Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
W BA 02 56 _V 3. 0 ROTINAS DE ADMISSÃO DE COLABORADORES 2 Scheila Costa da Silva São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2022 ROTINAS DE ADMISSÃO DE COLABORADORES 1ª edição 3 2022 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Juliana de Oliveira Anhasco Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Silva, Scheila Costa da Rotinas de admissão de colaboradores / Scheila Costa da Silva. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022. 42 p. ISBN 978-65-5356-208-0 1. Contratação do empregado. 2. Registro do novo colaborador. 3. LGPD. I. Título. 3. Técnicas de speaking, listening e writing. I. Título. CDD 658.311 _____________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O S586r © 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 Documentos exigidos na contratação dos colaboradores ____ 07 O registro do novo colaborador ______________________________ 20 Contrato de trabalho _________________________________________ 34 Assinatura do contrato de trabalho, acordos, termos de responsabilidade e declarações, onboarding e employee advocacy ___________________________________________ 49 ROTINAS DE ADMISSÃO DE COLABORADORES 5 Apresentação da disciplina A rotina de admissão de colaboradores é composta por várias fases que se iniciam após a escolha do candidato que melhor se adequa ao cargo. Para quem desconhece os processos envolvidos nessa rotina, pode parecer algo simples, mas, durante as aulas, você perceberá que a admissão é muito mais do que a simples execução de uma burocracia que faz parte do protocolo. Em nossa disciplina Rotinas de admissão de colaboradores, vamos compreender a ordem dos processos de admissão do novo colaborador, a legislação vigente e os procedimentos legais que regem esse processo. Vamos analisar também algumas práticas inovadoras que tornam o processo mais eficaz quando visualizado para a obtenção dos objetivos organizacionais. Vamos ver quais são os documentos necessários para o registro dos funcionários e a importância de cada um, e como as informações contidas nesses documentos são utilizadas nesse processo primordial e detalhista. Vamos entender o que a legislação fala sobre a retenção de documentos e sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e como ela influencia diretamente nas rotinas de admissão. Vamos analisar o que distingue empregador e empregado, relação de trabalho e relação de emprego, bem como entender os tipos de contrato, as declarações, os acordos e os termos de responsabilidade que acompanham o contrato de trabalho. Por fim, vamos falar sobre as práticas de onboarding e Employee Advocacy nos processos de integração e socialização dos novos funcionários. 6 Esta disciplina foi planejada para abranger não somente a teoria, mas também a execução prática de algumas ações tão importantes nesse processo. Bons estudos! 7 Documentos exigidos na contratação dos colaboradores Autoria: Scheila Costa Leitura crítica: Juliana de Oliveira Anhasco Objetivos • Compreender a ordem dos processos de admissão do novo colaborador. • Identificar os documentos exigidos para o registro dos novos colaboradores. • Conhecer as leis que regulam o processo de admissão. 8 1. Introdução Nesta aula, falaremos sobre o processo de admissão dos colaboradores, a legislação vigente, os documentos necessários e a importância de cada um nesse processo primordial e detalhista, por vezes desconhecido por muitos, mas imprescindível para as boas práticas do setor de RH. 2. Admissão Terminado o processo de seleção, o qual definiu a escolha do candidato que melhor se adequa à vaga, inicia-se o processo de contratação e gerenciamento do novo contratado. Matoso (2020, p. 65) comenta que: Quando se pensa na administração de pessoas de uma organização de grande, médio ou pequeno porte, logo vinculamos essa responsabilidade aos profissionais de recursos humanos, que podem pertencer a própria empresa, ou ainda, a uma empresa terceirizada contratada para realizar as admissões e o gerenciamento dos trabalhadores. É importante entender que, mesmo com os avanços do setor de recursos humanos ou gestão de pessoas, há processos burocráticos que não podem ser eliminados, afinal, a empresa precisa cumprir as regras em relação à legislação trabalhista, previdenciária e tributária vigentes no país. Independentemente de o gerenciamento das pessoas ser realizado internamente, ou de esse serviço ser terceirizado, a primeira ação após comunicar ao candidato que ele foi escolhido é agendar o exame admissional e entregar a relação dos documentos necessários à contratação. 9 2.1 A legislação Em nosso país, para que as empresas possam agir em conformidade com a lei, elas devem seguir os artigos que regulam as relações de trabalho por meio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e proporcionar aos seus funcionários, desde a sua admissão, todos os direitos trabalhistas. A CLT surgiu pelo Decreto-Lei n. 5.452 de 1 de maio de 1943, e, desde então, já passou por várias alterações, necessárias para adequar seu texto ao desenvolvimento e mudanças que ocorreram no decorrer do tempo no tocante às relações trabalhistas (BRASIL, 1943). Por esse motivo, é importante ao profissional, que tem sua atuação vinculada às rotinas do RH, ser o responsável por se atualizar diante das mudanças nas leis trabalhistas, através de constantes atualizações, não podendo alegar desconhecimento e evitando infrações que possam levar ao registro de multas administrativas. 2.2 Exame admissional Na prática, o exame admissional é uma garantia para o empregador de que o empregado possui condições físicas e psicológicas para exercer sua função. No entanto, para explicarmos a importância do exame admissional, é necessário entender a Norma Regulamentadora n. 7, ou simplesmente NR-7, o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Segundo o Ministério do Trabalho e Previdência, a NR-7 é caracterizada como Norma Geral pela Portaria SIT n. 787, de 28 de novembro de 2018. Ela regulamenta o aspecto decorrente da relação jurídica prevista na lei, isto é, a saúde do trabalhador, sem estar condicionada a outros requisitos, como atividades, instalações, equipamentos ou setores e atividades econômicos específicos (BRASIL, 2018). 10 Ainda, segundo o Ministério do Trabalho e Previdência, que regulamenta a NR-7 e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) (BRASIL, 2018), “estabelece a obrigatoriedade na criação e implementação, do PCMSO nas organizações, com a finalidade de promover e preservar a saúde de seus colaboradores”. O PCMSO é vinculado à medicina do trabalho, seu objetivo é analisar possíveis riscose através deles implementar estudos clínicos avaliativos, para identificar os possíveis impactos desses riscos na saúde dos trabalhadores. Já o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) passou por alterações, e a publicação das Portarias n. 6.730 e n. 6.735 altera a redação das Normas Regulamentadoras NR-1 e NR-9, exigindo que as empresas revejam as formas de prevenção de doenças e acidentes ocupacionais, com a criação de dois novos conceitos: o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) (BRASIL, 2020). De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência, o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais prevê a avaliação de todos os riscos ocupacionais (não apenas os ambientais), a indicação do nível de risco e sua classificação para determinação das medidas de prevenção e o acompanhamento do controle dos riscos ocupacionais. Com a introdução desse novo conteúdo na NR-1, que dialoga com todas as demais normas regulamentadoras, os requisitos referentes a gerenciamento de riscos até então existentes na NR-9 foram transpostos para a NR-1, restando ao novo texto da NR-9 os requisitos específicos para avaliação e controle das exposições ocupacionais aos agentes químicos, físicos e biológicos ou ergonômicos (BRASIL, 2020). E como isso interfere no exame admissional? Veja no esquema a seguir: 11 Figura 1 – Integração, segurança e medicina do trabalho no atestado de saúde ocupacional Fonte: elaborada pela autora. O atestado de saúde ocupacional (ASO) segue critérios orientados pelas Normas Regulamentadoras. É importante ressaltar que cabe a cada organização desenvolver o seu Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, pois é ele que orientará sobre a realização dos exames médicos (admissional, demissional, periódico e de complementação), de acordo com as funções existentes. O exame admissional é obrigatório, e deve ser realizado antes do início das atividades do novo colaborador, ou seja, o trabalhador deve ser avaliado para a função que irá exercer, independentemente do cargo ou função. O exame só poderá ser realizado por um médico especializado em medicina do trabalho, que esteja devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM), ou por um grupo recomendado e orientado pelo coordenador do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), utilizando-se de uma anamnese ocupacional, e de mais exames, de acordo com a função, que avaliará se o funcionário está apto física e mentalmente para exercer sua função. 