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1 @direitoporpamella Propriedade Segundo Luiz Antonio Scavone Junior (2018): “O Código Civil não define a propriedade, mas o proprietário, o que faz a partir dos atributos da propriedade. (…) Sendo assim, uma diferença entre posse e propriedade é que a propriedade nada mais é que o direito real de usar, fruir, dispor e reivindicar a coisa sobre a qual recai, respeitando sua função social”. Tudo isso de acordo com o artigo 1.228 do CC: Poderes do Direito de Propriedade Mesmo não sendo possível extrair da lei um conceito específico de propriedade, é possível conceituar os atos que o direito de propriedade permite que o proprietário realize: Uso: “Usar significa extrair as vantagens naturais ofertadas pela coisa, extração esta que não importa em alteração de sua substância”. Por exemplo, “ao utilizar uma casa para moradia, o proprietário está utilizando a coisa para o fim que se destina sem alterar-lhe a substância”. Gozo: Gozar ou fruir da propriedade, “é a possibilidade de o proprietário extrair os frutos ou produtos decorrentes da coisa sobre a qual recai o direito de propriedade”. Nesse caso, tem-se como exemplo mais comum a locação do imóvel. Dispor: Dispor “significa dar à coisa o destino que o proprietário achar conveniente”. Portanto, o proprietário pode “consumi-la, destruí-la, aliená-la onerosa ou gratuitamente (venda ou doação), gravá-la com um ônus real (….), ou seja, dar a coisa em garantia constituindo ônus real. Reivindicar: No que tange a esse atributo, é possível dizer que o proprietário poderá “reivindicar a coisa de quem injustamente a detenha ou possua”. Função Social O instituto da propriedade talvez seja um dos mais importantes da civilização, sendo este aglutinador de direitos e deveres modulados no decorrer do tempo. Além de poder exercer os poderes já mencionados sobre a propriedade, o agente também precisa respeitar a função social do contrato. O princípio da função social da propriedade impõe que, para o reconhecimento e proteção Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. DIREITO CIVIL – PARTE ESPECIAL https://blog.sajadv.com.br/direito-de-propriedade/ 2 @direitoporpamella constitucional do direito do proprietário, sejam observados os interesses da coletividade e a proteção do meio ambiente, não sendo possível que a propriedade privada, sob o argumento de possuir a dupla natureza de direito fundamental e de elemento da ordem econômica, prepondere, de forma prejudicial, sob os interesses socioambientais (MACHADO, Hébia Luiza. Função socioambiental: solução para o conflito de interesses entre o direito à propriedade privada e o direito ao meio ambiente ecologicamente preservado. MPMG Jurídico, 2008). O código civil fala da função social da propriedade em seu artigo 1.228, §1°: Características Todas as propriedades terão as características citadas no artigo 1.231 do CC: Exclusiva: a propriedade é exclusiva, já que a propriedade de um afasta a propriedade do outro, sendo que uma coisa não comporta dois proprietários por inteiro. Plena: a propriedade é um direito absoluto na medida em que o proprietário tem o mais amplo poder jurídico sobre aquilo que é seu. Nela estão insertos todos os atributos dos direitos reais. Se assim o é, a partir dela surgem todos os demais direitos reais, conforme dito alhures. Perpétuo: a propriedade é considerada, também, um direito perpétuo, o que se afirma em razão de só se extinguir pela vontade do dono ou de disposição legal. Abrangência A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. A abrangência e limitações da propriedade estão disciplinadas nos artigos 1.229 e 1.230 do CC: Art. 1.228. § 1 o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. De fato, a propriedade existirá independentemente do seu exercício por quem de direito. Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. 