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Livro-Texto - Unidade II

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Unidade II
Unidade II
MÓDULO 5
Responsabilidade Contratual.
* Inexecução das Obrigações.
A responsabilidade civil contratual, com fundamento no art. 389 do CC, é estudada junto com o 
inadimplemento das obrigações. Aqui quem descumpre o contrato deve provar que não agiu com culpa 
– presume-se em favor da vítima a culpa do inadimplente. Há vínculo, pacto, contrato entre causador 
do dano (inadimplente) e vítima.
Não responde no âmbito contratual o menor, o incapaz, salvo se agir com dolo, mentindo sobre a 
sua idade, ou o incapaz antes da interdição, desde que pratique negócio jurídico com terceiro de boa-fé 
que não possa desconfiar da menoridade ou da incapacidade.
* Danos na Área da Saúde.
HISTÓRIA:
Código de Hamurabi: teria a mão cortada o médico que causasse a morte de um awilum (membro 
da classe social superior) ou lhe destruísse o olho. Se o morto fosse um escravo (objeto), o médico então 
deveria substituí-lo por outro (§§ 218 e 219).
Direito Romano: previa punição para a imperícia médica.
Idade Média: eram punidos rigorosamente os médicos que, por inabilidade, ocasionassem a morte 
do paciente (Digesto, 1, 6, § 7º).
Muitas vezes, o que se considerava erro médico por culpa dos médicos era apenas resultado da 
insuficiência dos conhecimentos da arte de curar.
Séc. XVIII: passou-se a reconhecer a necessidade de tolerância para com as falhas oriundas da própria 
imprecisão da ciência médica, no interesse do seu próprio desenvolvimento.
Os médicos não ousariam tentar novos procedimentos sem tal tolerância, pois eles temeriam a 
responsabilidade penal.
O desenvolvimento da ciência hoje é extraordinário: propicia a cura ou o prolongamento da vida.
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RESPONSABILIDADE CIVIL
E o insucesso médico é cada vez menos tolerado. Ao menor indício de erro e negligência, os 
profissionais são ameaçados de ações penais e civis, que trazem consequências desastrosas para a sua 
reputação e para o seu patrimônio.
A especialização das subáreas, na medicina, acabou com o médico de família. O grande número de 
pacientes encerrou a história do médico que atendia com base na confiança e na amizade. Agora o 
tratamento é impessoal, decorrente de contrato de prestação de serviço, e o usuário, consciente 
de seus direitos, se mostra exigente quanto à qualidade do atendimento e mais disposto a cobrar 
eventuais falhas.
Advogados oportunistas buscam vítimas de reais ou supostos erros médicos. Nos EUA, indústria de 
ações desse tipo leva à formação de seguros, para formar fundos para cobrir eventuais indenizações.
O avanço da medicina faz pensar que ela tudo pode, que o médico é infalível, que há cura para tudo. 
Não se aceita mais o insucesso terapêutico. Exige-se que o médico e os remédios sejam infalíveis, bem 
como os aparelhos, as máquinas. A prestação de serviço para o CDC deve ser perfeita, conforme Léo 
M. Coutinho. Na realidade, o CDC só existe porque o legislador sabe que a prestação de serviço não é 
perfeita, apenas resguarda o consumidor em caso de erro.
Léo M. Coutinho expõe as desvantagens de se fazer seguro:
- o paciente vai enxergar na falha de tratamento a possibilidade de lucro – pode querer tirar 
vantagem da própria doença;
- terceiros lucram com o erro;
- o mau médico se preocupa menos em errar, pois tem o seguro;
- o médico enxerga o paciente como um inimigo, pois deve fazer seguro para dele se proteger;
- a profissão fica mercantilizada – deixa de ser importante tratar de vidas humanas, e passa a se 
comportar como se fosse mais uma prestação de serviço como outra qualquer.
Ocorre que as vantagens superam as desvantagens: o médico tem mais liberdade e calma ao trabalhar, 
não empobrece ao ter que pagar indenização: o preço é dividido por todos os membros da sociedade, 
que pagam os prêmios. E a vítima não corre o risco de não receber a indenização.
A ineficiência do Estado que não oferece condições ao médico para o trabalho aumenta a possibilidade 
de erro. Não é por causa disso que o médico tem o direito de errar, mas é preciso distinguir a falha 
decorrente da imprudência, negligência ou imperícia daquela que resulta da própria precariedade da 
ciência médica, da falta de recursos ou da falibilidade das ações humanas.
Não se pode exigir do médico que acerte sempre. Mas não se pode desculpar-lhe o erro grosseiro.
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Unidade II
Conceito de erro:
Ato ou efeito de errar, não acertar.
Erro médico é insucesso diagnóstico-terapêutico – não acertou ao identificar a doença (não a 
identificou) ou não acertou ao proceder ao tratamento.
Outras condutas médicas são condenáveis, decorrentes da relação médico-paciente, como negar-se 
a fornecer recibo de honorários, negar-se a expedir atestado.
Temos então:
- erro médico de relação;
- erro médico de diagnóstico;
- erro médico terapêutico.
É preciso estabelecer se houve: dolo, culpa ou se o erro decorreu de caso fortuito (ou da culpa de 
terceiro, como o Estado, que não forneceu material ou ambiente necessário para o tratamento). Se não 
houver culpa ou dolo, não há obrigação de indenizar – a responsabilidade do médico não é objetiva.
Sem culpa ou dolo não há nem responsabilidade penal (não se pune) e nem responsabilidade civil 
(não se indeniza). A fatalidade também está presente na prática médica.
RESPONSABILIDADE PENAL E CIVIL na área da saúde.
Geralmente o erro médico envolve morte ou dano à saúde do paciente, envolvendo, portanto, 
homicídio (doloso ou culposo) ou lesão corporal. Enseja, então, responsabilidade civil e penal, mas é 
comum que a vítima ou seus parentes só peçam a indenização no cível.
A RESPONSABILIDADE DO MÉDICO É SUBJETIVA.
Da natureza do trabalho médico:
O atendimento médico decorre de contrato.
Partes: paciente (contratante) e médico (contratado).
O contrato é sinalagmático: o médico se obriga a prestar serviço, e o paciente se obriga a remunerar-
lhe com o pagamento de honorários.
A RESPONSABILIDADE DO MÉDICO É CONTRATUAL, DEVENDO ENVOLVER A inversão do ônus da prova.
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RESPONSABILIDADE CIVIL
O paciente só demonstra a ação ou omissão, o dano e o nexo causal. Não prova a culpa: o médico 
que prova que não agiu com culpa, com perícia, testemunha que diga que foi o paciente que não tomou 
os remédios ou não ficou de repouso, novos exames, documentos como o prontuário do paciente etc. 
(Léo M. Coutinho).
Obs.: há jurisprudência no sentido contrário, dizendo que como a obrigação do médico é de meio, e 
não de resultado, o paciente é quem deve provar a culpa do médico, não havendo inversão do ônus da 
prova (RT 523/68; decisão do TJSP).
Obs.: Miguel Kfouri Neto entende que não há inversão do ônus da prova, em regra, mas que em 
alguns casos isso pode ocorrer. É o caso do anestesista que faz várias cirurgias ao mesmo tempo, e que 
deve ter a sua culpa presumida, ou dos casos em que o médico tem obrigação de resultado, hipótese da 
cirurgia plástica estética.
Art. 594, CC/2002: “toda espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser 
contratada mediante retribuição”. Não há subordinação, relação de emprego. Há locação de serviço (é o 
caso de médico, advogado etc.).
Decorre do contrato (fonte de obrigação) a obrigação de fazer.