12 É importante salientar que profissionais que exercem funções de risco, como exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, precisam realizar exames admissionais complementares como audiometria, acuidade visual, espirometria e raio-X , e até eletroencefalograma e eletrocardiograma para profissionais que trabalham em alturas elevadas, dirigem veículos motorizados ou atuam em espaços confinados. O exame admissional deve ser agendado e custeado pela empresa, que por sua vez deve repassar as informações de data e horário do agendamento ao novo colaborador. Após a consulta, o novo colaborador receberá duas vias do ASO, e deve entregar à empresa junto com os demais documentos exigidos para a sua admissão. É importante salientar, que alguns exames são expressamente proibidos de serem solicitados pelas empresas, independentemente de serem exames admissionais, periódicos ou demissionais, pois são encarados como discriminatórios. São eles: exames que comprovem esterilização, teste de gravidez e teste de HIV. 2.3 Documentos obrigatórios para admissão De acordo com Alcantara (2018, p. 114): Tratando-se da documentação necessária, devem ser considerados alguns aspectos para a formalização da admissão, bem como para a identificação e a particularização do funcionário, ao mesmo tempo que são exigências legais em alguns casos. Ainda de acordo com o autor, entre os documentos que podem ser exigidos estão: atestado médico admissional; Registo Geral (RG); Número do PIS; CPF; Título de eleitor; CNH (quando necessário para 13 função); comprovante de escolaridade; comprovante de residência; reservista (homens com idade entre 18 e 45 anos); foto 3×4. Outros documentos podem ser solicitados, desde que compatíveis com a função a ser exercida pelo empregado ou com a situação peculiar do empregado ou de sua família. Carteiras profissionais expedidas pelos órgãos de classe (quando necessário para a função): certidão de nascimento ou casamento; certidão de nascimento dos filhos menores de 21 anos de idade (se houver); atestado de invalidez dos filhos de qualquer idade, se for o caso para comprovação de dependência; CPF dos filhos; e se o funcionário for casado a cópia da certidão de casamento e a cópia do RG e do CPF do cônjuge. E, ainda, se houver a condição de filhos entre 0 e 14 anos deve ser apresentada a certidão de nascimento, o CPF, a carteirinha de vacinação e, ainda, o comprovante de escolaridade, caso a criança tenha de 7 a 14 anos (ALCANTARA, 2018, p.115). 14 Figura 2 – Documento de Identidade Oficial do Brasil (RG), Cadastro de Pessoa Física (CPF) e Carteira Nacional de Habilitação (CNH) Fonte: Edi Edson/iStock.com. Alcantara (2018, p. 116) salienta que: É preciso atentar para que o empregador, no afã de solicitar a documentação do empregado, não esbarre em uma situação de discriminação e venha a se incomodar posteriormente, até mesmo com prejuízos financeiros. Documentos que a empresa não pode exigir ao novo trabalhador: 15 • Certidão negativa de ações trabalhistas (comprovação da inexistência de processo trabalhista por parte do empregado). • Atestado de dívidas no nome do empregado (certidões negativas de débitos ou protestos). • Informações sobre antecedentes criminais, exceto se a atividade que o funcionário irá desempenhar justifique a exigência. Observações importantes: • A relação de documentos dos filhos é indispensável para o recebimento do salário-família caso o funcionário tenha direito. • É obrigatória a apresentação do CPF dos dependentes independentemente da idade, pois a não apresentação impede a realização do cadastro do dependente, impossibilitando o direito ao plano de saúde, do salário-família, caso tenha direito, e a menção na declaração do Imposto de Renda. • A carteira de vacinação e comprovante de frequência escolar são obrigatórios para comprovar o direito ao recebimento das cotas do salário-família, conforme exigência prevista no art. 84 do decreto n. 3.048/1999 (BRASIL, 1999). • Os documentos do cônjuge são indispensáveis para o seu cadastramento como dependente na declaração de Imposto de Renda. • O comprovante de residência deve comprovar uma residência fixa, seja ela própria ou alugada. A empresa precisa ter a certeza de que, caso necessário, o candidato poderá ser encontrado em um endereço fixo para o envio de correspondências. É imprescindível que contenha nome completo, endereço completo contendo logradouro, número e complemento (se houver), cidade, estado e CEP. 16 2.4 Carteira de Trabalho Digital Toda pessoa inscrita no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) possui uma carteira de trabalho digital. De acordo com a Lei n.13.874/2019 (BRASIL, 2019a): [...] não é mais necessário que o funcionário apresente a carteira de trabalho física para a sua contratação pois a mesma foi substituída pela Carteira digital. Visando modernizar o acesso às informações da vida laboral do trabalhador a CARTEIRA DE TRABALHO DIGITAL, substitui a Carteira de Trabalho física, e está disponível para todos os cidadãos através de Aplicativo para celular nas versões iOS, Android e Web. Figura 3 – Aplicativo Carteira de Trabalho Digital substituiu a versão impressa Fonte: https://www.gov.br/pt-br/noticias/financas-impostos-e-gestao-publica/2020/07/ carteira-de-trabalho-digital-tem-mais-de-100-milhoes-de-acessos. Acesso em: 13 maio 2022. De acordo com o site do Governo Federal do Brasil,a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é o documento que registra a vida profissional do trabalhador e garante o acesso aos direitos trabalhistas previstos em lei. A vantagem da CTPS digital é a facilidade de acesso 17 pela internet. A carteira de trabalho será emitida de forma prioritária no formato digital e excepcionalmente no formato físico (BRASIL, 2022). Em outras palavras, não é mais necessário que o candidato apresente a Carteira de Trabalho física, que deixou de ser obrigatória pela publicação da Lei n.13.874/2019 (BRASIL, 2019a), alterando os artigos 13 e seguintes da CLT. As portarias n. 1.065/2019 (BRASIL, 2019b) e n. 1.195/2019 (BRASIL, 2019c) regulamentam essas alterações. No entanto, caso a empresa solicite a carteira de trabalho física, segundo o artigo 29 da CLT (BRASIL, 1943), “o prazo para a devolução da carteira é de 48 horas”, mas, a partir de 24 de setembro de 2019, todas as admissões devem ser realizadas somente por intermédio da CTPS digital. 2.5 Retenção de documentos De acordo com a Lei n. 5.553/68 (BRASIL, 1968): Nenhuma pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, poderá reter qualquer documento de identificação pessoal, ainda que apresentado por fotocópia autenticada ou pública-forma, inclusive comprovante de quitação com o serviço militar, título de eleitor, carteira de trabalho, certidão de registro de nascimento, certidão de casamento, comprovante de naturalização, carteira de identidade de estrangeiro, Carteira Nacional de Habilitação etc., ainda que, apenas, para ingressar em prédio público ou particular. Sendo assim, todos os documentos apresentados pelos candidatos devem ser fotocópias, devendo-se respeitados o tratamento dos dados conforme a Lei n. 13.709/2018, mais conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) (BRASIL, 2018), “que estabelece os princípios, direitos e deveres que deverão ser observados no tratamento de dados pessoais, em todas as práticas que envolvem as práticas de Recursos Humanos”. Na prática, a empresa faz a digitalização desses documentos 18 e o arquivamento se faz em bancos de dados seguros e protegidos, respeitando a LGPD, e as cópias são devolvidas ao funcionário. Nesta aula, foi possível perceber a importância do setor de admissão e como há uma enorme quantidade de informações por trás de uma simples relação de documentos. Também foi possível observar a importância do conhecimento e cumprimento da legislação trabalhista. A conferência dos documentos é só o início do processo, mas é uma tarefa que cobra dos seus envolvidos conhecimento e atualização constante, além de organização e atenção aos detalhes. Referências ALCANTARA, S. A. Legislação trabalhista e rotinas trabalhistas. 4. ed. ver. e atual. Curitiba: InterSaberes, 2020. BRASIL. Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1999. BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452 de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, DF: Presidência da República, 1943. BRASIL. Lei n. 5.553, de 6 de dezembro de 1968. Dispõe sobre a apresentação e uso de documentos de identificação pessoal. Brasília, DF: Presidência da República, 1968. BRASIL. Lei n. 13.874, de 20 de setembro de 2019. Brasília, DF: Presidência da República, 2019a. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Norma Regulamentadora n. 7 (NR- 7). Brasília, DF: Presidência da República,1978. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Norma Regulamentadora n. 9 (NR- 9). Brasília, DF: Presidência da República, 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria n. 787, de 27 de novembro de 2018. Dispõe sobre as regras de aplicação, interpretação e estruturação das Normas Regulamentadoras. Brasília, DF: Presidência da República, 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria n. 1.065, de 23 de setembro de 2019. Disciplina a emissão da Carteira de Trabalho e Previdência Social em meio eletrônico–Carteira de Trabalho Digital. Brasília, DF: Presidência da República, 2019b. 19 BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria n. 1.195, de 30 de outubro de 2019. Disciplina o registro de empregados e a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social em meio eletrônico, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2019c. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria n. 6.734, de 9 de março de 2020. Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora n. 07–Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional–PCMSO. Brasília, DF: Presidência da República, 2020. MATOSO, R. B. Gestão de rotinas trabalhistas no eSocial. Curitiba: Contentus, 2020. 20 O registro do novo colaborador Autoria: Scheila Costa Leitura crítica: Juliana de Oliveira Anhasco Objetivos • Compreender a importância de estar em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). • Identificar os preceitos necessários ao registro do empregado. • Entender as bases do eSocial para a admissão dos funcionários. 21 1. Introdução Nesta aula, vamos observar como são utilizados os dados dos funcionários no processo de admissão, como a lei de tratamento dos dados regulamenta a proteção dos dados pessoais dos funcionários e como deve ser a inserção das informações e dos dados na ficha de registro, nos sistemas ERP e no eSocial. 2. O RH e o uso de dados pessoais Ninguém pode negar os benefícios gerados pela tecnologia, mas, ao longo dos anos, foi possível perceber o quanto estávamos desprotegidos em relação aos nossos dados pessoais. Empresas de todos os portes e segmentos tiveram que se adequar e se prevenir de ataques de hackers e vazamentos de dados. Nesse contexto, o departamento de recursos humanos é uma grande preocupação, pois tem muitas informações essenciais de seus funcionários, ex-funcionários, candidatos a emprego e prestadores de serviço. De acordo com Fidelis (2020, p. 9): A sistemática de trabalho do DP está baseada no controle dos dados pessoais, profissionais e disciplinares de todos os colaboradores da empresa: a) Dados pessoais: controle das alterações de nome, estado civil, dependentes, endereço etc. b) Dados profissionais: controle de frequência, atestados, folha de pagamento, afastamentos, treinamentos, promoções, transferências, certificados etc. c) Dados disciplinares: controle de qualquer dispositivo legal aplicado (advertência, suspensão etc.). Para o autor, o RH possui dados completos dos colaboradores, dados e informações dos seus profissionais armazenadas de diversas formas, esses dados geram informações que atenderão às exigências dos órgãos que regulam as relações trabalhistas, assim como servem de subsídio 22 para ações e decisões dos gestores da empresa, pois, além de toda a documentação pessoal dos colaboradores, há também informações sobre o desenvolvimento deles, obtidas através das avaliações de desempenho, relatórios de feedback, entrevistas de desligamento e até dos currículos recebidos. É histórico que os profissionais de RH sempre tiveram uma preocupação quanto à proteção dos dados e informações geridas pelo setor, mas, agora, é preciso assegurar que os processos e procedimentos adotados estejam em conformidade e que garantam a proteção das informações. 2.1 Lei Geral de Proteção de Dados A Lei n. 13.709/2018, mais conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor em setembro de 2020. Segundo a Agência Senado, entre suas sanções administrativas previstas, em caso de violação das regras previstas, cabe advertência, com possibilidade de medidas corretivas e multa de até 2% do faturamento, com limite de até R$ 50 milhões, o bloqueio ou a eliminação dos dados pessoais relacionados à irregularidade, a suspensão parcial do funcionamento do banco de dados ou a proibição parcial ou total da atividade de tratamento. A Lei estabelece regras relativas à coleta, armazenamento, tratamento e compartilhamentode dados pessoais (AGÊNCIA SENADO, 2020). De acordo com Pinheiro (2020, p. 15): A Lei n. 13.709/2018 é um novo marco legal brasileiro de grande impacto, tanto para as instituições privadas como para as públicas, por tratar da proteção dos dados pessoais dos indivíduos em qualquer relação que envolva o tratamento de informações classificadas como dados pessoais, por qualquer meio, seja por pessoa natural, seja por pessoa jurídica. É uma regulamentação que traz princípios, direitos e obrigações relacionados ao uso de um dos ativos mais valiosos da sociedade digital, 23 que são as bases de dados relacionados às pessoas [...]O prazo inicial estabelecido para adaptação às novas regras foi de dezoito meses, tanto para a iniciativa pública como para a privada, considerando qualquer porte e segmento de mercado e a necessidade de atender às exigências de forma eficiente e sustentável, atingindo um nível de proteção de dados inclusive em âmbito internacional quando há tratamento do dado fora do Brasil. Findo esse prazo, poderão, então, ser aplicadas as penalidades previstas, consideradas elevadas, seguindo a mesma tendência das demais regulamentações sobre a mesma matéria em outros países, inspirada, especialmente, pelo Regulamento Europeu de Proteção de Dados Pessoais, também conhecido como GDPR. Ou seja, as empresas que operam no Brasil e que mantêm informações em seus bancos de dados, independentemente do seu porte ou segmento, são responsáveis pelos dados de funcionários, clientes e parceiros comerciais que estão em sua posse e devem cumprir a Lei, evitando assim penalidades em caso de não conformidade. Já os departamentos de recursos humanos deverão dar uma atenção especial à coleta de dados pessoais dos envolvidos em seus processos, e como e quais dados (seguindo nossa legislação trabalhista) devem ser arquivados e mantidos em segurança. Segundo a Agência Senado, alguns dados considerados sensíveis são: Fotos, histórico médico, data de nascimento, origem racial ou étnica, informações sobre gênero e sexualidade, convicções religiosas, opiniões filosóficas ou políticas, filiação sindical, número de documentos pessoais, dados genéticos ou biométricos e situação familiar. (AGÊNCIA SENADO, 2020, [s.p.]) Isso porque algumas informações não atendem aos princípios de finalidade, adequação e necessidade e, por vezes, em alguns casos, não possuem base legal para serem coletadas. A nossa CLT exige a identificação dos funcionários, principalmente para a confecção do contrato de trabalho, o cadastro da ficha de empregado 24 e eSocial, assim como informações sociais que alimentarão as bases do INSS, Receita Federal, Caixa Econômica Federal e Ministério do trabalho, e Previdência Social. Cabe, então, às empresas, avaliar seus processos quanto ao objetivo da coleta de qualquer dado e ser transparente, expondo aos envolvidos que os dados somente poderão ser coletados e mantidos se houver consentimento e garantindo que eles tenham ciência do que está sendo solicitado e de como esses dados serão utilizados. Então, para a sua própria segurança, o ideal é que as empresas acionem os seus departamentos de tecnologia, jurídico e compliance e desenvolvam técnicas e procedimentos capazes de zelar pelos dados em seu poder. Também é necessário que o departamento jurídico juntamente com o RH desenvolva termos de ciência e consentimento para o tratamento e arquivamento dos dados pessoais dos envolvidos. 3. Registro do novo colaborador O processo admissional é a formalização e a legalização da contratação do novo colaborador. O processo se inicia com a escolha do candidato. Após o aviso ao candidato de que ele foi o escolhido, deve ser verificado se não há declínio por parte dele à vaga. Confirmado o aceite, deve ser agendado o exame admissional e encaminhada a relação dos documentos necessários para a formalização e legalização do contrato. A admissão propriamente dita inicia-se após a conferência dos documentos que foram encaminhados pelo candidato. Uma vez que os documentos estão nas mãos do departamento de recursos humanos, cabe à empresa nutrir com os dados do novo colaborador a sua ficha de registro. Conforme o artigo 41 da CLT (BRASIL, 1943, [s.p.]: Em todas as atividades será obrigatório para o empregador o registro dos respectivos trabalhadores, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema 25 eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social. O maior objetivo da ficha de registro do empregado é ter cadastrado todos os dados e informações necessárias para a admissão do funcionário, e as informações que irão compor o contrato de trabalho. A ficha deve ser atualizada sempre que houver alguma nova informação como férias, afastamentos, contribuição sindical, aumento salarial e promoções. No caso dos livros e fichas físicas de registro dos empregados, é importante salientar que não pode haver rasuras, se for utilizado letra cursiva deve ser legível, sendo preenchido preferencialmente com caneta preta ou azul, e é muito importante que sigam uma sequência numérica, de maneira alguma pode haver duplicidade na numeração dos empregados. Figura 1 – Ficha de registro de empregado Fonte: elaborada pela autora. 26 Com o tempo e a evolução tecnológica, os livros de registro de empregados e as fichas físicas de registro de empregados foram sendo deixados de lado, já que os sistemas eletrônicos são mais práticos. Porém, é sempre bom lembrar que algumas empresas ainda utilizam esse tipo de registro. Já no caso dos sistemas eletrônicos, eles são programados para que toda vez que a aba admissão seja aberta a numeração apresentada já seja a próxima da sequência, e esse campo é bloqueado, não admitindo que seja digitado um novo número Quando se fala em registro de empregados, não há como não falar em sistemas Enterprise Resource Planning (ERP). Hoje, empresas e escritórios contábeis utilizam os sistemas ERP por favorecerem a análise de dados e a integração com demais sistemas, pois a centralização das informações acontece em uma plataforma única, e o fluxo dos dados se torna mais fluido, sendo compartilhado com maior facilidade. Isso se torna essencial para a área de RH, pois, além de facilitar os fluxos do departamento, também se torna uma forte ferramenta para a segurança dos dados e informações, visto que as empresas de tecnologia investem cada vez mais em segurança, atendendo até mesmo as regras da Lei Geral de Proteção de Dados. 