3 @direitoporpamella Frutos e Produtos Segundo o artigo 1.232 do CC, os frutos e produtos pertencem também ao proprietário cabendo exceção. Aquisição da Propriedade Imóvel São formas de aquisição da propriedade de bens imóvel: Registro O registro de bens imóveis no país é regido pela Lei n. 6.015/1973 (LRP), e se pauta principalmente no princípio da publicidade e da continuidade do registro: Deverá ser feita a averbação na matrícula do imóvel. Acessão Acessão é o aumento do volume ou do valor da coisa principal, em virtude de um elemento externo, ou seja, será incorporado a um bem. As espécies de acessão são divididas em: Formação de Ilhas É uma ilha criada por ação da natureza em rios. A acessão de ilha está disciplinada no artigo 1.249 do CC: ➢ Se a ilha abranger dois terrenos, a ilha será dividida conforme a “linha imaginária” da divisão dos dois terrenos. Aluvião A aluvião está prevista no artigo 1.250 do CC: Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem. Princípio da publicidade (art. 17, LRP): qualquer pessoa pode requerer certidão do registro sem informar ao oficial ou ao funcionário o motivo ou interesse do pedido. Princípio da continuidade: não importante quantas vezes aquele imóvel será passado para frente, o imóvel sempre terá que ser registrado a cada tradição. Precisa ser formação de ilha em rio, pois se for mar, pertencerá ao poder público. Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes: I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais; II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado; III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6015original.htm 4 @direitoporpamella O que caracteriza o aluvião é o fato do é o fato de o acréscimo feito pelo rio à margem ser de tal modo lento que se torna impossível precisar a quantidade acrescida no momento anterior. Avulsão Verifica-se avulsão quando a força súbita da corrente arranca uma parte considerável e reconhecida de um prédio, arrojando-a sobre outro prédio • Possui direito a indenização. A avulsãoestá disciplinada no artigo 1.251 do CC: O lesionado possui 1 ano para reclamar (prazo decadência) Para melhor fixação, veremos o quadro comparativo entre Aluvião e Avulsão: Aluvião Movimentos gradativos. Sem direito a indenização. Avulsão Movimentos bruscos. Com direito a indenização. Acessão por álveo abandonado É a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto. Está disciplinado no artigo 1.252 do CC: De modo geral, é o rio que seca e vira um terreno. Acessões Artificiais As acessões artificiais são basicamente alterações feitas pelo homem, como construções e plantações. Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização. Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem. Por analogia, se resolve o problema do aluvião com a regra de que o acessório acompanha o principal. É um deslocamento brusco (algum evento da natureza que proporcionou o movimento). Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado. Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida. Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo. Nesse caso, o terreno será dividido entre os dois terrenos que ficavam dos dois lados do antigo rio. 5 @direitoporpamella As acessões artificiais estão disciplinas no artigo 1.253 do CC: São citações possíveis: Dono do solo edifica ou planta em terreno próprio, com sementes ou materiais alheios: nessa situação, o dono do terreno (principal) torna-se proprietário das sementes, plantas ou materiais alheios (acessórios), devendo, no entanto, ressarcir o material que utilizou e respondendo, ainda, por eventuais perdas e danos, se agiu de má fé, segundo o artigo 1.254 do CC: Dono das sementes, plantas ou materiais semeia, planta ou constrói em terreno alheio: nessa situação, o dono das sementes, plantas ou materiais há de perdê-las em proveito do proprietário do terreno; entretanto, se agiu de boa-fé, terá direito a indenização, segundo os artigos 1.255 e 1.256 do CC: Um terceiro planta ou edifica com semente ou material alheios, em terreno igualmente alheio: nesse caso, o proprietário do terreno adquire a propriedade das sementes, plantas ou materiais, sendo que o dono destas, por sua vez, terá direito a indenização paga pelo terceiro, segundo o artigo 1.257 do CC: Invasão do solo alheio por construção: • quando a invasão não é superior a 5% do solo alheio e o valor da construção é superior ao valor do solo invadido: se agiu de boa-fé, o Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões. Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua. Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor. 6 @direitoporpamella construtor adquire a propriedade, mas deve indenizar o proprietário da área invadida. Por outro lado, se agiu de má fé, adquire a propriedade apenas na impossibilidade de demolição e se for para proteger terceiros de boa fé. • quando a invasão é superior a 5% do solo alheio: se agiu de boa-fé, o construtor também adquire a propriedade, devendo igualmente indenizar o proprietário da área invadida. Por outro lado, se agiu de má fé, deve-se demolir a construção, sendo o construtor obrigado a indenizar em 2 vezes as perdas e danos. Aquisição da Propriedade móvel Veremos a seguir as formas de aquisição da propriedade móvel: Ocupação Trata-se de modo de aquisição originário de propriedade, por meio do qual alguém se torna proprietário de coisa móvel sem dono ou de coisa abandonada. Nesse sentido, de acordo com o artigo 1.263 do Código Civil, aquele que se assenhora de coisa sem dono logo lhe adquire a propriedade, desde que essa ocupação não seja defesa (proibida) por lei: Ocupação e Descoberta A ocupação é diferente da descoberta, pois coisa perdida não se equipara a coisa sem dono, sendo assim, a pessoa que encontrou tem a obrigação de devolver para a pessoa, caso a conheça, ou entregar para autoridade competente, segundo o artigo 1.233 do CC: Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente. Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção. Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa- fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro. Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei. Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou 7 @direitoporpamella Tesouro O tesouro diz respeito ao depósito antigo de coisas preciosas, que estão ocultas, e de cujo dono não haja memória, segundo o artigo 1.264 do CC: Tendoem vista que o dono é oculto (pois caso fosse o contrário seria descoberta e não tesouro), o tesouro pertencerá ao proprietário do prédio onde foi encontrado, segundo o artigo 1.265 do CC: Mas, caso seja encontrado em um local aforado, o tesouro será dividido entre aquele que encontrou e aquele que recebeu propriedade por meio de enfiteuse, segundo o artigo 1.266 do CC. Especificações A especificação diz respeito a um modo particular de adquirir a propriedade de bem móvel, que não pode voltar ao status quo anterior, subsistindo apenas a espécie nova. Trata-se, portanto, de um modo de aquisição de propriedade dado por meio da transformação de um bem móvel em uma espécie nova, seja por meio de trabalho ou indústria do especificador. EX: a confecção de uma escultura a partir de um bloco de mármore ou uma joia criada por um joalheiro. Quem tiver “criado” item novo apartir d eitens alheios, será o novo proprietário da coisa, segundo o artigo 1.269 do CC: A especificação pode ser praticada por: Boa-Fé Será dele o bem novo, mas será cabível a indenização, segundo o artigo 1.270 do CC: legítimo possuidor. Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente. Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado. Enfiteuse: Direito real, transmissível por ato entre vivo ou por disposição de última vontade, por meio do qual o proprietário atribui perpetuamente a outrem o domínio útil de sua propriedade. A título de sinalagma, o enfiteuta deverá pagar ao senhor um foro anual. Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor. Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior. 8 @direitoporpamella Má-Fé Podendo separar os bens ou caso não possa ser separado, mas o especificador agiu de má-fé, o bem será de propriedade do dono da matéria prima, segundo o §1° do arigo 1.270 do CC: Além disso, segundo o artigo 1.271 do CC, os prejudicados poderão ser sessarcidos dos danos que sofreram, mas com exceção do especificador de má-fé. Confusão, Comistão e Adjunção O conceito da confunsão, comistão e da adjunção está presente no caput do artigo 1.272 do CC: Confusão Trata-se da mistura de coisas líquidas. EX: mistura do vinho de um dono com o vinho de outro, mistura álcool e gasolina, etc. Comistão Trata-se da mistura de coisas sólidas ou secas. EX: a mistura de cereais de safras diferentes. Adjunção Trata-se da justaposição de uma coisa à outra. EX: tinta em relação à parede, ou um selo valioso em um álbum de um colecionador. Caso a confusão, comistão ou a adjunção tenha se dado através da má- fé, a outra aprte terá direito a propriedade de todo o bem, pagando o que não for seu e abatendo da indenização que lhe é devida, ou rneunciar o que lhe pertencer para ser indenizado, segundo o artigo 1.273 do CC: É importante ressaltar que caso um dos três institutos resultar em coisa nova, aplicará as leis da especificação. Tradição Trata-se da entrega da coisa do alienante ao adquirente, com a intenção de lhe transferir o domínio. Ressalte-se que o contrato, por si só, não transfere a propriedade, gerando apenas obrigações. Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova. Art. 1.270. § 1 o Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima. Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração. Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado. 9 @direitoporpamella Espécies Real: quando ocorre a entrega da própria coisa. Simbólica: quando ocorre, por exemplo, a entrega das chaves de uma casa simbolizando a entrega da própria casa. Ficta: no caso do constituo possessório a partir do qual o vendedor transfere a outra pessoa o domínio da coisa, conservando-a, entretanto, em seu poder. A tradição de quem não seja proprietário em regra não aliena o bem, segundo o artigo 1.268 do CC que também traz exeções: O negócio jurídico é nulo quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz; for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto. Agora passaremos a estudar com relação a Usucapião: Perda da Propriedade O código civil prevê as hipóteses de perda da propriedade no artigo 1.275 do CC: Alienação Consiste em um negócio jurídico em que ocorre a transmissão do direito de propriedade de um patrimônio a outro. Podendo, portanto, essa transmissão ser a título gratuito (doação) ou oneroso (compra e venda). Tal informação está previsto no parágrafo único do artigo anteriormente mencionado: Renúncia Trata-se de ato jurídico unilateral pelo qual o proprietário declara, de forma Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono. § 1 o Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição. § 2 o Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negócio jurídico nulo. Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: I - por alienação; II - pela renúncia; III - por abandono; IV - por perecimento da coisa; V - por desapropriação. A alienação, como ato bilateral voluntário transmissivo de direito real, requer a solenidade do registro no Cartório de Registro Imobiliário. Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis. 10 @direitoporpamella expressa, a sua vontade de renunciar a seu direito sobre a coisa, de forma que o bem não seja transmitido a ninguém. ➢ É solene, unilateral e caso seja um bem imóvel, deverá ser averbado na escritura pública. Abandono O abandono configura quando o proprietário deixa a coisa com a intenção de não mais te-lâ consigo, ou seja, de não ser mais dono, surgindo o conceito de res derelictae, diante da derrelição. Em caso de: Móvel Será dono aquele que encontrou coisa abandonada. Imóvel O terceiro pode adquirir a propriedade de imóvel abandonado através da usucapião, arrematação e entre outros. Perecimento O perecimento da coisa constitui a perda do objeto, tratando-se, portanto, de uma modalidade involuntária de perda da propriedade, sendo resultado por força natural ou atividade humana. EX: deixar uma joia cair em altomar. Desapropriação A desapropriação é a transferência compulsória da propriedade particular para o Poder Público, seja por utilidade ou necessidade pública ou, ainda, por interesse social, através de prévia e justa indenização em dinheiro. Posse Trabalho A posse trabalho é uma espécie de aquisição de propriedade, seja urbana ou rural, de uma área extensa, sendo a posse ininterrupta, pacífica e boa fé, pelo decurso do prazo de mais de 5 (cinco) anos. Após a renúncia de um bem, a coisa se torna coisa vaga. Por não ser um ato expresso como a renúncia, o abandono deve resultar de atos que atestem a manifesta intenção de abandonar, sendo insuficiente o mero desprezo físico pela coisa, se não acompanhado de sinais evidentes do ânimo de abdicar a propriedade. Lembrando que a usucapião para coisa abandonada é de apenas 3 anos, e a pessoa precisa ter a intenção e agir como se fosse dono, isso quer dizer pagar os impostos do imóvel. Costuma acontecer mais com bens imóveis, pois se você não está na posse do bem provavelmente você também perde a propriedade (a coisa deixou de existir). É feita por um interesse público. A posse deverá ser de um número considerável de pessoas, mas, diversas pessoas devem fazer o uso daquela área, para fins de interesse social e coletivo, devendo haver produtividade, independente da forma, seja através de atividades culturais, seja através de moradia e até mesmo fomentando situações econômicas, o que adéqua ainda mais a finalidade da função social. 