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Educacao Fisica Inclusiva e Esportes Adaptados 6

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EDUCAÇÃO FÍSICA 
INCLUSIVA E 
ESPORTES 
ADAPTADOS
Beatriz Paulo Biedrzycki
Atividades motoras e 
esportivas voltadas 
para pessoas com 
deficiências intelectuais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer os elementos fundamentais das modalidades esportivas 
para pessoas com deficiências intelectuais.
 � Identificar as diferentes modalidades esportivas adaptadas para pes-
soas com deficiências intelectuais. 
 � Analisar a influência das atividades motoras e esportivas na vida de 
pessoas com deficiências intelectuais.
Introdução
A deficiência intelectual pode ser entendida como uma incapacidade 
no funcionamento das habilidades sociais e das funções cognitivas. Essa 
população, assim como as pessoas com as demais deficiências, pode ser 
beneficiada pela prática de atividades físicas em diversas áreas — motoras, 
sociais e mentais.
Neste capítulo, você vai identificar as modalidades esportivas que 
podem ser praticadas por pessoas com deficiência intelectual, reconhe-
cendo seus elementos fundamentais e percebendo como elas podem 
ser adaptadas para essa população.
1 Compreendendo a deficiência intelectual
Valle e Connor (2014) nos convidam à reflexão quando apontam que nor-
malmente as representações que vemos na mídia de pessoas com deficiência 
reforçam as conotações negativas associadas às deficiências em geral, prin-
cipalmente a intelectual. Ironicamente, ao ter esse modelo difundido, cria-se 
uma ideia de que essa população é problemática, reforçando seus estereóti-
pos, distorcendo a realidade e perpetuando a marginalização da pessoa com 
deficiência.
Inicialmente, é importante compreender o termo deficiência como uma 
condição resultante de um impedimento, ou seja, como uma limitação em 
algum nível que compromete determinados desempenhos, sendo uma perda 
ou uma anormalidade (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 1995; 
OMS, 1993; SASSAKI, 2005). A deficiência intelectual pode ser entendida 
como uma incapacidade caracterizada por limitações significativas tanto 
no funcionamento intelectual como no comportamento e na aquisição de 
habilidades conceituais, sociais e práticas, manifestando-se ainda na infância 
(LUCKASSON et al., 2002). Dias e Oliveira (2013) afirmam que, diferente-
mente das deficiências físicas, a deficiência intelectual possui uma situação 
peculiar, devido à dificuldade de percebê-la e à invisibilidade da deficiência, 
que atribuem, à pessoa com deficiência intelectual, uma cognição infantil, 
excluindo seus direitos de uma vida adulta, autônoma e cidadã.
Assim, é correto afirmar que a característica fundamental da deficiência 
intelectual é o prejuízo cognitivo, que pode acarretar um funcionamento 
intelectual (quociente de inteligência [QI]) inferior à média, com limitações 
significativas das competências práticas, sociais e emocionais. Além disso, 
há limitações adaptativas em pelo menos duas das seguintes habilidades: 
comunicação, autocuidado, vida no lar, interação social, saúde e segurança, 
uso de recursos da comunidade, autodeterminação, funções acadêmicas, 
lazer e trabalho (AAIDD, 2011). Ademais, de acordo com a Classificação 
estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, 
10ª revisão (CID-10) (OMS, 1993), a deficiência intelectual corresponde a um 
desenvolvimento incompleto do funcionamento intelectual, caracterizada, 
essencialmente, por um comprometimento das capacidades que determinam 
o nível global de inteligência, ou seja, das funções cognitivas.
Atividades motoras e esportivas voltadas para pessoas com deficiências intelectuais2
As funções cognitivas englobam diferentes capacidades e habilidades humanas, 
como a capacidade de aprender e compreender. Essas funções superiores são estabe-
lecidas a partir do sistema nervoso central, englobando as capacidades de linguagem, 
aquisição da informação, percepção, memória, raciocínio e pensamento, e permitindo 
a realização de tarefas como leitura, escrita, cálculos, sequência de movimentos, etc. 
(MALLOY-DINIZ et al., 2010).
