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ser educacional gente criando o futuro Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz Diretor-presidente Jânyo Diniz Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira Autoria Bruno Fonseca da Silva Camila Bolfarini Bento Projeto Gráfico e Capa DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design lnstrucional, Edição de Arte. Diagramação. Design Gráfico e Revisão. © Ser Educacional 2020 Rua Treze de Maio, nº 254. Santo Amaro Recife-PE -CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.0 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa:© Shutterstock � ® <g) © 1 ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. 1 CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. 1 CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. 1 CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. 1 DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. 1 EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. 1 EXPLICANDO Expllcaçao, eluc1daçao sobre uma palavra ou expressao específica da área de conhecimento trabalhada. Unidade 1 -Aspectos introdutórios da temática socioambiental Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13 lntrodução .............................................................................................................................. 14 Os problemas ambientais da atualidade ..................................................................... 16 A interdisciplinaridade nas questões ambientais ...................................................... 19 Um convite para repensar o amanhã ........................................................................... 21 Conceitos e definições ........................................................................................................ 22 Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e no mundo ................................................................................................................................ 32 Movimentos mundiais ......................................................................................................... 34 Sintetizando ........................................................................................................................... 38 Referências bibliográficas ................................................................................................. 39 Unidade 2. Aspectos legais e ações globais para o desenvolvimento sustentável Objetivos da unidade ........................................................................................................... 42 Responsabilidade socioambiental ................................................................................... 43 O nascimento do mundo globalizado e a questão socioambiental ......................... 44 A responsabilidade socioambiental como compromisso da modernidade .......... 46 A responsabilidade socioambiental governamental, cidadã e empresarial ......... 47 Aspectos legais .................................................................................................................... 50 Leis socioambientais brasileiras .................................................................................. 51 A responsabilidade socioambiental além das exigências legais .......................... 52 Desenvolvimento sustentável ............................................................................................ 54 Ações globais rumo ao desenvolvimento sustentável .............................................. 56 As três dimensões da sustentabilidade ....................................................................... 6 0 Debates mundiais ................................................................................................................. 61 Agenda 21 ......................................................................................................................... 62 Agenda 2030 ..................................................................................................................... 6 3 Contexto atual ....................................................................................................................... 65 Ecoeficiência .................................................................................................................... 6 6 Os 7 R's da sustentabilidade .......................................................................................... 6 7 Sintetizando ........................................................................................................................... 68 Referências bibliográficas ................................................................................................. 69 Unidade 3- Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão Objetivos da unidade ........................................................................................................... 72 Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão .................................. 73 Ações de gestão interna ................................................................................................ 7 4 Ações de gestão externa ............................................................................................... 7 5 Paradigma econômico, social e ambiental ................................................................. 7 8 Empresa sustentável ....................................................................................................... 7 9 Modelos de gestão ambiental ....................................................................................... 81 Gestão e as políticas socioambientais ........................................................................ 82 Princípios, códigos e regulamentos das políticas socioambientais empresariais .. 84 Indicadores, certificações, tecnologias e instrumentos de gestão ........................... 86 Fontes de orientação estratégica ................................................................................. 87 A Norma ISO 26000 .......................................................................................................... 88 Indicadores e índices de sustentabilidade ................................................................. 92 Tecnologias resultantes da gestão ambiental ............................................................ 9 4 Marketing ambiental ........................................................................................................... 95 Tendências mundiais sobre o perfil do consumidor .................................................. 9 6 Iniciativas d e marketing ambiental .............................................................................. 9 7 Sintetizando ........................................................................................................................... 98 Referências bibliográficas .................................................................................................99 Unidade 4 - Cooperativismo, atuação conjunta e promoção do desenvolvimento socioambiental Objetivos da unidade ......................................................................................................... 102 Cooperação, articulações intersetoriais e promoção do desenvolvimento ............... 103 O sistema cooperativista e a responsabilidade socioambiental ........................... 104 A abordagem intersetorial na elaboração de políticas socioambientais ................ 107 Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e o terceiro setor .................... 110 Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental, saúde e educação .................... ..113 Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e redes .............. 114 Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e a ciência ................. 116 Promoção do desenvolvimento: o papel da educação ambiental ........................ 117 Desafios da prática e tendências ................................................................................... 123 Tendências das organizações na busca da responsabilidade socioambiental. ................. 123 Sintetizando ......................................................................................................................... 126 Referências bibliográficas ............................................................................................... 