3.1 O cadastro do novo colaborador Aqui fica clara a importância da conferência dos documentos recebidos. Ao iniciar o cadastro, se estiver tudo certo e em ordem, não haverá problemas ou desperdício de tempo. Considerando que, se for uma grande quantidade de cadastros, a falta de um documento ou a dificuldade em visualizar uma informação pode gerar desperdício de tempo e retrabalho. O cadastro de um funcionário nos sistemas eletrônicos geralmente segue a mesma sequência das fichas físicas. 27 Figura 2 – Tela inicial de cadastro de funcionários Fonte: elaborada pela autora. Conforme a Figura 2, as primeiras informações a serem inseridas serão o nome do funcionário e seu CPF. Pela imagem anterior, é possível notar que o campo “Código” não admite inserção manual, assim como a matrícula do eSocial. Essa informação aparecerá posteriormente após a inserção do número do PI. Figura 3 – Tela de cadastro de dados pessoais Fonte: elaborada pela autora. 28 Não há segredo para a realização do cadastro do empregado se ele tiver entregado todos os documentos solicitados. No mais, é um momento em que o profissional do RH deve estar concentrado para que não digite números ou informações erradas. Após cadastrar a primeira tela com as informações solicitadas, deve-se seguir para as próximas telas apresentadas nas abas ao lado, conforme apresenta a Figura 3, documentos, dados funcionais, específicos e resumo. 3.2 Admissão digitalUma vantagem que a tecnologia nos trouxe é a agilização e integração dos processos. Em um mundo globalizado, é possível trabalhar a distância, e por que não, contratar a distância? Antigamente, ao contratar um funcionário que se encontrava longe do RH, executava-se a contratação por malote. E quantos foram os documentos e carteira de trabalho extraviados. Hoje, a admissão e até o cadastro do funcionário pode ser realizado totalmente de forma digital. A admissão digital permite que o novo colaborador envie seus documentos via internet, sem a necessidade de deslocamento até a empresa. O processo é realizado por meio de um software de RH, que possibilita o recebimento e o armazenamento dessas informações em nuvem. Em um processo simplificado, o novo colaborador preenche os dados solicitados, anexa fotos ou a digitalização dos documentos, e, por último, faz a qualificação cadastral do eSocial diretamente no software. Cabe, então, ao RH conferir e validar os dados cadastrados por ele, e inserir os dados de responsabilidade da empresa, como a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do cargo, o salário, a escala de horários, o centro de custo e demais dados funcionais e específicos de responsabilidade da empresa. 29 Algumas empresas especializadas em serviços de RH estão desenvolvendo novos processos de admissão, até mesmo através da utilização da inteligência artificial com reconhecimento facial e biométrico. Mas todos os avanços na área têm como objetivo automatizar processos, ganhar tempo e confiabilidade no gerenciamento das informações. 4. Cadastro eSocial O eSocial é uma plataforma que unifica a comunicação entre Governo e os empregadores referente ao envio de informações trabalhistas dos seus empregados. O sistema foi criado para simplificar os processos de envio dos dados trabalhistas, previdenciários e fiscais, substituindo a entrega de formulários individuais para cada declaração. O Decreto n. 8373/2014 (BRASIL, 2014) estabeleceu a alteração onde o eSocial foi instituído. Ele é resultado de uma ação conjunta entre a Receita Federal, a Caixa Econômica Federal, o INSS e o Ministério do Trabalho e a Previdência Social. Segundo a página Acesso GOV.BR (2020), o eSocial é um sistema informatizado da Administração Pública e todas as informações nele contidas estão protegidas por sigilo. O acesso não autorizado, a disponibilização voluntária ou acidental da senha de acesso ou de informações e a quebra do sigilo constituem infrações ou ilícitos que sujeitam o usuário à responsabilidade administrativa, penal e civil (BRASIL, 2020). O eSocial trabalha com uma tabela de eventos, relacionamos, a seguir, os que são utilizados para o processo admissional: • S-2190 – Admissão de trabalhador/registro preliminar. 30 • S-2200 – Cadastramento inicial do vínculo e admissão. • S-2205 – Alteração de dados cadastrais do trabalhador. • S-2206 – Alteração de contrato de trabalho. • S-2298 – Reintegração de empregado. Na prática, o eSocial substitui o Livro de Registros, onde todos os dados e informações admissionais cadastradas por qualquer sistema digital ou físico são armazenados. O registro no eSocial é obrigatório, e se o empregador não tiver todos os dados do novo empregado, deve utilizar o registro preliminar código S-2190, que solicitará o CPF do empregado, o CNPJ do empregador, a data de nascimento e a data de admissão do empregado. É importante lembrar que o prazo máximo para esse envio é o dia anterior ao início da prestação do serviço pelo empregado e que o trabalhador cadastrado apenas com o evento S-2190 não será exibido na tela de gestão de empregados pois na realidade seu cadastro ainda não foi efetivado. Figura 4 – S-2190 – Registro preliminar Fonte: captura de tela da página do eSocial. Já o código S-2200 refere-se ao cadastramento da admissão. Se foi utilizado o código S-2190, cabe a empresa completar as informações do empregado e realizar novo envio com o código S-2200 até o dia 7 do próximo mês, mas, caso o fechamento da folha de pagamento ocorra antes desse prazo, prevalece o prazo do fechamento da folha. 31 Figura 5 – S-2200 – Cadastramento inicial do vínculo Fonte: captura de tela da página do eSocial. O evento S-2200 serve, também, para o cadastramento inicial de todos os vínculos ativos pelo declarante, na data do início da obrigatoriedade de envio dos eventos não periódicos, com seus dados cadastrais e contratuais atualizados. Ele deve ser enviado, também, quando o trabalhador é transferido de um declarante do mesmo grupo econômico ou em decorrência de uma sucessão, fusão ou incorporação. É importante saber que o envio do evento S-2200 é condição para recebimento de outros eventos, ele é o evento raiz que confirma a admissão do empregado. A inserção e a confirmação do S-2200 possibilitarão que outros eventos, como os afastamentos temporários e desligamentos, e o cumprimento das obrigações relacionadas à Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), ao registro e à Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) possam ser realizados no eSocial. Também é importante respeitar a matrícula do empregado, que deve ser única, seguindo o número de registro da empresa, e não é permitido à empresa iniciar uma nova numeração, ou seja, deve-se utilizar a sequência já existente. No eSocial prevalecerá o CNPJ raiz do empregador, e, caso o empregado vá trabalhar em uma filial, deverá ser informado no campo (nrlnsc) o local em que ele ficará locado. Os envios dessas informações podem ser realizados até 30 dias anteriores à data prevista para o início das atividades do empregado e 32 caso haja desistência tanto por parte do empregado quanto por parte do empregador pode haver a exclusão dos eventos, mas, somente se a prestação de serviço não tiver sido iniciada, se o trabalhador já estiver iniciado seu trabalho, a única forma existente para cancelar esses eventos é a rescisão contratual. Figura 6 – S-2200 – Admissão/cadastramento do trabalhador Fonte: captura de tela adaptada da página do eSocial. É importante salientar que, para o registro S-2200, todos os dados solicitados com asterisco (*), das duas abas, devem ser preenchidos para a efetivação, e, ao final do cadastro da primeira aba, deve-se clicar em “Continuar” para ser direcionado para a aba de dados contratuais. Quanto à CTPS, todas as anotações serão realizadas através do envio dos dados e informações encaminhadas ao eSocial, o registro, então, se efetivará na CTPS digital. 33 Nesta aula, foi possível nos aprofundarmos em como se realiza o registro de um funcionário e também como deve ser o tratamento das informações e dados pessoais dos funcionários, de acordo com a LGPD. É percebível que a tecnologia agiliza em muito o processo de admissão, tomando-o além de mais ágil, mais confiável também. Mas é imprescindível considerar que esse é um trabalho burocrático que exige concentração, conhecimento e atualização constante por parte dos funcionários do RH. Referências AGÊNCIA SENADO. Lei Geral de Proteção de Dados entra em vigor. Senado Federal, 2020. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/09/18/ lei-geral-de-protecao-de-dados-entra-em-vigor. Acesso em: 15 maio 2022. BRASIL. Decreto n. 8.373, de 11 de dezembro de 2014. Institui o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas–eSocial e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2014. BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452 de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, DF: Presidência da República, 1943. BRASIL. Lei n. 13.709 de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Brasília, DF: Presidência da República, 2018. BRASIL. Lei n. 13.853 de 8 de julho de 2019. Altera a Lei n. 13.709, de 14 de agosto de 2018 [...]