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Matéria: Fundamentos da Gestão em Educação Assunto: Temas 1 ao 8 Curso de Pedagogia Licenciatura – 6º Período Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 2 de 70 As transformações que vêm ocorrendo na sociedade colocam grandes desafios para a Escola, uma vez que – em que pese os avanços observados no que se refere ao atendimento às demandas das camadas majoritárias da população – ainda se convive com problemas que acompanham a educação há algum tempo, tais como: • falta de recursos financeiros, • desvalorização da carreira do magistério, e • centralização pedagógica, dentre outros. São inegáveis as transformações sociais provocadas pela globalização e pelo hibridismo cultural inerentes à condição pós-moderna. Vivemos um tempo de predomínio das racionalidades, das linguagens e da instabilidade dos paradigmas de verdade. Falar de gestão escolar nesse contexto é por demais complexo. Considerando a dinâmica social em que está inserida a escola na sociedade pós- moderna, profundas mudanças alteraram o saber-fazer educativo. O conhecimento e a aprendizagem sofreram rápidas e novas interpretações, e métodos de ensino se tornaram obsoletos diante das novas referências metodológicas impostas pela sociedade do conhecimento. A economia neoliberal estruturada sob as tecnologias da informação promoveu não só a instabilidade, a internacionalização e a desterritorialização do capital (não mais restrito às fronteiras nacionais), mas também a aproximação entre culturas distintas, a troca de informações e a emergência de linguagens novas oriundas dos diversos hibridismos decorrentes da globalização. As novas tecnologias aproximaram as pessoas em escala mundial, o mundo virtual criou novas formas de sociabilidade, de troca de informações e experiências. Na sociedade globalizada, a gestão escolar precisa acompanhar a dinâmica em que as transformações ocorrem ante o desenvolvimento tecnológico impulsionado pelas necessidades colocadas pelo sistema produtivo. Nesse contexto, a lição mais importante para a gestão da escola está justamente na necessidade da mudança permanente, em sua capacidade de se adequar de forma crítica às circunstâncias do novo tempo. Para os autores Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 61) a globalização pode ser definida como: Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 3 de 70 “[...] uma gama de fatores econômicos, sociais, políticos e culturais que expressam o espírito da época e a etapa de desenvolvimento do capitalismo em que o mundo se encontra atualmente”. Nessa perspectiva, a educação é impactada em função da relação existente entre o contexto social mais amplo e a educação em particular. Da escola é esperada uma função que, em face dos determinantes apresentados, precisa ser adequada, e isso gera modificações em relação aos seus objetivos, necessidades e valores, cuja influência fundamental ocorre pelo avanço das novas tecnologias. A globalização representa uma forma de reorganização e reestruturação econômica, na qual o capitalismo estabelece estratégias para sua manutenção. Veloso (2012) explica que o capitalismo, cujo fundamento principal é a produção de mais-valia, apresenta características que se acentuam com o seu desenvolvimento, sendo uma delas a automação, que está baseada na gradual e contínua incorporação da ciência e da tecnologia ao processo produtivo. Uma das consequências disso é a chamada acumulação flexível que se caracteriza pela flexibilidade dos processos de trabalho e dos mercados de produto e consumo, a qual gera, dentre outras coisas, desenvolvimento de novas formas organizacionais, consumo individualizado, informalização do trabalho, alto ritmo de inovação dos produtos, e outros. O processo produtivo, ao incorporar as novas tecnologias, passa a exigir um novo trabalhador, que seja mais qualificado para o mundo do trabalho, compreendendo- se que essas qualidades sejam aquelas vinculadas à versatilidade, à qualificação intelectual, à capacidade de incorporar e aplicar os conhecimentos relativos a novas tecnologias, à autonomia e à busca permanente de aprendizagem. Assim é que a educação torna-se elemento central, uma vez que: “[...] a educação e o conhecimento passam a ser, do ponto de vista do capitalismo globalizado, força motriz e eixos de transformação produtiva e do desenvolvimento econômico” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 124). Nessa perspectiva, a educação deve capacitar o trabalhador para satisfazer as exigências do processo produtivo não somente do ponto de vista da mão de obra necessária, mas também como consumidor frente a um mercado diversificado e competitivo. O que se depreende é que esse projeto é incompatível com a construção de uma educação cidadã, democrática e promotora da igualdade social. Ocorre que a educação é um campo de contradições, no qual diferentes interesses se confrontam, e, nesse sentido, a formação requerida pelo atual modelo produtivo encontrará um campo fértil para ações pedagógicas que confrontem essa abordagem e, eventualmente, a redirecionem no sentido de um novo projeto de Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 4 de 70 sociedade. Quando se afirma que é preciso dotar os sujeitos dos conhecimentos necessários para a participação consciente e consequente na sociedade, se reconhece a importância do desenvolvimento de habilidades e competências para a aprendizagem permanente, para o domínio das novas tecnologias, para a autonomia, para o trabalho em equipe, para a resolução de problemas, dentre outros. A gestão escolar na contemporaneidade traz como modelo a pedagogia da competência, que muito se aproxima da racionalidade técnico-instrumental. O modelo de produção capitalista neoliberal, ancorado nas novas tecnologias como base de organização do trabalho, requer profissionais com alta qualificação, possuidores de um conjunto de competências e habilidades que favoreçam a inovação e a competitividade. Esses profissionais precisam demonstrar que possuem uma série de competências e habilidades qualificadoras, tais como: • versatilidade; • flexibilidade; • independência; • responsabilidade; • polivalência; • eficiência; • comunicabilidade; • capacidade de iniciativa, invenção, inovação e de tomar decisões; • espírito de cooperação e criatividade; • capacidade de raciocínio, pensamento e abstração, ou seja, é fundamental que sejam capazes de “aprender a aprender” constantemente (FARIA; SILVA FILHO, 1994, p. 88). Um dos principais desafios dos gestores escolares está justamente em equilibrar a pedagogia da competência baseada no conhecimento e na racionalidade técnico- instrumental que sustenta o capitalismo. Nesse sentido, Campos (2010, p. 76) reitera que o equilíbrio da gestão está em conciliar a formação humana ética considerando as forças oponentes do mercado. Nesse sentido, a escola deve absorver as mudanças, sem deixar de questionar os seus reais propósitos, tendo clareza sobre seu compromisso com a educação de qualidade e visando à construção de uma sociedade democrática e igualitária. De que forma a gestão escolar se insere nesse processo de transformação? Para compreender essa questão é importante considerar o processo de constituição da gestão educacional no Brasil. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 5 de 70 O desinteresse pelaedificação da educação no Brasil se manifestou desde a Colônia, passando pelo Império e chegando até a independência. Foi somente no final do período imperial que começaram a se manifestar movimentos em relação ao analfabetismo e à necessidade de expansão da educação, especialmente para que o país alcançasse a modernidade. Mesmo com a República, não houve alteração na estrutura social e econômica, com a manutenção do patrimonialismo cujas raízes se encontram na organização política da Colônia. O reflexo disso foi a exclusão da maioria da população aos direitos políticos e sociais, e – considerando que as características da educação nos diferentes momentos da história do país remetem ao movimento da sociedade e suas transformações, econômicas, sociais e políticas – o sistema educacional é influenciado por esse processo. Na Constituição da Primeira República, não foi tratada a questão da gratuidade da educação primária pública. Segundo Azevedo (2001), nesse momento criaram-se as universidades, mas a estrutura dual do sistema de ensino permaneceu. Não ocorreram, portanto, ações significativas visando à escolarização em massa, e, assim, as oportunidades educacionais não foram ampliadas. A partir da década de 1915, alguns setores da sociedade começam a colocar a questão da educação como fundamental, em função da visão liberal que defendia seu valor para a construção de uma sociedade democrática. É nos anos de 1920 que as ideias sobre a importância da educação ganham destaque, configurando-se no movimento denominado de “entusiasmo pela educação”. Conforme Paiva (1985), esse movimento defendia que a educação poderia acabar com os problemas do país. Outro movimento importante desse momento histórico foi o “otimismo pedagógico”, que defendia a importância de uma educação de qualidade. Esses movimentos influenciaram as concepções de educação que se constituíram principalmente no século XX. A preocupação com a constituição de uma epistemologia