128 As questões sociais e ambientais adentram o século XXI transpassando as barreiras acadêmicas. o tema ganha forma e passa a ser debatido não somente em grandes eventos, conferências e afins, mas também compõe o discurso po lítico e as rodas de diálogo, e dele tomam parte pessoas de diferentes graus de conhecimento. O mundo das artes - músicas, poesias, peças teatrais, novelas - "firma" um compromisso, denunciando e levando o conhecimento de forma po pular. O distanciamento entre sociedade e ambiente passa a ser gradativamente erradicado e dá margem a uma nova visão, denominada socioambiental. Antes de qualquer titulação ou posto empregatício, somos cidadãos e te mos reponsabilidade com nosso meio de convívio e com as causas socioam bientais. Temos o compromisso de reestruturar nossas formas de pensamento e nosso conhecimento, pois, no decorrer da História, a ideia de hierarquização da sociedade sobre o ambiente, ou dentro do próprio âmbito social, acarretou reflexos desastrosos. Mesmo em passos lentos, caminhamos rumo à constru ção socioambiental de maneira digna; contudo, para entender como isso ocor reu, é necessário fazer uma linha do tempo, compreendendo o histórico e o surgimento dos conceitos e seus fundamentos. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. O professor Bruno Fonseca da Silva é graduado em Geografia (Licenciatura) e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Pernambuco, atuando desde 2013 em estudos relacionados às ciências am bientais. Suas pesquisas concentram -se no monitoramento ambiental, por meio da análise de elementos químicos, radioisótopos e compostos orgânicos para avaliação da qualidade do ar - utili zando organismos vivos (líquens) - e do solo. Tem publicações, participações em eventos científicos e ministração de cur sos e palestras. Currículo Lattes: http:/ /lattes.cn pq. br/3215963517080495 Dedico este livro a todos que buscam compreender e se preocupam com as causas ambientais - e principalmente aos cientistas da sociedade civil, que defendem e procuram solucionar problemas sobre a temática. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. A professora Camila Bolfarini Bento é Doutora e Mestre em Biotecnologia e Monitoramento Ambiental pela Uni versidade Federal de São Carlos (2020), licenciada em Biologia (2020) e Bacha rel em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual Paulista (2012). Currículo Lattes: http://lattes.cn pq. br/3230386423166043 Dedico este trabalho aos meus professores, por todos que acrescentaram conhecimento teórico e prático desde a minha formação de base até a pós graduação. Agradeço por serem profissionais tão dedicados nessa árdua e nobre tarefa de formar pessoas intelectual e socialmente. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. UNIDADE ser educacional Objetivos da unidade Introduzir a temática social e ambiental e realizar uma reflexão sobre os problemas atuais, para descobrir quais os motivos de o tema ser debatido atualmente; Explanar conceitos importantes e apresentar as respectivas definições sobre o tema socioambiental; Conhecer os movimentos existentes que fundamentam o debate socioambientalista mundial. Tópicos de estudo Introdução • Os problemas ambientais da atualidade • A interdisciplinaridade nas questões ambientais • Um convite para repensar o amanhã Conceitos e definições Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e no mundo Movimentos mundiais RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. O Introdução Atualmente, a humanidade apresenta forte preocupação com as questões ambientais. No sentido restrito, utilizamos o termo "ambien te" para nos referirmos aos aspectos da natureza, como a água, as plantas, os "animais"; mas conside ramos a "sociedade" como algo à parte, como se não houvesse um elo entre ambos. Qual motivo, porém, para inserimos aspas nos respectivos termos? •• Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus sig- nificados. Quando abordamos a palavra "animais", em certo ponto, infe riorizamos as demais espécies por sermos seres pensantes - mas, nisso, fracassamos. Nós nos consideramos inteligentes; porém, não sabemos respeitar o meio em que vivemos. Somos definidos como sociais; todavia, negligenciamos o respeito à opinião, a escolha, ao status social do outro. Nessa direção, chegamos ao limite: da abundância de recursos naturais, mas também do preconceito, iniciando uma corrida contra o tempo para equilibrar a balança, e alcançarmos a harmonia. Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemen te de outras espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao outro, fazendo com que se estruture uma pirâmide social (Figura 1), o que, em determinados momentos, acarreta discriminação. No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se a temática é ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com outra: afinal, somos também ambiente? Se a resposta for positiva, o que nos levaria a pensar que questões sociais não são dis cutidas na temática ambiental? O primeiro exer cício necessário é a reflexão de que não existe diferença entre sociedade e ambiente: ser hu mano e o seu meio constituem algo mútuo e unitário. A compreensão é aparentemente simples, mas torna-se complexa ao tentarmos colocá-la em prática. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Classe A Classe B Classe C Renda mensal acima RS 14.695 Renda mensal RS 4.720 a RS 14.695 Renda mensal RS 1.957 AR$ 4.720 37,4% da renda nacional Classe D/E Renda mensal até RS 1.957 Figura 1. Modelo de pirâmide social brasileira, classificada pela renda. Fonte: IBGE (2015) apud Mussi, 2017, p. 20. Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a abordar esse discurso socioambiental com afinco. Talvez seja a busca pela sensi bilização social, não se restringindo à conscientização. Sensibilizar a po pulação às questões socioambientais procura estimular seu engajamento e trabalho efetivo, com a finalidade de um ambiente de melhor convívio. Deve-se, por sinal, compreender que a palavra trabalho não está restri ta às relações de emprego, mas a toda e qualquer atividade socioambien tal realizada. Para melhor compreensão, pode-se afirmar que a produção do conhecimento e o desligamento histórico entre sociedade e ambiente são formas de trabalho. Dessa forma, o trabalho é o produtodos fenôme nos e da relação entre sociedade e natureza, que procura atingir alguma meta ou objetivo. Essa finalidade é denominada teleologia. CONTEXTUALIZANDO A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para elaboração da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos homens: trabalho e ser social. O enredo da obra baseia-se na concepção de trabalho como processo de complexidade do ser social e no trabalho abstrato (força produtiva). A abordagem da obra é de cunho filosófico e sociológico, e convida-nos a conhecer e ampliar a visão sobre o tema (LESSA, 2012). Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que temos com o nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais que o envolvem. RESP0NSABILI0ADE SOCIOAMBIENTAL. Compreender esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de di versas áreas - humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual traz uma forma de construção de conhecimento - nem sempre convergente -, e essa contradição, ou contraposição de ideias tem a capacidade de formar no vos conhecimentos. É o que se denomina dialética. Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento, pois o ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira, a implementa ção do método cartesiano como forma de compreender melhor os fenômenos que nos rodeiam acarretou alguns problemas: com o formato de fragmentação do conhecimento, precisamos, agora, unir as diversas ciências, algo de suma importância para compreendermos o ambientalismo. CITANDO Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética, publi cada pela primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem estrutural histórica, filosófica e sociológica sobre o tema, traz a seguinte definição de dialética pelo autor: "O modo de pensarmos as contradições da rea lidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação" (KO NO ER, 2008, p. 8) . • Os problemas ambientais da atualidade A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica sé rios problemas ambientais. Para movimentar a "máquina" financeira e se tor narem concorrentes, as grandes empresas buscaram o lucro e se ausentaram das questões do ser humano e seu meio. É complexo afirmar que os governos são responsáveis pelo desenvolvimento regional, pois, durante o processo his tórico, em especial após a Segunda Guerra Mundial, as grandes corporações, as multinacionais, iniciaram uma espécie de regência econômica global. Em geral, torna-se perceptível a necessidade das indústrias e do setor de serviços para a manutenção de empregos, geração de rendas e afins. Uma indústria multinacional, ao se instalar, por exemplo, em determinada cidade, ocasiona o surgimento de outras pequenas empresas que lhe darão su porte