Prévia do material em texto
DOENÇAS INFECCIOSAS DOENÇAS INFECCIOSAS EM CAES – CINOMOSE / GASTROENTERITES VIRAIS (Parvovirose, Coronavirose entérica e Panleucopenia felina) / LEPTOSPIROSE (AULA 6): GASTROENTERITES VIRAIS (Parvovirose canina): Temos 3 tipos (1, 2 e 3) O tipo 1 e 3 acometem outros animais, o de interesse clinico é o tipo 2, que tem vários subtipos (a, b, c). Hoje em dia 80% dos casos é do Parvovirus tipo 2v (CPV2b), e o + recente relatado em outros países é do tipo c. Ambos causam doença clínica em cães e podem acometer gatos causando a Panleucopenia felina. Sua transmissão é por via oro fecal (direta) ou Fômites (indireta). O vírus (sem envelope) é extremamente resistente e permanece de meses até 1 ano no ambiente Patogenia: Infecção por via oro nasal (oro fecal - contato por partículas nas fezes), há a replicação em linfonodos regionais (tonsilas), ai cai na circulação sistêmica fazendo a vieremia, em seguida coloniza tecido linfoide (timo, baço, e medula óssea) e se replica nas criptas do intestino. A mucosa intestinal colapsa (necrose e perda de epitélio intestinal), há um aumento da permeabilidade intestinal, pois as bactérias que são naturais de dentro do intestino, caem na cavidade abdominal e atingem a circulação (bacteremia) gerando um processo infeccioso grave, uma infecção sistêmica (SEPSE). OBS: O vírus da parvovirose tem um tropismo (predileção) por tecidos com alta replicação celular (medula óssea e criptas das alças intestinais). Em gatos vai para a medula e causa a panleucopenia felina. Predisposição: Animais com imunidade baixa, animais que não receberam colostro / imunidade materna ou mamaram porem a mês não era vacinada. Casos de estresse e más condições sanitárias. Estão mais vulneráveis filhotes ate 6 meses e raças como Rottweilers, Doberman e pastor alemão. Animais com outras doenças concorrentes como parasitoses, desenvolvem quadros + graves da doença. Manifestações clinicas: incubação de 4 a 7 dias. Os primeiros sinais da doença são depressão, perda de apetite e febre, cerca de 1 a 2 dias depois começam os vómitos e a diarreia intensa que progressivamente começa a conter cada vez mais sangue. Estes sintomas progridem muito rapidamente para uma grave desidratação (animal não consegue nem se alimentar e nem tomar agua) e morte em animais severamente afetados (pela sepse das bactérias que extravasaram do intestino). Alterações laboratoriais: No hemograma, leucócitos em 400-500, Neutropenia e linfopenia (severa) e panleucopenia (tudo diminuído, serie branca, vermelha e plaquetas) em casos + graves nos cães e no felino. Na bioquímica vemos azotemia pre-renal (pela desidratação), hipocalemia (potássio baixo pela diarreia), hipoproteinemia (proteína baixa – 0,4 a 0,6 consumo pelo quadro inflamatório) Diagnostico: Presuntivo (clinica) / ELISA (SNAP Idexx Parvo) com fezes, usamos como triagem nas clinicas e ele fecha diagnostico definitivo. / PCR (fezes + fácil ou sangue). EX (presuntivo): Animal ta com gastroenterite hemorrágica, no hemograma tem 500 de leucócitos, não eh vacinado, filhote = Parvovirose = Tratamento. Tratamento: Fluido terapia e reposição eletrolítica são de caráter emergencial, sendo feita com avaliação e monitoração constante (recalcular soro e fluido o tempo todo e pesar 3x ao dia). Nutrição enteral (com sonda naso esofágica, gotejar composto hipercalórico. Controlar emese e náusea com meropitan (cerenia) e reduzir acides gástrica (omeprazol). Antibioticoterapia de amplo espectro (por causa da bacteremia), na monoterapia para Parvo Ampicilina 22mg/kg a cada 8h IV, em casos graves (com parasitismo associado) associar Ampicilina + Enrofloxacina 5mg/kg a cada 12h IV Prognostico: Muitos animais se recuperam + tem problemas de disbiose, flora bacteriana, podendo haver quadros recorrentes de enterite, pode ficar fragilizado para o resto da vida. Prevenção: Vacinação e manejo sanitário adequado + vermifugação CINOMOSE: É um vírus do gênero morbilivirus, de RNA envelopado (pouco resistente ao ambiente, morre em contato com qualquer desinfetante). Acomete