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W BA 00 84 _V 3. 1 GERENCIAMENTO ESTRATÉGICO DE PROJETOS 2 Charlie Hudson Turette Lopes São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2022 GERENCIAMENTO ESTRATÉGICO DE PROJETOS 1ª edição 3 2022 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Eder Silva Frois Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Lopes, Charlie Hudson Turette Gerenciamento estratégico de projetos / Charlie Hudson Turette Lopes. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022. 32 p. ISBN 978-65-5356-392-6 1. Gerenciamento de projetos. 2. Cronograma. 3. Métodos preditivos. I. Título. CDD 658.404 _____________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O L864g © 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 Conceituando o gerenciamento de projetos _________________ 07 Gerenciamento da integração e do escopo do projeto ______ 19 Gerenciamento do cronograma, dos custos e da qualidade do projeto ______________________________________________________ 31 Gerenciamento dos recursos, das comunicações, dos riscos, das aquisições e das partes interessadas do projeto _____________ 43 GERENCIAMENTO ESTRATÉGICO DE PROJETOS 5 Apresentação da disciplina Projetos estão presentes no cotidiano das pessoas e empresas. Uma viagem, uma festa de formatura, a construção de uma casa são exemplos de projetos que podemos desenvolver ao longo da vida, no âmbito pessoal. Desenvolver um software, criar uma página de conteúdos para compartilhar informações de uma empresa, aumentar a capacidade produtiva com a aquisição de uma nova fábrica, podem fazer parte de um portfólio de projetos de uma corporação. Projetos são esforços empenhados para alcançarem resultados únicos. Esses esforços geram produtos ou serviços que devem agregar valor para os clientes. Muitas pessoas e organizações podem estar envolvidas em um projeto. Todos os atores que influenciam ou são influenciados por projetos são chamados de stakeholders (partes interessadas). Podem ser gestores, acionistas, diretores, executores, governos, fornecedores, clientes etc. Houve uma época em que projetos eram mensurados pelas suas entregas no prazo, atendendo a orçamentos programados e entregando o que os escopos (o que deve ser entregue e o que não deve ser entregue) determinavam. Com a globalização, o aumento do dinamismo das informações, das comunicações e das mudanças de cenários constantes, o gerenciamento de projetos precisou, também, se readequar. É preciso responder rápido a riscos e situações não planejadas, sempre buscando agregação de valor. Os objetivos da disciplina Gerenciamento Estratégico de Projetos são: apresentar os conceitos de projetos e gerenciamento de projetos; reconhecer a importância da agregação de valor em projetos; identificar 6 os grupos de processos para gerenciar projetos; comparar tipos de entregas em projetos; identificar os documentos importantes para o gerenciamento do projeto; apesentar as dez áreas de conhecimento em projetos (gerenciamento da integração, gerenciamento do escopo, gerenciamento do cronograma, gerenciamento dos custos, gerenciamento da qualidade, gerenciamento dos recursos, gerenciamento das comunicações, gerenciamento dos riscos, gerenciamento das aquisições e gerenciamento das partes interessadas). Convidamos você e explorar as estratégias, conceitos, técnicas e ferramentas empregáveis ao gerenciamento de projetos, para que possa aplicar em sua trajetória profissional os conteúdos abordados neste material. Bons estudos! 7 Conceituando o gerenciamento de projetos Autoria: Charlie Hudson Turette Lopes Leitura crítica: Éder Silva Frois Objetivos • Apresentar os conceitos de projetos e gerenciamento de projetos. • Reconhecer a importância da agregação de valor em projetos. • Identificar os grupos de processos para gerenciar projetos. • Comparar tipos de entregas em projetos. 8 1. Contextos em que projetos são desenvolvidos A sistematização do estudo do tema gerenciamento de projetos é recente. O Project Management Institute (PMI), ou Instituto de Gerenciamento de Projetos, foi fundado em 1969. É o órgão mais reconhecido internacionalmente por suas boas práticas de gerenciamento de projetos. Isso não significa que começamos a desenvolver projetos há pouco tempo. Pense nas construções de dezenas de pirâmides do Egito, com seus milhares de operários. Só a Grande Pirâmide, ou Pirâmide de Quéops, foi construída em aproximadamente 20 anos. Podemos, ainda, lembrar de outras grandes obras, como o Coliseu, a Grande Muralha da China, ou o Partenon. Seriam esses exemplos de grandes projetos? Para facilitar nossa análise, reflita sobre esses três exemplos que podem ser encontrados no seu dia a dia: uma viagem de fim de ano; um churrasco entre amigos; uma formatura de curso superior. Afinal, podemos chamar tudo que foi exemplificado, desde as construções mais antigas até os eventos contemporâneos de “projeto”? Antes de responder, é preciso retirar o paradigma de que projeto é apenas, por exemplo, a representação esquemática de algo que vai ser desenvolvido, como a planta de uma casa. Corriqueiramente chamamos desenhos técnicos de projetos. A Figura 1 apresenta a ideia do senso comum sobre um projeto: 9 Figura 1 – Representação esquemática de um projeto arquitetônico Fonte: Shutterstock.com. Outra resposta recorrente quando uma pessoa é perguntada sobre o conceito de um projeto é a vinculação do termo com planejamento e organização. Muito bem, tanto o desenho técnico da planta de uma casa quanto o planejamento e organização citados são itens que podem pertencer a um projeto. No entanto, um projeto é muito mais que isso. Para o PMI, projeto é “um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único” (PMBOK, 2017, p. 4). Projetos geram resultados únicos e exclusivos. Vejam o exemplo da viagem de fim de ano. Se você fizer duas viagens em dois anos consecutivos, vamos listar itens que podem ser distintos de uma para a outra. • Cidades de origem e destino. • Pessoas que o acompanharão (ou não). • Meio(s) de transporte utilizado(s). • Tipo de hospedagem escolhida. 10 • Recursos disponíveis, como orçamento para gastos com alimentação. • Roteiros de passeio, entre outros. Mesmo que você visite por dois anos consecutivos a mesma cidade, cada uma dessas viagens será diferente uma da outra, seja pelos itens citados acima ou por outras variáveis possíveis. Respondendo à pergunta inicial que fizemos, todos exemplos listados (viagem, churrasco, formatura, e as grandes construções) são exemplos de projetos. Todos possuem início, meio e fim, e devem ser planejados, organizados, executados, controlados e encerrados. Uma maneira bastante assertiva para sabermos se estamos lidando comprojetos é realizar a comparação com processos. Processos são rotineiros, não necessariamente têm prazo para serem encerrados e apresentam baixa variabilidade. Portanto, possuem resultados conhecidos. Projetos são unitários e temporários, podem apresentar alta variabilidade e os resultados podem até ser esperados, mas não necessariamente são conhecidos a priori. Um projeto que eventualmente venha a ser cancelado apresenta, possivelmente, resultado diferente do planejado. Um exemplo de processo: fabricação de canetas esferográficas. Durante sua fabricação, a expectativa sobre o produto é que sejam atendidas especificações de dimensões, cores, funcionamento etc. Caso variações na fabricação aconteçam, ajustes serão feitos em máquinas e processos para que o resultado volte para o padrão estabelecido. Uma curiosidade: a implantação de uma fábrica de canetas é um projeto. Haverá planejamento, compra ou locação de imóvel, aquisições, contratações, obras, treinamentos, instalações de mobiliário e equipamentos. Tudo isso acontecerá até o processo de fabricação de canetas efetivamente ser iniciado. No momento em que os testes nas máquinas dessa nova fábrica estiverem no seu ajuste final, acontecerá o fim de projeto e 11 estaremos no início do processo. Sim, os testes ainda fazem parte do projeto, em sua fase de encerramento. Na sequência, você terá a oportunidade de ver como o gerenciamento estratégico de projetos pode aumentar a vantagem competitiva das empresas. 