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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – CAMPUS BAMBUÍ ENGENHARIA DE ALIMENTOS - 2022 Tecnologia de Leites e Derivados II Produção Queijo Minas Padrão AMANDA IAMAGUCHI FANTINI RIBEIRO Professora responsável: Sônia de Oliveira Duque Paciulli BAMBUÍ, Novembro de 2022 1. INTRODUÇÃO O cenário do processamento de queijo no Brasil tem vivenciado um avanço tecnológico que proporciona abertura para criações de produtos inovadores. O Brasil é o quarto maior produtor mundial de leite, com 35 bilhões de litros por ano (SILVA, 2021). Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ, 2016), em 2015, a produção de leite no Brasil ficou em 34 bilhões de litros aproximadamente. Dessa quantidade, 24 bilhões de litros foram utilizados por indústrias. Do leite inspecionado e processado, 46% (11 bilhões de litros) foram transformados em queijos. A produção de queijo é uma das que mais se destaca entre os produtos derivados do leite. Nesse processo, ocorre a coagulação do leite, na qual a caseína, proteína que se encontra dissolvida no líquido lácteo, é separada do resto dos componentes e forma uma massa à parte que, após secagem e amadurecimento, transforma-se em queijo. Entende-se por queijo o produto fresco ou maturado que se obtém por separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou totalmente desnatado), ou de soros lácteos, coagulados pela ação física do coalho, de enzimas específicas, de bactéria específica, de ácido orgânicos, isolados ou combinados, todos de qualidade apta para uso alimentar, com ou sem agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou condimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias aromatizantes e matérias corantes. (MAPA,1996). O queijo Minas Padrão é definido como queijo de massa crua ou pré-cozida, obtido por meio da coagulação do leite pasteurizado com coalho e/ou com outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada ou não pela ação de bactérias lácticas específicas, com a obtenção de uma massa coalhada, dessorada, prensada mecanicamente, salgada e maturada (BRASIL, 1996) O minas padrão é uma variação do queijo minas frescal, assim como os queijos artesanais das microrregiões mineiras do Serro, da Serra da Canastra, dentre outras, os quais apresentam características semelhantes; no entanto, são produzidos de forma artesanal com o emprego de leite cru como matéria‑prima (Furtado, 2005). Com base no que foi descrito, este trabalho tem o objetivo de apresentar a produção do Queijo Minas Padrão, descrevendo as etapas de processo e avaliação do produto final. 1.1 OBJETIVO Conhecer o fluxograma de produção do Queijo Minas Frescal no laticínio do IFMG - Campus Bambuí. 2. MATERIAIS ● 50 L de leite ● Coalho ● Cloreto de sódio ● Fermento ● Formas de plástico ● Tanque de salga ● Prensa ● Lira, pá e garfo ● Tanque de fermentação 3. DESENVOLVIMENTO Para o desenvolvimento da aula prática, os alunos acompanharam o processo de produção do Queijo Minas Padrão no laticínio agroindústria do IFMG - Campus Bambuí. Primeiramente, adicionou-se 50 L de leite pasteurizado no tanque de fermentação e aqueceu até atingir 37 °C, que é uma temperatura ótima de desenvolvimento do coalho. Figura 1 - Tanque de fermentação com 50 L de leite à 37°C. Fonte: Elaborado pela autora. Em seguida, adicionou-se 50 ml de fermento (500 ml do fermento dissolvido para 100 L) e esperou-se 30 min para promover uma pré-fermentação no leite, depois adicionou-se 20 ml de cloreto de cálcio (40 ml para cada 100 L de leite) e 1,5 g de coalho (2g para cada 100L de leite) e esperou-se 40 min. Sendo que estes ingredientes foram dissolvidos em água anteriormente e adicionados com o leite em movimento. Figura 2 - Adição de fermento, cloreto de cálcio e coalho. Fonte: Elaborado pela autora. Após o tempo necessário, houve o desenvolvimento da coagulação e verificou-se, com auxílio de uma faca, o ponto da massa, e depois promoveu-se a quebra dessa massa, utilizando liras, pá e garfo. Sendo que, a pá homogeneiza a mistura em movimentos em forma de 8 e os garfos uniformizam os grãos da massa. Vale destacar que, a primeira mexedura é feita de forma mais