Buscar

POLÍTICAS-PÚBLICAS-EM-SAÚDE-16

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE 
1 
 
 
 
Sumário 
 
Sumário .................................................................................................................... 1 
Introdução .................................................................................................................. 3 
Políticas públicas ...................................................................................................... 4 
O ciclo das políticas públicas ............................................................................................... 6 
 Identificação do problema: ...................................................................................... 7 
 Formação da agenda ................................................................................................ 8 
 Formulação das alternativas e tomada de decisão ................................................... 8 
 Implementação ........................................................................................................ 8 
 Avaliação ................................................................................................................. 9 
Políticas públicas em saúde ..................................................................................... 9 
Programas para políticas públicas de saúde ...................................................................... 14 
 Atividade ............................................................................................................... 14 
 Projeto ................................................................................................................... 15 
 Operação Especial .................................................................................................. 15 
Objetivos das políticas públicas em saúde ........................................................................ 16 
Funções essenciais da saúde pública ................................................................................ 17 
O Sistema Único de Saúde (SUS) .......................................................................... 17 
Diretrizes do SUS .............................................................................................................. 19 
Planejamento do financiamento em saúde no Brasil ........................................... 22 
Referências .............................................................................................................. 27 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação 
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
Introdução 
 
A saúde pública consiste em um conjunto de ações e serviços de caráter 
sanitário que tenham como objetivo prevenir ou combater patologias ou quaisquer 
outros cenários que coloquem em risco a saúde da população. Como é dever do 
estado assegurar serviços e políticas voltadas para a promoção da saúde e bem-estar 
da população, além do termo saúde pública podemos usar o termo saúde coletiva. 
 
 
Veremos ao longo desse caderno, um pouco de conceitos para políticas 
públicas, a divisão “político-administrativa” do sistema de saúde pública no Brasil, 
seus níveis de assistência e a descentralização; analisando as perspectivas da política 
de saúde brasileira. 
Esse arcabouço teórico se faz mister para compreendermos as políticas 
públicas especificas para o segmento da pessoa idosa que tem crescido sobremaneira 
não só a nível nacional, mas mundial. 
 
 
4 
 
 
Políticas públicas 
Em apartada síntese vamos falar um pouco sobre as origens das políticas 
públicas para então, compreendermos a importância destas para a área da saúde. 
Tomando como ponto de partida as Ciências Políticas, o termo “políticas 
públicas” remete a um conceito recente e ao mesmo tempo amplo. A partir da segunda 
metade do século XX a produção acadêmica norte-americana e europeia se debruçou 
sobre estudos que tinham por objetivo analisar e explicar o papel do Estado, uma vez 
que suas instituições administrativas impactam e regulam diversos aspectos da vida 
em sociedade. Nesse sentido podemos inferir que as políticas públicas estão 
diretamente associadas às questões políticas e governamentais que mediam a 
relação entre Estado e sociedade. 
 
Na área governamental, propriamente dito, a introdução da política pública 
como ferramenta das decisões do governo é produto da Guerra Fria e da valorização 
da tecnocracia como forma de enfrentar suas consequências. 
Seu introdutor no governo dos EUA foi Robert McNamara que estimulou a 
criação, em 1948, da RAND Corporation, organização não-governamental financiada 
por recursos públicos e considerada a precursora dos think tanks. 
O trabalho do grupo de matemáticos, cientistas políticos, analistas de sistema, 
engenheiros, sociólogos, entre outros, influenciados pela teoria dos jogos de Neuman, 
5 
 
 
buscava mostrar como uma guerra poderia ser conduzida como um jogo racional. A 
proposta de aplicação de métodos científicos às formulações e às decisões do 
governo sobre problemas públicos se expande depois para outras áreas da produção 
governamental, inclusive para a política social (SOUZA, 2006). 
As políticas públicas têm íntima relação com o estado de bem-estar social, que 
nada mais é do que “buscar a qualidade de vida das pessoas”, ou seja, um estado 
que reúne um conjunto de fatores que levam o sujeito a ter uma existência tranquila e 
viver com satisfação. 
No Estado de Bem-Estar, também chamado de Estado-providência (Welfare 
State) ou ainda Estado Social, o Estado é forte: presta muitos serviços públicos, atua 
combatendo a pobreza, e também subsidiando empresas (subsídios incluem construir 
hidrelétricas, telecomunicações e petroleiras para melhorar o sistema). Nesta 
orientação, o Estado de Bem-Estar intervém na economia e na sociedade com o fim 
de estimular o desenvolvimento e proporcionar, com mecanismos reguladores e de 
seguridade social, condições de vida mínimas à grande maioria da população (CRUZ, 
2001). 
O surgimento do Estado de Bem-Estar social pressupôs a garantia de 
materializar direitos como a vida, a saúde e a alimentação. A partir deste momento, o 
caráter assistencial e de caridade começa a desaparecer e os benefícios começam a 
serem percebidos como direitos da cidadania. Mas, neste período, estes direitos ainda 
eram considerados como dádivas provenientes de um Estado bom (FREIRE Jr, 2005). 
Batista et al. (2008) corroboram ao afirmarem que as políticas promovidas 
pelos Estados de Bem-Estar Social no pós-guerra levaram a uma melhoria 
considerável das condições de vida e de trabalho, contribuindo para o aumento 
progressivo da expectativa de vida de suas populações. 
De modo geral, as políticas públicas são atravessadas pelos campos da 
Economia, Administração, do Direito e das Ciências Sociais. Elas se traduzem em 
políticaseconômicas, políticas externas (relações exteriores), políticas administrativas 
e outras tantas, sempre com referência nas ações do Estado. 
Em se tratando das políticas públicas sociais, estas são as que mais se 
aproximam da vida cotidiana, as quais estão comumente organizadas em políticas 
6 
 
