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1 CÁLCULO NUMÉRICO AULA 2 Profª Celina Jarletti 2 CONVERSA INICIAL Em problemas de variadas ciências pode ocorrer a necessidade de resolver uma equação que modele o problema em análise. Resolver uma equação é determinar os valores para os quais a função (que é representada pela equação) se anula. São conhecidas técnicas para diversas situações (equação de primeiro grau, de segundo grau, algumas polinomiais, racionais, irracionais, logarítmicas, exponenciais e trigonométricas), porém em situações em que a equação é mais elaborada ou complicada (denominada equação transcendental ou transcendente) não existem procedimentos simples que a solucione. Os procedimentos por métodos numéricos de cálculo surgem como possível recurso de solução nestas situações mais elaboradas. Os métodos numéricos para a resolução de equações são compostos de duas fases: • Fase 1: isolamento das raízes em um intervalo (a; b) que contém a raiz 𝜀𝜀, ou seja, 𝜀𝜀 ∈ (𝑎𝑎; 𝑏𝑏). • Fase 2: refinamento das raízes por melhorias sucessivas até obter uma aproximação com precisão prefixada, por meio de algum dos métodos: de quebra do intervalo (bissecção e falsa posição); de ponto fixo (iteração linear e Newton-Raphson); e de passos múltiplos (secante). TEMA 1 – ISOLAMENTO DA(S) RAIZ(ES) Em qualquer equação que defina uma função 𝑓𝑓(𝑥𝑥) é necessário inicialmente definir o domínio para conhecer quais valores a variável 𝑥𝑥 pode assumir. Nesta aula buscamos valores reais que serão as raízes ou zeros da equação, tornando o domínio como o conjunto dos números reais, denotado por 𝑅𝑅 𝑜𝑜𝑜𝑜 (−∞; +∞), retirando-se as restrições. As restrições envolvem: a) Raízes de índice par com radicando negativo; b) Divisão por zero; c) Logaritmandos de valores não positivos; e 3 d) Funções trigonométricas em ângulos de descontinuidade. Tangente e Secante com ângulos de 90° ou 270º e seus congruentes. Cotangente e Cossecante com ângulos de 0º ou 180° e seus congruentes. Considerando que os zeros reais ou raízes reais são representados pelas abcissas dos pontos onde o traçado gráfico intercepta o eixo 𝑂𝑂𝑂𝑂����, ou seja, à esquerda da raiz o traçado do gráfico está acima do eixo (função é positiva), e à direita da raiz o gráfico está abaixo do eixo (função é negativa), ou o inverso, então o produto destes valores será negativo, conforme Teorema 1, do livro Ruggiero, p. 29. “Seja f(x) uma função contínua num intervalo (a; b) Se f(a). f(b) < 0 então existe pelo menos um ponto 𝑥𝑥 = 𝜀𝜀 entre a e b que é zero de f(x). “ Observação: Sob as hipóteses do teorema, se 𝑓𝑓´(𝑥𝑥) existir e preservar o sinal em (a; b) então este intervalo contém uma única raiz da função f(x). Vejamos como utilizar o conjunto das informações mencionadas para determinar a raiz real de uma equação. Exemplo: seja a equação que define uma função qualquer dada por: 𝑓𝑓(𝑥𝑥) = 𝑒𝑒𝑥𝑥 − ln (4 − 𝑥𝑥) Determinar a raiz ou raízes reais. Resolução: Inicialmente é necessário determinar o domínio da função, ou seja, o conjunto de valores reais que a variável independente 𝑥𝑥 pode assumir. Observa-se ocorrência de logaritmos, situação de restrição nos reais, então: 4 − 𝑥𝑥 > 0 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑥𝑥 < 4 Construindo uma tabela com valores decrescentes para a variável 𝑥𝑥 e determinando os correspondentes valores de 𝑓𝑓(𝑥𝑥), por meio da substituição do valor atribuído para 𝑥𝑥 na equação de 𝑓𝑓(𝑥𝑥), resulta: 𝒙𝒙 3,99 3 2 1 0 -1 -2 -3 𝒇𝒇(𝒙𝒙) +58,6601 +20,085 5 +6,6959 +1.6197 -0,3863 -1,2416 -1,6564 -1,8961 Observa-se que os valores de 𝑓𝑓(𝑥𝑥) são decrescentes com o decréscimo dos valores de 𝑥𝑥, ou seja, a função 𝑓𝑓(𝑥𝑥) é uma função crescente. 