Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 A função principal dos rins é manter o balanço homeostático com relação aos líquidos, eletrólitos e solutos orgânicos. A unidade funcional dos rins é o néfron. O volume urinário mínimo capaz de eliminar uma quantidade relativamente fixa de 600 mOsm de soluto é 500mL, supondo que o rim seja capaz de concentração máxima. O volume urinário inferior a 400 mL é denominado oligúria (CHEMIN & MURA). Se os metabólitos nitrogenados se acumularem no sangue tem-se a instalação da azotemia. O rim possui outras funções não relacionadas à excreção: Controle da pressão sangüínea via sistema renina- angiotensina; Produz o hormônio eritropoietina, com atividade eritróide na medula óssea; Manutenção da homeostase de cálcio-fósforo. Os pacientes com insuficiência renal constituem um grupo heterogêneo, com diferentes objetivos da terapia nutricional, necessidades e composição de planos nutricionais. NUTRIÇÃO NA LESÃO RENAL AGUDA (LRA OU IRA) A lesão renal aguda ou insuficiência renal aguda (IRA) apresenta uma incidência hospitalar média de 5% nos pacientes internados, em média 20% dos pacientes em UTI. Possui epidemiologia pouco conhecida e existem mais de 30 definições de IRA. Com a proposta do Acute Dialysis Quality Initiative (ADQI) tem-se: elevação da creatinina de 0,3mg/dL nas 48h após correção da hidratação. Embora a creatinina seja um marcador bastante específico e ainda o mais utilizado na prática clínica, apresenta importantes limitações. Nas fases iniciais ela pode superestimar a função renal, por aumento da secreção tubular, e quando seus valores começam a elevar, muitos eventos moleculares e celulares já ocorreram, tornando-a um marcador tardio em relação ao ebvento desencadeante. É dependente, ainda, da massa mucular, o qyue faz com que, em pacientes desnutridos, como hepatopatas, pacientes com neoplasias ou com redução de massa muscular de qualquer etiologia, bem como idosos, apresentem uma função renal superestimada quando baseada apenas na creatinina plasmática. Pacientes hipervolêmicos, edemaciados, com Balanço hídrico - BH (+) podem apresentar falsamente creatinina normal pelo efeito dilucional. O mínimo que deve ser feito em pacientes com IRA é a estimativa da Taxa de Filtração Glomerular. Na prática estima-se a depuração ou clearence de creatinina (Ccr): Ccr (mL/min) = [Cr urinária (mg/dL) x vol urinário (mL)] / [ tempo de coleta (min) x Cr plasma (mg/dL)] O Ccr também pode ser estimado pela fórmula de Cockcroft & Gault: Homens: Ccr (mL/min) = {[140 – idade (anos)] x peso (kg)} / [(Cr plasma (mg/dL) x 72)] Mulheres: multiplica-se o resultado por 0,85. A quantidade de creatinina depende da massa muscular, o clearence deve ser corrigido pela superfície corporal. Valor Normal: 80 – 120mL/min/1,73m2. A IRA costuma ser multifatorial. É considerada não somente uma doença hemodinâmica, mas também uma doença inflamatória e vascular pela importante participação de mediadores inflamatórios e citoquinas na sua fisiopatologia, desencadeando lesões oxidativas e endoteliais. Entre as causas clínicas, a sepse é a principal etiologia da IRA, mas também insuficiências cardíacas e hepáticas, assim como a má distribuição volêmica nas hipoalbuminemias, pancreatites, dentre outras. Cirurgias também são causas frequentes de IRA. São causas de IRA: • Pré-renal: doenças que provocam hipoperfusão renal, sem comprometer a integridade do parênquima, cerca de 55% ; Podem ser incluídas drogas nefrotóxicas: contrastes radiológicos iodados, exames TERAPIA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS RENAIS Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 2 vasculares de imagem, tomografia, antiobióticos (aminoglicosídeos, polimixina, anfotericina e antirretrovirais. • Renal: doenças que afetam diretamente o parênquima renal, cerca de 40%; • Pós-renal: doenças associadas à obstrução do trato urinário, cerca de 5%; IRA pré-renal: 1- Hipovolemia: hemorragias, perdas gastrointestinais, perdas para terceiro espaço, queimaduras, excesso de diuréticos, febre, desidratação. 2- Diminuição do débito cardíaco: insuficiência cardíaca (IC), infarto agudo do miocárdio (IAM), tamponamento cardíaco, arritmias, ventilação mecânica com pressão positiva. 3- Alteração da relação entre resistência vascular sistêmica e renal: choque distributivo, uso abusivo de anti-hipertensivos, sepse, anafilaxia, noradrenalina, anfotericina B, ciclosporina, síndrome hepatorrenal. 4- Drogas: anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs), inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), ciclosporina, contraste iodado. 5- Hiperviscosidade: mieloma múltiplo, macroglobulinemia, policitemia. IRA pós-renal: 1- Obstrução ureteral bilateral: neoplasia de próstata, neoplasia de colo uterino, fibrose retroperitoneal idiopática, iatrogenia, obstrução intraluminal (cristais, edema, coágulos). 2- Obstrução na bexiga: neoplasia de bexiga, infecção, neuropatia. 3- Obstrução uretral: válvula congenital, hipertrofia prostática benigna (HPB), funcional. IRA renal: 1- Obstrução vascular renal (bilateral ou unilateral com rim único funcionante): obstrução de veia renal (trombose, compressão), obstrução de artéria renal (aterosclerose, trombose, embolia, vasculite). 2- Doenças do glomérulo ou da microvasculatura renal: glomerulonefrite, vasculite, síndrome hemolítica urêmica, púrpura trombocitopênica trombótica, coagulação intravascular disseminada, esclerodermia, lupus eritematoso sistêmico. 