 
públicas setoriais (como por exemplo, saúde, educação, saneamento básico, 
transporte, segurança etc.). 
As políticas públicas são “programas de ação governamental visando a 
coordenar os meios à disposição do estado e as atividades privadas, para a realização 
de objetivos relevantes e politicamente determinados” (BUCCI, 2002, p. 241). 
“Políticas públicas são os meios necessários para a efetivação dos direitos 
fundamentais, uma vez que pouco vale o mero reconhecimento formal de direitos se 
ele não vem acompanhado de instrumentos para efetivá-los” (FREIRE JR., 2005, p. 
48). 
Anote aí! 
As políticas públicas não devem ser consideradas como a solidariedade ou 
dádivas de um estado bom em prol do bem-estar de toda população, por meio de um 
discurso caridoso e evasivo. Estas políticas não podem ser estruturadas apenas como 
meios de promoção política e discurso eleitoreiro. Devem ser formuladas e 
implementadas segundo as necessidades reais da população! 
Definições simples para políticas públicas: 
Lynn (1980): conjunto de ações do governo. 
Dye (1984): qualquer coisa que o governo opte por fazer ou por não fazer. 
Peters (1986): soma de todas as atividades desenvolvidas por um governo, 
direta ou indiretamente (PASSADOR, 2018). 
 
 
O ciclo das políticas públicas 
 
Que há uma demanda gigantesca por diversas políticas públicas que 
solucionem a grande cesta de problemas sociais, é fato. Por outro lado, sabemos que 
os recursos não são infinitos. Desse modo, a gestão das políticas públicas depende 
fortemente, entre outras coisas, da capacidade técnica dos(as) servidores(as) 
públicos(as) e do orçamento público. 
7 
 
 
Pois bem, fazendo um gancho com a última anotação acima, compreender o 
que são políticas públicas também implica no entendimento do processo de 
elaboração e execução das mesmas. De forma didática, é possível compreender o 
desenvolvimento das políticas públicas por meio do que chamamos “Ciclo de políticas 
públicas” – um esquema de visualização que organiza as fases envolvidas nesse 
processo. 
 
 
Figura 1 – Ciclo das Políticas Públicas 
 
 Identificação do problema: 
Podemos entender problema como a discrepância entre o status quo e uma 
situação ideal. 
Por sua vez, um problema político seria a diferença entre o que se gostaria que 
fosse e o que é a realidade pública. 
Assim, do olhar técnico-administrativo da gestão pública em conjunção com as 
demandas sociais que os problemas são identificados. 
 
8 
 
 
 Formação da agenda 
Nessa etapa forma-se uma agenda de itens que precisam ser trabalhados com 
urgência e prioridade pelo governo; 
Agenda é um conjunto de assuntos sobre os quais o governo e pessoas ligadas 
a ele concentram sua atenção num determinado momento (KINGDOM, 2003 apud 
PASSADOR, 2018). 
A agenda por ser formal, política ou mesmo da mídia. 
Agenda formal é uma agenda institucional, que elenca problemas que o 
governo decidiu enfrentar. 
Na agenda política teremos os problemas considerados relevantes pela 
comunidade política. 
A agenda da mídia agrega a agenda dos meios de comunicação ou sofre 
influência das duas citadas acima. 
 
 Formulação das alternativas e tomada de decisão 
A formulação de alternativas é fundamental para que os gestores identifiquem 
soluções possíveis. 
Nesta etapa acontece a tomada a decisão de qual a solução mais viável. 
Na formulação vamos elaborar os programas, métodos, estratégias ou ações 
que alcançarão os objetivos estabelecidos. 
Os objetivos de uma política pública, são os resultados esperados por políticos, 
analistas (e outros atores) para uma política pública. 
 
 Implementação 
Fase na qual são implementadas, ou seja, colocadas em prática as políticas 
formuladas, sempre observando o planejamento e organização dos recursos humanos 
e materiais utilizados para operacionalizar a política pública pensada. 
9 
 
 
 
 Avaliação 
É importantíssimo que haja avaliação e monitoramento constante por parte dos 
gestores públicos e da sociedade civil. Só assim é possível observar se a política 
pública em questão conseguiu ser eficiente, eficaz e efetiva em relação ao problema 
identificado. 
 