1.1 Compilação das boas práticas gerenciamento de projetos Desde 1987, o PMI publica o Project Management Body of Knowledge (Guia PMBoK®), que pode ser traduzido como um Guia de Conhecimento de Gerenciamento de Projetos. Neste livro, todo conhecimento em gerenciamento de projetos preconizado pelo PMI é agrupado em um guia de boas práticas. Desde sua sexta versão, além das boas práticas, o Guia PMBoK® passou a compartilhar o seu padrão de Gerenciamento de Projetos, para que as empresas possam avaliar seu nível de maturidade nos projetos que desenvolvem. Em 2021, a sétima edição do Guia PMBoK® foi lançada. Nele, a figura do Gerente de Projetos (GP) se torna cada vez mais importante e o Guia PMBOK passa a ser dividido em 12 princípios e 8 domínios de desempenho. Até a sexta edição, o Guia era dividido em dez áreas de conhecimento e o padrão para gerenciamento de projetos. Isso não quer dizer que todo o conhecimento gerado nas seis primeiras edições do Guia PMBoK® deve ser ignorado. A sistematização dos grupos de processos de gerenciamento de projetos e as áreas de conhecimento auxiliam gerentes de projetos em todo mundo a manter a conformidade do projeto de acordo com as diretrizes propostas. Outra preocupação do novo guia é para que projetos agreguem valor para os clientes. Houve um tempo em que para atender as necessidades dos clientes, e, assim, gerar um bom relacionamento com ele, bastava 12 entregar projetos atendendo o escopo (o que vai ser e o que não vai ser entregue no projeto), respeitando custo e prazo, como representado na Figura 2. Figura 2 – Visão geral do gerenciamento de projetos Fonte: Kerzner (2015, p. 23). Em 2021, o PMI demonstrou, por meio do Guia PMBoK® (7ª edição), que para agregar valor para os clientes é preciso reconhecer que os cenários em que os projetos estão envolvidos e em constante mudança. Os projetos precisam ser flexíveis, customizáveis e as respostas às mudanças devem ser rápidas. É bastante improvável, por exemplo, que em um projeto que levará dois anos para ser concluído fatores como tecnologia, política e política monetária sejam os mesmos. Pode ser que nem as necessidades do cliente sejam as mesmas. Imagine entregar um projeto obsoleto após anos de trabalho? Por isso, o Guia PMBOK reforça a necessidade de realizar mudanças sempre que necessárias nos projetos. 13 1.2 Grupos de processos para gerenciar projetos O Guia PMBoK® prevê cinco grupos de processos para gerenciar projetos, organizados no Quadro 1. Quadro 1 – Grupos de processos para gerenciamento de projetos Grupo de processos Atividades principais Iniciação do projeto • Seleção do melhor projeto, dados os limites de recursos. • Reconhecimento dos benefícios do projeto. • Elaboração de documentos para autorizar o projeto. • Designação do gerente do projeto. Planejamento do projeto • Definição dos requisitos de trabalho. • Definição da qualidade e da quantidade de trabalho. • Definição dos recursos necessários. • Programação de atividades. • Avaliação dos vários riscos. Execução do projeto • Negociação dos membros da equipe do projeto. • Direção e gerenciamento do trabalho. • Trabalho com os membros da equipe para ajudá-los em seu se aperfeiçoamento. Monitoramento e controle do projeto • Rastreamento do progresso. • Comparação do resultado real com o resultado previsto. • Análise das variações e impactos. • Realização de ajustes. 14 Encerramento do projeto • Verificação de que todo o trabalho foi realizado. • Encerramento do contrato. • Encerramento financeiro dos números ordenados. • Encerramento administrativo da documentação. Fonte: adaptado de Kerzner (2015, p. 21). Grupos de processos não são fases do projeto. A interpretação a ser feita do Quadro 1 deve ter foco nas atividades de cada um dos grupos. Os grupos interagem entre si. Podemos inferir que todos esses processos, eventualmente, sejam uma única fase. Veja como o Guia PMBoK® ilustra a interação entre os grupos de processo na Figura 3. Figura 3 – Exemplo de interações de grupo de processos dentro de um projeto ou fase Fonte: PMBoK (2017, p. 555). O Quadro 1 e a Figura 3 são complementares. Analise cada uma das linhas da figura e depois avalie as atividades no quadro. Observe que na Figura 3, a linha que representa os grupos de processos de iniciação interage com outros três grupos. A linha da iniciação apenas não interage com os processos de encerramento. Os grupos de planejamento, de execução e de monitoramento e controle integram 15 com todos os demais grupos. Ou seja, apenas os grupos de iniciação e de encerramento não possuem interação ao longo do tempo nos projetos. Pode haver, inclusive, a necessidade de retornar a um grupo de processos anterior durante um projeto para análise. Imagine que houve um problema na execução do projeto, detectada pela atividade “comparação do resultado real com o resultado previsto”, do grupo de monitoramento e controle. No grupo de processos de planejamento poderemos detectar se houve falha na programação, definição de atividades ou na escolha de recursos, ou avaliar, novamente, o grupo de processos de iniciação. Pode ser que o gerente de projeto não tenha capacidade, por exemplo, para designar corretamente os papeis e responsabilidades em sua equipe. Cada grupo de processos possui um número de processos. Na sexta edição do Guia PMBoK® (PMBOK, 2017) são: • Iniciação do projeto: 2 processos. • Planejamento do projeto: 24 processos. • Execução do Projeto: 10 processos. • Monitoramento e controle do projeto: 12 processos. • Encerramento do projeto: 1 processo. Cada um deles é representado no Guia PMBoK® de acordo com o padrão apresentado na Figura 4: 16 Figura 4 – Exemplo de processo: entradas, ferramentas e técnicas e saídas Fonte: PMBoK (2017, p. 22) Todos os 49 processos possuem a mesma estrutura de “entradas”, “ferramentas e técnicas” e “saídas”. As entradas são os elementos necessários para o processo, como documentos e ativos. As ferramentas e técnicas estão explicadas ao longo do Guia PMBoK®, e demonstram o caminho a ser seguido em cada processo. Já as saídas geram resultados, muitas das vezes sendo estes documentos. Uma outra maneira de categorizar os 49 processos apresentados se faz por meio das áreas de conhecimento. Área de conhecimento é uma “área identificada do gerenciamento de projetos definida por seus requisitos de conhecimento e descrita em termos de processos que a compõem”(PMBOK 2017, p. 23). O Guia PMBoK® desde sua quinta edição prevê dez áreas de conhecimento: 1. Gerenciamento da integração do projeto. 2. Gerenciamento do escopo do projeto. 3. Gerenciamento do cronograma do projeto. 4. Gerenciamento dos custos do projeto. 5. Gerenciamento da qualidade do projeto. 6. Gerenciamento dos recursos do projeto. 7. Gerenciamento da comunicação do projeto. 8. Gerenciamento dos riscos do projeto. 9. Gerenciamento das aquisições do projeto. 10. Gerenciamento das partes interessadas do projeto. 