Obrigação de fazer não fungível: não pode ser executada por terceiro que não o devedor por suas 
características personalíssimas. O credor da obrigação de fazer é o paciente (o devedor é o médico).
Art. 248, CC/2002: se a prestação se tornar impossível sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação 
Se for por culpa do devedor, este responde por perdas e danos.
Art. 247, CC/2002: incorrena obrigação de indenização perdas e danos o devedor que recusar a 
prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.
OBRIGAÇÃO DE MEIO E DE RESULTADO:
A obrigação do médico é de meio.
O próprio paciente é participante para que o tratamento alcance bom êxito. Se o paciente se recusa 
a seguir a orientação médica, frustra o tratamento e o médico não pode ser responsabilizado.
Às vezes isso não acontece, porque os medicamentos são administrados em paciente inconsciente.
O médico não devolve vida ou saúde ao paciente – este é que se recupera com o auxílio do médico, 
por isso a obrigação é de meio, e não de resultado. O médico se dedica e a cura é só consequência, 
dependendo, às vezes, da colaboração do próprio paciente. Se o paciente não colabora, não responde o 
médico. E se o paciente está inconsciente e seu corpo não responde ao melhor tratamento, isto se dá 
por caso fortuito.
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Tratamento da matéria pelo CC:
Obs.: o dever de sigilo do médico não é absoluto. Deve prevalecer o interesse da sociedade. Ex.: 
deve informar as autoridades sanitárias de doença infectocontagiosa. E não viola, assim, o direito à 
intimidade e nem os preceitos éticos ou penais.
Empresas de assistência médica, os chamados “convênios” ou “planos de saúde” respondem pelos 
erros dos médicos e hospitais (por infecção, por exemplo), porque deveriam ser diligentes ao escolher os 
profissionais e os estabelecimentos.
Art. 15, CC: ninguém pode ser constrangido a submeter-se a um tratamento médico ou 
intervenção cirúrgica com risco de vida.
Art. 13 e 14 do CC sobre transplante de órgãos.
Art. 951, CC novo.
Deve reparar com o pagamento de despesas, tratamento da vítima, funeral, luto da família, prestação 
de alimentos às pessoas que dependiam do morto (levando-se em consideração o tempo que a pessoa 
viveria), conforme art. 948; pagamento de despesas de tratamento e lucros cessantes além de outros 
prejuízos (art. 949, CC/2002); indenização (que pode ser paga de uma só vez) por mês de trabalho que a 
vítima perde, mesmo se a lesão for permanente e nunca mais puder a vítima trabalhar (art. 950, CC/2002).
Art. 951, CC/2002: o disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ao caso de indenização devida por 
quem, no exercício da profissão, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, 
agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
Julgado da RT 785/237: responsabilidade do médico é subjetiva sem inversão do ônus da prova – o 
autor da pretensão é quem deve demonstrar a culpa do médico, conforme art. 14, § 4º do CDC. In Nery 
(CC anotado, p. 333).
Responsabilidade penal: crime contra a vida, lesão corporal, crime contra a saúde pública etc. O 
Código Penal, no art. 18, diferencia crime doloso e culposo.
Responsabilidade no Código Penal – art. 121 (pena de reclusão de 6 a 20 anos; se o crime é culposo, 
pena de detenção de 1 a 3 anos).
Art. 121, § 4º, Código Penal: no homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 se o crime resulta 
de inobservância de regra técnica de profissão ou se o agente deixa de prestar socorro à vítima, não 
procura diminuir as consequências de seu ato ou foge para evitar prisão em flagrante. Se for doloso, a 
pena aumenta de 1/3 se a vítima é menor de 14 anos.
Art. 129, CP: crime – ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. Pena de detenção de 
três meses a um ano. Os parágrafos do referido artigo trazem as hipóteses de agravantes e atenuantes.
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RESPONSABILIDADE CIVIL
MÓDULO 6
Da responsabilidade civil na área da saúde (2ª parte):
DA RELAÇÃO OBRIGATÓRIA ENTRE CULPA E FALTA DE ÉTICA.
Em caso de responsabilidade médica, deve haver perícia para saber se a obrigação é de meio ou de 
resultado (Carlos Alberto Bittar).
Para Bittar, o ato anestésico é de resultado. Ocorre que o anestésico também tem efeitos 
colaterais que variam de pessoa para pessoa. Duas pessoas do mesmo sexo, com a mesma idade e 
compleição física podem apresentar reações diversas ao mesmo anestésico (na mesma dose).
Por isso Léo Meyer Coutinho e Miguel Kfouri Neto pensam que também a obrigação do anestesista 
é de meio, e não de resultado.
Ex.: o anestésico lidocaína, usado para raquianestesia ou para anestesia peridural, pode desencadear 
em pacientes sensíveis a Aracnoidite Adesiva, que pode ser fatal ou então deixar sequelas como a 
paralisia de membros inferiores. E tal predisposição do paciente não pode ser diagnosticada previamente. 
Sem culpa não há como responsabilizar o médico. Por isso, mesmo sem o resultado o trabalho diligente 
impede a responsabilização do anestesista (se não houve culpa).
A cirurgia plástica: se for reparadora, envolve obrigação de meio; se for estética (para embelezamento, 
mudança do padrão estético) a obrigação é de resultado.
A falha na perícia pode resultar em absolvição de culpado e condenação de inocente, e tal falha para 
o autor Léo Meyer Coutinho é muito comum.
Obs.: a imperícia médica pode se dar através da negligência e da imprudência.
Infecção hospitalar:
Pode o hospital provar que a infecção do paciente já existia quando ocorreu a internação; ou que a 
infecção se deu porque o paciente estava em condições de adquiri-la (desnutrido, idoso, debilitado etc.).
O hospital deve informar o paciente dos índices (riscos) de infecção antes da internação.
O médico pode ser parcialmente responsabilizado, e dever parte proporcional da indenização, se 
internar o seu paciente em hospital sem higiene adequada.
São exemplos de condutas passíveis de ensejar a responsabilidade civil, sem prejuízo da caracterização, 
em muitos casos, de responsabilidade penal e administrativa (por causa de infração ética):
• Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal; 
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• não respeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados PROFISSIONAIS; 
• aproveitar-se da situação decorrente da relação médico-paciente para obter vantagem física, 
emocional, financeira ou política; 
• abuso sexual (o médico ginecologista, por exemplo, para se proteger de acusação injusta pode se fazer 
acompanhar de enfermeira; quando várias pacientes denunciam, fica mais provável a culpa do médico); 
• ameaça de agressão; 
• ameaça de contar ao cônjuge o caso extraconjugal que o paciente revela ao médico; 
• exagerar a gravidade do diagnóstico ou exceder-se no número de visitas; 
• pedir muito remédio ou muitos exames, além do necessário (isto é muito comum e pouco 
denunciado. Este erro é constatado em juízo pelo perito).
Quando o médico pede muitos remédios ou muitos exames há duas causas: má formação científica 
(despreparo) ou vaidade e ganância.
O prejuízo ao paciente é econômico e/ou à saúde (neste último caso, estará associado a outras faltas).
O paciente está sempre em inferioridade pela própria condição estabelecida por sua doença. O 
médico é o perito, e quem pode lhe trazer a cura. Tem autoridade tamanha que o paciente deixa de 
perceber os absurdos ditos, prescritos ou praticados pelo médico. Por vezes só depois da consulta é que 
percebe o que ocorreu.
Para que o paciente possa escolher livremente, é necessário que o médico lhe informe o diagnóstico, 
o prognóstico e os riscos e objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta a ele possa 
provocar-lhe dano, devendo, neste caso, a comunicação ser feita ao seu representante legal. Se o médico 
não informar, assume sozinho os riscos do procedimento.
