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1 @direitoporpamella Direitos Reais Direitos Reais Sobre coisa alheia Incialmente, é importante ressaltarmos que o artigo 1.225 do CC lista todos os direitos reais existentes no ordenamento jurídico brasileiro, são eles: Por se tratar de direitos reais de coisa alheia, são menos amplos do que o direito de propriedade em si e poderá existir um desdobramento de poderes entre dois titulares, onde o titular cede parte do seu direito para um terceiro ocasionando em dois titulares sobre uma mesma coisa e cada um terá seu âmbito de atuação (sua parte ou sua forma de usar o bem, podendo ainda ser usado da mesma forma). Dentre todos os direitos reais mencionados, os direitos reais sobre coisa alheia são: • a superfície; • a servidão; • o usufruto; • o uso; • a habitação; • o direito promitente comprador; • a concessão de uso especial para fins de moradia e a concessão de direitos reais de uso; • a laje. Para melhor visualização, todos os institutos mencionados estão grifados no artigo acima. Agora veremos cada um deles: O direito de superfície é definido no artigo 1.369 do CC: Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso; e XIII - a laje. Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis. DIREITO CIVIL – PARTE ESPECIAL 2 @direitoporpamella É o direito real que permite a construção ou plantação em terreno alheio, estabelecendo propriedades distintas entre o proprietário e superficiário, permitindo assim, uma utilização dupla de um local, tendo como objetivo tornar um terreno urbano ou rural desocupado e parado em algo rentável, podendo ainda, ser utilizado para diversos fins como, desde construção de prédios e plantações. Pode manter construções ou plantações já realizadas ou terminar as mesmas que estejam inacabadas não sendo um requisito a superfície ser onerosa. Superfície e Arrendamento O direito de superfície é caracterizado por uma obrigação de direito real que no qual o superficiário é dono da propriedade, já o arrendamento é apenas uma espécie de aluguel pago ao proprietário do bem. Os contratos de superfície podem ser longos, sendo melhor do que a locação para esse fim, podendo ser reformado o contrato pelas partes a qualquer momento, mas além disso, o dono não poderá pedir de volta o terreno antes do prazo estipulado no contrato. São exemplos de superfícies: shoppings, quadras de tênis e estádios. Partes Proprietário do terreno ou do imóvel e o superficiário que é aquele que poderá usar o terreno para construção ou utilizar o que já foi construído. Objeto O objeto da superfície é um imóvel (terreno) e é mediante escritura pública registrada no Registro de Imóveis, ou seja, a superfície irá constar na matrícula. Características As principais características deste direito real são: Temporária: pois precisa necessariamente estipular um prazo, mas ele poderá ser mais longo do que os contratos de locação habituais. Gratuito ou oneroso: o proprietário poderá receber dinheiro em troca da superfície ou não, mas se o contrato se omitir com relação a isso, presume-se que o contrato é oneroso. Alienável: o direito de superfície poderá ser vendido ou doado para um terceiro pois não é um direito personalíssimo, a transferência poderá ser feita de forma gratuita ou onerosa. Com a alienação, o proprietário não poderá receber nenhum tipo de remuneração ou comissão. Direitos do Superficiário São direitos do superficiário: Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão. Caso o proprietário faleça, a superfície pode ser herdada pelos herdeiros. 3 @direitoporpamella 1. Posse direta da coisa, onde ele poderá usar, administrar, construir, plantar e perceber os frutos. 2. Não pagar pela deterioração pelo uso normal da coisa. Obrigações do Superficiário São obrigações do superficiário: 1. Não utilizar o subsolo do terreno/imóvel, exceto se para o uso necessite de garagem ou fundação. 2. Pagar o proprietário quando a superfície for onerosa. 3. Arcar com os encargos ou tributos necessários. 