
rganizações
 Elcio H
enrique dos Santos
Em meio a várias mudanças nas organizações, é fundamental que os futuros gestores 
se preparem para os desafios que devem enfrentar no dia a dia das suas empresas e que 
estejam antenados com os principais temas da administração.
Para tanto, este livro traz reflexões em torno de assuntos muito pertinentes para a 
administração e deve ser visto como um estímulo inicial para os estudos mais profundos 
da gestão.
Código Logístico
58475
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6472-4
9 788538 764724
Teoria das Organizações
IESDE BRASIL S/A
2019
Elcio Henrique dos Santos
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S234t Santos, Elcio Henrique dos
Teoria das organizações / Elcio Henrique dos Santos. - 1. ed. 
- Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 
118 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6472-4
1. Administração de empresas. 2. Eficiência organizacional. 
3. Cultura organizacional. 4. Gestão do conhecimento. 
I. Título.
19-56026 
CDD: 658.402
CDU: 005.7
© 2019 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem auto-
rização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais.
Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: yotily/Shutterstock
Elcio Henrique dos Santos
Mestre em Administração pela Universidade Metodista de São 
Paulo (Umesp). Especialista em Gestão de Recursos Humanos e Gestão 
Universitária e licenciado em Filosofia pelo Centro Universitário 
Salesiano de São Paulo (Unisal). Possui experiência no ensino da 
administração, ministrando aulas nas disciplinas de Teoria Geral da 
Administração, Recursos Humanos, Estratégia e Responsabilidade 
Social. Atua em cursos de graduação e pós-graduação e, ainda, 
é coordenador do curso de Administração em uma instituição de 
ensino superior. 
Sumário
Apresentação 7
1. A evolução das organizações e a contribuição das teorias 
da administração 9
1.1 Origem e evolução das organizações 9
1.2 Relação entre teorias administrativas e a teoria das orga-
nizações e suas abordagens 15
1.3 Complexidade das teorias administrativas na 
atualidade 20
2. As relações organizacionais 33
2.1 Interpretação sociológica das organizações 33
2.2 Organizações burocráticas 35
2.3 Poder e dominação 38
2.4 Modelos de autoridade organizacionais 42
3. A produção do conhecimento nas organizações 49
3.1 Origem do conhecimento e suas formas 49
3.2 O conhecimento nas organizações e sua gestão 52
3.3 Organizações que aprendem e desaprendem 59
4. Cultura organizacional 69
4.1 Culturas brasileiras e suas especificidades 69
4.2 A cultura organizacional 75
4.3 A importância da cultura organizacional 81
5. As perspectivas de mudanças organizacionais 91
5.1 Novos modelos de estruturas organizacionais 91
5.2 Redes organizacionais 96
5.3 Tendências para o futuro na gestão 101
Gabarito 111
Apresentação
Em meio a várias mudanças nas organizações, é fundamental 
que os futuros gestores se preparem para os desafios que devem en-
frentar no dia a dia das suas empresas e estejam antenados com os 
principais temas da administração. 
Para tanto, este livro traz reflexões em torno de assuntos muito 
pertinentes para a área de administração e deve ser visto como um 
estímulo inicial para os estudos mais profundos da gestão. 
O primeiro capítulo apresenta a origem das organizações na 
Antiguidade e o seu processo de evolução. São abordadas as princi-
pais teorias da administração e é discutida a complexidade das com-
panhias nos dias de hoje. 
No segundo capítulo, é feita uma reflexão sobre a importância 
da sociologia nas empresas e sobre o pensamento burocrático de 
Max Weber, destacando a sua importância nos processos de forma-
lidade vivenciados ainda hoje em nossas companhias. O capítulo se 
encerra com a explicação de como o poder é dividido nas estruturas 
organizacionais. 
Já o terceiro capítulo faz uma abordagem sobre a origem do conhe-
cimento e sua importância para nossas organizações no decorrer dos 
tempos, além de considerar o processo da gestão de conhecimento como 
fator estratégico de competitividade. O capítulo ainda trata do processo 
de aprendizado, que acontece de maneira contínua, e da desaprendiza-
gem, que se apresenta como modo de adquirir novos conhecimentos. 
O quarto capítulo leva a refletir sobre a cultura organizacional 
brasileira, suas características e sua importância na gestão dos 
espaços organizacionais. 
8 Teoria das Organizações
Por último, o quinto capítulo apresenta as novas estruturas orga-
nizacionais criadas para atender às demandas da sociedade, além de 
tratar da importância da gestão de rede, muito usada pelas empresas 
mundiais, e das tendências para o mundo da gestão discutidas nos 
espaços organizacionais e nas universidades. 
Refletir sobre gestão é uma forma de estar sempre atualizado. 
Leia os capítulos com entusiasmo e busque aprofundar cada item 
trabalhado. Estar atualizado é o seu diferencial. 
Seja bem-vindo ao mundo da gestão! 
Ótima leitura! 
1
A evolução das organizações e 
a contribuição das teorias da 
administração
Neste primeiro capítulo, será apresentado o processo de evolução 
das organizações da Antiguidade até a Revolução Industrial, quando 
ocorreu sua formalização. Serão apresentadas também as principais 
teorias administrativas, suas abordagens e sua relação com a teoria 
das organizações. Por fim, será feita uma reflexão sobre a comple-
xidade das empresas de hoje, com base nas teorias já existentes e 
nas novas teorias que acabam surgindo devido às necessidades do 
contexto atual.
1.1 Origem e evolução das organizações
É mais fácil entender o mundo quando o processo de evolução 
pelo qual ele passou é conhecido. Para a administração, é impor-
tante conhecer a evolução das organizações a fim de entender suas 
características presentes ainda hoje.
Na evolução das organizações, nada aconteceu de forma rápida, 
todo o processo esteve sempre ligado à evolução da humanidade, 
a partir da qual foram se formando as primeiras ideias de organização, 
não no conceito industrial, no primeiro momento, mas no sentido de 
agrupamento de pessoas para se alcançar um objetivo em comum. 
Esse foi o primeiro sentido da ideia de organização.
Há 10 mil anos, a sociedade era basicamente voltada à pesca, à 
caça e à agricultura e já estava organizada em tribos como forma 
de sobrevivência, utilizando-se da divisão das tarefas. Nesse perío-
do, já são encontrados relatos históricos, códigos de conduta e um 
modelo simples de se organizar em grupo chamado hoje por nós de 
10 Teoria das Organizações
organização radial, em que existia um líder que era aceito por todos 
os demais membros.
Para vários autores, a primeira grande evolução das organizações 
se deu pelo avanço na agricultura, quando se iniciou o processo 
de plantar e colher a comida. Com o passar o tempo, esse avanço 
possibilitou a criação das primeiras vilas que já exigiam uma forma 
simples de administração. Porém, no início não era assim. Há relatos 
históricos de que as primeiras práticas de agricultura serviam para o 
atendimento das necessidades básicas e não era possível a realização 
de trocas em um contexto de mercado.
Ainda nesse processo de evolução, encontram-se os egípcios, 
que se organizaram em sociedade para a construção das famosas e 
poderosas pirâmides – de acordo com alguns relatos históricos, fo-
ram necessários quase 100 mil homens para que essas grandes obras 
fossem realizadas.
Destaca-se também como evolução das organizações a socie-
dade grega, que deu a origem à chamada democracia, na qual era 
permitida a participação do povo nas decisões do governo. Ainda 
sobre os gregos, há relatos de que foram os primeiros a entender 
que o trabalho uniforme poderia resultar emlarga produção e que o 
trabalho repetitivo feito ouvindo músicas ritmadas também gerava 
bons resultados.
Outra observação na evolução das organizações se refere ao 
Império Romano, no qual são encontradas práticas de administração, 
ainda que rudimentares – principalmente sobre a função de controle, 
devido ao tamanho do território que os romanos possuíam. Para isso 
ser possível, foi criado um sistema de delegação, em que era nomea-
do um administrador para cada região, o qual deveria responder ao 
imperador romano, uma forma de manter as organizações da época 
controladas e administradas de acordo com o poder máximo.
Nas organizações da Idade Média, pode-se destacar o feudalismo, 
que foi um sistema em que grandes proprietários de terras criavam 
A evolução das organizações e a 
contribuição das teorias da administração 11
dependência financeira para uma classe desfavorecida, que acaba-
va subordinada a esses senhores. Os servos, como eram chamados, 
eram responsáveis pelo cultivo das terras do senhor feudal, não ti-
nham salários e ficavam com aquilo que era necessário para a sua so-
brevivência. O fim desse sistema aconteceu quando os trabalhadores 
migraram do campo para as cidades em busca da relação comercial 
dos seus produtos. Uma das grandes contribuições para isso foi a 
Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, na Inglaterra.
Na Idade Média, já havia artesãos e comerciantes que dependiam 
do mercado. No século XV, a cidade de Veneza era o grande centro de 
comércio da Europa, colocando em prática várias técnicas de adminis-
tração nas organizações comerciais. Segundo Lacombe (2009, p. 97), 
“o método de lançamento contábil de partida dobrada foi desenvolvido 
na Itália, no final da Idade Média. O centro financeiro do Ocidente foi 
transferido no século XVI de Veneza para Amsterdã”.
De acordo com Maximiano (2007), a evolução das organizações 
teve contribuições de vários povos da Antiguidade, como visto an-
teriormente, mas é importante destacar também os ensinamentos 
práticos que se tornariam, no futuro, técnicas de gestão.
Algumas outras contribuições das civilizações antigas para as 
práticas da gestão se encontram no Quadro 1.
Quadro 1 – Contribuição dos povos para as organizações
Povo Período
Contribuição para 
as organizações
Egípcios 2686 a.C. a 2134 a.C. Burocracia.
B a b i l ô -
nios
626 a.C. a 539 a.C.
Apontamentos comerciais e 
controle sobre eles. 
Assírios
Século XX a.C. ao 
 século XV a.C.
Iniciadores da prática da lo-
gística, guardavam os supri-
mentos e elaboravam rotas de 
transporte.