produtivo (peças, tecidos ou qualquer tipo de matéria-prima). Também ocorrerá a ampliação do comércio e outros meios de serviços, devido à chegada RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. de novos moradores ou visitantes, ampliando a abertura de hotéis, restauran tes, entre outros. Além disso, os gestores regionais procuram melhorar os ser viços básicos, principalmente aqueles relacionados ao transporte, o que facilita a locomoção. Isso demonstra a formação de uma cadeia que, com o passar dos anos, gera maior engajamento. Aparentemente, todo esse processo parece positivo; contudo, há, também, um lado obscuro. A falta de preocupação com o meio físico ocasionou a devas tação de florestas, ameaçando a sobrevivência de espécies. Essa remoção de co bertura vegetal também ocasionou a degradação dos solos, bem essencial à ma nutenção da vida, assim como dos recursos hídricos, que foram poluídos - em ambos os casos, com consequências consideradas irreversíveis. A exploração de bens minerais tornou-se altamente crescente, mas a manutenção dos recursos não pôde acompanhar a demanda. Além disso, o fenômeno da urbanização ocasionou aumento demasiado na geração de resíduos sólidos e efluentes, bem como a constante emissão de parti culados atmosféricos (orgânicos e inorgânicos), por meio dos gases emitidos por indústrias, transportes e pela realização de queimadas (Figura 2). Figura 2. Ilustração dos problemas ambientais da atualidade. Fonte: SOUZA, 2014. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Não somente as questões relacionadas ao meio físico, porém, registraram impactos. A necessidade de mão de obra acarretou a busca por pessoas de outras regiões que aceitassem empregos exploratórios, suJeitando-se a uma elevada carga de trabalho e a baixos salários. Os resultados desse processo fo ram xenofobia e inferiorização do trabalho feminino, e o preconceito contra raça e gênero tornou-se crescente. O status social e profissional paira sobre o ambiente, dando margem à inferiorização. Mesmo assim, os subgrupos, co mentados anteriormente, foram incorporados socialmente e ganharam força, mas sabemos que esses problemas ainda se encontram presentes, embora as legislações e os movimentos para mudanças se encontrem ativos e tenham obtido resultados positivos. Todavia, muito ainda precisa ser feito. CURIOSIDADE A história de Marie Curie é inspiradora. Nascida em 1867, na Polônia, desafiou todos os preconceitos existentes quanto à interiorização social da mulher. Realizou um trabalho crucial sobre a radioatividade, sendo a primeira mulher, e a única pessoa no mundo, a ganhar o Prêmio Nobel duas vezes em categorias científicas distintas, química e física. Lutou contra toda forma de discriminação e preconceito, e seu legado científico é reconhecido e aplicado até os dias atuais, principalmente nas áreas de física, química e na medicina. É importante perceber que as atividades relacionadas à economia estarão sempre interligadas aos problemas socioambientais. A empregabilidade e a ne cessidade de circulação financeira elevam as relações no interior da sociedade e o meio físico. A educação é uma ferramenta "libertadora" para a erradicação dos pro blemas apresentados; entretanto, as falhas nesse processo são enormes. O esquecimento de que educar é a principal ferramenta para a formação de ci dadãos é uma das principais delas. A realização de mudanças deve ser iniciada a qualquer momento, por mais simples que seja a atitude; porém, a educação será crucial e terá impactos na construção de um novo futuro. As questões relatadas implicam sérias consequências para um bom desen volvimento socioambiental. A saúde humana é a principal impactada e motivo de estudos em diversos países. Um dos temas trabalhados em países desen volvidos é a influência das questões socioambientais na população, pois é per- RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. ceptível o crescimento do número de mortes por câncer devido à poluição, da procura por psicólogos e psiquiatras devido a problemas de relacionamento etc. - e isso influencia a qualidade de vida e bem-estar do ser humano. As me lhorias surgirão primeiramente da sensibilização, e posteriormente no traba lho para modificação - formas de ação denominadas práxis. DICA A práxis é o processo da junção entre teoria e prática. A explanação des se conceito foi realizada no trabalho realizado por Pereira e colaboradores (2016), chamado: "O conceito de práxis e a formação docente como ciên- cia da educação". Mesmo com uma abordagem mais voltada à pedagogia, os autores procuram apresentar os princípios fundamentais do conceito. O A interdisciplinaridade nas questões ambientais •• Os meios de comunicação facilitaram nossa percepção sobre o sistema cau sa-efeito dos problemas ambientais. Todavia, é importante relembrá-los para fixá-los em nosso cotidiano. Podemos classificá-los em: 1. Discriminação por questões de classe, gênero, raça e etnia; 2. Exploração irregular de recursos naturais; 3. Abuso de autoritarismo por status social, empregatício ou acadêmico;4. Despejo de rejeites em locais e formas indevidas; 5. Desmatamento e caça predatória; 6. Exploração de mão de obra; 7. Emissão constantes de poluentes atmosféricos; 8. Ausência de aprendizado sobre deveres sociais éticos. As causas dessas questões acarretam uma conjuntura de reuniões, debates e movimentos sociais, para o despertar da sensibilização. A academia, como principal membro estrutural de discussão dos problemas socioambientais, tem o compromisso de trabalhar esses temas e propor soluções. Entretanto, uma única ciência não é capaz de ter a totalidade de conhecimentos necessários para essa final idade. Um sociólogo, por exemplo, não tem competência, em sua formação, para implementar tecnologias industriais de recuperação de áreas degradadas - mas tem o conhecimento necessário para compreender as causas humanas que le- RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. varam à degradação do local. Um administrador não tem, em seu perfil profis sional, qualificação para análises químicas de despejo de efluentes em rios - mas pode trabalhar em conjunto com um especialista na área ambiental para propor uma gestão sustentável de resíduos. Esses exemplos demonstram a importân cia do trabalho conjunto das diferentes áreas. No decorrer do processo de construção do conhecimento, podemos subdivi- dir esse trabalho conjunto em três aspectos: 1. Multidisciplinar: cada área contribui com seu conhecimento, sem modifi cações; há uma espécie de ponto de vista; 2. Interdisciplinar: as áreas do conhecimento adentram-se umas nas outras e formam uma interligação de conhecimentos; 3. Transdisciplinar: não existem áreas de conhecimento. Tudo é contínuo, sem ocasionar espécie alguma de divisão ou interrupção. Este último aspecto é considerado, por diversos cientistas, uma utopia, de vido à complexidade de um único ser lidar com todo tipo de área existente. No caráter multidisciplinar, a falta da construção de novos pensamentos não apresentará eficácia quando em comparação com a interdisciplinaridade. Já a interdisciplinaridade recebe contribuições em diferentes áreas, e ocorre um engajamento, com a construção de novas formas de pensamentos aplicadas em diferentes contextos. Nesse caminho, o discurso socioambiental apresenta sua formação. Atualmente, praticamente todos os cursos de formação profissional e tec nológica (técnico, graduação ou pós-graduação) trazem alguma disciplina, ou assuntos dentro de sua ementa, que abordam a temática ambiental. Nesse sen tido, os projetos ambientalistas, por abarcarem diferentes áreas do conhecimen to, demonstram robustez de elaboração e execução, uma vez que sua constru ção exige diferentes pontos de vistas, que são interligados e contextualizados. No Brasil, os cursos de pós-graduações stricto sensu (mestrado e doutorado) inseridos na área de ciências ambientais da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) apresentam a interdisciplinaridade de áreas como obrigatoriedade no processo de construção de suas dissertações e teses. Caso o trabalho não tenha esse escopo, poderá ser penalizado com reprovação. As RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. questões sociais, inclusive, devem ser contem piadas na problemática da pesqui sa, pois, em sua maioria, os programas têm o objetivo de formar recursos huma nos capazes de compreender e solucionar problemas relacionados ao ambiente. O Um convite para repensar o amanhã •• Nossas formas de agir, sejam elas positivas ou negativas, implicarão no futuro. Como forma de refletir sobre a exposição anteriormente realizada, percebe-se que o ambiental é algo mais abrangente do que os elementos físicos. Compreender a natureza e suas