11 @direitoporpamella O proprietário do local perderá o terreno, na maioria das vezes e o juiz fixará uma multa que é muitas vezes simbólica para os ocupantes pagarem. A posse trabalho está prevista no artigo 1.228 §4° e §5° do CC: Conceito A usucapião é uma forma de estabelecer uma função social (como moradia, subsistência, atividade econômica ou outro) para alguém que toma posse, cuida e preza pela manutenção de um bem que, na mão de seu dono, não esteja em consonância com suas obrigações com a sociedade. A Usucapião, também pode ser chamada de prescrição aquisitiva, que é uma modalidade de aquisição originária de um direito real: a propriedade, que é reconhecida em atenção à posse mansa, pacífica e prolongada por certo intervalo de tempo. Fundamento O fundamento da usucapião está assentado, no princípio da utilidade social, na conveniência de se dar segurança e estabilidade à propriedade, bem como de se consolidar as aquisições e facilitar a prova do domínio. Tipos da Usucapião Usucapião ordinária: ocupante adquire a propriedade do imóvel se o possuir por 10 anos, de forma mansa, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé; Usucapião extraordinária: ocupante adquire a propriedade do imóvel se o possui por 15 anos, sem interrupção, nem oposição, independentemente de justo título e boa-fé; Será uma ação de declaração e a sentença será o título para registrar o imóvel. Usucapião especial urbana: ocupante, que não é proprietário de outro imóvel urbano ou rural, passa a ter o domínio de área urbana de até 250m², quando o ocupa por no mínimo 5 anos ininterruptos e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família; Art. 1.228 § 4 o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5 o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Precisa de justo título e boa-fé. Não precisa de justo título e boa-fé. 12 @direitoporpamella Usucapião especial rural: estabelecer moradia habitual ou tornar a terra produtiva por seu trabalho e/ou de sua família de área rural não superior a cinquenta hectares por 5 (cinco) anos ininterruptos e sem oposição, desde que não seja possuidor de nenhum imóvel, rural ou urbano; Usucapião especial urbana por abandono do lar: semelhante à usucapião especial urbana pro misero, porém com a ocupação por 2 anos de imóvel cuja propriedade divida com ex- cônjuge ou ex-companheiro abandonador; Usucapião especial urbana coletiva: vários ocupantes (população de baixa renda) que não sejam proprietários de outro imóvel mas possuem uma área urbana com mais de 250m², por 5 anos, ininterruptamente e sem oposição. Requisitos Posse com intenção de ser dono A posse do imóvel ocupado não pode decorrer de mera tolerância, como por exemplo, contrato de locação, comodato e entre outros. Pelo contrário, o ocupante deve ter a intenção de dono em relação à área ocupada, como se quisesse ser o proprietário. Posse mansa e pacífica “Posse Ad Usucapionem”. O indivíduo que ocupou o imóvel deve seu possuidor sem que o proprietário do imóvel tenha contestado sua permanência nele, ou seja, o dono não se manifestou de nenhuma forma contrária. Coisa hábil ou suscetível de usucapião Significa dizer que o bem precisa ser possível de aplicar a prescrição aquisitiva, ou seja, aqueles que não são impedidos de se usucapir, como por exemplo, os bens públicos são impedidos, segundo o artigo 102 do CC: Justo Título e Boa-Fé A boa-fé quer dizer que o ocupante ingressou no imóvel como se dono fosse, de maneira lícita, com a crença Só poderá usucapir uma vez na vida, nessa modalidade, além de não poder ter outro imóvel. Só poderá usucapir uma vez na vida, nessa modalidade, além de não poder ter outro imóvel e tornar a área produtiva e para moradia. Não poderá usucapir imóvel individual e sim imóvel comum do casal. Geralmente é feita por famílias. As ações poderão ser coletivas ou individuais. A contestação do proprietário pode ser feita mediante registro em Cartório de Registro de Imóveis. Se houver tal contestação, a usucapião é descaracterizada. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. https://www.aradvogadosreunidos.com.br/tudo-sobre-direito-da-familia/ https://www.aradvogadosreunidos.com.br/tudo-sobre-direito-da-familia/ 13 @direitoporpamella de que é legítimo possuidor para exercer domínio sobre o imóvel. O justo título diz respeito à existência de um ato/documento/contrato podendo ser, como por exemplo, uma promessa de compra e venda entre o possuidor e o antigo possuidor/proprietário do imóvel, um contrato de cessão de direitos, entre outros documentos que justifiquem o exercício da posse de boa-fé. Decurso do Tempo O ocupante precisa estar no imóvel sem nunca o ter desocupado. Ou seja, a posse deve ser contínua e duradoura. Cada tipo de usucapião possui um prazo mínimo. Para melhor fixação, veremos o quadro a seguir: Prazos da Usucapião Usucapião Ordinária 10 anos que diminui para 5 anos quando adquirido onerosamente por registro em cartório imobiliário. Usucapião Extraordinária 15 anos que pode diminuir para 10 anos caso os possuidores tenham estabelecido moradia ou