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A Psicologia do Esporte no alto rendimento

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DESCRIÇÃO
A Psicologia do Esporte no alto rendimento: ansiedade e estresse,
atenção e concentração, Overtraining e recuperação.
PROPÓSITO
Identificar fenômenos psicofisiológicos importantes no alto
rendimento, tais como ansiedade e estresse, atenção e
concentração, Overtraining e recuperação, compreendendo como
esses fatores estão diretamente ligados ao desempenho esportivo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer os impactos da ansiedade e do estresse no
desempenho esportivo
MÓDULO 2
Identificar a importância da ansiedade e concentração para o
desempenho esportivo
MÓDULO 3
Descrever a síndrome do Overtraining no alto desempenho
INTRODUÇÃO
As grandes competições esportivas, como Olimpíadas, Copa do
Mundo e campeonatos mundiais, despertam a atenção das mídias,
tendo como participantes os melhores atletas do mundo, geralmente,
ídolos de muitos fãs do esporte. Isso permite que o contexto do alto
rendimento seja um campo bem conhecido por todos nós, além de
ser um tema bastante estudado pelas ciências do esporte.
Sabemos que em todos os níveis da prática esportiva, onde há
competição, por consequência, teremos algum tipo de pressão por
resultados, seja ela exercida pelos próprios atletas, ou por técnicos,
clubes, patrocinadores, entre outros. No alto rendimento, o nível
elevado de competitividade exige que os mais diversos fatores, como
físicos, técnicos, táticos e psicológicos, impostos para que o atleta
tenha o melhor desempenho esportivo possível, sejam bem
trabalhados ao longo de sua preparação.
A Psicologia do Esporte no alto rendimento vai atuar na avaliação
psicológica – aspectos comportamentais, cognitivos, de
personalidade, entre outros – para montar um programa de
intervenção que vise a melhoria da performance esportiva, além de
promover saúde mental e bem-estar. Diante disso, vamos apresentar
e trabalhar alguns fenômenos psicológicos que são importantes para
o alto rendimento.
Fonte: Shutterstock.com
MÓDULO 1
 Reconhecer os impactos da ansiedade e do estresse no
desempenho esportivo
ANSIEDADE E ESTRESSE NO
ALTO DESEMPENHO
O contexto do alto rendimento é marcado por muita pressão,
exigência e busca por resultados. Além disso, as competições são
decididas nos mínimos detalhes, por isso, qualquer fator de
vantagem competitiva deve ser considerado no treinamento dos
atletas. Tais aspectos tornam o atleta mais propício a desenvolver
estresse e sintomas de ansiedade.
Aqui, você entenderá um pouco mais sobre os conceitos de
ansiedade e de estresse, como aparecem no alto rendimento e quais
são suas consequências. Além disso, também serão abordadas as
possíveis estratégias para lidar com tais questões.
ANSIEDADE
A ansiedade pode ser entendida como um fenômeno comum a todos
os seres humanos, ocasionado pela antecipação de uma situação
real ou imaginária, que provoca uma série de reações emocionais e
fisiológicas. A ansiedade dita “normal” refere-se à reação saudável e
essencial do organismo que faz o corpo entrar em estado de alerta
diante de uma ameaça ou perigo real.
Já a ansiedade atípica refere-se à antecipação de um futuro que
sequer pode acontecer, sendo caracterizada pelo surgimento de
reações fisiológicas, emocionais e cognitivas que são desconfortáveis
e podem causar sofrimento ao indivíduo.
Segundo Spielberger (1966), a ansiedade pode ser dividida em
ansiedade-estado e ansiedade-traço. A ansiedade-estado refere-se
a uma reação transitória, havendo uma variação na intensidade dos
sinais. Já a ansiedade-traço refere-se àquela não transitória, sendo
mais estável e apresentando sintomas geralmente mais intensos e
duradouros.
