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1 Profª Dayse Mendes Gestão da Inovação e Tecnologia Aula 5 Conversa Inicial O objetivo geral dessa aula é compreender o funcionamento de políticas públicas e de programas voltados ao incentivo e financiamento de inovação no Brasil Os objetivos específicos são: A compreensão do que são políticas públicas e programas O conhecimento da legislação brasileira pertinente às politicas de inovação A descrição das políticas de incentivo e financiamento nacionais A descrição dos principais programas nacionais voltados à inovação e tecnologia O entendimento dos financiamentos à inovação Políticas públicas e programas Uma política pública é um conjunto de diretrizes que delineiam a ação governamental e estão baseadas, dentre outros elementos, na legislação, em ordens executivas, e em sistemas de controles institucionais. Camilo Torres / Shutterstock 2 As políticas públicas são formadas por um conjunto de ações estratégicas associadas a instrumentos para sua execução, pela alocação de recursos para obtenção de resultados e pela ação de agentes governamentais, da sociedade civil organizada ou de agentes de mercado (Procopiuck, 2013) Execução das políticas públicas CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS Decisão Soluções alternativas A, B, C, D Inclusão na agenda pública Identificação do problema público Avaliação Planejamento da execução Monitoramento Implementação da política Fonte: http://blogdotear.blogspot.com/ 2017/05/politicas-publicas-e-acesso-aos.html http://nucleodecidadaniaativa.blogspot.com/ 2017/02/brasil-passo-passo-iv-politicas- publicas.html As políticas públicas normalmente são apresentadas como programas de ação governamental em um dado setor social ou espaço geográfico. Essas ações são denominadas de ações orçamentárias Ações orçamentárias Programas temáticos Programas de gestão, manutenção e serviços do Estado Programas especiais Programas de governo Tipos de programas Legislação para a inovação tecnológica O processo de desenvolvimento de uma nova tecnologia e sua implementação no mercado trazem uma série de incertezas e de riscos que podem ser gerenciados por meio do entendimento das ligações existentes entre todas as atividades que envolvem a inovação, da pesquisa básica à comercialização Relações entre atividades de inovação 3 Cadeia de relações Fonte: Kline e Rosenberg, 1986, p.289 Pesquisa Mercado Potencial Inventar e/ou produzir escopo do projeto Detalhar projeto e testar Reprojetar e produzir Distribuir e Comercializar Conhecimento Para que essas relações ocorram da maneira mais eficaz possível é que se promovem políticas de inovação. Tais políticas consistem em diversos instrumentos de incentivo à inovação, incluindo uma série de leis que abordam o tema Políticas de inovação e legislação Lei n. 10.973 de dezembro de 2004, regulamentada em 11 de outubro de 2005 pelo Decreto n. 5.563 “Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional do País” (Brasil, 2004) Lei da Inovação Lei n. 11.196 de 2005 Lei que, entre outras disposições, proporcionou incentivos à inovação tecnológica Lei do Bem Lei n. 13.243 de 2016 Esta lei avança em diversos pontos na promoção de um ambiente regulatório mais seguro e estimulante para a inovação no Brasil. Entre eles, destacam-se: A formalização das ICTs privadas (entidades privadas sem fins lucrativos) como objeto da lei Código de Ciência, Tecnologia e Inovação A ampliação do papel dos NITs, incluindo a possibilidade de que fundações de apoio possam ser NITs de ICTs A diminuição de alguns dos entraves para a importação de insumos para pesquisa e desenvolvimento (P&D) A formalização das bolsas de estímulo à atividade inovativa, entre outros (Rauen, 2016, p. 24) 4 Embora haja avanços visíveis em relação à legislação anterior, o atual marco legal nacional da inovação parece partir de uma premissa science-push em que as iniciativas de inovação partem das universidades e instituições de pesquisa e de seus pesquisadores, para o sistema produtivo nacional Tal premissa desconsidera o dinamismo dos processos de pesquisa e de produção de novas tecnologias e a necessidade de estimular o aumento da participação empresarial no processo inovativo (Rauen, 2016, p. 24) Políticas de inovação: financiamento e incentivos No Brasil, o papel do setor público no financiamento do desenvolvimento foi sempre marcante, ao contrário do observado em outras economias, nas quais o financiamento privado, via crédito de longo prazo e mercado de capitais, representa também papel relevante nessa missão (Buainain, 2017) A importância do Estado na inovação Políticas de apoio indireto Políticas de apoio direto Tipos de política de apoio Políticas de inovação POLÍTICAS INSTRUMENTOS DE 2015 Isenção fiscal(1) Lei de informática (Leis nº 8.248/1991, nº 10.176/2001 e n° Lei 11.077/04) 5.022 Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005) 1.835 PD&I no setor automotivo (Leis n° 12.407/11 e n° 12.715/12 e Decreto n° 7.819/12) 2.850 Outras isenções (²) 877 Crédito subsidiado para a inovação (desembolsos) Operado pela FINEP 2.603 Operado pelo BNDES (³) 4.501 Investimento público em C&T Dispêndios totais do governo federal em C&T 33.845 P&D obrigatório de setores regulados P&D ANEEL 392 (4) P&D ANP 1.030 Fontes: Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC); Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP); CGEE (2015); Agência Nacional de Petróleo (ANP). Tabela extraída (atualizada e adaptada) de Zuniga (2016). (1)Estimações feitas pela Receita Federal do Brasil. Disponível em: http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/renuncia- fiscal/demonstrativos- -dos-gastos-tributarios/arquivos-e-imagens/DGTEfetivo2014FINAL.pdf. (2) Entidades científicas sem fins lucrativos, máquinas e equipamentos – CNPQ, PADIS, PATVD, pesquisas científicas – AFRMM e TI e TIC. (3) Excluídos os valores repassados para a FINEP. (4) Dados