O médico deve informar tratamentos alternativos, menos graves, por exemplo, que a retirada de um 
útero, ou outro órgão deve trazer outras possibilidades de tratamento (terapêuticas), ainda que menos 
eficazes. Ex.: tratamentohormonal, curetagem uterina.
O médico deve informar, em caso de anti-inflamatório, o risco de agressão à mucosa gástrica. Deve, 
em caso de tranquilizante, alertar sobre redução de reflexo e sonolência, mormente se o paciente for 
dirigir veículo.
É possível inclusive pedir o consentimento por escrito do paciente.
Na fecundação artificial, como em qualquer procedimento, os participantes devem estar de inteiro 
acordo e esclarecidos.
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RESPONSABILIDADE CIVIL
São exemplos de ações e omissões culposas que implicam responsabilidade do médico:
• delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivos do médico (imprudência). O médico 
responde por isso e também por indicar auxiliar incompetente, ainda que a tarefa possa ser feita 
por auxiliar (enfermeiro, por exemplo).
São feitos pelo médico: o diagnóstico, que é a avaliação do mal (propedêutica); a terapêutica 
(indicação dos remédios e procedimentos como a imobilização de um braço fraturado, que deve ser feita 
direito para evitar risco de gangrena) e o prognóstico (avaliação de resultado ou consequência).
Ex.: enfermeiro tira pontos de cesariana e não vê um ferimento infeccionado, o que causa necrose 
da parede ou peritonite. O médico responde porque a sua responsabilidade pelo ato cirúrgico só está 
encerrada após a retirada dos pontos.
Obs.: nem o auxiliar que acompanha o médico por 50 anos pode se intitular médico e fazer sozinho 
um procedimento – isso ocorria antigamente, quando o auxiliar, após aprender a arte de ser médico, 
ganhava autonomia (livro indicado sobre o assunto: O Físico, de Noah Gordon).
• deixar de assumir responsabilidade sobre procedimento do qual participou ou que indicou (mesmo 
quando vários médicos participaram também ou assistiram o paciente).
A responsabilidade existe ainda em trabalho de equipe.
Obs.: se o paciente troca de médico, o novo médico é inteiramente responsável. Se o novo médico 
fizer exame ou cirurgia errada porque o médico antigo indicou, o novo médico é responsável (deveria 
ter se recusado a fazer o procedimento errado).
• receitar de forma ilegível, acarretando dano ao paciente por troca de remédio ou dose errada.
• praticar atos desnecessários ou proibidos por lei.
• descumprir a lei em caso de transplantes de órgãos ou tecidos, esterilização, fecundação artificial 
ou aborto.
Processo penal e no Conselho Regional de Ética podem correr ao mesmo tempo ou não, e a absolvição 
em um não obriga a absolvição em outro, e vice-versa.
Nem sempre que há falta ética há erro médico, mas sempre que há erro médico há falta ética.
Prescrição:
Só não há prescrição para o crime de racismo (art. 5º, XLII da CF) e para os crimes contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático, art. 5º, inc. XLIV, CF.
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Prazo de prescrição para a punição administrativa: cinco anos. O prazo pode ser interrompido com 
notificação do médico ou o seu conhecimento expresso do ocorrido. Ao se defender, recomeça a fluir 
novo prazo prescricional.
CDC: prazo do art. 27 para requerer a reparação dos danos: cinco anos do conhecimento do dano e 
de sua autoria.
Prazo do CC: não se aplica. Utiliza-se o prazo de 5 anos do CDC.
Responsabilidade Civil do Advogado.
A responsabilidade civil do advogado é subjetiva. Responde apenas por culpa (dolo ou imprudência, 
negligência ou imperícia).
Possui responsabilidade civil de meio, em geral, e não de resultado. Deve atuar com diligência, para o 
alcance de bom êxito, mas não responde se simplesmente deixar de alcançar o resultado mais vantajoso 
para o seu cliente. Em uma disputa judicial, é certo que, salvo transação entre as partes, diante do litígio, 
um dos advogados terá ao final perdido a demanda, e nem por isso terá deixado de atuar com diligência, 
em favor do seu cliente (assim como o médico que não responderá quando não for possível salvar a vida 
de seu paciente, se houver agido com toda a perícia, prudência e diligência no caso).
Por ter responsabilidade em regra contratual, posto que um contrato de mandato é firmado entre o 
advogado (mandatário) e seu cliente (o mandante), que lhe transfere poderes, podemos entender que, 
diante da ação que visa atribuir, ao advogado, a responsabilidade civil, cabe a inversão do ônus da prova, 
com a culpa presumida do mandatário.
Por outro lado, o advogado contratado para a elaboração de um contrato, ou de um termo tem 
obrigação de resultado, devendo, no prazo pactuado, entregar o documento pronto e acabado, sob 
pena de responder por descumprimento de obrigação. Ainda assim, a responsabilidade civil do advogado 
é subjetiva e admite, na forma contratual, a inversão do ônus da prova, cabendo ao profissional a 
demonstração de ausência de culpa.
Responsabilidade Civil nos Transportes.
O transportador responde por danos materiais (às bagagens, inclusive) e pessoais aos transportados.
Seja aéreo, marítimo, ferroviário ou terrestre o transporte, a responsabilidade civil do transportador, 
de natureza contratual, é objetiva, não depende de culpa, excluindo-se apenas nas hipóteses de culpa 
exclusiva da vítima, força maior ou culpa exclusiva de terceiro.
A Súmula 161 do STF estipula: “Em contrato de transporte, é inoperante a cláusula de não indenizar”. 
Considera-se não escrita, portanto, a cláusula de não indenizar, chamada também de cláusula de 
irresponsabilidade.
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RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo.
TUTELA CIVIL
O CDC – art. 6o, VI, trata como direito básico do consumidor a efetiva prevenção e reparação de 
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
Assim, o CDC traz três capítulos sobre a tutela civil – cap. IV – da qualidade de produtos e serviços, 
da prevenção e da reparação de danos; cap. V – das práticas comerciais; cap. VI – da proteção contratual.
A tutela civil busca garantir ao consumidor o ressarcimento civil, a reparação dos danos sofridos e 
visa ainda impedir os danos, com mecanismos que o CDC prevê.
Então: o CDC tem artigos de natureza administrativa, penal e processual, e de direito civil (natureza 
material), para garantir, preventiva ou repressivamente, a tutela do consumidor no plano civil. Ex.: 
quando define a responsabilidade do produtor por danos causados (art. 12); quando estabelece a 
responsabilidade do fornecedor por defeito do produto ou serviço (art. 13); ao reprimir a publicidade 
enganosa (art. 37); ao assegurar a proteção contratual (art. 46 e s.).
• Outras leis, além do CDC, protegem o consumidor, em seu direito material. É a tutela civil do 
consumidor. Ex.: leis que disciplinam planos de saúde, reajuste de mensalidade escolar, aluguel, 
consórcios e leis que impedem preços cartelizados (cartel). São leis esparsas, de direito material, que 
integram a tutela de que se cuida e devem ser usadas na formulação de eventual pleito judicial.
• O CDC reforça a tutela civil. Para a ampla e efetiva proteção do consumidor, cria meios amplos e 
adequados para o ressarcimento civil.
O CDC amplia os limites da coisa julgada (de interpartes a ultra partes e erga omnes), consagra a 
responsabilidade objetiva do fornecedor, define prévia e legalmente as alternativas para o consumidor 
nas hipóteses de ressarcimento por vício do produto ou do serviço (art. 19, I a IV, e art. 20, I a III), estende 
prazos de decadência e prescrição e abre nova via processual por meio das ações coletivas para a defesa 
de interesses individuais homogêneos de origem comum (art. 91 e s.).
