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Dissertação inclusão

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
 FACULDADE DE EDUCAÇÃO
 
	Disciplina: POLÍTICA EDUCACIONAL 
	Aluno: João Lucas Anselmo Eleutério 
	Professora: Juliana Souza
Os desafios em busca de um sistema educacional inclusivo diante da pluralidade social do Brasil
A sociedade brasileira é marcada pela diversidade étnica, cultural, regional e socioeconômica como herança da sua conturbada história de formação social. Desse modo, a Constituição Federal Brasileira de 1988[footnoteRef:1], lei fundamental e suprema, estabelece igualdade entre os indivíduos e assegura garantias de acesso aos direitos fundamentais como educação, saúde, moradia e segurança, sem distinção de cor/raça, gênero, cultura, entre outros. Entretanto, uma parcela da população brasileira ainda convive com acessos inadequados aos diretos supramencionados. [1: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm] 
Dentre tais direitos, destaca-se a educação. O professor Demerval Saviani afirma que a educação transcende o eixo dos direitos sociais, pois, configura-se como condição essencial, ainda que insuficiente, para que os indivíduos exerçam os demais direitos. Sendo assim, a importância do ensino de qualidade no processo de formação dos sujeitos é notória, portanto, a inclusão de todas as pessoas nas instituições educacionais se faz necessária. 
Objetivando retratar o panorama educacional da população no Brasil o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), levanta trimestralmente informações sobre a educação brasileira em todos os níveis, levando em consideração as taxas de analfabetismo, nível de instrução e anos de estudo, frequência à escola ou creche, abandono escolar e frequência à educação profissional e superior.
No que diz respeito ao analfabetismo a PNAD Contínua 2019[footnoteRef:2] concluiu que no ano de 2019 haviam 11 milhões de brasileiros acima de 15 anos analfabetos, sendo mais da metade dessas pessoas, cerca de 6,2 milhões, moradoras do Nordeste. Quanto ao nível de instrução observou-se que 57% das pessoas brancas haviam terminado o ensino médio, enquanto que, entre as pessoas pretas ou pardas a taxa foi de 41,8%. No que tange a frequência à escola notou-se que 76,4% das mulheres entre 15 a 17 anos estavam frequentando o ensino médio, já entre os homens dessa mesma faixa etária a taxa foi de 66,7%. No tocante ao abandono escolar, entre indivíduos de 14 a 29 anos que não frequentam a escola e com nível de instrução inferior ao médio completo, 27,3% dessas pessoas se declararam brancas e 71,7% pretas ou pardas. Dentre os principais motivos para o abandono escolar ou por nunca terem frequentado a escola destaca-se a necessidade de exercer uma atividade laboral apontada por 39,1% dos jovens. Acerca do acesso ao ensino superior, a pesquisa mostrou que 24,5% das mulheres estudantes, entre 18 e 24 anos, estavam na graduação e entre os homens de mesma faixa etária esse percentual foi de 18,4%. Por cor ou raça esse cenário é ainda mais discrepante, pois, 37,9% das pessoas brancas de 18 a 24 anos estavam estudando, sendo 29,7% no ensino superior, já a taxa de escolarização dos pretos ou pardos nessa mesma faixa etária foi de 28,8%, com pouco mais de 16% cursando a graduação. [2: Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101736] 
Os resultados da avaliação educacional brasileira da PNAD Contínua evidenciaram duas fragilidades na educação nacional frente às desigualdades socioeconômicas e socioculturais da população, que são: oportunidades distintas de acesso ao ensino de qualidade e dificuldade de permanência de alguns grupos sociais dentro do ambiente escolar. Nota-se que pretos e pardos mesmo sendo mais de 50% da população, segundo Censo Demográfico do IBGE de 2010[footnoteRef:3], ainda não estão representados na educação de nível superior onde o corpo discente é majoritariamente branco. Ressalta-se também que, a má distribuição de renda, reflexo do sistema capitalista que além de acirrar as tensões entre as classes sociais, é uma das responsáveis pela evasão escolar, visto que, muitos jovens diante de suas realidades cruéis optam por trabalhar e abandonam as escolas. Salienta-se que, as desigualdades da população brasileira são múltiplas, não se restringindo apenas à cor/raça, bem como à classe social, e que os fatos supraditos objetivam aclarar os obstáculos educacionais referidos. [3: Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/] 
Diante do que foi exposto, a discussão entorno da inclusão de todos os grupos sociais no sistema educacional de qualidade se faz necessária, pois, se configura como direito. Vale destacar também que é preciso que pessoas com deficiência, que por muito tempo foram segregadas em escolas especiais, sejam abraçadas pelo ensino regular. De acordo com Art. 27 da Lei 13.146[footnoteRef:4], a educação é um direito das pessoas com deficiência que devem ser assegurados por um sistema educacional inclusivo em todos os níveis de aprendizado ao longo da vida, de modo a alcançar o máximo desenvolvimento. [4: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm] 
Posto isso, a busca por a um método de educação inclusiva, sólida e de qualidade que compreenda todos os indivíduos, sem exceção, em um contexto social plural como é o caso do Brasil, deve-se se alicerçar em alguns pilares importantes, como: a estruturação física das instituições; a promoção de atividades em ambiente escolar tencionando a valorização e o respeito das especificidades socioculturais, étnico raciais, religiosas e as condições físicas de cada indivíduo; a capacitação do corpo docente através de uma especialização adequada de modo que estejam qualificados ao atendimento especializado a todos educandos dos mais variados grupos sociais; a ampliação das políticas públicas inclusivas de forma que garanta a representatividade de todos os grupos sociais nas instituições públicas de ensino superior; e, a melhor redistribuição de capital de modo a diminuir as diferenças socioeconômicas entre indivíduos e regiões.

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