17 O Quadro 2 apresenta as duas possibilidades de categorização dos processos, seja por grupo de processos ou por área de conhecimento, usando como exemplo a área de conhecimento Gerenciamento da integração do projeto: Quadro 2 – Gerenciamento da integração do projeto categorizada por áreas de conhecimento e grupos de processos Áreas de conhecimento Grupos de processos de gerenciamento de projetos Grupo de processos de iniciação Grupo de pro- cessos de pla- nejamento Grupo de processos de execução Grupo de processos de monitoramen- to e controle Grupo de pro- cessos de en- cerramento 4 Gerencia- mento da integração do projeto 4.1 Desen- volver o Termo de Abertura do Projeto 4.2 Desenvol- ver o Plano de Gerenciamen- to do Projeto 4.3 Orientar e Gerenciar o Trabalho do Projeto 4.4 Gerenciar o Conheci- mento do Projeto 4.5 Monitorar e Controlar o Trabalho do Projeto 4.6 Realizar o Controle Integrado de Mudanças 4.7 Encerrar o Projeto ou Fase Fonte: adaptado de PMBoK (2017, p. 25). Vamos ver um exemplo: o processo “5.3 Definir o Escopo” está no grupo de processos de planejamento e tem, por área de conhecimento, o gerenciamento do escopo do projeto. 1.3 Por que os projetos são importantes? Projetos são oriundos de problemas a serem resolvidos, de um desejo, ou de uma oportunidade a ser aproveitada. Um casal pode desejar construir uma casa. Uma empresa pode precisar aumentar sua capacidade produtiva para atender demandas de novos clientes. Uma indústria pode precisar atender a quesitos ambientais para continuar sua operação. A razão de um projeto existir é entregar algo, tangibilizar expectativas. Os projetos são temporários, devem um dia acabar, entregando algo que agregue valor para pessoas e empresas. 18 Para Kerzner (2015), as entregas de um projeto podem ser: entregas físicas; entregas de conteúdo; ou entregas parciais. Algumas empresas não se preocupam em separar entregas físicas de entregas de conteúdo. Por entregas físicas, podemos exemplificar equipamentos, edificações, um produto eletrônico. Já uma entrega de conteúdo pode ser relatórios, estudos, livros. Já as entregas parciais são entregas físicas ou de conteúdo que estão avançando junto com o projeto. Comumente, um jargão de gerenciamento de projetos é utilizado para nomear esse tipo de entrega: deliverables. Neste material vimos como o gerenciamento de projeto está presente em nosso cotidiano e definimos conceitos importantes sobre a temática. Foi possível identificar que projetos existem há muitos anos e, continuamente, precisam de novos métodos à medida que a sociedade evolui e se modifica. Referências KERZNER, H. Gerenciamento de projetos: uma abordagem sistêmica para planejamento, programação e controle. 11. ed. São Paulo: Blucher, 2015. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMI. Guia PMBOK®: um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 6. ed. Pennsylvania: PMI, 2017. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMI. Guia PMBOK®: Um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 7. ed. Pennsylvania: PMI, 2021. 19 Gerenciamento da integração e do escopo do projeto Autoria: Charlie Hudson Turette Lopes Leitura crítica: Éder Silva Frois Objetivos • Apresentar o gerenciamento da integração do projeto. • Apresentar o gerenciamento do escopo do projeto. • Identificar os documentos importantes para o gerenciamento do projeto. 20 1. Integrar é preciso Talvez a principal razão da necessidade de existir um gerente de projetos (GP) seja o gerenciamento da integração do projeto. Umas das definições para “integração” pode ser “condição de constituir um todo pela adição ou combinação de partes ou elementos.” (MICHAELIS, 2022, [s.p.]). O GP precisa efetivamente vender o projeto, engajar pessoas, facilitar comunicações, estabelecer laços entre as partes interessadas, dentre outras tantas atividades dessa importante função. A integração deve ser planejada para que todos os processos de gerenciamento de projetos, em todas as áreas de conhecimento, estejam coesos e equilibrados. As estruturas organizacionais podem gerar grande impacto no trabalho do GP no que tange a integração. O PMBoK (2017) lista as seguintes estruturas organizacionais: orgânica; funcional; multidivisional; matriciais; orientada a projetos; virtual e híbrida; e EGP, que é um mix das outras citadas. Em empresas que possuem estrutura organizacional funcional, nas quais os esforços muitas vezes estão focados em atender interesses de setores e não necessariamente os objetivos estratégicos da companhia, nem sempre o GP consegue desempenhar o que é esperado de sua posição. A Figura 1 representa esquematicamente esse tipo de estrutura hierárquica: 21 Figura 1 – Representação de uma estrutura hierárquica funcional Fonte: elaborada pelo autor. Neste tipo de organização, havendo um projeto, o GP será um dos gerentes funcionais (e nem sempre será chamado de GP, principalmente se não houver a cultura de projetos na organização). O GP precisa, além de coordenar projetos, gerar resultados na área especializada em que trabalha. Imagine um projeto alcançar sucesso e agregar valor para o cliente, mas a área de produção da empresa atrasar suas entregas. Outro ponto importante a ser destacado em empresas que não possuem estruturas hierárquicas focadas em projetos é a falta de autonomia do GP para tomar decisões. Avaliando a Figura 1, imagine que o gerente funcional 1 é o GP de um determinado projeto. Ele deverá acionar os demais gerentes funcionais sempre que precisar das equipes de trabalhos deles. O gerente funcional 1, ao entrar em contato direto com a equipe de trabalho 3, por exemplo, pode gerar sérios conflitos organizacionais. Outro risco identificado é de a equipe não estar engajada com o projeto, ou, ainda, não tenha tempo para trabalhar no projeto por conta das atividades rotineiras. 22 O PMBoK (2017) elenca outras características da estrutura organizacional funcional, como detalhado no Quadro 1: Quadro 1 – Influências da estrutura organizacional funcional em projetos Características do projeto Estrutura funcional Grupos de trabalho organizados por Trabalho especializado realizado (ex.: engenharia, fabricação). Autoridade do GP Pouca ou nenhuma Papel do GP Em tempo parcial; pode ou não ser um papel designado, como coordenador. Disponibilidade de recursos Pouca ou nenhuma. Quem gerencia o orçamento do projeto? Gerente funcional. Pessoal administrativo de gerenciamento de projetos Em tempo parcial. Fonte: adaptado de PMBoK (2017, p. 47). O gerenciamento da integração é de suma importância para os projetos. Ela literalmente é o primeiro processo do projeto, pois gera um documento chamado Termo de Abertura do Projeto. A partir dele, é possível evoluir o planejamento do projeto até chegarmos ao gerenciamento do escopo do projeto. Neste tema, você reconhecerá a importância do gerenciamento da integração e do gerenciamento do escopo nos projetos. 1.1 Os processos de gerenciamento de integração dos projetos O gerenciamento da integração do projeto possui sete processos no Guia PMBoK® (6ª edição), tendo suas boas práticas apresentadas em seu quarto capítulo. O Quadro 2 apresenta a categorização destes processos: 23 Quadro 2 – Processos do gerenciamento da integração do projeto Numeração de acordo com a capitulação do PMBoK® Grupo de processo Processo 4.1 Iniciação Desenvolvero Termo de Abertura do Projeto. 4.2 Planejamento Desenvolver o Plano de Gerenciamento do Projeto. 4.3 Execução Orientar e Gerenciar o Trabalho do Projeto. 4.4 Execução Gerenciar o Conhecimento do Projeto. 