Com relação às manifestações da ansiedade, Weinberg e Gould
(2017) dividem a ansiedade em cognitiva e somática. A cognitiva
estaria relacionada ao âmbito mental, tendo forma de pensamento,
enquanto a somática seria ligada aos aspectos físicos da ansiedade,
que se expressa nos sintomas fisiológicos e abrange o grau de
ativação máxima percebida.
 ATENÇÃO
Os sintomas fisiológicos da ansiedade incluem taquicardia, sudorese
excessiva, dores de cabeça frequentes, sensação de falta de ar,
náuseas, desregulação do sono e do apetite, tontura, boca seca,
diarreia, calafrios e ondas de calor.
Dentre as consequências emocionais, identifica-se tensão e
nervosismo constantes, além de inquietação, medo, angústia,
apreensão e sensação de “estar no limite”. Há, ainda, os sintomas
cognitivos, que envolvem pensamentos automáticos disfuncionais
que podem influenciar na manutenção dos próprios sintomas.
Com base na Terapia Cognitivo Comportamental, a ansiedade se
origina a partir de uma interpretação distorcida da realidade. De
acordo com o modelo cognitivo, não é uma situação em si que
influencia nossas reações, mas o modo como a interpretamos
(origem dos pensamentos automáticos) é que determinará nossas
respostas físicas e emocionais, bem como nosso comportamento.
Fonte: Shutterstock.com
No contexto esportivo, a ansiedade pode aparecer quando o atleta
estiver em uma competição importante e/ou desafiadora. Nesses
casos, a maneira como ele encarar a situação determinará o
surgimento ou não de ansiedade “negativa”, que pode, inclusive, ser
paralisante.
Weinberg e Gould (2017) apontam seis teorias que visam explicar o
surgimento da ansiedade no atleta: a Teoria do Impulso, a Teoria do
U Invertido, a Teoria IZOF, a Teoria da Ansiedade Multidimensional, a
Teoria da Catástrofe e a Teoria da Inversão.
TEORIA DO IMPULSO
Considera que, quanto maior for a ansiedade do atleta, maior será
seu desempenho. Porém, há fortes discordâncias com relação a
essa teoria, principalmente, se levarmos em conta o fato de que a
ansiedade, muitas vezes, pode paralisar o indivíduo, afetando
negativamente o seu resultado.
TEORIA DO U INVERTIDO
Surgiu como uma outra tentativa de explicar a relação entre ativação
e desempenho, frisando que, para um ponto ideal de preparação de
qualquer atleta, são necessários altos níveis de ativação.
TEORIA DA ZONA INDIVIDUAL DE
DESEMPENHO IDEAL
Refere-se à concepção de que a ansiedade não aparece igualmente
para todos, variando de uma pessoa para outra. Além disso, também
pontua que a ansiedade pode ser benéfica para o desempenho,
contanto que se identifique qual o nível ideal para cada sujeito.
TEORIA DA ANSIEDADE
MULTIDIMENSIONAL
Pontua que a ansiedade cognitiva interfere negativamente no
desempenho do atleta, considerando que, quanto maior o nível deste
tipo de ansiedade, menor será o desempenho. Há, ainda, a categoria
somática, que aponta o aumento da ansiedade como um facilitador
do desempenho. Porém, quando esse crescimento ultrapassa o nível
ideal, o rendimento começa a cair.
TEORIA DA CATÁSTROFE
Afirma que o atleta pode sofrer um sério declínio em seu rendimento,
caso o nível de ansiedade ideal seja ultrapassado, podendo resultar
em uma grande dificuldade de recuperação.
TEORIA DA INVERSÃO
Aponta que a maneira como o atleta percebe seu estado de ativação
é o que poderá influenciar seu desempenho. Aqui, afirma-se que o
atleta deve interpretar as manifestações da ansiedade como algo
agradável, e não como algo desconfortável.
Porém, essa mudança na forma de interpretação não é algo tão
simples. Há um extenso trabalho do psicólogo de identificação e
questionamento dos pensamentos automáticos, a fim de ressignificar
as formas de se interpretar as situações.