MÓDULO 7
Da responsabilidade civil do fornecedor.
Introdução:
As relações de consumo evoluíram nos últimos 50 anos.
A produção em massa para consumo em massa aumentou danos em potencial dos produtos e 
serviços.36
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Do pequeno comércio que produzia poucos produtos, passou-se ao grande comércio, com produção 
em série de infindáveis marcas, com qualidades e defeitos nem sempre conhecidos dos interessados.
Antes o consumidor era identificado. Agora é anônimo. Não é mais pessoal a relação de consumo. 
Não é só compra e venda o contrato usado. Há contratos antes desconhecidos, como o de leasing, 
por exemplo.
A evolução trouxe desenvolvimento e conforto – mas trouxe a insuficiência do consumidor em face 
do poder do fornecedor.
As soluções do direito comum, pressupondo igualdade de partes, não resolvem mais os problemas 
– deve haver orientação de ordem pública, de interesse social, e não disciplina de interesse privado, em 
que se presume igualdade de condições entre as partes.
A lei deve se atualizar, conforme a realidade social. O consumidor é vulnerável. Os novos problemas 
devem ser resolvidos.
Antes do CDC, as regras eram as seguintes:
1. O consumidor devia demonstrar a culpa (responsabilidade subjetiva) do fornecedor – art. 159 , 
CC/1916 e 186, CC/002.
2. O consumidor só podia acionar comerciante vendedor, e não fornecedores em geral – não tinha 
ação direta contra eles (art. 1.101, CC/1916; art. 210, CCom.).
3. Os prazos curtos de prescrição e decadência, contados da tradição da coisa, resultavam na 
dificuldade de indenização em caso de vício redibitório (art. 178, §§ 2º e 5º, IV CC/1916). E não 
havia o vício de serviço. Falava-se apenas em vício oculto de bem – vício aparente e de fácil 
constatação não geravam direito de proteção;
4. Na responsabilidade por vício redibitório só havia ação ex empto (de redibição), e quanti minoris 
(abatimento de preço), insuficientes para o interessado;
5. A persecução executória sobre o patrimônio do devedor era dificultada pela não adoção, na lei, 
da teoria da desconsideração da personalidade jurídica (hoje a desconsideração tem previsão no 
art. 50 do CC/2002).
6. O consumidor, antes do CDC, tinha o ônus da prova, o que reduzia as possibilidades de êxito.
Com o CDC, a responsabilidade do fornecedor ganha tratamento moderno e atualizado, para superar 
as insuficiências apontadas, oferecendo maior e mais efetiva proteção ao consumidor e restabelecendo 
o equilíbrio nas relações de consumo.
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RESPONSABILIDADE CIVIL
O CDC tratou da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, da responsabilidade pelo vício do 
produto e do serviço, nos serviços públicos, além de assegurar outras garantias, como a desconsideração 
da personalidade jurídica e a inversão do ônus da prova.
Da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço.
A TEORIA DO RISCO CRIADO.
Serviço e produto são úteis, indispensáveis, cômodos (utilidade, comodidade, indispensabilidade). 
Devem então funcionar de modo conveniente e adequado, e se prestar à finalidade que deles 
legitimamente se espera.
Fornecedores procuram produzir bens e serviços adequados ao consumo, seguros, eficientes e indenes 
de defeitos, utilizando-se, para tanto, de testes e controles de produção e qualidade, para eliminar ou 
reduzir (pelo menos) a colocação no mercado de produtos defeituosos.
Obs.: mesmo com diligência e rigoroso controle, ocorrem defeitos e lesões à saúde, segurança e 
patrimônio dos consumidores e usuários. Tais danos, anônimos e inevitáveis, são produzidos por coisas 
(produtos e serviços) e não por pessoas, e se repetem com frequência, conforme as estatísticas.
A modernização (carros mais rápidos, máquinas modernas) traz mais riscos. A vítima não pode 
provar a culpa. A culpa pode nem existir. Muitos danos são conexos às atividades, são inevitáveis, como 
mostram as estatísticas.
Daí a responsabilidade objetiva. A regra no Direito Civil é a da responsabilidade subjetiva (art. 
186, CC), mas no CDC, nas relações de consumo, pela dificuldade de demonstrar a prova, para 
que terceiro vítima de acidente de consumo tenha direito de indenização, para responsabilizar o 
fornecedor diretamente, a responsabilidade é objetiva (mais eficiente e adequada nas relações 
de consumo).
Também em outros países – EUA, França, Itália, Alemanha – leis e jurisprudência assumem a regra 
da responsabilidade objetiva nas relações de consumo. Bastam: ação ou omissão (evento danoso), nexo 
causal e dano, demonstrando-se, claro, a extensão do dano. Não é necessário mostrar culpa ou dolo.
A responsabilidade advém do fato de se colocar no mercado produto e serviço potencialmente 
lesivos (danosos). Danos à vítima e a terceiro são indenizados.
Quem lucra responde pelo risco – TEORIA DO RISCO CRIADO. O fornecedor assume todos os riscos de 
sua atividade. Isto garante o consumidor.
Art. 186, CC – dever geral de não causar prejuízo a outrem.
CDC: dever especial de não colocar no mercado produtos e serviços que possam acarretar riscos à 
saúde e segurança do consumidor (art. 8o. CDC).
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Unidade II
O fornecedor por causa do anteriormente referido dever especial deve:
a) não colocar no mercado produtos e serviços que impliquem riscos à saúde e à segurança, exceto 
os havidos normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição;
b) dar ao consumidor informações necessárias e adequadas a respeito do funcionamento e da 
potencialidade danosa.
Se não cumprir obrigação a ou b, tem responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, 
consoante art. 12 e 14, CDC. (responsabilidade civil do fornecedor e obrigação de indenizar 
consumidor e vítimas por causa dos defeitos nos produtos e serviços).
Obs.: os danos podem vir de qualquer das atividades típicas do fornecedor (projeto, fabricação, 
construção, montagem, manipulação ou acondicionamento, insuficiência ou inadequação de 
informações sobre uso e riscos dos produtos e serviços).
A responsabilidade em qualquer caso é clara e evidente, por causa do elo entre fornecedor e produto 
ou serviço.
Responsabilidade do profissional liberal:
A responsabilidade do fornecedor é objetiva (por fato do produto ou serviço).
Exceção: profissionais liberais. Aqui a responsabilidade é subjetiva, depende de culpa, nos termos do 
art. 14, § 4º do CDC.
Ex.: médico, advogado, dentista, enfermeiro são profissionais liberais. Nas relações de consumo, não 
têm compromisso com o resultado, que, por melhor que seja o profissional, está fora do seu controle. O 
compromisso é com técnica e diligência (obrigação de meio).
Há doutrina que entende pela responsabilidade subjetiva sem inversão do ônus da prova: a vítima 
deve mostrar a culpa do profissional. Ocorre que a responsabilidade civil no caso é contratual, que 
envolve, como regra, a inversão do ônus da prova.
Responsabilidade do empresário. Responsabilidade Civil dos Construtores e Incorporadores.
A responsabilidade é do fornecedor – o empresário, pessoa ou empresa que vendeu, ou fez a entrega, 
recebe os produtos já embalados e os entrega. Então, não tem responsabilidade.
O comerciante não testa e nem detecta defeito.
Exceções: quando o fabricante, construtor, produtor ou importador não pode ser identificado (art. 
13, I); quando o produto for fornecido sem identificação clara de seu fabricante, produtor, importador 
ou construtor (inc. II); e quando o comerciante não conservar adequadamente os produtos perecíveis 
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(inc. III) – aqui a responsabilidade é solidária. Há responsabilidade solidária pela colocação do produto 
no mercado – e o comerciante deve arcar com as consequências jurídicas correspondentes.