4.5 Monitoramento e controle Monitorar e Controlar o Trabalho do Projeto. 4.6 Monitoramento e controle Realizar o Controle Integrado de Mudanças. 4.7 Encerramento Encerrar o Projeto ou Fase. Fonte: adaptado de PMBoK (2017, p. 71). Cada um dos sete processos será explicado a seguir: • INICIAÇÃO: 4.1. Desenvolver o Termo de Abertura do Projeto. O Termo de Abertura do Projeto (TAP) pode ser comparado com uma certidão de nascimento do projeto. O patrocinador do projeto (sponsor, em inglês), deve acompanhar de perto a elaboração deste importante incipiente documento e é ele quem autoriza ou não o início do projeto. Sendo assim, se algum item do TAP não for aprovado pelo patrocinador, deverá ocorrer a revisão. Existe o risco de o patrocinador encerrar o projeto se não aprovar o TAP. A seguir, observe os itens desejáveis no TAP para o PMBoK (2017): • Finalidade do projeto. • Objetivos mensuráveis do projeto e critérios de sucesso relacionados. • Requisitos de alto nível. • Descrição de alto nível do projeto, seus limites e entregas-chave. 24 • Risco geral do projeto. • Resumo do cronograma de marcos. • Recursos financeiros pré-aprovados. • Lista das partes interessadas chave. • Requisitos para aprovação do projeto (ou seja, o que constitui o sucesso do projeto, quem decide se o projeto é bem-sucedido e quem autoriza o encerramento do projeto). • Critérios de término do projeto (ou seja, quais são as condições que devem ser cumpridas para encerrar ou cancelar o projeto ou fase). • Gerente do projeto designado, responsabilidade e nível de autoridade. • Nome e autoridade do patrocinador ou outra(s) pessoa(s) que autoriza(m) o termo de abertura do projeto. • PLANEJAMENTO: 4.2. Desenvolver o Plano de Gerenciamento do Projeto. É a “regra do jogo” do projeto. Um jogador de futebol não deveria entrar em campo sem conhecer minuciosamente todas as regras. Mas, nem sempre isso acontece. Por isso, o GP deve fazer reuniões, entrevistas, e listar documentos necessários junto às partes interessadas do projeto. Cada área de conhecimento do projeto terá um plano, outros itens relevantes do projeto também devem ter seus próprios planos de gerenciamento. O Quadro 3 apresenta os planos de gerenciamento de projetos em conjunto com outros documentos necessários: 25 Quadro 3 – Plano de gerenciamento do projeto e documentos do projeto Plano de gerenciamento do projeto Documentos do projeto 1. Plano de gerenciamento do escopo. 2. Plano de gerenciamento dos requisitos. 3. Plano de gerenciamento do cronograma. 4. Plano de gerenciamento dos custos 5. Plano de gerenciamento da qualidade. 6. Plano de gerenciamento dos recursos. 7. Plano de gerenciamento das comunicações. 8. Plano de gerenciamento dos riscos. 9. Plano de gerenciamento das aquisições. 10. Plano de engajamento das partes interessadas. 11. Plano de gerenciamento de mudanças. 12. Plano de gerenciamento de configuração. 13. Linha de base do escopo. 14. Linha de base do cronograma. 15. Linha de base dos custos. 16. Linha de base da medição do desempenho. 17. Descrito do ciclo de vida do projeto. 18. Abordagem de desenvolvimento. 1. Atributos das atividades. 2. Lista de atividades. 3. Registro de premissas. 4. Bases das estimativas. 5. Registro das mudanças. 6. Estimativa de custos. 7. Previsões de custos. 8. Estimativas de duração. 9. Registro das questões. 10. Registro das lições aprendidas. 11. Lista de marços. 12. Designações de recursos físicos. 13. Calendários do projeto. 14. Comunicações do projeto. 15. Cronograma do projeto. 16. Diagrama de rede do cronograma do projeto. 17. Especificação do escopo do projeto. 18. Designações da equipe do projeto. 19. Medições de controle da qualidade. 20. Métricas da qualidade. 21. Relatório de qualidade. 22. Documentação dos requisitos. 23. Matriz de rastreabilidade dos requisitos. 24. Estrutura analítica dos recursos. 25. Calendários dos recursos. 26. Requisitos de recursos. 27. Registro dos riscos. 28. Relatório de riscos. 29. Dados do cronograma. 30. Previsões do cronograma. 31. Registro das partes interessadas. 32. Termo de nomeação da equipe. 33. Documentos de teste e avaliação. Fonte: PMBoK (2017, p. 89). 26 • EXECUÇÃO: 4.3. Orientar e Gerenciar o Trabalho do Projeto e 4.4. Gerenciar o Conhecimento do Projeto. Estes grupos de processos trazem um importante papel para o projeto. O GP deverá obter e gerenciar seus recursos, gerar relatórios de custos, cronograma, progresso do projeto e sua qualidade. Além disso, caso mudanças ocorram, é neste momento que as aprovações dos novos caminhos a serem seguidos devem ocorrer. O conhecimento deve ser registrado durante a execução do projeto, e não no grupo de processos de encerramento, como era feito anteriormente. Os acertos e os equívocos são registrados assim que ocorrem, para não ocasionar esquecimentos ou imprecisões. • MONITORAMENTO E CONTROLE: 4.5. Monitorar e Controlar o Trabalho do Projeto e 4.6. Realizar o Controle Integrado de Mudanças. No monitoramento e controle, são comparados os itens planejados com o que foi efetivamente executado, inclusive as mudanças propostas até então. O controle integrado de mudanças deve ser executado em toda a linha do tempo do projeto. Apenas mudanças aprovadas devem ser realizadas. • ENCERRAMENTO: 4.7. Encerrar o Projeto ou Fase. Único processo do grupo de processos de encerramento do Guia PMBoK (6ª edição). O projeto é encerrado formalmente nesse processo. Revisões devem ser realizadas em todas as fases do projeto, lições aprendidas devem ser documentadas. Deve ser avaliado se o projeto agregou valor para o cliente e se o produto, serviço ou resultado único está apto para utilização. 27 1.2 Os processos de gerenciamento do escopo dos projetos Para conceituar de maneira bem simples o escopo de um projeto, podemos dizer que é o que vai ser entregue e o que não vai ser entregue. As exclusões e limites do projeto devem estar claros para as partes interessadas. O gerenciamento do escopo do projeto possui seis processos no Guia PMBoK® (6ª edição), tendo suas boas práticas apresentadas em seu quinto capítulo. O Quadro 4 categoriza seus processos: Quadro 4 – Processos do gerenciamento do escopo do projeto Numeração de acordo com a capitulação do PMBoK® Grupo de processo Processo 5.1 Planejamento Planejar o Gerenciamento do Escopo 5.2 Planejamento Coletar os Requisitos 5.3 Planejamento Definir o Escopo 5.4 Planejamento Criar a EAP 5.5 Monitoramento e controle Validar o Escopo 5.6 Monitoramento e controle Controlar o Escopo Fonte: adaptado de PMBoK (2017, p. 130). Cada um dos processos será explicado a seguir: • PLANEJAMENTO: 5.1. Planejar o Gerenciamento do Escopo. Deve conter todo o trabalho necessário para o projeto. Deve detalhar itens que não serão contemplados no projeto. Exemplo: em um projeto de obras de uma escola, o refeitório e as salas de aula serão reformados; a quadra poliesportiva não. Fazer isso mitiga frustrações de quem esperava que a quadra fosse melhorada nesse projeto. O GP sempre deve estar atento às expectativas das partes interessadas. 