da administração escolar se configura com mais força a partir da década de 1920. Nesse momento, a influência principal advinha dos princípios da administração de empresas, e, assim, a escola era vista como uma organização, como uma empresa ainda que com características próprias. É Anísio Teixeira que tece a crítica à adaptação da lógica empresarial à escola (PAIVA, 1985). Porém, suas ideias só alcançam repercussão a partir da década de 1980. Ao longo da década de 1970, prevaleceu a influência tecnicista na educação, e na administração escolar o enfoque sistêmico defendia que a finalidade da gestão era a busca do equilíbrio interno e externo da organização. Na década de 1980, sob influência da pedagogia histórico-crítica, coloca-se a preocupação em analisar as questões educacionais a partir do desenvolvimento Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 6 de 70 histórico, estabelecendo a relação escola e sociedade. Muitos teóricos criticam a abordagem sistêmica, uma vez que, em não fazendo a crítica aos determinantes sociais, econômicos e culturais, supõe a adaptação das instituições à sociedade capitalista. A partir dessa década, o movimento dos profissionais da educação em favor de uma nova forma de gestão da escola pública contribui com a definição dos princípios da gestão democrática, estabelecido na Constituição de 1988. O processo vivenciado no país, com as lutas pela democratização, serviu de cenário para a construção da concepção da gestão como articuladora do processo participativo e democrático na escola. Os princípios empresariais começam a reaparecer nos documentos oficiais principalmente a partir da década de 1990, sob uma nova roupagem, na defesa da qualidade total, e no discurso da neutralidade científica, atribuindo à administração escolar a responsabilidade sobre as mazelas que acometem a escola. Acompanhando a lógica neoliberal, o principal problema da escola seria a falta de competência administrativa que, por não saber gerir os recursos, termina por influenciar negativamente na qualidade da educação. Libâneo (2007, p. 15) explica que: A gestão educacional tornou-se um conceito de múltiplos usos, mas, nas políticas oficiais de alguma forma alinhada ao modelo neoliberal, ela se viabiliza por várias estratégias articuladas entre si: a descentralização dos serviços educacionais, a autonomia pedagógica e, frequentemente, financeira, a participação dos pais, extensão do poder do Estado aos diretores de escolas e à comunidade etc. Não falta a crítica de que a descentralização seria uma forma de desdobramento do poder central, repartindo esse poder com as escolas e comunidades, no sentido de diminuir o papel do Estado. Nesse sentido, a compreensão sobre a função da gestão educacional deve fundar-se no seu caráter histórico e nos determinantes que influenciam no seu delineamento e na sua constituição. Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), são cinco concepções de organização e gestão atualmente apresentadas na escola: 1. a técnico-científica, 2. a auto gestionária, 3. a gestão colegiada, 4. a interpretativa e 5. a democrático-participativa. Os autores defendem – em razão da variedade de entendimentos – a expressão organização e gestão, em que organização é compreendida como unidade social que Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 7 de 70 reúne pessoas que interagem entre si e que opera por meio de estruturas e processos organizativos próprios, para se alcançar os objetivos da instituição e gestão, o processo de tomada de decisões e a direção e controle dessas decisões. • A concepção técnico-científica (burocrática), em sua versão mais recente, é conhecida como modelo de gestão da qualidade total, com utilização mais forte de métodos e práticas de gestão da administração empresarial. • A concepção auto gestionária se caracteriza pela ausência de direção centralizada e pela acentuação da participação direta e por igual de todos os membros de instituição. • A concepção da gestão colegiada baseia-se no princípio da colegialidade, ou seja, compartilhamento de objetivos e significados comuns das pessoas, por meio do diálogo e da deliberação coletiva. • A concepção interpretativa considera como elementos prioritários na análise dos processos de organização e gestão os significados subjetivos, as intenções e a interação das pessoas. • A concepção democrático-participativa defende a explicitação de objetivos sociopolíticos e pedagógicos da escola, pela equipe escolar. Baseia-se na relação orgânica entre a direção e a participação dos membros da equipe, garantindo-se a gestão participativa, mas, também, a gestão da participação. Os autores enfatizam que as concepções raramente se manifestam em sua forma pura, e eventualmente mesmo que a direção e a equipe escolar optem por um tipo de concepção, na prática podem efetivar modelos convencionais ou burocráticos. Frente aos desafios colocados para a escola na atualidade, à gestão cabem importantes responsabilidades que estão vinculadas à definição do modelo de sociedade que se deseja construir: quais os objetivos da escola frente a essa concepção, em que consistem as aprendizagens escolares. A ação contínua de refletir sobre as práticas de gestão desenvolvidas na escola oportuniza compreender as concepções que dirigem essas práticas no sentido de buscar ações mais efetivamente vinculadas com o propósito de uma educação com qualidade social. O objetivo principal da escola são o ensino e a aprendizagem, que se realizam pelas atividades pedagógicas, curriculares e docentes, que, por sua vez, são viabilizadas pelas formas de organização e de gestão escolar.Acumulação flexível: “acumulação flexível é um conceito utilizado por David Harvey para caracterizar uma série de práticas com o intuito de quebrar a rigidez do Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 8 de 70 fordismo. A mudança tecnológica constante, a automação, a busca de novas linhas de produtos e nichos de mercado, a dispersão geográfica para zonas onde o controle do trabalho se dá mais facilmente, as fusões e medidas para acelerar o tempo de giro do capital passam, então, ao primeiro plano das estratégias corporativas de sobrevivência. A organização industrial que antes se pautava na produção em larga escala passa a produzir em pequenas quantidades a fim de atingir públicos cada vez mais específicos e acompanhar as rápidas transformações dos padrões de consumo. [...] No sistema de acumulação flexível, as empresas estão preocupadas em diminuir cada vez mais o número de trabalhadores fixos. Aumentam a quantidade de empregados em tempo integral com habilidades facilmente encontradas no mercado de trabalho, que se caracteriza por uma alta taxa de rotatividade; bem como os de profissionais altamente capacitados, que ganham altos salários, mas substituem, com suas habilidades de operar e fiscalizar linhas de produção automatizadas, grandes quantidades de trabalhadores fixos sem qualificação” (SABAT et al., 2010, s.p.). A acumulação flexível também é conhecida como toyotismo, modo de produção em que o objetivo principal deixou de ser a produção em massa, centrando-se na eficiência do processo de modo que a produção deve variar de acordo com a demanda. Nesse modelo, o mesmo trabalhador será responsável por diversas funções conforme as necessidades da empresa. Essa flexibilidade foi ampliada com a utilização das novas tecnologias. Houve grande inovação comercial, tecnológica e organizacional, com o objetivo de garantir que o sistema produtivo tenha capacidade de operar dentro de contextos que exigem rápidas mudanças, adaptando-se continuamente às variações da demanda. Automação: pode ser definida como um conjunto de técnicas que podem ser aplicadas sobre um processo, objetivando torná-lo mais eficiente, ou seja, maximizando a produção com menor consumo de energia, menor emissão de resíduos e melhores condições de segurança, tanto humana e material quanto das informações inerentes ao processo. Força motriz: geralmente, a força (ou potência motriz) é definida como um agente natural, tal como água, vapor, vento, eletricidade etc., usados para transmitir movimento para maquinário, um motor. Também pode ser definida como um conjunto de técnicas que podem ser aplicadas sobre um processo, objetivando torná-lo mais eficiente, ou seja, maximizando os resultados com menor esforço tanto humano e material quanto das informações inerentes ao processo. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 9 de 70 Globalização: é um fenômeno gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de formar uma comunidade integrada globalmente – aldeia global – que permita maiores mercados para os países de capitalismo desenvolvido cujos mercados internos já estão saturados. Assim, muitas empresas multinacionais buscaram conquistar novos mercados consumidores, principalmente dos países recém-saídos do socialismo. A concorrência fez com que as empresas utilizassem cada vez mais recursos tecnológicos para baratear os preços e também para estabelecer contatos comerciais e financeiros de forma rápida e eficiente. Hibridismo: é um termo emprestado da biologia darwinista do século XIX, que nas ciências humanas ressurgiu na década de 1980 com o historiador Peter Burke em um pequeno livro intitulado Hibridismo cultural, tão somente à análise desse conceito. Segundo Burke, com a globalização planetária, não há mais como evitar processos de hibridização da cultura. Burke aceita o conceito de hibridização como equivalente, lato sensu, ao de mistura, o que permite que localize tal processo (trata-se agora de um processo, e não, de um estado, como ele faz questão de salientar) em todas as épocas da história, sob os mais variados nomes. O termo hibridismo, herdado do século XIX, não parece muito propício à análise do papel do agente humano e de suas ações conscientes nos processos de “misturas” e “trocas” culturais visto que, como Burke destacou, está muito associado à ideia de processos naturais, que escapam à vontade humana. Para Burke, então, ao mesmo tempo em que os conceitos de “apropriação” e “acomodação” dão conta da ação consciente dos homens no intercâmbio cultural, os de “crioulização” e “hibridização” referem-se a modificações culturais inconscientes (BURKE, apud KERNE, 2004, p. 55-56). Mais-valia: é o termo famosamente empregado por Karl Marx à diferença entre o valor final da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios de produção e do valor do trabalho, que seria a base do lucro no sistema capitalista. Neoliberalismo: é considerado uma redefinição do liberalismo clássico. Na política, é um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia, devendo haver total liberdade de comércio para garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país. O neoliberalismo defende a não intervenção do Estado no mercado de trabalho, a política de privatização de empresas estatais, a livre circulação de capitais internacionais e ênfase na globalização, a abertura da economia para a entrada de multinacionais, a adoção de medidas contra o protecionismo econômico. A educação não é incluída no campo social e político, passando a ser integrada no mercado. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 10 de 70 Paradigmas: diz respeito a uma representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas (Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradigma>). Patrimonialismo: é uma forma de dominação em que os senhores de terras e mandatários reais são mais fortes que a sociedade, e, nesse sentido, a solidariedade só se estende ao grupo parental. A cidadania, o direito do indivíduo, não tem valor. Essa é uma categoria muito presente nos estudos sobre a formação social brasileira, cuja referência principal é Max Weber, que afirma ser o Estado Patrimonial o representante típico de um conjunto de tradições inquebrantáveis em que o domínio exercido pelas normas racionais é substituído pela justiça do príncipe e seus funcionários. Tudo se baseia então em considerações pessoais. Pedagogia histórico-crítica: segundo Aranha (2006, p. 342) a pedagogia histórico- crítica emergiu na década de 1970 a partir de um grupo de filósofos e pedagogos que buscaram revisar a teoria educacional e elaborar uma teoria pedagógica. Também conhecida como pedagogia crítico-social dos conteúdos e pedagogia dialética, a pedagogia histórico-crítica tem como base teórica o materialismo dialético de Marx, Makarenko e Gramsci e a teoria progressista de Georges Snyders, Bernard Charlot e Bogdan Suchodolski. A tarefa da pedagogia histórico-crítica é reverter o quadro de desorganização que gera uma escola excludente, com altos índices de analfabetismo, evasão, repetência e seletividade. Entre os teóricos que representam essa tendência encontram-se Dermeval Saviani, José CarlosLibâneo, Guiomar Namo de Mello, Carlos Cury, entre outros. Sistema produtivo: forma como as sociedades se organizam para produzir os recursos necessários à sua sobrevivência; diz respeito à maneira como os grupos sociais atendem às necessidades materiais de suas vidas. Na sociedade feudal existente na Idade Média, prevalecia um sistema produtivo de autossustento, predominantemente agrícola, familiar. Mesmo com o desenvolvimento de um comércio nos povoados que se formavam pela Europa, permanecia um tipo de sistema produtivo familiar. Com o crescimento das cidades e a expansão do comércio, o sistema de produção doméstico se desenvolve, significando a perda da independência dos artesãos na produção de seu trabalho. Em meados do século XVIII, se iniciara a revolução científico-tecnológica, surgindo o sistema fabril, que se desenvolve ao longo do século XIX até nossos dias. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 11 de 70 Para compreender o neoliberalismo, se faz necessário buscar as origens do pensamento liberal, a fim de compreender seus fundamentos. O pensamento liberal surge na Europa no século XVII, tendo como princípios a liberdade econômica, a igualdade perante a lei, a propriedade privada, o livre mercado e a mínima participação do Estado nos assuntos econômicos. O liberalismo foi gerado a partir do contexto de construção do capitalismo. A propriedade privada é um dos pilares principais do pensamento liberal, uma vez que é a condição para a preservação das relações capitalistas de produção. Ocorre que a propriedade privada não está ao alcance de todos, mas para uma minoria que usufrui dos direitos propiciados pela apropriação da riqueza produzida. A liberdade sustentada pelo liberalismo é situada no contexto da propriedade, de maneira que aqueles que não são proprietários são livres para vender sua força de trabalho. O grande teórico do liberalismo econômico foi Adam Smith, que defendia que é inerente à condição humana a propensão para a troca, e, ao trocar o excedente do seu trabalho, haveria um estímulo para que cada pessoa cultivasse seus talentos. Com a não intervenção do Estado na economia, os agentes econômicos privados poderiam produzir o que desejassem na forma que melhor lhes aprouvesse, pagando como quisessem. Aranha (1993) explica que o pensamento liberal é o conjunto de ideias éticas, políticas e econômicas da burguesia que se opunham à visão de mundo da nobreza feudal. No século XIX, as ideias de igualdade representam um avanço; contudo, entram em conflito com os interesses econômicos. Ideias de democracia e liberdade passam a conviver com a miséria e a pobreza dos trabalhadores. No Brasil, os movimentos liberais se limitam a lutar pela liberdade de comércio, sem alterar a estrutura da sociedade escravista, com uma elite dominante e a manutenção do analfabetismo, em parte necessário para a manutenção da economia agrária (ARANHA, 1993). Um acontecimento de grande importância para a reorganização do capitalismo foi a quebra da Bolsa de Nova York em 1929, que deixou como resultado o desemprego, a inflação, as tensões sociais. Embora o Estado, especialmente em alguns países da Europa, estivesse implantando políticas assistenciais há algum tempo, a partir Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 12 de 70 daquele momento intensificou de forma contundente a produção e a distribuição de bens, o que se chamou de Estado de bem-estar social. A crescente dificuldade de o Estado arcar com as responsabilidades sociais assumidas levou ao desgaste das teorias de intervenção do Estado. A partir da década de 1960, as críticas a essa configuração do Estado se fazem mais duras, sendo defendidas as ideias do Estado mínimo, cuja ação deve se restringir à justiça e à defesa nacional. (HOBSBAWM, 1995, p. 99-100/399) Segundo Marrach (1996, s.p.): Enquanto o liberalismo tinha por base o Indivíduo, o neoliberalismo está na base das atividades do FMI, do Banco Mundial, dos grandes conglomerados e das corporações internacionais. A liberdade que postula é a liberdade econômica das grandes organizações, desprovida do conteúdo político democrático proposto pelo liberalismo clássico. No âmbito da educação, o modelo neoliberal propõe a qualidade a partir dos pressupostos do mercado, ou seja, é fator primordial para a eficiência competitiva. Por meio da qualidade total, pretende aproximar a escola do mercado, tendo, assim, relação com o tecnicismo que reduz as questões pedagógicas a questões administrativas, transformando os problemas da educação em problemas de mercado e de técnicas de gerenciamento. Frigotto (1997) analisa que a defesa da educação básica ocorre por ser um caminho necessário para a formação de um trabalhador polivalente, participativo e flexível, conforme requer o novo padrão produtivo. Por um lado, as novas tecnologias efetivamente diminuem a necessidade quantitativa do trabalho vivo, por outro há o aumento da necessidade qualitativa desse trabalho. Para o autor, essa contradição esclarece a necessidade que o processo produtivo tem de um trabalhador com capacidade de abstração e de trabalho em equipe. “A intervenção direta de um trabalhador com capacidade de análise torna-se crucial para a gestão da variabilidade e dos imprevistos produtivos” (SALEMO, 1992 apud FRIGOTTO, 1997, p. 50). Um aspecto importante está relacionado com a forma como o Estado mínimo reduz o financiamento das políticas sociais, e isso ocorre por diferentes mecanismos. A apologia da esfera privada e da descentralização como mecanismo de democratização e eficiência é um exemplo concreto disso. Diante dessas questões, é importante ter-se a clareza de que a educação enquanto formação humana decorre das práticas constituídas pelas relações sociais e, assim, não vai avançar de forma arbitrária, mas em conexão com essas práticas. Portanto, a luta pela ampliação da esfera pública no campo educacional está vinculada à ampliação do público em todas as esferas da sociedade. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 13 de 70 O modelo econômico vigente, ancorado em bases neoliberais, aliena a educação na medida em que fundamenta as ações a partir da racionalidade técnico-instrumental, que é a concepção que justifica a materialidade capitalista. Nesse sentido, as tentativas de transformar a educação em termos de qualidade fracassam, pois a sociabilidade imposta pelo capitalismo determina o modo de se produzir o conhecimento. No entendimento dessas questões reside a possibilidade de a escola compreender-se como espaço de luta pela ampliação dos direitos de cidadania. Libâneo, Oliveira e Toschi (2012) argumentam que a articulação da escola com o mundo do trabalho torna-se a possibilidade de realização da cidadania, por meio da incorporação de conhecimentos, habilidades técnicas, e também de vinculação entre trabalho pedagógico e lutas sociais pela democratização do Estado. Compreender a lógica que sustenta essa concepção e empreender a transformação dos métodos e processos na base das relações sociais da educação é fundamental para que se priorize a dimensão ética da educação. Conforme Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 412), a organização e a gestão da escola representam o conjunto das condições e dos meios para que os objetivos educacionais sejam alcançados. Conforme os autores, elas visam: a) Prover as condições, os meios e todos os recursos necessários para o ótimo funcionamento da escola e do trabalho em sala de aula;b) promover o envolvimento das pessoas no trabalho, por meio da participação, e fazer a avaliação e o acompanhamento dessa participação; c) garantir a realização da aprendizagem para todos os alunos. A gestão educacional centrada na escola pode desdobrar-se em duas formas, uma na qual o Estado fica liberado de boa parte de suas atribuições, transferindo isso para a escola e para a comunidade, e outra na qual as ações dos profissionais da escola são valorizadas em razão dos serviços prestados pela escola, sem retirar do Estado as responsabilidades que lhes são inerentes. A organização escolar necessária é aquela que melhor favorece o trabalho do professor, com vistas aos melhores resultados de aprendizagem. Dentre os aspectos da organização e da gestão que fazem diferença no desempenho dos alunos está o modo de funcionamento da escola, as características organizacionais e a autonomia escolar. A busca pela universalização e democratização da escola pública é uma luta de toda a sociedade que deve oportunizar a todos os segmentos sociais uma ação pedagógica eficiente, capaz de promover o êxito escolar que garanta a aprendizagem de todos os atendidos. A conquista da escola pública de qualidade certamente reflete na melhoria da qualidade dos serviços educacionais da escola privada. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 14 de 70 Como o trabalho na sala de aula é a razão de ser da organização e da gestão, os professores também são responsáveis por elas, uma vez que a sala de aula faz parte de uma totalidade. Além do conhecimento pedagógico, o professor precisa dominar os conhecimentos relacionados à organização e à gestão, além de outros relacionados ao processo de vida em comunidade, à participação nos processos de tomada de decisão, dentre outros. A qualidade do ensino, foco principal da organização e da gestão, depende de um conjunto de fatores que precisam ser articulados, relacionados e definidos em função de objetivos que não se limitam ao espaço escolar, porém não existem sem ele. A gestão visando à formação humana deve assentar-se em uma ética diferente daquela individualista, bem a propósito do modelo hegemônico. A emancipação humana se conquista na solidariedade e na participação que o conhecimento-emancipação é capaz de construir. O conhecimento emancipação é assim um processo incessante de criação de sujeitos capazes de reciprocidade, capazes de diálogo, de participação consciente (FERREIRA, 2000, p. 172). A gestão, visando colocar a educação a serviço de novas finalidades, para um projeto novo societário, e o conhecimento voltado para a emancipação, pressupõe uma repolitização global da vida coletiva. Aliena: o verbo alienar pode ser empregado para várias ações como a cessão de bens, a transferência de domínio de algo, a perturbação mental, na qual se registra uma anulação da personalidade individual, o arrombamento de espírito, a loucura. Com base nesses significados traçam-se algumas diretrizes para melhor analisar o que é a alienação, e assim buscar alguns motivos por quais as pessoas se alienam. Neste caso, a alienação refere-se à diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar e agir por si próprios. Emancipação: significa o ato de tornar livre ou independente. O termo é aplicado em muitos contextos como emancipação de menor, emancipação da mulher, emancipação política etc. Em Filosofia, a emancipação é a luta das minorias pelos seus direitos de igualdade ou pelos seus direitos políticos enquanto cidadãos. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 15 de 70 Estado de bem-estar social: Estado de bem-estar social, Estado-providência ou Estado social é um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia. Nessa orientação, o Estado é o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e econômica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de acordo com o país em questão. Cabe ao Estado do bem-estar social garantir serviços públicos e proteção à população Estado mínimo: a ideia de Estado mínimo pressupõe um deslocamento das atribuições do Estado perante a economia e a sociedade. Preconiza a não intervenção do Estado; e este afastamento em prol da liberdade individual e da competição entre os agentes econômicos, segundo o neoliberalismo, é o pressuposto da prosperidade econômica. A única forma de regulação econômica, portanto, deve ser feita pelas forças do mercado, as mais racionais e eficientes possíveis. Ao Estado mínimo cabe garantir a ordem, a legalidade e concentrar seu papel executivo naqueles serviços mínimos necessários para tanto: policiamento, forças armadas, poderes executivo, legislativo e judiciário etc. Abre mão, portanto, de qualquer forma de atuação econômica direta, como é o caso das empresas estatais. A concepção de Estado mínimo surge como reação ao padrão de acumulação vigente durante grande parte do século XX, em que o Estado financiava não só a acumulação do capital, mas também a reprodução da força de trabalho, por meio de políticas sociais. Quando deixa de financiar as políticas sociais, o Estado torna-se “máximo” para o capital. O suporte do fundo público ao capital é o aporte necessário ao processo de acumulação, e se maximiza diante das necessidades cada vez mais exigentes do capital financeiro internacional. Propriedade privada: propriedade privada compreende o direito de dispor de uma determinada coisa, de modo exclusivo, porém esses poderes não podem ser exercidos de forma ilimitada, pois influenciariam no direito alheio, que também tem os mesmos interesses do outro indivíduo, cabendo ao Poder Público, limitar até onde vai o poder de cada um. Existe também a propriedade privada dos meios de produção, que se constitui pelos meios de trabalho e pelos objetos de trabalho. Os meios de trabalho são os instrumentos de produção, como máquinas, equipamentos, ferramentas, tecnologia; as instalações são edifícios, armazéns, escritórios; as fontes de energia utilizadas na produção que podem ser elétricas, hidráulicas, nucleares, eólicas; e os meios de transporte. O processo de exploração pela propriedade privada acontece quando o proprietário detém os meios de produção e, através de diversas formas, apropria-se de parte do Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 16 de 70 trabalho realizado pelo trabalhador, pois não lhe paga os frutos completos daquilo que produz. No capitalismo a propriedade privada é essencial para a construção de uma sociedade próspera, pois ela garante que a terra será colocada para uso produtivo e seu valor protegido pelo proprietário da terra. A propriedade privada, portanto, é uma parte importante de capitalização dentro da economia. O modelo capitalista baseia-se na exploração do trabalhador, na apropriação da riqueza produzida mediante o trabalho. Esta riqueza (ou lucro) é vista não como produção do trabalhador, mas como resultado da ação do capitalista mediante a aplicação dos meios de produção e da propriedade privada. Qualidade social: a qualidade social como direito de cidadania está ligada a uma política de inclusão social, através da qual há um compromisso com a participação de todos os cidadãos na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A inclusão social possibilita a formação de indivíduos comprometidos com um processo abrangente de emancipação humana e social. Nessa perspectivaa educação é fundamental para o exercício do direito da cidadania. Como a qualidade social se efetiva através da prática da democracia, a Gestão Educacional precisa ser democrática, possibilitando a participação real da comunidade nas decisões sobre os assuntos da educação, seja através de conselhos escolares, de eleições democráticas para dirigentes escolares, seja por meio dos mecanismos de controle social. A qualidade social extrapola a própria escola para envolver toda a sociedade na construção de formas democráticas de vida. A qualidade social implica uma educação escolar com padrões de excelência e adequação aos interesses da maioria da população. Tal objetivo exige um grande esforço da sociedade e de cada um para ser atingido, considerando as dificuldades impostas pela atual conjuntura. A qualidade social implica também a construção dos seguintes valores: solidariedade, justiça, honestidade, autonomia, liberdade e cidadania. Qualidade total: é uma forma de ação administrativa que coloca a qualidade dos produtos ou dos serviços como o principal foco para todas as atividades de uma empresa. A gestão pela qualidade total é a concretização dessa ação administrativa, na gestão de todos os recursos organizacionais, concretizados por meio de técnicas e ações voltadas para o aumento de competitividade da empresa principalmente na melhoria de produtos e processos. Para que um produto tenha qualidade total, é necessário que a qualidade esteja em todas as etapas de sua produção. Nessa perspectiva, as pessoas precisam ser capacitadas e necessitam permanecer capacitadas para exercer sua função da melhor forma possível. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 17 de 70 A qualidade total no campo da educação representa hoje o discurso oficial do neoliberalismo. Numa perspectiva crítica, a qualidade total na educação está fundamentada na razão instrumental, na tecnificação do conhecimento, na burocratização dos sistemas e nos atrofiamentos da capacidade crítica e criativa do ser humano. A educação não pode ser tratada como um negócio, nem o aluno como um produto, uma vez que a educação está lidando com seres humanos, que precisam aprender a entender o mundo, inclusive as relações de dominação às quais são submetidos nesse sistema de exclusão social, para finalmente terem capacidade de compreensão, luta e de resistência. Trabalho vivo: é o trabalho que produz valor de uso, indispensável à produção e reprodução humana; o trabalho morto, por sua vez, é o que está contido nas mercadorias, cujo objetivo é a criação de mais-valia, a reprodução e valorização do capital. O trabalho é condição para a existência do ser social, do processo de humanização do homem. Como criador de valores de uso, é o trabalho uma condição de existência do homem. Com o trabalho o homem que age é transformado, ele atua sobre a natureza, subordina a natureza ao seu poder. Ao agir sobre a natureza, o homem a transforma, mas também é transformado, num processo dialético. Os objetos e as forças da natureza são transformados em meios, em objetos de trabalho. O homem utiliza as propriedades das coisas a fim de que atuem como meios para poder exercer seu poder sobre outras coisas, de acordo com sua finalidade. Quando o processo de trabalho converte-se em meio de subsistência, a força de trabalho torna-se uma mercadoria, cuja finalidade vem a ser a produção de mercadorias. Para compreender o processo de constituição das políticas educacionais no Brasil, é preciso entender incialmente o que são políticas públicas, uma vez que aquelas existem por decorrência destas. Etimologicamente, política refere-se a espaço público, uma vez que é derivada de polis, que em grego significa aquilo que é público. Seguindo esse entendimento, política é a ciência de governar um Estado ou Nação, sendo também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 18 de 70 A política pública, segundo Azevedo (2003, p. 38, apud OLIVEIRA, 2010) “é tudo o que um governo faz e deixa de fazer, com todos os impactos de suas ações e de suas omissões”. Oliveira (2010, s.p.) acrescenta que “[...] a sociedade civil, ou melhor, o povo não é responsável direto e nem implementador de políticas públicas. No entanto, [...] o povo faz política”. Na esteira desse entendimento, por políticas educacionais pode-se compreender as ações do governo em relação à educação. As políticas públicas educacionais dizem respeito à educação escolar, uma vez que o processo educacional não é restrito à escola, ocorrendo, então, em diversos espaços, por meio de diversos instrumentos e ferramentas, e com diversas intenções. A educação no Brasil Colônia, ficou inicialmente à cargo da Companhia de Jesus com recursos da Coroa Portuguesa, porém os prédios, os professores, a estrutura curricular eram de domínio dos jesuítas. Nessas escolas, não era facultado a mulheres, escravos, mestiços, crianças abandonadas ou sem reconhecimento de paternidade, o direito de ingresso. Saviani (2007), citando Luzuriaga (1959), explica que era uma espécie de escola pública religiosa. Com a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal, foram instituídas as aulas régias, mantidas pela Coroa, configurando as primeiras ações em direção a uma educação pública estatal. Vale explicar que apesar da intenção de organizar a educação na Colônia, o Estado assumia somente a estrutura curricular dos cursos e investia poucos recursos para o pagamento dos professores. Menos de 5% da população era escolarizável, na Colônia não havia prédios públicos destinados ao ensino como nos dias atuais, as crianças eram reunidas em igrejas, salas de prefeituras, lojas maçônicas ou na residência dos professores. Aranha (2006, p. 192) destaca não só que a educação era um privilégio das famílias abastadas que podiam pagar preceptores para seus filhos, mas também que, embora os jesuítas tivessem sido expulsos, ainda permaneciam ordens religiosas como carmelitas, beneditinos e franciscanos, que continuaram atentas à educação. No Brasil Colônia, a administração geral da Companhia de Jesus estava estabelecida em Roma, tendo como articuladora a figura do provincial geral, que era responsável pelo andamento das casas e dos colégios em todas as províncias. Na Colônia os responsáveis pelo ensino buscavam promover o estudo nas províncias e vigiar o cumprimento das normas do Ratio Studiorum, que sistematizava as formas de administração, as práticas docentes, as atitudes docentes, os métodos de ensino e a organização dos currículos (SECO; ANANIAS; FONSECA 2006). Com a expulsão dos jesuítas, o Marquês de Pombal estabeleceu o Alvará Régio que define o cargo de Diretor Geral de Estudos dentre outras ações tais como, exames Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 19 de 70 para os professores, licença para funcionamento do ensino, cargo de comissários para inspeção e controle das escolas. No primeiro Império, houve um movimento inicial no sentido de estabelecer as escolas de primeiras letras, porém, como ficavam sob a jurisdição das Províncias, a proposta não foi adiante uma vez que não conseguiram garantir condições estruturais e financeiras de assumir o ensino. No período joanino não havia uma política de educação sistemática e planejada, todavia D. João criou as primeiras escolas de nível superior para formar oficiais do exército e da marinha, engenheiros militares e cursos para a formação de médicos- cirurgiões ebacharéis em direito. Diversos cursos livres de economia, química e agricultura também foram organizados no Rio de Janeiro e na Bahia. No campo cultural são destacadas a Imprensa Régia, a Biblioteca (1810), o Jardim Botânico do Rio (1810), o Museu Real (1818), a Missão Cultural Francesa (1816), a Academia Real da Marinha (1808) e a Academia Real Militar (1810). No Segundo Império, a importância da educação era algo reconhecido, e isso ficava manifesto não somente nos discursos, mas também nas propostas que já indicavam a necessidade da definição dos recursos a serem destinados à educação. O precário sistema tributário tornava a falta de recursos um empecilho para qualquer projeto de construção de escolas e preparação de docentes. Segundo Aranha (2006, p. 224), nesse período nem sequer era possível falar propriamente de um currículo para os diversos níveis, uma vez que a escolha aleatória de disciplinas não permitia a organização curricular a partir de exigências para se completar um curso e iniciar outro. A partir da emenda à Constituição, com o Ato Adicional de 1834, coube à Coroa a responsabilidade pela regulação do ensino superior e às províncias (futuros estados) a escolar elementar e secundária. Essa descentralização impedia a organização de um sistema educacional além de submeter às províncias a educação do povo enquanto o poder central se encarregava de formar a elite. No final do Segundo Império, a importante reforma instituída por Carlos Leôncio de Carvalho em 19 de abril de 1879 provocou uma série de discussões sobre a organização da educação brasileira. Por meio do decreto 7.247, Carvalho pretendia reestruturar o ensino no Brasil, promovendo o desenvolvimento total da sociedade. É importante destacar que, na segunda metade do século XIX, a sociedade vivenciou intensas mudanças nos âmbitos político, econômico, cultural e social. Os ideais iluministas, preconizados na Europa, estavam presentes entre a elite intelectual brasileira da época. Os princípios de igualdade, liberdade e fraternidade faziam cada vez mais parte das aspirações da elite, bem como a modernização, o desenvolvimento e a industrialização do país. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 20 de 70 As novas relações de trabalho decorrentes da abolição da escravidão em 1888 mobilizaram novas estratégias políticas e econômicas. No final do século XIX, foi enfática a discussão sobre a realização de reformas em todos os graus da instrução pública. A Reforma de Leôncio de Carvalho apresentou muitas inovações em relação às reformas que a precederam, como a de Couto Ferraz, instituída pelo decreto n. 1.331-A, de 17 de fevereiro de 1854, que aprovou o “Regulamento para a reforma do ensino primário e secundário do Município da Corte”. De acordo com o professor Dermeval Saviani, a Reforma de Leôncio de Carvalho é destacada pelos seguintes ideais [...] criação de jardins-de-infância para as crianças de 3 a 7 anos (artigo 5º); caixa escolar (artigo 6º); bibliotecas e museus escolares (artigo 7º); subvenção ao ensino particular, equiparação de Escolas Normais particulares às oficiais e de escolas secundárias privadas ao Colégio Pedro II, criação de escolas profissionais de bibliotecas populares e de bibliotecas e museus pedagógicos onde houver Escola Normal (artigo 8º); regulamentação do ensino superior abrangendo a associação de particulares para a fundação de cursos livres em salas dos edifícios das Escolas ou Faculdades do Estado (artigo 22); faculdade de direito (artigo 23; e faculdades de medicina (artigo 24). [...] a Reforma Leôncio de Carvalho levou bem mais longe a inclusão de dispositivos referentes ao funcionamento da educação nas províncias. Assim, o artigo 8º contempla, nas províncias, a subvenção a escolas particulares; a contratação de professores particulares para ministrar os rudimentos do ensino primário; a criação de cursos de alfabetização de adultos e de Escolas Normais; fundação de bibliotecas e museus pedagógicos e de bibliotecas populares; e a criação, nos municípios mais importantes das províncias, de escolas profissionais e de ensino de artes e ofícios. A Reforma previu, também, a abertura, nas províncias, de mesas de exames de preparatórios (artigos 11 e 12) e a inspeção dos estabelecimentos de instrução primária e secundária (artigo 15) (SAVIANI, 2007, p. 138). Com a República, não houve grandes alterações nesse quadro, e para ilustrar a situação da educação no Brasil basta demonstrar que o Censo de 1920 indicava que 65% da população com 15 anos ou mais era analfabeta (RIBEIRO, 1989 apud ALMEIDA, 2004, p. 27). Com a queda da monarquia em 1889 e o início da Primeira República, o governo representativo foi instaurado no Brasil, embora os representantes não fossem eleitos por um sistema propriamente democrático, mas controlados por uma elite oligárquica. O principal objetivo da educação nesse período era garantir a instrução primária para a população branca e livre. E para atender a esse objetivo houve a reformulação dos quadros administrativos e burocráticos no Brasil. Seco et al. (2006) explica que a escola ficava sob a responsabilidade de uma junta de professores que iriam administrá-la e mantê-la, e o cargo de diretor existia somente no chamado “segundo segmento”. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 21 de 70 Com a Constituição Republicana de 1891, foi reafirmada a descentralização do ensino, cabendo à União a responsabilidade de gerir a educação superior e secundária, ao passo que, aos estados e municípios, cabia a gestão do ensino fundamental e profissionalizante. Essa separação privilegiava a educação da elite, que prosseguia com os estudos financiados pela União. A industrialização acelerada em países ricos ainda no século XIX e em alguns países periféricos como o Brasil no início do século XX promoveu muitas mudanças estruturais na sociedade principalmente no mundo do trabalho: expansão industrial, ampliação do comércio, diversificação das profissões técnicas e dos quadros burocráticos, a organização dos negócios, acelerada urbanização e explosão demográfica. Os Estados precisaram enfrentaram esse cenário com uma estrutura burocrática organizada e centralizadora. A Primeira Guerra Mundial inaugura um novo cenário educacional no Brasil, pois, ao mesmo tempo em que era acelerado o processo de urbanização e industrialização, nascia uma pequena burguesia que reivindicava acesso à educação. A consolidação da industrialização nacional após a década de 1930 exigiu do Estado uma nova postura em relação à educação para atender às demandas sociais emergentes. O modelo oligárquico agroexportador foi suplantado pelo modelo nacional- desenvolvimentista. Um marco importante do projeto de gestão educacional desse período foi a criação do Ministério da Educação e da Saúde Pública em 1930, que sob o comando do ministro Francisco Campos buscou oferecer uma estrutura de ensino mais orgânica aos ensinos secundário, comercial e superior. A chamada Reforma Francisco Campos, iniciada em 1931 demonstrou certo desapreço pela educação elementar, ao centralizar as iniciativas políticas educacionais nos níveis secundário, universitário e comercial. Adepto da Escola Nova, Campos imprimiu uma orientação renovadora nos diversos decretos de 1931 e 1932. Segundo Aranha (2006) a postura conciliadora de Campos atendeu também a interesses que não correspondiam aos anseios escolanovistas, e sobre os decretos comenta: Pode-se dizer que, pela primeira vez, uma ação planejada visava à organização nacional, já que as reformas anteriores tinham sido estaduais. Os decretos que efetivaram a reforça Francisco Campos,além dos que dispunham sobre o regime universitário, trataram da organização da Universidade do Rio de Janeiro, da criação do Conselho Nacional de Educação, do ensino secundário e comercial. (ARANHA, 2006, p. 305) Desde a chegada dos jesuítas no Brasil, a Igreja Católica sempre esteve interessada em promover sozinha o projeto educacional no país. Os ideais republicanos, liberais e positivistas não agradavam os pensadores católicos, que criticavam a tendência laica instaurada pela República. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 22 de 70 Como resultado dos ideais liberais na educação, em 1932, um grupo formado por 26 educadores lançou o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo, destacando-se os nomes de Anísio Teixeira e Lourenço Filho, entre outros conceituados educadores da época. Esse Manifesto é muito importante na história da educação brasileira porque representa a tomada de consciência da defasagem existente na educação. A proposta trazida no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova era de uma escola pública única, laica, obrigatória e gratuita. Para os escolanovistas a ênfase da educação não deveria recair sobre a acumulação do conhecimento, mas na capacidade de aplicá-los às situações vividas. Para esse grupo de educadores, o Brasil não tinha uma “cultura própria” ou até mesmo uma “cultura geral” (FAUSTO, 2006, p. 339). Os “pioneiros” defendiam uma ampla autonomia técnica, administrativa e econômica do sistema escolar para livrá-lo das pressões e interesses transitórios. Sustentando o princípio da unidade do ensino, distinguiam entre a unidade o centrismo “estéril e odioso”, gerador da uniformidade. Lembravam que as condições geográficas do país e a necessidade de adaptação das escolas às características regionais impunham a realização de um plano educativo que não fosse uniforme em todo o país, embora a partir de um currículo mínimo comum (FAUSTO, 2006, p. 340). No que se refere à educação, o governo de Getúlio Vargas foi centralizador. Sob a gestão dos ministros Francisco Campos e Gustavo Capanema, a escola buscou promover valores tradicionais relacionados à família, à religião, ao trabalho e sobretudo à pátria. A nação moderna, defendida por Vargas, deveria centralizar no Estado todas as decisões que envolvessem as “massas”. Para o historiador Bóris Fausto, os ministros do governo Vargas buscaram organizar a educação de cima para baixo, sem envolver uma grande mobilização da sociedade, impregnando valores hierárquicos, conservadores, nascidos da influência católica, mas com o cuidado de evitar o formato de doutrinação fascista (FAUSTO, 2006, p. 337). O autoritarismo do Estado Novo ficou explicito na proposta curricular dos cursos elementares e secundários ao reafirmar a importância da educação física, do ensino da moral católica e da educação cívica pelo estudo da História e da Geografia do Brasil. No ensino primário o objetivo da educação era formar o “sentimento patriótico” e no secundário a “consciência patriótica” (HILSDORF, 2003, p. 100). A partir da breve Constituição Federal de 1934, a educação foi concebida como um direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos poderes públicos. O ministro Gustavo Capanema propôs um projeto cívico-pedagógico que estivesse alinhado aos interesses do Estado nacional e segundo o qual saúde, educação e cultura deveriam caminhar juntos para a execução do ideário nacionalista. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 23 de 70 Partes dos interesses presentes no Manifesto dos Pioneiros da Educação foram absorvidas pela Constituição. Além disso, o Governo Federal passou a assumir novas atribuições educacionais, como: traçar diretrizes da educação nacional, controlar, supervisionar e fiscalizar o cumprimento das normas federais. Capanema reforçou o caráter descentralizador da educação, desobrigando o Estado de manter e expandir o ensino público, ao mesmo tempo em que decretou reformas no ensino industrial, comercial e secundário. A chamada Reforma Capanema estabeleceu as seguintes leis: Lei Orgânica do Ensino Industrial (1942), Lei Orgânica do Ensino Secundário (1942), Lei Orgânica do Ensino Comercial (1943), Lei Orgânica do Ensino Primário, além da criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Romanelli analisa as legislações da gestão do ministro Capanema e conclui: A legislação acabou criando condições para que a demanda social da educação se diversificasse apenas em dois tipos de componentes: os componentes dos estrados médios e altos, que continuaram a fazer opção pelas escolas que “classificam” socialmente, e os componentes dos estratos populares, que passaram a fazer opção pelas escolas que preparavam mais rapidamente para o trabalho. Isso, evidentemente, transformava o sistema educacional, de um modo geral, em um sistema de discriminação social (ROMANELLI apud. ARANHA, 2006, p. 309). Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), teve início a chamada República Populista, que se estendeu desde a deposição de Getúlio em 1945 até o golpe militar em 1964. O país retornou ao estado de direito, com governos eleitos democraticamente. A Constituição de 1946 é resultado do processo de redemocratização do país, após a ditadura de Vargas. Esse foi um período extremamente importante no campo da educação, pois marcou novamente a luta por uma educação laica. Em 1948 o ministro Clemente Mariani apresentou o anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases, baseado em um trabalho realizado por educadores escolanovistas orientados por Lourenço Filho. De um lado estava o discurso católico, que defendia a “liberdade” das famílias em escolher a melhor educação para seus filhos, de outro, estavam os chamados “pioneiros da educação nova” que defendiam a escola pública. Em 1959, sob a liderança de Fernando de Azevedo e outros 189 intelectuais e educadores, fora assinado o “Manifesto dos Educadores Mais uma Vez Convocados”. Diferente do “Manifesto” de 1932, embora com as mesmas diretrizes pedagógicas, os educadores buscaram conciliar os interesses tanto do Estado quanto da Igreja Católica, ao admitir a permanência de duas redes de ensino, a particular e a pública, devendo as verbas públicas ser destinadas exclusivamente para a educação popular. Entretanto, as discussões se estenderam até a promulgação da lei n. 4.024 (LDB) publicada em 1961, que definiu que os recursos públicos deveriam atender tanto à Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 24 de 70 rede pública quando às escolas privadas. Fora determinado ainda que cada estado organizasse seu próprio sistema de ensino. A União dispensará a sua cooperação financeira ao ensino sob a forma de: (...) c) financiamento a estabelecimentos mantidos pelos estados, municípios e particulares para compra, construção ou reforma de prédios escolares e respectivas instalações e equipamentos de acordo com as leis especiais em vigor (BRASIL, Lei. n. 4.024/1961, artigo 95). Durante os anos de 1964 a 1985 os brasileiros viveram o medo gerado pela supressão do estado de direito promovido pelo golpe de Estado liderado pelos militares. Esse período foi marcado pela nova centralização das decisões no âmbito das políticas educacionais. De acordo com Jesus (2009), nesse período predominou a concepção tecnicista de educação, em que se enfatizava a quantidade, e não a qualidade, privilegiando a formação profissional em detrimento da cultura geral. De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi(2012), no início dos anos 1980 a ditadura militar mostrava sinais de esgotamento, iniciando-se o processo de retomada da democracia. A reorganização e o fortalecimento da sociedade civil, aliados à proposta dos partidos políticos progressistas de pedagogias e políticas educacionais cada vez mais sistematizadas e claras, fizeram com que o Estado Brasileiro reconhecesse a falência da política educacional, especialmente profissionalizante, como evidência a promulgação da lei nº 7.044/1982, que acabou com a profissionalização compulsória em nível de 2º grau (LIBÂNEO; OLIVEIRA, TOSCHI, 2012, p. 157). A partir de 1982 muitas ações concretas passaram a ocorrer após as eleições daquele ano, em que políticos de esquerda começaram a dar o tom do discurso educacional primando por uma gestão mais democrática na escola, com a participação do corpo docente, dos colaboradores, dos alunos e de toda a comunidade. Como grandes conquistas decorrentes das propostas políticas na área da educação, destacam-se o fim das taxas escolares, a criação de escolas de tempo integral e a organização sindical de professores (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 159). Em 1985 o Brasil retomou o regime democrático, o que significou a reorganização e o fortalecimento da sociedade civil que reconheceu a necessidade de promulgação de novas leis. A Constituição de 1988, conhecida também como Constituição Cidadã, estabeleceu a educação como um direito social e, em linhas gerais, forneceu o arcabouço institucional necessário às mudanças na educação brasileira. Nesse contexto, em termos de estruturação e reorganização da educação brasileira, foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB), a primeira lei geral da educação promulgada desde 1961. Essa lei apresenta os princípios, os fins, os direitos e os deveres para com a educação, a organização e as Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 25 de 70 incumbências das diferentes esferas do poder público; os níveis e as modalidades de ensino – educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e educação superior, educação especial, educação de jovens e adultos e educação profissional. Vieira e Farias (2007) destacam que a legislação de 1996 tem ampla repercussão sobre o sistema escolar, pois o governo assumiu a definição da política educacional como tarefa de sua competência, descentralizando sua execução para os estados e municípios. Porém, ainda ficam centralizadas no âmbito federal as decisões sobre currículo e avaliação. Para Saviani (2007), as alterações sucessivas em relação às reformas indicam a descontinuidade nas políticas, ficando evidenciadas na tendência em nomear as reformas com o nome do seu proponente, demonstrando que cada mudança de governo corresponde a uma reforma educacional. A questão da centralização e descentralização também segue essa dinâmica, uma vez que é uma característica das políticas implementadas e que representam os interesses dominantes à época em que foram instituídas. Em resumo, durante o período Colonial, a organização social e política fundada no patriarcalismo não necessitava de mão de obra qualificada, em função de a estrutura econômica vigente estar baseada na agro exportação. Isso permanece no período Imperial e na Primeira República, porém já são demonstrados esforços no sentido da implantação do sistema de ensino superior, destinado à formação da elite dirigente. A partir do século XIX, a organização social fica mais complexa, e, com a influência das ideias burguesas vinda da Europa, começam a se constituir movimentos em direção à implantação de um sistema educacional, sem, contudo, torná-lo acessível às camadas menos favorecidas, uma vez que a perspectiva colocada era a de que a educação representava um distintivo de classe, mantendo-se a estrutura seletiva da educação. No início da República Nova, a demanda pela educação aumenta, e, principalmente a partir de 1930, houve uma reorganização do sistema educacional brasileiro, mantendo – entretanto – o seu caráter dual, o que expressa a contradição entre o discurso liberal incorporado nas políticas definidas à época e sua concretização. A partir da década de 1950, com a internacionalização da economia, houve o aumento das desigualdades e dos conflitos sociais, uma vez que especialmente as classes menos favorecidas eram as que mais sofriam com a inflação e o achatamento dos salários. Durante o governo Militar, as políticas educacionais decorreram dos acordos estabelecidos com organismos internacionais, numa perspectiva tecnicista e economicista. Na década de 1980, é efetivada a abertura democrática, e o Estado empreende um conjunto de políticas compensatórias buscando promover políticas de “educação para todos”. As reformas implementadas nos últimos anos estão Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 26 de 70 vinculadas a uma determinação externa em função dos processos de reestruturação produtiva e os padrões dessa nova ordem mundial. Leher (2007 apud SANTOS, 2012) explica que, segundo as avaliações dos organismos internacionais, o problema da educação refere-se à gestão dos sistemas de ensino e não aos baixos investimentos na educação. Dessa forma, caberia ao Estado gerir um sistema de avaliação que monitorasse a qualidade da educação e realizasse os ajustes necessários na gestão de seus recursos. De acordo com Santos (2012), é preciso buscar o sentido de uma política pública, uma vez que ela não se limita à sua esfera específica, mas está relacionada ao projeto social do Estado. Ainda que seja parte de um projeto social maior, a política educacional concretiza-se no espaço escolar. Portanto, nesta abordagem, o espaço escolar torna-se elemento fundamental para a investigação, pois é neste campo que se concretizam as ações da política educacional articulando de forma