lenta e posteriormente, a segunda é feita mais rápida com o garfo sob aquecimento até atingir 43°C, o que resulta em uma massa semi-cozida. A segunda mexedura é feita até chegar no ponto de liga. Em seguida, retirou-se grande parte do soro do tanque e fez-se uma pré prensagem por 20 min para retirar-se o máximo de soro possível. Figura 3 - Verificação do ponto da massa, quebra da massa utilizando lira, pá e garfo, retirada do soro e pré-prensagem. Fonte: Elaborado pela autora. Após a pré-prensagem, colocou-se a massa em formas específicas deste tipo de queijo, na qual apresentam uma rede de furos na sua base, que permitem a saída de soro e altura característica, além disso esses dessoradores apresentam uma capa (tecido fino) para a tampa e forma. Em seguida, colocou-se as formas prensa, na qual é realizado 4 viradas, a primeira ocorre nos primeiros 15 min, depois passa a ser de uma em uma hora. Na última realiza-se um refinamento, tirando as bordas, espera-se 10 min e leva para salga. Figura 4 - Enformagem das massas e prensa. Fonte: Elaborado pela autora. Após as viragens e salga, tem-se o produto final, que pode ser embalado, refrigerado e comercializado. Figura 5 - Queijo Minas Padrão pronto para consumo. Fonte: Elaborado pela autora. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a produção do queijo, todo leite utilizado deve ser pasteurizado previamente. Em seguida, o leite é preparado para a coagulação da caseína, sua principal proteína, dando origem à massa inicial do queijo chamada de coalhada. Para a formação da coalhada, são adicionados ao leite o fermento, o cloreto de cálcio e o coalho. (SILVA et al., 2005). O fermento adicionado é uma cultura lática com o objetivo de produzir ácido lático, o que reduz o risco de contaminação por diminuir e manter o pH ácido, facilitando também na formação do coalho, favorecido pelo mesmo pH e ajudando também na retirada do soro. Após a pasteurização, o leite é resfriado a 32‒34°C e adiciona-se o fermento mesofílico tipo O (Figura 2B) na dosagem recomendada pelo fabricante. Esse fermento, composto das bactérias Lactococcus lactis subsp. lactis e Lactococcus lactis subsp. cremoris, está disponível no mercado na forma liofilizada. Essas culturas superconcentradas são desidratadas, por isso é necessário aguardar 30 min após a adição ao leite, etapa conhecida como pré-maturação. O fermento possui papel muito importante no queijo, sendo responsável pelo sabor levemente ácido e pela consistência pouco firme e quebradiça do queijo minas padrão (COSTA, 2019). Na composição do leite tem-se cálcio, porém durante o processo de pasteurização esse mineral fica menos disponível para absorção, assim, devido a isso, adiciona-se cloreto de cálcio durante a produção do queijo. Este composto ajuda a acelerar a coagulação do leite, além de dar elasticidade à massa do queijo. (ROCHA, 2014) O coalho quando adicionado no leite promove sua coagulação, dando origem à massa do queijo, sendo que este processo demora cerca de 45 minutos (SILVA et al., 2005). O final da coagulação inicia-se com a determinação do ponto de corte e, a partir disso, começa o tratamento da massa (FREITAS, 2015). A massa coagulada e pronta é cortada com o auxílio de uma lira, um utensílio com lâminas paralelas, na vertical e horizontal. Com este instrumento se corta toda a massa, deixando-a em vários cubos e permitindo a retirada do soro. Após a agitação, o queijo será enformado na sua forma característica. O bloco de massa é cortadoem pedaços de aproximadamente de 1 a 1,2 kg de massa e enformado em formas cilíndricas com dessoradores ou panos tipo morim. O queijo é prensado primeiramente por 30 min com peso equivalente a dez vezes o seu peso (10 kg) ou 20 Lb/pol2. Em seguida, os queijos são virados na forma e as posições invertidas. Os queijos que estão embaixo na prensa passam para a parte superior e vice-versa, para serem prensados novamente por mais 90 min com 30 Lb/pol2 ou dez vezes o peso do queijo (10 kg). Ao final da prensagem ou assim que atinjam um pH de 5,1–5,2 (em torno de 3 horas de prensagem), os queijos são retirados da prensa e prensados novamente, porém sem dessoradores ou pano, durante cerca de 