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NUTRIÇÃO FUNCIONAL E FITOTERAPIA UNIDADES 1 A 4

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NUTRIÇÃO FUNCIONAL E FITOTERAPIA
UNIDADE 1
Sob o aspecto celular, o que somos hoje não é o que fomos há 1 ano. E nem o que seremos daqui a 10 anos. Nosso organismo é formado por 10 trilhões de células humanas e mais de 100 trilhões de células, associando as células bacterianas. Das células humanas cerca de 50 milhões são renovadas diariamente. Consequentemente, a matéria prima que fornecemos para esta renovação celular. É determinante para o resultado que teremos (CARREIRO, 2021). 
Os nutrientes executam funções específicas e intransferíveis. Se um faltar, mesmo que seja necessário em quantidades muito pequenas, outro nutriente não executará sua função corretamente. Para cada nutriente específico executar sua função, ele precisa da sinergia de, no mínimo, 5 a 6 outros nutrientes. 
O funcionamento adequado de um conjunto de células e nutrientes garante, por sua vez, que cada órgão execute suas funções de forma adequada. Finalmente, um conjunto de órgãos saudáveis proporcionará saúde ao indivíduo, a saúde como vitalidade positiva (Paschoal, 2014).
A Vitalidade positiva é mais que a mera ausência de doenças crônicas degenerativas não transmissíveis, é a busca pela saúde integral, modulando por meio de nutrientes e compostos bioativos, todas as reações bioquímicas envolvidas neste processo. O objetivo é que as pessoas sejam realmente saudáveis e felizes, não apresentando qualquer outro tipo de sintoma como queda de cabelo, depressão ou até mesmo hiperatividade, constipação ou olheiras, entre outros problemas.     
Durante décadas, a indústria alimentícia buscou melhorar sua linha de produção com aditivos químicos, visando garantir um maior tempo de validade e qualidade dos produtos. Porém, com o passar dos anos, viu-se que todos esses aditivos são prejudiciais à saúde. Por outro lado, a alimentação passou a ser associada à saúde, introduzindo-se, assim, a nutrição funcional como aliada desse novo pensamento. Neste capítulo, você vai descobrir de que forma os alimentos funcionais entraram na indústria alimentícia. Vai estudar a introdução desses alimentos em diversos países e identificar sua história no Brasil. 
Um breve histórico dos surgimentos dos alimentos funcionais     
Na metade da década de 1980, os alimentos passaram a ser relacionados à saúde, como sinônimos de bem-estar e redutores de riscos de doenças, tornando-se veículos para uma melhor qualidade de vida. Foi nesse contexto que surgiram os “alimentos funcionais”. 
O termo “alimento funcional” foi introduzido no Japão, em meados dos anos 1980. Em aparência, eram alimentos similares aos convencionais, sendo usados como parte de uma dieta normal, e que demonstram benefícios fisiológicos e/ou reduzem o risco de doenças crônicas, além de suas funções nutricionais básicas. 
O Japão, então, foi o pioneiro na formulação de um processo de regulamentação específico para os alimentos funcionais. Conhecidos como Foods for Specied Health Use (FOSHU, isto é, “alimentos para uso específico de saúde”). Eles são qualificados e trazem um selo de aprovação do Ministério da Saúde e Previdência Social japonês.  
FOSHU é definido como “qualquer alimento que exerça um impacto positivo na saúde, performance física ou estado mental de um indivíduo em adição ao seu valor nutritivo”. 
A American Dietetic Association (ADA) considera que os alimentos funcionais são alimentos fortificados e modificados, apresentando efeitos potencialmente benéficos sobre a saúde quando consumidos como parte de uma dieta variada, em níveis efetivos. Ainda segundo a ADA, a alegação funcional concedida a esses alimentos é “aquela relativa à ação metabólica ou fisiológica que a substância (sendo nutriente ou não), presente no alimento, tem no crescimento, na manutenção e em outras funções normais do organismo humano”.
Várias jurisdições, inclusive o Canadá, os Estados Unidos (EUA), a União Europeia e a Austrália, iniciaram a identificação e definição de gêneros alimentícios que contêm ingredientes naturais e que atuam para melhorar certas vias metabólicas. 
Alimentos Funcionais nos EUA         
Nos Estados Unidos, o conceito de alimentos funcionais começou a ser difundido a partir dos anos de 1990, quando o Instituto Nacional do Câncer Americano criou um programa para financiamento de pesquisas sobre componentes presentes nos alimentos, principalmente os fitoquímicos existentes em frutas e verduras, que pudessem apresentar atividade anticancerígena. Em relação aos alimentos funcionais, os Estados Unidos não têm uma definição específica ou regulamentação, e o produto é regulado no mesmo contexto dos alimentos convencionais pela Food and Drug Administration (FDA). 
A FDA estabeleceu três categorias de alegações relacionadas às propriedades funcionais dos alimentos: 
Alegações de saúde
–
Descrevem a relação entre um alimento, um componente de um alimento ou um ingrediente de um suplemento dietético e a redução do risco de uma doença ou condição relacionada à saúde. Para poder apresentar essa alegação, é fundamental a existência de um componente específico relacionado ao controle de uma doença. Afirmações sobre o papel de categorias genéricas (como frutas ou vegetais) sobre a saúde não são consideradas alegações de saúde, mas de orientação dietética.
Alegações de conteúdo de nutrientes
–
Apresentam o teor de substâncias dietéticas ou nutrientes de um produto em si ou comparado a outro alimento, através de termos como “livre de”, “alto”, “baixo” ou “mais”,“reduzido”, entre outros. Essas alegações só podem ser utilizadas para nutrientes ou substâncias dietéticas com valor estabelecido para a dose diária.
Alegações de estrutura ou funcionalidade
–
Referem-se ao papel de nutrientes ou ingredientes dietéticos que afetam a estrutura normal ou funcional de humanos, por exemplo, “cálcio é importante para o desenvolvimento de ossos fortes”. Essas alegações também podem caracterizar a forma como o componente atua sobre uma determinada função, como “fibras mantêm a regularidade do intestino” ou “antioxidantes mantêm a integridade celular”. Esse mesmo tipo de alegação permite descrever um benefício relacionado a uma doença causada pela deficiência de determinado nutriente, por exemplo, vitamina C e escorbuto, desde que seja informada a importância dessa doença nos Estados Unidos.
A história dos alimentos funcionais no Brasil 
No Brasil, desde o início da década de 1990, já existiam na Secretaria de Vigilância Sanitária pedidos de análise para fins de registro de diversos produtos alimentícios, até então não reconhecidos como alimentos, considerando o conceito tradicional de alimento. 
Com o tempo, além do aumento do número de pedidos, aumentou também a sua variedade, os apelos e a divulgação desses produtos nos meios de comunicação. A Vigilância Sanitária, sempre utilizando o princípio da precaução, posicionou-se de forma contrária à aprovação e utilização desses produtos funcionais como alimentos.  
Somente a partir de 1998, depois de muito trabalho e pesquisa, e contando com a contribuição de várias instituições e pesquisadores das áreas de nutrição, toxicologia, tecnologia de alimentos e outras, foi proposta e aprovada pela Vigilância Sanitária a regulamentação técnica para análise de novos alimentos e ingredientes, incluídos os chamados “alimentos com alegações de propriedades funcionais e ou de saúde”.  
Assim, os regulamentos técnicos aprovaram diretrizes básicas para:
· Avaliação de risco e segurança de novos alimentos;
· Análise e comprovação de propriedades funcionais e/ou de saúde, alegadas em rotulagem de alimentos.   
Em 1999, o Ministério da saúde, através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, divulgou os regulamentos referentes aos procedimentos para registro de alimentos e/ou novos ingredientes. (Resolução nº 16 de 1999), as diretrizes básicas para avaliação de riscos e segurança dos alimentos (Resolução 17 de 1999), as diretrizes básicas para análise e comprovação de propriedades funcionais e ou de saúde alegadas em rotulagem de alimentos (Resolução 18 de 1999)e os procedimentos para registro de alimento com alegação de propriedades funcionais e ou de saúde em sua rotulagem (Resolução 19 de 1999). 
Em 1999, com a mudança no enfoque de análise dos alimentos – que passa a considerar o critério de risco –, a Vigilância Sanitária decidiu constituir a Comissão Técnico-Científica de Assessoramento em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos (CTCAF). Tal comissão tinha a função de subsidiar a Diretoria de Alimentos e Toxicologia nas decisões relacionadas a esse tema. O desenvolvimento do trabalho dessa comissão gerou, ao longo de cinco anos, a realização de eventos e a elaboração de informes técnicos, visando sempre à atualização de conceitos científicos reconhecidos pela comunidade internacional. 
Por meio dessas resoluções, o Brasil foi o primeiro país da América Latina a possuir uma legislação específica referente às alegações das propriedades funcionais e/ou de saúde. Contudo, o a nossa legislação ainda não possui uma definição para os alimentos funcionais. 
Em contrapartida, para que o alimento seja considerado funcional, é necessário que haja uma comprovação científica da alegação dessa propriedade de saúde e da segurança do seu uso (Resolução ANVISA nº18 de 1999). 
Segundo a ANVISA “Alegação de propriedade funcional é aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente, tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano.(BRASIL, 1999) O alimento ou ingrediente que alegar propriedades funcionais ou de saúde pode, além de funções nutricionais básicas, quando se tratar de nutriente, produzir efeitos metabólicos ou fisiológicos ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica”.
Lista de Alegações de propriedade Funcional  
O portal da Anvisa (BRASIL, 2016) disponibiliza a relação de alimentos com alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde. Observe na tabela abaixo:  
	Nutrientes e não nutrientes
	Alegação de Propriedade funcional 
	
Ácido graxos
	EPA e DHA
	
	“O consumo de ácidos graxos ômega 3 auxilia na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídeos, desde que associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”
	Carotenóides
	Licopeno, Luteína e Zeaxantina
	
	“Apresentam ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
	Fibras Alimentares
	Fibras alimentares, Dextrina Resistente, Goma Guar parcialmente hidrolisada, lactulose e Polidextrose
	
	“As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
	
	BETA GLUCANA em farelo de aveia, aveia em flocos e farinha de aveia
	
	“Este alimento contém beta glucana (fibra alimentar) que pode auxiliar na redução do colesterol. Seu consumo deve estar associado à uma alimentação equilibrada e baixa em gorduras saturadas e a hábitos de vida saudáveis.”
	