de 2012 disponibilizado por CGEE (2015). Apesar das novas políticas que vêm surgindo no Brasil, em especial a partir da promulgação da Lei da Inovação, ainda existem muitos problemas a serem suplantados para que o Brasil se torne uma nação com capacidade inovadora, tais como um ambiente econômico propício para a inovação, a existência de uma infraestrutura real de suporte aos processos inovadores ou uma formação mais adequada de cientistas e pesquisadores 5 Programas de inovação e tecnologia A cada quadriênio, o governo federal brasileiro institui o PPA – Plano Plurianual, por meio de lei O mais recente diz respeito aos anos de 2016-2019 PPA O PPA 2016-2019 é o planejamento governamental que “define diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada, com o propósito de viabilizar a implementação e a gestão das políticas públicas” e, dentre suas diretrizes, busca-se o “estímulo e a valorização da educação, ciência, tecnologia e inovação e competitividade” (Brasil, 2016) Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas Programa StartUp Brasil SIBRATEC Energia Nuclear Sirius Programas para inovação e tecnologia A manutenção desses programas e da criação de novos programas relativos à inovação é essencial ao país, visto que a ciência, a tecnologia e a inovação (CT&I) são fundamentais para o desenvolvimento, o crescimento econômico e a geração de empregos Financiamento à inovação 6 Um financiamento para a inovação é um recurso monetário, normalmente conseguido em fontes externas à organização, para que se possarealizar um projeto inovador O que é um financiamento? As atividades passíveis de financiamento voltadas para a área de inovação e tecnologia estão disponíveis no Brasil para instituições de pesquisa, universidades, indústrias, associações, sociedades, organizações não governamentais (ONG's), entre outros tipos de organizações Quem recebe financiamento? Os principais órgãos de fomento no país, conforme Menezes et al (2014) são a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) Além do BNDES e da FINEP, pode-se destacar como principais órgãos financiadores nacionais o Banco da Amazônia S/A (BASA), o Banco do Brasil S/A (BB), o Banco do Nordeste do Brasil S/A (BNB) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Principais órgãos de fomento Atividades passíveis de financiamento CNPq FINEP BNDES BB BASA BNB Capacitação e treinamento de recursos humanos X X X X X Contratação temporária de recursos humanos especializados X Utilização de serviços de consultoria técnica X X X X Utilização de especialistas visitantes X Estágios e visitas técnicas X Implantação de laboratórios de desenvolvimento X X X X X Desenvolvimento de produtos e processos X X X X X Transferência de tecnologia X X X X X Estudos técnicos e de viabilidade de projetos X X X X Implantação de sistema de qualidade X X X Desenvolvimento de banco de dados X X Capacitação em gestão tecnológica X X X X X Fonte: Valentim, 2015, p.5-6 Fonte: Valentim, 2015, p.5-6 Atividades passíveis de financiamento CNPq FINEP BNDES BB BASA BNB Aquisição de máquinas e equipamentos X X X Participação em feiras como expositor X X X Colocação de produtos inovadores no mercado X X X X Capital de giro X X X Capitalização de empresa (participação acionária) X Importação de máquinas e equipamentos X X Exportação de produtos e serviços X X X Conservação do meio ambiente X X Desenvolvimento de software X Design X Educação básica para o trabalhador X Implantação de sistemas para gestão de impacto ambiental X Os elevados custos de capital para o investimento no Brasil, aliados aos custos ainda maiores dos projetos de inovação, constituem uma barreira importante à inovação no Brasil. Além de taxas de juros mais baixas, é necessário reduzir também a “assimetria de informação e outras falhas de mercado que, em última instância, fazem com que o custo do financiamento à inovação seja maior do que o financiamento ao investimento convencional” (Negri, 2018, p. 92) 7 Referências Políticas públicas e acesso aos serviços e ofertas à população. Blog do Tear. 3 mai. 2017. Disponível em: <http://blogdotear.blogspot. com/2017/05/politicas-publicas-e-acesso- aos.html>. Acesso em: 7 fev. 2019. BRASIL. Lei n. 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 3 dez. 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ _Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm>. Acesso em: 7 fev. 2019. BRASIL. Lei n. 13.249, de 13 de janeiro de 2016. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 14 jan. 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br /ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/L13249. htm>. Acesso em: 7 fev. 2019. BUAINAIN, A. Desafios do financiamento à inovação no Brasil. In: COUTINHO, D.; FOSS, M. C.; MOUALLEM, P. S. B. (org.). Inovação no Brasil: avanços e desafios jurídicos e institucionais. São Paulo: Blucherr, 2017. KLINE S. J.; ROSENBERG N. An Overview of innovation. In: LANDAU, R.; ROSENBERG, N. The positive sum strategy. Washington: National Academy Press, p. 275 - 305, 1986. NEGRI, F. de. Novos caminhos para inovação no Brasil. Washington: Editora Wilson Center, 2018. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/ portal/images/stories/PDFs/livros/livros/1806 15_novos_caminhos_para_a_inovacao_no_brasil .pdf>. Acesso em: 7 fev. 2019. PROCOPIUCK, M. Políticas públicas e fundamentos da administração pública: análise e avaliação, governança e redes de políticas, administração judiciária. São Paulo: Atlas, 2013. RAUEN, C. V. O novo marco legal da inovação no Brasil: o que muda na relação ICT-empresa? Revista Radar, Brasília, v. 43, fev. 2016. VALENTIM, M. L. P. Estrutura governamental federal de fomento à C&T: conteúdos informacionais e bases de dados. Disponível em: <http://www.brapci.inf.br/_repositorio/2010/ 11/pdf_c517a2f806_0013356.pdf>. Acesso em: 7 fev. 2019.
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