Anote aí! 
O ciclo das políticas é que um processo que leva em conta: 
a) A participação de todos os atores públicos e privados na elaboração das 
políticas públicas, ou seja, governantes, políticos, trabalhadores e empresas; 
b) O poder que esses atores possuem e o que podem fazer com ele; 
c) O momento atual do país no aspecto social (problemas, limitações e 
oportunidades); 
d) Organização de ideias e ações. 
 
 
 
 
 
 
 
Políticas públicas em saúde 
Desde a década de 1930, a questão social vem sendo uma bandeira levantada 
por diversos setores da sociedade e por vários motivos. Naqueles tempos, 
principalmente devido à necessidade da qualificação da força de trabalho e o 
10 
 
 
desenvolvimento econômico correspondentes ao processo de industrialização que se 
instaurava no país. 
As políticas sociais iniciadas a partir da década de 1930 destinaram-se então a 
permitir alcançar, concomitantemente, os objetivos de regulação dos conflitos 
surgidos do novo processo de desenvolvimento econômico e social do país e de 
legitimação política do Governo. Para compreendermos como isso se tornou possível, 
faz-se mister relacionarmos os novos serviços sociais realizados pelo poder público 
às emergentes necessidades de reprodução e qualificação da força de trabalho 
nacional. 
Vamos tomar como ponto de partida para analisar as políticas públicas 
direcionadas para saúde, meados dos anos 50 do século XX quando os indicadores 
de saúde começaram a registrar progressos e mesmo quando se iniciou o processo 
de implementação. Assim, ao longo desses setenta anos, dentre outros elementos, 
encontramos que a esperança de vida média do brasileiro aumentou 
consideravelmente e a taxa de mortalidade infantil diminuiu quase quatro vezes, o que, 
de acordo com Médici (2007), nos mostra mudanças consideráveis em termos de 
promoção de saúde, entretanto, há que se ressaltar que infelizmente essas 
constatações não querem dizer que todos participam ou se beneficiam dela. 
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), as linhas de atuação devem 
proporcionar à população condições e requisitos necessários para melhorar e exercer 
controle sobre sua saúde, envolvendo a paz, a educação, a moradia, o alimento, a 
renda, um ecossistema estável, justiça social e equidade. 
No entanto, como apontam Teixeira, Paim e VilasBôas (1998), o movimento de 
promoção da saúde no país é indissociável do processo de reorientação das políticas 
de saúde na década de 90 e de seus múltiplos desdobramentos institucionais e 
políticos. As Normas Operacionais Básicas (NOBs), a partir de 1991, estruturaram e 
aprofundaram o processo de descentralização do Sistema Único de Saúde (SUS) e 
reorientaram o modelo assistencial, favorecendo a ampliação do acesso aos serviços 
de saúde, a participação da população e a melhoria do fluxo de recursos financeiros 
destinados à saúde entre a união, estado e municípios. 
A implementação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), do 
Programa de Saúde da Família (PSF) e a criação da Agência Nacional de Vigilância 
11 
 
 
Sanitária (ANVISA) foram, igualmente, iniciativas que pavimentaram a trajetória da 
promoção da saúde. Neste sentido, pode-se dizer que a Política de Promoção da 
Saúde agregou aos princípios norteadores do Sistema Único de Saúde (SUS), 
propostas que reconhecem a necessidade de transformar o perfil de intervenção e 
que aprofundam a análise da interdependênciaentre problemas sociais e de saúde. 
Nessa direção, as políticas de saúde pública assumem um papel de extrema 
importância, enquanto estratégias governamentais, capazes de criar condições 
sanitárias favoráveis, visando preservar a saúde dos membros de uma sociedade, 
principalmente para os segmentos sociais menos favorecidos economicamente. 
Segundo Lucchese (2004), nesse processo foram ainda intensamente valorizados o 
potencial individual e comunitário para participar das escolhas e decisões públicas 
sobre a política de saúde. 
A municipalização da Saúde no Brasil, nosso ponto de chegada, é fruto de um 
longo processo, surgindo na década de 1950, pautada pelas concepções do chamado 
“sanitarismo desenvolvimentista”, mas que se desenvolveu somente na década de 
1970, em cidade como Londrina (PR), Campinas (SP) e Niterói (RJ), com experiências 
de formulação de políticas locais de saúde e de organização de redes municipais 
baseadas nos princípios da atenção primária, divulgada pela Conferência de Alma 
Ata/OMS e da medicina comunitária. 
De âmbito nacional, a assistência médica previdenciária era a principal forma 
de prestação de atenção à saúde, caracterizando-se pelo atendimento clínico 
individual, com privilégio da atenção hospitalar e especializada, estando ausente 
qualquer medida de saúde pública de promoção da saúde ou prevenção de doenças, 
que por sua vez, eram executadas em serviços de saúde pública, organizados em 
estrutura governamental diversa e com aporte financeiro extremamente reduzido. 
Os serviços de saúde pública de responsabilidade do Ministério da Saúde e 
das Secretarias Estaduais de Saúde, cuidavam basicamente das doenças infecciosas 
de caráter endêmico e epidêmico, com alguma ênfase na educação em saúde. A 
assistência médica nesses serviços era completamente subordinada ao enfoque 
coletivo, sendo oferecida com o objetivo de controlar a incidência/prevalência das 
doenças infecciosas, em detrimento da demanda espontânea por assistência médica 
individual. 
12 
 