4. Dar preferência ao proprietário em caso de alienação da superfície. A servidão está disposta no artigo 1.378 do CC: No caso da servidão existe um direito real realizado em favor de um prédio, ou seja, de uma construção, onde temos um prédio dominante sobre o outro prédio (denominado de serviente) que pertencem a proprietário diversos. Essa relação de serviência entre dois imóveis precisa ser registrado no Registro de Imóveis, ou seja, precisa constar na matrícula do imóvel. São exemplos de servidão: passagem para a praia, tirar água do prédio vizinho, condução de gado, não construir em determinada altura para que o vizinho não perca a vista, aqueduto e entre outros. Partes O dono do prédio dominante e o dono do prédio serviente. Modalidades São modalidades de servidões: Quanto à natureza dos prédios: eles poderão ser rurais ou urbanos. Quanto à origem: poderão ser legais ou convencionados. Quanto ao modo de exercício: poderá contínua ou descontínua. Quanto à sua exteriorização: que diz respeito a visualização da servidão, se a mesma poderá ser vista ou não (precisa de construções específicas ou não). Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diversos dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis. Prédio: qualquer construção, podendo ser casas, galpões ou escritórios, por exemplo. No caso das servidões legais, é quando aquela servidão é necessária para que o vizinho tenha acesso à via pública, água, energia e entre outros, tal modalidade pode ser determinada por lei em caso de desentendimento entre as partes. 4 @direitoporpamella Formas de Constituição Inicialmente, é importante salientar que a servidão não é presumida pela necessidade, pois deverá ser registrada na matrícula do imóvel. São atos constitutivos: 1. Em negócios jurídicos: poderão ser feitos através de contratos ou testamentos; 2. Em sentença judicial: ocorre em ações processuais, como por exemplo quando a servidão é legal ou ações demarcatórias. 3. Usucapião: nesse caso a servidão precisa ser aparente, ou seja, precisa ser exteriorizada através de alguma construção para o seu uso. Os prazos variam em 10 anos com o justo título e 20 anos sem o justo título e através da sentença que será possível a averbação na matrícula do imóvel. Características As características do exercício da servidão são: 1. No caso da servidão, ela não poderá ser alienada separadamente, sendo um direito acessório do direito de propriedade, tanto em relação ao prédio dominante quanto o serviente. 2. É invisível. 3. É perpétuo: tem duração indefinida ou prazo indeterminado. 4. O exercício da servidão precisa necessariamente ser exercida de forma menos onerosa e que não incomode o serviente pois é ele que terá o seu direito de propriedade restrito pela servidão. Direitos e Obrigações São direitos e obrigações decorrentes da servidão:1. O dono do prédio dominante pode fazer todas as obras necessárias para a manutenção e conservação para o uso e fazer valer o seu direito real, segundo o artigo 1.380 do CC: 2. O dono do prédio serviente não poderá prejudicar o exercício do uso da servidão, mas ele poderá mudar a servidão de lugar, quando possível, à sua custa, quando não prejudicar o uso do dominante, segundo o artigo 1.384 do CC: Extinção da servidão Mesmo tendo como principal característica a perpetuidade, a servidão poderá ser extinta nas hipóteses legais e será cancelado o Art. 1.380. O dono de uma servidão pode fazer todas as obras necessárias à sua conservação e uso, e, se a servidão pertencer a mais de um prédio, serão as despesas rateadas entre os respectivos donos. Art. 1.384. A servidão pode ser removida, de um local para outro, pelo dono do prédio serviente e à sua custa, se em nada diminuir as vantagens do prédio dominante, ou pelo dono deste e à sua custa, se houver considerável incremento da utilidade e não prejudicar o prédio serviente. 