(Continua)
12 Teoria das Organizações
Povo Período
Contribuição para 
as organizações
Gregos
Pré-Homérico – entre 2000 a.C. 
e 1100 a.C. – Época de ocupa-
ção do território da Grécia.
Homérico – entre 1.100 a.C. e 
800 a.C.
Arcaico – entre 800 a.C. e 
500 a.C.
Clássico – entre 500 a.C. e 
338 a.C.
Helenístico – entre 338 a.C. e 
146 a.C.
Criadores da democracia, 
que prevê a participação do 
povo nas decisões do go-
verno. Desenvolveram pla-
nos estratégicos e foram os 
primeiros a discutir ética e 
igualdade nos negócios.
R o m a -
nos
Monarquia ou Realeza – 753 
a.C. a 509 a.C.
República – 509 a.C. a 27 a.C. 
Império – 27 a.C. a 476 d.C.
Criadores dos impostos, 
foram os primeiros a gerir 
organizações em outras re-
giões.
Chineses
1900 a.C. foi o ano de surgi-
mento das primeiras cidades 
da China.
Contribuíram com planeja-
mento, comando e grandes 
estratégias militares.
Fonte: Adaptado de Lacombe, 2009.
É importante destacar que todo o conhecimento de adminis-
tração estava ligado ao sistema político, que nada tinha a ver com 
competitividade ou inovação, como se discute hoje, e também que 
as técnicas eram todas avançadas para o contexto daquele momento.
Verifica-se nos relatos históricos de todos os períodos mencio-
nados um pequeno número de organizações ditas empresariais. 
O que existia eram grupos que se juntaram em torno de um obje-
tivo a ser alcançado e utilizaram método e técnicas vistos hoje nas 
empresas. Mesmo com esse relato, é possível identificar que as orga-
nizações atuavam no comércio a partir daquilo que era produzido 
A evolução das organizações e a 
contribuição das teorias da administração 13
de forma artesanal e no sistema financeiro da cidade que seguia as 
regras estabelecidas pelo sistema político.
É fato que as organizações dessa época estavam muito mais liga-
das à produção agrícola, mesmo que de forma rudimentar, artesanal 
e com o uso máximo da mão de obra humana.
As organizações fabris tinham, até a metade do século XIX, um 
número pouco expressivo na colaboração para com a sociedade. A 
maior produção vinha da agricultura familiar. A grande evolução 
das organizações começa de forma tímida para alguns, no século 
XVIII. São vários os fatos que contribuíram para uma mudança de 
cenário, por exemplo, a invenção dos itens a seguir:
• máquina a vapor;
• máquina de fiar;
• tear mecânico;
• telégrafo.
Talvez o fato mais importante nesse processo de evolução das or-
ganizações, a máquina a vapor, passa a ser utilizada de forma tímida 
na produção das pequenas fábricas.
Observa-se que as organizações surgiram da necessidade de um 
trabalho de maior cooperação para alcançar resultados maiores.
As organizações não são entidades abstratas que têm 
existência própria e independente da sociedade em que 
se situam. Elas possuem um conteúdo que é dado pelo 
modo de produção, mas, especificamente, pelas formas de 
cooperação existentes. Sua estrutura social é determinada 
pelas relações sociais de produção; estudá-las concreta-
mente implica procurar entendê-las a partir da evolução 
das formas de cooperação. Desta maneira, o estudo das 
formas de cooperação é muito importante para a com-
preensão das organizações concretamente. A organização 
é uma construção histórica. (SILVA, 2013, p. 41)
14 Teoria das Organizações
Com isso, vão se criando as chamadas unidades sociais, que hoje 
são conhecidas como organizações, as quais são uma grande combi-
nação de esforços para alcançar objetivos coletivos.
Foi a partir da divisão do trabalho em grande escala que a 
espécie humana teve condições de ampliar a produção e 
a poupança, e a partir daí começou a investir para aumen-
tar a produção e melhorar as condições das futuras gera-
ções. Existindo divisão do trabalho, é fácil concluir que será 
indispensável a troca dos bens e serviços produzidos pelos 
especialistas, pois o consumidor não vai consumir o que 
produziu, mas um bem ou serviço produzido por outrem, 
que presumivelmente deverá estar mais habilitado a produ-
zir outros bens e serviços do que aquele que vai consumi-lo, 
e esse consumidor vai produzir outros bens e serviços que 
serão consumidos por terceiros. (LACOMBE, 2009, p. 14)
A origem das organizações está ligada às grandes transforma-
ções sociais e econômicas que ocorreram na história da humani-
dade. Percebe-se que o sujeito e as organizações sempre buscaram 
gerar resultados de acordo com o interesse social.
Segundo Morgan (1996), a palavra organização vem do gre-
go organon, que tem o significado de instrumento ou ferramenta. 
Ferramenta e instrumento são elementos mecânicos criados e aper-
feiçoados para ajudar nas atividades de fim particular.
Sabe-se que até 1776 não havia empresas no mundo, a sociedade 
vivia dos pequenos produtores que produziam para suprir as suas 
necessidades básicas e as de seus parentes. Somente com a evolução 
da máquina a vapor, que foi acoplada a um equipamento chamado 
de tear, usado pelas famílias para produzir tecido, é que são vistas as 
primeiras empresas têxteis surgindo na sociedade.
Muito já foi escrito sobre a evolução das organizações, porém é 
importante entender que o século XX foi o auge dessa transformação. 
A chamada Revolução Industrial foi um marco para essa evolução.
A evolução das organizações e a 
contribuição das teorias da administração 15
Para Morgan (1996), as mudanças da Revolução Industrial trou-
xeram para as organizaçõesuma tendência de burocratização e oti-
mização, algo que não havia nas organizações do passado.
Segundo Zaccaro (2002), a grande consequência de tudo o que 
aconteceu com a Revolução Industrial é o crescimento das organiza-
ções, porém é necessário destacar fatores que também contribuíram 
para seu sucesso:
• ruptura com as estruturas da Idade Média;
• avanço da tecnologia;
• aplicação da ciência na produção;
• descoberta de novas formas de energia;
• ampliação de mercado;
• substituição da mão de obra artesanal pelo processo produ-
tivo fabril.
A Revolução Industrial gerou também um crescimento desorde-
nado para as fábricas, em que se fez necessária a intervenção da ciên-
cia por meio das teorias administrativas que serão estudadas adiante.
1.2 Relação entre teorias 
administrativas e a teoria das 
organizações e suas abordagens
A administração, diferentemente de outras ciências, conta suas 
histórias com base nas teorias que foram criadas pelos seus estudio-
sos. Essa história começa entre o início e a metade do século XX, o 
que mostra a juventude da ciência da administração. É importante 
salientar como as propostas das teorias administrativas são válidas 
ainda nos dias de hoje.
À medida que os problemas foram aparecendo nas organizações, 
as teorias administrativas foram sendo formuladas para atender a 
essas questões. Pode-se dizer que existiram teorias que até antecede-
ram problemas nas organizações.
16 Teoria das Organizações
Cada teoria é diferente da outra e se destaca pelo conteúdo e 
pelo significado que o autor enfatizou sobre um aspecto dentro 
da organização.
Entende-se teoria como um conjunto de suposições que se 
inter-relacionam para explicar algo. Cada uma é aceita quando 
consegue explicar e resolver a questão por ela levantada.
Para Lacombe (2009), as teorias administrativas são entendidas 
como um conjunto de princípios e prescrições que ajudam as orga-
nizações a alcançarem seus objetivos.
Cada teoria administrativa tem uma abordagem diferente, que foi 
a preocupação do seu autor. Além disso, todas elas se relacionam com 
questões econômicas e sociais da época em que foram formuladas.
Para Chiavenato (2000), as teorias administrativas estudam cin-
co pontos de variáveis principais da organização: tarefa, estrutura, 
pessoas, tecnologia e ambiente.
É possível observar nos estudos das teorias administrativas que 
todas se complementam, não existe uma ideia que elimine a outra, 
mas, sim, uma possibilidade de ampliar a visão macro da organiza-
ção a partir das teorias.
Cada teoria administrativa tem sua ênfase em algo específico da 
organização. Destacam-se três ideias básicas:
• ênfase no aspecto técnico (norma, regra, estrutura, hierarquia 
etc.);
• foco na questão do ser humano (qualidade de vida, relação 
humana, comportamento e motivação);
• foco no relacionamento da organização com o ambiente 
(sociedade).
É possível perceber que as teorias foram criadas para a com-
preensão de como as organizações deveriam funcionar e como sur-
gem e quais processos podem ser utilizados.
A evolução das organizações e a 
contribuição das teorias da administração 17
Para Zaccaro (2002), cada teoria administrativa foi um produto 
do seu ambiente, das forças sociais, econômicas, políticas e tecno-
lógicas do seu tempo. Não existe, segundo o autor, uma teoria que 
unifique todas as outras, visto que foram apropriadas quando se 
analisa seu contexto de utilização.
Em vários momentos da vida das organizações, são vistas a ne-
cessidade e as situações que levaram à criação de uma teoria, sendo 
que cada uma representa, hoje, uma solução administrativa encon-
trada diante de uma problematização.
De certa forma, podem-se destacar algumas teorias administrativas 
que mudaram a rotina das organizações de acordo com suas abordagens.
• Teoria científica – começou com os estudos de Taylor, com 
grande preocupação sobre a mudança do método de trabalho, 
do artesanal para o fabril. Taylor foi o criador da racionali-
zação do trabalho, da linha de montagem, da divisão do tra-
balho visando à especialização. Sua teoria, com grande foco 
no nível operacional da fábrica, é muito utilizada nos dias de 
hoje no processo produtivo. Porém, vale salientar que nossas 
linhas de montagem atuais estão inteiramente robotizadas, 
embora os princípios da produção em série continuem os 
mesmos, e as ideias ainda são usadas pelos responsáveis pela 
produção das organizações.