	FRUTOOLIGOSSACARÍDEO – FOS
	
	“Os frutooligossacarídeos – FOS (prebiótico) contribuem para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
	
	PSILLIUM OU PSYLLIUM
	
	“O psillium (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de gordura. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
	
	QUITOSANA
	
	“A quitosana auxilia na redução da absorção de gordura e colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
	FITOESTERÓIS
	“Os fitoesteróis auxiliam na redução da absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
	POLIÓIS
	Manitol / Xilitol / Sorbitol A
	
	Não produz ácidos que danificam os dentes. O consumo do produto não substitui hábitos adequados de higiene bucal e de alimentação.”
	PROBIÓTICOS
	A alegação de propriedade funcional ou de saúde deve ser proposta pela empresa e será avaliada, caso a caso, com base nas definições e princípios estabelecidos na Resolução n. 18/1999.
	PROTEÍNA DE SOJA
	“O consumo diário de no mínimo 25 g de proteína de soja pode ajudar a reduzir o colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis".
Tabela 1: Nutrientes e não nutrientes com alegações de propriedades de saúde. 
A nutrição Clínica Funcional é, portanto, uma ciência integrativa e profunda que se baseia na pesquisa científica e cuja aplicação prática engloba tanto a prevenção como o tratamento de doenças, focalizando, na avaliação de aspectos bioquimicamente únicos de cada organismo. E levando em consideração, inclusive, o genótipo de cada indivíduo e sua suscetibilidade genética no desenvolvimento de doença (Paschoal, 2014). 
Mas, por que o termo “Funcional”? 
 Você deve ter sempre se perguntado: “Por que Nutrição Funcional?” Mas, não se preocupe que irei te explicar o fundamento deste termo: 
 Este termo aplica-se a mudanças em processos fisiológicos que retratam sintomas de duração e intensidade aumentadas. Ou seja, não só a doença de origem conhecida, mas alterações precoces que podem ocorrer ao longo da vida e que podem desencadear uma doença crônica não transmissível (ALVES et al., 2018).
Na prática clínica, a nutrição funcional busca aplicar condutas individualizadas para equilibrar nutricionalmente o organismo promovendo a saúde como vitalidade positiva (ALVES et al., 2018). 
Se um paciente apresenta histórico familiar de dislipidemia, deverá ter uma orientação nutricional direcionada para os nutrientes e compostos bioativos que modulem, por exemplo, os níveis de homocisteína. Por exemplo, a inserção de alimentos fontes de vitaminas do complexo B, como B6 (cereais integrais), ácido fólico (folhosos verdes escuros) e vitamina B12 (ovo, produtos lácteos) será fundamental para redução dos níveis de homocisteína. 
A nutrição clínica funcional compreende a interação entre todos os sistemas do corpo, enfatizando as relações que existem entre a bioquímica, a fisiologia e os aspectos emocionais e cognitivos do organismo.  
PRINCIPIOS DA NUTRIÇÃO FUNCIONAL
O propósito da nutrição clínica funcional é avaliar como o nosso organismo interage com o alimento, seus nutrientes e compostos bioativos e como funciona o processo que nos nutri, é assim que funcionamos, somos o resultado deste processo. 
A nutrição Funcional possui cinco princípios básicos. Vamos, a partir de agora, entendê-los:  
Individualidade bioquímica 
A individualidade bioquímica pode ser definida como cada ser é único. Da mesma forma, apresenta necessidades e deficiências nutricionais únicas, metabolismo e probabilidade únicas para desenvolver doenças.  É caracterizada por um conjunto de fatores genéticos, fisiológicos e bioquímicos que comandam o funcionamento do organismo e suas necessidades nutricionais, as quais relacionam-se com os fatores ambientais (BAPTISTELLA et al., 2017).
Essa individualidade irá direcionar uma conduta para cada paciente e a relação nutricionista/paciente é fundamental e determinante para identificar e atuar efetivamente nos processos que estão desequilibrando o organismo. 
O tratamento nutricional realizado para duas mulheres de 35 anos que desejam reduzir a quantidade de gordura corporal, sendo uma portadora da Síndrome do Ovário Policístico e outra portadora da endometriose, será diferente para cada uma delas, pois existem fatores genéticos e bioquímicos únicos em cada uma delas e que deve ser levado em consideração durante todo o acompanhamento.  
Tratamento centrado no paciente 
O foco no tratamento nutricional é direcionado para o paciente e não para a doença. Uma vez que, o indivíduo é visualizado como um conjunto de sistemas que interagem entre si e que são influenciados pelos fatores emocionais socioculturais, histórico alimentar, doenças pregressas, uso de medicamentos, suplementos e níveis de atividade física, indicandoa individualidade dos sinais e sintomas manifestada pelo paciente. 
Imagine um caso de um paciente que procurou um nutricionista e relatou, durante a consulta, ter dificuldade para dormir diariamente, onde passa noites e noites acordado.
Ao investigar mais afundo os hábitos de vida e hábitos alimentares do paciente, o nutricionista identificou que esse indivíduo costuma ingerir mais de três xícaras de café, sendo uma delas à noite. Além disso, costuma assistir séries de ação e suspense diariamente antes de dormir. 
Nesse exemplo, o nutricionista funcional não deverá, apenas, prescrever um suplemento para melhorar o sono, mas analisar afundo o que está causando o problema. Nesse caso, o problema da insônia é decorrente dos maus hábitos noturnos que o paciente costuma ter.
Equilíbrio Nutricional e biodisponibilidade de nutrientes 
Neste princípio dá-se a importância do fornecimento de nutrientes em quantidades e relações equilibradas, a fim de que possam realizar suas funções adequadamente no âmbito celular. Pois, a sua absorção não é só dependente da ingestão, mas também da razão de equilíbrio entre esses componentes.  Assim, é fundamento garantir uma nutrição celular adequada. 
Pois, os inúmeros nutrientes agem de forma sinérgica no organismo, por isso faz-se necessário levar em consideração desde a origem do alimento, sua forma de preparo até as condições absortivas do paciente. 
Em casos de suplementações manipuladas (fórmulas magistrais), é importante que os nutrientes sejam fornecidos em uma forma química que tenha alta biodisponibilidade e que não exerça efeito competitivo com outros nutrientes.
Se um nutricionista precisa tratar a anemia ferropriva de um paciente, além de ofertar uma dieta rica em ferro, na suplementação ele não prescreverá apenas o ferro. Ele prescreve, também, os outros nutrientes envolvidos no metabolismo e que possam melhorar a absorção e o transporte do ferro (como a vitamina C, zinco, cobre e vitamina A). 
Saúde como Vitalidade Positiva 
Segundo a OMS, a saúde é o completo bem-estar físico, mental e social. O quarto princípio da nutrição clínica funcional. não busca só a mera ausência de doenças. A saúde como vitalidade positiva, é a busca pela saúde integral, modulando, por meio de nutrientes as reações bioquímicas envolvidas nesse processo.  
Assim, o nutricionista clínico funcional deve analisar os sinais de sintomas físicos, mentais e emocionais. A partir dessas avaliações, o paciente é estudado como um ser completo e receberá orientações que o nortearão para realizar mudanças que serão determinantes para o sucesso do processo. Ou seja, haverá o tratamento do problema existente, buscando a saúde integral e a redução do risco de desenvolvimento de doenças, é a busca pela vitalidade positiva. 
Um indivíduo pode ser saudável, com exames bioquímicos sem alterações e com diagnóstico nutricional de eutrofia, contudo convive com enxaquecas frequentemente. O nutricionista ao atender deve-se preocupar com os sinais e sintomas desse paciente e não apenas com o peso. Pois, essas dores que o acompanham, tem reduzido sua qualidade de vida. 
Teia de Interconexões Metabólicas 
O último princípio diz respeito à teia de interconexões metabólicas. Trata-se de uma ferramenta que representa as inter-relações complexas entre todos os processos bioquímicos do organismo e entre o sistema ATMs (Antecedentes, Mediadores e Gatilhos), permitindo a identificação dos desequilíbrios metabólicos associados aos sintomas clínicos apresentados pelo paciente, favorecendo o desmembramento das bases funcionais destes distúrbios para o tratamento da doença.   
Para a compreensão da interconexão entre os diferentes sistemas orgânicos e seu impacto sobre as manifestações clínicas, nutrição funcional utiliza uma configuração gráfica em forma de uma teia, a qual representa as relações entre esses sistemas, facilitando a caracterização dos desequilíbrios clínicos, de forma a ampliar a visão sobre o paciente. Esta ferramenta foi elaborada pelo Instituto de Medicina Funcional (IFM), que esquematiza as complexas inter-relações entre esses sistemas (Figura 1).
 Os tópicos da teia de interconexões metabólicas serão descritos a seguir: 
Mental, emocional e espiritual
–
Esses três aspectos estão indicados no centro da teia de interconexões metabólicas, pois são considerados o controle das emoções, a saúde mental e a crença espiritual estão no centro do indivíduo, informando que alterações nesses três pontos podem ser refletidas em todos os outros sistemas.   
Assimilação
–
O ponto da assimilação compreende o funcionamento do trato digestório desde o início da digestão até a formação e eliminação das fezes, incluindo o funcionamento do trato digestório, ou seja, a digestão, absorção e saúde intestinal. Assim, é importante levar em consideração a composição e saúde da microbiota intestinal, que desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde e homeostase endógena, pois ela atua na manutenção da barreira intestinal (controlando a absorção de nutrientes, lipopolissacarídeos bacterianos e toxinas). Além disso, ela interage com o metabolismo de sais biliares e modula o sistema imunológico. Devido a esses efeitos metabólicos, a composição da microbiota influencia também o metabolismo hepático, a composição e funcionalidade do tecido adiposo e o eixo intestino-cérebro.
Defesa e Reparo
–