5 @direitoporpamella registro na matrícula. As hipóteses do seu cancelamento estão previstas no artigo 1.388 e 1.389 do CC: Em resumo, a servidão também será extinta quando acontecer a: • Renúncia do titular; • Cessação da utilidade; • Resgate, feito pelo proprietário do prédio serviente; • Confusão, na hipótese de o proprietário serviente se torna dono do prédio dominante também; • Supressão de obras que determinaram a servidão; • Pelo não uso em 10 anos contínuos. O conceito de usufruto está previsto no artigo 1.390 do CC: O usufruto é direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa, enquanto temporariamente é apartado da propriedade. O usufrutuário possui a coisa, mas essa coisa não é dele, isto é, tem a sua posse, mas não a sua propriedade. Partes Usufrutuário: que é aquele que pode usar e gozar do bem. Nu proprietário: que é aquele que tem a propriedade de direito do bem e poderá dispor ou reaver de terceiro. Direito personalíssimo O usufruto é direito personalíssimo, ou seja, só poderá ser exercido pelo usufrutuário e não poderá ser transferido o direito real para um terceiro através de alienação, MAS o seu uso poderá ser cedido a um terceiro de forma gratuita ou onerosa, como por exemplo, se ele alugar ou emprestar para um terceiro. Formas de Constituição Art. 1.388. O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne: I - quando o titular houver renunciado a sua servidão; II - quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, que determinou a constituição da servidão; III - quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão. Art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção: I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa; II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título expresso; III - pelo não uso, durante dez anos contínuos. Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades. 6 @direitoporpamella A constituição do usufruto dependerá se o objeto é: Imóvel: a constituição será por escritura pública no caso de imóvel com valor de mais de 30 salários-mínimos e depois será averbado na matrícula. Móvel: se opera apenas após a tradição, ou seja, a entrega do bem. Características As características do usufruto são: 1. É direito temporário: não pode exceder a vida da usufrutuária ou o prazo de 30 anos se for pessoa jurídica. 2. É intransmissível e inalienável: não podendo ser transferido para terceiros de nenhuma forma (herança, doação, venda e entre outros). 3. É impenhorável: é impenhorável, mas os frutos obtidos podem ser penhorados. Deveres e Direitos do usufrutuário São direitos e deveres do usufrutuário: 1. Ele terá direito à posse direta da coisa, ou uso, administração e percepção dos frutos que poderão ser obtidos. 2. O usufrutuário deverá inventariar os bens que receber à sua custa, conservar os bens, prestar caução para a conservação, em caso de exigência do nu proprietário, pagar despesas ordinárias de conservação e pagar tributos advindos da posse. Dever do Nu Proprietário Ele terá o dever de pagar as despesas extraordinárias e as que não forem de custo módico (pequeno), poderá o mesmo dispor de sua nu propriedade. Extinção do Usufruto Deverá realizar o cancelamento do registro feito. As hipóteses de extinção do usufruto estão previstas no artigo 1.410 do CC: Pode ser vitalício pelo tempo, mas não pode ser constituído de forma perpétua. Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis: I - pela renúncia ou morte do usufrutuário; II - pelo termo de sua duração; III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer; IV - pela cessação do motivo de que se origina; V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409; VI - pela consolidação; VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395; 7 @direitoporpamella Em síntese será: • Pela renúncia ou morte do usufrutuário; • Pelo término de sua duração; • Pela cessação do motivo que a originou; • Pela destruição da coisa; • Pela consolidação; • Por culpa do usufrutuário: alienação, deterioração ou ruína da coisa; • Pelo não uso ou não fruição da coisa em que o usufruto recai. O uso está disposto somente nos artigos 1.412 e 1.413 do CC: No uso, o titular poderá usar o bem objeto do direito real e perceber seus frutos (como receber aluguel) assim como acontece no usufruto. O uso pode recair sobre um bem móvel ou imóvel. Necessidades As necessidades serão conforme a condição social da pessoa e o local em que ela vive e o termo família citado abrange conjunge ou companheiros, filhos solteiros e pessoas que fazem o habitual serviço doméstico. O conceito de habitação está disposto no artigo 1.414 do CC: A habitação possui uma característica específica, no caso a habitação será gratuita em imóvel alheio. Exercício da Habitação No exercício da habitação, o titular: VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399). Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família. § 1 o Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e o lugar onde viver. § 2 o As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico. Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto. A diferença entre usufruto e uso é que o usuário está limitado a perceber apenas o suficiente para as suas necessidades pessoais e da sua família, no usufruto não tem essa limitação. Tudo que for compatível, usará os artigos do usufruto. Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direitonão a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família. 8 @direitoporpamella • Não poderá alugar e nem emprestar o imóvel para ninguém. A limitação da habitação é somente ocupar o local coma sua família. • Em caso de vários titulares, um não poderá cobrar aluguel do outro, mesmo que todos habitem o imóvel ao mesmo tempo e ambos não podem impedir a habitação do outro, segundo o artigo 1.415 do CC: • Aplicará as regras do usufruto no que for compatível. O direito do promitente comprador é um direito real com o conceito no artigo 1.417 do CC: É basicamente uma promessa irretratável de venda de um imóvel, porém só será quando registrado por escritura pública ou instrumento particular. Existe ainda uma exceção, caso a promessa preveja cláusula de arrependimento, as partes poderão desistir do negócio, porém não será considerado direito real e sim mero negócio jurídico. Adjudicação Compulsória A adjudicação compulsória é a ação através da qual será possível o registro de um imóvel, mesmo que não esteja presente a documentação exigida pela lei, em caso de promessa de compra e venda. Esse direito real está presente a Lei 11.481/2007 e não no código civil. Trata-se de concessão de uso de um imóvel público para fins de moradia, servindo para viabilizar o direito à moradia e a possibilidade de ocupação de bem público. Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la. Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel. O promissário terá direito real para aquisição do imóvel, obrigando o vendedor outorgar a escritura pública e caso exista a recusa de venda, cabe adjudicação compulsória. Se negou a averbar em escritura definitiva, poderá o prejudicado ajuizar a ação e a sentença servirá como título para que seja possível o registro. Direito gratuito e perpétuo. 9 @direitoporpamella Concessão do direito real Para que possa ser realizado a concessão: • Requer a posse de 5 anos em imóvel público federal; • Área de até 250 metros quadrados em área urbana; • A posse deve ser para moradia e o possuidor não pode ser proprietário de outro imóvel, sendo ele urbano ou rural. Partes Concedente: o Estado. Cessionário: o possuidor do imóvel público federal. Também é uma modalidade de direito real que também está disciplinado em lei específica, sendo ela a 11.481/2007 O objetivo é o comercio em geral, sendo praticamente igual a concessão de uso especial para fins de moradia, mas é coma finalidade comercial. Concessão do direito real Para que possa ser realizado a concessão: • Requer a posse de 5 anos em imóvel público federal; • Área de até 250 metros quadrados em área urbana; • A posse deve ser para moradia e o possuidor não pode ser proprietário de outro imóvel, sendo ele urbano ou rural. Partes Concedente: o Estado, mais especificamente a administração pública. Cessionário: o possuidor do imóvel público federal. O conceito de laje está disposto no artigo 1.510 A do CC: É basicamente o direito sobre a unidade imobiliária autônoma construída sobre a propriedade de outrem. Partes Nesse caso terá o possuidor da propriedade base e o titular da laje que ficará na maioria das vezes em cima da propriedade. Direitos e Deveres Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo. A superfície poderá ser superior ou inferior. 