• Teoria clássica, teoria da burocracia e teoria estruturalista – 
tiveram como preocupação o aspecto estrutural da orga-
nização. A teoria clássica trouxe a divisão do trabalho para 
a estrutura da organização, dividiu o trabalho nos chama-
dos departamentos e com isso criou a departamentalização. 
Contribuiu ainda com o chamado processo administrativo 
(planejar, organizar, dirigir e controlar). A teoria burocrática 
utilizou-se dos pensamentos de Max Weber para introduzir 
nas organizações os princípios da burocracia, destacando um 
processo mais formal e uma clara divisão de poder. Já a teoria 
18 Teoria das Organizações
estruturalista trouxe a necessidade de olhar para a organiza-
ção como uma estrutura social grande e complexa e concluiu 
que a sociedade é feita de organizações. Todos os aspectos 
apresentados pelas teorias são vigentes ainda nos dias de hoje 
e muitas ideias são usadas ainda pelas áreas de planejamento, 
controle e relacionamento externo das organizações.
• Teoria comportamental, teorias das relações humanas e 
teoria do desenvolvimento organizacional – destacam-se 
pela ênfase dada à pessoa. Trabalham aspectos como moti-
vação, liderança, relacionamento humano e desenvolvimento 
do ser humano dentro das organizações, ideias que ainda são 
muito usadas pela área de Recursos Humanos.
• Teoria da contingência e teoria de sistema – ambas têm seus 
estudos focados na sociedade (ambiente). Destaca-se a teoria 
de sistema, que complementa a teoria estruturalista, quando a 
organização é vista como um sistema dinâmico que é influen-
ciado e influencia o ambiente onde vive. A teoria da contin-
gência mostrou que tudo é relativo. Não existe um modelo 
pronto para ser usado em todas as situações, o que fazer vai 
depender das variáveis da vida da organização. Ou seja, não 
há uma “receita de bolo” para gerir uma empresa. A principal 
ideia é mostrar que não existe uma melhor maneira para gerir, 
mas sim uma busca constante de entender as mudanças que 
ocorrem e se adaptar a elas.
Todas as ênfases dadas por essas teorias são estudadas ainda 
hoje, visto que são totalmente aplicadas em situações do dia a dia.
Ainda nesse estudo das teorias administrativas, podem-se observar 
duas formas de analisá-las.
• Abordagem prescritiva e normativa – visa prescrever regras 
e normas para serem usadas pelo administrador da organiza-
ção, sem opção de escolha. Há uma “receita de bolo” pronta 
A evolução das organizações e a 
contribuição das teorias da administração 19
para ser executada. Teorias como a científica, a de relações 
humanas e a neoclássica se baseiam nesta abordagem.
• Abordagem descritiva e explicativa – entende que analisar, 
descrever e explicar é a melhor maneira de gerir a organiza-
ção. Cria uma situação em que o administrador escolhe a partir 
das opções a melhor forma de conduzir a empresa. As teorias 
estruturalista, de sistema e de contingência se baseiam nesta 
abordagem.
Por outro lado, a teoria das organizações, que vem logo em se-
guida, é uma forma não apenas de olhar as teorias administrativas, 
mas também de analisar as empresas como um todo, de forma es-
pecífica e profunda. É uma maneira de se aprofundar ainda mais na 
vida das organizações a partir de padrões, regularidades e projetos 
elaborados por elas a partir das teorias anteriores.
Segundo Araújo (2009), de meados do século XX até agora, fo-
ram criadas novas formas de entender as organizações. Atualmente, 
as teorias tendem a olhar para fora das organizações por causa de 
elementos que surgiram e estão exigindouma análise mais profunda 
e um diferente modelo de gestão.
Ainda segundo Araújo (2009), no século XXI devem surgir 
abordagens que aumentem a capacidade de competitividade das or-
ganizações, com métodos que as farão atuar em mercados globais e 
adquirir capacidade de mudança constante para enfrentar o ambien-
te competitivo.
Chiavenato (2000) já alertava que a administração estaria se de-
frontando com situações que surgiriam com o tempo e que as teorias 
administrativas precisariam adaptar suas abordagens ou até mesmo 
modificá-las para continuarem úteis e aplicadas às organizações. Isso 
explica o avanço de forma constante nas teorias administrativas, que, 
além de buscarem as ideias do passado que ainda são muito utiliza-
das, preocupam-se em estar em constante atenção com os fatores do 
mundo atual para repensar o significado das ações das organizações.
20 Teoria das Organizações
Para Silva (2013), a teoria da organização e as teorias admi-
nistrativas são conceitos que estão muito próximos e acabam se 
relacionando também. Sua importância está em fazer com que o 
administrador entenda a finalidade da organização e os papéis que 
ele deve desempenhar. Assim, o entendimento de ambas as teorias 
deve servir de base para o estudo macro da administração.
Interessante lembrar a influência que as organizações receberam 
da Igreja católica nos processos de hierarquia, disciplina, centrali-
zação das atividades e comando. As organizações militares também 
fizeram suas contribuições, ensinando de forma clara o princípio da 
unidade de comando, além da relevância da estratégia e da obediên-
cia dentro da estrutura organizacional.
É importante destacar neste tópico que as teorias não estão ul-
trapassadas, mesmo as mais antigas, como a científica e a clássica, 
visto que ainda hoje são indispensáveis em qualquer lugar que busca 
eficiência e produtividade. Cada teoria representa um foco em uma 
situação escolhida e que hoje precisa passar por uma revisão.
1.3 Complexidade das teorias 
administrativas na atualidade
O estudo das organizações é necessário para delimitar, selecio-
nar e priorizar as características e as dimensões da complexidade das 
empresas de hoje. Os estudos organizacionais partem sempre de três 
pressupostos básicos, que foram vistos nas teorias da administração: 
tarefa, pessoas e tecnologia.
Inicialmente, olha-se para as estruturas organizacionais: elas são 
as configurações que retratam as relações interna e externa das or-
ganizações com a sociedade.
Para um bom estudo, é necessário entender essa complexidade 
estrutural. Sabe-se que as estruturas não precisam ser rígidas ou 
A evolução das organizações e a 
contribuição das teorias da administração 21
ter uma ideia de formalismo e podem estar ligadas a algum projeto 
desenvolvido pela própria empresa.
Porém, existem os modelos de estruturas que foram sendo de-
senvolvidos no decorrer do tempo com o auxílio das teorias admi-
nistrativas. Destacam-se os modelos a seguir elencados.
• Estrutura vertical  – baseada em vários níveis de camada, 
onde é possível ver a especialização e o aspecto funcional. 
Destaque para as organizações militares.
Figura 1 – Modelo de estrutura organizacional vertical para uma 
empresa têxtil.
Diretor 
financeiro
Diretor de 
pessoal
Diretor 
industrial
Diretor 
técnico
Diretor de 
marketing
Diretor presidente
Analista 
financeiro Supervisor de tecelagem
Gerente de 
vendas Sul
Contas a 
receber Supervisor de fiação
Gerente 
de vendas 
Norte/Centro
Contas a 
pagar
Centro de 
informação
Modelador 
tecidosGerente de produção
Gerente 
de vendas 
interior
Analista de 
orçamento Contador
Supervisor 
treinamento
Chefe de 
laboratório
Gerente de 
controle de 
qualidade
Gerente de 
venda São 
Paulo
Gerente 
financeiro
Contador 
chefe
Gerente de 
recursos 
humanos
Engenheiro 
têxtil
Gerente de 
manutenção
Gerente de 
propaganda
Fonte: Chiavenato, 2004, p. 291.
• Estrutura hierárquica – criada para diminuir o tamanho das 
organizações, pensando em seu crescimento, eficácia e renta-
bilidade. Destaque para os níveis de controle.
22 Teoria das Organizações
Figura 2 – Estrutura hierárquica
Direção
Financeiro RHMarketing
Fonte: Elaborada pelo autor.
• Estrutura de projetos – usada para responder às necessi dades 
de curto prazo. As equipes são criadas e, depois do alcance da 
proposta, são destituídas.
Figura 3 – Modelo de estrutura organizacional para uma gráfica
Diretor-geral
Vendas
Papelaria
Cadernos
Cartões de 
visita
Oficina 
gráfica
Vendedor 
de papelaria
Vendedor 
de cadernos
Vendedor 
de cartões
Oficina de 
papelaria
Oficina de 
cadernos
Oficina de 
cartões
Desenho 
gráfico
Desenhista 
de papelaria
Desenhista 
de cadernos
Desenhista 
de cartões
Fonte: Chiavenato, 2004, p. 330.
• Estrutura de rede – apresenta algumas características da 
estrutura de projetos, porém se locomove para o ambiente 
externo da organização. Este modelo visa a um trabalho in-
terno e externo da organização, porém é necessário que as 
organizações envolvidas estejam em sintonia com os objeti-
vos a serem alcançados.
A evolução das organizações e a 
contribuição das teorias da administração 23
Figura 4 – Estrutura de rede
Empresa de 
manufatura
Empresa de 
desenho e projeto
Empresa de 
vendas
Companhia 
(core business) 
intermediária
Empresa de 
 contabilidade
Empresa de 
distribuição
Fonte: Chiavenato, 2008.
O avanço das organizações acontece sempre com o vínculo nas 
construções sociais que ocorreram no tempo. As organizações estão 
presentes em diversos setores da vida da sociedade, são aspectos 
ligados desde o nascimento até a morte do cidadão.
Outro ponto importante são as grandes conquistas feitas pela 
sociedade, que também estão relacionadas às organizações das mais 
diversas áreas, privadas ou públicas.
Para compreender ainda mais a complexidade das organizações, 
não basta ter um estudo apenas de estrutura ou entender sua rela-
ção com a sociedade no decorrer do tempo; é necessário levar em 
consideração as contribuições das diversas outras áreas, como en-
genharia, história, biologia, matemática e outras que, no decorrer 
do tempo, ajudaram a entender como organizar uma estrutura tão 
diversificada como uma empresa.
Este talvez seja o grande desafio dos estudantes de gestão: enten-
der que o estudo se faz de forma interdisciplinar, ligando as diversas 
contribuições existentes em um cenário às organizações.
