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Responsabilidade Socioambiental (e-book) ava unidades 1,2,3,4,5,6,

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ser 
educacional 
gente criando o futuro 
Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz 
Diretor-presidente Jânyo Diniz 
Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo 
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz 
Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira 
Autoria Bruno Fonseca da Silva 
Camila Bolfarini Bento 
Projeto Gráfico e Capa DP Content 
DADOS DO FORNECEDOR 
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design lnstrucional, 
Edição de Arte. Diagramação. Design Gráfico e Revisão. 
© Ser Educacional 2020 
Rua Treze de Maio, nº 254. Santo Amaro 
Recife-PE -CEP 50100-160 
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. 
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.0 9.610/98 e punido pelo 
artigo 184 do Código Penal. 
Imagens de ícones/capa:© Shutterstock 
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® 
<g) 
© 
1 
ASSISTA 
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple­
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. 
1 CITANDO 
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado. 
1 CONTEXTUALIZANDO 
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; 
demonstra-se a situação histórica do assunto. 
1 CURIOSIDADE 
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado. 
1 DICA 
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. 
1 EXEMPLIFICANDO 
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. 
1 
EXPLICANDO 
Expllcaçao, eluc1daçao sobre uma palavra ou expressao específica da 
área de conhecimento trabalhada. 
Unidade 1 -Aspectos introdutórios da temática socioambiental 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13 
lntrodução .............................................................................................................................. 14 
Os problemas ambientais da atualidade ..................................................................... 16 
A interdisciplinaridade nas questões ambientais ...................................................... 19 
Um convite para repensar o amanhã ........................................................................... 21 
Conceitos e definições ........................................................................................................ 22 
Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e 
no mundo ................................................................................................................................ 32 
Movimentos mundiais ......................................................................................................... 34 
Sintetizando ........................................................................................................................... 38 
Referências bibliográficas ................................................................................................. 39 
Unidade 2. Aspectos legais e ações globais para o desenvolvimento sustentável 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 42 
Responsabilidade socioambiental ................................................................................... 43 
O nascimento do mundo globalizado e a questão socioambiental ......................... 44 
A responsabilidade socioambiental como compromisso da modernidade .......... 46 
A responsabilidade socioambiental governamental, cidadã e empresarial ......... 47 
Aspectos legais .................................................................................................................... 50 
Leis socioambientais brasileiras .................................................................................. 51 
A responsabilidade socioambiental além das exigências legais .......................... 52 
Desenvolvimento sustentável ............................................................................................ 54 
Ações globais rumo ao desenvolvimento sustentável .............................................. 56 
As três dimensões da sustentabilidade ....................................................................... 6 0 
Debates mundiais ................................................................................................................. 61 
Agenda 21 ......................................................................................................................... 62 
Agenda 2030 ..................................................................................................................... 6 3 
Contexto atual ....................................................................................................................... 65 
Ecoeficiência .................................................................................................................... 6 6 
Os 7 R's da sustentabilidade .......................................................................................... 6 7 
Sintetizando ........................................................................................................................... 68 
Referências bibliográficas ................................................................................................. 69 
Unidade 3- Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 72 
Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão .................................. 73 
Ações de gestão interna ................................................................................................ 7 4 
Ações de gestão externa ............................................................................................... 7 5 
Paradigma econômico, social e ambiental ................................................................. 7 8 
Empresa sustentável ....................................................................................................... 7 9 
Modelos de gestão ambiental ....................................................................................... 81 
Gestão e as políticas socioambientais ........................................................................ 82 
Princípios, códigos e regulamentos das políticas socioambientais empresariais .. 84 
Indicadores, certificações, tecnologias e instrumentos de gestão ........................... 86 
Fontes de orientação estratégica ................................................................................. 87 
A Norma ISO 26000 .......................................................................................................... 88 
Indicadores e índices de sustentabilidade ................................................................. 92 
Tecnologias resultantes da gestão ambiental ............................................................ 9 4 
Marketing ambiental ........................................................................................................... 95 
Tendências mundiais sobre o perfil do consumidor .................................................. 9 6 
Iniciativas d e marketing ambiental .............................................................................. 9 7 
Sintetizando ........................................................................................................................... 98 
Referências bibliográficas .................................................................................................99 
Unidade 4 - Cooperativismo, atuação conjunta e promoção do desenvolvimento 
socioambiental 
Objetivos da unidade ......................................................................................................... 102 
Cooperação, articulações intersetoriais e promoção do desenvolvimento ............... 103 
O sistema cooperativista e a responsabilidade socioambiental ........................... 104 
A abordagem intersetorial na elaboração de políticas socioambientais ................ 107 
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e o terceiro setor .................... 110 
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental, saúde e educação .................... ..113 
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e redes .............. 114 
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e a ciência ................. 116 
Promoção do desenvolvimento: o papel da educação ambiental ........................ 117 
Desafios da prática e tendências ................................................................................... 123 
Tendências das organizações na busca da responsabilidade socioambiental. ................. 123 
Sintetizando ......................................................................................................................... 126 
Referências bibliográficas ............................................................................................... 128 
As questões sociais e ambientais adentram o século XXI transpassando as 
barreiras acadêmicas. o tema ganha forma e passa a ser debatido não somente 
em grandes eventos, conferências e afins, mas também compõe o discurso po­
lítico e as rodas de diálogo, e dele tomam parte pessoas de diferentes graus de 
conhecimento. O mundo das artes - músicas, poesias, peças teatrais, novelas -
"firma" um compromisso, denunciando e levando o conhecimento de forma po­
pular. O distanciamento entre sociedade e ambiente passa a ser gradativamente 
erradicado e dá margem a uma nova visão, denominada socioambiental. 
Antes de qualquer titulação ou posto empregatício, somos cidadãos e te­
mos reponsabilidade com nosso meio de convívio e com as causas socioam­
bientais. Temos o compromisso de reestruturar nossas formas de pensamento 
e nosso conhecimento, pois, no decorrer da História, a ideia de hierarquização 
da sociedade sobre o ambiente, ou dentro do próprio âmbito social, acarretou 
reflexos desastrosos. Mesmo em passos lentos, caminhamos rumo à constru­
ção socioambiental de maneira digna; contudo, para entender como isso ocor­
reu, é necessário fazer uma linha do tempo, compreendendo o histórico e o 
surgimento dos conceitos e seus fundamentos. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
O professor Bruno Fonseca da Silva é 
graduado em Geografia (Licenciatura) 
e Mestre em Desenvolvimento e Meio 
Ambiente pela Universidade Federal de 
Pernambuco, atuando desde 2013 em 
estudos relacionados às ciências am­
bientais. Suas pesquisas concentram­
-se no monitoramento ambiental, por 
meio da análise de elementos químicos, 
radioisótopos e compostos orgânicos 
para avaliação da qualidade do ar - utili­
zando organismos vivos (líquens) - e do 
solo. Tem publicações, participações em 
eventos científicos e ministração de cur­
sos e palestras. 