Quando se trata das funções cognitivas, a linguagem merece uma atenção 
especial. Essa habilidade parece ser uma das mais deficitárias, como prejuízos 
no entendimento da morfologia das palavras e na construção de frases curtas 
e simples, gerando uma escassa capacidade de expressão e comunicação, 
o que diminui o nível de interação social do indivíduo, principalmente pela 
dificuldade de expressar-se com os demais. Essa dificuldade da construção 
da linguagem das pessoas com deficiência intelectual faz elas criarem um 
dialeto muito próprio, o qual não é entendido pela maioria das pessoas. Isso 
acarreta, muitas vezes, um processo de desistência de aprender a linguagem 
verbal, o que leva a inúmeros prejuízos, uma vez que a fala aparece como 
elemento primordial para o desenvolvimento dos demais processos cognitivos 
(SANTOS, 2012).
Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE, 2013) traçou a prevalência de diferentes manifestações de deficiência, 
relacionando-a com a faixa etária. Na população brasileira, foi encontrada 
uma progressão da deficiência intelectual proporcional ao avanço da idade, 
que acomete ambos os sexos de maneira similar:
 � 0–14 anos — 0,9%;
 � 15–64 anos — 1,4%;
 � Acima dos 65 anos — 2,9%.
Dias e Oliveira (2013) aponta para a importância de a deficiência intelectual 
não ser tratada como uma forma abstrata e descontextualizada das práticas 
sociais, que também englobam as práticas corporais, uma vez que, ao falar de 
deficiência intelectual, precisamos falar sobre a maneira como as pessoas se 
relacionam e o processo de mediação que se estabelece no contexto histórico, 
social e cultural e na escola, que dá significado a essas diferenças.
3Atividades motoras e esportivas voltadas para pessoas com deficiências intelectuais
O mesmo autor ainda afirma que, ao inserir a deficiência intelectual na 
escola, é importante que esta seja compreendida e entendida de maneira 
global e contextualizada. Assim, deve-se ter cuidado para que ela não caia 
em uma perspectiva desumanizadora, retirando o que o sujeito possui de mais 
importante: sua condição humana, que possui facetas sociais e culturais, não 
havendo limites para essas interações nem para o seu desenvolvimento.
A deficiência intelectual aponta para dificuldades importantes na linguagem 
verbal. Portanto, compreender que a educação física escolar também está 
pautada na utilização do corpo como forma de expressão da sua identidade 
e cultura e criar espaços e estratégias para que o aluno se inteire da aula e 
participe ativamente podem ser ferramentas para melhorar as capacidades de 
expressão, interferindo diretamente na qualidade de vida.
Rodrigues e Lima (2014) apontam que a procura e a inserção dessa popu-
lação em atividades esportivas — seja em nível competitivo, recreativo ou 
de lazer — estão crescendo em todo o mundo e no Brasil. Então, esta pode 
ser uma ferramenta interessante e importante para construir bases fortes, 
melhorando os aspectos em que esse estudante possui dificuldade.
O evento esportivo conhecido como Olimpíadas Especiais, que atende 
unicamente pessoas com deficiência intelectual, é pautado no respeito e na 
inclusão. Hoje, no Brasil, existem 10 modalidades esportivas olímpicas espe-
ciais, as quais você conhecerá a seguir.
Elementos fundamentais das modalidades esportivas 
para pessoas com deficiência intelectual
Conforme supracitado, o Brasil hoje disponibiliza treinamento para parti-
cipação olímpica especial em 10 diferentes modalidades, descritas a seguir.
1. Atletismo — desenvolve-se de maneira igual à modalidade olímpica 
regular, contando com provas de campo e pista (corridas e saltos).
2. Basquete — segue as regras oficiais da Confederação Brasileira de 
Basketball (CBB), sem diferenças.
3. Bocha — consistem em rolar uma bola até colocá-la próximo a um alvo. 
Pode ou não apresentar adaptações e mudanças na regra. Parapessoas 
que têm exclusivamente deficiência intelectual, não há necessidade 
de nenhuma alteração; mas, caso haja alguma outra deficiência física 
associada, serão necessárias adaptações para que seja possível realizar 
o movimento com a bola, como calhas e prolongadores.
Atividades motoras e esportivas voltadas para pessoas com deficiências intelectuais4
4. Futebol — é praticado de maneira similar à modalidade das Olímpiadas 
regulares.