10 @direitoporpamella • O proprietário da construção base vai conceder o direito real da laje. • O titular da laje terá poderes de usar, gozar e dispor sobre a superfície e não sobre o solo (que em teoria, é do outro proprietário). Requisitos São requisitos para que exista o direito real da laje: 1. Unidade imobiliária autônoma, ou seja, a laje terá uma matrícula própria; 2. Isolamento funcional, quer dizer que o acesso precisa ser separado. Caso seja necessário entrar na propriedade base para ter acesso a laje, não poderá existir o direito real de laje, sendo basicamente isolado da construção original. Características São características da laje: 1. Alienabilidade: o detentor do direito real poderá vender, doar ou alugar para um terceiro (as duas partes poderão alienar a laje); 2. Pode ser sucessivo desde que tenham matrículas separadas; 3. Pode ser objeto de usucapião; 4. Pode ser um direito real cedido a título oneroso ou gratuito; 5. Perpétuo. Tendo em vista que já encerramos a exposição dos direitos reais sobre coisa alheia, veremos o quadro esquematizado abaixo com os principais pontos de cada um deles: Quadro Resumo Superfície Direito de construir em terreno alheio. Servidão Ceder um pouco da propriedade para um outro imóvel. Usufruto Direito de usar e colher os frutos de coisa que está apartada da propriedade principal temporariamente. Uso Direito real de usar um bem e colher seus frutos. Habitação Habitação gratuita para fins de moradia em imóvel alheio. Direito do promitente comprador Direito irretratável de venda de um imóvel. Concessão de uso especial para fins de moradia É a concessão do uso de um imóvel pertencente do poder público para fim de moradia. Concessão de direito real de uso É concessão do uso d imóvel pertencente ao poder público para fim de comercio. Laje Construção em cima de uma propriedade base. Não é condomínio pois não tem área comum. 11 @direitoporpamella Direitos Reais de garantias Os direitos reais de garantias são aqueles citados no artigo 1.225 do CC e estão grifados para melhor visualização: É basicamente quando um bem será objeto de garantia e ficará sujeito por vínculo real ao cumprimento de uma obrigação realizada, na maioria das vezes, em negócios jurídicos. Nesse caso, os direitos reais de gozo e fruição são diferentes dos de garantia, na medida de que o primeiro, a pessoa terá a posse direta do bem enquanto no segundo existirá um vínculo entre um bem e o devedor do pagamento de uma dívida. Efeitos dos direitos reais de garantia São os principais efeitos das garantias: 1. Direito de preferência, sendo quando o bem for alienado, o titular da garantia real terá o direito de preferência na compra do bem; 2. Direito de sequela, ou seja, a garantia acompanhará o bem mesmo que ele seja alienado; 3. Direito de excussão, significa dizer que terá o direito de executar a dívida; 4. Indivisibilidade. Requisitos de validade Para que a garantia real tenha validade, é necessário que: 1. A lei exige, além de capacidade geral disposta pelo código civil, a capacidade para alienação. 2. Os bens inalienáveis não poderão ser dados como garantia real. Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso; e XIII - a laje. O titular do direito real de garantia não usará e gozará do bem-disposto. Consiste na execução judicial da dívida garantida, o bem será apreendidoe vendido em hasta pública (os móveis serão vendidos em leilão e os imóveis em praça) e com o dinheiro proveniente da venda o credor será pago. No caso do bem de família, se ele for dado como hipoteca, é entendido que o mesmo renunciou ao bem de família e poderá ser executado. 12 @direitoporpamella 3. Não se pode dar coisa alheia a título de garantia real, mas caso a coisa venha a ser sua futuramente, o ato pode se convalidar. 