3- Necrose tubular aguda: isquemia (igual a IRA pré- renal), toxinas (meios de contraste, antibióticos, ciclosporina, quimioterápicos, acetaminofen, rabdomiólise, hemólise, ácido úrico, oxalato, discrasia de leucócitos). 4- Nefrite intersticial: alérgica (antibióticos como betalactâmicos, sulfonamidas, trimetropim, rifampicina, AINEs, diuréticos, captopril), infecções (bacterianas, virais ou fúngicas), infiltração (linfoma, leucemia, sarcoidose) e idiopática. 5- Depósito e obstrução intratubular: proteínas do mieloma, ácido úrico, oxalato, aciclovir, metotrexato, sulfonamidas. 6- Rejeição de aloenxerto renal TERAPIA NUTRICIONAL DA IRA Segundo a CHEMIN & MURA (2011), infelizmente não existe recomendação nutricional para pacientes com lesão renal aguda concomitante a outras patologias. A recomendação é baseada no nível de catabolismo que o paciente apresenta. Na fase inicial (24 – 48h após evento traumático/crítico) da lesão renal aguda, deve-se evitar o suporte nutricional, pois as grandes quantidades de aminoácidos e glicose infundidos durante essa fase podem aumentar o consumo renal de oxigênio, agravando a lesão tubular e renal. Chemin&Mura (2011) Por isso o cálculo do grau de catabolismo pode ser feito através da taxa de aparecimento de nitrogênio uréico (TAU). TAU (g/d) = N uréico urinário (g/d) + N Uréico dialisato (g/d) + variação do N uréico corporal (g/d) Variação do N uréico corporal (g/d) = UNSf – UNSi (g/L) x PCi (kg) x 0,6 + (PCf – PCi) x UNSi (g/L) x (1,0L/kg) Onde i e f são os valores inicial e final do período das medidas: UNS – N uréico do soro (g/L); PC – peso corporal (kg); 0,6 – estimativa da água corporal; 1,0 – volume de distribuição da uréia no aumento ou na perda de peso. * Pacientes submetidos a diálise contínua. INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC) Ao passar do tempo, a TFG declina e em resposta à essa diminuição tem-se a adaptação para prevenção da falência renal. Os fatores que aumentam a pressão glomerular tendem a acelerar este processo, enquanto que os fatores que diminuem a pressão glomerular tendem a aliviá-lo. Sabe-se que a proteína dietética aumenta a pressão glomerular. É uma síndrome clínica decorrente de perda lenta, progressiva e irreversível da função renal. O quadro clínico que se desenvolve com o evoluir da Insuficiência Renal denomina-se síndrome urêmica ou uremia (retenção de escórias nitrogenadas, como creatinina associada a sinais clínicos). 3 Na IRC com a perda e redução da filtração glomerular tem- se acúmulo no soro ou plasma de produtos tóxicos, principalmente uréia e creatinina, principaisdesencadeadores da síndrome urêmica. PRINCIPAIS CAUSAS DE IRC (CHEMIN & MURA) ESTÁGIOS DE IRC Na prática estima-se a depuração ou clearence de creatinina (Ccr): Ccr (mL/min) = [Cr urinária (mg/dL) x vol urinário (mL)] / [ tempo de coleta (min) x Cr plasma (mg/dL)] O Ccr também pode ser estimado pela fórmula de Cockcroft & Gault: Homens: Ccr (mL/min) = {[140 – idade (anos)] x peso (kg)} / [(Cr plasma (mg/dL) x 72)] Mulheres: multiplica-se o resultado por 0,85. A quantidade de creatinina depende da massa muscular, o clearence deve ser corrigido pela superfície corporal. Valor Normal: 80 – 120mL/min/1,73m2. Estágios de IRC – CHEMIN & MURA ASSOCIAÇÃO ENTRE IRC E PATOLOGIA ANEMIA (CHEMIN & MURA) O rim é responsável por 90% da produção de eritropoietina, que age na medula óssea, regulando o número de eritróides e maturação celular. A anemia na IRC é normocrômica normocítica. O uso de eritropoietina humana recombinante associada à reposição de ferro em pacientes IRC é responsável por uma importante redução da morbidade relacionada à uremia. SÍNDROME MIA E COMPLICAÇÕES CARDIOVASCULARES (CHEMIN & MURA) A síndrome MIA é uma combinação de desnutrição, inflamação e aterosclerose. São sinais observados em pacientes portadores de doença renal mesmo antes do tratamento dialítico. Causa grande impacto na mortalidade de pacientes em diálise. Além disso, a atividade inflamatória possui associação com doença aterosclerótica. Vários fatores de risco não tradicionais para doença cardiovascular estão comumente presentes na população urêmica: hiper-homocisteinemia, estresse oxidativo, calcificação vascular, desnutrição e inflamação. Fatores de risco tradicionais para doença cardiovascular em pacientes IRC (CHEMIN & MURA) Fatores de risco não tradicionais para doença cardiovascular em pacientes IRC (CHEMIN & MURA) DESEQUILÍBRIOS SÉRICOS DE CÁLCIO E FÓSFORO E AS CALCIFICAÇÕES (CHEMIN & MURA) Em indivíduos saudáveis, os níveis séricos de cálcio e fósforo sao regulados pela interação PTH e vitamina D ativa. O PTH possui as seguintes ações: Aumentar a síntese de vitamina D ativa no rim; Aumentar a absorção de cálcio pelo intestino; Aumentar a reabsorção de cálcio pelos túbulos renais; Favorecer a eliminação de fosfato pelos rins; Aumentar a atividade osteoclástica. A quantidade de fósforo eliminada pelos rins é determinada pelo equilíbrio entre os processos de ultrafiltração e reabsorção. À medida que a função renal e a TFG entram em declínio, a regulação do fósforo é mantida por uma queda compensatória da taxa de reabsorção tubular de fósforo mediada pelo PTH. 4 Entretanto, quando os níveis de TFG forem <25mL/min, o PTH não consegue mais aumentar a excreção de fósforo, estabelecendo a hiperfosfatemia, que perturba a interação cálcio, vitamina D e PTH. Além disso, os baixos níveis de vitamina D ativa e o conseqüente tratamento com vitamina D têm-se estímulo da absorção tanto de cálcio quanto