5. Natação — são disputadas provas em águas abertas e fechadas. A nata-
ção para pessoas com deficiência intelectual possui as diferenças mais 
significativas, se a comparamos com a modalidade tradicional. Essas 
alterações foram feitas para atender todas as diferenças, permitindo que 
todos que se interessem por esportes aquáticos possam participar. As 
modalidades são: caminhada e flutuação; nado não assistido (em que 
é necessário percorrer a distância sem nenhum tipo de ajuda); e nado 
assistido (em que há auxílio para realizar a prova).
6. Ginástica rítmica — é praticada apenas por atletas do sexo feminino, 
e é menos exigente quanto a peso, altura e flexibilidades ou controle 
dos aparelhos (corda, bola, arco, massa e corda). No entanto, mantém 
sua característica fundamental de realizar os movimentos de acordo 
com a música, de maneira individual ou em grupo.
7. Tênis — é praticado de maneira similar ao praticado nas Olímpiadas 
regulares. Apareceu, pela primeira vez, nas Olimpíadas especiais de 
1998.
8. Tênis de mesa — é composto por uma mesa, a qual é dividida por 
uma rede. Cada jogador possui uma raquete e deve passar a bola para 
o campo adversário. São provas oficiais: simples, de duplas, duplas 
mistas, unificadas duplas, habilidades individuais e cadeirantes.
9. Vôlei de praia — segue as normas e regras do esporte, sem adapta-
ções. Em alguns casos e graus de comprometimento, é necessário um 
olhar diferenciado quanto à qualidade técnica do atleta, adaptando 
movimentações.
10. Judô — os atletas são divididos quanto a seu nível de habilidade, seu 
peso e seu sexo, tornando a disputa mais igualitária. O início da disputa 
pode acontecer em pé ou de joelhos no solo, sendo realizadas as técnicas 
de go-kyo e imobilizações. As técnicas de sacrifício, estrangulamento 
e chave de braço não são permitidas. Também existem outras altera-
ções, como posicionamento verbal do árbitro e adaptações no tempo 
do combate.
5Atividades motoras e esportivas voltadas para pessoas com deficiências intelectuais
2 Diferentes modalidades esportivas adaptadas 
para pessoas com deficiência intelectual
Muitas são as possibilidades de modalidades esportivas e de lazer que podem 
ser realizadas por pessoas com deficiência. Independentemente da modalidade, 
algumas adaptações serão necessárias, conforme as necessidades individuais 
apresentadas por cada sujeito. Assim, criam-se estratégias para que ele possa 
desfrutar plenamente da atividade, propiciando o pleno desenvolvimento de 
suas habilidades e capacidades.
Dessa forma, surge a necessidade de pensar em atividade física adaptada, 
que é um campo do conhecimento que, com a educação física adaptada e 
o esporte adaptado, direciona seus estudos para a educação, o bem-estar 
e a prática esportiva e de lazer dos indivíduos com deficiência (SEABRA 
JUNIOR, 2008).
Apesar de serem conceitos extremamente similares, a atividade física adaptada difere 
do esporte adaptado e da educação física adaptada.
 � Atividade física adaptada — esse conceito foi pensado pela necessidade de 
compreender as diferentes atividades de lazer realizadas fora do contexto escolar 
do esporte, sendo algo mais abrangente, permitindo, assim, ser entendida como 
uma ferramenta inclusiva.
 � Esporte adaptado — refere-se unicamente a alto rendimento, competições 
esportivas e paralimpíadas, ou seja, aos esportes em geral que não são praticados 
por todas as pessoas com deficiência.
 � Educação física adaptada — refere-se ao componente curricular, englobando 
unicamente as atividades realizadas dentro da escola, durante a idade escolar do 
sujeito, estando subordinada às matrizes curriculares nacionais.
Nascimento et al. (2019) apontam para a versatilidade dos esportes aquáti-
cos, como natação, hidroginástica, exercícios na água e/ ou sessões recreativas, 
que, quanto à intensidade, possuem uma característica leva a moderada. São 
considerados apropriados para pessoas com deficiência, principalmente por 
possuir uma característica sensorial importante e única, podendo ser adaptados 
para atender as mais diferentes necessidades que um sujeito pode apresentar. 
Além disso, a flutuabilidade pode ser entendida como uma característica 
Atividades motoras e esportivas voltadas para pessoas com deficiências intelectuais6
extremamente positiva, permitindo uma maior interação com o professor, 
estreitando os laços e a relação social.