No âmbito esportivo, há o que se chama de ansiedade pré-
competitiva, que compreende a antecipação da competição,
estando associada às pressões internas e externas que o atleta
sofre. A ansiedade competitiva é marcada também pelo medo que o
atleta tem de fracassar e desapontar a família, os treinadores e a
torcida. Todo esse contexto, somado ao fato de que, quanto maior for
a importância e a incerteza com relação ao resultado da partida,
maior a probabilidade de o atleta experimentar ansiedade, é o que
pode levar ao aumento da pré-competitiva.
ESTRESSE
O estresse pode ser entendido comoum conjunto de reações que
alteram os níveis de homeostase do organismo, podendo ser
javascript:void(0)
javascript:void(0)
provocado por agentes físicos, psicológicos e/ou sociais. O contexto
de alto rendimento exige muito dos seus atletas, o que aumenta a
probabilidade de estresse físico neste meio, pois nele existe uma
grande pressão e exigência somada à intensidade e ao volume dos
treinamentos.
HOMEOSTASE
A homeostase (do grego homeo = “mesmo” e stasis = “estático”)
indica a condição de estabilidade fisiológica necessária que o
organismo realize suas funções adequadamente, a fim de manter
o corpo em equilíbrio.
Fonte: Shutterstock.com
De forma geral, pode-se entender o estresse como um desgaste
causado por uma tensão, cujas características englobam a
intolerância, a desadaptação e a falta de habilidades para lidar com
as exigências psíquicas do dia a dia. Além disso, tem como uma de
suas principais consequências a redução do desempenho – algo
que, no alto rendimento, é o mais exigido. Dentre as consequências
observadas, inclui-se o aumento da excitabilidade, irritabilidade,
agressividade e sensibilidade. Basicamente, o corpo do sujeito fica
preparado para que ele esteja sempre na defensiva, pronto para
enfrentar qualquer possível ameaça.
Existem dois tipos de manifestação do estresse, conhecidos como
eustresse e distresse.
O eustresse refere-se a uma manifestação positiva do estresse,
cujos estímulos acabam por atuar de maneira benéfica na vida do
indivíduo. Em outras palavras, é o tipo de estresse que está
relacionado à boa adaptação do sujeito às situações estressantes,
em que sentimentos de superação de desafios, contentamento e
realização se fazem presentes.

O distresse, por sua vez, refere-se a uma manifestação negativa do
estresse, envolvendo sintomas como irritabilidade, medo, tristeza e
nervosismo. Apesar de as duas formas de estresse provocarem as
mesmas reações em nível fisiológico, elas se diferenciam quanto à
resposta que ocasionam no atleta. Sendo assim, é possível afirmar
que há atletas que se adaptam bem ao contexto do alto rendimento
e há os que encontram certa dificuldade nessa adaptação, devido às
altas exigências, pressão e busca constante pelo melhor
desempenho.
Outras duas diferenciações quanto ao estresse são pontuadas por
Selye (1974): o estresse de sobrecarga e o estresse de
monotonia. Trazendo para o âmbito esportivo, podemos dizer que o
estresse de sobrecarga refere-se à quando o atleta sofre uma
redução no desempenho ocasionada pela exposição prolongada a
excessivas exigências psíquicas, com as quais não consegue lidar. O
estresse de monotonia, por sua vez, refere-se à situação em que o
indivíduo é exposto a exigências que estão muito abaixo do que sua
estrutura psíquica demanda.
Há, ainda, a diferenciação proposta por Couto (1987) no que tange à
duração do estresse. Nesse caso, haveria o estresse do tipo agudo
e o estresse do tipo crônico. O agudo refere-se a uma breve
manifestação do estresse, cujos impactos para a saúde do indivíduo
são menores. Já o crônico é caracterizado pelo estresse que perdura
por três ou mais semanas, podendo trazer sérias consequências
para a saúde do atleta.