Currículo Lattes: 
http:/ /lattes.cn pq. br/3215963517080495 
Dedico este livro a todos que buscam compreender e se preocupam com as 
causas ambientais - e principalmente aos cientistas da sociedade civil, que 
defendem e procuram solucionar problemas sobre a temática. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
A professora Camila Bolfarini Bento 
é Doutora e Mestre em Biotecnologia 
e Monitoramento Ambiental pela Uni­
versidade Federal de São Carlos (2020), 
licenciada em Biologia (2020) e Bacha­
rel em Engenharia Agronômica pela 
Universidade Estadual Paulista (2012). 
Currículo Lattes: 
http://lattes.cn pq. br/3230386423166043 
Dedico este trabalho aos meus professores, por todos que acrescentaram 
conhecimento teórico e prático desde a minha formação de base até a pós­
graduação. Agradeço por serem profissionais tão dedicados nessa árdua e 
nobre tarefa de formar pessoas intelectual e socialmente. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
UNIDADE 
ser 
educacional 
Objetivos da unidade 
Introduzir a temática social e ambiental e realizar uma reflexão sobre os 
problemas atuais, para descobrir quais os motivos de o tema ser debatido 
atualmente; 
Explanar conceitos importantes e apresentar as respectivas definições sobre 
o tema socioambiental; 
Conhecer os movimentos existentes que fundamentam o debate 
socioambientalista mundial. 
Tópicos de estudo 
Introdução 
• Os problemas ambientais da 
atualidade 
• A interdisciplinaridade nas 
questões ambientais 
• Um convite para repensar o 
amanhã 
Conceitos e definições 
Histórico dos debates 
a respeito de ética e 
responsabilidade social no 
Brasil e no mundo 
Movimentos mundiais 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
O Introdução 
Atualmente, a humanidade apresenta forte 
preocupação com as questões ambientais. No 
sentido restrito, utilizamos o termo "ambien­
te" para nos referirmos aos aspectos da natureza, 
como a água, as plantas, os "animais"; mas conside­
ramos a "sociedade" como algo à parte, como se não 
houvesse um elo entre ambos. Qual motivo, porém, para 
inserimos aspas nos respectivos termos? 
•• 
Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus sig-
nificados. Quando abordamos a palavra "animais", em certo ponto, infe­
riorizamos as demais espécies por sermos seres pensantes - mas, nisso, 
fracassamos. Nós nos consideramos inteligentes; porém, não sabemos 
respeitar o meio em que vivemos. Somos definidos como sociais; todavia, 
negligenciamos o respeito à opinião, a escolha, ao status social do outro. 
Nessa direção, chegamos ao limite: da abundância de recursos naturais, 
mas também do preconceito, iniciando uma corrida contra o tempo para 
equilibrar a balança, e alcançarmos a harmonia. 
Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemen­
te de outras espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao 
outro, fazendo com que se estruture uma pirâmide social (Figura 1), o que, 
em determinados momentos, acarreta discriminação. 
No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se 
a temática é ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com outra: 
afinal, somos também ambiente? Se a resposta for positiva, o 
que nos levaria a pensar que questões sociais não são dis­
cutidas na temática ambiental? O primeiro exer­
cício necessário é a reflexão de que não existe 
diferença entre sociedade e ambiente: ser hu­
mano e o seu meio constituem algo mútuo 
e unitário. A compreensão é aparentemente 
simples, mas torna-se complexa ao tentarmos 
colocá-la em prática. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
Classe A 
Classe B 
Classe C 
Renda mensal 
acima RS 14.695 
Renda mensal 
RS 4.720 a RS 14.695 
Renda mensal 
RS 1.957 AR$ 4.720 
37,4% 
da renda nacional 
Classe D/E 
Renda mensal 
até RS 1.957 
Figura 1. Modelo de pirâmide social brasileira, classificada pela renda. Fonte: IBGE (2015) apud Mussi, 2017, p. 20. 
Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a abordar 
esse discurso socioambiental com afinco. Talvez seja a busca pela sensi­
bilização social, não se restringindo à conscientização. Sensibilizar a po­
pulação às questões socioambientais procura estimular seu engajamento 
e trabalho efetivo, com a finalidade de um ambiente de melhor convívio. 
Deve-se, por sinal, compreender que a palavra trabalho não está restri­
ta às relações de emprego, mas a toda e qualquer atividade socioambien­
tal realizada. Para melhor compreensão, pode-se afirmar que a produção 
do conhecimento e o desligamento histórico entre sociedade e ambiente 
são formas de trabalho. Dessa forma, o trabalho é o produtodos fenôme­
nos e da relação entre sociedade e natureza, que procura atingir alguma 
meta ou objetivo. Essa finalidade é denominada teleologia. 
CONTEXTUALIZANDO 
A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para 
elaboração da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos 
homens: trabalho e ser social. O enredo da obra baseia-se na concepção 
de trabalho como processo de complexidade do ser social e no trabalho 
abstrato (força produtiva). A abordagem da obra é de cunho filosófico e 
sociológico, e convida-nos a conhecer e ampliar a visão sobre o tema 
(LESSA, 2012). 
Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que temos 
com o nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais que o envolvem. 
RESP0NSABILI0ADE SOCIOAMBIENTAL. 
Compreender esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de di­
versas áreas - humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual traz 
uma forma de construção de conhecimento - nem sempre convergente -, e 
essa contradição, ou contraposição de ideias tem a capacidade de formar no­
vos conhecimentos. É o que se denomina dialética. 
Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento, pois 
o ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira, a implementa­
ção do método cartesiano como forma de compreender melhor os fenômenos 
que nos rodeiam acarretou alguns problemas: com o formato de fragmentação 
do conhecimento, precisamos, agora, unir as diversas ciências, algo de suma 
importância para compreendermos o ambientalismo. 
CITANDO 
Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética, publi­
cada pela primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem estrutural 
histórica, filosófica e sociológica sobre o tema, traz a seguinte definição 
de dialética pelo autor: "O modo de pensarmos as contradições da rea­
lidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente 
contraditória e em permanente transformação" (KO NO ER, 2008, p. 8) . 
• 
Os problemas ambientais da atualidade 
A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica sé­
rios problemas ambientais. Para movimentar a "máquina" financeira e se tor­
narem concorrentes, as grandes empresas buscaram o lucro e se ausentaram 
das questões do ser humano e seu meio. É complexo afirmar que os governos 
são responsáveis pelo desenvolvimento regional, pois, durante o processo his­
tórico, em especial após a Segunda Guerra Mundial, as grandes corporações, as 
multinacionais, iniciaram uma espécie de regência econômica global. Em geral, 
torna-se perceptível a necessidade das indústrias e do setor de serviços para a 
manutenção de empregos, geração de rendas e afins. 
Uma indústria multinacional, ao se instalar, por exemplo, em determinada 
cidade, ocasiona o surgimento de outras pequenas empresas que lhe darão su­
porte produtivo (peças, tecidos ou qualquer tipo de matéria-prima). Também 
ocorrerá a ampliação do comércio e outros meios de serviços, devido à chegada 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
de novos moradores ou visitantes, ampliando a abertura de hotéis, restauran­
tes, entre outros. Além disso, os gestores regionais procuram melhorar os ser­
viços básicos, principalmente aqueles relacionados ao transporte, o que facilita 
a locomoção. Isso demonstra a formação de uma cadeia que, com o passar dos 
anos, gera maior engajamento. 