Castro et al. (2013) propõem sugestões de atividades que podem ser realiza-
das por diferentes sujeitos com as mais variadas deficiências. Essas atividades, 
descritas a seguir, podem ser benéficas para a melhora da coordenação motora, 
do equilíbrio e do esquema corporal, além de trazer benefícios quanto aos 
marcadores de saúde, à linguagem e à socialização. São elas:
Esportes e jogos adaptados — propiciam o desenvolvimento de diversas 
habilidades específicas dos esportes, além de habilidades motoras fundamen-
tais e outras funções adaptativas ligadas ao controle postural, à mobilidade 
e ao manejo de materiais de diferentes pesos e tamanhos. As adaptações 
podem acontecer quanto ao formato da quadra (que pode ser diminuída ou 
ampliada), quanto às regras (para deixar o esporte mais fácil de ser praticado) 
e até mesmo quanto aos equipamentos (pode-se utilizar uma bola maior ou 
com som, pensando em tornar o momento do esporte coletivo algo divertido 
e permitindo que todos consigam fazer as atividades propostas). Os autores 
ainda afirmam que é importante estar atento quanto à formação dos times, 
buscando deixá-los equilibrados e mesclando os quadros mais severos com os 
mais leves, bem como os tipos de deficiência e o nível de habilidade.
Atividades aquáticas — buscam desenvolver as habilidades equilíbrio, mo-
bilidade, orientação no meio, controle de materiais e objetos e orientação 
espacial. Além disso, são fortalecidas as habilidades das atividades típicas 
da natação, como flutuação, propulsão, submersão, controle e coordenação 
respiratória, coordenação de braços e pernas na propulsão dentro de um estilo 
de natação. Para muitos, as atividades aquáticas são uma oportunidade de 
relaxamento, diversão, trocas entre os pares, apoio e segurança, entre outros 
aspectos de interação social. Sempre devem ser desenvolvidas de uma forma 
lúdica, com cuidado para que os alunos não fiquem sozinhos dentro da piscina, 
isolando-se do grupo.
Atividades para melhora do condicionamento físico — devem ter como 
objetivo o desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais, com inten-
sidade elevada, buscando melhora do tônus muscular e do condicionamento 
aeróbio. Para isso, podem ser realizadas atividades em diferentes superfícies 
de apoio — com instabilidade e inclinações diferentes — ou, ainda, materiais 
de diferentes pesos e tamanhos, realizando atividades de mudanças de direção, 
em grupos e individuais.
7Atividades motoras e esportivas voltadas para pessoas com deficiências intelectuais
Atividades de ritmo e dança — podem ser realizadas atividades coreográficas, 
dramatizações e formas de expressão corporal, criando novas ferramentas, 
além da fala, para expressar-se, proporcionando diferentes possibilidades 
para serem executadas com o corpo. Além disso, essas atividades estimulam 
a memória e a percepção auditiva ou temporal, destacando, nas estruturas 
rítmicas, propriedades de contrastes, ordem e sucessão. Atividades de dança 
resgatam o controle da respiração e permitem expressão e alegria, podendo 
ser adaptadas para todas as realidades. Alguns alunos podem apresentar 
hipersensibilidade ao barulho— nesses casos, é interessante utilizar um 
volume reduzido e músicas mais calmas.
Atividades alternativas — podem ser enquadradas as atividades na natureza 
e as atividades com animais, trazendo a dificuldade e a novidade. A natureza 
é um local pouco explorado, instável e mutável, que coloca os alunos em um 
risco — ainda que baixo, calculado e esperado —, e é capaz de produzir expe-
riências inéditas, coragem, respeito aos elementos de risco, senso de aventura 
e diversão. O contato com animais também parece ser benéfico para pessoas 
com deficiência — podem ser animais domésticos e de fazenda, como cachor-
ros, gatos e cavalos —, trazendo calma e interação entre o animal e o sujeito.