de fósforo e a absorção de cálcio do dialisato em pacientes em diálise peritoneal, contribuindo para a sobrecarga de cálcio em pacientes IRC. Essa sobrecarga é um fator de risco para calcificação metastática e de tecido cardíacos e vasculares, o que constitui ameaça à vida. Para evitar a calcificação urêmica, morte cardíaca e doença vascular, são considerados níveis- alvo de fósforo <5,5mg/dL, PTH 100-200pg/mL e produto Ca x P <55mg2/dL2. HIPERPARATIREOIDISMO SECUDÁRIO E OSTEODISTROFIA RENAL (CHEMIN & MURA) O excesso de PTH, como visto anteriormente, é fator de risco para mobilização de cálcio, magnésio e fósforo dos ossos e deposição destes nos tecidos moles. A osteodistrofia renal abrange os tipos de doença óssea metabólica encontrados em pacientes em diálise. Muitos fatores podem estar implicados como: Doença renal de base; Duração da IRC; Tempo de tratamento dialítico; Modalidade dialítica. Vários são os fatores que podem estar associados à redução da densidade mineral óssea em pacientes IRC: Fatores nutricionais; Sexo; Uso de heparina; Ação de mediadores inflamatórios; Desequilíbrio ácido-básico; Uso prévio de corticoesteróides; Graus de função renal residual; Tipo de osteodistrofia renal. MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS (CHEMIN & MURA) A encefalopatia urêmica pode se manifestar por meio de fadiga intensa, tendência à inversão do ciclo sono-vigília, prurido, déficit de atenção, anorexia, náuseas e vômitos, memória imprecisa, diminuição do interesse sexual, labilidade emocional, mioclonias, sensação de pernas cansadas, queimação nos pés, nistagmo e vertigem, coma e convulsões. Os sintomas são aliviados com diálise e cessam após re-estabelecimento da função renal normal (transplante renal bem-sucedido). DIABETES MELITO (CHEMIN & MURA) Entre as complicações do DM encontra-se a IRC, causada principalmente pela esclerose glomerular, que, em seus estágios finais, requer terapia substitutiva renal DESNUTRIÇÃO A desnutrição é um achado comum em pacientes IRC e está associada com perda de peso, à depleção energética e ao hipercatabolismo protéico. Quanto menor for a TFG (< 20 – 25mL/min), mais se evidenciam os sinais de comprometimento nutricional. Dois tipos de desnutrição estão presentes em pacientes IRC: a relacionada à uremia e aquela causada por atividade inflamatória. Os critérios para definição de desnutrição em pacientes IRC propostos pelo Projeto Diretrizes da AMB (2011) são apresentados a aseguir. TRATAMENTO DA IRC a)Avaliação da função renal avaliação da TFG. Doenças e fatores relacionados à progressão da IRC (CHEMIN & MURA) b)Medidas para retardar a doença renal crônica Controle glicêmico (a hiperglicemia é um fator de risco independente para nefropatia, estudos mostram que os níveis de HbA1C se correlacionam com a perda da função renal e o controle glicêmico reduz a progressão da IRC) – meta: HbA1C <7%; Controle da pressão arterial manter em níveis menores que 130/80mmHg nos pacientes com IRC, HAS ou DM, a restrição de sódio gira em torno de 2 – 4g de sódio/dia – os diuréticos de alça são os agentes de escolha para redução do sódio e do VEC nesses pacientes, os diuréticos promovem natriurese efetiva mesmo se o clearence de creatinina estiver abaixo de 30mL/min; Uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina – reduzem a pressão intraglomerular e a proteinúria; Redução do risco de agudização; Restrição protéica (diminui a pressão intraglomerular); Tabagismo (associado à proteinúria mais grave). c) Medidas para prevenir complicações da IRC Anemia tratar indivíduos comu Hb<11g/dL (CHEMIN & MURA, 2011) – meta ferritina >100ng/dL e saturação de transferrina (CHEMIN & MNURA, 2011) >20%; Osteodistrofia (restrição de fósforo para 800 a 1000mg/dia, ajustado às necessidades dos pacientes e uso de quelantes, sendo que a dose diária de cálcio elementar dos quelantes não deve ultrapassar 1500 a 2000mg/dia); Alterações de eletrólitos e acidose (a suplementação de bicarbonato é recomendada em pacientes com acidose 5 metabólica com o objetivo de preservar massa magra e não desenvolver doença óssea); Subnutrição (para prevenção de subnutrição o NFK/DOQI recomenda PTN entre 0,8 a 1,0g/kg/dia e calorias entre 30 a 35kcal/kg/dia); Infecções. d) Modificar co-morbidades Cardiopatia; Vasculopatia; Neuropatia; Dislipidemia; Retinopatia. TRATAMENTO CONSERVADOR - Proteínas: metabolismo e recomendações Na IRC tem-se aumento da concentração sérica de AA não- essenciais e diminuição de AA essenciais. Com a diminuição da função renal, ocorre uma redução do catabolismo de glutamina, prejudicando a síntese de alanina. Por sua vez, a valina, leucina encontram-se diminuídas no plasma e músculo. A depleção de valina sugere que este é o AA preferencialmente catabolizado. A concentração de tirosina, assim com a razão tirosina/fenilalanina, diminui na insuficiência renal. A histidina é um AA essencial na doença renal, encontrando- se diminuída na DRC. Pode ter deficiência de taurina, por diminuição da concentração de piridoxina oudiminuição da enzima-chave para síntese de taurina, podendo levar à fadiga e cardiomiopatia. A avaliação da ingestão alimentar é fundamental para acompanhamento nutricional, para isso, calcula-se PCR ou taxa de catabolismo protéico. PCR (g de proteína/dia) = 9,35 G + 11,04 Onde G a geração de uréia em mg de nitrogênio/min, onde: G = NuU x Vu / T NuU – nitrogênio uréico urinário em mg/mL Vu – volume urinário em mL T – tempo de coleta de urina em minutos (geralmente 1440min, ou