Pressupostos da responsabilidade:
Vimos que a responsabilidade pelo fato do produto e do serviço (regra geralpelo CDC) é objetiva.
Pressupostos:
1. ação/omissão: colocação do produto no mercado. É ato humano, comissivo, de lançar ou fazer 
ingressar em circulação comercial produto potencialmente danoso que possa causar lesões aos 
interesses dos consumidores.
Existe a obrigação de não acarretar riscos à segurança ou ao patrimônio de outrem, dever de diligente 
fabricação e advertência (art. 8o., CDC). Se não observar tal conduta, há responsabilidade pelo fato da 
colocação no mercado de produto defeituoso ou danoso (art. 12 e 14, CDC).
Não é fato antijurídico fabricar produto defeituoso. O problema é a colocação no mercado (ato 
voluntário do fabricante, nexo causal e dano).
1. Relação de causalidade – relação de causa e efeito entre colocar no mercado produto 
potencialmente danoso e o dano verificado.
2. Dano ressarcível é o prejuízo ao consumidor. Abrange danos emergentes (prejuízos efetivos, diretos 
e imediatos) e lucros cessantes (previsíveis na data da infração), conforme art. 402 e 403, CC.
Indeniza-se o produto danificado, despesas médico-hospitalares, lucros cessantes (afastamento das 
atividades), objetos e imóveis danificados, redução da capacidade laborativa ou lesão incapacitante etc.
Exclusão da responsabilidade do fornecedor.
Art. 12, §3º, CDC.
a) O fornecedor prova que não colocou o produto no mercado (inc. I). Aqui, a responsabilidade é do 
real fornecedor, que verdadeiramente colocou o produto ou serviço no mercado.
Obs.: ainda, está excluída a responsabilidade se o fornecedor não executou o serviço (exclusão sem 
previsão expressa no CDC).
b) Defeito inexistente (inc. II). Mesmo que tenha colocado no mercado o produto ou serviço, mesmo 
que haja dano. Ocorre que o dano não decorreu do defeito, tem origem em causas diversas, e não 
em defeito atribuído à coisa.
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Unidade II
Art. 14, §3º, I, CDC: para defeito inexistente em serviço.
c) Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Nesse caso, não há nexo causal entre defeito e dano. Trata-se de uso negligente e anormal do produto.
A culpa pode ser concorrente ou exclusiva da vítima para o evento danoso – na culpa concorrente, 
a responsabilidade do fornecedor não desaparece, é só atenuada (cf. art. 945 do CC – “Se a vítima tiver 
concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a 
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”).
• Hipóteses de uso negligente do produto:
• O consumidor ou usuário não segue as instruções ou advertências, emprega o produto de modo 
inadequado; ou o produto é usado por pessoa a quem a mercadoria é contraindicada.
O uso é diverso do objetivamente previsto quando:
• não se respeita o prazo de validade (usa ou consome fora do prazo);
• não se percebe vício ou defeito manifesto.
d) Nas hipóteses de caso fortuito ou força maior (art. 393, parágrafo único, CC). Para produto ou 
serviço.
Não há previsão no CDC de exclusão. Ocorre exclusão porque não há nexo causal entre defeito e dano.
Ex.: raio faz explodir o eletrodoméstico e pega fogo na casa – não há nexo causal. Não há como ligar 
defeito eventual a evento danoso.
Cláusula de irresponsabilidade, ou de não indenizar:
Proibidas por lei para reforçar e tornar efetiva a tutela do consumidor, na área de ressarcimento civil.
Há vedação taxativa: não pode se exonerar ou atenuar, ou impossibilitar a obrigação de indenização 
(art. 25).
• o fornecedor também não se exonera em caso de ignorar vícios de qualidade por inadequação dos 
produtos e serviços.
• há dispensa de termo expresso para que a garantia se efetive (art. 24).
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Tipos de defeito e campo de abrangência.
A responsabilidade pelo fato do produto e serviço é ligada à ocorrência de defeitos que, por causarem 
danos, levam à reparação.
A lei estabelece, portanto, em que casos o produto ou serviço é defeituoso (para delinear o campo 
de abrangência da obrigação de indenização).
Modalidades de defeitos que geram a responsabilidade do fornecedor:
Para produtos.
a) Defeitos de fabricação: montagem, construção, produção, manipulação ou acondicionamento 
dos produtos.
b) Defeitos de concepção: de projeto ou de fórmula.
c) Defeitos de comercialização: por insuficiência ou inadequação de informações sobre sua 
utilização e riscos (art. 12, CDC).
Obs.: a e b são intrínsecos. C é extrínseco.
Defeito é toda anomalia que, comprometendo a segurança que legitimamente se espera da fruição 
dos produtos e serviços, termina por causar danos físicos ou patrimoniais aos consumidores.
Se a anomalia compromete o funcionamento do produto ou serviço, mas não apresenta risco à 
saúde e segurança do consumidor, NÃO É DEFEITO, É VÍCIO.
Fato do produto está ligado a defeito, que, por sua vez, está relacionado a dano.
OBS.: há riscos que são normais e previsíveis, como efeitos colaterais de remédios. Neste caso, não 
se pode falar em defeito. A responsabilidade do fabricante é por riscos anormais e imprevisíveis.
Deve-se analisar a época em que o produto foi posto no mercado. Os produtos mais modernos 
são mais seguros e de melhor qualidade (ex.: brinquedos), mas isto não significa que os mais antigos 
têm defeitos.
Fundamentos: art. 12, §§ 1º e 2º, CDC.
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MÓDULO 8
DEFEITOS EM SERVIÇOS.
Relacionam-se a:
- Prestação, em qualquer modalidade, exceto de caráter trabalhista – art. 3o., §2º.
- Insuficiência ou inadequação de informações sobre fruição e riscos (art. 14).
• Cf. o CDC, é defeituoso o serviço quando não oferece a segurança que o consumidor pode dele 
esperar.
• Deve-se considerar modo de fornecimento ou de prestação, resultado e riscos razoáveis que se 
esperam do serviço e época em que foi fornecido – não se considera defeituoso pelo simples fato 
de adoção de novas técnicas (art. 14, §§1º e 2º do CDC).
Prescrição:
Cinco (5) anos. Para a reparação de danos causados pelo fato do produto ou do serviço o início do 
prazo não é a tradição ou a ocorrência do defeito, mas o conhecimento que dele teve o consumidor e 
sua autoria (art. 27 do CDC).
Só com a ciência do defeito e do seu causador é que o interessado poderá se valer da via judicial 
(não tem sentido punir o insciente).
Prescrição se interrompe e se suspende, cf. as causas do CC (art. 197 a 204).
Da responsabilidade pelo vício do produto e do serviço. Responsabilidade Civil dos Construtores 
e Incorporadores.
O CDC tratou em seções diferentes de responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, e da 
responsabilidade por vício (seções II e III do cap. IV). Cada uma tem o seu regime próprio – são diferentes.
A responsabilidade pelo fato (art. 12 e 14) é por potencialidade danosa. A responsabilidade por vício não 
inclui potencialidade danosa, apenas anomalias que afetam a funcionalidade do produto ou do serviço.
Defeito é que causa dano (risco à saúde e segurança do consumidor). Vício é que impede o uso que 
se esperava ter da coisa ou do serviço.
O vício diz respeito a qualidade ou quantidade, afetando funcionamento ou valor da coisa.
• A responsabilidade pelo fato visa preservar a integridade físico-psíquica, com ampla reparação de 
danos. A responsabilidade por vícios protege a esfera econômica – só enseja o ressarcimento cf. 