interligações é um processo comple xo; contudo, em um primeiro momento, talvez seja primordial respeitarmos os elementos que nos rodeiam. Somos todos os dias convidados a refazer um novo amanhã, e repensá-lo significa transformar nossas atitudes e pro por ações de melhoria. Procuremos deixar o pensamento focado no dinheiro, as atitudes de so berba, a ganância para passarmos a conviver em harmonia. A teoria ética que aprendemos no período escolar é sempre necessária de ser colocada em prática, sensibilizando-nos com o meio em que estamos e que vivencia mos. Diferentemente das demais espécies, somos seres pensantes - e, ao realizarmos escolhas e ponderarmos nossas atitudes, conhecemos as con sequências das nossas ações. Portanto, ao prejudicarmos o meio em que vi vemos, temos conhecimento dos impactos que causaremos a nós mesmos. As gerações futuras agradecerão as transformações positivas que nos propusermos fazer hoje, e deverão dar continuidade a elas, pois este é um trabalho constante, ininterrupto e inacabável: a manutenção do nosso meio é fundamental para melhorar exponencialmente a qualidade de vida e, con sequentemente, nossa felicidade. Numa sociedade harmonizada, todos têm bons lucros em ambos os aspectos, financeiro e moral - pois pas- samos a refletir sobre o coletivo, e não somente sobre as questões individuais. Procuremos, por tanto, sempre fazer esse exercício de pensar no próximo, sobre as coisas que nos rodeiam e so bre o amanhã. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. O Conceitos e definições •• Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento é construtivo. A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é dela a responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, de vemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não simples mente recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por qual motivo existe a necessidade de constantes e diferentes formas de leituras - livros, notas, artigos, comunicações curtas -, e essas questões dúbias são erradicadas quando entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos. Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados frequen temente na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar que eles são passíveis de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se encontra em constantes transformações. As práxis implementadas são responsáveis pelo sur gimento de novas formas de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pen samento teórico. Socioambiental/ambiental Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) as relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem como produto o trabalho. Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa "balança equilibrada", pois duran te séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as partes: ora, a sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre no sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico e social foi funda mental para o surgimento de determinadas ciências, como a Geografia. A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse o conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar os recursos para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pen samento, denominada determinista, foi elaborada por Friedrich Ratzel e largamente incorporada nas ideolo gias de Hitler para o nazismo, sendo esse um dos pri meiros relatos escritos sobre a implementação das questões sociais sobre o ambiente. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Meio ambiente Termo usua lmente empregado nos estudos voltados às ciências ambienta is. Entretanto, há cientistas que i n ic iaram uma espécie de desuso, pois, ao inseri rmos a palavra "meio", estaríamos abordando a metade de a lgo, e, devido à i nterl igação existente, não se deve rea l iza r essa i nferência. Por mu itos anos, as q uestões ambientais foram abordadas nos seus aspectos físicos. Contudo, o papel socia l tem apresentado uma i nserção gradativa e abrangente na d iscussão. Por termos s ido acostumados (ou até mesmo doutri nados) a d ivid irmos o conhecimento para melhor compreensão, esse termo pode ser usua lmente empregado para o estudo das questões físicas ambientais. Áreas degradadas Umas das ma iores problemáticas ambientais existentes atua lmente é a degradação ambienta l . O termo é em pregado principa lmente para estudos de solos e ecoss istemas. As atividades h u manas, pr inc ipal mente de ind ustria l ização, agricu ltura, pecuária, e m ineração, destacam-se no desmatamento e improdutividade do solo, por meio do lançamento de rejei tas, como e lementos qu ím icos tóxicos. Ao d izermos que u ma área é degrada da, ocorre uma referência àq uelas que se encontram a ltamente pol u ídas e reque- rem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para melhoramento de so- los, afl uentes e reflorestamento. No meio acadêmico, pesqu isas vo ltadas à recuperação dessas á reas são cons tantes. O avanço nas ciências dos materia is possib i l itou a ap l icação de nanopartí cu las, h idrogéis e estruturas pol iméricas que auxi l iam, com sucesso, a recu pera ção de solos e rios. Atua lmente, empresas propõem o financiamento de pesqu isas ou compra de patentes para so l uc ionar tais problemas, o que imp l ica na inserção de u ma série de profissiona is, como engenhe iros, físicos, qu ím icos, admin istradores, bió logos e afins. RESPONSAB IL IDADE SOC IOAMB I ENTAL . Desertificação A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das Nações Unidas (ONU). A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, somada às mudanças climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degra dação de tal forma que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fa zendo surgir áreas áridas e semiáridas. Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano, alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países como os Estados Unidos entraram na "corrida", com o intuito de adquirir lucros, contestando a existência de áreas em processo de desertificação em seu terri tório. No entanto, atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos países com tendências ao processo de desertificação, que podem ser encontrados nas Américas, África e Europa. No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco, que se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de agri cultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração devido às condições climáticas, ocasionou a formação de extensas camadas de sais no solo, tornando-o improdutivo e causando abandono das áreas. As pesqui sas estão concentradas nos aspectos de impactos socioambientais, bem como na tentativa de mitigar o problema. Figura 3. Solo salin izado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de desertificação brasileiro. Fonte: MAIA 2015. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um im pacto direto na produção de alimentos, bem como o abandono dos locais pelos moradores. Nesse processo, há uma queda na arrecadação econômica. Sendo a região responsável por produzir alimentos para outros municípios, estados e afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará milhares de famí lias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das entidades governamen tais sobre o tema. Efluentes Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental são os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em nossas atividades do cotidiano. O processo de "chegada, recebimento" da água é denominado afluente; e a "saída", denominada efluente. Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de grande discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lança dos em aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana existente no material, que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento e manutenção da vida aquática. Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capaci dade de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres humanos, por meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde. ASSISTA A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com cla reza os problemas causados pelo não tratamento de efluentes. O enredo concentra-se nos impactos socioambientais causados pela mineração na região amazônica. O despejo irregular dos efluentes, com altas concentrações de metais como chumbo e mercúrio, ocasiona problemas de saúde nos moradores da região devido à ingestão por meio do consumo de peixes. Em algumas cenas, é d ema nstrad a a morte gradativa dessas p essa as. Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e moni toramento constante, por meio de análises químicas que atendem às legisla ções ambientais. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente pela aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a utilização de organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de tratamentos. O propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutili zação para fins de serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo. No Brasil, a importância do tema reflete-se na construção de linhas de pes quisas em cursos de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o problema e buscar soluções. Bioenergia As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarreta ram mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia tornou-se crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro. Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementa ção de fontes limpas e renováveis. A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4). Solar Eólica Ondas Geotérmica Biomassa Mini-hídricas Figura 4. Principais fontes de energia l impa. Fonte: CreaJR-PR, 201 0. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum nível de impacto: o que se diferencia é o grau implicado. Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem par ticulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os hidrocar bonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. Estudos apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais sustentáveis, com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias uma constante atenção e acompanhamento. A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção de energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados da soja e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais importantes. Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, princi palmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação desses modais energéticos também é outra problemática. Compreender tais problemas é importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia sustentável, há alguma forma de impacto. Economia verde Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram um processo de mudança e implementaramtecnologias em seu processo de trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente. Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como na criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é deno minado de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por parte de empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se encontra restrita à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange mais lucra tividade, com diminuição de custos. Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes de bates e participa da agenda da ONU. Os empreendimentos estão gradativamente reestruturando suas linhas produti vas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores públicos têm uma tendência em incentivar essa transição, principalmente para atingir as metas propostas em acor- RESPDNSABILl□A□E SOCIOAMBIENTAL. dos de cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu bem-estar, sem ocorrência de danos. Padrões de consumo Vivemos numa sociedade em que somos "forçados" ao constante consumo, e essa atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quais quer produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas. O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recur sos naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões de consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descar ta seus bens - roupas, eletrodomésticos, calçados e afins. O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo cons ciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se apren deu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma mu dança nessa forma de pensar é complexo. Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de mu dança de atitudes - e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já que a demanda é superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá ocorrer uma queda no bem-estar da população, assim como a falta de atendi mento para questões básicas e essenciais de manutenção diária. Mudanças climáticas Para compreensão desse tema, uma primeira definição precisa ser es clarecida, que é a diferença entre clima e tempo. O tempo é algo mutável - um dia poderá ser de sol, e o outro é de chuva. Já o clima é uma observação das modificações do tempo numa faixa mí nima de 30 anos. Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande mo dificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas frios, por exem plo, podem apresentar constante aquecimento. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da proble mática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e oca sionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse processo é denominado aquecimento global. Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temáti ca. Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de aque cimento natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já que, no contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de processos de glaciação e deglaciação. Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasio nados ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os principais responsáveis por esse processo atualmente. Desenvolvimento sustentável Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias que ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias limpas tam bém é usualmente empregada nessa temática. A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnoló gicas sustentáveis também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas as classes sociais. A questão social também se encontra inclusa no discurso des sa temática, devido à necessidade de melhorar a qualidade de vida da popula ção, em uma tentativa de diminuir as desigualdades. Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários altos investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substi tuição parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies devem ser imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar um desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas estão sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por países europeus; entretanto, muito ainda precisa ser realizado. Preservação e conservação Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados to talmente opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total, em que não pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. trata de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não fo mentando indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo como punição de descumprimento multas e/ou prisões. O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso de empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal, são situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as áreas protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e afins, cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma face esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas áreas, em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas. Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de novas espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os estudos de base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que há muito que ser descoberto. São fatores como esses que demonstram a im portância de proteção das respectivas áreas, especialmente em um contexto em que, em muitos casos, ocorre negligência para atender anseios econômicos. Ecologia, ecossistemas e biornas A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com seu ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins. São assuntos de extrema complexidade que envolvem, em determinados casos, anos de pesquisas para obtenção de resultados. O biorna é compreendido pela delimitação de uma região com característi cas (climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem defini das. No território brasileiro há seis biornas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa. Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos e a bióticos, e se propõe estudar suas respectivas influências. Esse é um conceito bastante utilizado e estudado pelos ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informa ção também têm-se apropriado dessa terminologia. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais, empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação de parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltadosao campo das engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da informação. Equidade social A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais. O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e evitar erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua apli cação ampliada: a equidade. Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento e afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso, ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da justiça (Figura 5). Igualdade Equidade Figura 5. Exemplificação d a d iferença entre igualdade e equidade social. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020. Segurança alimentar Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição de alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanis- RESPDNSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. mos produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas enti dades governamentais, é denominada soberania alimentar. A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício inadequado também são relacionadas à segurança alimentar. Resíduos sólidos Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e descar tado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados e/ou reu tilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais problemas ambientais atuais. No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão, res ponsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e sistema de infor mações sobre o gerenciamento de resíduos. Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho efeti vo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes como cidadãos são importantes pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco executado na sociedade. Racismo estrutural Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de res peito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas. No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determina do grupo social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado neste século. Essa trajetória histórica, que põe em prática uma cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma negativa, sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural. O H istórico dos debates a respeito de ética e responsabi lidade social no Brasil e no mundo •• Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos os dias. As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro, RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promover ações que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios acadêmi cos e as universidades são os principais polos desses debates, destacando-se as Ciências Humanas, embora não sejam exclusivas nessas mesas. Uma visão de aspecto mundial O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática. Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de pensa mento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe operária, e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que estavam nas mãos dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx também contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de poluição que se alastravam pela Europa. As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe ope rária procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava atrelado, também, à constante modernização fabril, que diminuiu a dependência de mão de obra e fez com que antigos artesões se tornassem desempregados. Essas perspectivas levaram os operários a lutar e a construir os sindicatos, reco nhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que também resultaram no surgimento de movimentos grevistas. Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida social foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor soluções de mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para atender às preo cupações com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas pau tas ambientalistas. O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma im portante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso de armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu discurso, como o respeito à natureza, homossexualidade, pre conceito racial e consumo consciente, dando margem a ou tros debates pouco comentados naquele período. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. O Brasi l no caminho da responsabi l idade socia l Após o período da D itad u ra M i l ita r e const itu ição do Bras i l como democra c i a , novos debates s u rg i ra m . A e laboração da Constitu ição gara nt iu as leg is la ções tra ba l h istas anter iormente red uz idas d u ra nte a d itad u ra . A l i be rdade de expressão e de i m p rensa é devo lvida, a m p l iando a ascensão sobre os prob le mas socia is, pr inc ipa l mente re lac ionados à pobreza, existentes devido à l i ber dade dos pesq u isadores das c iênc ias h u manas defin i rem seus estudos sem a ocorrênc ia de a lgu m t ipo de reta l iação. A reforma agrá r ia é o utro im porta nte ma rco, q ue poss i b i l itou a d istr ibu i ção e posse de terras pa ra os peq uenos agricu l tores . D ife renteme nte do que se imagina, esse gru po de tra ba l hadores são os pr inc ipa is responsáve i s pe lo a bastec imento a l i mentício nac io n a l . As gra ndes l avou ras, as agro i n d ú str ias, tê m foco na man ute nção do mercado i nte rnac io n a l, u ma vez q ue o B ras i l é um dos pr inc ipa is centros do agronegócio m u nd i a l . O Movimentos mundia is A Segunda Guerra M u n d i a l teve fim no a n o de 1 945 e de ixou conse quê nc ias graves para h u ma n idade. O m u ndo p rec isava reestrutu ra r-se fis icamente e econom icamente. A lém da morte de m i l ha res de pessoas, ou tro grande gru po ficou sem acesso a a l i m entos e su pr imentos de neces s idades básicas. Fatores co mo esses i m p u l s ionaram o prob lema da fome existente em d iversos pa íses do m u n •• do, mesmo a nter iormente à guerra, e fize ra m com que s u rg isse uma visão agrí- cola denom inada Revolução Verde. Entre os per íodos de 1 960 e 1 970, pa íses como Estados U n idos e M éxico procura ra m im p lementa r tec no logias q u e ace l e rassem a prod ução agríco la . Por outro l ado, a ut i l ização desenfreada de pestic idas trouxe prob lemas a m bienta is . O uso de produtos q u ím icos como fert i l iza ntes era a lgo corr ique i - RESPONSAB IL IDADE SOC IOAM B I ENTAL . ro. Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde humana, bem como avaliações de riscos, não eram realizados com frequência, e não existiam protocolosseguros de utilização e afins. Estudos que fossem contra e apre sentassem divergências de pensamentos eram duramente criticados: um deles realizado por Rachel Carson em 1 962, denominado Primavera silenciosa. A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de pes ticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde hu mana, foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno. Mesmo sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os impactos desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança, que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com níveis mais baixos de impactos ambientais. Conferência de Estocolmo O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações am bientais. O relatório produzido pelo Clube de Roma em 1 972 apontou um problema de crescimento rápido da po pulação e que os recursos naturais não conseguiriam suprir as necessidades. Naquele mesmo ano, a ONU de- cidiu realizar a primeira reunião com chefes de Estado que procurassem tratar dos problemas ambientais, de nominada Conferência Mundial do Homem e do Meio Ambiente, popu larmente conhecida como Conferência de Estocolmo (Figura 6). Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência de Estocolmo. Fonte: FEITOSA, 201 8. Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível es cassez de recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram de batidas no encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, também denominada Declaração de Estocolmo, que pro movia ações ambientais. A importância dessa reunião é pautada por ser a RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. primeira vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente, com os aspectos ambientais. A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das institui ções governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação do IPCC - lntergovernmental Panei on Clímate Change, em 1988. A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões econômicas). Protocolo de Quioto Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído o Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada apenas no ano de 2005. Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida no planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de ga ses do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera. Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de C02, e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos de carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito em forma de certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mer cado internacional. Eco 92 e Rio + 20 A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos temas ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países (176) de todo o planeta. Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava de finir um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tor nou-se o início da ascensão global das discussões sobre os problemas ambientais, tendo como foco a busca por alternativas de solução (Figura 7). Assim como o relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental para ela boração do Protocolo de Quioto. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. ENVla0NMENT AND DEVELOPMENT Rio de Janeiro 3 - 1 4 June 1 992 Figura 7 . Registro do encerramento da Eco 92 . Fonte: ROZARIO, 1 992. A Rio+20, por sua vez, fo i rea l izada 20 a nos depo is e teve por objetivo a rea fi rmação dos comprom issos adotados na Eco 92 . A conferênc ia ta mbém teve como foco a observação e d iscussão de prob lemas a i nda existentes e buscou formas de so luções futuras . U m gra n d e d iferenc ia l do encontro fo i a intens ifi cação dos debates vo l tados à imp lementação da economia verde . Cúpu la das Nações U nidas para o Desenvolvimento Sustentável Esse importante evento ocorreu na c idade de Nova York, Estados Un i dos, com o objetivo de d i rec ionar o p lanejamento pa ra o desen volvimento sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 1 7 objet ivos, denominados ODS (Objetivos para o Desenvolvi mento Sustentável), como demonstra a Figura 8 . No encontro, também foram d iscutidas as ações propostas durante a Rio +20. ■- ■" ...... .. ICI . . . IJ.. .ª. O li ■,, . , ■· • · l i • •. ' ". ' ' ■·· • , • • . 1 • l • I ' ' I , . . , • • <Ili .. :,: , :: :: :: m 111 , 1 : , 1 11• t:' 11· ' , . . ' . " · 1 • 1 (9 OBJETIV")S DE DESENVOLVlt,1ENTO SUSTENTAVEL Figura 8. Os 1 7 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável na Agenda 2030. Fonte: ONU Brasi l , 201 5. R E S P O N S A B I L I DADE S O C IOAM B I ENTAL . Sintetizando • A industrialização e o desenvolvimento urbanos foram os principais causado res dos impactos ambientais, transformando radicalmente o modo de vida so cial. Esse processo também ocasionou o afastamento do ser humano em relação a seu meio, o que causou uma diferença entre sociedade e natureza. Além disso, o deslumbramento com os aspectos econômicos e ascensão do modo capitalista fizeram com que a sociedade se dividisse em subgrupos, dando margem à disse minação de diversas formas de discriminação. O consumo e a falta de sensibilização com a natureza ocasionaram uma série de consequências, como a poluição de aquíferos, do ar e do solo, que impac tam seriamente a manutenção e qualidade de vida. Ademais, o surgimento e disseminação de doenças relacionadas a impactos ambientais é algo presente na sociedade atual, e tais fatores levam-nos a refletir sobre a necessidade de reestruturarmos nossas atitudes. As causas sociais, como preconceito racial, discriminação a grupos etc. são de cunho ambientalista, pois devemos lembrar sempre que ser humano e nature za são indissociáveis. A compreensão de todos os aspectos, humanos, físicos e afins, na óptica interdisciplinar, é fundamental, devido à robustez em receber e interligar diferentes formas de conhecimento. Nesta unidade, vimos um pouco dos debates ambientalistas, seus concei tos e fundamentos. A principal observação a ser feita é a atenção dos setores públicos para as causas ambientalistas. A percepção que este é um tema que influencia diretamente os aspectos sociais e econômicos fez com que a temática adentrasse as agendas globais. O fomento de pesquisas também demonstra a importância da discussão. Todos os eventos e conferências, diante disso, têm um único fim: proporcionar para sociedade uma vida sustentável. Devemos sempre lembrar que esta não é uma causa exclusiva dos órgãos go vernamentais e das grandes empresas, porém. Assim como a sociedade procu- rou lutar pelos diretos trabalhistas, deverá ater-se à sensibilização com o seu meio. O ambiente que nos rodeia é de todos, e somos responsáveis por sua melhoria. Pequenas atitudes hoje farão a diferença para termos um futuro melhor e proporcionar me lhor qualidade de vida para as próximas gerações. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Referências bib l iográficas • ARUANAS (seriado). Direção de Estela Renner. Rio de Janeiro: Globoplay, 2019. (40 min.), son., color. BRASIL. Lei n. 12.305/10, de 2 de agosto de 2010. Diário Oficial da União, Bra sília, DF, Poder Legislativo, 03 ago. 2010. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/I12305.htm>.Acesso em: 24 jul. 2020. CREAJR-PR [Programa]. Brasil e as energias renováveis. [s.1.J, 30 ago. 2010. Disponível em: <https://creajrpr.word press.com/2010/08/30/brasi I-e-as-ener gias-renovaveis/>. Acesso em: 23 jul. 2020. FEITOSA, E. 1972: o Brasil na Conferência de Estocolmo. 1 imagem. 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Tópicos de estudo Responsabilidade socioambiental • O nascimento do mundo globalizado e a questão socioambiental • A responsabilidade socioambiental como compromisso da modernidade • A responsabilidade socioambiental governamental, cidadã e empresarial Aspectos legais • Leis socioambientais brasileiras • A responsabilidade socioambiental além das exigências legais Desenvolvimento sustentável • Ações globais rumo ao desenvolvimento sustentável • As três dimensões da sustentabilidade Debates mundiais • Agenda 2 1 • Agenda 2030 Contexto atual • Ecoeficiência • Os 7 R's da sustentabilidade RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. O Responsabilidade socioambiental •• Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos processos naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços tecnológicos e crescimento econômico foram obtidos. Com o aprimoramento tecnológico e inúmeras descobertas em todas as áreas do conhecimento, passamos a con trolar os elementos da natureza e a aumentar sua capacidade de produção. Muitos desses avanços visaram à produção e o consumo sem avaliar questões de risco ambiental e social. O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento pela demanda por combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou em um fluxo enérgico desequilibrado ecossistemicamente. Há muitos anos esta mos sendo alertados sobre a insustentabilidade dos hábitos de consumo re sultantes da economia capitalista. Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e conec tadas. Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que padrões de consumo adotados em escala mundial resultam em perdas progressivas de características geográficas, regionais e culturais, bem como na contaminação ambiental, que resulta em perda de diversidade de fauna e flora. Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade socioambien tal. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2020), a responsabilidade so cioambiental está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e políticas que tenham entre seus principais objetivos a sustentabilidade. Responsabi lidade socioambiental também pode ser compreendida como um conjunto de práticas exercidas por cidadãos, governos e empresas públicas e privadas que têm por objetivo providenciarem a inclusão social (responsabilidade social) e o cuidado com o meio ambiente (res ponsabilidade ambiental). Se de um lado temos observado diversas atividades que causam degradação socioambiental e colocam em risco a qualidade de vida e a sobrevivência das futuras gerações, do outro há diversas organizações se mobilizando para nos conscientizar da necessidade de mudança para que o plane ta Terra e a humanidade possam coexistir (Figura 1). RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Figura 1. Mobi lização popular enfatizando a necessidade de mudança para um perfil responsável socioambientalmen te. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. O O nascimento do mundo g loba l izado e a questão socioambienta l •• Nos últimos 250 anos, os impactos causados pelas diversas mudanças de- correntes do desenvolvimento industrial ainda não estão totalmente dese nhados e são debatidos por diversas organizações e meios de comunicação. Nos dias de hoje, podemos dizer que a máxima do desenvolvimento indus trial é a globalização. Para chegarmos ao mundo como conhecemos hoje, o mundo globalizado, alguns momentos históricos foram cruciais. A Revolução Industrial intensi ficou o uso e a pressão sobre os recursos naturais renováveis e não reno váveis para atender à intensificação da produção industrial em escala. Com a maior demanda por trabalhadores nas indústrias e em busca de "uma vida melhor" - aos moldes capitalistas -, muitas pessoas saíram do campo para morar nas cidades, processo que culminou na urbanização. A revolução verde levou ao campo das tecnologias nunca vistas, permitindo incrementas anuais na produtividade de vegetais e carnes, comercializados para atender a demanda interna e externa das redes de mercado global. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. EXPLI CAN DO Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior capaci dade de manutenção e não se esgotam fac ilmente, são exemplos: água, solo, maté ria orgân ica e vento. Os recursos naturais não renováveis são aqueles que se esgotam quando usados sem práti cas sustentáveis e seu tempo de reposição não é comparado à c ronologia de v ida humana, são exemplos: petróleo, carvão m i neral, gás natu ral, xisto betuminoso e ener g ia nuclear. Com exceção à energia nuclear, todos os exemplos c itados são de origem fóssil. Estas transformações foram e são acompanhadaspelos impactos negativos ao meio ambiente e à perda de características sociais: há aumento das áreas desmatadas, da poluição atmosférica, do solo e hídrica, perda de biodiversida de, os produtos consumidos não são corretamente descartados, há aumento da desigualdade social, entre outros (Figura 2) . .l Figura 2. Poluição ambiental resultante da produção industrial. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras ecoló gicas mundiais foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem exigindo con tinuamente modelos de produção de bens e serviços obtidos por meio de tec nologias que repensem questões de competitividade e que considerem formas de mitigação do impacto social e ambiental. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos têm sobre o ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além da avaliação, ações de gestão que contribuam para o desenvolvimento ambiental e para o despertar da responsabilidade socioambiental devem ser propostas por gover nos, empresas e cidadãos. • A responsabilidade socioambiental como compromisso da modernidade Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as ques tões ambientais. Comumente, ouvimos falar sobre responsabilidade socioam biental. Isso vem acontecendo porque o mundo moderno se deu conta de que os impactos dos nossos hábitos de produção e consumo não estão alinhados com o poder de resiliência do planeta, uma vez que seus recursos são limitados. Por esse motivo, instituições públicas e privadas, organizações governa mentais e não governamentais têm se dedicado cada vez mais a programas de implementação de práticas socioambientais e de conscientização da popu lação. A ideia consiste em identificar, eliminar ou, ao menos, reduzir o impacto negativo que uma determinada atividade possa causar. EXEMPLIFICANDO Diversas organizações governamentais e não governamentais se dedicam à causa socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir: • Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA); • Agenda ambiental na administração pública; • Instituto de pesquisas socioambientais (1 PESA); • 1 nstituto socioam biental (1 SA); • Fundo casa socioambiental; • Verdejar socioambiental; • 1 nstituto Ethos. Uma vez que elas já existem e não se mostraram totalmente efetivas, as práticas de responsabilidade socioambiental vão além de Leis. Atualmente, os programas devem fomentar e inserir a responsabilidade socioambiental como um compromisso diário a ser adotado pela sociedade, de forma a garantir a existência de um mundo melhor para as futuras gerações. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem ser adotadas a fim de inserir as práticas de responsabilidade socioam biental no dia a dia pessoal e profissional. Hoje, a sociedade sabe identifi car cidadãos, instituições, organizações e empresas que investem em po líticas e na cultura organizacional sustentável, posicionando-se de forma ética e responsável. • A responsabilidade socioambiental governamental, cidadã e empresarial Todos são responsáveis pela elaboração, difusão e aplicação das práticas de responsabilidade socioambiental; entre seus agentes, estão os governos, as cidades e as empresas. O governo atua na pauta socioambiental, formulando leis e ações de cons cientização que atingem a sociedade civil e empresarial. Para que os cidadãos se tornem cientes, possam exigir e exercer a responsabilidade socioambiental, o governo deve encontrar meios para que as políticas públicas estejam próxi mas dos cidadãos, divulgando-as nos meios de comunicação e redes sociais, adequando currículos escolares e financiando instituições de pesquisa. Além disso, a gestão socioambiental deve ouvir os cidadãos por meio de seus repre sentantes municipais e estaduais, bem como a iniciativa privada e as organiza ções não governamentais. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e suas esferas são responsáveis pelo desenvolvimento de políticas públicas que tenham como objetivo promover a produção e o consumo sustentáveis. Além disso, também é responsabilidade do governo promover o crescimento do País adotando práticas de desenvolvimento sustentável, ou seja, grandes obras de interesse social devem fazer uso de práticas sustentáveis e serem baseadas em estudos de impacto ambiental. As cidades e seus cidadãos têm o compromisso de exercer as práticas de responsabilidade socioambiental. Para isso, como mostra o Quadro 1, existem diversas ações que podem ser adotadas no nosso dia a dia. De vemos exigir dos governantes, políticas que fomentem tal temática e dar preferência ao consumo de produtos e serviços de empresas atuantes na causa socioambiental. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Quando nos colocamos como agentes ativos das práticas de responsabili dade socioambiental, estamos indiretamente praticando assistencialismo, in clusão social, inclusão digital e educação ambiental! Envolver-se nessas ações nos torna cidadãos participativos e responsáveis, além disso, as questões socioambientais vêm se tornando cada vez mais importantes e moldando-se como um dever de todos. QUADRO 1 . PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL QUE PODEM SER ADOTADAS NAS CIDADES Prática Faça escolhas conscientes Esti mui e o uso do transporte alternativo Avalie a necessidade de consumir Busque a origem dos produtos Pratique a coleta seletiva Participe de atividades recreativas Conheça os produtos da sua região Converse sobre meio ambiente Evite fontes não renováveis � Exemplo Comprando de empresas que apoiam a causa sus tentável. Indo de bicicleta, metrô, carona, ônibus ou cami nhando. Atualizando os aparelhos eletrônicos, em vez de trocá-los. Informando-se sobre práticas ilegais como trabalho infantil. Separando embalagens plásticas do lixo orgânico. Organizando festas folclóricas e tradicionais. Comprando diretamente do agricultor indo ao co mércio local. Falando com vizinhos sobre as opções sustentáveis existentes na cidade. Consumindo etanol e produtos biodegradáveis. Os cidadãos exercem a responsabilidade socioambiental individual. Ela consiste em atitudes individuais reiteradas para uma maior preservação do ambiente a nossa volta. Devemos pensar que ela deve ser praticada individual mente, mas por todos nós, resultando em uma ação coletiva e de grande poder ambiental. São exemplos de responsabilidade socioambiental individual: • Evitar usar sacolas e embalagens plásticas; • Não desperdiçar alimentos; • Separar e reciclar o lixo; • Armazenar e destinar corretamente o óleo de cozinha; RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL . • Economizar água e energia elétrica, usando de forma racional; • Adquirir eletrodomésticos com baixo consumo de energia. As empresas que aderem à responsabilidade socioambiental buscam co nhecer as características regionais, ouvir seus colaboradores e possuem pro cessos e/ou serviços ambientalmente corretos. Elas reconhecem a sua respon sabilidade socioambiental e assumem voluntariamente compromissos que vão para além dos requisitos reguladores convencionais, aos quais estão ne cessariamente vinculadas. Procuram elevar o grau de exigência das normas relacionadas com a proteção ambiental, com o desenvolvimento social e com o respeito aos direitos fundamentais, adotando uma cultura organizacional aberta em que interesses de todas as esferas se conciliam em direção a uma abordagem global da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável. Como podemos observar na Figura 3, adotando as práticas de responsabili dade socioambiental e estratégias de marketing, além dos benefícios sociais e ao meio ambiente, as empresas também melhoram sua imagem corporativa e aumentam seus lucros. Ocorre ainda a
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