15 min com 30 Lb/pol2 ou dez vezes o seu peso para que tenham um acabamento melhor. Em seguida, os queijos são levados para a salga em salmoura a 10–12°C, com 20% (m/v) de sal durante 24 h (COSTA, 2019). Um dos fatores primordiais que garante a viabilidade econômica é o rendimento dos queijos. Levando em consideração que os principais fatores que influenciam é a composição do leite, porcentagem dos constituintes do leite, os aditivos (coalho e fermento lático) e a porcentagem de umidade retida. (SANTOS et al., 2019). O queijo acabado apresenta, em média, a seguinte composição: 55% a 58% de umidade; 17% a 19% de gordura; teor de sal variando entre 1,4% e 1,6%; e pH entre 5,0 e 5,3 (SILVA,2005). Dentre os produtos derivados do leite, o queijo é considerado um veículo frequente de patógenos e, em alguns casos, não sofre processo de maturação. A contaminação microbiana desse produto assume destacada relevância tanto para a indústria, pelas perdas econômicas, como para a saúde pública, pelo risco de causar doenças de origem alimentar (Feitosa et al., 2003). Para os atributos sensoriais, percebidos pelos alunos, ressalta-se o aroma suave, textura mais dura, sabor leve e aparência agradável, com coloração externa amarelada. Além disso, o rendimento da produção do Queijo Minas Padrão foi de 7,10kg. 4. CONCLUSÃO Pela prática realizada, conclui-se que para a produção de Queijo Minas Padrão a implementação de fermento, salga em tanque e prensagem já foram fatores que contribuíram para as diferenças sensoriais comparadas ao do Queijo Minas Frescal. Assim, destaca-se a importância e influência de variadas etapas realizadas durante a produção de um queijo. Além disso, a aplicação das boas práticas de fabricação resultou em um produto seguro de falhas e contaminação. 5. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE QUEIJOS - ABIQ. Queijos: mercado total brasileiro. São Paulo: ABIQ, 2016. BRASIL. Ministério da agricultura, do abastecimento e da reforma agrária. Portaria Nº 146 de 07 de março de 1996. Aprova os regulamentos técnicos de identidade e qualidade dos produtos lácteos. Diário Oficial da União, 11/03/1996, seção 1, página 3977. COSTA, Renata Golin Bueno et al. Controle de qualidade em queijo minas padrão: métodos físico-químicos, microbiológicos e moleculares. Embrapa Agroindústria Tropical-Livro científico (ALICE), 2019. FEITOSA, T.; BORGES, M. F.; NASSU, R. T.; AZEVEDO, E. H. F.; MUNIZ, C. R. Pesquisa de Salmonella sp., Listeria sp. e microrganismos indicadores higiênico-sanitários em queijos produzidos no estado do Rio Grande do Norte. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 23 (supl.), p. 162-165, 2003 FURTADO, M. M. Quesos típicos de latinoamérica. São Paulo: Fonte Comunicações e Editora, 2005. 192 p. FREITAS, M. Avaliação microbiológica de queijos artesanais produzidos na cidade de taió, Santa Catarina. Saúde & Meio Ambiente, Taió, p. 103–114, 2015. MAPA- MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DO ABASTECIMENTO E DA REFORMA AGRÁRIA. REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE QUEIJOS. PORTARIA Nº 146 DE 07 DE MARÇO DE 1996. Disponível em: http://www.agais.com/normas/leite/queijos.htm. Acesso em 10 de novembro de 2022. ROCHA, G. L. Influência do tratamento térmico no valor nutricional do leite fluido. Universidade Católica de Goiás, Departamento de Matemática e Física Engenharia de Alimentos, Goiânia, v. 1, n. 44, 2004. SANTOS, B. S. et al. Produção de queijo artesanal “tipo minas frescal”: efeito da suplementação lipídica na alimentação de ovelhas pantaneiras. 2019. SILVA,E.A. da.; MELO,W.W.S. de.; CRUZ, F.G. da.; FROEHLICH,A.;LUNA,J. de S. AVALIAÇÃO SENSORIAL DE RICOTAS CONDIMENTADAS.Disponível em: congressos.ifal.edu.br/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/ view/1230/69. Acesso em 10 de novembro de 2022. SILVA, L. G. M. et al. Elaboração e caracterização sensorial de queijo Minas Padrão utilizando café durante o processo de maturação. Research, Society and Development, v. 10, n. 5, p. e38210515117-e38210515117, 2021. SILVA, L. F. M. DA; FERREIRA, K. S. Queijo Minas Frescal - EMBRAPA.. v. 21, 2005.
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