As teorias estudadas visam contemplar todas essas questões le-
vantadas e justificadas pelas diversas obras encontradas nas livrarias 
com os títulos de teorias administrativas, teoria geral da administra-
ção ou teoria das organizações.
24 Teoria das Organizações
A complexidade das organizações também está relacionada ao 
grau de divisão de trabalho que elas apresentam. Grandes orga-
nizações têm altos níveis de divisão de trabalho, para atender seu 
nível de produção e mercado. Porém, para isso, precisam de uma 
estrutura interna que se diversifique no processo hierárquico, nos 
departamentos e setores. Já as pequenas organizações e as empre-
sas familiares possuem divisões de trabalho menores, que atendem 
um nível gerencial e estrutural de média ou baixa produtividade. 
É importante perceber que o sucesso de uma organização passa 
pela maneira como ela foi pensada na sua complexidade pelos seus 
gestores.
Os estudos das teorias organizacionais ajudam a entender a com-
plexidade das organizações. As formas dessas organizações nos le-
vam a compreender as características internas da estrutura como 
um todo. Para isso, é fundamental a compreensão das organizações 
formais, informais, sociais e burocráticas.
• Organizações formais – existem para cumprir o objetivo 
proposto desde o início da criação. São compostas de pes-
soas, processos e tecnologia. Têm o reconhecimento de agen-
tes externos, como governo e sociedade.
• Organizações informais – são grupos existentes dentro das 
estruturas formais, onde se desenvolverame criaram hábitos, 
regras e normas de convivência. Tais grupos podem se tor-
nar positivos ou negativos para a organização, basta observar 
como acontece a relação entre eles.
• Organizações sociais – maneiras como as pessoas e as or-
ganizações se estruturam socialmente. Possuem duas formas 
básicas que se complementam: as relações sociais em redes e 
as orientações compartilhadas, ambas promotoras da intera-
ção entre as pessoas dentro de um espaço.
A evolução das organizações e a 
contribuição das teorias da administração 25
• Organizações burocráticas – são baseadas em conjunto de 
regras, normas e processos que visam à eficiência e ao melhor 
aproveitamento do tempo.
Em uma análise, são vistos todos esses modelos em uma só orga-
nização. Todas as estruturas organizacionais possuem sua formali-
dade, informalidade, seu aspecto social e burocrata. Isto é típico das 
organizações existentes e fruto de um desenvolvimento que aconte-
ceu com o decorrer do tempo.
Os estudos das teorias nos ajudam a compreender todos esses 
processos e as complexidades das organizações. As teorias já estu-
dadas são conjuntos de pressupostos que nos auxiliam na explicação 
dos fatos observados. Com elas, consegue-se até prever determinada 
situação, porém é importante saber utilizar as diversas ideias em 
todas as situações.
Para Schultz (2016, p. 32),
isso demonstra a complexidade dos estudos administrati-
vos e organizacionais, tornando as abordagens teóricas mul-
tidisciplinares e receptivas às contribuições de diferentes 
áreas do conhecimento, principalmente da Engenharia (ta-
refas), da Sociologia (estrutura e ambiente) e da Psicologia 
(pessoas e ambiente).
Segundo Chiavenato (2000), toda complexidade e imprecisão 
podem ser compreendidas devido às teorias administrativas e da 
organização que complementaram os diferentes estudos em torno 
das estruturas organizacionais.
Porém, nas últimas décadas as organizações estão sendo cobradas 
pelos seus investidores e pela própria sociedade a criar novas ferramen-
tas que possibilitem enfrentar todas as mudanças que acontecem nas es-
truturas sociais, econômicas, políticas e mercadológicas. Diante de toda 
a sua complexidade já mencionada, as organizações tiveram que repen-
sar técnicas, ferramentas e processos. Caso isso não acontecesse, não 
estariam prontas para atender a um mercado exigente e competitivo.
26 Teoria das Organizações
Chiavenato (2000) afirma que as organizações tiveram que estar 
atentas para acompanhar as mudanças ocorridas. No final da década 
de 1960, surgiram várias técnicas de intervenção e abordagens de 
mudanças para as organizações implementarem sua complexidade. 
Algumas vieram das experiências dos japoneses (como melhoria 
contínua e qualidade total), outras do mercado (benchmarking) e ou-
tras, revolucionárias, da cultura americana (reengenharia). A ideia 
central estava em oferecer respostas rápidas às mudanças pelas quais 
as organizações estavam passando.
Sobre essas mudanças, é importante destacar algumas, como a 
melhoria contínua, que visa aprimorar os processos de forma conti-
nuada em longo prazo, técnica para ser usada em pequenos grupos 
que privilegia o processo passo a passo de forma gradual. Sua ideia 
principal é que a pessoa que conhece o trabalho o entenda melhor 
do que ninguém a fim de que possa dar ideias para a melhoria do 
desempenho. A melhoria contínua é derivada de uma filosofia cha-
mada de kaizen (“boa mudança”, em japonês), que tem por objetivo 
que as pessoas realizem suas atividades um pouco melhor a cada dia.
Outra técnica é a qualidade total, que é o entendimento das exi-
gências do cliente. Na prática, todas as ideias de qualidade têm o 
mesmo significado. É importante destacar que a figura do cliente 
sempre estará presente. Para Chiavenato (2000, p. 663), “tanto a me-
lhoria contínua como a qualidade total são abordagens incrementais 
para se obter excelência em qualidade dos produtos e processos. 
O objetivo é fazer acréscimos de valor continuamente”.
A reengenharia foi vista como uma reação entre a necessidade de 
mudança e a dificuldade que as organizações enfrentavam em fazer essa 
alteração. Para isso acontecer, foi aplicada uma técnica que exigia uma 
nova formatação na estrutura organizacional da empresa. A ideia não 
era fazer pequenas mudanças, mas, sim, mudar tudo e fazer diferente.
Benchmarking é uma técnica para avaliar processos, serviços e 
práticas de concorrentes fortes. Visa desenvolver novas habilidades 
A evolução das organizações e a 
contribuição das teorias da administração 27
no gestor da organização a partir de práticas de sucesso das grandes 
empresas. Talvez o grande desafio seja convencer o gestor de que 
suas práticas podem ser melhoradas de acordo com as ações de ou-
tro que alcança melhores resultados.
Com as técnicas que acabaram de ser vistas, as complexidades or-
ganizacionais foram sendo desenvolvidas e geraram ainda mais outras 
técnicas para responder às necessidades dos tempos. Um exemplo é o 
downsizing, que é visto como uma redução de tamanho que as orga-
nizações realizam em suas estruturas. Uns dos objetivos são os cortes 
de custos e a diminuição do número de pessoas. Já a terceirização é 
a transferência de um processo da organização para outra empresa, 
de forma que seja realizado com maior especialização e menor custo.
Assim, percebe-se que a mudança e os desafios organizacionais 
estão exigindo um modelo de estrutura organizacional que seja rápi-
do nas mudanças, nos ajustes e na capacidade de adaptabilidade no 
ambiente de negócio.
Para Chiavenato (2000), o início da história das teorias adminis-
trativas via as organizações funcionando como máquinas e com cla-
reza para diminuir as incertezas e os ruídos. Conceitos como ordem, 
controle, estabilidade, permanência, previsibilidade e regularidade 
eram importantes. Com as mudanças dos tempos, as organizações 
passaram a viver as pressões externas e as oscilações que precisaram 
ser corrigidas para que voltassem ao ponto de equilíbrio. O novo 
modelo social exige que elas percebam tais mudanças, façam as 
adaptações necessárias e voltem ao estado natural enquanto espe-
ram outro sinal de necessidade de alteração.
As teorias passadas viram as organizações como consequên-
cia e não como causa, segundo Chiavenato (2000). Para o autor, 
era mais uma resposta às necessidades das organizações da época. 
Hoje é necessário entender as teorias como oportunidades de no-
vos negócios, evoluindo daquilo que foram no passado para uma 
nova visão no futuro.
28 Teoria das Organizações
Considerações finais
O conhecimento das teorias da administração é importante, 
pois muitos fatos hoje vivenciados nas organizações foram ini-
ciados nesse período das teorias. O conhecimento sobre a origem 
da administração mostra que foi uma resposta da ciência para a 
sociedade em um momento de necessidade.
Hoje, as discussões são mais modernas, e as teorias organizacio-
nais se ajustam aos problemas atuais.
Por fim, cabe entender a complexidade que as organizações 
alcançaram nesse período de quase um século de existência.
Os estudos organizacionais são uma exigência daqueles que 
um dia pretendem assumir cargos de gestão em qualquer modelo 
organizacional.
Ampliando seus conhecimentos
Artigos:
• SILVA, Felipe Luis Gomes e. As origens das organizações mo-
dernas: uma perspectiva histórica (burocracia fabril). RAE – 
Revista de Administração de Empresas, v. 26, n. 4, out-dez, 
1986. Disponível em: https://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/
artigos/10.1590_S0034-75901986000400006.pdf. Acesso em: 
6 mar. 2019. 
O texto é muito mencionado quando se produz algo em torno 
da evolução das organizações, além de fazer referência a um 
contexto da história das organizações.
• MARONI, Carla; MARCHIORO, Stefhanye; ROSA, Fabiana 
Pereira. Benchmarking e reengenharia: as melhores práticas 
que conduzem as empresas. Revista Gestão Premium/Cursos de 
A evolução das organizações e a 
contribuição das teoriasda administração 29
Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório. 
dez. 2012. Disponível em: http://facos.edu.br/publicacoes/ 
revistas/gestao_premium/dezembro_2012/pdf/benchmarking 
_e_reengenharia_-_as_melhores_praticas_que_conduzem_a_
empresas.pdf. Acesso em: 6 mar. 2019.
Traz reflexões sobre as técnicas de reengenharia e benchmarking 
iniciadas nas décadas de 1980 e 1990 nas organizações.