Aparentemente, todo esse processo parece positivo; contudo, há, também, 
um lado obscuro. A falta de preocupação com o meio físico ocasionou a devas­
tação de florestas, ameaçando a sobrevivência de espécies. Essa remoção de co­
bertura vegetal também ocasionou a degradação dos solos, bem essencial à ma­
nutenção da vida, assim como dos recursos hídricos, que foram poluídos - em 
ambos os casos, com consequências consideradas irreversíveis. A exploração de 
bens minerais tornou-se altamente crescente, mas a manutenção dos recursos 
não pôde acompanhar a demanda. 
Além disso, o fenômeno da urbanização ocasionou aumento demasiado na 
geração de resíduos sólidos e efluentes, bem como a constante emissão de parti­
culados atmosféricos (orgânicos e inorgânicos), por meio dos gases emitidos por 
indústrias, transportes e pela realização de queimadas (Figura 2). 
Figura 2. Ilustração dos problemas ambientais da atualidade. Fonte: SOUZA, 2014. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
Não somente as questões relacionadas ao meio físico, porém, registraram 
impactos. A necessidade de mão de obra acarretou a busca por pessoas de 
outras regiões que aceitassem empregos exploratórios, suJeitando-se a uma 
elevada carga de trabalho e a baixos salários. Os resultados desse processo fo­
ram xenofobia e inferiorização do trabalho feminino, e o preconceito contra 
raça e gênero tornou-se crescente. O status social e profissional paira sobre 
o ambiente, dando margem à inferiorização. Mesmo assim, os subgrupos, co­
mentados anteriormente, foram incorporados socialmente e ganharam força, 
mas sabemos que esses problemas ainda se encontram presentes, embora as 
legislações e os movimentos para mudanças se encontrem ativos e tenham 
obtido resultados positivos. Todavia, muito ainda precisa ser feito. 
CURIOSIDADE 
A história de Marie Curie é inspiradora. Nascida em 1867, na Polônia, 
desafiou todos os preconceitos existentes quanto à interiorização social 
da mulher. Realizou um trabalho crucial sobre a radioatividade, sendo a 
primeira mulher, e a única pessoa no mundo, a ganhar o Prêmio Nobel 
duas vezes em categorias científicas distintas, química e física. Lutou 
contra toda forma de discriminação e preconceito, e seu legado científico 
é reconhecido e aplicado até os dias atuais, principalmente nas áreas de 
física, química e na medicina. 
É importante perceber que as atividades relacionadas à economia estarão 
sempre interligadas aos problemas socioambientais. A empregabilidade e a ne­
cessidade de circulação financeira elevam as relações no interior da sociedade 
e o meio físico. 
A educação é uma ferramenta "libertadora" para a erradicação dos pro­
blemas apresentados; entretanto, as falhas nesse processo são enormes. O 
esquecimento de que educar é a principal ferramenta para a formação de ci­
dadãos é uma das principais delas. A realização de mudanças deve ser iniciada 
a qualquer momento, por mais simples que seja a atitude; porém, a educação 
será crucial e terá impactos na construção de um novo futuro. 
As questões relatadas implicam sérias consequências para um bom desen­
volvimento socioambiental. A saúde humana é a principal impactada e motivo 
de estudos em diversos países. Um dos temas trabalhados em países desen­
volvidos é a influência das questões socioambientais na população, pois é per-
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
ceptível o crescimento do número de mortes por câncer devido à poluição, da 
procura por psicólogos e psiquiatras devido a problemas de relacionamento 
etc. - e isso influencia a qualidade de vida e bem-estar do ser humano. As me­
lhorias surgirão primeiramente da sensibilização, e posteriormente no traba­
lho para modificação - formas de ação denominadas práxis. 
DICA 
A práxis é o processo da junção entre teoria e prática. A explanação des­
se conceito foi realizada no trabalho realizado por Pereira e colaboradores 
(2016), chamado: "O conceito de práxis e a formação docente como ciên-
cia da educação". Mesmo com uma abordagem mais voltada à pedagogia, 
os autores procuram apresentar os princípios fundamentais do conceito. 
O A interdisciplinaridade nas questões ambientais •• 
Os meios de comunicação facilitaram nossa percepção sobre o sistema cau­
sa-efeito dos problemas ambientais. Todavia, é importante relembrá-los para 
fixá-los em nosso cotidiano. Podemos classificá-los em: 
1. Discriminação por questões de classe, gênero, raça e etnia; 
2. Exploração irregular de recursos naturais; 
3. Abuso de autoritarismo por status social, empregatício ou acadêmico;4. Despejo de rejeites em locais e formas indevidas; 
5. Desmatamento e caça predatória; 
6. Exploração de mão de obra; 
7. Emissão constantes de poluentes atmosféricos; 
8. Ausência de aprendizado sobre deveres sociais éticos. 
As causas dessas questões acarretam uma conjuntura de reuniões, debates 
e movimentos sociais, para o despertar da sensibilização. A academia, como 
principal membro estrutural de discussão dos problemas socioambientais, tem 
o compromisso de trabalhar esses temas e propor soluções. Entretanto, uma 
única ciência não é capaz de ter a totalidade de conhecimentos necessários para 
essa final idade. 
Um sociólogo, por exemplo, não tem competência, em sua formação, para 
implementar tecnologias industriais de recuperação de áreas degradadas - mas 
tem o conhecimento necessário para compreender as causas humanas que le-
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
varam à degradação do local. Um administrador não tem, em seu perfil profis­
sional, qualificação para análises químicas de despejo de efluentes em rios - mas 
pode trabalhar em conjunto com um especialista na área ambiental para propor 
uma gestão sustentável de resíduos. Esses exemplos demonstram a importân­
cia do trabalho conjunto das diferentes áreas. 
No decorrer do processo de construção do conhecimento, podemos subdivi-
dir esse trabalho conjunto em três aspectos: 
1. Multidisciplinar: cada área contribui com seu conhecimento, sem modifi­
cações; há uma espécie de ponto de vista; 
2. Interdisciplinar: as áreas do conhecimento adentram-se umas nas outras 
e formam uma interligação de conhecimentos; 
3. Transdisciplinar: não existem áreas de conhecimento. Tudo é contínuo, 
sem ocasionar espécie alguma de divisão ou interrupção. 
Este último aspecto é considerado, por diversos cientistas, uma utopia, de­
vido à complexidade de um único ser lidar com todo tipo de área existente. 
No caráter multidisciplinar, a falta da construção de novos pensamentos não 
apresentará eficácia quando em comparação com a interdisciplinaridade. Já a 
interdisciplinaridade recebe contribuições em diferentes áreas, e ocorre um 
engajamento, com a construção de novas formas de pensamentos aplicadas 
em diferentes contextos. Nesse caminho, o discurso socioambiental apresenta 
sua formação. 
Atualmente, praticamente todos os cursos de formação profissional e tec­
nológica (técnico, graduação ou pós-graduação) trazem alguma disciplina, ou 
assuntos dentro de sua ementa, que abordam a temática ambiental. Nesse sen­
tido, os projetos ambientalistas, por abarcarem diferentes áreas do conhecimen­
to, demonstram robustez de elaboração e execução, uma vez que sua constru­
ção exige diferentes pontos de vistas, que são interligados e contextualizados. 