LIDANDO COM A ANSIEDADE E
COM O ESTRESSE NO ALTO
RENDIMENTO
Fonte: Shutterstock.com
Uma das demandas que o psicólogo do esporte encontra ao
trabalhar no contexto do alto rendimento é a de lidar com a
ansiedade e o estresse que os atletas sofrem. Dentre as estratégias
mais conhecidas para tratar essas questões, podemos citar aqui a
técnica da respiração diafragmática, a Grounding, a imagética, o
relaxamento muscular progressivo e a prática do Mindfulness.
A técnica da respiração diafragmática, quando inserida na rotina do
atleta, pode ser muito benéfica para amenizar os sintomas da
ansiedade. Isso acontece porque, ao levar o ar para a região do
abdômen, estando com a postura adequada, o ar circula melhor pelo
corpo, o que permite a regulação dos batimentos cardíacos e
promove a sensação de relaxamento.
Fonte: OpenStax College/Wikimedia commons/ CC 3.0
Fonte: Shutterstock.com
A técnica Grounding, também conhecida como “técnica 5-4-3-2-1”,
consiste em fazer o atleta focar no momento presente, praticando a
atenção plena. Ela utiliza os cinco sentidos do corpo humano (visão,
audição, tato, olfato e paladar) para levar o atleta a se concentrar no
aqui e agora, tirando o foco de preocupações com as incertezas
futuras e trazendo sua atenção para aquilo que está a sua volta;
para o que ele pode ver, ouvir e sentir através do tato, do olfato e do
paladar.
Fonte: Shutterstock.com
A técnica da imagética consiste em fazer o atleta projetar
mentalmente as situações que lhe causam ansiedade, de maneira a
evocar todas as sensações e emoções que essas ocorrências
causam, e se imaginar lidando eficazmente com cada uma delas.
Essa técnica é eficaz para o manejo da ansiedade porque permite
que o atleta ensaie mentalmente essas situações, de maneira a se
preparar para lidar com elas quando, de fato, estiver enfrentando-as.
Fonte: Shutterstock.com
A técnica do relaxamento muscular progressivo ajuda a amenizar
a tensão muscular, que é uma das manifestações da ansiedade e do
estresse. Essa técnica consiste em fazer com que o atleta, deitado,
faça exercícios de contração e descontração em cada grupamento
muscular.
Começando pelas pontas dos pés, o atleta deverá progredir,
lentamente, no movimento de contração e descontração, até que se
chegue à região da cabeça. É importante que os músculos faciais
também estejam inclusos nesse processo de contração e
descontração, visto que algumas pessoas acumulam a tensão em
regiões como a testa, ao lado dos olhos e mesmo na região da
mandíbula e do maxilar.
A prática do Mindfulness tem se mostrado benéfica para a ansiedade
por permitir que o atleta tire o foco dos pensamentos automáticos,
principalmente os que se direcionam para as incertezas e
preocupações do futuro, fazendo com que foque no momento
presente, no aqui e agora. Essa prática está muito associada à
meditação, porém, é importante destacar que sua prática vai muito
além de você se sentar na posição de lótus, fechar os olhos e
meditar.
O termo Mindfulness significa atenção plena. Sendo assim, essa
prática consiste em você levar sua atenção para aquilo que está
fazendo no momento presente. Você pode praticá-la quando estiver
tomando banho, fazendo comida e até mesmo escovando os dentes.
Fonte: Shutterstock.com
Quando falamos do contexto esportivo, é importante adaptarmos
essas práticas de acordo com a rotina do atleta. Deste modo, ele
pode praticar o Mindfulness quando estiver em qualquer atividade
cotidiana e até mesmo quando estiver se exercitando na academia.
Basta que ele leve sua atenção para cada detalhe que envolva a
situação na qual se encontra. Por exemplo, se ele estiver correndo,
deve-se ater às movimentações que o corpo faz, à sincronia dos
movimentos e às sensações envolvidas nessa atividade.