• CALDAS, Miguel P. Enxugamento de pessoal no Brasil: podem-se 
atenuar seus efeitos em empresa e indivíduo? Rev. adm. empres., 
São Paulo, v. 40, n. 1, p. 29-41, mar. 2000. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75 
902000000100004&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 8 mar. 2019.
Caldas traz uma reflexão sobre a técnica do enxugamento de 
pessoal no Brasil, focando o downsizing.
Vídeos:
• IDADE MÉDIA. 18 abr. 2016. 1 vídeo (21 min). Publicado 
pelo canal Se Liga Nessa História. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=fp2jfgWM47k. Acesso em: 8 mar. 2019.
O vídeo mostra as principais características sociais na Idade 
Média. Apresenta como acontecia a relação econômica nes-
se período, destacando a política como um processo ainda 
centralizado e a organização da sociedade em pleno perío-
do feudal. São fatos importantes para entender esse período 
mencionado durante este capítulo.
• HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO. 7 jun.  2017. 1 vídeo 
(9 min). Publicado pelo canal Manoel Carlos. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=-3jTGn9VLsM. Acesso 
em: 8 mar. 2019.
30 Teoria das Organizações
O vídeo trabalha a origem e a evolução da administração. 
Retrata os períodos iniciais da humanidade até chegar à 
Revolução Industrial estudada neste capítulo.
• GESTÃO DA COMPLEXIDADE NAS EMPRESAS. 27 set. 
2016. 1 vídeo (4 min). Publicado pelo canal callera. Disponível 
em: https://www.youtube.com/watch?v=-BOPLLkqP18. 
Acesso em: 8 mar. 2019.
Um vídeo breve que traz uma reflexão sobre toda a comple-
xidade dos últimos tempos, nas organizações e na própria 
sociedade. 
Atividades
1. Quando nasceram as organizações?
2. Quais contribuições do século XVIII ajudaram no êxito da 
Revolução Industrial?
3. Quais são as possíveis abordagens das teorias administrativas?
4. Diferencie as seguintes técnicas administrativas: reengenha-
ria, benchmarking, downsizing e terceirização.
Referências
ARAÚJO, Luís César. Organização, sistema e métodos e as tecnologias de ges-
tão organizacional: arquitetura organizacional, benchmarking, empowerment, 
gestão pela qualidade total, reengenharia. 4. ed., v. 1. São Paulo: Atlas, 2009.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2004.
A evolução das organizações e a 
contribuição das teorias da administração 31
CHIAVENATO, Idalberto. Os novos paradigmas: como as mudanças estão 
mexendo com as empresas. 5. ed. Barueri: Manole, 2008.
LACOMBE, Francisco José Masset. Teoria geral da administração. São 
Paulo: Saraiva, 2009.
MAXIMIANO, Antonio César Amauri. Teoria geral da administração: da 
revolução urbana à revolução digital. São Paulo: Atlas, 2007.
MORGAN, Gareth. Imagens da organização. Trad. de Cecília Whitaker 
Bergamini. São Paulo: Atlas, 1996.
SCHULTZ, Glauco. Introdução à gestão de organizações. EAD/UFRGS 
(coord.). Porto Alegre: UFRGS, 2016.
SILVA, Reinaldo Oliveira da. Teorias da administração. 3. ed. São Paulo: 
Pearson, 2013.
ZACCARO, Christiano Henrique. A arquitetura das organizações aprendentes. 
Taubaté: Cabral, 2002.
2
As relações organizacionais
Neste segundo capítulo, será apresentada a importância da so-
ciologia para as organizações e sua área de atuação. Em seguida, a 
escola burocrática de Max Weber, sua importância para o processo 
de formalidade, a hierarquia e a relação entre o poder e a dominação 
também serão apresentadas. Por fim, veremos os modelos básicos de 
estrutura organizacional que demonstram como o poder é dividido 
nas organizações.
2.1 Interpretação sociológica 
das organizações
As mudanças do século XVIII que ocorreram com a Revolução 
Industrial, trouxeram vários problemas para a sociedade. Segundo 
Nogueira (2010, p. 8), “a sociologia surge no século XIX, como for-
ma de entender e explicar muitos desses problemas”. No entanto, 
é necessário ressaltar de forma muito clara que a sociologia é datada 
historicamente e que o seu surgimento está vinculado à consolidação 
do capitalismo moderno.
A sociologia é considerada uma ciência social, devido às suas vá-
rias áreas de estudo das relações sociais, tanto na sociedade quanto 
nas mais diversas organizações.
Dessa forma, é comum que sejam vistas as várias subdivisões 
que compõem os estudos da sociologia, por exemplo: sociologia da 
educação, sociologia do direito, sociologia das organizações etc.
Os estudos sociológicos têm como objetivo observar os fatos 
produzidos pelo homem em sociedade e, a partir disso, obter expli-
cações sobre seus efeitos e desenvolvimento.
34 Teoria das Organizações
De acordo com Nogueira (2010), a sociologia apresenta obje-
tivos claros, como: a) entender o ser humano em termos sociais; 
b) dar explicações para os assuntos da sociedade com sugestões de 
intervenções e ajustes; c) buscar as causas dos problemas sociais.
Bernardes e Marcondes (2003, p. 15) afirmam que “vários cien-
tistas sociais têm interesse em pesquisar as organizações, para par-
ticularizar as teorias gerais da ciência do comportamento, entre as 
quais se inclui a sociologia”.
Como já mencionado anteriormente, uma das áreas de interesse 
da sociologia são as organizações. É um estudo chamado de sociologia 
aplicada à administração que apresenta as mais diversificadas análi-
ses realizadas em vários modelos de empresas. Esses estudos tinham 
como ênfase assuntos muito ligados à administração, como: liderança, 
grupos formais e informais, relação com o poder nos ambientes orga-
nizacionais, nova relação da mulher no ambiente organizacional etc.
Esses assuntos não são importantes apenas para a sociologia, 
mas também para a administração, visto que o conhecimento do 
gestor sobre o comportamento de seu grupo é fundamental para a 
sua influência e coordenação.
De acordo com Nogueira (2010), os estudos sociológicos organi-
zacionais têm como objetivo analisar os fatos sociais que interferem 
nas organizações, mas o autor também analisa o contrário, fatos inter-
nos das organizações que geram interferências na sociedade. Quando 
há a aplicação da sociologia na administração, podem-se destacar os 
seguintes pontos: a) observação dos papéis profissionais e das normas 
de comportamento coletivo; b) interesse na relação entre os papéis 
organizacionais e os indivíduos; c) preocupação com a unidade, com a 
ambição e com os conflitos; d) estudo das causas, do desenvolvimento 
e das leis com possibilidade de regular os conflitos existentes. 
A sociologia nas organizações é como uma ponte que liga 
a ciência à prática. A sociologia enquanto ciência é importante 
para nosso mundo contemporâneo, porque ajuda a entender os 
As relações organizacionais 35
problemas sociais que existem não apenas no contexto social, mas 
também no ambiente organizacional. Com sua reflexão proposta, 
chega-se às soluções.
Outro ponto da sociologia é entender o fenômeno das inter-relações 
que acontecem nos ambientes organizacionais. Esse ramo da sociologia 
foi pensado por um autor clássico chamado Max Weber, segundo ele 
era necessário conceituar a burocracia enquanto sistema baseado na 
hierarquia com divisão de responsabilidade para os ambientes formais.
2.2 Organizações burocráticas
A burocracia é uma maneira de organizar as pessoas racional-
mente, ou seja, adequando os meios aos objetivos de forma eficiente 
para garantir que eles sejam alcançados.
Segundo Chiavenato (2000), a origem da burocracia como for-
ma de organização humana está na Antiguidade; já o surgimento da 
forma burocráticaque existe hoje vem do sistema de produção da 
época da Revolução Industrial.
De acordo com Lacombe (2009), Weber e seus seguidores 
estudaram o contexto social de forma mais ampla e identifica-
ram um fenômeno que estava crescendo chamado de autoridade 
racional-legal, que já estava dentro da sociedade moderna. Dessa 
forma, sua teoria tenta explicar esse novo comportamento social, 
o chamado burocrático. Mas os autores clássicos viram nessas 
descobertas formas de intervir no ambiente organizacional para 
aumentar a eficiência. A burocracia é uma disciplina, uma ade-
quação do comportamento do sujeito a um padrão estabelecido.
Para Schultz (2016), a escola burocrática foi adotada nas empre-
sas como uma técnica de gestão, com a qual seria possível aumentar 
a eficiência e a eficácia a partir da mudança de comportamento das 
pessoas que estavam ali.
36 Teoria das Organizações
A chamada escola burocrática teve seu início no ano de 1909, po-
rém os estudos de Max Weber que a fundamentaram são anteriores 
a essa data. Somente nas décadas de 1930 e 1940 é que aconteceu a 
propagação da escola como um modelo de estrutura organizacional. 
Segundo Ribeiro (2010, p. 97),
Max Weber considerava que o sistema moderno de produ-
ção tem origem em um novo conjunto de normas morais, 
denominadas por ele de ética protestante, que entre ou-
tros aspectos via a burocracia como forma de organização. 
Weber, porém, não procurou defender um modelo de or-
ganização. Na verdade, procurou ordenar pontos comuns à 
maioria deles, caracterizando a burocracia como algo com-
pletamente impessoal, com regras bem definidas, deixando 
as pessoas em segundo plano e dando ênfase ao processo de 
autoridade – subordinação.
Porém, na época de sua propagação, a escola burocrática foi vista 
como uma forma de orientação para os administradores de empresas.
Alguns fatores vistos nas organizações contribuíram para a esco-
la burocrática dentro do ambiente organizacional.
• As empresas estavam crescendo de forma desordenada e com 
alto grau de complexidade, por isso precisavam de uma orien-
tação mais racional.
• Havia uma necessidade de se encontrar um ponto de raciona-
lidade e igualdade na relação entre empregado e empregador, 
visto que já era uma exigência da época.
• A escola burocrática propunha um estudo mais profundo da 
administração.