seja, 24 horas) AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA IRC Peso corporal a ser utilizado nas recomendações: segundo o NKF/NOQI, o peso atual deve ser utilizado para cálculo das recomendações apenas se o paciente estiver próximo do peso ideal ou desejável. Caso a adequação do peso atual em relação ao ideal seja superior a 115% ou inferior a 95%, recomenda-se uso do peso ajustado (Paj), onde: Paj = [Peso ideal – Peso atual] x 0,25 + Peso atual ATENÇÃO (CHEMIN & MURA): A carambola é um alimento que, independente do conteúdo de potássio, é contra-indicado para pacientes portadores de IRC por possuir uma substância tóxica ainda não identificada, podendo causar desde soluços, até coma e morte. A base do tratamento conservador é a restrição proteica! A restrição protéica promove: 1) diminui a pressão intraglomerular, redução do consumo de oxigênio em conseqüência de menor excreção de amônia e fosfatos; 2) redução da geração de produtos nitrogenados tóxicos e íons inorgânicos responsáveis pelos distúrbios clínicos urêmicos; 3) pode contribuir na prevenção e tratamento da acidose metabólica, dentre outros distúrbios clínicos. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA IRC – TRATAMENTO CONSERVADOR 6 IRC E O USO DE CETOÁCIDOS! Dieta muito restrita em PTn suplementada com AA essenciais e/ouou cetoácidos: mais indicada para pacientes com TFG < 30ml/min. O uso de cetoácidos é viável uma vez que estes são análogos de AA essenciais sem nitrogênio e, por transaminação hepática incorporam o nitrogênio disponível do plasma, sendo então convertidos no AA correspondente. Com isso, diminui-se a formação de escórias nitrogenadas, diminuindo os sinais da síndrome urêmica e melhor controle glicêmico de diabéticos. Para que se obtenha resultados satisfatórios há necessidade de adoção de dieta rica em proteínas de origem vegetal, uma vez que no caso de ingestão protéica elevada os cetoácidos e AA suplementados serão oxidados. LIMITAÇÂO DO TRATAMENTO – CUSTO. A prescrição de cetoácidos é de um comprimido para cada 5kg de peso corporal. Aconselha-se suplementação de vitaminas em razão da dieta ser muito restrita. Recomendações dietéticas: 0,3g/kg de proteína, em especial proteína vegetal e 30 a 35kcal/kg. Recomendações de micronutrientes e fibras no tratamento conservador segundo WAITZBERG (2009). TRATAMENTO MÉDICO DA DOENÇA RENAL TERMINAL (HEMODIÁLISE, DIÁLISE PERITONEAL E TRANSPLANTE DIRETO) HEMODIÁLISE Requer acesso permanente à corrente sanguínea por meio de uma fístula criada para conectar uma artéria e a uma veia. Normalmente requer tratamento com duração de 3 – 5h, 3x/por semana. Necessidade dietéticas de proteína variam em torno de 1,2g/kg, com cerca de 50% AVB. A hemodiálise (HD) é rápida e eficiente, consiste em filtrar o sangue através de uma membrana semipermeável e uma solução isotônica de NaCl, rica em cálcio, magnésio, potássio, bicarbonato e dextrose. Pode ocorrer perda de 10 a 13g de aminoácidos e peptídeos pequenos por sessão, líquidos, vitaminas hidrossolúveis (vitamina C e piridoxina) e minerais. A desnutrição é um dos principais problemas associados à HD. As causas de desnutrição em HD estão na figura 1. Causas de DEP em pacientes em HD. DIÁLISE PERITONEAL Utiliza a membrana semipermeável do peritônio. O dialisato é rico em dextrose e a AGU se movimenta por osmose. A DPAC é similar a DP padrão, entretanto a troca do dialisato é manual, feita de 4 – 5x/dia. Os pacientes tem altíssimas necessidades protéicas (1,2 – 1,5g/kg) e devem manter uma ingestão usual de potássio equivalente a 3 – 4g/dia. O ganho de peso é observado decorrente da absorção de 400 – 800kcal/dia provenientes da glicose do dialisato. A diálise peritoneal (CAPD) remove líquidos e solutos de maneira uniforme. Não se tem alterações rápidas de volume extracelular. As maiores complicações são hiperglicemia e peritonite. A desnutrição também é freqüente. Na CAPD pode-se ter perda protéica de 5 a 24g/dia. As causas de desnutrição em CAPD estão na figura 2. 7 Causas de DEP em pacientes em CAPD. Em diálise, a ingestão protéica pode ser calculada pela PCR, levando-se em consideração o tempo de período interdialítico, o que ocasiona modificações na variável G. Pacientes em HD recebem cerca de 30g de glicose durante cada sessão, entretanto esta carga não deve ser computada no cálculo da necessidade energética. Deve ser considerada a absorção de glicose do dialisato na CAPD (cerca de 100 a 150g). Benefícios e desvantagens da absorção de glicose na CAPD. Em pacientes em CAPD deve-se ter especial atenção ao carboidrato alimentar, uma vez que estima-se uma absorção de aproximadamente 60 - 80% do total de glicose infundida no dialisato. ATENÇÃO: Se o paciente estiver eutrófico e com ingestão alimentar adequada ou estiver com excesso de peso, desconta-se a glicose absorvida! Caso o paciente for eutrófico com ingestão inadequada ou desnutrido, não se desconta a glicose absorvida na CAPD. Em diálise, a relação kcal não protéica / grama de nitrogênio deve ser alta, para promover anabolismo (cerca de 150 a 250kcal/g N2). Em relação às vitaminas deve-se suplementar cerca de 125mg de vitamina C/dia, entretanto o consumo não deve ser superior a 200mg/dia (risco de toxicidade e acúmulo de oxalato em rins, coração e vasos sanguineos). Piridoxina deve ser administrada em doses de 5mg/dia ou 50mg três vezes por semana pode ser aconselhado para pacientes em CAPD. A reposição de riboflavina, biotina, niacina e ácido pantotênico parece não ser