É justamente esse manejo do foco atencional que permite que o
atleta se concentre no que é realmente importante no momento,
naquilo que ele está fazendo agora, sem deixar que os pensamentos
automáticos disfuncionais tomem conta e acabem por interferir
negativamente em seu desempenho.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A ANSIEDADE É UM FENÔMENO COMUM A TODOS
OS SERES HUMANOS QUE, EM NÍVEIS ELEVADOS,
PODEM ACABAR INTERFERINDO NEGATIVAMENTE
NA VIDA DO INDIVÍDUO. PARA EXPLICAR SOBRE O
SURGIMENTO DA ANSIEDADE, EXISTEM SEIS
TEORIAS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE
CORRESPONDA A QUAIS TEORIAS SÃO ESSAS:
A) Teoria da Inversão, Teoria do Impulso, Teoria da Catástrofe, Teoria
do U Invertido, Teoria da Ansiedade Multidimensional e Teoria IZOF
B) Teoria Pulsional, Teoria da Impulsão, Teoria Catastrófica, Teoria do
U Invertido e Teoria IZOF
C) Teoria IZA, Teoria da Inversão, Teoria do U Invertido, Teoria da
Ansiedade Multifacetária, Teoria Catastrófica e Teoria Pulsional
D) Teoria daImpulsão, Teoria IZA, Teoria da Catástrofe, Teoria
Invertida, Teoria da Ansiedade Dimensional, Teoria do U Invertido
E) Teoria Invertida, Teoria IZOAF, Teoria da Ansiedade Multimodal,
Teoria do U Invertido, Teoria do Impulso e Teoria Catastrófica
2. O ESTRESSE PODE SER ENTENDIDO COMO UM
CONJUNTO DE REAÇÕES QUE ALTERAM OS NÍVEIS
DE HOMEOSTASE DO ORGANISMO. AO LONGO DO
MÓDULO, VOCÊ VIU QUE EXISTEM ALGUMAS
DEFINIÇÕES QUANTO AO CONCEITO DE ESTRESSE.
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CORRESPONDA AOS
TIPOS DE ESTRESSE QUE VOCÊ ESTUDOU AO
LONGO DESTE MÓDULO:
A) Eustresse, distresse, estresse de invariabilidade, estresse de
acúmulo, eustresse agudo e distresse crônico
B) Estresse de invariabilidade, estresse de acúmulo e endoestresse,
exoestresse
C) Estresse de invariabilidade, estresse de sobrecarga, eustresse
agudo e eustresse crônico
D) Eustresse, distresse, estresse de sobrecarga, estresse de
monotonia, estresse agudo e estresse crônico
E) Endoestresse, exoestresse, estresse de sobrecarga e estresse de
invariabilidade
GABARITO
1. A ansiedade é um fenômeno comum a todos os seres
humanos que, em níveis elevados, podem acabar interferindo
negativamente na vida do indivíduo. Para explicar sobre o
surgimento da ansiedade, existem seis teorias. Assinale a
alternativa que corresponda a quais teorias são essas:
A alternativa "A " está correta.
As teorias que buscaram explicar o surgimento da ansiedade, de
acordo com o que foi visto ao longo do módulo, foram: Teoria da
Inversão, Teoria do Impulso, Teoria da Catástrofe, Teoria do U
Invertido, Teoria da Ansiedade Multidimensional e Teoria IZOF.
2. O estresse pode ser entendido como um conjunto de reações
que alteram os níveis de homeostase do organismo. Ao longo
do módulo, você viu que existem algumas definições quanto ao
conceito de estresse. Assinale a alternativa que corresponda aos
tipos de estresse que você estudou ao longo deste módulo:
A alternativa "D " está correta.
O estresse apresenta dois tipos de manifestações, denominadas
eustresse, distresse. Além disso, pode ser diferenciado, segundo
Selye (1974), como estresse de sobrecarga ou estresse de
monotonia. Quanto à duração, de acordo com Couto (1987),
podemos classificar o estresse como agudo ou crônico.
MÓDULO 2
 Identificar a importância da ansiedade e concentração para o
desempenho esportivo
ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO
NO ALTO DESEMPENHO
Certamente, você já deve ter ouvido falar sobre a importância da
atenção e da concentração no contexto esportivo. Porém, muitas
pessoas referem-se a esses termos sem, de fato, entendê-los, ou
mesmo compreender de que maneira aparecem. Aqui, você
entenderá sobre esses conceitos e como eles se aplicam no âmbito
esportivo. Porém, antes, é importante explicar do que se trata.