• A escola ajudou a entender os relacionamentos humanos 
dentro das organizações, a fim de que se tornassem mais 
produtivos.
A grande ideia em torno da escola burocrática era criar organi-
zações mais eficientes que alcançariam resultados utilizando seus 
recursos de forma mais racional.
As relações organizacionais 37
É importante perceber que todas as organizações formais são bu-
rocratas e se baseiam em regras, normas e maneiras de convivência. 
Na burocracia, tudo é planejado e elaborado de acordo com as regras.
Segundo Lacombe (2009), Max Weber destacava algumas carac-
terísticas da burocracia, conforme se vê a seguir:
a) A Organização é cheia de cargos, porém, os mesmos 
são limitados de acordo com as normas e estão sempre 
subordinados a alguém com maior poder;
b) Existe uma divisão de trabalho, muito bem definida 
com áreas específicas, detalhadas por competências;
c) Os cargos são pensados de acordo com os princípios 
da hierarquia, cada um está sob uma autoridade maior. 
É clara a separação entre o cargo e a pessoa, os recursos 
estão à disposição da nomenclatura e não do indivíduo;
d) Tudo é escrito e muito bem definido;
e) A propriedade deve ser administrada por alguém con-
tratado com as devidas habilidades técnicas.
Para Weber, o efeito da burocracia está no poder daqueles que 
administram, e isso é um fenômeno que acontece em qualquer or-
ganização formal.
Outro ponto importante, segundo Chiavenato (2000, p. 300), 
é que “as organizações burocráticas são monocráticas e estão susten-
tadas no direito de propriedade privada. Os dirigentes das organiza-
ções burocráticas, sejam os proprietários ou não, possuem um poder 
muito grande e elevado status social/econômico.”
A burocracia não deve ser algo voltado somente às empresas, 
é uma técnica que, muito ligada à racionalidade, procura alcançar 
seus objetivos a partir dos recursos que tem. Essa conduta pode ser 
seguida por qualquer modelo de organização, formal ou informal.
Para Lacombe (2009), o sistema burocrático de Weber tende a 
ser uma meritocracia, ou seja, as promoções devem acontecer ape-
nas por mérito. Weber destacava que o seu sistema era superior aos 
outros porque diminuía o arbítrio e o comparava com frequência ao 
sistema patrimonial.
38 Teoria das Organizações
Oliveira (2009, p. 55) afirma que de qualquer forma, pelo bem ou 
pelo mal, a escola burocrática colocou em debate alguns outros aspec-
tos de elevada importância na estrutura das organizações, tais como:
[...] formalização dos procedimentos, descrição dos cargos, 
políticas, regulamentos etc. Outro item é a especialização 
das atividades realizadas nas organizações, resultando em 
concentrações de especialidades e conhecimento; padroni-
zação das atividades uniformes das organizações e centrali-
zação, na alta administração das organizações, do processo 
do poder de decisão.
O sistema burocrático tenta alcançar certos objetivos, por exem-
plo, prever o comportamento das pessoas dentro das organizações, 
padronizando seus movimentos como forma de obter ótimos resul-
tados. Porém, o comportamento humano não obedecia à previsibili-
dade esperada por Max Weber, e as imperfeições foram acontecendo 
a ponto de ser criado um conceito de “disfunção da burocracia”, 
ao qual a racionalidade da burocracia ainda não chegava. Com isso, 
percebeu-se que o modelo de Weber passou a ser visto como um 
modelo ideal e não absoluto.
O modelo de Max Weber foi profundamente estudado, era algo 
que servia de inspiração. Contudo, sua exagerada racionalidade, 
certa omissão em relação às pessoas das organizações e as próprias 
questões do pensamento do autor são até hoje problemas que pro-
curam soluções.
Entretanto, a burocracia ainda gera grande influência nas organi-
zações contemporâneas, em especial nas públicas, que buscam sempre 
a eficiência, mas nunca a eficácia.
2.3 Poder e dominação
O poder é um dos assuntos mais debatidos no mundo corpora-
tivo, visto que a grande discussão inicia-se com os estudos de Max 
Weber ainda quando queria entender os tipos de autoridades pre-
sentes na sociedade.
As relações organizacionais 39
Para Morgan (1996), os estudos fundamentados nos teóricos das 
organizações foram se tornando cada vez mais conscientes em reco-
nhecer a importância do poder para entender os assuntos das em-
presas. Porém, ainda é muito carente uma definição macro de poder. 
Neste período de estudos, pessoas definiram poder como recursos, 
ou seja, algo que alguém possui; outras pessoas determinaram o po-
der como uma relação social em que acontece uma influência sobre 
alguém. Uma definição, porém, que tem aceitação entre os teóricos 
organizacionais é que o poder envolve habilidade para conseguir 
que outra pessoa, grupo ou empresa faça algo que de outra forma 
não seria feito.
Esses estudos se iniciaram com Max Weber, conforme já foi men-
cionado. Para ele, a burocracia não seria apenas um sistema social, 
mas um tipo de poder. Para que isso fosse entendido pelo autor, 
ele procurou compreender, em primeiro lugar, os tipos de sociedade e 
poder que já existiam.
Quadro 1 – Tipos de sociedade apresentados por Max Weber
Tipo de sociedade Características
Sociedade tradicional
Apresenta características patriarcais e patrimo-
nialistas e tem como exemplo a família, o clã etc. 
Sociedade carismática
Tem características místicas, arbitrárias e perso-
nalísticas, como partidos políticos, nações revolu-
cionárias etc. 
Sociedade legal, racio-
nal e burocrática
Tem normas impessoais, racionalidade, como 
nas grandes empresas, nos exércitos etc. 
Fonte: Adaptado de Ribeiro, 2010.
Segundo Chiavenato (2000, p. 305), “a cada tipode sociedade 
corresponde, para Weber, um tipo de autoridade. Autoridade 
significa a probabilidade de que um comando ou ordem específica 
seja obedecido. A autoridade representa o poder institucionalizado 
e oficializado”.
40 Teoria das Organizações
Seguindo seus estudos, Max Weber afirma que em cada tipo de 
sociedade existe um modelo de autoridade a ser obedecido. Segundo 
o autor, existem três modelos de autoridade legítima, os quais você 
pode conhecer no Quadro 2 a seguir.
Quadro 2 – Tipos de autoridade legítima segundo Max Weber 
Autoridade 
legítima
Características
Autoridade 
carismática
Tem origem na devoção ao líder, cujas ordens são aceitas 
de forma legítima. A autoridade está na pessoa do líder e 
não pode ser delegada e transferida. Está quase sempre as-
sociada ao líder religioso, social e político. 
Autoridade 
tradicional
Baseada no respeito dos comandados que passa de geração 
para geração, com crença nas tradições que existem há mui-
tos anos. É uma autoridade ligada às questões de tradição. É 
um tipo de poder aos costumes, que pode ser herdado, pas-
sado de pai para filho. Lembra muito os poderes dos reinos 
que eram transferidos por gerações. 
Autoridade 
legal, racional 
ou burocrática
Tem base na obediência dos comandados, que aceitam 
as ordens dadas e têm respeito pela figura da autoridade. 
Porém, esse direito é limitado e estabelecido por normas 
aceitas pelas comandados e vistas como legítimas. Dessa 
forma, a autoridade vem de um conjunto de regras e normas 
estabelecido e aprovado por todos. É um modelo de organi-
zações burocráticas visto nas empresas. 
Fonte: Adaptado de Ribeiro, 2010.
Ainda em Ribeiro (2010), encontra-se que Weber destacou a 
autoridade racional, que são as características da burocracia pre-
sentes nas sociedades modernas. Para ele, podem-se ver em três 
grandes categorias: a formalidade, que é a autoridade definida na 
lei, a qual visa à racionalidade; a impessoalidade, na qual a obe-
diência está baseada na lei, não nas pessoas; e o profissionalismo, 
no qual o trabalho é realizado por profissionais capazes que se-
guem as regras definidas.
As relações organizacionais 41
Esses estudos de Weber serviram para aprofundar ainda mais a 
relação que o poder traz para as organizações. Para os autores orga-
nizacionais, é claro que os líderes influenciam as pessoas pelo poder 
que eles possuem, ou a ideia de Weber, em que o poder é visto como 
a capacidade que o líder tem de controlar pessoas, grupos ou orga-
nizações fazendo aquilo que lhe é determinado.
Apesar de as organizações concederem o poder legítimo para 
as autoridades da organização, a maneira como ele será usado de-
pende de cada um. Talvez esses líderes usem o poder criativamente, 
apoiando-se nos recursos. Porém, o importante é que o poder legíti-
mo aconteça de forma integrada com os outros poderes existentes na 
organização.
É importante haver um equilíbrio ente os poderes existentes na 
organização. Para Chiavenato (2000, p. 305),
a autoridade é legítima quando aceita. Se autoridade pro-
porciona poder, o poder conduz à dominação. Dominação 
significa que a vontade manifesta (ordem) do dominador 
influencia a conduta dos outros (dominados) de tal forma 
que o conteúdo da ordem, por si mesma, se transforma em 
norma de conduta (obediência), para os subordinados. A do-
minação é uma relação de poder na qual o governante (ou 
dominador), ou a pessoa que impõe seu arbítrio sobre os 
demais, acredita ter o direito de exercer o poder, e os gover-
nados (dominados) consideram sua obrigação obedecer-lhe 
as ordens. As crenças que legitimam o exercício do poder 
existem tanto na mente do líder como na dos subordinados e 
determinam a relativa estabilidade da dominação.
Weber entendia que a dominação era uma ideia de ação social, 
um modelo muito especial de poder. Para o autor, a dominação é 
um aparato administrativo que pode ser exercido sobre um número 
grande de pessoas como uma forma de execução das ordens e de 
respeito pela autoridade máxima.
Vários autores organizacionais que tiveram contato com as 
obras de Max Weber entendem que a dominação se manifesta como 
42 Teoria das Organizações
administração, e toda administração precisa de um tipo de domina-
ção. É muito importante que o poder se concentre nas mãos de ape-
nas uma pessoa. Mesmo com os vários modelos de poder estudados, 
deve-se lembrar que todos podem ser vistos como uma forma de 
dominação.