 
Devido às consequências do modelo econômico vigente na década de 70 e o 
endividamento do país, mais precisamente após a segunda metade da década, o 
modelo previdenciário brasileiro entrou numa aguda crise financeira, que foi o primeiro 
passo para a descentralização. 
Até a década de 1980, o sistema de saúde era centralizador e em 1987, inicia-
se a criação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) - primeiro 
movimento na direção da descentralização e hierarquização. Na Constituição Federal 
de 1988 foram estabelecidos os princípios de universalização do direito à saúde e ao 
atendimento médico gratuito como deveres do Estado. 
Em 1990, foi criado o Conselho Nacional de Saúde e instituída a Lei 8.080 que 
dispõe sobre a criação do Serviço Único de Saúde (SUS) e estabelece o conjunto de 
ações que devem ser seguidas por instituições públicas, federais, estaduais e 
municipais, bem como a Conferência e o Conselho de Saúde regulamentaram a 
participação da comunidade na gestão do SUS através da Lei n. 8142. 
De acordo com Brasil (2002), a nossa Constituição Federal (1988) estabeleceu 
em seu artigo 196 que a saúde é “direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e 
de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para 
sua promoção, proteção e recuperação”, o que vem ampliar o conceito de saúde 
firmado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Essa ampliação é um resultado de vários fatores determinantes e 
condicionantes como alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, 
trabalho, renda, educação, transporte, lazer, acesso a bens e serviços essenciais. 
Por isso, as gestões municipais do SUS – em articulação com as demais 
esferas de governo – devem desenvolver ações conjuntas com outros setores 
governamentais, como meio ambiente, educação, urbanismo, entre outros, que 
possam contribuir, direta ou indiretamente, para a promoção de melhores condições 
de vida e da saúde para a população. 
Embora já tenhamos discorrido sobre conceitos e definições para as Políticas 
Públicas, é importante frisar que são as decisões de um governo em diversas áreas 
que influenciam a vida de um conjunto de cidadãos. São os atos que o governo faz ou 
13 
 
 
deixa de fazer e os efeitos que tais ações ou a ausência destas provocam na 
sociedade. 
Enfim, políticas públicas são diretrizes tomadas que visam a resolução de 
problemas ligados à sociedade como um todo, englobando saúde, educação, 
segurança e tudo mais que se refere ao bem-estar do povo. 
Ao contrário de uma decisão política, uma política pública envolve muito mais 
que uma vontade ou uma decisão, propriamente dita. Ela requer diversas ações 
estrategicamente selecionadas para implementar as decisões tomadas. Portanto, é 
necessário que sejam expressas, manifestas e se traduzam em recursos no 
Orçamento. Só a intenção não é suficiente, é preciso vinculá-las aos recursos. 
Em termos de saúde, é o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por 
órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração 
direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público. Consiste de um 
conjunto normativo, institucional e técnico que materializa a grande política de saúde 
desenhada para o país a partir da Constituição de 1988. 
Embora integrando o campo das ações sociais, orientadas para melhoria das 
condições de saúde da população e dos ambientes naturais, social e do trabalho, 
especificamente em relação a política pública para saúde, podemos dizer que ela 
organiza as funções públicas governamentais, através da promoção, proteção e 
recuperação da saúde dos cidadãos e da coletividade. 
De acordo com Lucchese (2004), as políticas públicas no Brasil se orientam 
pelos princípios da universalidade e equidade no acesso às ações e serviços e pelas 
diretrizes de descentralização da gestão, de integralidade do atendimento e de 
participação da comunidade, na organização de um sistema único de saúde no 
território nacional. 
Uma vez que elas se materializam através de ações concretas envolvendo 
sujeitos e atividades institucionais, em determinado contexto e condicionando 
resultados, elas precisam de acompanhamento e avaliação permanentes. 
Eis que chegamos aos programas! 
 
14 
 
 
Programas para políticas públicas de saúde 
 
As políticas públicas acontecem através dos programas, definido no glossário 
temático referente ao sistema de Planejamento, Monitoramento e Avaliação das 
Ações em Saúde, lançado pelo Ministério da Saúde em 2006, como: 
 
Instrumento de organização da ação governamental com vistas ao 
enfrentamento de um problema e à concretização dos objetivos pretendidos, 
sendo mensurado por indicadores. Nota: articula um conjunto coerente de 
ações (orçamentárias e não-orçamentárias), necessárias e suficientes para 
enfrentar o problema, de modo a superar ou evitar as causas identificadas, 
como também aproveitar as oportunidades existentes. Resumidamente, são 
ações permanentes para atingir objetivos precisos. 
 