4. Especialização e publicidade. É importante ressaltar que a garantia real precisa estar averbada na matrícula do imóvel, assim, caso o bem seja alienado por um terceiro, o mesmo poderá ter conhecimento da existência de uma garantia real sobre o imóvel, por exemplo. Vencimento Antecipado da dívida As obrigações com garantias real poder ter o seu vencimento antecipado quando: 1. Se a coisa deteriorou ou pereceu; 2. Se o devedor se tornou insolvente ou em falência; 3. Se as prestações forem pagar; 4. Se a coisa foi desapropriada pela administração pública. O conceito de penhor está previsto no artigo 1.431 do CC: É um direito real que vincula a coisa móvel ao pagamento de uma dívida e o objeto é transferido para o credor. O penhor, como vimos, é o bem oferecido como garantia. Já a penhora é uma decisão judicial que apreende os bens do devedor quando a dívida não é quitada. Requisitos São requisitos do penhor: 1. O penhor só se aperfeiçoa com a tradição do objeto ao credor; 2. Deverá ser feto necessariamente por escrito no Cartório de Títulos e Documentos. Direitos e Obrigações do credor São direito e deveres do credor pignoratício: 1. O credor terá direito a posse do bem até o pagamento. 2. Não poderá usar o bem dado em penhor e se usar terá que ressarcir o dono em caso de deterioração ou perda (se for o culpado). 3. Após o pagamento, o credor deverá devolver o bem. Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação. Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar. Em caso de não pagamento da dívida no vencimento estipulado, o credor pode executar a dívida com a penhora de um bem. O exemplo mais conhecido é quando o banco fica com as joias de uma pessoa até que ela faça o pagamento da dívida. 13 @direitoporpamella Extinção do Penhor O penhor poderá se extinguir quando: 1. Aconteceu a extinção da obrigação principal; 2. Perecimento da coisa oferecida; 3. Renúncia do credor à garantia; 4. Confusão, que é quando o credor se torna dono da coisa; 5. Adjudicação judicial, que é quando o foi discutido em um processo judicial que na verdade o bem é de um terceiro; 6. Remição, que é o pagamento da dívida; 7. Venda da coisa. Tipos de Penhor O penhor poderá ser: Penhor Legal O penhor legal está disciplinado a partir do artigo 1.467 do CC, que diz: O exemplo mais tradicional deste tipo de penhor é quando o hospede não paga o valor da estadia e o hospedeiro poderá reter as malas dele até que ele faça o pagamento. Penhor Rural: Agrícola e Pecuniário O penhor agrícola está disposto a partir do artigo 1.442 do CC: O devedor fica na posse do bem, mas caso ele não pague a dívida terá que entregar a coisa e para ser constituído, ele precisa ser registrado como na maioria dos direitos reais. Objetos do penhor agrícola: poderá ser máquinas e instrumentos de agricultura; colheitas pendentes, ou em via de formação; frutos acondicionados ou armazenados; lenha cortada e carvão vegetal; animais do serviço ordinário. Objetos do penhor pecuniário: poderá ser animais que integrem a atividade pastoril, agrícola ou de laticínios. Penhor Industrial e Mercantil Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de convenção: I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito; II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas. O aperfeiçoamento deste tipo de penhor é feito por homologação judicial. Art. 1.442. Podem ser objeto de penhor: I - máquinas e instrumentos de agricultura; II - colheitas pendentes, ou em via de formação; III - frutos acondicionados ou armazenados; IV - lenha cortada e carvão vegetal; V - animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola 14 @direitoporpamella No penhor industrial ou mercantil, o devedor também dicará na posse dos bens, mas faltando o pagamento da dívida, o mesmo terá que entregar os bens, sendo eles: máquinas, aparelhos, instrumentos, materiais, animais utilizados na indústria. A constituição é feita por instrumento público ou particular e deve ser registrado no RI da circunscrição onde estiverem situadas as coisas. Penhor de veículo É a modalidade de penhor mais conhecida no cotidiano e está presente no artigo 1.461 do CC: O penhor de veículo tem algumas peculiaridades que não se apresentam nas espécies já estudadas, sendo elas: • Tem prazo máximo de duração de 2 anos, podendo ser prorrogado por igual tempo, segundo o artigo 1.466 do CC: • O veículo também fica na posse do devedor. • Deverá haver o registro no Cartório de Títulos e Documentos. Penhor de direitos e títulos de crédito Essa