4 Um detalhe primordial a ser observado na tabela é a localização de mudança de sinal nos valores de 𝑓𝑓(𝑥𝑥). Isto ocorre quando 𝑓𝑓(𝑥𝑥) é positiva em 𝑥𝑥 = 1 e 𝑓𝑓(𝑥𝑥) assume valor negativo em 𝑥𝑥 = 0. Este detalhe indica a ocorrência da raiz no intervalo (0; 1) ou 𝜀𝜀 ∈ ( 0; 1). A representação gráfica da função ilustra a região de ocorrência de raiz, Figura 1 – Gráfico de 𝑓𝑓(𝑥𝑥) = 𝑒𝑒𝑥𝑥 − ln(4 − 𝑥𝑥) Após o conhecimento do intervalo que contém a raiz da função, é necessário estabelecer alguns parâmetros antes de seguir para a segunda fase do processo: a de refinamento da raiz. O primeiro parâmetro é a precisão desejada (𝜖𝜖) para a raiz (𝜀𝜀) da equação. Usaremos 𝜖𝜖 = 10−2 (exatidão até a segunda casa decimal) em diferentes métodos do cálculo numérico. Em todos os métodos apresentaremos resultados com 6 (seis) casas decimais, sendo o arredondamento feito na sexta casa após a vírgula. Independentemente do método escolhido, a precisão requerida será a mesma, podendo apresentar diferenças posteriores à casa de exatidão e no número de iterações (ciclos de cálculos que se repetem). As iterações serão finalizadas quando for atendido um dos critérios de parada, ou ambos, definidos por: |𝑓𝑓(�̅�𝑥)| < 𝜖𝜖 e / ou |�̅�𝑥 − 𝜀𝜀| < 𝜖𝜖 O primeiro critério estabelece que o valor da função esteja muito próximo de zero, ou seja, |𝑓𝑓(𝑥𝑥)| < 10−2 e o segundo critério estabelece que a diferença entre o valor estimado para a raiz (�̅�𝑥) e a raiz da equação (𝜀𝜀) seja menor que a precisão desejada |�̅�𝑥 − 𝜀𝜀| < 10−2 . 5 TEMA 2 - MÉTODO DA BISSECÇÃO Também denominado de Método do Meio Intervalo (MMI). Consiste em dividir o intervalo (𝑎𝑎; 𝑏𝑏) de existência da raiz ao meio (por média aritmética), tomando como estimativa da raiz o ponto médio do intervalo (�̅�𝑥 = 𝑎𝑎+𝑏𝑏 2 ), escolher apropriadamente uma das partes do intervalo que foi fracionado e descartar a outra. A escolha é feita mediante a observação de sinais contrários (positivo e negativo, ou o inverso) para os valores da função nos extremos do intervalo. Aqui verificamos a mesma análise que empregamos na primeira etapa do processo, ou seja, a raiz estará entre extremos de intervalo com funcional de sinais contrários. O processo é repetido algumas vezes até que um dos critérios de parada seja atendido. Vejamos o exemplo: 𝑓𝑓(𝑥𝑥) = 𝑒𝑒𝑥𝑥 − ln(4 − 𝑥𝑥) com a raiz 𝜀𝜀 ∈ (0; 1) Tem-se 𝑓𝑓(0) = −0,386294 < 0 e 𝑓𝑓(1) = 1,619670 > 0 Calculando o ponto médio do intervalo �̅�𝑥 = 𝑎𝑎+𝑏𝑏 2 = 0+1 2 = 0,5 Valor do funcional no ponto médio 𝑓𝑓(0,5) = 0,395958 > 0. A avaliação da função no ponto médio resulta um valor positivo, indicando que o ponto médio será inserido no extremo do intervalo que tiver valor funcional positivo, no caso, o extremo direito do intervalo inicial. Desta forma o novo intervalo que contém a raiz a raiz da equação é ( 0; 0,5). Esta mesma análise se repete em todos os ciclos de cálculo (iterações) que são denotados por K (contador de ciclos). Os valores obtidos são apresentados em uma tabela que facilita a visualização dos valores calculados e análise para escolha dos extremos do intervalo (a; b). 