No Brasil, os cursos de pós-graduações stricto sensu (mestrado 
e doutorado) inseridos na área de ciências ambientais da CAPES 
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior) apresentam a interdisciplinaridade de áreas 
como obrigatoriedade no processo de construção de 
suas dissertações e teses. Caso o trabalho não tenha 
esse escopo, poderá ser penalizado com reprovação. As 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
questões sociais, inclusive, devem ser contem piadas na problemática da pesqui­
sa, pois, em sua maioria, os programas têm o objetivo de formar recursos huma­
nos capazes de compreender e solucionar problemas relacionados ao ambiente. 
O Um convite para repensar o amanhã •• 
Nossas formas de agir, sejam elas positivas ou negativas, implicarão no 
futuro. Como forma de refletir sobre a exposição anteriormente realizada, 
percebe-se que o ambiental é algo mais abrangente do que os elementos 
físicos. Compreender a natureza e suas interligações é um processo comple­
xo; contudo, em um primeiro momento, talvez seja primordial respeitarmos 
os elementos que nos rodeiam. Somos todos os dias convidados a refazer 
um novo amanhã, e repensá-lo significa transformar nossas atitudes e pro­
por ações de melhoria. 
Procuremos deixar o pensamento focado no dinheiro, as atitudes de so­
berba, a ganância para passarmos a conviver em harmonia. A teoria ética 
que aprendemos no período escolar é sempre necessária de ser colocada 
em prática, sensibilizando-nos com o meio em que estamos e que vivencia­
mos. Diferentemente das demais espécies, somos seres pensantes - e, ao 
realizarmos escolhas e ponderarmos nossas atitudes, conhecemos as con­
sequências das nossas ações. Portanto, ao prejudicarmos o meio em que vi­
vemos, temos conhecimento dos impactos que causaremos a nós mesmos. 
As gerações futuras agradecerão as transformações positivas que nos 
propusermos fazer hoje, e deverão dar continuidade a elas, pois este é um 
trabalho constante, ininterrupto e inacabável: a manutenção do nosso meio 
é fundamental para melhorar exponencialmente a qualidade de vida e, con­
sequentemente, nossa felicidade. 
Numa sociedade harmonizada, todos têm bons lucros em 
ambos os aspectos, financeiro e moral - pois pas-
samos a refletir sobre o coletivo, e não somente 
sobre as questões individuais. Procuremos, por­
tanto, sempre fazer esse exercício de pensar no 
próximo, sobre as coisas que nos rodeiam e so­
bre o amanhã. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
O Conceitos e definições •• 
Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento 
é construtivo. A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é 
dela a responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, de­
vemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não simples­
mente recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por qual motivo 
existe a necessidade de constantes e diferentes formas de leituras - livros, notas, 
artigos, comunicações curtas -, e essas questões dúbias são erradicadas quando 
entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos. 
Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados frequen­
temente na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar que eles são 
passíveis de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se encontra em 
constantes transformações. As práxis implementadas são responsáveis pelo sur­
gimento de novas formas de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pen­
samento teórico. 
Socioambiental/ambiental 
Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) 
as relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem 
como produto o trabalho. 
Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um 
equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa "balança equilibrada", pois duran­
te séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as partes: 
ora, a sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre 
no sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico e social foi funda­
mental para o surgimento de determinadas ciências, como a Geografia. 
A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse 
o conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar 
os recursos para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pen­
samento, denominada determinista, foi elaborada por 
Friedrich Ratzel e largamente incorporada nas ideolo­
gias de Hitler para o nazismo, sendo esse um dos pri­
meiros relatos escritos sobre a implementação das 
questões sociais sobre o ambiente. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
Meio ambiente 
Termo usua lmente empregado nos estudos voltados às ciências ambienta is. 
Entretanto, há cientistas que i n ic iaram uma espécie de desuso, pois, ao inseri rmos 
a palavra "meio", estaríamos abordando a metade de a lgo, e, devido à i nterl igação 
existente, não se deve rea l iza r essa i nferência. 
Por mu itos anos, as q uestões ambientais foram abordadas nos seus aspectos 
físicos. Contudo, o papel socia l tem apresentado uma i nserção gradativa e abran­gente na d iscussão. Por termos s ido acostumados (ou até mesmo doutri nados) 
a d ivid irmos o conhecimento para melhor compreensão, esse termo pode ser 
usua lmente empregado para o estudo das questões físicas ambientais. 
Áreas degradadas 
Umas das ma iores problemáticas 
ambientais existentes atua lmente é a 
degradação ambienta l . O termo é em­
pregado principa lmente para estudos 
de solos e ecoss istemas. 
As atividades h u manas, pr inc ipal­
mente de ind ustria l ização, agricu ltura, 
pecuária, e m ineração, destacam-se no 
desmatamento e improdutividade do 
solo, por meio do lançamento de rejei­
tas, como e lementos qu ím icos tóxicos. 
Ao d izermos que u ma área é degrada­
da, ocorre uma referência àq uelas que se encontram a ltamente pol u ídas e reque-
rem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para melhoramento de so-
los, afl uentes e reflorestamento. 
No meio acadêmico, pesqu isas vo ltadas à recuperação dessas á reas são cons­
tantes. O avanço nas ciências dos materia is possib i l itou a ap l icação de nanopartí­
cu las, h idrogéis e estruturas pol iméricas que auxi l iam, com sucesso, a recu pera­
ção de solos e rios. 
Atua lmente, empresas propõem o financiamento de pesqu isas ou compra de 
patentes para so l uc ionar tais problemas, o que imp l ica na inserção de u ma série 
de profissiona is, como engenhe iros, físicos, qu ím icos, admin istradores, bió logos 
e afins. 
RESPONSAB IL IDADE SOC IOAMB I ENTAL . 
Desertificação 
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das 
Nações Unidas (ONU). A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, 
somada às mudanças climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degra­
dação de tal forma que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fa­
zendo surgir áreas áridas e semiáridas. 
Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano, 
alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países 
como os Estados Unidos entraram na "corrida", com o intuito de adquirir lucros, 
contestando a existência de áreas em processo de desertificação em seu terri­
tório. No entanto, atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos 
países com tendências ao processo de desertificação, que podem ser encontrados 
nas Américas, África e Europa. 
No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região 
Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco, 
que se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de agri­
cultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração 
devido às condições climáticas, ocasionou a formação de extensas camadas de 
sais no solo, tornando-o improdutivo e causando abandono das áreas. As pesqui­
sas estão concentradas nos aspectos de impactos socioambientais, bem como na 
tentativa de mitigar o problema. 
Figura 3. Solo salin izado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de desertificação brasileiro. Fonte: MAIA 2015. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores 
sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um im­
pacto direto na produção de alimentos, bem como o abandono dos locais pelos 
moradores. Nesse processo, há uma queda na arrecadação econômica. Sendo 
a região responsável por produzir alimentos para outros municípios, estados e 
afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará milhares de famí­
lias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das entidades governamen­
tais sobre o tema. 
Efluentes 
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental 
são os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em 
nossas atividades do cotidiano. O processo de "chegada, recebimento" da água 
é denominado afluente; e a "saída", denominada efluente. 
Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como 
gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de 
grande discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lança­
dos em aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana existente 
no material, que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento 
e manutenção da vida aquática. 
Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capaci­
dade de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres 
humanos, por meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde. 
ASSISTA 
A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com cla­
reza os problemas causados pelo não tratamento de efluentes. O 
enredo concentra-se nos impactos socioambientais causados pela 
mineração na região amazônica. O despejo irregular dos efluentes, 
com altas concentrações de metais como chumbo e mercúrio, 
ocasiona problemas de saúde nos moradores da região devido à 
ingestão por meio do consumo de peixes. Em algumas cenas, é 
d ema nstrad a a morte gradativa dessas p essa as. 
Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e moni­
toramento constante, por meio de análises químicas que atendem às legisla­
ções ambientais. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente 
pela aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a 
utilização de organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de 
tratamentos. O propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutili­
zação para fins de serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo. 
No Brasil, a importância do tema reflete-se na construção de linhas de pes­
quisas em cursos de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o 
problema e buscar soluções. 
Bioenergia 
As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarreta­
ram mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia 
tornou-se crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro. 
Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas 
condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementa­
ção de fontes limpas e renováveis. 
A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de 
impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como 
biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4). 
Solar Eólica Ondas 
Geotérmica Biomassa Mini-hídricas 
Figura 4. Principais fontes de energia l impa. Fonte: CreaJR-PR, 201 0. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum 
nível de impacto: o que se diferencia é o grau implicado. 
Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem par­
ticulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os hidrocar­
bonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. Estudos 
apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais sustentáveis, 
com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias uma constante 
atenção e acompanhamento. 
A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção 
de energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados 
da soja e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais 
importantes. 
Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e 
eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, princi­
palmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação desses 
modais energéticos também é outra problemática. Compreender tais problemas 
é importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia 
sustentável, há alguma forma de impacto. 
Economia verde 
Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram 
um processo de mudança e implementaramtecnologias em seu processo de 
trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente. 
Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como 
na criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é deno­
minado de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por parte 
de empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se encontra 
restrita à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange mais lucra­
tividade, com diminuição de custos. 
Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes de­
bates e participa da agenda da ONU. Os empreendimentos 
estão gradativamente reestruturando suas linhas produti­
vas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores 
públicos têm uma tendência em incentivar essa transição, 
principalmente para atingir as metas propostas em acor-
RESPDNSABILl□A□E SOCIOAMBIENTAL. 
dos de cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que 
devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu 
bem-estar, sem ocorrência de danos. 
Padrões de consumo 
Vivemos numa sociedade em que somos "forçados" ao constante consumo, 
e essa atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quais­
quer produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima 
originada do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas. 
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recur­
sos naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões 
de consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descar­
ta seus bens - roupas, eletrodomésticos, calçados e afins. 
O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo cons­
ciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se apren­
deu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma mu­
dança nessa forma de pensar é complexo. 
Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de mu­
dança de atitudes - e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já 
que a demanda é superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá 
ocorrer uma queda no bem-estar da população, assim como a falta de atendi­
mento para questões básicas e essenciais de manutenção diária. 
Mudanças climáticas 
Para compreensão desse tema, 
uma primeira definição precisa ser es­
clarecida, que é a diferença entre clima 
e tempo. O tempo é algo mutável - um 
dia poderá ser de sol, e o outro é de 
chuva. Já o clima é uma observação das 
modificações do tempo numa faixa mí­
nima de 30 anos. 
Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande mo­
dificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar 
sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas frios, por exem­
plo, podem apresentar constante aquecimento. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da proble­
mática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e oca­
sionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse processo 
é denominado aquecimento global. 
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temáti­
ca. Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de aque­
cimento natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já que, no 
contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de processos de 
glaciação e deglaciação. 
Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasio­
nados ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os 
principais responsáveis por esse processo atualmente. 
Desenvolvimento sustentável 
Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias 
que ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da 
emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias limpas tam­
bém é usualmente empregada nessa temática. 
A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é 
considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnoló­
gicas sustentáveis também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas 
as classes sociais. A questão social também se encontra inclusa no discurso des­
sa temática, devido à necessidade de melhorar a qualidade de vida da popula­
ção, em uma tentativa de diminuir as desigualdades. 
Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários 
altos investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substi­
tuição parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies 
devem ser imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar 
um desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas estão 
sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por países europeus; 
entretanto, muito ainda precisa ser realizado. 
Preservação e conservação 
Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados to­
talmente opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total, 
em que não pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
trata de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não fo­
mentando indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com 
legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo 
como punição de descumprimento multas e/ou prisões. 
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de 
ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso 
de empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal, 
são situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as 
áreas protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e 
afins, cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma face 
esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas áreas, 
em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas. 
Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de 
novas espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os 
estudos de base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que 
há muito que ser descoberto. São fatores como esses que demonstram a im­
portância de proteção das respectivas áreas, especialmente em um contexto 
em que, em muitos casos, ocorre negligência para atender anseios econômicos. 
Ecologia, ecossistemas e biornas 
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos 
com seu ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, 
busca-se o entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações 
fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins. São assuntos de extrema 
complexidade que envolvem, em determinados casos, anos de pesquisas para 
obtenção de resultados. 
O biorna é compreendido pela delimitação de uma região com característi­
cas (climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem defini­
das. No território brasileiro há seis biornas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, 
Caatinga, Pantanal e Pampa. 
Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos 
e a bióticos, e se propõe estudar suas respectivas influências. 
Esse é um conceito bastante utilizado e estudado pelos 
ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informa­
ção também têm-se apropriado dessa terminologia. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos 
debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais, 
empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação 
de parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltadosao campo 
das engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da informação. 
Equidade social 
A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A 
questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua 
relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais. 
O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e 
evitar erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua apli­
cação ampliada: a equidade. 
Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento 
e afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso, 
ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da 
justiça (Figura 5). 
Igualdade Equidade 
Figura 5. Exemplificação d a d iferença entre igualdade e equidade social. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020. 
Segurança alimentar 
Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição 
de alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanis-
RESPDNSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
mos produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas enti­
dades governamentais, é denominada soberania alimentar. 
A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles 
voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está 
relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como 
obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício inadequado também são 
relacionadas à segurança alimentar. 
Resíduos sólidos 
Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e descar­
tado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados e/ou reu­
tilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais problemas 
ambientais atuais. 
No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 
12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão, res­
ponsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e sistema de infor­
mações sobre o gerenciamento de resíduos. 
Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho efeti­
vo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes 
como cidadãos são importantes pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco 
executado na sociedade. 
Racismo estrutural 
Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de res­
peito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas. 
No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determina­
do grupo social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado 
neste século. Essa trajetória histórica, que põe em prática uma 
cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma negativa, 
sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural. 
O H istórico dos debates a respeito de ética e 
responsabi lidade social no Brasil e no mundo 
•• 
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos 
os dias. As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro, 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promover 
ações que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios acadêmi­
cos e as universidades são os principais polos desses debates, destacando-se as 
Ciências Humanas, embora não sejam exclusivas nessas mesas. 