O programa: 
a) Representa o elo de ligação e integração entre o planejamento e o orçamento 
público (funções/ subfunções do planejamento x programas do orçamento) 
(PISCITELLI et al, 2004). 
b) Articula um conjunto de ações que concorrem para um objetivo comum 
preestabelecido, mensurado por indicadores estabelecidos no Plano Plurianual 
(PPA), visando à solução de um problema ou o atendimento de uma 
necessidade ou demanda da sociedade. 
 
Os programas são compostos por atividades, projetos e uma nova categoria de 
programação denominada operações especiais. 
 
 Atividade 
Atividade é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um 
programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo 
e permanente, das quais resulta umproduto necessário à manutenção da ação de 
governo. 
15 
 
 
 
 Projeto 
Projeto é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um 
programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam num período 
limitado de tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o 
aperfeiçoamento da ação de governo. 
 
 Operação Especial 
Operação Especial são ações que não contribuem para a manutenção das 
ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação 
direta sob a forma de bens ou serviços. Representam, basicamente, o detalhamento 
da função “Encargos Especiais”. Porém, um grupo importante de ações com a 
natureza de operações especiais quando associadas a programas finalísticos podem 
apresentar produtos associados. 
De acordo com Piscitelli et al (2004), toda a ação finalística do Governo Federal 
deverá ser estruturada em programas, orientados para consecução dos objetivos 
estratégicos definidos para o período no PPA. A ação finalística é a que proporciona 
bem ou serviço para atendimento direto às demandas da sociedade. 
São 3 (três) os tipos de programas previstos: 
 Programas Finalísticos: são programas que resultam em bens e serviços 
ofertados diretamente à sociedade. O indicador quantifica a situação que o 
programa tenha por fim modificar, de modo a explicitar o impacto das ações 
sobre o público alvo; 
 Programas de Gestão de Políticas Públicas: os Programas de Gestão de 
Políticas Públicas abrangem as ações de gestão de Governo e serão 
compostos de atividades de planejamento, orçamento, controle interno, 
sistemas de informação e diagnóstico de suporte à formulação, coordenação, 
supervisão, avaliação e divulgação de políticas públicas. As atividades deverão 
assumir as peculiaridades de cada órgão gestor setorial; 
16 
 
 
 Programas de Serviços ao Estado: Programas de Serviços ao Estado são os 
que resultam em bens e serviços ofertados diretamente ao Estado, por 
instituições criadas para esse fim específico. Seus atributos básicos são 
denominação, objetivo, indicador(es), órgão(s), unidades orçamentárias e 
unidade responsável pelo programa. 
Uma vez que temos os conceitos relativos a políticas públicas e programas, 
vamos para os objetivos primordiais das políticas públicas voltadas para a saúde. 
 
Objetivos das políticas públicas em saúde 
 
Evidentemente que os objetivos e atribuições das políticas públicas em saúde 
se concentram no Sistema Único de Saúde (SUS). São eles: 
a) Identificar e divulgar os fatores condicionantes e determinantes da saúde; 
b) Fornecer assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, 
proteção e recuperação da saúde com a realização integrada das ações 
assistenciais e das atividades preventivas; 
c) Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica; 
d) Executar ações visando a saúde do trabalhador; 
e) Participar na formulação da política e na execução de ações de saneamento 
básico; 
f) Participar da formulação da política de recursos humanos para a saúde; 
g) Realizar atividades de vigilância nutricional e de orientação alimentar; 
h) Participar das ações direcionadas ao meio ambiente; 
i) Formular políticas referentes a medicamentos, equipamentos, imunobiológicos 
e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; 
j) Controlar e fiscalizar os serviços, produtos e substâncias de interesse para a 
saúde; 
17 
 
 
k) Fiscalizar e inspecionar alimentos, água e bebidas para consumo humano; 
l) Participar no controle e fiscalização de produtos psicoativos, tóxicos e 
radioativos; 
m) Incrementar o desenvolvimento científico e tecnológico na área da saúde; 
n) Formular e executar a política de sangue e de seus derivados (POLIGNANO, 
2008). 
 
Funções essenciais da saúde pública 
 
São funções essenciais da saúde pública 
a) Prevenção e controle de doenças, elaborando estratégias de vacinação; 
b) Vigilância epidemiológica sobre grupos e fatores de riscos; 
c) Monitoramento de situação de saúde; 
d) Avaliação de eficácia/efetividade de serviços de saúde; 
e) Regulação e fiscalização estabelecendo padrões de qualidade; 
f) Planejamento; 
g) Pesquisa e desenvolvimento tecnológico; e por fim; 
h) Desenvolvimento de recursos humanos – capacitando epidemiologistas de 
campo (LUCCHESE, 2004). 
 