6 K – ciclos 𝑎𝑎 𝑓𝑓(𝑎𝑎) < 0 𝑏𝑏 𝑓𝑓(𝑏𝑏) > 0 �̅�𝑥 = 𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 2 𝑓𝑓(�̅�𝑥) 1 0 1 0,5 +0,395958 2 0 0,5 0,25 -0,037730 3 0,25 0,5 0,375 +0,167137 4 0,25 0,375 0,3125 +0,061889 5 0,25 0,3125 0,28125 +0,011397 6 0,25 0,28125 0,265625 -0,013335 7 0,265625 0,28125 0,2734375 -0,001011 A raiz é aproximadamente igual a 0,2734375 com erro menor que 10−2. Observa-se que foram atendidos os dois critérios de parada, ou seja, |𝑓𝑓(𝑥𝑥)| = |−0,001011| < 10−2 e |�̅�𝑥 − 𝜀𝜀| = |0,2734375 − 0,265625| < 10−2 = 𝜖𝜖 . Este resultado foi obtido com 7 iterações ou ciclos de cálculo. TEMA 3 – MÉTODO DA FALSA POSIÇÃO Similar ao método anterior, porém a estimativa da raiz é feita por meio do emprego de média ponderada, em que os pesos são os valores do funcional nos extremosdo intervalo: �̅�𝑥 = 𝑎𝑎 . 𝑓𝑓(𝑏𝑏) – 𝑏𝑏 . 𝑓𝑓(𝑎𝑎) 𝑓𝑓(𝑏𝑏) –𝑓𝑓(𝑎𝑎) Os critérios de parada do processo numérico cíclico e a precisão requerida para a raiz da equação não sofrem alteração. Exemplo: considerando 𝑓𝑓(𝑥𝑥) = 𝑒𝑒𝑥𝑥 − ln (4 − 𝑥𝑥) com raiz 𝜀𝜀 ∈ [0; 1] sendo 𝑓𝑓(0) = −0,386294 e 𝑓𝑓(1) = +1,619670 A determinação da primeira estimativa de raiz é dada por: �̅�𝑥 = 𝑎𝑎 . 𝑓𝑓(𝑏𝑏) – 𝑏𝑏 . 𝑓𝑓(𝑎𝑎) 𝑓𝑓(𝑏𝑏) –𝑓𝑓(𝑎𝑎) = 0 . 1,619670 – 1 . (−0,386294) 1,619670 –(−0,386294) = 0,192573 O valor do funcional neste ponto é igual a 𝑓𝑓(�̅�𝑥) = −0,124589 < 0 A avaliação da função no ponto �̅�𝑥 estimado resulta um valor negativo, indicando que este ponto será inserido no extremo do intervalo que tiver valor funcional negativo, no caso, o extremo esquerdo do intervalo inicial. Desta forma o novo intervalo que contém a raiz a raiz da equação é ( 0,192573; 1). Repetindo algumas vezes o mesmo processo de cálculo e análise de resultados, constrói-se a tabela numérica: 7 K – ciclos 𝑎𝑎 𝑓𝑓(𝑎𝑎) < 0 𝑏𝑏 𝑓𝑓(𝑏𝑏) > 0 �̅�𝑥 = 𝑎𝑎 . 𝑓𝑓(𝑏𝑏) – 𝑏𝑏 . 𝑓𝑓(𝑎𝑎) 𝑓𝑓(𝑏𝑏) –𝑓𝑓(𝑎𝑎) 𝑓𝑓(�̅�𝑥) 1 0 1 0,192573 -0,124589 2 0,192573 1 0,250246 -0,037349 3 0,250246 1 0,267145 -0,010944 4 0,267145 1 0,272064 -0,003184 A raiz é aproximadamente igual a 0,272064 com erro menor que 10−2. Observa-se que foram atendidos os dois critérios de parada. Este resultado foi obtido com 4 iterações. Observação: já é possível notar a proximidade de resultados obtidos nos dois métodos apresentados. Os demais métodos trarão resultados similares obtidos por metodologias diferentes. TEMA 4 - MÉTODOS DE PONTO FIXO A ideia central nestes métodos envolve manipulação na equação de definição da função. Faz-se necessário um bom traquejo com as propriedades da matemática básica principalmente com propriedades envolvendo radiciações, logaritmos e exponenciais quando ocorrerem na equação da função em análise. 