. Brasília, DF: Presidência da República, 2019. BRASIL. Prestar informaçõesao eSocial pela Internet. Governo do Brasil, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/servicos/acessar-o-esocial. Acesso em: 25 fev. 2022. FIDELIS, G. J. Gestão de pessoas: Rotinas trabalhistas e dinâmicas do departamento pessoal. 6. ed. rev. atual. São Paulo: Erica, 2020. PINHEIRO, P. P. Proteção de dados pessoais: comentários a Lei n. 13709/2018 (LGPD). 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. SOUTO, R. T.; LINHARES, A. CLT–Consolidação das Leis do Trabalho. 29 ed. rev. e atual. Salvador: Juspodivm, 2022. 34 Contrato de trabalho Autoria: Scheila Costa Leitura crítica: Juliana de Oliveira Anhasco Objetivos • Compreender os conceitos de empregador e empregado. • Identificar os tipos de contrato de trabalho. • Conhecer as diferenças entre a relação de emprego e a relação de trabalho. 35 1. Introdução Nesta aula, vamos conhecer os conceitos de empregado e empregador e, assim, desvendar as peculiaridades dos contratos de trabalho, suas diferenças, prazos e regimentos. Vamos também observar as características da relação de emprego e as normas dos contratos de trabalho, assim como a formalização do contrato no eSocial e na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). 2. Conceitos de empregador e empregado O Decreto Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943 (BRASIL, 1943), “aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho, que estabeleceu normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho”. Para melhor entendermos essa relação, vamos observar a descrição dada pela CLT para empregador e empregado. A CLT em seu art. 2º descreve empregador como “a empresa, individual ou coletiva, que assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1º–Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados”. Já o art. 3º da CLT considera empregado–“toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único–Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual”. (BRASIL, 1943, [s.p.]) Então, é possível dizer que, pela descrição da CLT, tanto as pessoas físicas como as jurídicas podem ser empregadores. Isso tanto no setor público quanto no setor privado, pois, o trabalhador celetista é aquele 36 cuja relação de emprego é regida pela CLT, independentemente de o empregador ser do setor privado ou público, visto que a administração pública direta também contrata servidores pelo regime celetista. No caso dos trabalhadores rurais, as relações de trabalho são reguladas pela Lei n. 5.889/1973 (BRASIL, 1973) e no que com ela não colidirem, pelas normas da Consolidação das Leis do Trabalho, que considera empregador rural como: A pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados”. E no art. art. 4º equipara ao empregador rural “a pessoa física ou jurídica que, habitualmente, em caráter profissional, e por conta de terceiros, execute serviços de natureza agrária, mediante utilização do trabalho de outrem. (BRASIL, 1973, [s.p.]) Já o art. 2º da Lei n. 5.889/1973 (BRASIL, 1973) considera empregado rural “toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário”. Resumindo, empregador é aquele que assume os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Já o empregado é a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual, sob a dependência do empregador e mediante salário. 3. Contrato de trabalho A CLT e a Constituição Federal abrangem regras sobre o contrato de trabalho. O art. 442 da CLT (BRASIL, 1943) descreve que o contrato individual de trabalho é “o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”. E ainda o art. 443 da CLT (BRASIL, 1943) descreve que “o contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou 37 expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado”. Já o art. 468 da CLT (BRASIL, 1943, [s.p.]) descreve que [...] nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. O art. 7º da Constituição Federal (BRASIL, 1988) complementa os artigos 442 e 468 da CLT, estabelecendo os direitos dos trabalhadores tanto urbanos quanto rurais, e afirma a necessidade de vínculo por meio de contrato entre empregador e empregado. Existem, também, outros artigos que norteiam as normas dos contratos de trabalho, assim como demais regras relacionadas a tipos específicos de contrato de trabalho e que devido à Reforma Trabalhista sofreram significativas alterações, que veremos individualmente na sequência. Porém, antes de analisarmos individualmente cada tipo de contrato de trabalho, é preciso distinguir a relação de trabalho e a relação de emprego. Júnior (2012) descreve que a relação de trabalho [...] constitui o gênero da prestação de serviços, do qual se originam várias espécies. [...] sempre que o trabalho for prestado por uma pessoa em proveito de outra, sendo esse trabalho de meio ou de resultado, haverá uma relação de trabalho. (JÚNIOR, 2012, p. 141) Nesse sentido, verifica-se que a relação de trabalho pode ser resultante do trabalho autônomo, do trabalho eventual e do trabalho avulso. Já quando se trata da relação de emprego, a própria CLT em seu artigo 442 (BRASIL, 1943) estabelece que o contrato individual de trabalho correspondente à relação de emprego, e menciona que a relação de emprego deve ter as seguintes características: 38 • Pessoalidade. • Não eventualidade. • Remuneração. • Subordinação. Figura 1 – Características da relação de emprego Fonte: elaborada pela autora. Para Martins (2002, p. 90), a relação de emprego “trata do trabalho subordinado, do empregado em relação ao empregador [...]” “[...] e diz respeito à relação entre empregado e empregador e não a outro tipo de trabalhador”. Então, ao analisarmos qualquer relação de emprego, devemos somente considerar as que contemplam as características da pessoalidade, ou seja, o indivíduo (empregado) tem o dever jurídico de prestar os serviços pessoalmente, a natureza de não eventualidade do serviço, isto é, ele deverá ser necessário à atividade normal do 39 empregador, remuneração do trabalho a ser executado pelo empregado e subordinação jurídica, obrigação que correspondente o empregado de se submeter a ordens. Portanto, a relação de emprego deve ser desconsiderada quando qualquer uma dessas características não for apresentada. Em outras palavras, a relação de emprego somente se verifica quando todas essas características estiverem presentes ao mesmo tempo. Agora que já sabemos identificar as diferenças entre relação de emprego e trabalho, vamos verificar as vantagens do contrato de trabalho tanto para o empregador quanto para o empregado. Primeiramente é bom frisar que o contrato de trabalho é um acordo legal criado para proporcionar segurança entre as partes (contratante e contratado). É uma segurança para o empregador, pois demostra o quanto a sua gestão é séria e transparente, além disso, ele serve para certificar- se de que o profissional contratado está ciente que a empresa tem um compromisso com ele. Já para o contratado, a vantagem está em saber exatamente suas obrigações e atribuições e a remuneração e os benefícios aos quais terá direito. 3.1 Contratode experiência O contrato de experiência é um tipo de contrato por prazo determinado. Sua principal finalidade é a de se certificar de que há adaptação do empregado para com a empresa, se o novo contratado realmente tem o perfil apresentado no processo seletivo, se o desempenho apresentado é o adequado, se apresenta a devida aptidão para exercer a função para o qual foi contratado, e se a sua conduta em relação a pontualidade, resolução de problemas e trabalho em equipe é a esperada. Já para o empregado, é o período em que poderá verificar se a empresa cumpre com o que lhe foi oferecido ainda no processo de seleção e se 40 há identificação com a função, a equipe de trabalho e os superiores hierárquicos. A duração do contrato de trabalho de experiência não poderá exceder 90 dias, podendo sofrer somente uma prorrogação, sendo geralmente fixado em 45 + 45 dias, sendo que, se não houver desistência de uma das partes ao final desses noventa dias, esse contrato se tornará automaticamente um contrato por prazo indeterminado. Sobre a extinção do prazo do contrato de experiência, Santos e Machado (2018) comentam que: Atingido o prazo final previamente fixado, o contrato de experiência se extingue automaticamente pelo decurso do respectivo prazo [...] se qualquer das partes (empregador ou empregado não se manifestar acerca do término do contrato, no dia imediato ao termo final previsto, o contrato passa a vigorar por prazo indeterminado. (SANTOS; MACHADO, 2018, p. 50) O contrato de trabalho de experiência pode ser rompido por uma das partes no final do primeiro ciclo (45 dias) o ao final do segundo ciclo (90 dias) sem multas, mas, caso haja encerramento desse contrato pelo empregador antes do fim de um dos ciclos e que seja sem justa causa, cabe a empresa pagar uma indenização ao empregado ao qual considerará o salário devido ao tempo até então trabalhado e ainda metade (50%) de todo o salário devido até o final do ciclo de experiência. Por exemplo, se o funcionário for demitido após trinta dias de trabalho e seu contrato é de 45+45 dias, ele receberá o salário de trinta dias mais 50% dos quinze dias restantes do final do primeiro ciclo. Caso o empregado decida rescindir o contrato de experiência antes da validade, aí quem será indenizada é a empresa, e o valor também será metade do valor que ele receberia se concluísse o ciclo do período de experiência. 