Uma visão de aspecto mundial 
O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela 
Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria 
exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática. 
Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl 
Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de pensa­
mento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe operária, 
e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que estavam nas mãos 
dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx também 
contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de poluição que se 
alastravam pela Europa. 
As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe ope­
rária procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava 
atrelado, também, à constante modernização fabril, que diminuiu a dependência 
de mão de obra e fez com que antigos artesões se tornassem desempregados. 
Essas perspectivas levaram os operários a lutar e a construir os sindicatos, reco­
nhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que também resultaram no 
surgimento de movimentos grevistas. 
Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas 
ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida social 
foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor soluções 
de mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para atender às preo­
cupações com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas pau­
tas ambientalistas. 
O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma im­
portante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso 
de armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu 
discurso, como o respeito à natureza, homossexualidade, pre­
conceito racial e consumo consciente, dando margem a ou­
tros debates pouco comentados naquele período. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
O Brasi l no caminho da responsabi l idade socia l 
Após o período da D itad u ra M i l ita r e const itu ição do Bras i l como democra ­
c i a , novos debates s u rg i ra m . A e laboração da Constitu ição gara nt iu as leg is la­
ções tra ba l h istas anter iormente red uz idas d u ra nte a d itad u ra . A l i be rdade de 
expressão e de i m p rensa é devo lvida, a m p l iando a ascensão sobre os prob le ­
mas socia is, pr inc ipa l mente re lac ionados à pobreza, existentes devido à l i ber­
dade dos pesq u isadores das c iênc ias h u manas defin i rem seus estudos sem a 
ocorrênc ia de a lgu m t ipo de reta l iação. 
A reforma agrá r ia é o utro im porta nte ma rco, q ue poss i b i l itou a d istr ibu i ­
ção e posse de terras pa ra os peq uenos agricu l tores . D ife renteme nte do que 
se imagina, esse gru po de tra ba l hadores são os pr inc ipa is responsáve i s pe lo 
a bastec imento a l i mentício nac io n a l . As gra ndes l avou ras, as agro i n d ú str ias, 
tê m foco na man ute nção do mercado i nte rnac io n a l, u ma vez q ue o B ras i l é um 
dos pr inc ipa is centros do agronegócio m u nd i a l . 
O Movimentos mundia is 
A Segunda Guerra M u n d i a l teve 
fim no a n o de 1 945 e de ixou conse­
quê nc ias graves para h u ma n idade. 
O m u ndo p rec isava reestrutu ra r-se 
fis icamente e econom icamente. A lém 
da morte de m i l ha res de pessoas, ou­
tro grande gru po ficou sem acesso a 
a l i m entos e su pr imentos de neces­
s idades básicas. Fatores co mo esses 
i m p u l s ionaram o prob lema da fome 
existente em d iversos pa íses do m u n ­
•• 
do, mesmo a nter iormente à guerra, e fize ra m com que s u rg isse uma visão agrí-
cola denom inada Revolução Verde. Entre os per íodos de 1 960 e 1 970, pa íses 
como Estados U n idos e M éxico procura ra m im p lementa r tec no logias q u e ace­
l e rassem a prod ução agríco la . 
Por outro l ado, a ut i l ização desenfreada de pestic idas trouxe prob lemas 
a m bienta is . O uso de produtos q u ím icos como fert i l iza ntes era a lgo corr ique i -
RESPONSAB IL IDADE SOC IOAM B I ENTAL . 
ro. Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde humana, bem 
como avaliações de riscos, não eram realizados com frequência, e não existiam 
protocolosseguros de utilização e afins. Estudos que fossem contra e apre­
sentassem divergências de pensamentos eram duramente criticados: um deles 
realizado por Rachel Carson em 1 962, denominado Primavera silenciosa. 
A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de pes­
ticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde hu­
mana, foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno. 
Mesmo sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os 
impactos desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança, 
que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o 
desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com 
níveis mais baixos de impactos ambientais. 
Conferência de Estocolmo 
O fim da Segunda Guerra também 
ocasionou outras preocupações am­
bientais. O relatório produzido pelo 
Clube de Roma em 1 972 apontou um 
problema de crescimento rápido da po­
pulação e que os recursos naturais não 
conseguiriam suprir as necessidades. 
Naquele mesmo ano, a ONU de-
cidiu realizar a primeira reunião com 
chefes de Estado que procurassem 
tratar dos problemas ambientais, de­
nominada Conferência Mundial do 
Homem e do Meio Ambiente, popu­
larmente conhecida como Conferência 
de Estocolmo (Figura 6). 
Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência 
de Estocolmo. Fonte: FEITOSA, 201 8. 
Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível es­
cassez de recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram de­
batidas no encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre 
o Meio Ambiente, também denominada Declaração de Estocolmo, que pro­
movia ações ambientais. A importância dessa reunião é pautada por ser a 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
primeira vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente, 
com os aspectos ambientais. 
A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) 
As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das institui­
ções governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação 
do IPCC - lntergovernmental Panei on Clímate Change, em 1988. 
A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a 
mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos 
fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões 
econômicas). 
Protocolo de Quioto 
Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído 
o Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada 
apenas no ano de 2005. 
Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida 
no planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de ga­
ses do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera. 
Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de 
C02, e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos 
de carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito 
em forma de certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mer­
cado internacional. 
Eco 92 e Rio + 20 
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente 
conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos 
temas ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países (176) 
de todo o planeta. 
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava de­
finir um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tor­
nou-se o início da ascensão global das discussões sobre 
os problemas ambientais, tendo como foco a busca 
por alternativas de solução (Figura 7). Assim como o 
relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental para ela­
boração do Protocolo de Quioto. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
ENVla0NMENT AND DEVELOPMENT 
Rio de Janeiro 3 - 1 4 June 1 992 
Figura 7 . Registro do encerramento da Eco 92 . Fonte: ROZARIO, 1 992. 
A Rio+20, por sua vez, fo i rea l izada 20 a nos depo is e teve por objetivo a rea ­
fi rmação dos comprom issos adotados na Eco 92 . A conferênc ia ta mbém teve 
como foco a observação e d iscussão de prob lemas a i nda existentes e buscou 
formas de so luções futuras . U m gra n d e d iferenc ia l do encontro fo i a intens ifi­
cação dos debates vo l tados à imp lementação da economia verde . 
Cúpu la das Nações U nidas para o Desenvolvimento Sustentável 
Esse importante evento ocorreu na c idade de Nova York, Estados Un i­
dos, com o objetivo de d i rec ionar o p lanejamento pa ra o desen­
volvimento sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 1 7 
objet ivos, denominados ODS (Objetivos para o Desenvolvi­
mento Sustentável), como demonstra a Figura 8 . No encontro, 
também foram d iscutidas as ações propostas durante a Rio +20. 
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Figura 8. Os 1 7 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável na Agenda 2030. Fonte: ONU Brasi l , 201 5. 
R E S P O N S A B I L I DADE S O C IOAM B I ENTAL . 