O tema defesa e reparo aborda a ligação entre alterações imunológicas, estado inflamatório e infecção. O sistema imunológico é alvo de fatores exógenos e endógenos que, desde a vida intrauterina, podem afetar o estado de saúde do indivíduo, podendo viabilizar o aparecimento de doenças autoimunes e desequilíbrios funcionais que conduzem a um estado inflamatório, o qual contribuirá para o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
Energia
–
Este ponto avalia o metabolismo energético e a função mitocondrial. São diversos os fatores que favorecem o aumento do estresse oxidativo e produção das espécies reativas de oxigênio (EROS), como o estresse, alimentação rica em gorduras trans e saturadas, consumo elevado de bebidas alcoólicas, atividade física de alta intensidade, medicamentos, contaminação por metais pesados, exposição a poluentes e toxinas ambientais, entre outros. Ainda, além desses aspectos, a defesa antioxidante estará ainda mais suscetível pela baixa ingestão de componentes alimentares com ação antioxidante e anti-inflamatórias.
Biotransformação e Eliminação
–
Este ponto está relacionado ao processo de destoxificação hepática, considerando a exposição a diferentes fontes de xenobióticos e compostos tóxicos, como os poluentes, toxinas ambientais, metais tóxicos, álcool, medicamentos e aditivos e corantes alimentares). A destoxificação é um processo que visa a eliminação dessas substâncias tóxicas do organismo. Ela é dividida em três fases (fase I, fase II e fase III) e ocorre por meio da ação de complexos enzimáticos que utilizam os nutrientes como cofatores (por exemplo, selênio, zinco, manganês e ferro). Com isso, a exposição exagerada a toxinas pode levar à depleção de nutrientes antioxidantes, além de alterações no funcionamento celular, levando ao surgimento de sinais e sintomas e redução da vitalidade positiva.
Transporte
–
Verifica a saúde dos sistemas linfático e cardiovascular, uma vez que, para que os nutrientes, hormônios e neurotransmissores alcancem suas células alvo, um transporte eficiente é necessário. 
Comunicação
–
A comunicação leva em consideração o funcionamento de todos os mensageiros orgânicos. As reações bioquímicas endógenas são coordenadas pela atuação de hormônios e neurotransmissores, os quais necessitam estar em equilíbrio para manutenção da homeostase. Muitos fatores podem atrapalhar a ação de mensageiros, como a alimentação, estresse físico e emocional e a alta exposição à toxinas ambientais que atuam como disruptores endócrinos. 
Integridade estrutural
–
O ponto integridade estrutural considera a integridade de membranas celulares, saúde óssea e demais aspectos estruturaisdo indivíduo. Assim, é fundamental reduzir a exposição a contaminantes ambientais, pois afetam a funcionalidade das membranas celulares e ofertar alimentos que podem promover efeitos benéficos à saúde e garantindo a integridade das membranas celulares.  
A utilização prática desta ferramenta amplia o diagnóstico nutricional do indivíduo, uma vez que auxilia na identificação dos principais pontos que direcionarão as condutas nutricionais dentro de um contexto que compreende a interconexão entre os sistemas orgânicos e suas respectivas vias metabólicas, auxiliando para o restabelecimento do equilíbrio destes sistemas, com a correção das possíveis deficiências nutricionais, de acordo com a condição clínica e a individualidade bioquímica do paciente. 
Alguns estudos mostram que a exacerbação dos sentimentos de perda, medo e estresse estão associados com o desequilíbrio de eixos hormonais, principalmente do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, cuja ativação resulta no aumento da produção de cortisol. Por sua vez, o aumento constante dos níveis desse hormônio traz desequilíbrios sistêmicos, como a ativação do sistema imunológico, com aumento de citocinas pró-inflamatórias, aumento do estresse oxidativo e alteração da função mitocondrial. A hipercortisolemia desencadeada por uma sobrecarga emocional pode levar à alteração na secreção gástrica e microbiota intestinal, comprometendo, assim, as funções do trato gastrointestinal e, afetando também, a disponibilidade de nutrientes e compostos bioativos.  
COMPOSTOS BIOATIVOS DOS ALIMENTOS
A relação entre os componentes funcionais dos alimentos, saúde e bem-estar já está bem documentada por diversas pesquisas científicas. Em 2019, cerca de 74% de todas as mortes no mundo foram relacionadas às doenças crônicas não transmissíveis (DNCTs), como obesidade, câncer, diabetes e doenças cardiovasculares (OMS, 2020). O alarmante aumento na incidência das doenças arteriais coronarianas é considerado como resultado epidemiológico de uma transição nutricional caracterizada por padrões de atléticos inadequados, com um alto consumo de gorduras totais, colesterol e açúcares refinados, simultaneamente ao baixo consumo de gorduras insaturadas e fibras alimentares (CHAVES, 2015). 
“Você é o que você come.” Uma vez compreendido que o consumo de determinados alimentos pode melhorar a nossa saúde. As pesquisas tiveram como foco os polifenóis, que são os componentes naturais das plantas sinteti    zados, como metabólitos secundários, como mecanismo de defesa contra um agente estressor. 
Os polifenóis podem ser classificados em quatro grandes grupos: Ácidos fenólicos, flavonoides, estilbenos e lignanas.  
Por sua vez, dentro dessa classificação, os flavonóides podem ser divididos nas seguintes subclasses:
· Flavonols; 
· Flavonas ;
· Isoflavonas; 
· Flavononas; 
· Antocianidinas; 
· Flavanols.
Nesse contexto, podemos destacar alguns padrões alimentares que foram associados com os efeitos benéficos à saúde, como por exemplo: a dieta francesa caracterizada pelo alto consumo de vinho tinto; o consumo de chá verde, muito presente nas regiões orientais; Uso de cúrcuma na dieta do sul da Ásia; e a dieta do Mediterrâneo rica em azeite de oliva.
Esses compostos, também conhecidos como compostos bioativos ou fitoquímicos, podem efetivamente atuar na redução do risco do desenvolvimento de doenças crônicas, bem como no seu tratamento. 
Esses efeitos benéficos ocorrem, pois os compostos podem atuar de forma simultânea em diferentes alvos celulares, conferindo potencialmente, benefícios fisiológicos e promoção de saúde, incluindo redução do risco de DCNTs e dos níveis plasmáticos de colesterol, redução ou neutralização das espécies reativas de oxigênio e dos radicais livres, além de uma melhora na modulação da resposta glicêmica.
Observe na figura 2, os principais compostos bioativos identificados: 
De uma forma geral, sabemos que as frutas, vegetais, bebidas como chás e vinho tinto constituem as principais Fontes de a técnicas de polifenóis. Observe na tabela abaixo os principais grupos de fitoquímicos e suas respectivas Fontes alimentares. 
Quais os efeitos de uma dieta rica em fitoquímicos? 
As dietas ricas em fitoquímicos podem ter efeitos benéficos à saúde por meio de diversos mecanismos, dentre eles ação antioxidante direta, modulação da expressão ou atividade de enzimas de detoxificação e expressão de genes antioxidantes.  
Adicionalmente, um alto consumo de frutas e vegetais tem sido associado com a redução do risco de câncer em diversos estudos epidemiológicos. Na prevenção de diversos tipos de câncer, as brássicas são particularmente protetoras devido ao conteúdo de glicosinolatos, capazes de induzir enzimas de detoxificação de fase II. 
Além disso, é muito importante frisar o impacto da dieta como um todo e não apenas ao papel isolado dos fitoquímicos na prevenção do câncer. Dietas com alto teor de vegetais e menor proporção de produtos de origem animal tem um menor impacto nos níveis de insulina, o que também pode ser um fator benéfico. 
A chamada “dieta ocidental” é pobre em fitoquímicos. Tendo em vista que a maior parte das calorias é suprida por meio de produtos de origem animal, farinha branca, arroz branco e produtos à base de batata. Soma-se a isso a adição de açúcares refinados e óleos. Todos os alimentos pobres em fibras e também compostos bioativos. 
O estresse oxidativo é caracterizado por um aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (EROS) em quantidades superiores às quais o organismo possui defesas antioxidantes. Como consequência desse desequilíbrio, lipídios, DNA e proteínas podem ser danificados. A produção de EROS pode ser consequência de fatores exógenos, como radiação e exposição a fármacos/drogas ou fatores endógenos, como um aumento da respiração mitocondrial e enzimas oxidativas em processos infecciosos ou inflamatórios. 
O possível mecanismo para explicar os efeitos protetores de frutas e vegetais, em relação aos processos patológicos, é por meio de uma redução do estresse oxidativo, pois esses alimentos contêm centenas de fitoquímicos, muitos dos quais são os polifenóis. 
Esses polifenóis possuem propriedades antioxidantes, as quais podem neutralizar diretamente os radicais livres através da formação de substâncias menos reativas.  
Os polifenóis estão entre os fitoquímicos mais abundantes na alimentação humana e nesta classe, os flavonóides são os mais estudados. 
Unidade 2
O PAPEL DOS COMPOSTOS BIOATIVOS DOS ALIMENTOS E SEUS BENEFÍCIOS NA SAÚDE HUMANA
Discutimos bastante sobre dietas ricas em fitoquímicos apresentam efeitos benéficos a saúde por meio de diversos mecanismos, principalmente relacionados a sua ação antioxidante direta e modulação da expressão de enzimas de detoxificação, além do aumento da expressão de genes antioxidantes.
Por exemplo, o alto consumo de uma dieta rica em flavonoides aparenta ter um efeito protetor contra as doenças cardiovasculares. Além disso, é possível que parte desse efeito seja mediado pela melhora da função endotelial, decorrente da atividade antioxidante associadas às dietas ricas em fitoquímicos.
E importante ressaltar o impacto da dieta como um todo e ao papel isolado de um alimento. Dietas com maior teor de vegetais e frutas, por exemplo, apresentam efeitos protetores em relação aos processos patológicos por meio da redução do estresse oxidativo. Esses alimentos contêm centenas fitoquímicos, muitos dos quais presentes são os polifenóis.