vários tipos de carnívoros por contato direto com secreções respiratórias (aerossóis e exsudatos respiratórios), via transmissão oro nasal, cães infectados liberam o vírus por até 3 meses após a infecção. Mais comum em animais jovens (filhotes até 3 meses + suscetíveis), ou imunossuprimidos (idosos). Os idosos entram direto na manifestação neurológica (mesmo vacinados). Patogenia: entrada do vírus ocorre por via oro nasal, ocorre a replicação em tecido linfoide (incubação de 1 a 4 semanas – sem manifestações), em seguida entra para os linfonodos regionais (tonsilas, faringe, brônquios), e cai na circulação sistêmica fazendo a viremia / replicação em trato respiratório, TGI, urinário e Nervoso. No SNC o vírus se replica nos ventrículos (onde há a produção de liquor), e promove uma perda da barrinha de mielina dos neurônios (desmielinização), causando também uma inflamação do SNC (encefalite). Animais com boa imunidade se recuperam em 14 dias (sem sintomas neurológicos), animais com baixa imunidade tem doença sistêmica grave e vem a óbito. Manifestações clinicas: Na fase de viremia febre, anorexia, diarreia e emese. Após a replicação temos sinais característicos de cinomose como secreção óculo nasal (secreção nasal purulenta, tosse, dispneia e secreção ocular sero conjuntivite seca). Poliartrite, hipoplasia de esmalte dentário. Vemos manifestações dermatológicas como pústulas no abdômen e hiperqueratose de coxins e nasal. De SNC observamos mioclonia persistente (cabeça treme o tempo todo) e raramente vemos Trisma mandibular (a mandíbula trava) animal não abre a boca para nada = óbito. Diagnostico: Presuntivo por achados clínicos característicos de cinomose (secreção óculo nasal). E RT-PCR de múltiplas secreções (padrão ouro) Alterações laboratoriais: No hemograma Linfopenia (redução dos linfócitos) e no RX broncopneumonia viral e bacteriana. Prognostico: reservado a ruim. Eutanásia é indicada quando o estado geral do animal é muito ruim ou quando há alterações neurológicas graves incompatível com a vida. Prevenção: Vacina V10. E animais contactantes assintomáticos fazer uso preventivo de soro hiper imune (Cinoglobulin). LEPTOSPIROSE: Causada pela Leptospira interrogans (bactéria móvel, espiralada em forma de gancho), zoonose mundial. A transmissão eh por contato direto (oral) ou indireto (agua, solo, alimento). Os reservatórios naturais são os roedores, ruminantes e carnívoros selvagens e domésticos. Acomete mais raças grande e os surtos coincidem com os períodos chuvosos e enchentes e está relacionada a regiões de saneamento inadequado. Leptospirose clássica - Sorotipo canicola (tradicional no brasil), causa insuficiência hepática e renal aguda (com icterícia). Cães são portadores assintomáticos, e podem eliminar no ambiente e contaminar pessoas. A leptospira completa o ciclo de vida no animal, onde eh eliminada no ambiente pela urina do animal sem ele ficar doente. Leptospirose emergente - Sorotipo Pomona e grippotyphosa (outros países / menos frequentes), causa insuficiência renal aguda com menor envolvimento hepático (sem icterícia). Sinais clínicos (curso agudo de 2 dias): anorexia, poliuria, polidipsia, letargia, emese e diarreia. Febre, desidratação, icterícia, dor muscular, necrose de língua (DR), hálito urêmico. Quando o animal manifesta sinais graves da doença (IRA – IH) vem a óbito. Achados Laboratoriais: Hemograma (trompocitopenia discreta – redução de plaquetas) / Bioquimica (azotemia moderada a grave, creatinina e ureia alto / Hiperfosfatemia – lesão renal aguda grave / Hipercalcemia) / USG (Hiperecogenicidade do córtex renal bilateral) / RX (edema pulmonar não cardiogênico/ pneumonite – pneumonia inflamatória, com alterações respiratórias graves gerando o edema pulmonar) Diagnostico: Presuntivo (risco de exposição + achados clínicos) IRA e IH que aparecem do nada + local que tem roedor, animais com acesso a rua e sem vacina. OBS: Iniciar o tratamento antes do resultado de sorologia (se não o animal morre). Tratamento: Prevenção: Vacinação, controle de roedores, isolar animais infectados.