Sintetizando • 
A industrialização e o desenvolvimento urbanos foram os principais causado­
res dos impactos ambientais, transformando radicalmente o modo de vida so­
cial. Esse processo também ocasionou o afastamento do ser humano em relação 
a seu meio, o que causou uma diferença entre sociedade e natureza. Além disso, 
o deslumbramento com os aspectos econômicos e ascensão do modo capitalista 
fizeram com que a sociedade se dividisse em subgrupos, dando margem à disse­
minação de diversas formas de discriminação. 
O consumo e a falta de sensibilização com a natureza ocasionaram uma série 
de consequências, como a poluição de aquíferos, do ar e do solo, que impac­
tam seriamente a manutenção e qualidade de vida. Ademais, o surgimento e 
disseminação de doenças relacionadas a impactos ambientais é algo presente 
na sociedade atual, e tais fatores levam-nos a refletir sobre a necessidade de 
reestruturarmos nossas atitudes. 
As causas sociais, como preconceito racial, discriminação a grupos etc. são de 
cunho ambientalista, pois devemos lembrar sempre que ser humano e nature­
za são indissociáveis. A compreensão de todos os aspectos, humanos, físicos e 
afins, na óptica interdisciplinar, é fundamental, devido à robustez em receber e 
interligar diferentes formas de conhecimento. 
Nesta unidade, vimos um pouco dos debates ambientalistas, seus concei­
tos e fundamentos. A principal observação a ser feita é a atenção dos setores 
públicos para as causas ambientalistas. A percepção que este é um tema que 
influencia diretamente os aspectos sociais e econômicos fez com que a temática 
adentrasse as agendas globais. O fomento de pesquisas também demonstra a 
importância da discussão. Todos os eventos e conferências, diante disso, têm um 
único fim: proporcionar para sociedade uma vida sustentável. 
Devemos sempre lembrar que esta não é uma causa exclusiva dos órgãos go­
vernamentais e das grandes empresas, porém. Assim como a sociedade procu-
rou lutar pelos diretos trabalhistas, deverá ater-se à sensibilização 
com o seu meio. O ambiente que nos rodeia é de todos, e somos 
responsáveis por sua melhoria. Pequenas atitudes hoje farão 
a diferença para termos um futuro melhor e proporcionar me­
lhor qualidade de vida para as próximas gerações. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
Referências bib l iográficas 
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RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
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RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
UNIDADE 
ser 
educacional 
Objetivos da unidade 
Contextualizar a necessidade da responsabilidade socioambiental na 
sociedade globalizada; 
Explicar sobre responsabilidade socioambiental individual, governamental e 
empresarial; 
Apresentar as práticas de responsabilidade socioambiental rumo ao 
desenvolvimento sustentável; 
Abordar o contexto atual sobre responsabilidade socioambiental e 
desenvolvimento sustentável. 
Tópicos de estudo 
Responsabilidade 
socioambiental 
• O nascimento do mundo 
globalizado e a questão 
socioambiental 
• A responsabilidade 
socioambiental como 
compromisso da modernidade 
• A responsabilidade 
socioambiental governamental, 
cidadã e empresarial 
Aspectos legais 
• Leis socioambientais 
brasileiras 
• A responsabilidade 
socioambiental além das 
exigências legais 
Desenvolvimento sustentável 
• Ações globais rumo ao 
desenvolvimento sustentável 
• As três dimensões da 
sustentabilidade 
Debates mundiais 
• Agenda 2 1 
• Agenda 2030 
Contexto atual 
• Ecoeficiência 
• Os 7 R's da sustentabilidade 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
O Responsabilidade socioambiental •• 
Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos 
processos naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços tecnológicos e 
crescimento econômico foram obtidos. Com o aprimoramento tecnológico e 
inúmeras descobertas em todas as áreas do conhecimento, passamos a con­
trolar os elementos da natureza e a aumentar sua capacidade de produção. 
Muitos desses avanços visaram à produção e o consumo sem avaliar questões 
de risco ambiental e social. 
O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento 
pela demanda por combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou em 
um fluxo enérgico desequilibrado ecossistemicamente. Há muitos anos esta­
mos sendo alertados sobre a insustentabilidade dos hábitos de consumo re­
sultantes da economia capitalista. 
Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e conec­
tadas. Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que padrões de 
consumo adotados em escala mundial resultam em perdas progressivas de 
características geográficas, regionais e culturais, bem como na contaminação 
ambiental, que resulta em perda de diversidade de fauna e flora. 
Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade socioambien­
tal. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2020), a responsabilidade so­
cioambiental está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e políticas 
que tenham entre seus principais objetivos a sustentabilidade. Responsabi­
lidade socioambiental também pode ser compreendida como um conjunto 
de práticas exercidas por cidadãos, governos e empresas públicas 
e privadas que têm por objetivo providenciarem a inclusão social 
(responsabilidade social) e o cuidado com o meio ambiente (res­
ponsabilidade ambiental). 
Se de um lado temos observado diversas atividades que 
causam degradação socioambiental e colocam em risco a 
qualidade de vida e a sobrevivência das futuras gerações, 
do outro há diversas organizações se mobilizando para nos 
conscientizar da necessidade de mudança para que o plane­
ta Terra e a humanidade possam coexistir (Figura 1). 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
Figura 1. Mobi lização popular enfatizando a necessidade de mudança para um perfil responsável socioambientalmen­
te. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. 
O O nascimento do mundo g loba l izado e a questão 
socioambienta l 
•• 
Nos últimos 250 anos, os impactos causados pelas diversas mudanças de-
correntes do desenvolvimento industrial ainda não estão totalmente dese­
nhados e são debatidos por diversas organizações e meios de comunicação. 
Nos dias de hoje, podemos dizer que a máxima do desenvolvimento indus­
trial é a globalização. 
Para chegarmos ao mundo como conhecemos hoje, o mundo globalizado, 
alguns momentos históricos foram cruciais. A Revolução Industrial intensi­
ficou o uso e a pressão sobre os recursos naturais renováveis e não reno­
váveis para atender à intensificação da produção industrial em escala. Com 
a maior demanda por trabalhadores nas indústrias e em busca de "uma vida 
melhor" - aos moldes capitalistas -, muitas pessoas saíram do campo para 
morar nas cidades, processo que culminou na urbanização. A revolução 
verde levou ao campo das tecnologias nunca vistas, permitindo incrementas 
anuais na produtividade de vegetais e carnes, comercializados para atender a 
demanda interna e externa das redes de mercado global. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
EXPLI CAN DO 
Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior capaci­
dade de manutenção e não se esgotam fac ilmente, são exemplos: água, 
solo, maté ria orgân ica e vento. Os recursos naturais não renováveis são 
aqueles que se esgotam quando usados sem práti cas sustentáveis e seu 
tempo de reposição não é comparado à c ronologia de v ida humana, são 
exemplos: petróleo, carvão m i neral, gás natu ral, xisto betuminoso e ener­
g ia nuclear. Com exceção à energia nuclear, todos os exemplos c itados 
são de origem fóssil. 
Estas transformações foram e são acompanhadaspelos impactos negativos 
ao meio ambiente e à perda de características sociais: há aumento das áreas 
desmatadas, da poluição atmosférica, do solo e hídrica, perda de biodiversida­
de, os produtos consumidos não são corretamente descartados, há aumento 
da desigualdade social, entre outros (Figura 2) . 