41 3.2 Contrato por prazo determinado O contrato de trabalho por prazo determinado possui data de início e fim, que devem ser antecipadamente acordadas entre empregador e empregado. Esse tipo de contrato, em regra, pode ser utilizado em três situações: • Atividades temporárias: geralmente relacionadas à demanda sazonal. • Atividades transitórias: geralmente relacionadas à execução de uma atividade específica. • Contrato de experiência: o contrato de experiência, por ter data de início e fim, também é considerado um contrato por prazo determinado, que conforme as regras do próprio contrato, pode vir a se tornar um contrato por prazo indeterminado. De acordo com o art. 445 da CLT (BRASIL, 1943) “O contrato de trabalho não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos”. Assim como os demais contratos de trabalho, o contrato por prazo determinado segue as regras da CLT, incluindo o registro na CTPS, e é obrigatória a inclusão das datas de início e fim (anotações gerais), assim como deve ser realizada a anotação caso haja eventual prorrogação. 3.3 Contrato por prazo indeterminado O contrato individual de trabalho por prazo indeterminado contém a data do início do contrato, mas não há data de finalização, normalmente é efetivado após o término do período de experiência, e somente terá seu fim com a solicitação de uma das partes pedindo a rescisão, ou caso ocorra uma determinada motivação como a demissão por justa causa. 42 O contrato por prazo indeterminado pode ser rompido a qualquer momento por ambas as partes mediante aviso prévio. No caso de rescisão do contrato por parte do empregador, o empregado terá direito a: salário; multa de 40% de multa sobre o FGTS, férias vencidas; aviso prévio; 13º salário; saque do FGTS e seguro desemprego. Se a rescisão partir do empregado, ele terá direito a: salário; 13º salário; férias proporcionais e vencidas. Em caso de demissão por justa causa, o empregado somente terá direito a receber as verbas referentes ao saldo do salário dos dias trabalhados, e, caso tenha, férias vencidas acrescidas de ⅓ do seu valor. 3.4 Contrato de trabalho intermitente A Reforma Trabalhista, através da Lei n. 13.467 (BRASIL, 2017, [s.p.]), estabeleceu [...] um novo modelo de contrato que possibilita um acordo não contínuo de trabalho, com ocorrência de alternância entre o período da prestação de serviço e o período da inatividade e que oferece uma maior flexibilidade à jornada de trabalho, possibilitando que o profissional preste serviços para mais de um empregador. O contrato de trabalho intermitente difere em muito aos contratos já existentes, mas, na prática, é um contrato por prazo indeterminado já que não há um período mínimo ou máximo a ser cumprido tanto pelo empregador quanto pelo empregado em relação ao vínculo empregatício. No contrato intermitente, o profissional não cumpre uma carga horária tradicional e pode ser chamado para prestar apenas algumas horas de trabalho, e será convocado quando necessário, com no mínimo 72 horas de antecedência ao início das atividades. A remuneração é calculada pela hora trabalhada e deve ser igual ou maior ao valor-hora do salário- 43 mínimo ou deve ser equiparada aos demais funcionários da empresa que exercem a mesma função. O pagamento deverá acontecer ao final de cada período da prestação do serviço, e será acrescido das férias proporcionais, 13º salário proporcional, Descanso Semanal Remunerado (DSR) e adicionais legais (BRASIL, 2017). É direito desse trabalhador ter sua carteira de trabalho assinada e é importante enfatizar que, no contrato de trabalho intermitente, se a carga horária, 44 horas semanais ou 220 horas mensais, for cumprida em somente um único empregador, isso descaracteriza o contrato de trabalho intermitente e ele passa a ser considerado como um contrato tradicional. 3.5 Contrato de trabalho eventual Primeiramente, é importante enfatizar que o contrato de trabalho eventual não deve ser confundido com o contrato de trabalho intermitente. O contrato de trabalho eventual é aquele que acontece quando uma empresa precisa de um profissional que execute serviços pontuais ou esporádicos, quando necessário. Nesse contrato, não há vínculo empregatício e, geralmente, o prestador do serviço é considerado autônomo, pois, o trabalhador não está sujeito às regras da CLT que caracterizam a relação de emprego. Não há uma rotina de trabalho, sendo assim ele é eventual; não há subordinação, pessoalidade, e a remuneração pode ser por serviço prestado, diária semanal ou com base no que foi acordado com o empregador. Como o trabalho eventual não é realizado de forma contínua, o prestador desse serviço não possuiu os mesmos direitos de um trabalhador regido pela CLT, não possuindo, assim, direitos trabalhistas. 44 3.6 Contrato de trabalho de aprendiz O programa jovem aprendiz é regido pela Lei n° 10097, foi criado no ano 2000 e seu objetivo é estimular a geração de empregos aos jovens de 14 a 24 anos, incentivando que as empresas desenvolvam programas de aprendizagem e desenvolvimento profissional, possibilitando que muitos dos jovens possam ter a primeira experiência profissional, criando oportunidades de inserção no mercado de trabalho. As regras do contrato determinam que os cargos ocupados por aprendizes incluam formação profissional, sem exigência de experiência prévia na área de atuação (BRASIL, 2000). A Lei da Aprendizagem determina que o jovem aprendiz é aquele que estuda e trabalha. O art. 428 da CLT descreve que: O contrato de aprendizagem é o contratode trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico- profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. (BRASIL, 1943, [s.p.]) A jornada de trabalho do jovem aprendiz não deve ultrapassar seis horas diárias. Ademais, caso ele ainda esteja cursando o ensino médio, deve desenvolver atividades teóricas durante o período em que se realizam as atividades de aprendizagem. Quando comparamos os direitos do aprendiz com os direitos de um trabalhador que possui com a empresa um contrato convencional, percebemos que os direitos são bem parecidos, mas não idênticos. A diferença é que o contrato de aprendizagem é por prazo determinado e segue a lei da aprendizagem e suas cláusulas, mas, além do salário, o aprendiz tem direito a carteira de trabalho assinada; 13° salário; férias (coincidentes com o período de férias escolares, quando cabível 45 e acrescidas de 1/3); FGTS de 2%; vale-transporte; e INSS. É importante salientar que não é permitido realizar horas extras. 3.7 Contrato de estágio O contrato de estágio não é regido pela CLT e não possui remuneração fixa, mas é uma formalização de uma contratação de aprendizado prático. Após um ano de trabalho o estagiário terá direito a férias de 30 dias e, caso o estágio seja remunerado, as férias também serão remuneradas. É obrigatório que a empresa forneça ao estudante um seguro de acidentes pessoais durante todo o período de estágio. O contrato de estágio deve ser assinado pela empresa, pelo estudante e pela instituição de ensino do aluno. Não há obrigação de anotação na carteira de trabalho. O período de estágio é de no máximo dois anos na mesma empresa, mas há exceção para pessoas com deficiência. A empresa precisa designar um profissional responsável para supervisionar o estagiário e ele só poderá ser encarregado por no máximo 10 estudantes por vez. O contrato de estágio deve conter os dados de identificação da empresa, do estagiário e da instituição de ensino, o cargo e função do supervisor do estágio e do orientador da instituição de ensino em questão, as responsabilidades de cada uma das partes, o objetivo do estágio, a definição da área do estágio, o plano de atividades com vigência, a jornada de atividades do estagiário, a definição do intervalo na jornada diária, a vigência do termo, o valor da bolsa estágio, o valor do auxílio transporte, a concessão de benefícios, e o número da apólice e companhia de seguro. 46 3.8 Contrato de teletrabalho ou home office O teletrabalho ou home office é a prestação de serviço à distância, realizado fora do ambiente da empresa mediante a utilização da tecnologia, podendo ser realizado na própria residência do empregado, até mesmo fora do país, em escritório compartilhado ou em qualquer ambiente externo, em que o trabalhador não precise se deslocar até a empresa. De acordo com o art. 75-C da CLT: A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado. (Incluído pela Lei n. 13.467, de 2017) (Vigência). (BRASIL, 2017, [s.p.]) Ainda de acordo com a Lei n. 13.467/2017 (BRASIL, 2017), na prestação de serviços na modalidade remota, o empregador poderá realizar alterações contratuais do regime presencial para teletrabalho, assim como do regime de teletrabalho para o presencial, mas, para isso, deve haver mútuo acordo entre as partes e um aditivo contratual. Segundo o §1º, “Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual” (Incluído pela Lei n. 13.467, de 2017) (Vigência) (BRASIL, 2017, [s.p.]). O contrato de teletrabalho deve considerar a atividade da empresa e o serviço a ser prestado pelo empregado. Além disso, deve descrever se haverá ou não controle da jornada de trabalho, a remuneração e os benefícios e as responsabilidades quanto à aquisição de equipamentos e infraestrutura necessária para a realização do trabalho. 