Atenção e concentração referem-se a habilidades cognitivas
inerentes a todos os seres humanos. Algumas pessoas têm essas
habilidades melhor desenvolvidas, enquanto outras, nem tanto.
Porém, assim como a memória, o controle de impulsos e a
velocidade de processamento podem ser estimulados, o que traz
melhorias para o desempenho, seja ele esportivo, acadêmico ou
profissional.
Interessante, não é? Agora que já está familiarizado com a temática,
trabalharemos mais profundamente sobre a atenção e a
concentração, entendendo melhor essas habilidades e como
aparecem no contexto esportivo.
O QUE É A ATENÇÃO?
A atenção refere-se à habilidade cognitiva que não somente direciona
o foco, como seleciona quais informações são relevantes de se reter,
além de também ter a função de alerta. Em outras palavras, esta
capacidade é fundamental para que o indivíduo consiga absorver
informações relevantes, o que facilitará o processo de antecipação
de uma resposta eficaz e, consequentemente, favorecerá o
desempenho.
 EXEMPLO
No contexto esportivo, especificamente no futebol, podemos tomar como
exemplo a posição de zagueiro para abordar sobre a atenção e sua
eficácia para o desempenho. Para que o zagueiro desempenhe bem sua
função dentro de campo, além da necessidade de possuir boas
capacidades físicas, é necessário que ele tenha uma boa leitura de
jogo. Entendendo não somente sua própria posição em relação ao jogo,
mas também a de seus companheiros e, principalmente, o
posicionamento dos atletas do time adversário. A partir dessa leitura, ele
poderá antecipar possíveis movimentos do grupo rival, de modo a se
preparar antecipadamente para a ação e, assim, obter alguma vantagem
sobre o adversário.
Fonte: Shutterstock.com
Porém, sabemos que, na prática, há muito mais elementos
envolvidos. Por exemplo, há os gritos dos torcedores, as falas do
treinador e de seus colegas de equipe, dentre outros diversos
estímulos visuais e auditivos que são comuns durante as partidas.
Impedir que esses fatores não afetem negativamente o desempenho,
para muitos, pode não ser uma tarefa tão fácil. Para lidar com esse
turbilhão de informações, é necessário que o atleta consiga trabalhar
bem todos seus tipos de atenção.
Existem diferentes tipos de atenção, para diferentes demandas. De
acordo com o que foi classificado por Muriel Lezak (1995), uma
conceituada neuropsicóloga, existem quatro tipos de atenção, sendo
elas: seletiva, sustentada, dividida e alternada. Apesar desta
divisão, contudo, é importante ressaltar que ela é meramente teórica,
pois nossas atividades mentais demandam o desempenho de mais
de um dos tipos de atenção.
ATENÇÃO SELETIVA
A atenção seletiva refere-se à habilidade de um indivíduo de escolher
focar em um ou mais de um estímulo em detrimento de outros não
relevantes, podendo esses estímulos serem internos ou externos. A
utilização deste tipo pode contemplar diversas situações. Trazendo
para o âmbito esportivo de competição, o atleta emprega a atenção
seletiva quando é orientado a ouvir uma informação e ignorar outras,
como, por exemplo, focar nas orientações do treinador em vez das
indicações dos colegas de equipe. Ou quando deve ignorar
estímulos auditivos que podem interferir negativamente em sua
prática, no caso de desconsiderar as vaias da torcida para focar
naquilo que precisa realizar. Ou ainda quando precisa selecionar um
único estímulo dentre outros vários, como se atentar às orientações
do treinador, inibindo os ruídos de fundo provocados pelas torcidas.