modalidade de penhor está disposta a partir do artigo 1.451 do CC: Nesse caso, deve haver entrega do título do devedor ao credor, o registro no Cartório de Títulos e Documentos e o terceiro devedor deverá ser notificado, segundo o artigo 1.453 do CC: O artigo 1.473 diz sobre todos os objetos que podem ser hipotecados: Não poderá alterar os bens dados em garantia, caso altere, ele precisará substituir os bens, sendo que o credor pode inspecionar o estado das coisas dada como garantia. Art. 1.461. Podem ser objeto de penhor os veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou condução. Art. 1.466. O penhor de veículos só se pode convencionar pelo prazo máximo de dois anos, prorrogável até o limite de igual tempo, averbada a prorrogação à margem do registro respectivo. Art. 1.451. Podem ser objeto de penhor direitos, suscetíveis de cessão, sobre coisas móveis. Art. 1.453. O penhor de crédito não tem eficácia senão quando notificado ao devedor; por notificado tem-se o devedor que, em instrumento público ou particular, declarar-se ciente da existência do penhor. Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca: I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles; II - o domínio direto; III - o domínio útil; IV - as estradas de ferro; V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham; VI - os navios; VII - as aeronaves. 15 @direitoporpamella É direito real constituído em favor do credor sobre o bem imóvel ou ainda navios e aeronaves para poder sujeitá- lo exclusivamente ao pagamento de uma dívida sem tirar a posse do dono. • A hipoteca deve ser constituída por escritura pública e será registrada no RI do local do imóvel. Pluralidade É possível constituir mais de uma hipoteca sobre um mesmo bem. • Considera-se primeira hipoteca aquela que foi registrada primeiro e o primeiro credor terá preferência com relação aos demais. • O credor da segunda hipoteca registrada não poderá executar o imóvel antes que esteja vencida aprimeira hipoteca, salvo se o devedor for insolvente, segundo o artigo 1.477 do CC: Alienação É nula a cláusula que proíba a pessoa de vender um bem hipotecado, segundo o artigo 1.475 do CC: Importante ressaltar que o credor tem direito de sequela, pois a hipoteca acompanhará o bem vendido/doado à um terceiro. Prazos O contrato de hipoteca PRECISA mencionar um prazo. + 20 anos Deve haver renovação do registro. Máximo 30 anos Ultrapassando o prazo de 30 anos, deverá ocorrer a substituição do contrato e um novo registro. Remição VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; IX - o direito real de uso; X - a propriedade superficiária . Abrange todas as acessões, melhoramentos ou construções novas feitas no imóvel realizados antes ou depois da constituição da hipoteca. Será sempre analisado se o valor do imóvel supre mais de uma dívida. Art. 1.477. Salvo o caso de insolvência do devedor, o credor da segunda hipoteca, embora vencida, não poderá executar o imóvel antes de vencida a primeira. Parágrafo único. Não se considera insolvente o devedor por faltar ao pagamento das obrigações garantidas por hipotecas posteriores à primeira. Art. 1.475. É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado. Parágrafo único. Pode convencionar-se que vencerá o crédito hipotecário, se o imóvel for alienado. 16 @direitoporpamella A remição é o pagamento da dívida para a liberação do imóvel. Significa extinguir, fazer desaparecer o gravame. Além do próprio devedor, o cônjuge, os descendentes, os ascendentes do devedor, o adquirente do bem hipotecado também poderão efetuar a remição. Extinção da Hipoteca A hipoteca se encerrará quando ocorrer: • extinção da obrigação principal; • perecimento total da coisa; • resolução da propriedade; • renúncia do credor; • remição; • arrematação; • adjudicação. Não haverá extinção da hipoteca quando ocorrer arrematação ou adjudicação do bem sem que o credor hipotecário tenha sido notificado. A anticrese está prevista a partir do artigo 1.506 do CC. É direito real estabelecido pela entrega de um imóvel ao credor, e ele poderá retê-lo e ficar com os frutos até que a dívida seja quitada. • O credor fica na posse