necessária, uma vez que a HD não filtra esses elementos. Indicação para diálise crônica – CHEMIN & MURA Contra-indicações para diálise peritoneal – CHEMIN&MURA CONSIDERAÇÕES SOBRE LIPÍDIOS E IRC Outra causa de hipertrigliceridemia estão a diminuição da LPL, da LCAT e reducao do clearence da LDL e da VLDL. Sendo o rim o maior sítio de biossíntese de carnitina, pacientes renais crônicos apresentam diminuição de carnitina livre sérica. A carnitina é hidrossolúvel e perdida em pacientes em diálise. A utilização de carnitina tem sido recomendada no tratamento de hipertrigliceridemia. O seu uso parece melhor sintomas de uremia (cansaço, fraqueza muscular e câimbras pós-HD). Outro ponto é o risco de DCV de pacientes em diálise, deste modo recomenda-se ácidos graxos saturados de, no máximo, 7%, diferente dos pacientes em tratamento conservador. 8 CONSIDERAÇÕES SOBRE MINERAIS E IRC Pacientes renais tem dificuldade de excretar água, potássio, cálcio, magnésio e fósforo. Existe tendência de reter fósforo, magnésio e potássio, diminuir a absorção intestinal de cálcio e desenvolver deficiência de vitaminas B, C, folato e vitamina D ativa (calcitriol). A quantidade de fósforo eliminada pelos rins é determinada pelo equilíbrio entre os processos de ultrafiltração e reabsorção. À medida que a função renal e a TFG entram em declínio, a regulação do fósforo é mantida por uma queda compensatória da taxa de reabsorção tubular de fósforo mediada pelo PTH. Entretanto, quando os níveis de TFG forem <25mL/min, o PTH não consegue mais aumentar a excreção de fósforo, estabelecendo a hiperfosfatemia, que perturba a interação cálcio, vitamina D e PTH. Além disso, os baixos níveis de vitamina D ativa e o conseqüente tratamento com vitamina D têm-se estímulo da absorção tanto de cálcio quanto de fósforo e a absorção de cálcio do dialisato em pacientes em diálise peritoneal, contribuindo para a sobrecarga de cálcio em pacientes IRC. Essa sobrecarga é um fator de risco para calcificação metastática e de tecido cardíacos e vasculares, o que constitui ameaçaà vida. No tratamento pré-dialítico, a própria restrição protéica leva à diminuição da ingestão de fósforo e de cálcio, sendo necessária suplementação de cálcio. A ingestão de fósforo no tratamento dialítico deve variar de 8 – 17mg/kg e seu controle são conseguidos com uso de quelantes intestinais de fósforo. A recomendação de ferro da dieta deve ser de 10 – 15mg/dia, independente do tratamento em vigência. Deve- se utilizar eritropoietina humana recombinante. A restrição de potássio só é obrigatória na presença de hipercalemia (K>5,5mEq/L). Recomenda-se ingestão de potássio de 40 – 70mEq/dia. Recomendação prática na hiperpotassemia: consumo máximo de 3 porções de frutas de pequena ou média quantifdade de potássio ou 1 ou 2 porções do grupo com elevada quantidade de potássio. Didática semelhante para hortaliças: consumo máximo de 2 porções de hortaliças de pequena ou média quantidade de potássio ou 1 ou 2 porções do grupo com elevada quantidade de potássio. 9 RECOMENDAÇÕES DE NUTRIENTES NOS TRATAMENTOS DIALÍTICOS NUTRIÇÃO PARENTERAL INTRADIALÍTICA (NPID) – DAN WAIZTBERG, 2009 É uma alternativa para pacientes em HD e que estão muito desnutridos, não alcançando as necessidades pela via oral ou enteral ou quando estas não são efetivas. As soluções de NPID variam de 600 – 1000mL/diálise. Ideal: mistura 3:1, sendo: 10-25% dextose; 2-5% emulsão lipídica; 5-7,5% AA; oferecendo 1000-1200kcal e 1,2 – 1,4g/kg/diálise. A NPID deve ser infundida durante todo o período de diálise. Parece melhorar a albumina e peso de pacientes. Atentar-se ao conteúdo de potássio e fósforo de alimentos e bebidas consumidos pelo paciente. 10 TRANSPLANTE RENAL O cuidado nutricional visa promover suporte imunológico no período pré-transplante e para ressíntese tecidual pós- transplante. A causa mais comum da perda do enxerto é a rejeição crônica. Ela ocorre ao longo da evolução do transplante e lecva à perda lenta e progressiva do enxerto. Nessa fase, o paciente volta a ser tratado como um paciente em tratamento conservador da IRC. Uma restrição de 0,6 – 0,8g ptn/kg e no mínimo 25kcal/kg deve ser considerada e, desta forma, minimiza-se a proteinúria e a perdas de função renal. NEFROLITÍASE A formação de cálculos renais é um processo complexo que consiste de saturação, supersaturação, nucleação, agregação, retenção do cristal e formação do cálculo na presença de promotores, inibidores e complexores da urina. O baixo volume urinário é o maior fator de risco para urolitíase. Os cálculos renais mais comuns são os de cálcio. A terapia médica visa à dissolução do cálculo (litotripsia) via ondas de choque ou técnicas endourológicas. Fatores de risco urinários para desenvolvimento de cálculos: 1) Risco maior: Baixo volume urinário; Oxalato; Ácido úrico; Sódio; pH ácido; Estase; Cálcio. 