Portanto, os compostos bioativos são capazes de proteger o nosso organismo pela ação direta e indireta da sua capacidade antioxidante. Assim, o objetivo desta unidade será abordar os principais alimentos fontes de compostos bioativos e seus efeitos benéficos potenciais à saúde em condições fisiológicas normais e patológicas.
Alimentos Funcionais: utilização 
O termo alimento funcional foi criado na década de 80, quando houve um aumento exponencial de pesquisas sobre identificação e papel dos alimentos na modulação de aspectos essenciais da fisiologia e diminuiros fatores de risco para doenças.
Os alimentos funcionais caracterizam-se por oferecer vários benefícios à saúde, além do seu valor nutricional inerente à sua composição química. Podem desempenhar papel benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas, como câncer e diabetes, por exemplo.
No Brasil, a legislação define a alegação de propriedades funcionais e de saúde de certos alimentos e estabelece diretrizes para a sua utilização, bem como as condições de registros para estes alimentos. A alegação de propriedade funcional engloba o papel metabólico ou fisiológico que o composto tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano, enquanto a existência da relação entre o alimento ou ingrediente com a doença ou condições relacionadas à saúde (ANVISA, 1999).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece as normas e os procedimentos para o registro de alimentos funcionais no país. Caso uma empresa deseje lançar um produto no mercado com um registro de um alimento com alegação de propriedades funcionais de saúde, ela deve seguir a legislação do Ministério da Saúde e apresentar um relatório técnico-científico com as informações que comprovem os seus benefícios e a garantia de segurança para seu consumo (VIDAL et al, 2012).
Como por exemplo, as fibras alimentares, auxiliam na melhora da saúde intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Tendo como um dos requisitos específicos a utilização desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 2,5g de fibras, sem considerar a contribuição dos ingredientes utilizados na sua preparação.
O alimento funcional pode ser definido como “um alimento que afeta beneficamente uma ou mais funções-alvo no corpo, além dos efeitos nutricionais adequados de uma forma que seja relevante para melhorar o estado de saúde e bem-estar e/ou reduzir o risco de doenças, não sendo um comprimido, cápsula ou qualquer forma de suplemento dietético, e assim consumido como parte de um padrão alimentar normal, de forma natural”. Mesmo não havendo um consenso para o termo, esta é a definição mais utilizada, também apresentada pela Functional Food Science in Europe (FUFOSE) (MELÉNDEZ-MARTÍNEZ; STINCO; MAPELLI-BRAHM, 2019; CALVANI; PASHA; FAVRE, 2020).
Formas de consumo dos alimentos funcionais 
Para que os benefícios sejam alcançados, é necessário que o consumo dos alimentos funcionais seja regular. A indicação principal é pelo maior uso de vegetais, frutas e cereais integrais na alimentação cotidiana, uma vez que grande parte dos compostos bioativos estudados se encontra nesses alimentos.
Contudo, para que os resultados desses alimentos sejam eficazes, é importante seguir as instruções da rotulagem, utilizando o produto da forma recomendada pelo seu fabricante. Assim, as propriedades nutricionais serão otimizadas. Além disso, é importante saber que os alimentos funcionam apenas quando fazem parte de uma dieta equilibrada.
Propriedades funcionais do azeite 
Alimentação possui um papel essencial na prevenção de diversas doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares (DCVs). Vários estudos já avaliaram o efeito de diferentes tipos de ácidos graxos no perfil lipídico e risco de desenvolvimento dessas doenças.
Os achados desses estudos, têm demonstrado que os ácidos graxos saturados foram correlacionados com o aumento do colesterol total e maiores taxas de mortalidade por DCVs, enquanto populações com alto consumo de ácidos graxos monoinsaturados (MUFA), como na dieta do Mediterrâneo, possuíam um taxas de mortalidades inferiores.
Portanto, é possível que o fitoquímicos presentes em alimentos fontes de MUFA sejam os responsáveis pelo efeito protetor devido à sua ação antioxidante e anti-inflamatória.
O azeite de oliva extravirgem é o suco fresco das olivas, obtido exclusivamente por meio de processos físicos e mecânicos. É formado predominantemente por frações de ácidos graxos mono e poli-insaturados, o que representa mais de 98% do peso total, sendo que a maior parte do MUFA é composta pelo ácido oleico.
O azeite de oliva extravirgem possui uma diversa gama de antioxidantes, dentre eles os tocoferóis (90% na forma de alfa tocoferol), fenóis, lipofílicos e hidrofílicos. Além de uma pequena quantidade de carotenóides. Adicionalmente, o azeite contém flavonóides, como por exemplo, a apigenina ou a luteolina.
Benefícios à saúde 
A dieta do Mediterrâneo, que é baseada em frutas, verduras, alimentos marinhos, cereais integrais e azeite de oliva apresenta um consumo total de gordura de, aproximadamente 40%, onde uma grande parte desta gordura é monoinsaturada, proveniente do alto consumo do azeite de oliva. Os efeitos benéficos desta dieta provavelmente são decorrentes não somente da gordura monoinsaturada, mas também do teor de fitoquímicos presentes no azeite e do conteúdo de antioxidantes presentes nas frutas e nos vegetais.
Apesar da maioria da parte dos estudos enfatizarem o efeito benéficos dos MUFA presente no azeite de oliva, estudos mais recentes sugerem que os componentes minoritários, particularmente os fenóis, contribuem para os efeitos benéficos do azeite. Dentre os diversos benefícios atribuídos a este composto, estão a redução do risco de doença coronariana, da inflamação crônica, infarto e de outras doenças degenerativas.
Os fenóis presentes no azeite modulam a expressão de diversos genes relacionados à aterosclerose. Assim, diversos estudos têm demonstrado que o azeite de oliva extravirgem é eficaz na redução da oxidação das LDLs, devido ao aumento da capacidade antioxidante destas lipoproteínas.
Propriedades funcionais da berinjela 
A berinjela (Solanum melongena) é um fruto de consumido mundialmente e bastante cultivado em regiões subtropicais e tropicais. Originária da Índia, foi introduzida no Brasil pelos portugueses no século. É atualmente cultivada por pequenos produtores em quase todo o território brasileiro; entretanto, sua produção sofre grandes perdas durante o período da safra devido ao excesso de oferta.
A berinjela foi classificada em três tipos, incluindo, em forma de ovo, forma longa e esbelta e tipos anões. É uma importante fonte de fibras, minerais (ferro, cálcio, potássio, magnésio, sódio, zinco e fósforo), vitaminas C, B1, B3, B6, B12, A, E, D, e K.
Uso terapêutico da Berinjela na Diabetes, hipercolesterolemia, Hipertensão e Obesidade 
A berinjela tem sido usada no tratamento de várias doenças, incluindo asma, bronquite, diabetes, artrite e hipercolesterolemia, devido ao seu alto teor de fibras e baixo concentração lipídica, além de uma variedade de fitoquímicos, como polifenóis, os quais conferem importantes benefícios à saúde.
O uso clínico da berinjela deve-se ao seu conteúdo fenólico e alcalóide. A delfinidina (uma antocianina) e o ácido clorogênico (um ácido fenólico) são os principais compostos fenólicos presentes na casca e na polpa da berinjela.
Foi observado em alguns estudos que os compostos fenólicos da berinjela podem atuar na redução da absorção da glicose intestinal e fornecer proteção antioxidante celular, evitando a oxidação e as complicações do diabetes, em especial aqueles compostos fenólicos presentes na casca da berinjela. Além disso, a casca é rica em antocianinas e pode ser usada no tratamento de hiperlipidemia e na prevenção de doenças cardiovasculares aterogênicas através da inibição da peroxidação lipídica.
Devido ao seu teor abundante de acetilcolina, um vasodilatador endotelial-dependente, que desempenha um papel significativo na redução da patogênese da hipertensão, a berinjela tem demonstrado efeitos positivos na redução da pressão arterial. Além disso, a S. melongena também exerceu um efeito anti-hipertensivo via atividade inibitória da enzima conversora de angiotensina (ECA). Portanto, a berinjela tem sido sugerida como alimento útil para o manejo da hipertensão e suas complicações na vida diária.
Um ensaio clínico randomizado, publicado em 2019, relatou osefeitos da farinha de berinjela no status antioxidante e na gordura corporal em 97 mulheres com sobrepeso (idade média de 47 anos) por 16 semanas. Foi evidenciado, neste
estudo, que a berinjela aumentou a capacidade antioxidante no plasma e reduziu a massa de gordura corporal em voluntários.
Propriedades funcionais da soja 
A soja (Glycine max) é uma leguminosa produzida pelos chineses a quase cinco mil anos. É a única fonte de proteína vegetal que apresenta, em sua composição, todos os aminoácidos essenciais. Além disso, possui alto teor de vitaminas, minerais e vários componentes fitoquímicos que agem conferindo benefícios no organismo humano. O consumo desse grão, bem como das isoflavonas, tem demonstrado efeitos positivos à saúde e à prevenção de doenças, altíssima capacidade nutritiva, além de não haver relatos de efeitos adversos à saúde.
Benefícios da Isoflavonas 
Apesar de estarem presentes em mais de 300 tipos de plantas, apenas a soja e seus derivados fornecem quantidades fisiologicamente relevantes de isoflavonas. A genisteína, daidzeína e gliciteína correspondem a aproximadamente 50%, 40% e 10%, respectivamente, do conteúdo total de isoflavonas no grão de soja (TABELA 1).
Segundo o VIM (2012, p. 21), os erros podem ser definidos como “a diferença entre o valor medido de uma grandeza e um valor de referência”. Note que essa terminologia determina que há uma distância entre os valores comparados, sendo que, na maioria dos casos, os erros acabam entrando em uma escala de valores aceitáveis. 
Para que o efeito da soja seja benéfico é necessário que ela passe por processos de cocção para inativar tripsinas e 3 substâncias antinutricionais que podem prejudicar a digestão da proteína. Além disso, a biodisponibilidade das isoflavonas é dependente da microbiota intestinal, uma vez que enzimas bacterianas presentes no intestino transformam as isoflavonas em diferentes metabólicos.