.l 
Figura 2. Poluição ambiental resultante da produção industrial. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. 
Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras ecoló­
gicas mundiais foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem exigindo con­
tinuamente modelos de produção de bens e serviços obtidos por meio de tec­
nologias que repensem questões de competitividade e que considerem formas 
de mitigação do impacto social e ambiental. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos têm 
sobre o ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além da avaliação, 
ações de gestão que contribuam para o desenvolvimento ambiental e para o 
despertar da responsabilidade socioambiental devem ser propostas por gover­
nos, empresas e cidadãos. 
• 
A responsabilidade socioambiental como compromisso 
da modernidade 
Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as ques­
tões ambientais. Comumente, ouvimos falar sobre responsabilidade socioam­
biental. Isso vem acontecendo porque o mundo moderno se deu conta de que 
os impactos dos nossos hábitos de produção e consumo não estão alinhados 
com o poder de resiliência do planeta, uma vez que seus recursos são limitados. 
Por esse motivo, instituições públicas e privadas, organizações governa­
mentais e não governamentais têm se dedicado cada vez mais a programas 
de implementação de práticas socioambientais e de conscientização da popu­
lação. A ideia consiste em identificar, eliminar ou, ao menos, reduzir o impacto 
negativo que uma determinada atividade possa causar. 
EXEMPLIFICANDO 
Diversas organizações governamentais e não governamentais se dedicam 
à causa socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir: 
• Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA); 
• Agenda ambiental na administração pública; 
• Instituto de pesquisas socioambientais (1 PESA); 
• 1 nstituto socioam biental (1 SA); 
• Fundo casa socioambiental; 
• Verdejar socioambiental; 
• 1 nstituto Ethos. 
Uma vez que elas já existem e não se mostraram totalmente efetivas, as 
práticas de responsabilidade socioambiental vão além de Leis. Atualmente, os 
programas devem fomentar e inserir a responsabilidade socioambiental como 
um compromisso diário a ser adotado pela sociedade, de forma a garantir a 
existência de um mundo melhor para as futuras gerações. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem 
ser adotadas a fim de inserir as práticas de responsabilidade socioam­
biental no dia a dia pessoal e profissional. Hoje, a sociedade sabe identifi­
car cidadãos, instituições, organizações e empresas que investem em po­
líticas e na cultura organizacional sustentável, posicionando-se de forma 
ética e responsável. 
• 
A responsabilidade socioambiental governamental, 
cidadã e empresarial 
Todos são responsáveis pela elaboração, difusão e aplicação das práticas 
de responsabilidade socioambiental; entre seus agentes, estão os governos, as 
cidades e as empresas. 
O governo atua na pauta socioambiental, formulando leis e ações de cons­
cientização que atingem a sociedade civil e empresarial. Para que os cidadãos 
se tornem cientes, possam exigir e exercer a responsabilidade socioambiental, 
o governo deve encontrar meios para que as políticas públicas estejam próxi­
mas dos cidadãos, divulgando-as nos meios de comunicação e redes sociais, 
adequando currículos escolares e financiando instituições de pesquisa. Além 
disso, a gestão socioambiental deve ouvir os cidadãos por meio de seus repre­
sentantes municipais e estaduais, bem como a iniciativa privada e as organiza­
ções não governamentais. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e 
suas esferas são responsáveis pelo desenvolvimento de políticas públicas que 
tenham como objetivo promover a produção e o consumo sustentáveis. Além 
disso, também é responsabilidade do governo promover o crescimento do País 
adotando práticas de desenvolvimento sustentável, ou seja, grandes obras de 
interesse social devem fazer uso de práticas sustentáveis e serem baseadas em 
estudos de impacto ambiental. 
As cidades e seus cidadãos têm o compromisso de exercer as práticas 
de responsabilidade socioambiental. Para isso, como mostra o Quadro 1, 
existem diversas ações que podem ser adotadas no nosso dia a dia. De­
vemos exigir dos governantes, políticas que fomentem tal temática e dar 
preferência ao consumo de produtos e serviços de empresas atuantes na 
causa socioambiental. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. 
Quando nos colocamos como agentes ativos das práticas de responsabili­
dade socioambiental, estamos indiretamente praticando assistencialismo, in­
clusão social, inclusão digital e educação ambiental! Envolver-se nessas ações 
nos torna cidadãos participativos e responsáveis, além disso, as questões 
socioambientais vêm se tornando cada vez mais importantes e moldando-se 
como um dever de todos. 
QUADRO 1 . PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL QUE 
PODEM SER ADOTADAS NAS CIDADES 
Prática 
Faça escolhas conscientes 
Esti mui e o uso do transporte alternativo 
Avalie a necessidade de consumir 
Busque a origem dos produtos 
Pratique a coleta seletiva 
Participe de atividades recreativas 
Conheça os produtos da sua região 
Converse sobre meio ambiente 
Evite fontes não renováveis 
� 
Exemplo 
Comprando de empresas que apoiam a causa sus­
tentável. 
Indo de bicicleta, metrô, carona, ônibus ou cami­
nhando. 
Atualizando os aparelhos eletrônicos, em vez de 
trocá-los. 
Informando-se sobre práticas ilegais como trabalho 
infantil. 
Separando embalagens plásticas do lixo orgânico. 
Organizando festas folclóricas e tradicionais. 
Comprando diretamente do agricultor indo ao co­
mércio local. 
Falando com vizinhos sobre as opções sustentáveis 
existentes na cidade. 
Consumindo etanol e produtos biodegradáveis. 
Os cidadãos exercem a responsabilidade socioambiental individual. Ela 
consiste em atitudes individuais reiteradas para uma maior preservação do 
ambiente a nossa volta. Devemos pensar que ela deve ser praticada individual­
mente, mas por todos nós, resultando em uma ação coletiva e de grande poder 
ambiental. São exemplos de responsabilidade socioambiental individual: 
• Evitar usar sacolas e embalagens plásticas; 
• Não desperdiçar alimentos; 
• Separar e reciclar o lixo; 
• Armazenar e destinar corretamente o óleo de cozinha; 
RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL . 
• Economizar água e energia elétrica, usando de forma racional; 
• Adquirir eletrodomésticos com baixo consumo de energia. 
As empresas que aderem à responsabilidade socioambiental buscam co­
nhecer as características regionais, ouvir seus colaboradores e possuem pro­
cessos e/ou serviços ambientalmente corretos. Elas reconhecem a sua respon­
sabilidade socioambiental e assumem voluntariamente compromissos que 
vão para além dos requisitos reguladores convencionais, aos quais estão ne­
cessariamente vinculadas. Procuram elevar o grau de exigência das normas 
relacionadas com a proteção ambiental, com o desenvolvimento social e com 
o respeito aos direitos fundamentais, adotando uma cultura organizacional 
aberta em que interesses de todas as esferas se conciliam em direção a uma 
abordagem global da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável. 
Como podemos observar na Figura 3, adotando as práticas de responsabili­
dade socioambiental e estratégias de marketing, além dos benefícios sociais e 
ao meio ambiente, as empresas também melhoram sua imagem corporativa e 
aumentam seus lucros. Ocorre ainda a

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