2) Risco menor: Alto volume e fluxo urinários; Citrato; Glicoproteínas; Magnésio. A) Cálculos de cálcio A hipercalciúria é definida como um valor de cálcio em excesso de 300mg por dia nos homens e 250mg por dia para mulheres ou 4mg/kg/dia para ambos os sexos na coleta de urina de 24h ao acaso em pacientes com dietas não restritivas. As DRIs atuais (2002) recomendam 1g/d para homens e mulheres até 50 anos e 1,2g/d para aqueles com mais de 50 anos, o que condiz com as recomendações para os formadores de cálculos renais. Fatores dietéticos associados ao risco de cálculos de cálcio: 1) Risco maior: Proteína animal; Oxalato; Sódio; 2) Risco menor: Cálcio; Potássio; Magnésio; Ingestão de líquidos; Fibra; Vitamina B6. CHEMIN & MURA Cálcio: recomenda-se para pacientes litiásicos 1000mg/dia, o que equivaleria a 5 copos médios de leite desnatado/dia; Oxalato A ingestão dietética de oxalato afeta a excreção de oxalato urinário. O oxalato não pode ser metabolizado e a via renal é a única via de excreção. A hiperoxalúria (>40mg na urina) desempenha um papel importante na formação de cálculos. O ácido ascórbico é responsável pela formação de 35 a 55% do oxalato urinário. Metabolismo e formação de oxalato Alimentos que elevam a excreção de oxalato urinário: Ruibarbo; Espinafre; Morangos; Chocolate; Farelo de trigo; Nozes (amêndoas, amendoins ou noz pecã); Beterraba; Chá (verde, preto, gelado ou instantâneo). Além dos alimentos a serem evitados, recomenda-se o uso de probiotico Oxalobacter formigenes, que reduz o oxalato na urina, além de observar o conteúdo de cúrcuma (altas doses de cúrcuma aumentam o oxalato urinário). O suplemento de cálcio por via TGI quela-se com o oxalato dos alimentos, reduzindo a absorção do mesmo. CHEMIN & MURA Oxalato (alimentos ricos: espinafre, beterraba, ruibarbo, germe de trigo, nozes, amendoim, quiabo e chocolate – oxalato mais biodisponível). 11 Teor de oxalato dos alimentos – CHEMIN & MURA. Proteína Animal A ingestão excessiva de proteína animal modula vários fatores de risco urinários como hipercalciúria, hiperuricosúria, hiperoxalúria, baixo pH urinário e hipocitratúria, todos os quais aumentam o risco de cálculos renais. A restrição moderada de proteína em 0,8g/kg e a ingestão normal de cálcio melhoram o perfil litogênico e diminuem a reabsorção óssea. Sódio Pacientes com hipercalciúria devem ter ingestão de sódio inferior a 2,3g/d. B) Cálculos de ácido úrico O ácido úrico é o produto final do metabolismo de purinas, cuja fonte exógena é o alimento. A solubilidade do ácido úrico é dependente do volume urinário, da quantidade excretada e o pH da urina. As purinas dietéticas devem ser restritas em pacientes com litíase de ácido úrico. Deve-se utilizar de forma moderada as fontes de purinas e os alimentos formadores de cinza ácida. Os alimentos ricos em purinas devem ser evitados (vísceras, arenque, cavala, cavalinha, sardinhas e caldos e molhos à base de carne). Não utilizar bicarbonato de sódio, pois aumenta o urato monossódico e cálcio urinários. pH urinário e formação de cálculos Dietas de Cinzas e formação de cálculos. Em caso de cálculos de urato recomenda-se dieta de cinzas ácidas (restrita em cinzas ácidas) DEMAIS FATORES DIETÉTICOS E PROPENSÃO DE LITÍASE RENAL (CHEMIN & MURA) a)Sódio é um potente calciúrico, não ultrapassar 9g de sal (NaCl)/dia, embora a RDA seja 6g de sal/dia; b)Potássio a ingestão de alimentos ricos em potássio, exercendo efeito protetor contra a formação de cálculos; c) Vitamina C é precursor de ácido oxálico. O consumo de doses de suplementos, com 1g/dia ou superiores, não deve ser recomendado. d)Proteína é hipercalciúrica. Recomenda-se para pacientes litiásicos de 0,8 – 1,2g/kg/dia, não mais que 50% deve ser de AVB; e)Purinas ingestão superior a 175mg/dia pode elevar a excreção urinária de ácido úrico; Teor de purinas dos alimentos. 12 f) Líquidos aumentar o volume urinário promove proteção à formação de cálculos, recomenda-se 30mL/kg/dia. Recomendações dietéticas gerais: Dieta individualizada de acordo com o distúrbio metabólico e hábito alimentar; Evitar restrição de cálcio; Ingestão de cálcio e oxalato devem estar em equilíbrio (relação cálcio oxalato na urina de 5:1); Adequar a ingestão de proteína animal; Evitar alimentos ricos em purinas; Evitar ingestão excessiva de sal; Ingestão de potássio deve ser estimulada; Suplementos de vitamina C devem ser utilizados com cautela; Ingestão de líquidos para produzir ao menos 2L/dia de diurese. EXERCÍCIOS 1) O paciente que apresenta IRC beneficia-se da dieta restrita de proteínas. Uma dieta hiperprotéica provoca as seguintes alterações na filtração e na pressão glomerular, respectivamente: (Residência HUPE) (A)Aumento – aumento (B)Aumento – redução (C)Redução – aumento (D)Redução – redução 2) Os fatores alimentares que interferem na cascata litogênica, aumentando as chances de cálculos renais ou atuam como protetores, diminuindo os riscos. São considerados fatores alimentares inibidores da gênese da nefrolitíase. (Residência HUPE) (A)lipídios e cálcio (B)fibras e magnésio (C)proteínas e vitamina C (D)carboidratos e potássio3) No paciente renal crônico em tratamento hemodialítico, a doença óssea metabólica é secundária ao seguinte fator: (Residência HUPE) (A)dialisato (B)hipercalcemia (C)hiperfosfatemia (D)deficiência de vitamina D 4) A terapia nutricional de um paciente com insuficiência renal crônica, em diálise de manutenção, deve considerar um aporte: (Residência HUPE – 2005) (A)hipoprotéico, com suplementação de vitamina A e fibras (B)hipolipídico, com restrição de L-carnitina e água (C)hiperprotéico, com suplementação de vitamina D e ferro (D)normolipídico, com restrição de potássio e calcio 5) Alguns fatores alimentares interferem na cascata litogênica. São fatores promotores e protetores da formação de cálculos renais, respectivamente: (Residência HUPE – 2005) (A)potássio e sódio (B)vitamina C e líquidos (C)magnésio e potássio (D)carboidratos simples e vitamina C 6) Nos pacientes com cálculo renal de ácido úrico, recomenda-se as seguintes medidas terapêuticas relacionadas a ingestão hídrica e tipo de dieta, respectivamente: (A)Diminuição à noite – alcalina (B)Diminuição diária – neutra (C)Aumento diário – alcalina (D)Aumento à noite – neutra (E)Aumento diário – neutra 7) Roberto tem 60 anos e diagnóstico de IRC em tratamento conservador há 3 anos. Foi encaminhado ao ambulatório de Nutrição por necessitar de cuidados nutricionais especiais. O nutricionista foi informado que, no intervalo da consulta, o paciente apresentou soluços intercorrentes e convulsões, sem outras alterações clínicas. Ao fazer uma anamnese alimentar, o mesmo observou que Roberto ingeriu a seguinte fruta que está relacionada à esse quadro clínico (Residência HUPE 2008): (A) açaí (B) laranja (C) jabuticaba (D) carambola 8) Angélica tem 30 anos e recebeu diagnóstico de litíase renal. Após análise química deste cálculo, a conclusão é que seu principal constituinte é oxalato de cálcio. Dentre os alimentos abaixo, os que apresentam maior concentração de oxalato são (Residência HUPE 2008): (A) tomate e espinafre (B) beterraba e quiabo (C) couve e café solúvel (D) berinjela e amendoim 9)Vários alimentos possuem níveis elevados de oxalato, porém somente alguns elevam a excreção urinária, a saber (EAOT 2002), (A) espinafre, morango e nozes. (B) espinafre, banana e chocolate. (C) farelo de trigo, maçã e chá. (D) couve, banana e nozes. 10)Na Insuficiência Renal Crônica (IRC), a função renal regride gradualmente ao longo do tempo. As opções de tratamento, nesse caso, vão depender do grau da perda renal, podendo-se fazer, então, por restrição dietética e medicamentos, terapia dialítica e transplante renal. Assim sendo, é CORRETO afirmar que (EAOT 2006): (A) a hemodiálise é o processo dialítico mais comum, por ser rápido e eficiente, entretanto apresenta como principais complicações a peritonite e hiperglicemia. (B) a intervenção dietética que, na fase pré-dialítica, previne ou melhora a sintomatologia urêmica é a restrição de lipídeos. (C) os pacientes em diálise peritoneal recebem dietas hipoprotéicas, hipercalóricas, hipocalêmicas e, freqüentemente, com restrição hídrica. (D) um paciente em tratamento conservador, sem terapia dialítica, com Taxa de Filtração Glomerular (TFG) menor que 60mL/min, deve receber uma dieta com 0,6 g/kg/dia de proteínas. 13 11)Um paciente com IRC foi internado com potássio sérico de 6,0mEq/l.Qual dos alimentos abaixo ele poderá fazer uso diariamente (CSM 2004)? (A)Feijão (B)Batata (C)Melão (D)Farelo de aveia (E)Maçã 12)O paciente eutrófico em CAPD necessita de uma dieta (CSM 2005) (A)hiperPTN e com restrição de CHO (B)normoPTN e sem restrição hídrica (C)hiperPTN e com restrição hídrica (D)normoPTN e com restrição calórica (E)hiperPTN e sem restrição hídrica 13)Em relação à dieta indicada para pacientes com urolitíase por oxalato de cálcio, assinale a opção correta. (CSM 2005 (A)Leite e derivados devem ser evitados) (B)normoPTN pobre em purinas. (C)Controle de sódio dietético é desnecessário (D)Hipocalórica pobre em potássio (E)Ingestão de fibras não é indicada 14)A anemia presente no IRC é (CSM 2006): (A)Hipocrômica microcítica (B)Normocrômica normocítica (C)Megaloblástica hipocrômica (D)Hipocrômica normocítica 15) A ingestão recomendada de proteína e calorias para pacientes com insuficiência renal crônica em hemodiálise de manutenção é, respectivamente (INCA 2009): (A)1,0 – 1,2g ptn/Kg/dia, ≥ 35 Kcal /Kg/dia (B)0,5 – 0,6g ptn/Kg/dia, ≥ 30 Kcal /Kg/dia (C)1,5 – 2g ptn/Kg/dia, ≥ 40 Kcal /Kg/dia (D)0,6g – 0,8g ptn/Kg/dia, ≥ 25 Kcal /Kg/dia 16)Janete tem 65 anos, é negra e tem diagnóstico de nefropatia hipertensiva. Encontra-se em tratamento dialítico há cinco anos. Durante a hemodiálise Janete relatou ao nutricionista perda de apetite e constipação intestinal. A avaliação neste dia revela: Avaliação nutricional: Peso pré-hemodiálise: 62Kg Peso seco: 58Kg Estatura: 1,60m Diurese residual: 500ml Avaliação laboratorial: Glicose: 80 mg/dl Uréia: 82 mg/dl Creatinina: 3,4 mg/dl Sódio: 133 mEq/l Potássio: 5,8 mEq/l Para Janete a recomendação energética (em Kcal/Kg de peso) e de líquidos (em ml) é, respectivamente, de: (A) 25/800 (B) 30/1000 (C) 35/1200 (D) 40/1500 17) A necessidade para indivíduos no período de 4 – 6 semanas após transplante renal é de (kcal/kg PI) – FESP 2009: (A)20 – 25 (B)33 – 35 (C)25 – 30 (D)30 – 45 (E)15 - 20 18) A importância da terapia nutricional no tratamento de pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) é reconhecida há várias décadas. A quantidade, o tipo e o momento para a restrição protéica são de fundamental importância, devendo o Nutricionista estar atento às recomendações individuais para cada caso. Se um paciente está em fase não dialítica da doença e possui uma taxa de filtração glomerular de 47 mL/min, a recomendação de proteína da dieta deve ser de (EAOT 2009): A) 0,9g/kg de peso ideal/dia. B) 0,6g/kg de peso ideal/dia. C) 0,4g/kg de peso ideal/dia. D) 1,0g/kg de peso ideal/dia. 19) Para pacientes adultos em hemodiálise, recomenda-se a ingestão calórica diária de quantas kcal/kg de peso? (A)20 (B)25 (C)30 (D)35 (E)40 20) (Residência UFF – 2010) A desnutrição calórico- proteica é bastante comum e sua ocorrência tem sido relatada em pacientes com insuficiência renal crônica (IRC), tanto na fase pré-dialítica, como na fase dialítica. Sobre a desnutrição e os déficits nutricionais relacionados a essa enfermidade, é correto dizer: (A) Enfermidades agudas recorrentes não interferem no estado nutricional por serem de rápida resolução clínica. (B) O acúmulo de ureia no sangue não interfere na desnutrição e na anorexia. (C) Existe aumento do efeito de hormônios como: insulina, hormônio do crescimento tipo 1 semelhante à insulina e hormônio do crescimento. (D) A acidose metabólica induz ao catabolismo proteico e compromete a utilização do nitrogênio. 