As principais funções exercidas pelas isoflavonas relacionam-se com seu efeito como fitoestrógeno: por apresentarem estrutura similar ao 17β-estradiol, são capazes de se ligar e ativar os receptores de estrógeno, conferindo a capacidade de afetar os mecanismos de sinalização intracelular e exercer assim, funções estrogênicas e antiestrogênicas.
Desta forma, devido à sua ação como fitoestrógeno, as isoflavonas podem agir favoravelmente na redução dos sintomas da menopausa, na diminuição do risco de doenças ósseas, como a osteoporose, cardiovasculares e de câncer de mama (figura 2).
Existe uma crescente preocupação quanto à segurança das isoflavonas devido às suas propriedades similiares ao estrogênio. Apesar dos estudos reportarem nenhum efeito sobre o endométrio, evidencia-se que, devido à presença destes receptores no referido tecido, a utilização das isoflavonas da soja por um longo período pode promover alterações endometriais. Semelhante a isto, há estudos que também não recomendam o uso das isoflavonas da soja para a redução do risco de câncer de mama em mulheres de risco. Por outro lado, poucos estudos apontam efeitos adversos com a suplementação de isoflavonas, sendo evidenciado apenas desconfortos gastrointestinais.
ALIMENTOS FUNCIONAIS: BRASSICAS, LICOPENO, ALHO, CEBOLA E MAÇÃ.
O grupo das brássicas é formado por uma grande diversidade de espécies, com seus compostos funcionais específicos. O alho e a cebola são temperos ricos em compostos medicinais, enquanto que o licopeno e a maçã, também com suas propriedades funcionais, atuam auxiliando na prevenção e cura de doenças. Neste capítulo, você vai identificar os alimentos brássicos e seus compostos funcionais, reconhecendo os elementos funcionais do alho, da cebola e da maçã. Além disso, você vai poder relacionar as ações funcionais do licopeno e suas principais fontes alimentares.
Propriedades funcionais das brássicas     
As brássicas pertencem à família Brassicaceae (Cruciferae) e apresentam várias espécies economicamente importantes para o uso, como hortaliças, forragens, óleo e plantas ornamentais e medicinais.
O grupo das brássicas ou vegetais crucíferos, inclui os brócolis, couve manteiga, couve-de-Bruxelas, repolho, mostarda, rúcula, nabo, rabanete, agrião, couza e canola. É uma importante fonte de glicosinolatos, um grupo de metabólitos secundários sulfurados responsáveis pelo aroma e sabor desses vegetais.
Quando fazem parte de uma alimentação equilibrada, os vegetais crucíferos apresentam inúmeros benefícios para a saúde. São ricos em vitamina C, ácido fólico, vitaminas K, B6, B1, B2, B3 e E. Além disso, fornecem muitos minerais essenciais, como cálcio, fósforo, manganês, magnésio e potássio. Entre os compostos bioativos das brássicas estão os glicosinolatos e S- -metil-cisteína-sulfóxidos. Substâncias que se formam a partir desses compostos são capazes de produzir o efeito de prevenção do câncer.
Fontes alimentares e recomendações de consumo 
Diferentemente de diversos compostos bioativos, a concentração de glicosinolatos nos vegetais crucíferos é relativamente alta. O consumo de apenas meia xícara de brócolis cru já fornece cerca de 25mg de glicose glicosinolatos totais. A forma química e a quantidade de glicosilados presentes em cada tipo de brássica variam de modo bastante significativo.
Quanto as recomendações, o consumo de cinco ou mais porções/semana possui efeito protetor contra diversos tipos de câncer.
Os glicosinolatos são compostos hidrossolúveis, portanto, o cozimento em água por um período entre 9 e 15 minutos resulta numa redução que varia entre 18 e 59% do total de glicosinolatos presentes.  O processamento sem a utilização da água (como cozimento no vapor) pode preservar os produtos de hidrólise de glicosilados de modo mais eficaz. A presença do calor desnatura e, por consequência, inativa a mirosinase, mesmo na ausência de água. Estudos demonstram que o processamento em altas temperaturas (cozimento,  microondas em alta potência e vapor) pode inativar esta enzima reduzindo de modo significativo a biodisponibilidade dos glicosinolatos.
Em animais, um consumo muito elevado de vegetais crucíferos pode levar ao hipotiroidismo. Há também um relato de um caso na literatura, no qual uma senhora de 88 anos desenvolveu hipotireoidismo severo e coma após um consumo estimado entre 1 e 1,5 kg/dia de brássicas cruas durante vários meses.
Compostos organossulfurados: propriedades funcionais do alho e da cebola 
O alho (allium sativum) e a cebola (allium cepa) são dois ingredientes muito utilizados na gastronomia mundial. O alho é o principal representante da família alliaceae, que compreende 450 espécies, muitas delas amplamente utilizadas na culinária, como alho Poró. Cebolinha, cebola Shallot, alho selvagem, alho elefante e Cebolinha chinesa.
Efeitos potencialmente benéficos do alho já são conhecidos há mais de 5000 anos, quando ele era utilizado no tratamento de desordens de gastrointestinais, infecções respiratórias, doenças de pele e no tratamento de feridas de soldados.
O alho e produtos derivados do alho tem sido muito estudados devido aos seus possíveis efeitos benéficos na saúde cardiovascular, efeitos estes derivados do potencial hipocolesterolemiante, anti-hipertensivo, antidiabético, antitrombótico e como agente adjuvante na redução da hiper-homocisteinemia. Além desses efeitos, outras ações funcionais atribuídas ao alho são seu efeito antimicrobiano, antioxidante, anticarcinogênico, antimutagênico., ação imunomodulatória e efeito prebiótico.
O alho e a cebola são ricos em compostos organossulfurados, como a aliina e a γ-glutamilcisteína. Esses compostos são responsáveis pelo odor e pelo sabor característico desses alimentos, assim como por algumas de suas ações biológicas. Também fazem parte da composição do alho, os flavonóides e a S-alil-cisteína, que é formada por transformação enzimática da γ-glutamilcisteína. Quando o alho é extraído em solução aquosa, eles são responsáveis por uma grande parte de seus efeitos benéficos.
Além destes compostos, o alho e a cebola também são fontes de lectinas, prostaglandinas, frutanos,pectina, adenosina, vitaminas B1, B2, B6, C e E, biotina, ácido nicotínico, ácidos graxos, glicolipídeos, fosfolipídios e aminoácidos.
Efeitos benéficos do alho 
Principais elementos funcionais do alho são:
Ação antiviral
–
Ocorre devido às propriedades imunoestimulatórias do alho, encontradas no extrato da planta e que estimulam a imunidade de maneira geral. No caso do vírus da gripe, a alicina tem ação comprovada cientificamente.
Radicais livres
–
Devido à grande quantidade de selênio presente no alho, este se torna um poderoso antioxidante, pois o selênio liga-se aos radicais livres, que são os responsáveis por provocar o envelhecimento precoce das células.
Diabetes
–
Evidências mostram que as pessoas que consomem alho regularmente apresentam menor tendência ao diabetes. Acredita-se que algumas substâncias presentes no alho estimulam a produção de insulina em níveis significativos.
Colesterol
–
O consumo frequente de alho auxilia no controle do nível do colesterol sérico total, além de prevenir a aterosclerose e as doenças cardiovasculares.
O tratamento térmico pode inativar a enzima aliinase, inibindo assim a formação de diversos compostos bioativos. Entretanto, se o alho for macerado antes do processamento térmico, ele retém a ação antiagregação plaquetária. Além disso, se o alho for picado e ficar em repouso por cerca de 10 minutos, pré-processamento, a ação protetora será parcialmente conservada.
Efeitos benéficos no consumo da cebola 
O principal componente da cebola é a água, responsável por 90% de sua composição. Por isso, é surpreendente que, nos 10% restantes, sejam encontrados tantos nutrientes e propriedades benéficas. Pelo fato de a cebola ser mais usada como condimento do que como alimento, seu consumo diário é pequeno, e a própria quantidade ingerida limita sua contribuição nutricional. Porém, sob o ponto de vista alimentar, tem sido muito utilizada na indústria de alimentos.
A cebola é particularmente rica em dois grupos de compostos com comprovado benefício à saúde:
Flavonoides, com os seguintes subgrupos: antocianinas
–
Que conferem a coloração avermelhada ou roxa aos bulbos – e as quercetinas e seus derivados, que conferem coloração amarelada ou cor de pinhão aos bulbos. Esses dois subgrupos são de grande importância em virtude de suas propriedades anticarcinogênicas.
Sulfóxidos de cisteína
–
Com compostos organossulfurados.
Da mesma forma que o alho, a melhor forma de aproveitar os elementos funcionais da cebola é consumi-la crua. Assim, ela estimula o funcionamento do fígado, do pâncreas e da vesícula, ao mesmo tempo em que melhora a atividade digestiva.
Propriedades funcionais da maçã 
Apesar da composição nutricional da maçã divergir de acordo com as diversas espécies e variedades há, no entanto, algumas considerações gerais que podem ser destacadas. As maçãs contêm cerca de 80% de água, 10% de açúcares totais e uma porção considerável de fibras alimentares (2-3%) e de minerais, dos quais se destacam o sódio e o ferro.
As características químicas e funcionais das maçãs, nomeadamente no que se refere à sua componente fenólica, diferem significativamente de acordo com a variedade (a principal variante), o estado de maturação, o estado fisiológico, a parte do fruto analisada, a coloração da casca (vermelho, amarelo, verde ou bicolor) e da polpa (mais ou menos escura).
Concentração de compostos fenólicos na maçã 
A maçã constitui uma das principais fontes de polifenóis, principalmente de flavonóides, da dieta ocidental e a sua atividade antioxidante está entre as mais elevadas por comparação com os frutos e vegetais frequentemente consumidos. Dentre os diversos fitoquímicos presentes na maçã, os polifenóis são aqueles que mais têm sido associados aos efeitos nutracêuticos que a fruta apresenta.