2.4 Modelos de autoridade organizacionais
As organizações, quando são criadas, adotam culturas e políti-
cas internas de acordo com seus valores e objetivos estabelecidos. 
As  estruturas que se apresentam também são um reflexo daquilo 
que a organização quer demonstrar como identidade. Essas estru-
turas influenciam o andamento da organização, definem como o 
poder será desenvolvido internamente e visam determinar o tipo de 
poder que cada cargo terá na estrutura.
Chiavenato (2003) afirma que a estrutura organizacional tem 
linhas definidas da autoridade que é estabelecida por uma cadeia 
de comando. Nessa linha está determinado quem se subordina a 
quem, ligando todos os cargos da estrutura. Dessa forma, percebe-se 
que o conceito de Weber sobre poder racional é fundamental para 
a compreensão da divisão do poder nas empresas. O autor ainda 
lembra que as empresas têm princípios claros de divisão de traba-
lho e hierarquia e uma grande amplitude administrativa. Para isso, 
é importante a figura do gerente, que, além de representar o poder, 
é o responsável por orientar e controlar as ações de seus subordina-
dos. Donaldson (1999, p. 105) descreve que
[...] a estrutura organizacional é o conjunto recorrente de 
relacionamentos entre os membros da organização o que 
inclui os relacionamentos de autoridade e de subordina-
ção como representados nos organogramas, os comporta-
mentos requeridos pelos regulamentos da organização e 
os padrões adotados na tomada de decisão, como descen-
tralização, padrões de comunicação e outros padrões de 
comportamento.
As relações organizacionais 43
Para Chiavenato (2006), as organizações assumem formas con-
sistentes hierárquicas com ênfase nas funções e nas tarefas. Com 
essa estrutura lógica montada de cargos funcionais e hierárquicos, 
fica claro como as pessoas vão agir de acordo com o sistema racional.
Os primeiros modelos básicos de estruturas organizacionais que 
estabeleciam a maneira como o poder seria dividido nas organiza-
ções são apresentados na Figura 1 a seguir.
Figura 1 – Modelos básicos de estruturas organizacionais
Estrutura linear Estrutura funcional Estrutura linha-staff
Diretor
Gerência
Execução
Gerência
Execução
Predomínio da 
autoridade linear
Diretor
Gerência
Execução
Gerência
Execução
Predomínio da
autoridade funcional
Diretor
Staff
Assessoria
Gerência
Execução
Combinação de 
autoridade linear e 
autoridade funcional
Fonte: Chiavenato, 2003, p. 197.
Veja as características de cada um dos modelos apresentados.
• Estrutura linear: é o modelo mais simples e antigo que existe, 
os antigos exércitos já usavam essa estrutura de pirâmide com 
linhas diretas e únicas entre o superior e seu subordinado. 
Tem clareza e princípios de unidade de comando, em que cada 
empregado recebe orientações e ordens de apenas um supe-
rior. Como características deste modelo, podem-se destacar as 
seguintes ideias: a) autoridade única; b) linhas claras de comu-
nicação; c) decisão centralizada; d) modelo de pirâmide.
44 Teoria das Organizações
• Estrutura funcional: baseia-se no princípio da especialização, 
em que a organização cria de acordo com suas necessidades e 
torna o processo mais simples. Nesse modelo, diferentemente 
do anterior, cada subordinado pode recorrer a vários superio-
res de forma simultânea para a realização das tarefas, porém 
essas autoridades respondem apenas pela sua especialização e 
não interferem nas outras. É um modelo baseado na especia-
lização, que ajuda nas decisões tomadas. Suas característicassão: a) autoridade dividida de forma funcional; b) linha direta 
de comunicação; c) decisões mais descentralizadas; d) forte 
ênfase na especialização.
• Estrutura linha-staff: é a junção dos modelos anteriores, com 
certo predomínio da estrutura linear, diferenciado pela pre-
sença de órgãos de apoio aos gerentes de linhas denominados 
de linha de staff. Importante lembrar que as autoridades de 
linha, como o gerente, estão ligadas aos objetivos básicos da 
empresa, enquanto o staff atua de forma mais indireta. O staff 
funciona como uma assessoria, que auxilia no planejamento 
e no controle, além de poder fazer recomendações.
Vale lembrar que as estruturas apresentadas são a maneira como 
o poder se manifesta nas organizações. Outros modelos de estrutura 
podem existir com outros propósitos, como já mencionado no capí-
tulo anterior, porém, quando se estuda a forma de divisão do poder, 
é preciso observar as estruturas linear, funcional e linha-staff como 
uma maneira de interpretar como acontece esse fenômeno.
Considerações finais
A sociologia como ciência social tem interesse nos estudos das 
organizações, principalmente em temas relevantes como: liderança, 
grupos formais e informais, poder, ambientes e a nova relação da 
mulher com o mercado de trabalho.
As relações organizacionais 45
Dentro da sociologia, encontram-se os estudos de Max Weber, 
que trouxeram grande contribuição para a sociedade e para as orga-
nizações por meio da escola burocrática.
A escola de Weber contribuiu para o entendimento da relação 
entre o poder e a dominação. Para o estudioso, a burocracia deveria 
ser não apenas um sistema social, mas um tipo de poder na socieda-
de e nas organizações.
Para esse poder ser visualizado nas empresas, criam-se as cha-
madas estruturas organizacionais, que são as representações gráficas 
de como esse processo ocorre. Como modelos básicos existem as 
estruturas linear, funcional e linha-staff.
Ampliando seus conhecimentos
Artigos:
• MENEGHETTI, Francis Kanashiro; FARIA, José Henrique de. 
Burocracia como organização, poder e controle. ERA – Revista 
de Administração de Empresas, v. 51, n. 5, set-out, p. 424-439, 
2011. Disponível em: http://www.fgv.br/rae/artigos/revista-rae 
-vol-51-num-5-ano-2011-nid-46741/. Acesso em: 6 mar. 2019.
O texto tem como objetivo principal um aprofundamento nas 
características da burocracia desenvolvida por Max Weber.
• POMBEIRO, João Paulo. O poder das organizações. Cad. 
EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 4, n.  2, p.  01-06, jun.  2006. 
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1679-39512006000200013&lng=en&nrm=iso 
Acesso em: 6 mar. 2019.
O texto traz uma reflexão de como o poder acontece em uma 
organização. É apresentado um estudo de caso em uma em-
presa como forma de entender o fenômeno chamado de poder.
46 Teoria das Organizações
• THIRY-CHERQUES, Hermano Roberto. Max Weber: o pro-
cesso de racionalização e o desencantamento do trabalho nas 
organizações contemporâneas. Rev. Adm. Pública, Rio de 
Janeiro, v. 43, n. 4, p. 897-918, ago. 2009. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-7612 
2009000400007&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 6 mar. 2019.
O texto traz algumas ideias do pensamento de Max Weber 
sobre o trabalho e a maneira como ele deve ser gerido. O ob-
jetivo é mostrar a importância da teoria de Weber para com-
preender a relação com o trabalho.
Vídeos:
• PODER NAS ORGANIZAÇÕES. 16 nov. 2016. 1 vídeo 
(5 min). Publicado pelo canal Mateus Café. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=efxBUvuj0pU&t=2s.  
Acesso em: 12 mar. 2019.
O vídeo apresenta de forma lúdica como o poder acontece 
dentro das organizações. Os autores abordam a relação da 
organização e o poder atribuído às pessoas.
• TIPOS DE ORGANIZAÇÃO. 23 ago. 2015. 1 vídeo (16 min). 
Publicado pelo canal tissianedolci. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=_qI1YmK_s2I. Acesso em: 12 
mar. 2019.
Veja nesse vídeo uma abordagem sobre os modelos de estru-
turas organizacionais apresentadas no capítulo. É uma exce-
lente oportunidade de se aprofundar nos modelos estudados, 
de maneira ilustrativa e exemplificada.
• TEORIA BUROCRÁTICA. 7 abr. 2013. 1 vídeo (21 min). 
Publicado pelo canal F Sena. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=JWXbYXouGJw. Acesso em: 12 mar. 
2019.
As relações organizacionais 47
O vídeo traz uma reflexão sobre a teoria da burocracia de Max 
Weber. De forma geral, é um ótimo material para se aprofun-
dar no conhecimento desenvolvido por esse estudioso.
Atividades
1. Qual é o interesse da sociologia nas organizações?
2. Qual é a importância da burocracia nas empresas logo no 
seu início?
3. O que é autoridade racional e quais são suas categorias?
4. Quais são os modelos básicos de estrutura organizacional 
que representam a divisão do poder nas organizações?
Referências
BERNARDES, Cyro; MARCONDES, Reynaldo Cavalheiro. Teoria geral da 
administração: gerenciando organizações. São Paulo: Saraiva, 2003.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 7. ed. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos: o capital humano das organi-
zações. São Paulo: Atlas, 2006.
CHIAVENATO, Idalberto. Princípios da administração. 2. ed. Barueri: 
Manole, 2013.
DONALDSON, Lex. Teoria da contingência estrutural. In: CLEGG, Stewart 
R.; HARDY, Cynthia; NORD, Walter. (Orgs.). Handbook de estudos organi-
zacionais. v. 1, p. 105-136. São Paulo: Atlas, 1999.
LACOMBE, Francisco José Masset. Teoria geral da administração. São 
Paulo: Saraiva, 2009.
48 Teoria das Organizações
MORGAN, Gareth. Imagens da organização. Trad. de Cecília Whitaker 
Bergamini. São Paulo: Atlas, 1996.
NOGUEIRA, Antônio Carlos; AGUIAR, Raquel Mayra van Tol de. 
Sociedade e organizações, 2. ed., v. 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Teoria geral da administração. 
São Paulo: Atlas, 2009.
RIBEIRO, Antonio de Lima. Teorias da administração. São Paulo: Saraiva, 
2010.