O objetivo é fazer cumprir os preceitos constitucionais que estão no artigo 196 
(BARROS; PIOLA; VIANNA, 1996). 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) 
 
18 
 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Lei n. 8.080, de 19 de 
setembro de 1990, também chamada de “Lei Orgânica da Saúde”, sendo a tradução 
prática do princípio constitucional da saúde como direito de todos e dever do Estado 
e estabelece, no seu artigo 7º, que: 
As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou 
conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) são desenvolvidos de 
acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo 
ainda aos seguintes princípios: 
I - Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de 
assistência; 
II - Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo 
das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para 
cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; 
III - Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física 
e moral; 
IV - Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de 
qualquer espécie; 
V - Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; 
VI - Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a 
sua utilização pelo usuário; 
VII - Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a 
alocação de recursos e a orientação programática; 
VIII - Participação da comunidade; 
IX - Descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera 
de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) 
regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; 
X - Integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e 
saneamento básico; 
19 
 
 
XI - Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços 
de assistência à saúde da população; 
XII - Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; 
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios 
para fins idênticos; 
XIV – organização de atendimento público específico e especializado para 
mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, 
atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras, em 
conformidade com a Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013 (Redação dada pela Lei 
nº 13.427, de 2017). 
As diretrizes do SUS são, portanto, o conjunto de recomendações técnicas e 
organizacionais voltadas para problemas específicos, produzidas pelo Ministério da 
Saúde, com o concurso de especialistas de reconhecido saber na área de atuação, 
de abrangência nacional, e que funcionam como orientadores da configuração geral 
do sistema em todo o território nacional, respeitadas as especificidades de cada 
unidade federativa e de cada município. 
 
Diretrizes do SUS 
Entre as principais diretrizes, podemos lembrar: 
 Diretrizes para a Atenção Psicossocial: Portaria MS/GM n. 678, de 30/3/2006. 
 Diretrizes nacionais para o saneamento básico: Lei n. 11.445, de 05/01/2007. 
 Diretrizes Nacionais para a Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas 
(instituídas pela Portaria MS/SAS n. 400, de 16/11/2009). 
 Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, 2004. 
 Diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde 
pela União, Estados, Distrito Federal eMunicípios. Portaria n. 3.252/2009. 
 Diretrizes para a Programação Pactuada e Integrada da Assistência à Saúde. 
20 
 
 
 Diretrizes para a Implantação de Complexos Reguladores. 
 Diretrizes para a implementação do Programa de Formação de Profissionais 
de Nível Médio para a Saúde (PROFAPS). Portaria n. 3.189/2009. 
 Diretrizes para Implementação do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas, 
2006. 
 Diretrizes para o controle da sífilis congênita: manual de bolso, 2006. 
 Diretrizes para o fortalecimento para as ações de adesão ao tratamento para 
as pessoas que vivem com HIV e AIDS. 
 Diretrizes para Vigilância, Atenção e Controle da Hanseníase (Portaria MS/GM 
n. 3.125, de 07/10/10). 
 Estratégia Nacional de Avaliação, Monitoramento, Supervisão e Apoio Técnico 
aos Centros de Atenção Psicossocial. 
 Pacto Nacional: Um mundo pela criança e o adolescente do semiárido, 2005. 
 Pacto Nacional pela Redução Mortalidade Materna e Neonatal, 2007. 
 Lei n. 11.445, de 05/01/2007. Estabelece diretrizes nacionais para o 
saneamento básico. 
As diretrizes apontadas como exemplo, apesar de parecerem uma coisa 
técnica demais, acabam tendo bastante influência no modo como os sistemas 
municipais de saúde são organizados, até mesmo porque, de uma maneira geral, elas 
são acompanhadas de recursos financeiros para a sua execução. O SUS é a 
expressão mais acabada do esforço do nosso país de garantir o acesso universal de 
seus cidadãos aos cuidados em saúde que necessitam para ter uma vida mais longa, 
produtiva e feliz. 
Embora saibamos que os bons indicadores de saúde dependem de um 
conjunto de políticas econômicas e sociais mais amplas (emprego, moradia, 
saneamento, boa alimentação, educação, segurança etc.), é inquestionável a 
importância de uma política de saúde que, para além da universalidade, garanta a 
equidade, a integralidade e a qualidade do cuidado em saúde prestado aos seus 
cidadãos. Todos os investimentos e esforços visando à implantação da Estratégia 
21 
 
 
Saúde da Família (ESF) do nosso país só podem ser entendidos no contexto da 
consolidação do SUS e da extensão dos seus benefícios para milhões de brasileiros 
(REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2012). 
 