Estudos recentes indicam que a maior parte dos compostos fenólicos presentes em maçãs são flavanóis (catequinas e procianidinas), os quais representam cerca de 63-71% do total de polifenóis, mas também podem ser encontrados ácidos hidroxicinâmicos em grandes quantidades (1-31%) (por exemplo, o ácido clorogénico), flavonóis (2-10%) (glicosídeos de quercetina), dihidrochalconas (0,5-5%) (floridzina – composto fenólico específico das maçãs) e até antocianinas (1%) em maçãs vermelhas. Estes compostos estão localizados sobretudo na casca do fruto. Contudo, também estão presentes na polpa, ainda que em concentrações inferiodes. Apesar da casca representar apenas cerca de 10% do peso do fruto inteiro, constitui uma importante fonte de compostos fenólicos.
As maçãs possuem grandes quantidades de pectinas, celuloses, hemiceluloses e ligninas. Constituem uma boa fonte de fibras com uma adequada proporção entre fração insolúvel e solúvel. A fração de fibra solúvel contribui de forma decisiva para o aumento de volume do bolo alimentar e, portanto, para a sensação de saciedade. O consumo de uma maçã por dia pode contribuir com cerca de 14,5% da dose diária de fibras recomendada.
A pectina, age no metabolismo das gorduras e do colesterol, diminuindo a taxa sérica desses elementos no organismo. Ela também retarda a absorção de glicose no intestino, fazendo com que o açúcar penetre no sangue mais lentamente, evitando um pico insulinêmico. Outra ação da pectina é evitar a formação de cálculos biliares.
O consumo de uma maçã por dia te mantém longe dos médicos, diz um certo ditado. Há um provérbio britânico que diz assim: “An apple a day keeps the doctor away”. Este provérbio quer dizer “Comer uma maçã por dia mantém o médico afastado”, ou seja, o consumo simples de uma maçã diariamente auxilia em um menor uso de medicamentos, menos efeitos colaterais, mais saúde e consequentemente mais qualidade de vida.
Licopeno: o principal composto antioxidante 
O licopeno é um carotenóide que possui a maior capacidade de remoção de radicais oxigênios singelet do que todos os outros tipos de carotenóides dietéticos. Além disso, ele atua como antioxidante também através da indução de enzimas antioxidantes, como a superóxido dismutase. É encontrado na natureza como pigmento natural, lipossolúvel, responsável principalmente pela coloração vermelha dos alimentos, como do tomate, seu principal alimento fonte.
Para que haja o melhor aproveitamento do carotenóide pelos tecidos humanos. A indicação é que seus alimentos sejam consumidos processados. O processamento mediante tratamento térmico rompe as paredes celulares que prendem o licopeno de sua matriz, o que aumentando a sua biodisponibilidade.
Devido ao seu caráter lipossolúvel, para melhorar sua absorção, recomenda-se a adição de óleo dietético nas preparações, como azeite de oliva extravirgem, o que aumenta as concentrações de licopeno, soro de 2 a 3 vezes em comparação com o consumo do suco de tomate fresco. Outro fator referido para aumentar a biodisponibilidade deste carotenóide é a sinergia com outros compostos antioxidantes, como as vitaminas C e E.
Um dos grandes benefícios associados ao consumo do licopeno está relacionado a redução do risco de desenvolvimento de câncer de próstata. Por ser considerado um agente químico preventivo promissor, o que é justificado por suas propriedades antioxidantes pela indução do arraste do ciclo celular e apoptose em linhagem de células cancerosas da próstata, além de apresentar efeitos colaterais mínimos. 
Diversos estudos têm mostrado que, a ingestão dietética deste carotenoide está associada com a redução do risco de câncer de próstata letal e com um menor grau de angiogênese no tumor.
Observe na tabela abaixo as principais fontes de licopeno.
COMPOSTOS BIOATIVOS DO CHOCOLATE, AVEIA, QUINOA, PSSYLIUM, COGUMELOS E KEFIR.
Propriedades funcionais do Chocolate 
O chocolate consiste em uma série de produtos crus e processados, derivados da semente do Theobroma cacau (cacau). Originário do México, um dos Maias Incas e Astecas cultivaram a árvore do cacau. A palavra “Theobroma” vem do grego e significa “alimentos dos deuses”. No ano 1520, o chocolate foi introduzido na Europa pelos exploradores espanhóis, onde foimisturado com a baunilha e o açúcar.
No Brasil, o cacau passou a ser conhecido em meados do século 18, quando as missões Jesuítas descobriram o Cacau Forasteiro e utilizaram a mão de obra escrava indígena para a colheita da fruta no Amazonas. O chocolate é atualmente um dos produtos mais consumidos no Brasil e no mundo, sendo o Brasil o terceiro maior produtor mundial e o quarto maior consumidor desta iguaria.
A quantidade de gordura presente nas sementes do cacau pode chegar à 50%, enquanto que os polifenóis compõem aproximadamente 10% do peso seco do grão. O chocolate também é fonte de minerais como potássio, zinco, selênio e magnésio, juntamente com a vitamina E, gordura saturada monoinsaturada e ácido linoleico. A quantidade de magnésio do chocolate e do cacau é extremamente alta (100mg/100g e 520mg/100g, respectivamente).
O chocolate também contém componentes com ação farmacológica, como aminas biogênicas e metilxantinas. As principais aminas biogênicas presentes no alimento são a tiramina e feniletilamina. Dentre as metilxantinas, as principais presentes no chocolate são a cafeína e a teobromina, ambas com ação estimulante.
O cacau e seus derivados são importantes fontes de compostos fenólicos, que formam entre 12 a 18% do total do peso seco do nibs de cacau. O flavonóides que predominam pertence à casa a classe dos flavanóis, sendo sua grande maioria na forma de catequinas. Contudo, esses fitoquímicos só estão presentes em produtos que contenham altas concentrações de cacau (chocolate 70% ou mais).
Efeitos benéficos dos compostos fenólicos do cacau e recomendações de consumo 
Os principais efeitos benéficos atribuídos ao cacau e seus derivados que contêm altas concentrações do fruto são:
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Ação antioxidante;
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Ação anti-inflamatória;
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Proteção cardiovascular.
Todos os efeitos benéficos são resultantes dos compostos bioativos presentes no cacau. Sendo o chocolate um alimento que contém cacau em sua composição. Todavia, é importante ressaltar que o conteúdo de cacau nos diferentes tipos de chocolate variar consideravelmente, assim como também varia a concentração de polifenóis presentes em diferentes tipos de cacau.
O consumo de altas quantidades de chocolate ao leite pode, potencialmente, trazer mais efeitos prejudiciais do que benéficos, tendo em vista a presença de outros macronutrientes, como a gordura saturada adicionada e o açúcar. Portanto, recomenda-se a opção de produtos contendo alta concentração de cacau, cacau em pó ou nibs de cacau.
Propriedades funcionais da aveia 
Por conta do alto valor nutritivo, a aveia foi reconhecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como um alimento com propriedades funcionais, como regulação do funcionamento intestinal, redução dos níveis de colesterol plasmático, controle da glicemia e promoção de maior sensação de saciedade, refletindo no controle do peso corporal.
Para portadores de diabetes, as fibras da aveia se unem ao açúcar dos alimentos, fazendo-o cair mais lentamente na corrente sanguínea. Para quem tem colesterol alto, a aveia é uma ótima aliada na redução do LDL, que é o colesterol “ruim”, pois suas fibras são solúveis em água e se transformam em um gel, que faz com que as gorduras não se depositem nas artérias, auxiliando na redução do LDL e prevenindo doenças cardiovasculares e câncer de intestino.
As fibras dão uma sensação de saciedade mais rápida, reduzindo a ingestão alimentar e, consequentemente, ajudando no processo de emagrecimento. Além das fibras, a aveia é uma ótima fonte de vitaminas e minerais. Cálcio, ferro, cobre, zinco, magnésio, fósforo e manganês são encontrados em abundância nesse cereal, além das vitaminas E e do complexo B e proteínas.
A maior parte das pesquisas clínicas sobre a fibra e doenças cardiovasculares tem sido amplamente direcionadas na dislipidemia. A propriedade de viscosidade de fibras, como a beta glucana (principal composto bioativo da aveia), contribui com a diminuição do colesterol total, dos lipídios séricos e LDL. O consumo entre 5 a 10 g por dia pode diminuir essa fração do colesterol em cerca de 5% do total. Vários estudos têm demonstrado que a ingestão de 30-100g/dia de aveia pode reduzir os níveis plasmáticos de triglicérides e as concentrações de LDL colesterol.
Observe na tabela abaixo os principais tipos de aveia:
Propriedades funcionais presentes na quinoa 
A quinoa é um cereal que contém várias propriedades benéficas à saúde. O valor de suas proteínas é superior ao dos demais cereais. A quinoa foi qualificada como o melhor alimento de origem vegetal para consumo humano pela Academia de Ciências dos Estados Unidos, devido ao seu extraordinário valor nutritivo, quando comparando apenas ao leite materno.
Esse cereal não contém glúten, sendo, portanto, uma ótima alternativa na alimentação para indivíduos com doença celíaca, caracterizada pela intolerância ou alergia ao glúten. A quinoa pode ser encontrada na forma de grãos – que são arredondados e de textura macia –, farinha e flocos. Suas propriedades são:
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fonte de aminoácidos essenciais e não essenciais;
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fonte de proteínas de alta qualidade;
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fonte de vitaminas A, B1, B2, B3, B6, C e E;
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fonte de minerais como ferro, fósforo, cálcio, magnésio, potássio, zinco e manganês; rica em valor energético e na quantidade de fibras e pobre em gordura;
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rica em ômega 3 e 6;
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fonte de fitoestrógenos – substâncias naturais que imitam a ação de certos hormônios, ajudando a amenizar os sintomas da TPM e da menopausa.
Na tabela abaixo, você encontrará a informações nutricionais da Quinoa:
Componentes Funcionais presentes no Psyllium 