28 • PLANEJAMENTO: 5.2. Coletar os requisitos. Por meio de reuniões, entrevistas e outras ferramentas e técnicas, é necessário descobrir o que o cliente ou patrocinador desejam do projeto. Nem sempre essas informações estão claras. Portanto, se o cliente “não sabe o que quer”, é dever do GP e de sua equipe listar as expectativas com vias a transformar em parâmetros técnicos e exequíveis. Exemplo: o cliente deseja uma casa grande e espaçosa para receber família e amigos. Isso é expectativa, um sonho ou desejo. O GP deve tangibilizar essas informações com desenhos, simulações, escolhasde materiais e definição de especificações. • PLANEJAMENTO: 5.3. Definir o escopo. Neste processo será desenvolvido um documento fundamental para o projeto: a Declaração de Escopo. Ele deve ser extremamente detalhado em bem redigido, pois norteará o planejamento do projeto. Diferentemente do TAP, anteriormente desenvolvido na indicação do projeto, que é sucinto e tem papel de reconhecer o projeto, a Declaração do Escopo deve ser minuciosamente escrita. Observe os itens desejáveis na Declaração de Escopo para o PMBoK (2017): • Equipe do projeto e demais partes interessadas. • Descrição, objetivo e justificativa do projeto. • Principais entregas. • Exclusões especificas. • Premissas e restrições. 29 • Marcos do projeto. • Produto do projeto e expectativas do cliente ou patrocinador. • PLANEJAMENTO: 5.4. Criar a EAP. A Estrutura Analítica do Projeto (EAP) se parece com um organograma e representa as entregas (deliverables) o projeto. A Figura 2 nos mostra um exemplo de EAP: Figura 2 – Exemplo de EAP com entregas principais Fonte: PMBoK (2017, p. 160). A principal técnica adotada para a concepção da EAP é chamada de decomposição. Inicia-se no todo (nome do projeto) e as suas partes são subdivididas para facilitar entendimento e gerenciamento. No primeiro nível da EAP é inserido o nome do projeto. No segundo, as entregas e, no último nível da EAP, são inseridos os pacotes de trabalho. 30 • MONITORAMENTO E CONTROLE: 5.5. Validar o Escopo e 5.6. Controlar o Escopo. Para validar o escopo, o GP tem um desafio muito grande: controlar quanto o escopo foi incrementado (scope creep) em relação ao planejado. Além disso, o GP deve aceitar entregas concluídas que estejam de acordo com as especificações. No controle do escopo, o GP precisa ter habilidade para se comunicar com as diversas partes interessadas, visando minimizar mudanças por meio de negociações. O GP deve, ainda, comparar o desempenho do projeto com sua linha de base. Neste conteúdo, percebemos como a integração de todas as áreas de conhecimento é uma árdua e importante tarefa para o GP. Vimos, ainda, que o escopo é todo o trabalho que será executado no projeto, e que também o que não será feito deve estar documentado nos planos dos projetos. Referências INTEGRAÇÃO. In: MICHAELIS moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/ busca?r=0&f=0&t=0&palavra=INTEGRA%C3%87%C3%83O/. Acesso em: 27 ago. 2022. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMI. Guia PMBOK®: Um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 6. ed. Pennsylvania: PMI, 2017. https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=INTEGRA%C3%87%C3%83O/ https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=INTEGRA%C3%87%C3%83O/ 31 Gerenciamento do cronograma, dos custos e da qualidade do projeto Autoria: Charlie Hudson Turette Lopes Leitura crítica: Éder Silva Frois Objetivos • Apresentar o gerenciamento do cronograma do projeto. • Apresentar o gerenciamento dos custos do projeto. • Apresentar o gerenciamento da qualidade do projeto. 32 1. Introdução A sexta edição do Guia PMBoK® quando lançada apresentou modificações nos nomes de algumas das áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos. Uma delas, antes chamada de gerenciamento do tempo passou a ser nomeada gerenciamento do cronograma. A mudança, por mais que pareça sensível, pode conter uma questão semântica. Não existe ainda, reconhecidamente, tecnologia para viajar ou modificar o tempo. Já os cronogramas podem ser criados, editados, monitorados e controlados. Continuando nossa análise “ao pé da letra”, gerenciar o cronograma é fator decisivo para medir o sucesso em um projeto. Quantas vezes você já ouvir falar que “projetos sempre atrasam” ou que “não adianta planejamento, na hora de fazer tudo sai diferente”? Neste tema, além do gerenciamento do cronograma, você verá a importância do gerenciamento dos custos e da qualidade do projeto. 1.1 Os processos de gerenciamento do cronograma dos projetos O gerenciamento do cronograma do projeto possui seis processos no Guia PMBoK® (6ª edição), tendo suas boas práticas apresentadas em seu sexto capítulo. O Quadro 1 apresenta a categorização destes processos: 33 Quadro 1 – Processos do gerenciamento do cronograma do projeto Numeração de acordo com a capitulação do PMBoK® Grupo de processo Processo 6.1 Planejamento Planejar o Gerenciamento do Cronograma. 6.2 Planejamento Definir as Atividades. 6.3 Planejamento Sequenciar as Atividades. 6.4 Planejamento Estimar as Durações das Atividades. 6.5 Planejamento Desenvolver o Cronograma. 6.6 Monitoramento e controle Controlar o Cronograma. Fonte: adaptado de PMBoK (2017, p. 174). Cinco dos seis processos estão vinculados ao planejamento do projeto. • PLANEJAMENTO: 6.1. Planejar o Gerenciamento do Cronograma. Gerenciar o cronograma é tão importante que muitas pessoas que trabalham com gerenciamento de projetos e não possuem conhecimentos aprofundados de boas práticas, acreditam que desenvolver o cronograma é a única tarefa crítica para os gestores de projeto. Mas, por que os projetos atrasam? Podemos listar alguns fatores, mas não nos limitarmos a eles: • O gerente de projetos (GP) não consegue controlar o projeto por conta de problemas em sua rotina, contaminando a equipe. • Atividades que levam mais tempo para serem realizadas do que previsto. Neste caso, o GP deve conhecer as atividades necessárias e estimar corretamente o tempo de execução. • GP que opta por executar atividades ao invés de gerenciar, ou, ainda, não delega ou delega de forma incorreta. 34 • Escolha de pessoas não aptas para desempenhar tarefas. Cada integrante do projeto deve ser corretamente alocado de acordo com suas valências. • Falhas na comunicação, que deve ser bem planejada. Portanto, para gerenciar o cronograma do projeto é fundamental seguir os demais processos de planejamento. • PLANEJAMENTO: 6.2. Definir as Atividades. Os pacotes de trabalho oriundos da Estrutura Analítica do Projeto (EAP) são resultado da decomposição do escopo do projeto. Sendo assim, todo o trabalho do projeto contido neste documento pode ser aproveitado para gerar as atividades do cronograma do projeto. Carvalho (2021) sugere que o GP utilize especialistas para decompor os pacotes de trabalho (menor nível da EAP), criando, então, listas de atividades para cada um deles. Definidas as atividades do projeto, serão ainda explicitados os atributos (premissas, restrições, responsáveis, local para realização da atividade etc.) e a lista de marcos. Marco, em um projeto, é uma atividade que não possui duração determinada, é pode ser definido como “um ponto ou evento significativo no projeto” (PMBOK, 2013, p. 163). • PLANEJAMENTO: 6.3. Sequenciar as Atividades. Para sequenciar as atividades de um projeto, é necessário mapear quais são as dependências entre as atividades. O Guia PMBoK® (2017) utiliza como técnica o Método de Diagrama de Precedência (MDP), que tem por objetivo sequenciar tarefas a partir de um relacionamento lógico entre elas. Este método é muito aplicado em diversos programas utilizados para gerenciar projetos. Os vínculos entre atividades são mostrados por 35 nós. A seguir, temos as variações de dependências existentes, segundo o PMBoK (2017): • Término para início (TI). Neste tipo de relacionamento, a atividade sucessora não pode ser iniciada antes de a predecessora ser finalizada. Exemplo: uma cerimônia de entrega de prêmios (sucessora) não pode começar até que a corrida (predecessora) termine. • Término para término (TT). Neste tipo de relacionamento, a atividade sucessora não pode ser terminada antes de a predecessora ser terminada. Exemplo: a redação de um documento (predecessora) deve ser terminada antes que o documento seja editado (sucessora). • Início para início (II). Neste tipo de relacionamento, a atividade sucessora não pode ser iniciadaantes de a predecessora ser iniciada. Exemplo: A nivelação do concreto (sucessora) não pode ser iniciada até que a colocação da fundação (predecessora) seja iniciada. • Início para término (IT). Neste tipo de relacionamento, a atividade sucessora não pode ser terminada antes de a predecessora ser iniciada. Exemplo: o primeiro turno da guarda de segurança (sucessora) não pode terminar até que o segundo turno da guarda de segurança (predecessora) comece. As dependências ainda podem ser classificadas por seus atributos: • Dependências obrigatórias: exigências legais, quesitos contratuais ou pertinentes à natureza do trabalho. • Dependências arbitradas: escolha da sequência das atividades é baseada na inteligência e experiência da equipe do projeto. Nesse caso, várias sequências podem ser escolhidas, mas algumas são preteridas em detrimento de outras. 36 • Dependências externas: é necessário algum quesito externo para executar alguma atividade. • Dependências internas: atividades que são escolhidas para serem feitas em sequência ou não de acordo com o controle da equipe do projeto. O processo sequenciar as atividades gera como saída o diagrama de rede do cronograma do projeto. A Figura 1 é um exemplo de ilustração. Note que as tarefas B e C possuem um relacionamento lógico de início a início. Já as tarefas C e D, apesar de dispostas sequencialmente, não têm entre si vínculos TI, TT, II ou IT. Figura 1 – Diagrama de rede do cronograma do projeto Fonte: PMBoK (2017, p. 193). Como visto, não são todas atividades que possuem relacionamento lógico. A Figura 1 mostra o MDP aplicado apenas entre as tarefas B-C (II), H-I (II + 10), F-G (TI + 15) e L-J (TT). 37 Quando há antecipação da atividade sucessora em relação à predecessora, um sinal de subtração (-) é utilizado em conjunto com a unidade de tempo. Percebemos, então, dois exemplos de esperas, representadas por sinal positivo e unidade de tempo, que ocorrem quando atividades sucessoras são atrasadas em relação a predecessoras. • PLANEJAMENTO: 6.4. Estimar as Durações das Atividades. Como definir quanto demorará uma atividade para ser concluída? A pergunta fica ainda mais difícil de ser respondida se o projeto nunca tiver sido feito pela empresa ou equipe. Mas, algumas técnicas são utilizadas para responder com assertividade a essa questão: • Opinião especializada: baseada em projetos similares, tem ponto forte dados históricos. • Estimativa análoga: usa parâmetros de outros projetos semelhantes. • Estimativa paramétrica: quantitativa. Envolve no cálculo a quantidade de trabalho a ser feito e quantas horas a equipe estará alocada. • Estimativas de três pontos: Program Evaluation and Review Technique (PERT). A partir das probabilidades mais provável, otimista e pessimista calcula-se qual deverá ser a duração estimada da tarefa. • Estimativa “Bottom-up”: a partir do detalhamento da EAP, são estimadas as durações das atividades. • Análise de dados: são estipuladas contingências para eventuais atrasos. 38 • Tomada de decisão: usada na abordagem ágil de projetos, GP e equipe votam nas durações mais prováveis. • Reuniões: usada na abordagem ágil de projetos, reuniões são realizadas para definir durações de atividades. • PLANEJAMENTO: 6.5. Desenvolver o Cronograma. • Para o cronograma ser desenvolvido são utilizadas técnicas como: • Método do caminho crítico (Critical Path Method – CPM). • Método PERT-com. • Análise de cenário E-Se. • Simulações. • Compressões de cronogramas. • MONITORAMENTO E CONTROLE: 6.6. Controlar o Cronograma. Processo de monitoramento da evolução da conclusão das atividades. Fornece informações como o desvio do cronograma real e a linha de base do projeto. Assim, medidas preventivas e corrigidas podem ser tomadas. 1.2 Os processos de gerenciamento dos custos dos projetos O gerenciamento dos custos do projeto possui quatro processos no Guia PMBoK® (6ª edição), tendo suas boas práticas apresentadas em seu sétimo capítulo. O Quadro 2 apresenta a categorização destes processos: 39 Quadro 2 – Processos do gerenciamento dos custos do projeto Numeração de acordo com a capitulação do PMBoK® Grupo de processo Processo 7.1 Planejamento Planejar o Gerenciamento dos Custos 7.2 Planejamento Estimar os Custos 7.3 Planejamento Determinar o Orçamento 7.4 Monitoramento e controle Controlar os Custos Fonte: adaptado de PMBoK (2017, p. 232). Cinco dos seis processos estão vinculados ao planejamento do projeto. • PLANEJAMENTO: 7.1. Planejar o Gerenciamento dos Custos, Estimar os Custos e Determinar o Orçamento. Nesta área de conhecimento, aplicar técnicas adequadas para estimar custos resultará em um bom orçamento para o projeto. Isso se explica, pois, a linha de base será utilizada para comparar o que foi orçado com o que efetivamente foi gasto no projeto. A Figura 2 nos mostra como realizar um bom gerenciamento dos custos: Figura 2 – Linha de base (baseline) do projeto, curva de custos no formato em S e fluxo de caixa esperado período a período Fonte: Carvalho (2021, p. 111). 40 Antes de fazer a Curva S é necessário definir a WBS (EAP, em inglês) com todas as entregas do projeto. A curva que aparece na figura é conhecida nos jargões de gerenciamento de projetos como “Curva S”. Basicamente é o orçamento do projeto ao longo do tempo, comparando o que foi planejado com o executado. • MONITORAMENTO E CONTROLE: 7.4. Controlar os Custos. Para avaliar o desempenho dos custos em projetos são utilizados indicadores para gerenciamento do valor agregado. Alguns exemplos são: • Valor orçado (VO). • Valor agregado (VA). • Variância no prazo (VP). • Variância no custo (VC). As informações sobre os gastos devem ser constantes para que a gestão seja correta. Algumas ferramentas/técnicas são utilizadas para isso. 1.3 Os processos de gerenciamento da qualidade dos projetos O gerenciamento da qualidade do projeto possui três processos no Guia PMBoK® (6ª edição), tendo suas boas práticas apresentadas em seu oitavo capítulo. O Quadro 3 apresenta a categorização destes processos: Quadro 3 – Processos do gerenciamento da qualidade do projeto Numeração de acordo com a capitulação do PMBoK® Grupo de processo Processo 8.1 Planejamento Planejar o Gerenciamento da Qualidade 41 8.2 Execução Gerenciar a Qualidade 8.3 Monitoramento e controle Controlar a Qualidade Fonte: adaptado de PMBoK (2017, p. 272). Cinco dos seis processos estão vinculados ao planejamento do projeto. • PLANEJAMENTO: 8.1. Planejar o Gerenciamento da Qualidade. Cada vez mais a qualidade é traduzida no que o cliente acha que é ou não um produto que agrega valor para ele. Portanto, o gerenciamento da qualidade deve estar focado em: • Satisfação do cliente. • Prevenção ao invés de ações corretivas. • Melhoria contínua. • Responsabilidade gerencial. • Estas questões estão relacionadas aos requisitos do projeto, ao custo e ao prazo. • EXECUÇÃO: 8.2. Gerenciar a Qualidade e • MONITORAMENTO E CONTROLE 8.3: Controlar a Qualidade. Podem ser utilizadas ferramentas da qualidade, avalições dos custos de prevenção e de avaliação, análise de falhas internas e externas. Neste material, percebemos como o cronograma, os custos e a qualidade são fundamentais para os projetos. Todas essas áreas trabalham integradas, ou seja, não gerenciamos uma área de conhecimento isoladamente. 