4. Registro na carteira de trabalho Após a formalização do contrato de trabalho é obrigatoriamente necessário registrar as informações da contratação para que o vínculo 47 empregatício seja válido. Anterior a implantação do eSocial, a não realização do registro na CTPS por parte do empregador era considerada uma infração administrativa grave. Hoje continua sendo, mas, na prática, podemos dizer que não há mais o procedimento de anotação na carteira de trabalho, já que os dados que constam na CTPS digital serão os informados ao eSocial, pois não há um sistema próprio da CTPS digital a ser alimentado. A Lei n. 13.874/2019 da CLT promoveu alterações quanto às anotações da Carteira de Trabalho e Previdência Social e as admissões realizadas a partir de 24 setembro de 2019 “devem ser realizadas por intermédio da CTPS Digital e as anotações serão realizadas através do envio das informações ao eSocial” (BRASIL, 2019, [s.p.]). Lembrando que o eSocial não permite informações retroativas, por esse motivo, a CTPS física será exclusivamente utilizada para a anotação de dados já anotados referente a vínculos antigos, e para que a empresa possa realizar um novo vínculo, é necessário que a CTPS digital esteja habilitada. Nesta aula, foi possível perceber como os contratos de trabalho são importantes para a formalização do vínculo que une empregado e empregador. Vimos também o conceito das partes que compõem essa relação, assim como foi possível diferenciar a relação de trabalho da relação de emprego, e como nesse “pacto” firmado entre empregador e empregado precisa constar todas as informações decididas por ambos para que sejam respeitadas as normas jurídicas. Referências BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452 de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, DF: Presidência da República, 1943. 48 BRASIL. Lei n. 5.889 de 8 de junho de 1973. Estatui normas reguladoras do trabalho rural. Brasília, DF: Presidência da República, 1973 BRASIL. Lei n. 10.097 de 19 de dezembro de 2000. Altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, DF: Presidência da República, 2000. BRASIL. Lei n. 13.467 de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Brasília, DF: Presidência da República, 2017. BRASIL. Lei n. 13.874 de 20 de setembro de 2019. Institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica; estabelece garantias de livre mercado. Brasília, DF: Presidência da República, 2019. JÚNIOR, J. C. Curso de Direito do Trabalho. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2012. MARTINS, S. P. Direito do Trabalho. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SANTOS, M. S. T.; MACHADO, M. A. O. Departamento de pessoal modelo: atualizado pela Reforma Trabalhista e eSocial. 10. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2021. 49 Assinatura do contrato de trabalho, acordos, termos de responsabilidade e declarações, onboarding e employee advocacy Autoria: Scheila Costa Leitura crítica: Juliana de Oliveira Anhasco Objetivos • Conhecer os acordos, as declarações e os termos de responsabilidade que acompanham a assinatura do contrato de trabalho. • Compreender as vantagens do onboarding. • Entender o termo Employee Advocacy. 50 1. Introdução Estamos chegando ao fim do processo de admissão. Nesta aula, além da assinatura do contrato, veremos as declarações, os termos de responsabilidade e os acordos que fazem parte dessa introdução do novo empregado na empresa. Veremos também o onboarding, também chamado de integração/socialização, e como elefaz toda a diferença no início do empregado, além do Employee Advocacy e como ele aproxima o empregado da organização. 2. Assinaturas do contrato de trabalho e demais termos, acordos e declarações Após conferir todos os documentos e informações entregues pelo empregado, cadastrar todos os dados e informações no sistema de RH da empresa e no eSocial, confeccionar e emitir o contrato de trabalho, chegou a hora da assinatura. Esse é um momento muito esperado pelo funcionário, mas também é o momento em que o profissional do RH deve estar preparado para passar todas as instruções e responder as possíveis dúvidas que ele tiver. É importante instrui-lo a ler com bastante atenção o contrato de trabalho e os demais termos, declarações e acordos que acompanham esse contrato. Vamos falar sobre eles. 2.1 Declaração de encargos de família para fins de Imposto de Renda O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) é uma obrigação tributária em que o empregador, que é o responsável pelo pagamento do rendimento do empregado, é responsável também por apurar a 51 incidência, calcular e recolher o imposto correspondente sobre os rendimentos do trabalho assalariado. A Receita Federal informa anualmente a tabela com os valores, a alíquota e os valores a deduzir por dependente constantes em cada faixa. O cálculo do imposto deve seguir essa tabela. No caso da dedução por dependente, vai depender dos documentos apresentados pelo empregado e da declaração de encargos de família para fins de imposto de renda. Figura 1 – Declaração de encargos de família para fins de IR Fonte: Fidelis (2020, p. 21). 52 De acordo com o site da Receita Federal (BRASIL, 2022), podem ser dependentes: Companheiro(a) com quem o contribuinte tenha filho ou viva há mais de 5 anos, ou cônjuge, independentemente se o casal for hétero ou homoafetivo; Filho(a) ou enteado(a), até 21 anos de idade, ou, em qualquer idade, quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; Filho(a) ou enteado(a), se ainda estiver cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau, até 24 anos de idade; Irmão(ã), neto(a) ou bisneto(a), sem arrimo dos pais, de quem o contribuinte detenha a guarda judicial, com idade até 21 anos, ou em qualquer idade, quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; Irmão(ã), neto(a) ou bisneto(a), sem arrimo dos pais, de quem o contribuinte detenha a guarda judicial, com idade até 24 anos, se ainda estiver cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau, desde que o contribuinte tenha detido sua guarda judicial até os 21 anos; Pais, avós e bisavós que, em 2021, tenham recebido rendimentos, tributáveis ou não, até R$ 22.847,76; Menor pobre até 21 anos que o contribuinte crie e eduque e de quem detenha a guarda judicial; Pessoa absolutamente incapaz, da qual o contribuinte seja tutor ou curador. (BRASIL, 2022, [s.p.]) Mensalmente, a empresa fará a apuração e, caso o funcionário se enquadre nas faixas salariais tributáveis, ela fará o cálculo e a retenção. A declaração de encargos de família para fins de IR serve para a empresa saber quem são os dependes, pois eles influenciam diretamente no cálculo, que contém dedução de um valor estipulado pela Receita Federal por dependente. É importante salientar que os empregados que têm seus ganhos superiores ao valor indicado pela Receita Federal, ou mesmo que em somente um dos um dos meses do ano competência tenham retenção de IRRF, devem fazer a declaração IR. Para isso, as empresas devem fornecer a todos os empregados o Informe de Rendimento. 53 2.2 Termo de concessão do salário-família O salário-família é determinado pelos artigos 65 a 70 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991), é um benefício concedido aos trabalhadores e também aos empregados celetistas que possuem filhos de até 14 anos, ou filhos com algum tipo de deficiência, que se encaixem nas condições do benefício. Quando o empregado possui um vínculo trabalhista, ele é o responsável pelo pagamento do salário-família, sendo pago mensalmente (se o empregado se enquadrar nos critérios) como um valor à parte do salário, pois não incide no FGTS e no INSS. Terá direito ao salário-família o empregado que tiver sua remuneração (salário mais horas extras, adicionais ou comissões) igual ou inferior ao valor estipulado pelo INSS e que atenda aos requisitos. No início de cada ano, o Ministério do Trabalho e Previdência informa o valor do teto permitido e da cota por filho a que cada trabalhador tem direito. 54 Figura 2 – Termo de responsabilidade para concessão de salário-família Fonte: Fidelis (2020, p. 21). Ao apresentar seus documentos para a contratação, o empregado também apresentará os documentos de seus dependentes, se ele se encaixar nos critérios terá direito às cotas do salário-família. A empresa, por sua vez, cadastrará os dependentes e, na assinatura do contrato de trabalho, apresentará o termo de responsabilidade para concessão de salário-família, que será assinado pelo empregado, conforme a legislação vigente. 55 2.3 Acordo para compensação de horas de trabalho O acordo de compensação de horas permite que haja uma distribuição da jornada de trabalho, não excedendo o limite de oito horas diárias e 44 horas semanais. Geralmente o acordo é realizado para que as horas do sábado sejam compensadas de segunda a sexta-feira. O art. 58 da CLT (BRASIL, 1943) explana que “A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá oito horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite”. Figura 3 – Acordo para compensação de horas de trabalho Fonte: adaptada de Fidelis (2020, p. 21). É responsabilidade do empregador providenciar o Acordo de Compensação de Horas de Trabalho, que deve conter os dias da semana 56 em que o empregado executa suas atividades, o horário de início da jornada, o horário para a saída do intervalo para o almoço e descanso, o horário da volta do almoço e descanso e o horário da saída da jornada de trabalho, também deve constar a jornada semanal. O acordo de compensação de horas de trabalho deve ser apresentado ao funcionário na assinatura do contrato de trabalho. 