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as alternativas previstas no CDC (substituição da peça viciada, substituição do produto por outro, 
restituição da quantia paga ou abatimento do preço, cf. art. 18, caput e §1º, I a III).
Responsabilidade por vício do produto ou serviço: é a que se atribui ao fornecedor por anormalidades 
que, sem causaremriscos à saúde, à segurança do consumidor, afetam a funcionalidade do produto ou 
do serviço, nos aspectos quantidade e qualidade, tornando-os impróprios ou inadequados ao consumo 
ou diminuindo o seu valor. Também são vícios divergências do conteúdo com as indicações constantes 
do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária.
O Cód. Civil trata do vício redibitório, mas o CDC – art. 18 - amplia a proteção. Nas relações civis 
há igualdade. Nas relações de consumo, massivas e impessoais, o consumidor deve ser protegido, é 
hipossuficiente, precisa da tutela legal.
Nas relações de consumo os consumidores podem defender melhor seus direitos:
- Os prazos decadenciais para reclamar são maiores (30 ou 90 dias, cf. se trate de produto ou serviço 
não durável ou durável, nos termos do art. 26).
- A reclamação alcança além dos vícios ocultos também os aparentes e os de fácil constatação (art. 
18 e 26).
- A responsabilidade não é só do vendedor, é solidária de todos os fornecedores (fabricante, produtor, 
construtor, importador e vendedor).
Tipos de vício
Como há muitas relações de consumo, e elas são complexas, o CDC agrupou os vícios cf. a sua 
natureza:
1. Vícios de qualidade dos produtos:
São os que tornam os produtos impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes 
diminuam o valor.
Ex.: prazo de validade vencido, deteriorado o produto, alterado, adulterado, falsificado, fraudado, 
nocivo à vida ou à saúde, perigoso, em desacordo com as normas de fabricação, distribuição ou 
apresentação.
Produtos inadequados ao fim a que se destinam (art. 18, caput e §6º, I a III).
Frustra-se a legítima expectativa do consumidor; não se mostra conforme outros produtos do 
mercado; ou não são observadas normas ou padrões estabelecidos para a aferição da qualidade.
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2. Vícios de quantidade dos produtos:
Conteúdo líquido inferior ao indicado no recipiente, embalagem, rótulo ou mensagem publicitária 
(art. 19). Deve ser respeitada a variação cf. a natureza do produto.
Nessa hipótese, conteúdo, peso ou medida são diferentes do que foi indicado pelo fornecedor, e a 
quantidade inferior causa prejuízo ao consumidor, embora não altere a qualidade do produto.
3. Vícios de qualidade dos serviços:
São os que tornam os serviços impróprios para a sua fruição ou lhes diminua o valor.
Impróprios são os que se mostram inadequados ao fim que razoavelmente deles se espera (bem 
como os que não atendam às normas regulamentares de prestabilidade), cf. art. 20, caput e § 2º.
Também os que têm disparidade qualitativa entre o serviço ofertado e o executado.
4. Vícios de quantidade dos serviços:
Diferença quantitativa com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária. O serviço 
ofertado (diretamente ou por publicidade) é diferente em quantidade do serviço efetivamente prestado 
(art. 18, caput e art. 20, caput do CDC).
A garantia legal e o regime de responsabilização.
O CDC adotou o regime de garantia legal. A própria lei dá a garantia, independentemente de garantia 
contratual (art. 24, c.c/ art. 50, CDC).
Assim, o CDC determina que os produtos e serviços colocados no mercado sejam de boa qualidade: 
sem vícios ou defeitos que os tornem impróprios para uso ou consumo ou que lhes diminua o valor.
É ilícito que o fornecedor se exonere da garantia por meio de contrato.
Regra geral no CDC:responsabilidade solidária entre todos os fornecedores (vendedor ou 
comerciante que teve contato direto com o consumidor, fabricante, produtor, construtor, importador e 
incorporador). Art. 25, §2º, CDC.
Assim, fica mais fácil para o consumidor: se o fabricante é distante, move ação contra o vendedor, 
que lhe é próximo. Se o vendedor não tem condições, pode acionar o fabricante, que é mais poderoso e 
pode suportar o ônus da obrigação.
A escolha é do consumidor, o que é uma vantagem. Os réus não podem alegar benefício de ordem.
Em duas situações ocorre a responsabilização direta e imediata do fornecedor imediato:
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1. No caso de fornecimento de produtos in natura, sem identificação clara de seu produtor 
(art. 18, §5º);
2. Quando a pesagem ou a medição são feitas pelo vendedor e o instrumento usado não estiver 
aferido segundo os padrões oficiais (art. 19, §2º).
Obs.: a responsabilidade por vícios não gera indenização pecuniária por danos causados 
aos consumidor. Isto ocorre na responsabilidade pelo fato. Aqui, o escopo é garantir o perfeito 
funcionamento do produto vendido, e não a indenização do dano.
Na responsabilidade por vício o consumidor escolhe as alternativas de ressarcimento da lei:
1. Vício de qualidade no produto: (art. 18, §1º, I a III, CDC)
a) substituição das partes viciadas (conserto);
b) não sendo sanado o vício em 30 dias: substituição do produto por outro da mesma espécie, em 
perfeitas condições de uso;
Obs.: se não tiver na loja ou no mercado, o consumidor pode exigir a substituição por outro de 
espécie, marca ou modelo diversos, complementando o pagamento ou obtendo restituição da diferença 
(art. 18, § 4º, CDC).
c) restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais 
perdas e danos;
d) abatimento proporcional do preço.
2. Vício de quantidade no produto:
Peso ou medida inferiores ao anunciado.
O consumidor escolhe:
a) complemento do peso ou medida (assim é sanado o vício);
b) abatimento proporcional do preço;
c) substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios, 
devolvendo-se o produto viciado ao fornecedor. Se não for possível, substituição por outro de 
espécie, marca ou modelo diversos, complementando o pagamento ou obtendo a restituição da 
diferença (art. 19, §1º, c/c art. 18, §4º);
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Unidade II
d) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, mais eventuais perdas e 
danos (art. 19, I a IV).
3. Vício de qualidade ou quantidade em serviço:
a) Reexecução do serviço, sem custo adicional, para sanar o vício (se possível a reexecução). Também 
pode ser refeito por terceiro;
b) Restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, mais perdas e danos (o 
consumidor é ressarcido do que desembolsou);
c) Abatimento proporcional do preço, que será deduzido na medida da inexecução do serviço ou do vício 
apresentado, havendo interesse do consumidor em receber o serviço mesmo viciado (art. 20, I e II e §1º).
Obs.: no serviço de reparação de produtos o fornecedor deve empregar componentes de reposição 
originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, excetuando-
se quanto a estes últimos autorização em contrário do consumidor (art. 21). A infringência desta 
norma leva à responsabilidade civil e sanção penal (art. 70, CDC).
Pressupostos da responsabilidade por vício:
i. aquisição, pelo consumidor, do produto colocado no mercado de consumo, de fabricante ou de 
vendedor, ou contratação de serviço;
ii. ocorrência de vício de qualidade ou quantidade que comprometa a funcionalidade do produto ou 
serviço ou lhe diminua o valor;
iii. que a reclamação acerca do vício ocorra dentro do prazo fixado em lei (VEREMOS EM SEGUIDA 
OS PRAZOS).