Anote aí! 
Os sistemas de saúde talvez sejam, dentre os sistemas sociais, os de maior 
complexidade relativa, devido à necessidade de operar em meio a uma multiplicidade 
de objetivos, entre os quais: a equidade, a eficiência, a eficácia, a qualidade da 
assistência e a satisfação do usuário. 
 A equidade, visando à redução das desigualdades nas condições de saúde e 
de acesso a serviços dos diferentes grupos populacionais; 
 A eficácia expressa na capacidade dos sistemas de saúde para atingir seus 
objetivos, seja em produtos ou resultados; 
 A eficiência significando a relação favorável entre os resultados obtidos e os 
recursos alocados; 
 A qualidade como o recebimento pelo usuário de atenção oportuna, eficaz, 
segura e em condições materiais e éticas adequadas; e, por fim, 
 A satisfação, traduzida na percepção dos usuários de como os serviços 
atendem às suas demandas e o grau em que acolhem sua participação efetiva 
no controle público/social (MENDES, 1998). 
 
Os serviços de saúde possuem três funções básicas: 
1. cuidar da doença; 
2. prevenir a doença; 
3. promover a saúde, através da fiscalização de ambientes propícios ao 
surgimento de doenças e das mais diversas campanhas de conscientização da 
população. 
 
22 
 
 
Quanto a atenção básica, esta caracteriza-se por: 
um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem 
a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o 
tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do 
exercício de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob forma 
de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas 
quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no 
território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada 
complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de 
maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários 
com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da 
acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da 
integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação 
social (BRASIL, 2007). 
A Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, 
na integralidade e na inserção sociocultural e busca a promoção de sua saúde, a 
prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que 
possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável (BRASIL, 2007). 
Como gestores dos sistemas locais de saúde, os municípios e o Distrito Federal, 
são os responsáveis pelo cumprimento dos princípios da Atenção Básica, pela 
organização e execução das ações em seus territórios. 
 
 
 
 
Planejamento do financiamento em saúde no Brasil 
 
O financiamento das ações e serviços de saúde é responsabilidade das três 
esferas de governo. 
23 
 
 
Nas esferas estaduais e municipais, além dos recursos orçamentários do 
próprio tesouro, há os recursos que são transferidos pela União. O conjunto de 
recursos, portanto, inclui, além dos que provêm do orçamento de cada instância, os 
que provêm de contribuições sociais; que devem ser identificados nos fundos de 
saúde para a execução das ações previstas em vários instrumentos de planejamento. 
O novo modelo de financiamento da Atenção Primaria à Saúde (APS) no âmbito 
do Sistema Único de Saúde apresentado na Portaria no. 2.979 de 12 de novembro de 
2019 e pactuado na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), altera a lógica de 
financiamento da APS no Brasil. Entre as principais alterações está a extinção do Piso 
da Atenção Básica (PAB fixo e variável) e a adoção da captação ponderada, como 
critério para a focalização do repasse dos recursos para custeio das equipes da 
Estratégia Saúde da Família (ESF) e equipes multiprofissionais em saúde. 
Outra alteração advinda da portaria é a revogação das equipes do Núcleo 
Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), que poderá ocasionar a 
desmobilização dessas equipes no território nacional, visto os diferentes 
entendimentos dos gestores municipais sobre o assunto. 
O novo modelo contempla o financiamento da Atenção Primária em quatro 
dimensões: Captação Ponderada, Desempenho, Programas (Incentivo) e 
Provimentos. 
Considerando que a APS deve ser a ordenadora de um modelo de atenção à 
saúde inter e multiprofissional, comunitária, territorial, com ênfase na participação 
social, tanto para o planejamento, quanto para a implementação das ações; no novo 
modelo, a proposta restringe a APS a serviços biomédicos e limita o conceito de 
integralidade a uma lista de serviços. 
A “Carteira de Serviços da Atenção Primaria à Saúde Brasileira” privilegia o 
cuidado fundamentado em um modelo de consultas individuais para a resolução de 
problemas vinculados a algumas doenças, desviando-se da centralidade do cuidado 
de base territorial, coletivo e interprofissional. Nas equipes que compõem a APS, a 
proposta ministerial exclui o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) ao 
não citá-los na Carteira, mencionando somente as categorias profissionais médicas, 
de enfermagem e de odontologia. Além disso, não faz referência aos demais 
profissionais que poderiam integrar as equipes a partir do matriciamento, assim como 
24 
 
 
não contempla a valorização de ações que fomentem a integração entre a Vigilância 
em Saúde e a APS. 
O Ministério da Saúde regulamentou um modelo alternativo chamado Equipe 
de Atenção Primária (EAP), composta apenas por médico e enfermeiro. A Portaria 
2.979 revoga todas as portariasreferentes aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família 
(NASF) e, portanto, acaba com a indução do Governo Federal para o trabalho 
multiprofissional na APS. Além disso, o estímulo à residência contempla apenas a 
medicina, enfermagem e odontologia. 
A partir de 2020, o cálculo para definição dos recursos financeiros para 
incentivo para ações estratégicas deverá considerar: 
I – as especificidades e prioridades em saúde; 
II – os aspectos estruturais das equipes; e 
III – a produção em ações estratégicas em saúde. 
 