2.4 Acordo individual do banco de horas Resumidamente falando, o banco de horas é um sistema de compensação de jornada de trabalho, substituindo o pagamento de horas extras por folgas compensatórias ou, ainda, diminuindo as horas da jornada de trabalho. Vamos considerar que um funcionário, em determinado dia, não cumpra sua jornada de forma regular, variando com um tempo a mais ou a menos do prazo estipulado da jornada de trabalho. Sendo assim, esses minutos, ou até mesmo horas, vão para um banco de horas, onde ocorre o crédito ou débito desse tempo. Podemos dizer, então, que para o empregado, as horas positivas são como um saldo e as horas negativas são uma dívida. Quando positivas, podem ser compensadas por meio de folgas ou diminuição de jornada. Quando negativas, podem ser pagas pelo empregado quando trabalhar horas a mais do que sua jornada. Em outras palavras, a empresa não aumenta seus gastos com pagamento de horas extras e o funcionário acumula o tempo excedente e posteriormente, ou reduzirá sua jornada em determinados dias, ou se prevalecerá de folgas. O empregado também se beneficia a não ter descontado suas ausências podendo pagá-las posteriormente. De acordo com o art. 59 da CLT (BRASIL, 1943) e da Reforma Trabalhista (BRASIL, 2017): 57 A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho”. [...] § 5º “O banco de horas de que trata o § 2º deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses”. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência). (BRASIL, 2017, [s.p.]) Figura 4 – Acordo individual do bancode horas Fonte: adaptada de Reforma Trabalhista (BRASIL, 2017). O acordo individual de banco de horas resguarda a empresa de futuros problemas em relação ao banco de horas. É importante lembrar que a compensação das horas precisa ser realizada dentro de um período que 58 compreenda o ciclo de seis meses, e nos acordos individuais também há a possibilidade de as horas extras serem compensadas no mesmo mês. 2.5 Acordo para prorrogação de horas de trabalho A jornada de trabalho corresponde à quantidade de horas designadas para o trabalho de um empregado, sendo estabelecida já na contratação e expressamente identificada no contrato de trabalho. O trabalho em si pode ocorrer no ambiente da empresa, em trabalho externo, assim como no trabalho home office, respeitando os parâmetros observados e propostos na CLT. A CLT em seu art. 59 (BRASIL, 1943, [s.p.]) determina que “a duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho”. Figura 5 – Acordo para prorrogação de horas de trabalho Fonte: Fidelis (2020, p. 21). 59 O acordo para prorrogação de horas de trabalho regulamenta e firma o acordo entre as partes de que o empregado poderá acrescer até duas horas extras de trabalho além de sua jornada, recebendo, além de sua hora normal, o adicional extraordinário de no mínimo 50%. 2.6 Vale transporte O vale transporte é um benefício concebido aos trabalhadores celetistas, sendo garantido pela CLT. Ele deve ser antecipado ao trabalhador e destina-se ao deslocamento do colaborador de sua casa até o local de trabalho e vice-versa. Seu valor pode ser descontado em até 6% do salário do trabalhador. De acordo com a Lei n. 7.619, de 30 setembro de 1987 (BRASIL, 1987): Fica instituído o vale-transporte, que o empregador, pessoa física ou jurídica, antecipará ao empregado para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência-trabalho e vice-versa, através do sistema de transporte coletivo público, urbano ou intermunicipal e/ou interestadual com características semelhantes aos urbanos, geridos diretamente ou mediante concessão ou permissão de linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente, excluídos os serviços seletivos e os especiais. 60 Figura 6 – Formulário para opção de vale transporte Modelo FORMULÁRIO DE OPÇÃO DE VALE TRANSPORTE EMPREGADO: _______________________________________ CTPS: ____________________ EMPREGADOR: ______________________________________ CNPJ: ____________________ Nos termos da Lei 7619/87 declaro assinalado abaixo com (X): ( ) TER INTERESSE EM UTILIZAR O VALE – TRANSPORTE ( ) NÃO TER INTERESSE EM UTILIZAR O VALE – TRANSPORTE Como beneficiário do Vale-Transporte, assumo o compromisso em somente a utilizá-lo para deslocamento de minha residência para o trabalho e vice-versa. Obrigo-me ainda a manter sempre atualizados o meu endereço, como os meios de transporte por mim utilizados. Autorizo expressamente o desconto em folha de pagamento de parcela correspondente a 6% (Seis por Cento) de meu salário básico. Para efeito de concessão do benefício único: IDA AO TRABALHO Meios de transporte Linha Valor _____________________ _________________________ _____________________ _________________________ VOLTA PARA CASA _____________________ _________________________ _____________________ _________________________ Declaro serem exatas as informações prestadas e estou ciente de que qualquer declaração falsa constituirá falta grave, o que implicará na aplicação das penalidades legais. [Cidade ], _______ de _____________________ de __________. _________________________________________ Assinatura do empregado Arquivo Prof Scheila Costa Fonte: adaptada de Brasil (1943, [s.p.]). A lei não comenta sobre uma distância mínima a ser percorrida que garanta a obrigatoriedade. Caso o empregador forneça um transporte que não cubra todo o trajeto, ele deverá fornecer o vale transporte para o trajeto não coberto pelo transporte fornecido. 61 Havendo previsão em acordo ou convenção coletiva de trabalho, o empregador até pode conceder o valor do vale transporte em dinheiro, mas o valor referente ao vale transporte deverá constar na folha de pagamento, também descontando os 6% (seis por cento) autorizado pela legislação, que, assim como o valor do vale transporte, deverá estar descrito em folha. Vale lembrar que, como ele não possui natureza salarial, não pode ser incorporado na remuneração, pois não incide FGTS, INSS e IR. O formulário de opção de vale transporte é um dos documentos que o funcionário assina juntamente com o contrato de trabalho, podendo decidir se tem interesse ou não no benefício. Caso opte pela utilização do vale transporte, o contratado deverá descrever no formulário de opção os meios de transporte, a linha e o valor que utiliza para se locomover de casa até o trabalho e vice-versa. Ele deve também autorizar o desconto de até 6% de seu salário em folha de pagamento, e declarar que as informações prestadas são exatas e que está ciente das implicações legais em caso de falsas informações. O funcionário também se compromete em avisar a empresa e atualizar as informações em caso de mudança de endereço residencial. 3. Processo de onboarding Ainda existem empresas que pouco se preocupam em fazer uma boa integração, e acreditam que um mero tour pela empresa, a leitura do código de conduta e assistir um filme institucional é o suficiente para a integração do novo membro da equipe. Mas ainda pode ser pior, porque também existem empresas que colocam o profissional recém- contratado para trabalhar sem nenhuma integração. O processo de onboarding, mais conhecido como integração e socialização, é de extrema importância para o empregado e também 62 para a empresa, pois é o momento em que será apresentado ao novo colaborador a cultura e valores organizacionais, é o momento do alinhamento das expectativas onde a empresa pode demonstrar o que oferece e o que espera do novo colaborador, e ele, por sua vez, pode se encantar ou não se identificar com o que está sendo mostrado. De acordo com Chiavenato (1994, p. 89), a integração é “[...] a maneira pela qual a organização recebe os novos participantes e os integra à sua cultura, ao seu sistema, para que possam comportar-se de maneira adequada às expectativas da organização”. A falta de cuidado do processo de onboard pode atrasar e comprometer a adaptação, o desenvolvimento e o desempenho do contratado. Podemos traduzir o termo onboarding como a bordo, ou embarcado, e assim deve ser a sensação do novo membro nesse processo, literalmente embarcado nessa nova cultura, nos processos, na equipe, enfim, no negócio da organização. O processo de onboarding tem a responsabilidade de potencializar o engajamento e passar ao novo colaborar que agora ele faz parte do time, e fazer com que as primeiras experiências dos contratados sejam boas. Então, não é exagero dizer que o processo de onboarding deve ser finamente planejado e preocupado em socializar e ambientar o novo colaborador, preparado a integrá-lo à rotina de trabalho, e através de ações integradas fazer um processo realmente diferente. A socialização se refere à “[...] maneira pela qual as experiências de aprendizagem de pessoas que assumem novos cargos, status, ou papéis nas organizações são estruturadas por outras pessoas dentro da organização” (VAN MAANEN, 1996, p. 45). A socialização e integração do novo colaborador ocorre através da troca de informações e na interação dos relacionamentos interpessoais, no clima amistoso e de acolhimento dispensado ao recém-chegado pelos funcionários mais velhos de casa. Esse processo precisa ser planejado 63 em sua totalidade, com um cronograma estruturado, desenvolvido para cada cargo,
Compartilhar