SCHULTZ, Glauco. Introdução à gestão de organizações. EAD/UFRGS 
(Coords.). Porto Alegre: UFRGS, 2016.
3
A produção do conhecimento 
nas organizações
Neste capítulo, será feita uma reflexão sobre a origem do conhe-
cimento e sua importância dentro das organizações. Em seguida, 
será trabalhada a gestão do conhecimento dentro das empresas e 
os processos de aprendizagem e desaprendizagem que ocorrem nos 
ambientes organizacionais.
3.1 Origem do conhecimento e suas formas
O estudo sobre o conhecimento humano é muito antigo, remon-
ta à história da própria humanidade e voltou a ganhar importância 
na civilização contemporânea.
É muito difícil abordar a temática do conhecimento sem usar a 
filosofia para desvendar sua origem. Sabe-se que desde o início da 
humanidade quase todos os grandes filósofos se pronunciaram so-
bre a questão do conhecimento humano. Na percepção da filosofia, 
o conhecimento é assim definido segundo Cotrim (1990, p. 61):
para que exista o ato de conhecer, é indispensável o relacio-
namento de dois elementos básicos: um sujeito conhecedor 
e um objeto conhecido. Na relação que se estabelece entre 
esses dois elementos, a função do sujeito consiste em apreen-
der o objeto. A essa relação dá-se o nome de conhecimento.
Para Mondin (1980), todos os seres humanos são dotados de for-
mas de conhecimento como visão, audição, paladar etc. Além desses, 
o autor ainda menciona a memória como forma de conhecimento, 
que pode nos trazer de volta informações do passado.
50 Teoria das Organizações
Na filosofia, há duas formas básicas de conhecer: o ceticismo e o 
dogmatismo gnosiológico. A primeira acredita que não existe a pos-
sibilidade de conhecer a verdade; a segunda defende que é possível 
esse conhecimento.
Durante anos, pensadores da filosofia escreveram sobre o co-
nhecimento humano, o que gerou algumascorrentes filosóficas:
Quadro 1 – Correntes filosóficas sobre o conhecimento
Corrente de 
pensamento
Filósofo Ideia da corrente
Empirismo John Locke 
Acredita que todas as nossas 
ideias e o conhecimento são 
adquiridos por meio das nossas 
experiências sensoriais (visão, 
audição, paladar e olfato).
Racionalismo 
gnosiológico
Immanuel Kant 
Defende que nosso conhecimen-
to vem a partir da nossa razão, 
somente ela é capaz de conhe-
cer a verdade. 
O realismo 
crítico
Roy Bhaskar
Faz uma ponte entre as correntes 
anteriores. Acredita que tanto os 
sentidos quanto a razão são ca-
pazes de gerar o conhecimento. 
Materialismo 
dialético
Karl Marx e 
Friedrich Engels
O conhecimento é uma evolu-
ção da experiência dos sentidos 
para uma lógica da razão.
Fonte: Adaptado de Cotrim, 1990.
Na Idade Média, já são encontradas teses segundo as quais o 
conhecimento é usado como meio produtivo e se torna fundamental 
para a atividade laboral. Nesse período, o conhecimento também é 
visto a partir das experiências pelas quais o ser humano vai passan-
do durante a sua vida. O conhecimento, para a grande maioria dos 
estudiosos, é sempre acumulativo nas diversas áreas do saber.
A produção do conhecimento nas organizações 51
Já na sociedade contemporânea, há estudos que apresentam ou-
tras formas de conhecimento. Conforme Nonaka (1991), o conheci-
mento pode ser tácito e explícito.
• No conhecimento tácito, é usada a linguagem formal, a expe-
riência de vida, ou seja, é algo muito subjetivo.
• O conhecimento explícito, já codificado, pode ser transmitido 
para outra pessoa. É um tipo de conhecimento formal, apre-
sentado por números ou palavras.
Para Mondin (1980), além das discussões feitas pelos grandes 
pensadores da filosofia, deve-se entender que o conhecimento tam-
bém recebe dados vindos da ciência, religião, moral, estética etc. 
Segundo o autor, são dados de ideias universais abstratas que não 
têm relação com as correntes mencionadas anteriormente.
Dessa forma, pode-se observar que o conhecimento sempre foi 
motivo de grandes discussões na sociedade, ao mesmo tempo é 
possível perceber também que sua importância aumentou junto 
com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia desde o início 
do século XXI.
Nas organizações, foram criadas maneiras para que o conheci-
mento fosse mais bem utilizado, visto que ele já existia no ambiente 
organizacional. Outro ponto importante foi que se entendeu que o 
conhecimento não está nos documentos apenas, mas também nos 
negócios, nas experiências já vividas, nas práticas de grupos e nas 
pessoas responsáveis por aumentar a produtividades e a rentabilida-
de das organizações.
Em 1993, Peter Drucker já chamava atenção para um novo mo-
delo de trabalhador, o chamado trabalhador intelectual. O  homem 
deixaria o seu antigo trabalho manual, em que eram exigidos esforço 
físico e habilidades com as mãos, e passaria a um empenho mais 
mental. Segundo Drucker, o homem vai aprender cada vez mais a 
usar seu conhecimento intelectual para oferecer algo à organização.
52 Teoria das Organizações
3.2 O conhecimento nas 
organizações e sua gestão
Para alguns autores de teorias da administração, o conhecimento 
na gestão foi introduzido de forma científica por Taylor, ele estabele-
ceu um novo método de trabalho em que o ser humano era colocado 
para realizar tarefas que já tinham sido pensadas anteriormente, 
cabendo a ele o ato de executá-las. Nesse modelo de trabalho, foi 
inserida no contexto organizacional a chamada teoria científica, na 
qual os métodos usados eram pensados cientificamente de forma 
que fosse equacionada a relação entre a máquina e o homem.
Taylor vai não apenas abrir uma relação de alta produtividade 
para as fábricas da época, mas também inaugurar a entrada do co-
nhecimento no mundo das organizações.
Sabe-se que a informação e o conhecimento são os itens mais 
importantes para o crescimento de uma sociedade. Essa afirmação é 
compreendida a partir do século XX, quando já se percebem as con-
tribuições que o conhecimento tem gerado nas diversas áreas sociais. 
Pode-se, pois, observar que também na administração ocorreu o avan-
ço no conhecimento específico da área. Com o tempo, a administração 
se torna um ambiente muito rico para a criação de novas ideias, teorias e 
experiências, porém sempre com os mesmos objetivos, de transformar a 
organização e as pessoas envolvidas em seres cada vez mais produtivos.
As organizações, como as pessoas, estão sempre aprendendo, 
devido às influências do ambiente em que estão presentes. Com es-
sas influências, as organizações desenvolvem respostas para essas 
questões que passam a fazer parte da sua cultura, e assim a empresa 
está sempre aprendendo.
Para Peixoto (2015, p. 13), “a criação do conhecimento organi-
zacional é caracterizada como um processo mutável, que envolve 
interações entre os vários níveis institucionais, direcionando os indi-
víduos que amplificam, estendem e disseminam seu conhecimento”.
A produção do conhecimento nas organizações 53
A partir do século XXI, o conhecimento tornou-se uma das 
grandes vantagens competitivas das empresas. Para os autores orga-
nizacionais, o grande desafio é como administrar esse conhecimen-
to, visto que grande parte dele está na mente das pessoas.
Com o tempo, as organizações começaram a usar o termo capital 
intelectual para definir a soma do conhecimento presente em toda a 
empresa. Para Lacombe (2009), “o capital intelectual constitui a matéria 
intelectual – conhecimento, informação, propriedade intelectual, expe-
riência – que pode ser utilizada para gerar riqueza”. Na velha economia, 
a capacidade física é o fator importante para a produtividade; na “nova 
economia”, o capital intelectual é a base do cenário competitivo.
De acordo com Álvares e Batista (2007, p. 9),
o contexto de surgimento da gestão do conhecimento se 
dá em um ambiente cujos ativos intangíveis da organiza-
ção, como o capital intelectual, assumem importância es-
tratégica cada vez maior em relação ao seu valor contábil 
e exigem novas formas de avaliação e mensuração. Com 
efeito, a gestão do conhecimento torna-se fundamental para 
a sobrevivência da organização. As necessidades do mundo 
corporativo – inovações constantes, adaptações permanen-
tes e velocidade – igualmente valorizam as ações de com-
partilhamento, acesso, tratamento, análise e distribuição da 
informação, entre outras.
Com esse e outros conceitos, passa-se de um modelo econômi-
co baseado em riquezas físicas para um contexto no qual o conhe-
cimento e as informações tornaram-se a maior riqueza econômica 
das organizações.
Para Wilson (2006, p. 54),
não existe gestão do conhecimento, uma vez que o conhe-
cimento reside nas pessoas. O que pode ser feito é tentar 
gerenciar a organização de modo a assegurar que o de-
senvolvimento da aprendizagem e das habilidades seja 
encorajado e que a cultura organizacional promova o com-
partilhamento da informação.
54 Teoria das Organizações
Hoje, muitas empresas estão enriquecendo com o conhecimen-
to, quando registram suas patentes, fazem gestão por competências, 
usam as novas tecnologias e utilizam as melhores informações para 
conhecer seus clientes, concorrentes e fornecedores. Para isso, mui-
tas organizações trabalham para melhorar o desempenho a fim de 
terem sempre um conhecimento preciso, muito relevante e aperfei-
çoado de forma constante.
O conhecimento dentro da organização precisa estar ligado com 
as competências e as forças das equipes e é necessário difundi-lo em 
toda a estrutura da organização.
Conforme Jannuzzi, Falsarella e Sugahara (2016, p. 101),
no âmbito das organizações em geral, o conhecimento é re-
conhecido como um recurso de fundamental importância 
em qualquer setor de atividades, pois auxilia as organiza-
ções empresariais a se tornarem competitivas nos tempos 
atuais; as organizações públicas, na busca para o progresso 
da nação; e as organizações sem fins lucrativos e não gover-
namentais, na busca pela

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