42 Referências CARVALHO, Marly M. de. Fundamentos em gestão de projetos: construindo competências para gerenciar projetos. São Paulo: Atlas, 2021. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMI. Guia PMBOK®: Um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 5. ed. Pennsylvania: PMI, 2013. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMI. Guia PMBOK®: Um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 6. ed. Pennsylvania: PMI, 2017. 43 Gerenciamento dos recursos, das comunicações, dos riscos, das aquisições e das partes interessadas do projeto Autoria: Charlie HudsonTurette Lopes Leitura crítica: Éder Silva Frois Objetivos • Apresentar o gerenciamento dos recursos do projeto. • Apresentar o gerenciamento das comunicações do projeto. • Apresentar o gerenciamento dos riscos do projeto. • Apresentar o gerenciamento das aquisições do projeto. • Apresentar o gerenciamento das partes interessadas do projeto. 44 1. A importância das pessoas em um projeto Por conta da influência que as partes interessadas (PI) possuem nos projetos, o Guia PMBoK® a partir de sua quinta edição criou uma área de conhecimento dedicada a tratar dos stakeholders (jargão em inglês empregado para partes interessadas). PI são pessoas, empresas, prestadores de serviços, governos etc. que terão algum envolvimento no projeto, direta ou indiretamente. Obviamente, cada organização envolvida em um projeto contém pessoas, daí a relevância da temática. E, como falamos de pessoas, elas precisam se comunicar bem, responder aos riscos identificados, realizar aquisições e lidar com outras pessoas. Todos esses assuntos serão tratados neste material. Portanto, façamos um questionamento: um gerente de projetos (GP) deve se especializar em habilidades técnicas, conhecidas como hard skills ou focar em gerenciar conflitos, exercer influência e saber negociar? Bem, este segundo grupo de itens citados são conhecidas como soft skills, ou habilidades leves. Você verá que o GP até poderá atuar em ambientes nos quais não possui domínio técnico, no entanto, não terá sucesso se não souber liderar e trabalhar com pessoas. 1.1 Os processos de gerenciamento dos recursos do projeto O gerenciamento dos recursos do projeto possui seis processos no Guia PMBoK® (6ª edição), tendo suas boas práticas apresentadas em seu nono capítulo. O Quadro 1 apresenta a categorização destes processos: 45 Quadro 1 – Processos do gerenciamento dos recursos do projeto Numeração de acordo com a capitulação do PMBoK® Grupo de processo Processo 9.1 Planejamento Planejar o Gerenciamento dos Recursos 9.2 Planejamento Estimar os Recursos das Atividades 9.3 Execução Adquirir Recursos 9.4 Execução Desenvolver a Equipe 9.5 Execução Gerenciar a Equipe 9.6 Monitoramento e controle Controlar os Recursos Fonte: adaptado de PMBoK (2017, p. 308). Houve uma diferença significativa a partir da sexta versão do Guia PMBoK ® neste capítulo. Anteriormente, esta área de conhecimento se chamava gerenciamento dos recursos humanos do projeto e apresentava quatro processos. A seguir, vamos comparar as alterações semânticas e aderentes aos novos cenários de projetos: • PLANEJAMENTO: planejar o gerenciamento dos recursos: antes se chamava planejar o gerenciamento dos recursos humanos. Em um projeto, pessoas são listadas como recursos. No entanto, a atualização ocorre, pois, recursos podem ser do tipo trabalho (pessoas, máquinas, equipamentos), material (recursos que podem ser alocados por unidades, como kg, m, m2, l etc.) e custos (viagens, capacitações e outros custos que não agreguem valor diretamente ao projeto, mas sejam importantes). • EXECUÇÃO: estimar os recursos das atividades: adicionado no Guia PMBoK® (6ª edição). Processo responsável pelo levantamento, ao longo do projeto, das necessidades de recursos. São utilizados documentos como listas de atividades, por exemplo, como entradas. • EXECUÇÃO: adquirir recursos: adicionado no Guia PMBoK® (6ª edição). Processo no qual recursos são obtidos e alocados às atividades. 46 • EXECUÇÃO: desenvolver a equipe: antes chamado de desenvolver a equipe do projeto, esse processo é responsável por promover a melhoria das competências e habilidades da equipe. • EXECUÇÃO: gerenciar a equipe: anteriormente nomeado como gerenciar a equipe do projeto, este processo avalia o desempenho constantemente da equipe, e deve promover feedbacks, bem como gerenciar eventuais conflitos e realizar realocações. Ainda sobre os processos de execução, foi retirado o processo mobilizar a equipe do projeto. Seu conteúdo foi incorporado aos demais processos desse grupo de processos. • MONITORAMENTO E CONTROLE: controlar os recursos: visa garantir que o planejamento feito nos processos anteriores seja cumprido e, se não, que ações sejam tomadas para que problemas não ocorram. Segundo Camargo (2019), duas ferramentas de destacam nesta área de conhecimento: organogramas para definir hierarquias e funções e; Matriz RACI (responsible, accountable, consulted e informed) ou responsável pela execução, responsável pela aprovação, consultado e informado. 1.2 Os processos de gerenciamento das comunicações do projeto O gerenciamento das comunicações do projeto possui três processos no Guia PMBoK® (6ª edição), tendo suas boas práticas apresentadas em seu décimo capítulo. O Quadro 2 apresenta a categorização destes processos: 47 Quadro 2 – Processos do gerenciamento das comunicações do projeto Numeração de acordo com a capitulação do PMBoK® Grupo de processo Processo 10.1 Planejamento Planejar o Gerenciamento das Comunicações 10.2 Execução Gerenciar as Comunicações 10.3 Monitoramento e controle Monitorar as Comunicações Fonte: adaptado de PMBoK (2017, p. 360). Comunicação de qualidade é essencial para que o projeto alcance seus objetivos. É preciso saber o que comunicar, para quem comunicar, quando comunicar e como comunicar (qual tecnologia, por exemplo). A seguir, listamos alguns fatores que podem influenciar na escolha de uma tecnologia em detrimento de outra: • Urgência da necessidade de informação. • Disponibilidade de tecnologia. • Facilidade de uso. • Ambiente do projeto. • Confiabilidade das informações. Emissor e receptor das informações são atores fundamentais no processo de comunicação. Eles podem usar, entre outros, os seguintes modelos: • Comunicação interativa: reuniões, telefonemas, videoconferências etc. • Comunicação ativa (push): cartas, memorandos, relatórios, e-mails, fax, comunicados etc. 48 • Comunicação passiva (pull): sites da internet, e-learning, bases de conhecimentos etc. Importante ressaltar que as reuniões podem ser utilizadas como registro formal da comunicação. Importante que tenham pauta, seja concisa, que exista registros e que ações sejam estabelecidas durante o encontro. 1.3 Os processos de gerenciamento dos riscos do projeto O gerenciamento dos riscos do projeto possui sete processos no Guia PMBoK® (6ª edição), tendo suas boas práticas apresentadas no capítulo 11. O Quadro 3 apresenta a categorização destes processos: Quadro 3 – Processos do gerenciamento dos riscos do projeto Numeração de acordo com a capitulação do PMBoK® Grupo de processo Processo 11.1 Planejamento Planejar o Gerenciamento dos Riscos 11.2 Planejamento Identificar os Riscos 11.3 Planejamento Realizar a Análise Qualitativa dos Riscos 11.4 Planejamento Realizar a Análise Quantitativa dos Riscos 11.5 Planejamento Planejar as Respostas aos Riscos 11.6 Execução Implementar Respostas a Riscos 11.7 Monitoramento e controle Monitorar os Riscos Fonte: adaptado de PMBoK (2017, p. 395). A palavra “risco” é utilizada repetidamente em nosso cotidiano. Seja nas empresas ou na vida social, o termo é relacionado a algo de ruim que pode acontecer. Uma possível definição para “risco” pode ser “probabilidade de prejuízo ou de insucesso em determinado empreendimento, projeto, coisa etc., em razão de acontecimentos incertos, que independe da vontade dos envolvidos” (MICHAELIS, 2022). Já sob a ótica de gestão de projetos, existem riscos positivos e negativos. Riscos em projetos estão associados a possíveis eventos ruins (ameaças) ou bons (oportunidades). 