O psyllium é uma planta rica em fibras solúveis, considerada com uma fibra moduladora, pois pode aliviar a constipação e/ou diarreia, além de tratar síndrome do intestino irritável, hemorroidas e outros problemas intestinais. Auxilia também na regulação dos níveis de açúcar no sangue em pessoas com diabetes.
As sementes e suas cascas são as partes mais utilizadas, uma vez que são ricas em componentes químicos, como mucilagem, aucubina, proteínas, enzimas, xilose, galactose e óleos essenciais, como linoleico, oleico e palmítico, além das gomas.
Propriedades funcionais do Cogumelo 
O cogumelo é um alimento rico em betaglucanas, sendo capaz de fortalecer o sistema imunológico por estimular as células denominadas natural killers, que são células exterminadoras naturais – um tipo de linfócitos importantes no combate a infecções virais e células tumorais. Além disso, o cogumelo conta com a presença de fibras solúveis, essenciais para o bom funcionamento do sistema digestivo e auxilia na remoção de resíduos e toxinas intestinais.
Os cogumelos comestíveis possuem diversas características nutricionais, funcionais e fisiológicas. Suas propriedades existem por conta dos compostos bioativos, os quais são responsáveis pela atividade antioxidante e antibiótica, sendo eles: polissacarídeos e glicoproteínas, ergosterol (precursor da vitamina D2), compostos fenólicos, tocoferóis, ácido ascórbico e os carotenoides.
Esses fitoquímicos fazem desses cogumelos, além de um alimento, uma excelente fonte funcional, destacando-se como possíveis efeitos benéficos, incluindo aumento da imunidade, redução dos níveis sanguíneos de colesterol e lipídeos, redução da pressão sanguínea, atenuação dos níveis sanguíneos de glicose, entre várias outras ações.
A seguir, são listados os tipos de cogumelos comestíveis:
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Shiitake – rico em ácido fólico;
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Agaricus blazei; n Shimeji – auxilia na redução das taxas de colesterol “ruim” (LDL), pois tem vitamina B3;
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hiratake;
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funghi secchi;
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cogumelo do sol – ajuda no controle da pressão arterial e do colesterol, devido à sua fonte de fibras e gorduras não saturadas; contém, ainda, vitaminas B1 e B2, além de apresentar grandes quantidades de ergosterol, que pode ser convertido em vitamina D2 quando seco ao sol ou desidratado;
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cogumelo-rei;
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cogumelo-salmão;
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champignon.Propriedades funcionais do kefir 
O kefir é rico em nutrientes e probióticos, sendo extremamente benéfico para a digestão e saúde do intestino. Muitas pessoas o consideram uma versão mais poderosa do iogurte. É uma bebida de leite fermentada, rica em proteínas, cálcio e vitaminas do complexo B.
A fermentação ocorre em um período de cerca de 24 horas, em que os microrganismos nas sementes multiplicam-se e fermentam os açúcares no leite, transformando-o em kefir. Logo após esse processo, as sementes são removidas do líquido, podendo ser usadas novamente. Podemos dizer que o kefir é a bebida e suas sementes são o “kit” para iniciar o processo de produção da bebida. As sementes contêm cerca de 30 cepas de bactérias e leveduras, sendo uma fonte de probióticos muito rica e diversificada.
Pelo fato de as bactérias transformarem a lactose em ácido láctico, o kefir tem gosto azedo como o iogurte, mas uma consistência mais fina. Essa transformação em ácido láctico faz com que ele seja muito mais baixo em lactose do que o leite e contenha enzimas que podem auxiliar na quebra da lactose. Devido a isso, o kefir é, geralmente, bem tolerado por pessoas com intolerância à lactose, pelo menos, quando comparado ao leite normal.
O alimento contém uma grande variedade de compostos bioativos, incluindo os ácidos orgânicos e peptídeos, que contribuem para a saúde. Alguns probióticos do kefir agem contra infecções, como o Lactobacillus kefiri, que é exclusivo dele. Estudos mostram que esse probiótico pode inibir o crescimento de várias bactérias, incluindo Salmonella, Helicobacter pylori e E. kefir. Já o Kefiran, um tipo de carboidrato presente no kefir, também apresenta propriedades antibacterianas.
ALIMENTOS FUNCIONAIS: LINHAÇA, VINHO, OLEAGINOSAS, ERVAS E TEMPEROS E CHÁS VERDE, CAMOMILA, PRETO
Propriedades funcionais da linhaça 
O nome científico da linhaça é Linum usitatissimum L. da família Linaceae, semente da planta do linho e uma das plantas mais antigas da história, os primeiros relatos da semente são datados de 5000 anos antes de Cristo, na Mesopotâmia. Achados apontam que a semente de linhaça era empregada para consumo e a planta do linho era utilizada para tratar ferimentos.
Os componentes ativos da linhaça são as lignanas, que podem auxiliar na prevenção e controle de cânceres, como os de mama e de pulmão. Entre os principais óleos extraídos de sementes, o óleo de linhaça é o que tem o maior conteúdo do ácido graxo ômega 3, que é um ácido α-linolênico. Pesquisas atuais, porém, têm se concentrado mais nos compostos associados a fibras, conhecidos como lignanas, do que no óleo. As duas lignanas primárias de mamíferos – enterodiol e seu produto oxidado, enterolactona – são formadas no trato intestinal a partir da ação bacteriana sobre precursores da lignana vegetal. Com base nessa propriedade da linhaça, acredita-se que a semente pode reduzir o colesterol total, o LDL e a agregação plaquetária.
Muitos estudos estão sendo desenvolvidos para confirmar as propriedades funcionais do consumo regular da linhaça. Conforme algumas pesquisas, a linhaça poderia ajudar a baixar os níveis de colesterol, pois é rica em fibras solúveis. Também estão sendo estudadas outras funções e benefícios, tais como:
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rejuvenescimento;
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emagrecimento;
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auxílio no combate à anemia;
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auxílio no combate ao câncer de mama, próstata, colo e pulmão;
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auxílio no combate à acne e no equilíbrio hormonal, amenizando distúrbios causados pela TPM e pela menopausa;
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auxílio na diminuição do risco de aterosclerose;
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auxílio no controle da glicemia, favorecendo o controle dos níveis de açúcar no sangue;
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vitalidade física;
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sistema digestivo;
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sistema nervoso;
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doenças inflamatórias;
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retenção de líquidos;
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sistema imunológico;
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sistema cardiovascular;
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funcionamento intestinal;
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auxílio no combate à agressividade e à obesidade;
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melhora das condições de pele e cabelo.
Tipos de linhaça 
Há dois tipos de linhaça, a marrom e a dourada. Em abundância no Brasil, já se evidenciou que as sementes marrons têm maior toxicidade e menor funcionalidade nutricional. Isso ocorre, provavelmente, porque são menos estudadas do que as douradas, já que essa variedade é consumida e pesquisada há mais tempo pelos maiores produtores mundiais do Hemisfério Norte.
Linhaça dourada
Contém menor quantidade de fibra total em comparação com a marrom, mas tem maiores teores de proteína. É cultivada em climas frios, como Canadá e norte dos Estados Unidos, e seu sabor é mais suave.
Linhaça marrom
A linhaça marrom é cultivada em regiões de clima quente e úmido, como o Brasil, e apresenta a casca um pouco mais resistente. No seu cultivo, são utilizados agrotóxicos, o que não ocorre no cultivo da linhaça dourada. Por isso, a versão dourada é considerada orgânica e mais saudável.
Propriedades funcionais do vinho 
O vinho é considerado uma das bebidas alcoólicas mais sofisticadas e apreciadas em virtude das suas propriedades, sabores e aromas. Além disso, é uma bebida milenar que era consumida, principalmente, como remédio para o corpo e para a alma, na Antiguidade. Por isso, ganhou relevância na história da humanidade, tanto em termos culturais como religiosos e econômicos.
O vinho é produzido a partir do mosto de uva, onde passa por um processo de fermentação natural através da ação de leveduras que transformam açúcar presente na uva em álcool e gás carbônico.
O termo mosto vem do latim, e significa “novo” ou “jovem”. Todavia, na produção de vinhos se refere ao sumo de uvas frescas resultante da prensagem da fruta.
Os compostos fenólicos e os flavonoides estão presentes em grandes quantidades na casca e nas sementes das uvas. Presentes, principalmente nas uvas vermelhas, os flavonoides conferem ao vinho tinto ou ao suco de uva substâncias antioxidantes, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares.
O resveratrol, um polifenol presente em maior quantidade nas uvas tintas do que nas brancas é um composto muito importante, principalmente por apresentar atividades antioxidante, cardioproteotora, anti-inflamatória, anti-cancerígeno, quimiopreventiva e neuroprotetora.
Uvas com bagas coloridas também são ricas em pigmentos denominados antocianinas, cuja atividade também está relacionada com a prevenção de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Além de todos os benefícios citados – possíveis devido aos compostos bioativos presentes no vinho –, a bebida ainda apresenta diversos nutrientes, como carboidratos, vitaminas e minerais (potássio, cobre, zinco, flúor, magnésio), elementos que são provenientes da uva. Esses nutrientes estão presentes, portanto, na uva in natura ou no suco de uva natural, alimentos que podem ser tão benéficos quanto o vinho.