Para conhecimento geral, porém de forma sintética, sobre os instrumentos de 
planejamento do financiamento, vejamos o quadro a seguir: 
 
 
 
 
Instrumentos de planejamento do financiamento em saúde 
25 
 
 
 
FONTE: (CONASS, 2011, p. 99). 
Ainda sobre financiamento no SUS, Albuquerque (2015) destacar a Lei 
Complementar nº 141/2012, que: 
Regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os 
valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; [..] revoga dispositivos das Leis 
nº 8.080/1990 e a 8.689/1993; e dá outras providências. 
A Lei nº 141/2012 está dividida em cinco capítulos, assim denominados: 1. 
Disposições preliminares 2. Das ações e serviços públicos de saúde 3. Da aplicação 
de recursos em ações e serviços públicos de saúde 4. Da transparência, visibilidade, 
fiscalização, avaliação e controle 5. Disposições finais e transitórias. 
26 
 
 
Cabe enfatizar que a Lei não define o percentual da arrecadação da União, que 
será aplicado, anualmente, em saúde. Contudo, explicita, no Art. 6º, que os Estados 
e o Distrito Federal aplicarão, anualmente, 12% (doze por cento) da arrecadação de 
impostos em ações e serviços públicos de saúde. E no Art. 7º, que os municípios 
aplicarão, anualmente, 15% (quinze por cento) da arrecadação de impostos em ações 
e serviços públicos de saúde. A respectiva Lei não apresenta 
incompatibilidades/incoerências com o Decreto nº 7.508/2011 (ALBUQUERQUE, 
2015). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
Referências 
ALBUQUERQUE, M. I. N. de. Uma revisão sobre as políticas públicas de saúde 
no Brasil. Recife, 2015. Disponível em 
https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/3333/1/2saud_socie_polit_public_saud
_2016.pdf 
 
BARROS, M. E.; PIOLA, S. F; VIANNA, S. M. Política de Saúde no Brasil. Textos 
para Discussão n.401 Brasília: fevereiro, 1996. 
 
BATISTA, A. S. et al. Envelhecimento e dependência: desafios para a organização 
da proteção social. Brasília: MPS/SPPS, 2008. (Coleção Previdência Social, v. 28). 
 
BRASIL. Constituição Federal. 1988. 
 
BRASIL. Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para 
a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos 
serviços correspondentes e dá outras providências. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Gestão Municipal de Saúde: leis, normas e portarias 
atuais. Rio de Janeiro: Brasil, Ministério da Saúde, 2001. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Glossário temático: Sistema de Planejamento, 
Monitoramento e Avaliação das Ações em Saúde (Sisplam). Brasília: Editora do 
Ministério da Saúde, 2006 (Série A. Normas e Manuais Técnicos). 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. 4 ed. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2007. (Série E. Legislação de Saúde). 
28 
 
 
 
BUCCI, M. P. D. Direito administrativo e políticas públicas. São Paulo: Saraiva, 
2002. 
 
CRUZ, P. M. Política, Poder, ideologia e estado contemporâneo. Florianópolis: Ed. 
Diploma Legal, 2001. 
 
FREIRE JUNIOR, A. B. O controle judicial de políticas públicas. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2005. 
 
LUCCHESE, P. Políticas Públicas em Saúde (2004). Disponível em: 
<http://www.ppge.ufrgs.br/ats/disciplinas/11/lucchese-2004.pdf> 
 
MÉDICI, A. C. Saúde, indicadores básicos e políticas governamentais (2007). 
Disponível em: 
<http://www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/polsoc/saude/apresent/apresent.
htm 
 
MENDES, E. V. A reengenharia do sistema de serviços de saúde no nível local: 
a gestão da atenção à saúde. In: MENDES, E. V. (org.) A organização da saúde no 
nível local. São Paulo, Hucitec, 1998. 
 
PASSADOR, C. S. Ciclo de políticas públicas (2018). Disponível em: 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4483751/mod_resource/content/1/Apresenta
%C3%A7%C3%A3o%20Pol%C3%ADticas%20P%C3%BAblicas_Palestra%20CIA%
20DO%20RISO.pdf 
 
29 
 
 
PISCITELLI, R. B. et al. Contabilidade Pública: uma abordagem da administração 
financeira pública. São Paulo: Altas, 2004. 
 
POLIGNANO, M. V. História das políticas de saúde no Brasil: uma pequena revisão. 
Disponível em: <http://internatorural.medicina.ufmg.br/saude_no_brasil.rtf. 2008 
 
REIS, D. O.; ARAÚJO, E. C. de; CECÍLIO, L. C. de O. Políticas Públicas de Saúde 
no Brasil: SUS e pactos pela Saúde (2012). Disponível em: 
https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidad
e_4.pdf 
 
SOUZA, C. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Alegre, 
ano 8, nº 16, jul/dez 2006, p. 20-45. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/soc/n16/a03n16 
 
TEIXEIRA, C. F. PAIM, J. S, VILASBÔAS, A.L. SUS, modelos assistenciais e 
vigilância da saúde. Informe Epidemiológico do SUS, v.7, n.2, 1998.

Outros materiais