49 No primeiro grupo, de ameaças, há quatro respostas aos riscos que podem ser dadas quando um risco é identificado em um projeto: 1. Aceitar o risco: você pode querer ir à praia em um fim de semana de dezembro, mesmo sabendo que há risco de chuva. Mas, como mora perto do mar, aceita o risco e pega a estrada mesmo assim. 2. Mitigar o risco: ainda sobre chuva,você planeja uma festa a céu aberto, mas aluga um local que tenha também área coberta. Se chover, as pessoas poderão buscar abrigo. Assim, você diminuirá os impactos se o risco se concretizar. 3. Eliminar: retirar a possibilidade de acontecer algo. Exemplo: não comprar um produto, pois foi detectado que o material é de má qualidade. 4. Transferir: ao pagar o seguro de um automóvel, você transfere o risco para a seguradora. Ela passará a arcar com eventuais sinistros. Já no grupo das oportunidades, os riscos identificados também são quatro: 1. Aceitar: você está se exercitando ao ar livre e, de repente, começa a chover, mas você aceita porque esse risco é uma oportunidade para você se refrescar. 2. Melhorar: sabendo que se você acertar seis números em um bilhete de loteria (mesmo a probabilidade sendo uma em 50 milhões de reais), você melhora sua exposição ao risco fazendo vários jogos. 3. Compartilhar: estando em um supermercado, acaba de sair o anúncio de uma promoção daquele produto que você tanto gosta. Você envia a oportunidade para pessoas conhecidas também aproveitarem o desconto. 4. Explorar: ainda sobre a promoção do supermercado, caso o produto valha a pena, não seja perecível e faça sentido para você, compre maior quantidade para estocar. 50 O Guia PMBoK aborda várias ferramentas para identificar e analisar riscos. A Matriz de Probabilidade versus Impacto se destaca. A Figura 1 explica o seu funcionamento: Figura 1 – Matriz Probabilidade versus Impacto Fonte: Camargo (2019, p. 51). Nesta matriz, quadrantes verdes são mais desejáveis que amarelos, que por sua vez, são menos ruins que vermelhos. A matriz é utilizada escolhendo-se, empiricamente, uma opção na vertical e uma na horizontal. O resultado obtido a partir dessa escolha será uma cor entre três possíveis. Por exemplo, uma probabilidade 3 (média) e um impacto 4 (alto) resultará em um quadrante de cor vermelha. A equipe de projeto poderá, então, planejar a resposta aos riscos identificados de acordo com a criticidade. As respostas, como vimos, são: aceitar, mitigar, eliminar e transferir, para casos de ameaças. 51 1.4 Os processos de gerenciamento das aquisições do projeto O gerenciamento das aquisições do projeto possui três processos no Guia PMBoK® (6ª edição), tendo suas boas práticas apresentadas em seu décimo segundo capítulo. O Quadro 4 apresenta a categorização destes processos: Quadro 4 – Processos do gerenciamento das aquisições do projeto Numeração de acordo com a capitulação do PMBoK® Grupo de processo Processo 12.1 Planejamento Planejar o Gerenciamento das Aquisições 12.2 Execução Conduzir as Aquisições 12.3 Monitoramento e controle Controlar as Aquisições Fonte: adaptada de PMBoK (2017, p. 459). O processo de aquisições é responsável pelas aquisições de acordo com requisitos determinados, com objetivo de atender às necessidades do projeto. A equipe do projeto deve escolher entre produzir, comprar ou terceirizar itens do projeto de acordo com sua capacidade de conhecimento, equipamento ou disponibilidade de cronograma. A equipe responsável pelas aquisições deve ter como competência a negociação para buscar parcerias, descontos e melhores condições de fornecimento. 1.5 Os processos de gerenciamento das partes interessadas do projeto O gerenciamento das partes interessadas do projeto possui 4 processos no Guia PMBoK®–6ª edição, tendo suas boas práticas apresentadas em 52 seu décimo terceiro capítulo. O Quadro 5 apresenta a categorização destes processos: Quadro 5 – Processos do gerenciamento das comunicações do projeto Numeração de acordo com a capitulação do PMBoK® Grupo de processo Processo 13.1 Iniciação Identificar as Partes Interessadas 13.2 Planejamento Planejar o Engajamento das Partes Interessadas 13.3 Execução Gerenciar o Engajamento das Partes Interessadas 13.4 Monitoramento e controle Monitorar o Engajamento das Partes Interessadas Fonte: adaptado de PMBoK (2017, p. 504) Identificar as partes interessadas (PI) é um processo tão importante para o projeto que ele é o único a acompanhar o desenvolvimento do Termo de Abertura do Projeto (TAP) no grupo de processos de iniciação. E quando falamos em identificá-las e planejar seu engajamento, uma ação sugerida é a avaliação de poder e interesse de cada PI. Genericamente, o PMBoK (2017) cita quatro possibilidades de análise de poder e interesse e ações sugeridas para cada: • PI com alto poder e alto interesse: gerenciar com atenção. É o melhor perfil para fortalecimento e legitimação do projeto. • PI com alto poder e baixo interesse: manter satisfeito. Risco de boicotar o projeto se algo sair fora do esperado. • PI com baixo poder e baixo interesse: monitorar. Podem ser PI cujo tempo gasto com elas será perdido. • PI com baixo poder e alto interesse: manter informado. São PI que, geralmente, são empenhadas, gostam de saber o andamento das 53 entregas do projeto, e, em um empreendimento futuro, podem ser uteis. Camargo (2019) cita um cuidado a ser tomado ao realizar a avaliação de poder e impacto. Esta análise, se disponível para todas as PI envolvidas no projeto, pode gerar constrangimentos. Imagine o dono da empresa lendo nos documentos do projeto que seu interesse no projeto é baixo. Portanto, atenção ao plano de comunicações do projeto para não cometer gafes. Neste material foi possível compreender cinco das dez áreas de conhecimento utilizadas para gerenciar projetos. Lembrando que todas funcionarão de forma integrada, visando obter sucesso nos projetos. Referências CAMARGO, Robson. PM Visual – Project Model Visual: gestão de projetos simples e eficaz. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. MICHAELIS. Risco. São Paulo: Melhoramentos. Disponível em: https://michaelis.uol. com.br/palavra/V4j7A/risco-2/. Acesso em: 17 set. 2022. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMI. Guia PMBOK®: Um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 6. ed. Pennsylvania: PMI, 2017. https://michaelis.uol.com.br/palavra/V4j7A/risco-2/ https://michaelis.uol.com.br/palavra/V4j7A/risco-2/ 54 Sumário Apresentação da disciplina Conceituando o gerenciamento de projetos Objetivos 1. Contextos em que projetos são desenvolvidos Referências Gerenciamento da integração e do escopo do projeto Objetivos 1. Integrar é preciso Referências Gerenciamento do cronograma, dos custos e da qualidade do projeto Objetivos 1. Introdução Referências Gerenciamento dos recursos, das comunicações, dos riscos, das aquisições e das partes interessadas d Objetivos 1. A importância das pessoas em um projeto Referências
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