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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS SULACAP Disciplina: Antropologia e Sociedade Professor: Dr. Nilton Rodrigues Fichamento do Texto indicado “A Noção de Bruxaria como Explicação de Infortúnios”, EVANS - CASTRO Aluna: Larissa Teixeira de Andrade Dias – 201902761081 Turma: 1007 CASTRO, Celso. Textos Básicos de Antropologia: Cem anos de Tradição: Boas, Malinowisk, Lévi – Strauss e outros, Rio de Janeiro, Editora Zahar, 2016. A Noção de Bruxaria como Explicação de Infortúnios. p. 172 - 186 “A bruxaria é onipresente. Ela desempenha um papel em todas as atividades da vida zande: na agricultura, pesca e caça; na vida cotidiana dos grupos domésticos tanto quanto na vida comunal do distrito e da corte. É um tópico importante da vida mental, desenhando o horizonte de um vasto panorama de oráculos e magia; sua influência está claramente estampada na lei e na moral, na etiqueta e na religião; ela sobressai na tecnologia e na linguagem. Não existe nicho ou recanto da cultura zande em que não se insinue. Se uma praga ataca a colheita de amendoim, foi bruxaria; se o mato é batido em vão em busca de caça, foi bruxaria; se as mulheres esvaziam laboriosamente a água de uma lagoa e consegue apenas uns míseros peixinhos, foi bruxaria; se as térmitas não aparecem quando era hora de sua revoada, e uma noite fria é perdida à espera de seu voo, foi bruxaria; se uma esposa está mal-humorada e trata seu marido com indiferença, foi bruxaria; se um príncipe está frio e distante com seu súdito, foi bruxaria; se um rito mágico fracassa em seu propósito, foi bruxaria; na verdade, qualquer insucesso ou infortúnio que se abata sobre qualquer pessoa, a qualquer hora e em relação a qualquer das múltiplas atividades da vida, ele pode ser atribuído à bruxaria. O zande atribui todos esses infortúnios à bruxaria, a menos que haja forte evidência, e subsequente confirmação oracular, de que a feitiçaria ou um outro agente maligno estavam envolvidos, ou a menos que tais desventuras possam ser claramente atribuídas à incompetência, à quebra de um tabu ou ao não cumprimento de uma regra moral.” (p. 172) Nesse longo trecho o autor fala sobre a bruxaria estar ligada ao cotidiano do zande, que está presente em todos os nichos e, que qualquer infortúnio ou acidente é atribuído a bruxaria. Fala também que ela é de suma importância na vida deles. Explica também, detalhadamente, que o zande relaciona a bruxaria a qualquer ação, seja ela qual for, a menos que exista evidências de presença de feitiçaria ou outro agente maligno. “A filosofia zande pode acrescentar o elo que falta. O zande sabe que os esteios foram minados pelas térmitas e que as pessoas estavam sentadas debaixo do celeiro para escapar ao calor e à luz ofuscante do sol. Mas também sabe por que esses dois eventos ocorreram precisamente no mesmo momento e no mesmo lugar: pela ação da bruxaria. Se não tivesse havido bruxaria, as pessoas estariam ali sentadas sem que o celeiro lhes caísse em cima, ou ele teria desabado num momento em que as pessoas não estivessem ali debaixo. A bruxaria explica a coincidência desses dois acontecimentos.” (p. 177) Aqui o autor explica à bruxaria como um motivo para determinados eventos ocorrerem, pois este só pode ser compreendido pela ação da bruxaria, porque para eles, os azande, ela serve como uma ligação. “O pensamento zande é capaz de exprimir com muita clareza as relações entre as noções de causalidade mística e causalidade natural por meio de uma metáfora venatória. Os Azande matam a caça, há uma divisão da carne entre o homem que primeiro atingiu o animal e o que lhe cravou a segunda lança. Esses dois são considerados os matadores do animal, e o dono da segunda lança é chamado de umbaga. Assim, se um homem é morto por um elefante, os Azande dizem que o elefante é a primeira lança, que a bruxaria é segunda lança, e que juntas, elas o mataram. Se um homem mata outro com uma lançada na guerra, o homicida é a primeira lança, a bruxaria é a segunda; juntas, as duas o mataram.” (p. 179-180) De forma bem explicada, o autor traz aqui um exemplo de que como a bruxaria é compreendida pelos Azande, quando algo, como o exemplo do homem morto por elefante, acontece e eles entendem aquilo como bruxaria, eles também compreendem que não foi apenas a bruxaria, que o elefante foi uma causa da morte a bruxaria outra, mas que as duas o mataram. “Não existe uma representação elaborada e consistente da bruxaria que dê conta em detalhes de seu funcionamento, como tampouco há uma representação elaborada e consistente da natureza que esclareça sua conformidade com sequências e inter-relações funcionais. O zande atualiza essas crenças, mais que as intelectualiza, e seus princípios são exprimidos mais em comportamentos socialmente controlados que em doutrinas. Daí a dificuldade em se discutir o tema da bruxaria com os Azande, pois suas ideias e esse respeito estão aprisionadas na ação, não podendo ser utilizadas para explicar e justifica- la.” (p. 186) O autor diz que a apesar de não ter como explicar, de forma elaborada, sobre as ações da bruxaria. Fala também que discutir sobre bruxaria com os Azande é muito complicado porque eles já têm uma opinião forma sobre a mesma estar presa nas ações.
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