Exclusão da responsabilidade:
O CDC é omisso quanto a tal exclusão, mas a doutrina diz:
prova de que não é o fabricante, produtor, construtor, importador, comerciante ou incorporador do 
produto ou prestador do serviço (prova que não foi ele que colocou o produto ou serviço no mercado);
prova de que o vício inexiste, embora reconheça a colocação no mercado;
decadência (decurso de prazo para reclamar, sem que seja tomada tal providência);
culpa exclusiva do consumidor oude terceiro;
caso fortuito ou força maior.
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Nesses casos de causa externa (ex.: força maior) o consumidor arca com as despesas.
Responsabilidade nos serviços públicos.
O CDC estabeleceu como princípio da Política Nacional das Relações de Consumo a racionalização e 
melhoria dos serviços públicos – art. 4o., VII do CDC.
É direito básico do consumidor a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral 
(art. 6o., X).
No campo da tutela civil das relações de consumo, no capítulo que trata da responsabilidade civil do 
fornecedor, o CDC cuidou da responsabilidade nos serviços públicos estabelecendo que:
Os órgãos públicos, por si ou por concessão, permissão, empresas, ou sob qualquer outra forma 
de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos 
essenciais, contínuos (art. 22).
Na prática ainda há muito a se fazer, quando se fala da negligência em relação a muitos serviços, 
como saúde, educação, transporte, segurança etc.
Cf. art. 22, parágrafo único, CDC: nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações 
referidas neste art., serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados.
Todos os serviços públicos são objeto de tutela, pois o CDC não diz o que está excluído ou incluído.
Há doutrina no sentido de que não se submetem à tutela do CDC os serviços públicos próprios, 
prestados diretamente pelo Estado, como a defesa nacional e a segurança pública, mantidos com o 
produto da arrecadação dos tributos em geral. Porque aqui não há em relação a tais serviços remuneração 
específica, requerimento essencial. Assim, só se submeteriam ao CDC os serviços públicos impróprios, 
prestados diretamente pelo Estado ou indiretamente, por meio de concessão, permissão ou autorização, 
na medida em que são custeados por meio de pagamento de taxas ou tarifas (ex.: serviço de água, 
energia elétrica e telefonia).
Conforme o CDC, os fornecedores, órgãos públicos ou seus delegados, estão obrigados a fornecer 
serviços adequados, eficientes e seguros e, quanto aos essenciais (para atendimento inadiável da 
comunidade), também contínuos.
Por isso respondem pelo fato (defeito) e por vício dos serviços (dois regimes de responsabilização), 
independentemente de culpa.
Ex. de defeito: informação inadequada ou insuficiente sobre fruição e riscos.
Serviço defeituoso é o que não fornece a segurança que o usuário dela pode esperar (art. 14, caput 
e § 1º, CDC).
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Unidade II
Casos de vício: serviço prestado de forma inadequada (em precárias condições), ineficiente (deveria 
funcionar, mas não funciona) e descontínua (sem regularidade de frequência e horário). O serviço deve 
ser adequado, eficiente e contínuo.
Então, órgãos públicos ou seus delegados poderão ser compelidos judicialmente a prestar serviços 
adequados, eficientes e contínuos, melhorando as condições de sua prestação, fazendo-os funcionar 
segundo o seu fim e a expectativa do usuário e restabelecendo os serviços essenciais, se eventualmente 
sofrerem descontinuidade.
* Obs.: para os serviços públicos, o CDC não coloca as alternativas de ressarcimento do art. 10 – 
por defeito [...]: aqui há reparação de danos (defeito) e possibilidade de compelir as pessoas jurídicas 
fornecedoras a cumprir as obrigações assumidas por lei ou por contrato. Não há aqui a reexecução 
dos serviços, restituição de quantia paga e abatimento proporcional do preço (art. 18, c.c/ art. 
22, caput e parágrafo único, do CDC). Também sobre este ponto há divergência doutrinária.
Da decadência e da prescrição.
Prazos de reclamação por vícios:
No CDC os prazos são maiores e há vantagem quanto ao termo inicial.
Art. 26, I e II e §§1º e 3º:
• 30 dias para produto ou serviço não durável.
• 90 dias para produto ou serviço durável.
Termo inicial: varia conforme a natureza do vício:
• aparente ou de fácil constatação: conta-se a partir da entrega efetiva do produto ou do término 
da execução do serviço.
• oculto: conta-se a partir do momento em que ficar evidenciado o defeito.
Obs.: o prazo não corre enquanto não decidida reclamação formulada perante o fornecedor, nem 
enquanto durar a tramitação de inquérito civil (art. 26, §2º, I e II do CDC).
Da desconsideração de personalidade jurídica.
Muitas vezes o consumidor é prejudicado por não alcançar o patrimônio do devedor, que se esconde 
sob a cortina de pessoa jurídica – empresa. Por isso o CDC adotou a teoria da desconsideração da 
personalidade jurídica no art. 28, §§ 2o. a 5o., CDC.
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O certo é que só há despersonalização por desvio de finalidade, fraude à lei ou abuso de direito, que 
tornam injustificável a manutenção da ficção legal de autonomia de que gozam as pessoas jurídicas em 
relação aos sócios.
Alcança-se, com isso, o patrimônio de sócios e administradores.
O mesmo ocorre em caso de falência, insolvência, encerramento ou inatividade de pessoa jurídica 
provocados por má administração, e até genericamente quando a personalidade jurídica for, de alguma 
forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados ao consumidor (art. 28, caput e §5º).
Por conta da multiplicidade atual de tipos de empresa, o CDC estabelece:
1. Cf. §3º do art. 28: solidariedade quanto a responsabilidade de empresas consorciadas – 
com idêntico controle ou não, sem perda da personalidade jurídica de cada uma delas, 
reúnem-se por força de contrato, para execução de certo empreendimento empresarial, 
na mesma etapa (consórcio horizontal) ou em diferentes etapas (consórcio vertical) de 
produção (Lei nº 6.404, art. 278., §1º).
2. Responsabilidade subsidiária das sociedades integrantes dos grupos societários; e também 
subsidiária das sociedades controladas (art. 28, §2º).
Grupo societário: constituído por convenção aprovada pelas sociedades que o compõem, cada 
sociedade conservando sua personalidade jurídica e patrimônio, e tendo por finalidade a combinação 
de recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetivos, ou participar de atividades ou 
empreendimentos comuns (Lei nº 6.404, art. 265).
Sociedades controladas: as que formam o grupo societário e também aquelas em que a controladora 
é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações 
sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores (Lei nº 6.404, art. 269, II, c/c art. 243, §2º; art. 
1.098, I e II, CC/02).
3. Sociedades coligadas – quando há participação de uma sociedade, com 10% ou mais, do 
capital da outra, sem controla-la (art. 1.099, CC/02 e 243, §1º, Lei nº 6.404) – só respondem 
por culpa nas relações de consumo. Assim, se uma infringiu relações de consumo, responderá 
independentemente de verificação de culpa, enquanto as demais coligadas só responderão se 
demonstrada a culpa.
A inversão do ônus da prova.
Ocorre para a efetiva proteção do consumidor. É direito básico – art. 6o., VII, espécie do gênero 
facilitação da defesa de direitos, que o CDC objetivou.
O consumidor é hipossuficiente e frágil, e por isso tem dificuldade em provar as alegações contra o 
fornecedor, o que antes resultava na perda do ressarcimento.
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O fornecedor controla os meios de produção, tem acesso e disposição sobre os elemento de prova. 
Fornecedor prova melhor fato ligado à sua atividade.
Nas relações de consumo, se o consumidor, autor da ação, tivesse sempre o ônus da prova, estaria 
reduzida a chance de vitória.
Requisitos para a inversão do ônus da prova:
1. Processo civil.
2. Verossimilhançanas alegações, a critério do juiz e segundo as regras ordinárias de experiência; ou 
quando for comprovadamente hipossuficiente.