4.1. Método iterativo linear Consiste em transformar a função 𝑓𝑓(𝑥𝑥) contínua no intervalo (a; b) em uma equação equivalente 𝑥𝑥 = 𝜑𝜑(𝑥𝑥) e a partir de uma aproximação inicial 𝑥𝑥0 (atribuída no intervalo de existência da raiz), gerar uma sequência de aproximações para a raiz pela relação 𝑥𝑥𝑘𝑘+1 = 𝜑𝜑(𝑥𝑥𝑘𝑘). A função 𝜑𝜑(𝑥𝑥) é denominada função de iteração. Normalmente ocorre mais de uma função de iteração, sendo que algumas podem gerar sequências convergentes (quando os resultados se aproximam de um único valor) e outras podem gerar sequências divergentes (quando a sequência de respostas se distancia de um único valor ou recai fora do intervalo de existência da raiz). Exemplo: 𝑓𝑓(𝑥𝑥) = 𝑒𝑒𝑥𝑥 − ln (4 − 𝑥𝑥) com a raiz 𝜀𝜀 ∈ (0; 1) Na situação de raiz a função 𝑓𝑓(𝑥𝑥) torna-se nula. Então: 8 Considerando 𝑒𝑒𝑥𝑥 − ln (4 − 𝑥𝑥) = 0 tem-se: 𝑒𝑒𝑥𝑥 = ln (4 − 𝑥𝑥) Aplicando 𝑙𝑙𝑙𝑙 nos dois lados da igualdade (para eliminar a exponencial) ln(𝑒𝑒𝑥𝑥) = ln (ln(4 − 𝑥𝑥)) Usando a propriedade de logaritmos ln𝑎𝑎𝑏𝑏 = 𝑏𝑏 ln𝑎𝑎 resulta 𝑥𝑥 . ln 𝑒𝑒 = ln (ln(4 − 𝑥𝑥)) Sabendo que ln 𝑒𝑒 = 1 tem-se: 𝑥𝑥 = ln(ln(4 − 𝑥𝑥)) = 𝜑𝜑1(𝑥𝑥) (primeira opção de função de iteração) Com a determinação desta função de iteração e tendo atribuição inicial 𝑥𝑥0 = 0,5 (ponto médio do intervalo de existência da raiz) pode-se construir uma tabela com os valores numéricos calculados nas iterações. K – Contador de iterações ou de ciclos 𝑥𝑥𝑘𝑘+1 = 𝜑𝜑(𝑥𝑥𝑘𝑘) = ln (ln(4 − 𝑥𝑥)) 1 0,225351 2 0,283901 3 0,272067 4 0,274486 As estimativas da raiz (𝑥𝑥𝑘𝑘) estão dentro do intervalo ( 0 ; 1), gerando sequência convergente de cálculos. Observe a proximidade dos resultados obtidos. A raiz é aproximadamente igual a 0,274486 com erro menor que 10−2. Ocorreu atendimento a um dos critérios de parada, ou seja, |�̅�𝑥 − 𝜀𝜀| < 10−2. Este resultado foi obtido com 4 iterações. Seria possível determinar o valor do funcional para cada valor estimado da raiz, que permitiria o teste do outro critério de parada. O atendimento a somente um dos critérios é suficiente para encerrar o processo de cálculo. Ainda considerando 𝑒𝑒𝑥𝑥 − ln (4 − 𝑥𝑥) = 0 tem-se: 𝑒𝑒𝑥𝑥 = ln (4 − 𝑥𝑥) Aplica-se a função exponencial aos dois lados da igualdade com o intuito de eliminar o logaritmo, resultando: 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑥𝑥 = 𝑒𝑒ln(4−𝑥𝑥) Utilizando a propriedade 𝑒𝑒ln𝑎𝑎 = 𝑎𝑎 tem-se: 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑥𝑥 = 4 − 𝑥𝑥 Isolando o valor de 𝑥𝑥, resulta: 9 𝑥𝑥 = 4 − 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑥𝑥 = 𝜑𝜑2(𝑥𝑥) (segunda opção de função de iteração) Utilizando o ponto médio 𝑥𝑥 = 0,5 do intervalo que contém a raiz, resulta sequência divergente de estimativas para a raiz da função. K – Contador de ciclos 𝑥𝑥𝑘𝑘+1 = 𝜑𝜑(𝑥𝑥𝑘𝑘) = 4 − 𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑥𝑥 1 -1,200326 2 +2,648661 3 -1376,557210 Os valores obtidos para a estimativa de raiz estão fora do intervalo inicial (0; 1) e a cada iteração o resultado obtido tem pior qualidade e erros imensos. Cabe aqui ressaltar que devido à possibilidade de determinar várias funções de iteração, nem todas serão fornecedoras de respostas resolutivas do problema. O bom senso indica que em se determinando uma função de iteração que apresente resultado convergente de resposta, não é necessário buscar outras funções de iteração. 