dialética as relações de poder e dominação que se estabelecem na sociedade e as significações e as especificidades históricas daquela realidade. (SANTOS, 2012, p. 13). As políticas educacionais refletem-se na escola, uma vez que esta é o centro para o qual convergem as propostas e os propósitos educacionais. Os resultados das políticas educacionais materializam-se na escola por meio das práticas ali constituídas e dos resultados manifestos. Daí a importância da gestão como elemento articulador dessas intenções, e por isso mesmo requisitado de forma substancial no desenvolvimento dessas políticas. Vale destacar que os relatos sobre a administração escolar no Brasil aparecem de forma sistemática e organizada a partir da década de 1930, uma vez que não havia, anteriormente, um sistema de ensino para a população. Teóricos como Sander (2007) esclarecem que as publicações existentes não passavam de relatos, memórias e descrições de caráter subjetivo. No início do século XX, com a expansão da oferta educativa, a administração escolar adquire importância, e as orientações nesse momento são aquelas definidas pela cientificidade. Com a reabertura democrática no Brasil, os modelos de gestão educacional predominantes foram questionados, uma vez que as teorias passam a vincular a escola a um contexto mais amplo, em que são colocadas em evidência as influências do mercado na constituição das políticas educacionais e, por decorrência, nas concepções e na forma de realizar os processos de gestão da escola. A orientação administrativa que se compõe a partir disso explicita uma forma de organização baseada na hierarquia das funções, assentada nas teorias da administração de empresas. Vale destacar o pensamento do teórico Anísio Teixeira, que dá início a uma forma diferentede conceber a administração escolar, rompendo com os princípios da administração geral aplicados à educação. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 27 de 70 No contexto atual da sociedade globalizada, as políticas públicas são influenciadas pelas contradições inerentes a esse momento, encontrando-se não apenas sob a orientação dos governos nacionais mas também sob as determinações internacionais. Embora a atual política educacional esteja atrelada ao projeto neoliberal que esconde, sob a roupagem do discurso de democratização, estratégias de regulação do sistema de ensino, estão colocadas as bases para a legitimação da gestão democrática. Essas bases favorecem a criação de espaços de participação efetiva da comunidade, representando uma forma de revelar o paradoxo existente entre as forças sociais e econômicas no campo da educação. Considerando que as políticas públicas devem se traduzir em práticas sociais, depreende-se que a participação da comunidade nos espaços da gestão escolar pode encaminhar essas práticas no sentido de atender aos interesses das camadas majoritárias da população. Aulas Régias: as aulas régias compreendiam o estudo das humanidades, sendo pertencentes ao Estado e correspondendo à primeira forma do sistema de ensino público no Brasil. A Reforma de Estudos realizada pelo Marquês de Pombal, em 1759, definiu a realização de concursos para professor, porém isso somente foi realizado em 1760. Além disso, as primeiras aulas foram efetivamente implantadas em 1774, de filosofia racional e moral. Em 1772 foi criado o subsídio literário, um imposto que incidia sobre a produção do vinho e da carne, destinado à manutenção dessas aulas isoladas. O sistema das aulas régias pouco alterou na realidade educacional do Brasil, tampouco se constituiu numa oferta de educação popular, ficando restrito às elites locais. Ao rei cabia a criação dessas aulas isoladas e a nomeação dos professores, que levavam quase um ano para receberem seus salários, arcando eles próprios com a sua manutenção e a das escolas. Escola Nova: A Escola Nova, ou o escolanovismo, resultou da tentativa de superar a escola tradicional excessivamente rígida, magistrocêntrica e voltada para a memorização de conteúdos. Desde a Revolução Industrial a burguesia precisava de uma escola mais realista, que se adequasse ao mundo em constante transformação. Os pedagogos Feltre, Basedow e Pestalozzi foram de certo modo precursores da Escola Nova, por preconizarem métodos ativos de educação. A partir do final do século XIX e início do século XX é que se configurou definitivamente o movimento escolanovista. As principais características da Escola Nova são educação integral (intelectual, moral e física); educação ativa; educação prática, com obrigatoriedade Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 28 de 70 de trabalhos manuais; exercício de autonomia; vida no campo; internato; coeducação; ensino individualizado (ARANHA, 2006). Imprensa Régia: a imprensa régia foi a primeira editora brasileira, fundada em 1808 na cidade do Rio de Janeiro. Até esse período as publicações eram proibidas; surgiram sob a proteção oficial a Gazeta do Rio de Janeiro (1808) e a Idade de ouro no Brasil (1811). A Impressão Régia brasileira foi uma filial da editora (de mesmo nome) existente em Lisboa, capital de Portugal. A iniciativa foi em função da chegada da família real portuguesa em terras brasileiras. Jurisdição: a jurisdição está relacionada ao poder que o Estado detém para aplicar o direito ao caso concreto, com o objetivo de solucionar os conflitos de interesses e, com isso, resguardar a ordem jurídica e a autoridade da lei. Em seu sentido tradicional, está circunscrita ao Poder Judiciário, contudo também diz respeito ao limite de competência de determinado órgão público. Oligárquico: na ciência política, oligarquia é a forma de governo em que o poder político está concentrado num pequeno número de pessoas. Essas pessoas podem distinguir-se por nobreza, riqueza, laços familiares, empresas ou poder militar. Organização técnico-burocrática: forma de organização do trabalho sustentada na divisão do trabalho, na fragmentação da ação educativa e em concepções de caráter predominantemente instrumental e técnico do planejamento. A burocracia é uma forma de organização que se baseia na racionalidade, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. A forma de organização técnico-burocrática torna a administração mais eficiente e eficaz e isso garante rapidez e racionalidade ao trabalho, além de diminuir os problemas internos das empresas. Período joanino: após a chegada da família real portuguesa no Brasil, iniciou-se o período joanino (1808-1821). A transferência do Estado Português para o Brasil foi fundamental para que o país pudesse encaminhar seu processo de emancipação política. Na época, D. João VI, era príncipe-regente e dirigia o governo no lugar de sua mãe doente, dona Maria I, a rainha de Portugal. Primeira República: a Primeira República brasileira, normalmente chamada de República, foi o período da história do Brasil que se estendeu da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, até a Revolução de 1930. Ratio Studiorum: conjunto de normas criado para regulamentar o ensino nos colégios jesuíticos. Tinha por finalidade ordenar as atividades, as funções e os métodos de avaliação nessas escolas. A Ratio Studiorum se transformou, de apenas uma razão de estudos, em uma razão política, uma vez que exerceu importante influência em meios políticos, mesmo não católicos. Tal plano educacional caracteriza-se por um Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos da Gestão em Educação – Temas 1 ao 8 ............................ Página 29 de 70 manual prático com 467 regras que inclui todos os atuantes vinculados ao ensino, cujos elementos mais importantes de seu conteúdo abrangem a administração, o currículo e a metodologia. Reforma de Capanema: a Reforma Capanema foi o nome dado às transformações projetadas no sistema educacional brasileiro em 1942, durante a Era Vargas, liderada pelo então Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, que ficou conhecido pelas grandes reformas que promoveu, entre elas, a do ensino secundário e o grande projeto da reforma universitária. Ressignifcar: método utilizado na neurolinguística, no qual se atribui um novo significado para situações anteriormente vivenciadas. Por meio da ressignificação é possível atribuir um novo entendimento sobre as coisas, os fenômenos, as situações. É um sentido novo para algo com significado Segunda República: depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) teve início a Segunda República, também chamada de República Populista, que se estende da deposição de Getúlio, em 1945, até o golpe militar de 1964. As pesquisas sobre avaliação no Brasil tiveram início na década de 1930 e, até a década de 1970, estavam pautadas em testes padronizados que buscavam medir as habilidades e aptidões dos alunos, com vistas a mensurar a eficiência e a produtividade do sistema de ensino. É a partir da década de 1980 que a preocupação com a avaliação passa a privilegiar também o aspecto qualitativo e as relações de poder que envolvem o currículo, os aspectos sociais e políticos culturais que refletem no rendimento escolar (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 264-235). A instituição de uma política nacional de avaliação da qualidade do ensino no Brasil é delineada na década de 1990, no contexto de reformas
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