realizaram investimentos de interesse social e econômico no imóvel. Usucapião Especial Urbana 5 anos. Usucapião Especial Coletiva 5 anos. Usucapião Urbana por Abandono 2 anos. Coisa Móvel A usucapião de bem móvel é um meio de aquisição originária da propriedade de coisa móvel, nos termos do art. 1260 a 1262 do CC. A usucapião de bem móvel se divide em duas espécies: Usucapião ordinária: é aquela que permite a aquisição da propriedade de uma coisa móvel a quem possuí-la como sua contínua e incontestavelmentepor três anos com justo título e boa-fé. Está disciplinada no artigo 1.260 do CC: ➢ Precisa de justo título e boa-fé. ➢ O justo título pode ser uma herança, por exemplo. Usucapião extraordinária: é aquela que permite a aquisição da propriedade de uma coisa móvel pela posse contínua e incontestada por 5 anos, A boa-fé e o justo título é dispensável. Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10650995/artigo-1260-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10650920/artigo-1262-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 14 @direitoporpamella independentemente da existência de justo título e boa-fé. ➢ Não precisa de justo título e boa-fé. Ação Declaratória Ação devida para a usucapião é a ação declaratória visando ao reconhecimento da relação jurídica dominial sobre determinados bens. ➢ O rito será sumário. Art. 246. § 3º Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada. 15 @direitoporpamella https://blog.sajadv.com.br/posse-e-propriedade/ http://genjuridico.com.br/2019/12/16/caracteristicas-da- propriedade/#:~:text=b)%20Car%C3%A1ter%20exclusivo&text=Essa%20caracter% C3%ADstica%20significa%20que%20n%C3%A3o,tempo%2C%20da%20inteireza% 20da%20coisa. https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1361/Formas-de-aquisicao-da- propriedade- imovel#:~:text=1245%2C%201246%20e%201247%20a,havido%20como%20dono %20do%20im%C3%B3vel https://trilhante.com.br/curso/direito-de-propriedade/aula/aquisicao-da-propriedade- de-imovel-por-acessao-1 https://www.aradvogadosreunidos.com.br/requisitos-principais-usucapiao/ https://trilhante.com.br/curso/direito-de-propriedade/aula/aquisicao-da-propriedade- movel-1 https://jus.com.br/artigos/92144/da-perda-da-propriedade-imovel-e-movel https://blogmarianagoncalves.jusbrasil.com.br/artigos/728416410/usucapiao- conhece-a-modalidade-posse- trabalho#:~:text=A%20posse%20trabalho%2C%20ou%20posse,de%205%20(cinco) %20anos. https://blog.sajadv.com.br/posse-e-propriedade/ http://genjuridico.com.br/2019/12/16/caracteristicas-da-propriedade/#:~:text=b)%20Car%C3%A1ter%20exclusivo&text=Essa%20caracter%C3%ADstica%20significa%20que%20n%C3%A3o,tempo%2C%20da%20inteireza%20da%20coisa http://genjuridico.com.br/2019/12/16/caracteristicas-da-propriedade/#:~:text=b)%20Car%C3%A1ter%20exclusivo&text=Essa%20caracter%C3%ADstica%20significa%20que%20n%C3%A3o,tempo%2C%20da%20inteireza%20da%20coisa http://genjuridico.com.br/2019/12/16/caracteristicas-da-propriedade/#:~:text=b)%20Car%C3%A1ter%20exclusivo&text=Essa%20caracter%C3%ADstica%20significa%20que%20n%C3%A3o,tempo%2C%20da%20inteireza%20da%20coisa http://genjuridico.com.br/2019/12/16/caracteristicas-da-propriedade/#:~:text=b)%20Car%C3%A1ter%20exclusivo&text=Essa%20caracter%C3%ADstica%20significa%20que%20n%C3%A3o,tempo%2C%20da%20inteireza%20da%20coisa https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1361/Formas-de-aquisicao-da-propriedade-imovel#:~:text=1245%2C%201246%20e%201247%20a,havido%20como%20dono%20do%20im%C3%B3vel https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1361/Formas-de-aquisicao-da-propriedade-imovel#:~:text=1245%2C%201246%20e%201247%20a,havido%20como%20dono%20do%20im%C3%B3vel https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1361/Formas-de-aquisicao-da-propriedade-imovel#:~:text=1245%2C%201246%20e%201247%20a,havido%20como%20dono%20do%20im%C3%B3vel https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1361/Formas-de-aquisicao-da-propriedade-imovel#:~:text=1245%2C%201246%20e%201247%20a,havido%20como%20dono%20do%20im%C3%B3vel https://trilhante.com.br/curso/direito-de-propriedade/aula/aquisicao-da-propriedade-de-imovel-por-acessao-1 https://trilhante.com.br/curso/direito-de-propriedade/aula/aquisicao-da-propriedade-de-imovel-por-acessao-1 https://trilhante.com.br/curso/direito-de-propriedade/aula/aquisicao-da-propriedade-movel-1 https://trilhante.com.br/curso/direito-de-propriedade/aula/aquisicao-da-propriedade-movel-1 https://jus.com.br/artigos/92144/da-perda-da-propriedade-imovel-e-movel
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