do bem. • O valor dos frutos percebidos pelo credor será abatido do valor da dívida e ele terá que devolver o imóvel quando o valor da dívida for quitado pelos frutos. Exercício da Anticrese Diferente dos outros direitos reais de garantia, o credor não terá preferência ou direito de excussão, mas ele continuará tendo o direito sobre o imóvel e seus frutos. A constituição da anticrese se estabelece por meio de escritura pública, sendo necessário o registro no RI. Além disso: • Será aperfeiçoado com a entrega do bem ao credor; • O credor poderá colher os frutos pessoalmente ou por meio de terceiro. • Poderá cumular hipoteca e anticrese em um só imóvel. Prazo O prazo máximo da anticrese é de 15 anos, segundo o artigo 1.423 do CC: Resgate da dívida e liberação da hipoteca. Em todas as hipóteses deverá haver o cancelamento no Registro de Imóveis com a prova de sua causa. Precisa necessariamente de um imóvel que produza frutos. Art. 1.423. O credor anticrético tem direito a reter em seu poder o bem, enquanto a dívida não for paga; extingue-se esse direito decorridos quinze anos da data de sua constituição. 17 @direitoporpamella Quadro Resumo Penhor É um direito real que vincula a coisa móvel ao pagamento de uma dívida e o objeto é transferido para o credor, podendo ser penhor legal, penhor rural: agrícola e pecuniário, penhor industrial ou mercantil, penhor de veículo ou penhor de títulos de crédito. Hipoteca É direito real constituído em favor do credor sobre o bem imóvel ou ainda navios e aeronaves para poder sujeitá-lo exclusivamente ao pagamento de uma dívida sem tirar a posse do dono. Anticrese É direito real estabelecido pela entrega de um imóvel ao credor, e ele poderá retê-lo e ficar com os frutos até que a dívida seja quitada. A propriedade fiduciária não é direito real de garantia, na verdade ela e uma espécie de propriedade resolúvel e uma forma eficiente de garantia de crédito em que um bem fica vinculado ao pagamento de uma dívida. Tal disposição está presente no artigo 1.359 do CC: Ocorre a transferência do domínio do bem ao credor em garantia do pagamento, permanecendo o devedor com a posse. Se o pagamento for feito, o devedor voltará a ter a propriedade da coisa de forma plena. Se o pagamento não for feito, caberá ao credor vender a coisa e com o valor abater no pagamento da dívida. A propriedade resolúvel se dá quando o título aquisitivo (do bem móvel ou imóvel) está subordinado a uma condição resolutiva ou advento do termo. A propriedade deixa de ser plena, passando a ser limitada. Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. Credor terá a propriedade e o devedor terá a posse. Termo de quitação em 30 dias. O devedor deverá ser constituído em mora e a propriedade se consolida em nome do credor e após o registro, em 30 dias deve haver o leilão do imóvel para pagamento da dívida. 18 @direitoporpamella Exemplificando, em geral acontece em financiamento de carros, onde a propriedade será da instituição financeira, mas a posse do carro ficará com o devedor e o próprio bem é a garantia. • São requisitos instrumento escrito e o registro em cartório de Títulos e Documentos (se for automóvel há inscrição no Detran). Alienação de Imóvel Também é forma de financiamento de imóvel, o devedor entrega a propriedade resolúvel de um bem imóvel para o credor e o mesmo fica com a posse. • Precisa de registro do contrato no Registro de Imóveis. 19 @direitoporpamella https://www.marianagoncalves.com.br/post/propriedade-resol%C3%BAvel-e- propriedade-fiduci%C3%A1ria-questionamentos https://oa.adv.br/como-funciona-adjudicacao- compulsoria/#:~:text=De%20forma%20bastante%20resumida%2C%20a,promessa %20de%20compra%20e%20venda. https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/58786/o-instituto-da-anticrese-e- suas- peculiaridades#:~:text=A%20anticrese%20caracteriza%2Dse%20por,que%20possu i%20contra%20o%20devedor. https://www.creditas.com/exponencial/o-que-e- hipoteca/#:~:text=A%20hipoteca%20%C3%A9%20uma%20linha,deixaram%20de% 20trabalhar%20com%20hipoteca. https://jus.com.br/artigos/50240/servidao-no-direito-civil
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