4.2. Método de Newton-Raphson Busca garantir e acelerar a convergência do método anterior por meio do emprego da função derivada 𝑓𝑓´(𝑥𝑥). As técnicas para determinação da expressão da função derivada são amplamente detalhadas em disciplinas de cálculo diferencial e integral e apresentam um conjunto de fórmulas de fácil manuseio. A sequência de estimativas para a raiz da equação 𝑓𝑓(𝑥𝑥) é calculada por: 𝑥𝑥𝑘𝑘+1 = 𝑥𝑥𝑘𝑘 − 𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘) 𝑓𝑓´(𝑥𝑥𝑘𝑘) Os critérios de parada do processo de cálculo não sofrem alteração. Exemplo 𝑓𝑓(𝑥𝑥) = 𝑒𝑒𝑥𝑥 − ln (4 − 𝑥𝑥) com a raiz 𝜀𝜀 ∈ (0; 1) Calculando a expressão da derivada vem: 𝑓𝑓´(𝑥𝑥) = 𝑒𝑒𝑥𝑥 − −1 4 − 𝑥𝑥 = 𝑒𝑒𝑥𝑥 + 1 4 − 𝑥𝑥 Usando a atribuição inicial 𝑥𝑥0 = 0,5 vem: 𝑓𝑓(0,5) = 𝑒𝑒0,5 − ln(4 − 0,5) = 𝑒𝑒0,5 − ln(3,5) = 0,395958 𝑓𝑓´(0,5) = 𝑒𝑒0,5 + 1 4 − 0,5 = 𝑒𝑒0,5 + 1 3,5 = 1,934436 Cálculo da primeira estimativa: 10 𝑥𝑥1 = 𝑥𝑥0 − 𝑓𝑓(𝑥𝑥0) 𝑓𝑓´(𝑥𝑥0) = 0,5 − 0,395958 1,934436 = 0,295311 Construindo uma tabela com a inserção do valor obtido, e repetindo o processo com em outra iteração, resulta: K 𝑥𝑥𝑘𝑘 𝑥𝑥𝑘𝑘+1 = 𝑥𝑥𝑘𝑘 − 𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘) 𝑓𝑓´(𝑥𝑥𝑘𝑘) 𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘+1) 1 0,5 0,295311 0,033945 2 0,295311 0,274273 0,000312 A raiz é aproximadamente igual a 0,274273 com erro menor que 10−2. Foi atendido o critério de parada |𝑓𝑓(𝑥𝑥)| < 10−2 e foram requeridas 2 iterações no processo de cálculo. TEMA 5 - MÉTODO DE PASSOS MÚLTIPLOS São métodos que necessitam mais de uma atribuição (e/ou estimativa) para realizar uma nova estimativa da raiz da equação. 5.1. Método da secante Substitui a expressão da derivada do método anterior (que pode ser difícil de calcular) por uma aproximação: 𝑓𝑓´(𝑥𝑥𝑘𝑘) = ∆𝑓𝑓(𝑥𝑥) ∆𝑥𝑥 = 𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘) − 𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘−1) 𝑥𝑥𝑘𝑘 − 𝑥𝑥𝑘𝑘−1 Após um pouco de álgebra, é possível obter a expressão: 𝑥𝑥𝑘𝑘+1 = 𝑥𝑥𝑘𝑘−1.𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘)−𝑥𝑥𝑘𝑘.𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘−1) 𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘)−𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘−1) . São necessárias duas atribuições iniciais para calcular uma primeira estimativa. Estas atribuições são diferentes entre si e de livre escolha no intervalo de existência da raiz. Detalhe: a expressão de cálculo da estimativa de raiz é basicamente a mesma do método da falsa posição. Em caso de necessidade de várias iterações, são utilizadas sempre as duas últimas avaliações e seus respectivos valores de funcional. Exemplo: 𝑓𝑓(𝑥𝑥)= 𝑒𝑒𝑥𝑥 − ln (4 − 𝑥𝑥) com a raiz 𝜀𝜀 ∈ (0; 1) Usando as atribuições iniciais arbitrárias 𝑥𝑥0 = 0,3 𝑒𝑒 𝑥𝑥1 = 0,7 Tem-se: 𝑓𝑓(0,3) = 0,041526 e 𝑓𝑓(0,7) = 0,819830 11 K Atribuições 𝑥𝑥𝑘𝑘+1 = 𝑥𝑥𝑘𝑘−1.𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘) − 𝑥𝑥𝑘𝑘 .𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘−1) 𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘) − 𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘−1) 𝑓𝑓(𝑥𝑥𝑘𝑘+1) 1 𝑥𝑥0 = 03, 𝑥𝑥1 = 0,7 𝑥𝑥2 = 0,278658 0,007271 A raiz é aproximadamente igual a 0,278658 com erro menor que 10−2. Observa-se que foi atendido um dos critérios de parada, ou seja, |𝑓𝑓(𝑥𝑥)| < 10−2. Este resultado foi obtido com 1 iteração. NA PRÁTICA (Estudo da convergência). Os métodos da bissecção e da posição falsa têm convergência garantida