Assim, podemos perceber que as possibilidades de atividades físicas, 
esportivas e de lazer para pessoas com deficiência são múltiplas; não existem 
contraindicações, mas sim cuidados e adaptações importantes para cada uma 
das deficiências. Para sujeitos surdos, por exemplo, é imperativo o uso da 
Língua Brasileiras de Sinais, demonstrações e sinais visuais. Para pessoas 
com deficiência intelectual, são importantes materiais adaptados, como bola 
com guizos e marcações em relevos, estímulos sonoros e ordens claras faladas. 
Quando se trata de pessoas com deficiência intelectual, é essencial compreender 
suas dificuldades e ter paciência e calma para explicar as atividades, respei-
tando o tempo do sujeito para cada atividade. Para pessoas com deficiência 
motora, as atividades podem ser realizadas com os participantes sentados 
no chão ou utilizando cadeiras de rodas, buscando sempre ferramentas para 
que todos realizem a mesma atividade e respeitando suas diferenças. Assim, 
cada um pode solucionar o problema de uma maneira diferente, chegando ao 
mesmo resultado.
Atividades motoras e esportivas voltadas para pessoas com deficiências intelectuais8
11 Benefícios da prática de atividades físicas 
por pessoas com deficiência intelectual
Pessoas com deficiência têm sido vistas, historicamente, como incapazes 
de levar uma vida independente. Essa visão equivocada, além de acentuar 
a exclusão social, inibe o surgimento e o incentivo da prática de atividades 
físicas por parte dessa população. Ainda que isso esteja garantido em lei, 
essa prática, seja com objetivo educacional, competitivo ou de lazer, encontra 
diversas barreiras para sua democratização, desde questões ambientais até 
fatores ligados aos aspectos pessoais e sociais. Enfatiza-se, aqui, a necessidade 
de formação profissional especializada nessa área (GREGUOL, 2017).
Instrumentos como a Constituição Brasileira de 1988, a Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Brasileira, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas 
com Deficiência, o Estatuto da Pessoa com Deficiência e o Plano Nacional 
de Inclusão da Pessoa com Deficiência buscam zelar pelo encorajamento às 
atividades esportivas como forma de lazer, reabilitação e inserção social, 
atentando para a necessidade da criação de programas específicos para essa 
população, bem como a importância da capacitação profissional para atendê-la 
(GREGUOL, 2017).
Ao falar sobre o ensino das práticas corporais para os alunos com deficiência 
intelectual e afins, não é raro o questionamento sobre o modo de trabalhar 
com esses alunos. Na escola, temos como amparo o fundamento de que esse 
local deve atender a todos, independentemente das necessidades adaptativas, 
prevendo a singularidade de cada sujeito e garantindo a possibilidade de 
desenvolver sua capacidade cognitiva, motora e social (SANTOS, 2014).
Para tanto, é importante que o professor compreenda que, por vezes, será 
necessário utilizar metodologias diferenciadas, uma vez que as tradicionais 
podem não atender essa população. O professor deve buscar opções que se 
adaptem ao aluno, auxiliando para que ele tenha a compreensão do que será 
feito e garantindo sua efetiva participação na aula (SANTOS, 2014).
O estudo de Holbrook, Kang e Morgan (2013) mostrou que a predisposição 
ao desenvolvimento de doenças hipocinéticas — cardiopatias, hipertensão, 
diabetes, obesidade e doenças osteoarticulares crônicas — da população com 
algum tipo de deficiência está fortemente relacionada com a falta de oportuni-
dade de praticar uma atividade física e não necessariamente com a deficiência. 
Aqui, há dois pontos importantes: 1) os benefícios que a atividade física pode 
proporcionar nessa população e 2) a falta de preparo dos profissionais para atender 
essa população, o que não permite que as pessoas com deficiência participem 
ativamente e com constância de algum programa esportivo ou de lazer.
9Atividades motoras e esportivas voltadas para pessoas com deficiências intelectuais
Essa dificuldade de engajamento nas atividades físicas encontra força 
quando analisamos dados apresentados por Greguol (2017), que apontam que 
essa população possui mais dificuldade de se envolver de maneira autônoma 
em um lazer ativo. Assim, pessoas com deficiência têm maior tendência a 
atividades sedentárias, assim como a sobrepeso. As barreiras que impedem 
que as pessoas com deficiência estejam engajadas em atividades físicas podem 
ser divididas em fatores pessoais, ambientais e sociais (Quadro 1) (RIMMER, 
MARQUES, 2012), mostrando a necessidade de frequentarem locais onde haja 
apresentação e oferta de espaços e atividades físicas.