21) (Residência UFF – 2010) Sobre os pacientes renais em tratamento de hemodiálise é correto dizer: (A) A recomendação de energia para repleção de peso é superior a 35kcal/kg/dia. (B) Recomenda-se a ingestão de carboidratos, por via oral, somente sob a forma de sacarose e frutose, entre 50-60% do total de calorias oferecido. (C) O volume de excreção urinária não é um bom guia para recomendação de ingestão hídrica. (D) A acidose metabólica aumenta a sensibilidade ao Paratormônio (PTH) e este diminui a reabsorção de cálcio ósseo. 22) (Residência UFF – 2010) Sabe-se que a hipercalciúria idiopática é uma das causas metabólicas primárias da litíase renal. Sobre a litíase renal é correto dizer: (A) Na hiperuricosúria, a recomendação nutricional de proteínas deve ser de 1,5g/kg/dia e, nesses casos, recomenda-se a ingestão de anchova, farelo de trigo, espinafre e arenque para diminuir a formação de urato. (B) Na hiperoxalúria, é indicada a ingestão de líquidos a cada 3 horas e a restrição de alimentos ricos em oxalato. (C) Na hiperoxalúria, a ingestão de vitamina C deve ser de 1500mg/dia para evitar a formação de oxalato. (D) Os tipos de cálculo renal mais frequentemente encontrados são os de estruvita e ácidoúrico. 23) (Residência UFF – 2010) Marque a alternativa correta sobre a dietoterapia aplicada a pacientes com insuficiência renal crônica em tratamento conservador. 14 (A) Para pacientes diabéticos que apresentem taxa de filtração glomerular entre 25 e 60 mL por minuto é recomendada dieta com restrição de proteínas, perfazendo um total diário de 1,1g/kg. (B) A ingestão de proteína deve ser restringida para pacientes que apresentem taxa de filtração glomerular acima de 60 mL/minuto, mesmo que não haja sinais de progressão da insuficiência renal. (C) A ingestão de sódio diária deve ser entre 4-6 g e a ingestão de cálcio deve ser menor que 1000mg/dia . (D) A recomendação nutricional de fósforo deve ser menor que 800mg/dia. 24) (Residência UFRJ – 2010) Paciente, sexo masculino, adulto, com diagnóstico de insuficiência renal crônica em tratamento conservador, apresenta taxa de filtração glomerular de 20 mL/min. Na avaliação do estado nutricional, apresenta desnutrição protéica-calórica. Quais os requerimentos nutricionais de energia e proteína para esse paciente? (A) acima de 35 Kcal/kg peso corporal/dia de energia e 0,3 g de proteína/Kg peso corporal/dia mais suplementação com mistura de aminoácidos essenciais e cetoácidos mais 1g de proteína para cada grama de proteinúria (B)acima de 30 Kcal/kg peso corporal/dia de energia e 0,8 g de proteína/Kg peso corporal/dia mais suplementação com mistura de aminoácidos essenciais e cetoácidos (C) na faixa de 30-35 Kcal/kg peso corporal/dia de energia e 0,6 g de proteína/Kg peso corporal/dia (D)acima de 35 Kcal/kg peso corporal/dia de energia e 0,3 g de proteína/Kg peso corporal/dia mais suplementação com mistura de aminoácidos essenciais e cetoácidos 25) (Residência INCA – 2010) A insuficiência renal crônica é uma síndrome clínica decorrente da perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. Marque a afirmativa correta: (A) A dieta hiperproteica pode contribuir para a prevenção e tratamento do hiperparatireoidismo secundário, da acidose metabólica e da intolerância à glicose. (B) A restrição proteica promove redução na geração de produtos nitrogenados tóxicos e íons orgânicos responsáveis pelos distúrbios clínicos e metabólicos da uremia. (C) A dieta hiperproteica prolonga o tempo para a entrada em diálise, quando comparada à dieta hipoproteica. (D) Pacientes crônicos necessitam de dieta hiperproteica para manter balanço nitrogenado positivo, mesmo com uma ingestão energética inferior às suas necessidades. 26) (Residência INCA – 2010) A formação de cálculos no trato urinário é um fenômeno multifatorial, que resulta na supersaturação urinária, nucleação de cristais, agregação, retenção e no crescimento de cristais. A dieta exerce papel relevante sobre a excreção urinária, tanto de promotores quanto de inibidores da formação de cálculos. Marque a opção INCORRETA. (A) Estudos comprovaram que a ingestão de cálcio exerce um efeito tão importante quanto o oxalato dietético sobre a oxalúria. Em condições normais, o cálcio absorvido se liga ao oxalato no intestino, formando um complexo insolúvel. (B) Não existem estudos prospectivos que comprovem que a restrição de cálcio reduza a recorrência dos cálculos, sendo uma dieta inadequada que pode acarretar balanço negativo de cálcio. (C) O oxalato urinário é proveniente da dieta, do metabolismo endógeno e da vitamina C. Os estudos comprovam que a redução de oxalato e cálcio da dieta reduz a formação de cálculos de oxalato de cálcio. (D) O sódio participa da litogênese pelo seu efeito em elevar o cálcio urinário. Os estudos epidemiológicos sugerem que uma elevada ingestão de sódio aumenta o risco de formação de cálculos. 27) Os alimentos potencialmente ácidos ou de cinza ácida que influenciam na acidez da urina, interferindo na nefrolitíase, são (CEPERJ 2011): (A) açúcar (B) manteiga (C) macarrão (D) mel GABARITO 1 – A 2 – B 3 – C 4 – C 5 – B 6 – C 7 – D 8 – B 9 – A 10 –D 11 – E 12 – E 13 – B 14 – B 15 – A 16 – B 17 – B 18 – B 19 – D 20 – D 21 – A 22 – B 23 – D 24 – D 25 – B 26 – C 27 – C
Compartilhar