Propriedades funcionais das oleaginosas 
O grupo das oleaginosas é composto pelas nozes, amêndoas, avelã, macadâmia, noz pecan, pistache, castanha de caju, castanha do Brasil. O amendoim é (uma leguminosa) também incluído nesse grupo devido às suas propriedades nutricionais semelhantes.
As oleaginosas são alimentos com alta densidade energética e alto de teor lipídico (>50%), sendo que a maior proporção desta gordura (~75%) é composta de ácido graxos monoinsaturados. Com a exceção das nozes, nas quais predominam os ácidos graxos poli-insaturados.
As oleaginosas também são fontes de fibras, proteína vegetal (fonte de triptofano, arginina e lisina), vitaminas (folato, riboflavina e alfa-tocoferol), compostos bioativos e diversos fitoquímicos como proantocianinas, flavonoides, estilbenos (incluindo revesratrol no amendoim e pistache).
Diversos estudos têm demonstrado que o consumo frequente. (preferencialmente diário) de oleaginosas está associado com um menor risco de doença arterial coronariana, hipertensão, câncer, síndrome metabólica e adiposidade visceral. Também há evidências que sugerem um efeito protetor contra o diabetes em mulheres e hipertensão em homens. Ainda devido ao seu perfil fotoquímicoe de antioxidantes, alguns estudos sugerem que as oleaginosas possuem ação preventiva contra diversos tipos de câncer.
Alguns autores afirmam que apenas uma castanha-do-pará por dia supre todas as necessidades diárias de selênio do organismo.
Propriedades funcionais das ervas e dos temperos 
O uso de ervas e especiarias no preparo dos alimentos tem se tornado uma alternativa para redução do consumo excessivo de sal na alimentação. Além disso, devido ao seu alto teor de polifenóis, podem auxiliar na modulação de vias que favorecem a saúde mitocondrial, termogênese e manutenção do estado oxidativo dentro das mitocôndrias.
As ervas e especiarias podem ser definidas como qualquer parte de uma planta usada na culinária devido às suas propriedades aromáticas. De uma forma mais simples, elas podem ser chamadas de ervas quando são provenientes de folhas frescas ou secas e de especiarias quando são oriundas de outras partes como raízes, cascas, bagas, brotos, sementes, estigmas e flores.
Ervas – Alecrim, camomila, tomilho, orégano, manjericão.
Especiarias – açafrão, canela em pau, gengibre.
Além de ofertar aroma e sabor aos alimentos. devido à presença de óleos essenciais específicos, são ótimas fontes de compostos bioativos com propriedades antioxidantes, como os compostos fenólicos, flavonoides, compostos contendo enxofre, taninos, alcaloides e diterpenos fenólicos.
Com base na sua composição, alguns estudos têm demonstrado que as ervas e especiarias podem agir como estimulantes digestivos, com ações antibacterianas, antivirais, anti-inflamatórias, antidiabéticas, anticancerígenas, hipolipidêmicas, além de serem moduladoras de vias ativadoras da termogênese e biogênese mitocondrial.
Propriedades funcionais dos Chás verde e Preto 
O chá é uma das bebidas mais populares do mundo, com consumo estimado de mais de 3 milhões de xícaras por dia. Os chás produzidos a partir da planta Camellia sinensis têm sido valorizados devido ao seu conteúdo, aroma e associação cultural, além dos benefícios para a saúde confirmado em diversos estudos que vão desde benefícios da remissão de tumores até o estímulo da lipólise no processo de perda de peso. A planta pode passar por diferentes tipos de processamento, gerando variadas formas de chá, verde, preto, oolong e vermelho. A Constituição do chá varia de acordo com o processamento ao qual ele é submetido. Os principais constituintes são os polifenóis, apresentando ainda proteínas, aminoácidos, minerais, vitaminas e oligoelementos, metilxantinas (cafeína e teofilina), pigmentos (clorofila e carotenoides) e compostos voláteis.
Os principais constituintes do chá verde são os polifenóis com base no peso seco de folhas jovens e brotos, representando aproximadamente de 25 a 35% dos componentes presentes na C. sinensis. Os polifenóis são compostos derivados do ácido cinâmico, dentre os quais um dos grupos é denominado de flavonoides.
Em uma xícara de chá verde típico (cerca de 250 ml) contém aproximadamente 50 a 100 mg de catequinas e 30 a 40 mg de cafeína. A epigalocatequina galato é a catequina mais abundante e o principal componente bioativo do chá verde, representamdo 50 a 60% de seu conteúdo total de catequinas. Também está presente em outros chás, como o chá preto, contudo este último apresenta teor de cafeína comparável com o café, dependendo da marca, tipo e forma de preparo.
Existem muitas evidências dos benefícios do chá da C. sinensis na saúde humana, principalmente do chá verde em diversos tipos de cânceres, como a redução dos riscos de câncer de próstata, ovário, endometrial, de mama, entre outros. O chá verde ainda pode modular os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares através da redução de LDL e colesterol total.
Propriedades funcionais do chá de camomila 
A camomila (Matricaria chamomilla (L.) possui alguns sinônimos sendo os mais comuns: Chamomilla recutita (L.), Matricaria recutita (L.) e Chamaemelum chamomilla (L.). Foi introduzida no Brasil pelos imigrantes europeus há mais de um século. A parte da planta utilizada para fins terapêuticos é constituída dos seus capítulos florais secos.
A M. recutita tem sido usada na medicina popular sob várias formas, sendo a mais comum, o chá preparado através de infusão fitoterápica. Alguns autores confirmaram tais propriedades terapêuticas, descritas pela sabedoria popular, através da utilização que são propriedades calmantes, contra insônia e relaxante muscular. Outros autores relatam que o emprego das flores desencadeia alterações no sistema nervoso e aparelho digestório.
A seguir, são descritos os benefícios do chá de camomila comprovados cientificamente.
Longevidade
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Beber uma infusão de camomila pode ajudar a reduzir o risco de morte prematura. Logo, a camomila prolonga a vida.
Alívio das dores de estômago
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A camomila tem efeito calmante, especialmente em relação à azia e a dores de estômago.
Sono com mais qualidade
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o chá de ervas com camomila é um dos remédios naturais mais conhecidos para dormir melhor e superar a insônia.
Relaxante muscular
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A camomila tem substâncias de efeito que acalmam os nervos e os músculos. Em particular, a infusão de camomila é capaz de aumentar os níveis de glicina presente na urina. A glicina é um aminoácido que pode aliviar dores e espasmos musculares.
Menstruação menos dolorosa
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A camomila é capaz de relaxar os músculos, pois tem efeito calmante e relaxante que alivia a dor.
Combate a resfriados e gripes
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A camomila é considerada um remédio natural útil para amenizar os sintomas de gripes e resfriados.
Estímulo ao sistema imunológico
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Algumas substâncias presentes na camomila podem aumentar a atividade antibacteriana e estimular as funções do sistema imunológico.
Alívio de dores de cabeça
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O uso tópico do óleo de camomila alivia dores de cabeça e enxaquecas.
Anti-inflamatório natural
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Ainda estão em estudo os benefícios da camomila para reduzir a inflamação. Porém, pesquisas já apontaram o uso de camomila como um eficaz anti-inflamatório.
A camomila tem sido utilizada por séculos, desde o Império Romano, a era Egípcia e na Grécia antiga. Valorizada pelos seus flavonoides – chrysin, a camomila (M. recutita ou M chamomilla) significa “terra da maçã”.
Além de utilizada no preparo do chá, a camomila também é usada pela indústria no preparo de produtos para saúde e beleza, como cremes, pomadas, óleos, loções e até tinturas de cabelo. A utilização de pomadas e cremes, feitos à base de camomila, é eficiente no tratamento de problemas de pele, reduzindo os riscos de inflamações e doenças, como a psoríase.
Propriedades funcionais da Chlorella 
A Chlorella pyrenoidosa é uma microalga verde, que cresce em água doce. Contém altos níveis de proteínas (70% da sua composição de proteínas com um perfil de aminoácidos essenciais parecido com o do ovo de galinha), vitaminas, minerais, ácidos graxos e fibras alimentares. O que faz dela um alimento muito completo para a saúde humana.
A microalga também conta com uma série de vitaminas e minerais que podem auxiliar no emagrecimento, na desintoxicação do organismo, na melhora do funcionamento intestinal e até mesmo no ganho de massa magra.
Observe abaixo, alguns dos principais benefícios funcionais da Chlorella:
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Fortalecimento do sistema imunológico;
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Benefícios para o leite materno;
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Melhora dos níveis de vitamina B12 em vegetarianos e/ou veganos;
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Melhora da capacidade aeróbica em treinos de resistência;
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Prevenção à anemia, devido ao seu alto conteúdo de ferro;
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Capacidade antioxidante, devido à presença do pigmento clorofila.
UNIDADE 3
O SISTEMA DIGESTÓRIO
O intestino humano possui 10 vezes mais bactérias e 100 vezes mais material genético do que o número total de células do nosso organismo. Sendo o habitat de aproximadamente 100 trilhões de micro-organismos (GILL; GUARNER, 2004). Esta enorme biomassa consiste em mais de 400 espécies bacterianas de grande importância para a nossa saúde com uma intensa atividade metabólica (BACKHED, 2005).   
A ação dessas bactérias não

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