Ex.: o fornecedor, quando há inversão, prova que não houve colocação no mercado; ou que não há 
nexo causal entre defeito e dano.
Obs.: o deferimento da inversão deverá ocorrer entre a propositura da ação e o despacho saneador, 
sob pena de prejuízo para a defesa do réu.
Responsabilidade das Instituições Bancárias.
Da responsabilidade civil dos bancos (estabelecimentos bancários):
A responsabilidade dos bancos encontra-se principalmente na responsabilidade contratual. O 
banqueiro e seus clientes firmam entre si contrato.
Pode também haver responsabilidade aquiliana quando da atividade bancária resulta prejuízo para 
terceiro, não cliente do estabelecimento bancário.
Os casos mais frequentes são de responsabilidade contratual, como no problema de pagamento de 
cheque falsificado.
A responsabilidade se funda no risco profissional. Implica adoção de uma responsabilidade objetiva, 
inspirada na ideia de que, se da atividade especulativa do banqueiro resulta prejuízo para seu cliente ou 
para terceiro, aquele deve repará-lo.
· Os contratos de depósito de dinheiro submetem-se às regras do mútuo, pois têm por objeto coisas 
fungíveis (depósito irregular). O banco responde se ocorrer o pagamento do cheque falsificado porque o 
depósito bancário é depósito irregular, depósito de coisas fungíveis, em que os riscos da coisa depositada 
ficam por conta do depositário, aplicando-se a lei referente ao mútuo (art. 645 do CC/2.002).
Sem culpa de qualquer das partes, o banco deve suportar os prejuízos. Assumir os riscos é 
assumir a obrigação de vigilância, garantia ou segurança sobre o objeto do contrato. O banqueiro se 
comprometeu a guardar a coisa e restituí-la sã e salva (como no contrato de transporte, em que o 
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transportado deve chegar ao seu destino são e salvo), no momento em que o depositante a exigisse, sem 
poder então o banqueiro recorrer a nenhuma escusa.
O banco e não o correntista é que sofre o prejuízo, porque o crime de falsificação (cheque falsificado) 
se perpetra contra o banco, e não contra o correntista. O pagamento se faz com fundos do banco, e 
não do correntista. O cliente nem sabe do crime, para poder evitar que ele ocorra (mesmo que o banco 
também não tenha elementos para evitar que o crime produza efeitos, a situação do banco é menos 
desvantajosa que a do cliente).
Muitas vezes a falsificação é grosseira, há culpa do banco (cf. RT 274/692, RT 282/369 e RT 285/817).
Quando o cliente concorreu por sua culpa para a falsificação, mas esta poderia ser facilmente 
descoberta, há culpa concorrente e, nesse caso, a indenização se divide pela metade, ou na proporção 
das devidas culpas.
Ex.: cheque falso, em que a falsificação da assinatura é feita pelo preposto do cliente – o cliente 
(depositante do dinheiro) tem culpa de entregar ao preposto irresponsável o talão de cheques para 
preenchimento e o serviço do banco é deficiente por não verificar as firmas dos cheques apresentados 
(culpa concorrente: o depositário, banco, paga metade dos prejuízos sofridos pelo correntista – RT 
256/137: Decisão mantida no Tribunal, com voto vencido).
Se a culpa é só do cliente, que agiu com negligência ou imprudência, havendo comportamento 
normal do banco, não há indenização (RT 410/151 e 271/179). Nesta última a falsificação é habilmente 
feita, e o banco então não tem culpa pelo pagamento, além de se configurar a negligência do cliente.
Quando não há culpa nem de um e nem de outro – ex.: o falsificador obtém cheque avulso, 
preenchido na hora, com assinatura extremamente parecida com a de um cliente, cabe ao banco arcar 
com prejuízo, vez que foi a vítima do crime.
Súmula do STF n. 28: o estabelecimento bancário responde pelo pagamento de cheque falso, salvo 
na hipótese de culpa exclusiva ou concorrente do correntista.
O CDC é aplicável às relações bancárias, sem prejuízo da competência do BACEN para dispor 
sobre juros. O quanto o banco pode cobrar de juros é matéria de direito bancário e de política monetária. 
O CDC se aplica para as relações de consumo e o BACEN tem competência para definir as taxas de juros.
A Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif) questionava a constitucionalidade da 
aplicação das normas do CDC às operações bancárias porque o 192 da CF estabelece que lei complementar 
do Sistema Financeiro Nacional deve existir, e o CDC não é lei complementar (não pode se aplicar ao 
Sistema Financeiro Nacional).
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Responsabilidade aquiliana dos bancos:
Art. 186, CC.
A responsabilidade contratual é a mais comum, quando se trata de responsabilidade dos bancos 
(geralmente se dá pelo descumprimento do contrato entre o banco e o cliente), mas pode haver 
responsabilidade aquiliana.
Neste caso lesa-se interesse de terceiros.
A culpa do banco é essencial para caracterizar a sua responsabilidade.
Ex.: há julgado do Rio Grande do Sul (RT 410/379) em que certo comerciante antes de vender a prazo 
dois caminhões para um cliente perguntou ao banco sobre a idoneidade do mesmo. O funcionário do 
banco maliciosamente falou que o cliente era bom, quando o sabia insolvente. Em acórdão de embargos 
infringentes reconheceu-se a culpa do banco pelo ato de seu preposto.
Banco responde por dano moral pelo protesto indevido de título de crédito; ou por inserir sem 
razão o nome do devedor no rol de devedores inadimplentes – art. 5º, V e X das CF. Para Nery, o 159 do 
CC/1916 já era fundamento para a indenização por dano moral.
O 186 do CC trata do dano moral.
A pessoa jurídica também pode neste caso sofrer o dano moral.
A fixação do valor fica a critério do julgador.
A inscrição indevida no SERASA em consequência do protesto indevido enseja a indenização. O valor 
deve punir quem indevidamente promoveu o ato e ressarcir a parte atingida. A condenação por dano 
moral deve ser arbitrada com moderação, proporcionalmente ao grau da culpa, ao porte empresarial das 
partes, suas atividades empresariais, e ainda ao valor dos negócios. O juiz encontra critérios na doutrina 
e na jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e bom senso, atento à realidade 
da vida, à situação econômica atual e às peculiaridades de cada caso. O STJ controla o valor arbitrado 
em cada caso, aumentando-o ou baixando-o.
Obs.: O protesto indevido dá direito à indenização por dano moral à pessoa jurídica. E não há necessidade 
de provar abalo à honra e à reputação sofrida pela autora – esta é facilmente presumida. O valor deve ser 
fixado sem excessos, evitando-se enriquecimento sem causa da parte atingida pelo ato ilícito.
Responsabilidade dos sócios pela desconsideração da pessoa jurídica:
Na jurisprudência há 30 anos se aplica a teoria da despersonalização. Fábio Ulhoa Coelho acha que 
o CC/2002 fez bem em trazer a regra no art. 50.
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RESPONSABILIDADE CIVIL
Art. 50 do CC/2002: em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do MP quando 
lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam 
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Correspondência legislativa: art. 28, CDC; CTN; e art. 2º da CLT.
Obs.: os bens do sócio de uma pessoa jurídica não respondem solidariamente por dívidas fiscais 
da sociedade. A responsabilidade tributária do sócio-gerente, administrador, diretor etc. só há quando 
ocorre dissolução irregular da sociedade ou se comprova infraçãoà lei praticada pelo dirigente. Não 
responde por dívida tributária o sócio que se desligou regularmente da sociedade comercial, não tendo 
praticado excesso de mandato ou infração a lei, contrato ou estatutos (RT 778/211).
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000
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