se a função for contínua no intervalo (a; b) de existência da raiz, porém, o número de iterações necessárias para a obtenção da raiz pode ser elevado em relação aos demais métodos. Em relação aos cálculos são de simplicidade, porque utilizam médias aritmética (método da bissecção) e ponderada (método da posição falsa). O método da iteração linear pode apresentar diversas opções para a função de iteração, sendo nem todas convergentes, o que pode ser uma dificuldade para emprego do método. Em alguns casos, este método utiliza um número de iterações não elevado, em outros, pode requerer muitas iterações. A determinação das equações de iteração requer um bom conhecimento e manuseio com propriedades elementares, o que pode ser uma dificuldade para alguns estudantes. O método de Newton-Raphson pode apresentar dificuldade quando da determinação da expressão da derivada, porém, o número de iterações costuma ser pequeno. O método da secante é uma forma aproximada para o método de Newton-Raphson e pode requerer um pouco mais de iterações para a obtenção da estimativa de raiz da função. Observando os resultados dos exemplos estudados, pode-se concluir que escolher um método melhor está relacionado com a própria equação a ser resolvida, ao comportamento desta função no intervalo (a; b), às dificuldades de cálculo da derivada e ao critério de parada. Resultados melhores podem ser obtidos com o aumento da quantidade de casas decimais de cada cálculo. O emprego do computador para uma rotina de cálculo de cada método pode 12 fornecer resultados com exatidão até dez ou mais casas decimais e utilizando pequeno tempo computacional. O conteúdo apresentado envolveu a determinação de uma única raiz real para a função analisada. Em situações que ocorram mais de uma raiz real, o procedimento é análogo, com atenção ao intervalo de existência de cada raiz. Quando a função tiver raiz complexa, não se aplicam estes procedimentos. Em casos de uma raiz de multiplicidade par é necessário analisar o comportamento da derivada da função. FINALIZANDO Determinar raízes reais de funções tem ocorrência frequente em problemas de natureza de ciências exatas e da tecnologia. Nem sempre serão de solução imediata ou fácil resolução. As técnicas de cálculo numérico são o recurso possível e indicado quando situações adversas se apresentarem. A escolha do método de solução depende da adaptabilidade individual e da própria equação em análise. Bons estudos a todos(as)! 13 REFERÊNCIAS Bibliografia básica BARROSO, L. C. et al. Cálculo numérico. [S.l.]: Harbra, 1983. CLAUDIO, D. M.; MARINS, J. M. Cálculo numérico computacional. [S.l.]: Atlas S.A., 1994. FRANCO, N. B. Cálculo numérico. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. JARLETTI, A. C. Cálculo numérico. Curitiba: InterSaberes, 2017. RUGGIERO, M. A. G.; LOPES, V. L. R. Cálculo numérico, aspectos teóricos e computacionais. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2014. SPERANDIO, D. Cálculo numérico. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2014. Bibliografia complementar BARROSO, L. C. Cálculo numérico (com aplicações). 2. ed. São Paulo: Harbra, 1987. BURIAN, R.; HETEM JUNIOR, A. Cálculo numérico. Rio de Janeiro: LTC, 2007.