Fonte: Adaptado de Greguol (2017) e Rimmer e Marques (2012).
Fatores pessoais Fatores ambientais Fatores sociais
Dor, fadiga, percepção 
de que a atividade 
é difícil, falta de 
conhecimento sobre 
as atividades, vergonha 
e limitações impostas 
pela própria deficiência
Falta de transporte 
adaptado, falta 
de equipamentos 
adequados, falta 
de profissionais 
capacitados, falta 
de acessibilidade 
arquitetônica e falta de 
recursos financeiros
Crença dos familiares, 
dos amigos e do círculo 
social de que o sujeito 
com deficiência não 
possui capacidades 
necessárias para 
ingressar em uma 
prática esportiva, 
falta de programas 
disponíveis
Quadro 1. Fatores que impedem a prática de atividades físicas por pessoas com deficiên-
cia
Assim, ao analisar o quadro, percebemos que profissionais devidamente 
capacitados, com conhecimento e formação para atender a população com 
deficiência intelectual, podem suprir os fatores ambientais e os fatores sociais, 
auxiliando para uma modificação, inclusive dos fatores pessoais, o que poderá 
gerar um maior engajamento na prática de atividades físicas.
Rodrigues e Lima (2014) realizaram uma pesquisa cujo objetivo era identi-
ficar os efeitos do treinamento de um programa de atividades aquáticas voltado 
para sujeitos com deficiência intelectual. Como resultados dessa pesquisa, 
Atividades motoras e esportivas voltadas para pessoas com deficiências intelectuais10
percebeu-se que os participantes obtiveram ganhos quanto aos marcadores de 
coordenação motora, mostrando uma relação positiva entre ela e as atividades 
no meio aquático. Os autores ainda apontam que, apesar dos ganhos, quando 
comparados com sujeitos sem deficiência que realizaram o mesmo treinamento 
no mesmo período, os ganhos apresentados foram inferiores, mostrando uma 
maior dificuldade de adaptabilidade dos sujeitos com deficiência intelectual 
também em aspectos motores, não apenas nas funções sociais e/ou cognitivas.
Joaquim e Dantas (2016) perceberam, em seus estudos, que existe uma 
relação proporcional entre a frequência nas atividades físicas e uma melhora 
das habilidades desenvolvidas na atividade-fim — no caso, o ensino do futsal. 
Nos sujeitos que obtiveram uma frequência maior que 85%, foram encontrados 
resultados visivelmente maiores do que naqueles com uma frequência menor. 
Os mesmos autores ainda sugerem que o engajamento da população com 
deficiência em esporte de invasão pode ser um fator importante, uma vez que 
ele possui uma característica de tomada de decisões constantes, pautadas nos 
movimentos de outras pessoas, o que é bastante imprevisível. Além disso, 
o estudo apontou que a motivação fez umagrande diferença na progressão 
dos sujeitos estudados, uma vez que aqueles que apresentaram menos níveis 
de motivação obtiveram também uma progressão inferior.
Após todos esses dados apresentados, é inegável que a prática de atividades 
físicas por parte da população com deficiência, além de ser um direito garantido 
em lei, também parece ser um fator importante para a melhora de diversos 
marcadores motores e de saúde, além de criar um momento de socialização 
dessa população, que costuma ser bastante reduzido.
Muitos são os benefícios encontrados na atividade física para as pessoas 
com deficiência intelectual, bem como para os sujeitos que possuem outras 
deficiências, melhorando não apenas os marcadores de saúde, mas também a 
coordenação motora, a percepção do espaço, o esquema corporal, a autoestima, 
o bem-estar e as funções sociais, criando possibilidades de relações sociais 
com um objetivo em comum. Além disso, parece ser de extrema importância a 
possibilidade de explorar diferentes maneiras de movimentar o corpo e usá-lo 
como forma de expressão e de socialização.
No entanto, para que possamos chegar a todos esses benefícios, é importante 
que os professores estejam capacitados, reconhecendo as dificuldades de cada 
sujeito e encontrando maneiras para contorná-las e permitir que todos, sem 
exceção, participem de atividades físicas ao longo de toda a vida.
11Atividades motoras e esportivas voltadas para pessoas com deficiências intelectuais
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