Fonte: Shutterstock.com
ATENÇÃO SUSTENTADA
A atenção sustentada, frequentemente, referida como
“concentração”, é a habilidade de o indivíduo manter o seu foco em
um determinado estímulo, durante um período. Sabe quando você
precisa manter o foco em uma tarefa entediante? Então, você utiliza
a atenção sustentada para manter o foco na tarefa em questão. No
que tange ao contexto esportivo, pensemos nas competições de
xadrez, onde o atleta precisa sustentar sua atenção no jogo por um
longo período.
Fonte: Shutterstock.com
ATENÇÃO DIVIDIDA
A atenção dividida refere-se à habilidade de administrar várias
informações simultaneamente. Em outras palavras, o indivíduo
consegue distribuir seus recursos atencionais para responder a
vários estímulos ao mesmo tempo. Utilizemos agora o basquete
como exemplo. O atleta deve ter atenção no time adversário, no seu
próprio grupo, no tempo de contato com a bola, nas orientações do
treinador, no cronômetro, enfim, em muitas coisas ao mesmo tempo.
Outro bom exemplo que também podemos utilizar aqui é o dos
pilotos de Fórmula 1, que além do foco na pista, também precisam
estar atentos ao que os engenheiros falam pelo comunicador,
atender às orientações dadas e manusear os comandos do carro.
Detalhe: tudo isso a mais de 300 km/h.
Fonte: Shutterstock.com
ATENÇÃO ALTERNADA
Comumente confundida com a atenção dividida, a alternada refere-
se à habilidade de mudar repetitivamente o foco atencional. Sendo
assim, não se trata de dividir a atenção para dar conta de diferentes
estímulos ao mesmo tempo (como é o caso da atenção dividida),
mas sim alternar o foco atencional entre um estímulo e outro de
maneira repetitiva.Para exemplificar, podemos imaginar a situação
do treinador puxar um de seus laterais para passar algum tipo de
informação, no meio do jogo. Nesse caso, o atleta precisou alternar a
atenção tirando, por um momento, seu foco do jogo para absorver as
orientações do treinador e, posteriormente, voltar sua atenção para o
jogo.
Fonte: Shutterstock.com
 ATENÇÃO
Apesar dessas diferenciações quanto aos tipos de atenção, como já
mencionado anteriormente, é importante frisar que o processamento de
informações não se restringe ao uso de apenas uma categoria. Essa
divisão, como já apontado, é meramente teórica; os tipos atuam de
maneira conjunta em todas as nossas atividades mentais.
O QUE É A CONCENTRAÇÃO?
A concentração refere-se a uma habilidade cognitiva muito
relacionada à atenção. Apesar de terem uma sutil diferença, ambos
os termos estão intimamente relacionados. Isso porque, a
concentração envolve utilização das atenções seletiva e
sustentada. A seletiva, para selecionar o foco atencional, e a
sustentada, para manter o foco sustentado por tempo suficiente até
que a tarefa seja concluída de maneira satisfatória.
No ambiente esportivo, o nível de concentração pode sofrer queda
durante uma partida, caso o atleta se sinta de alguma maneira
ameaçado pelo time adversário – já que este, eventualmente, pode
se impor de maneira extremamente agressiva em campo – ou pelo
próprio treinador – quando se utiliza de falas duras, como: “se errar,
estará fora da próxima” ou “não admito erros”.
Há, ainda, o fator interno do sujeito, pois os pensamentos e crenças
que o atleta tem acerca de seu próprio desempenho, quando
disfuncionais, também podem interferir nos níveis de concentração
quando ele cometer algum tipo de erro, mesmo que esse deslize
seja mínimo e que sua quantidade de acertos seja superior. A
capacidade do atleta de inibir ou, ainda, de lidar corretamente com
seus pensamentos e crenças disfuncionais, mostra-se importante
para a manutenção da concentração em seu desempenho esportivo.
De acordo com Jackson e Csikszentmihalyi (1999), a concentração
se configura como uma das dimensões básicas do estado de flow.
Segundo os autores, isso acontece porque a inibição de
pensamentos irrelevantes e a imersão na tarefa a ser desempenhada
está relacionada a uma mente disciplinada. Sendo assim, quanto
maior for o nível de disciplina do atleta com relação ao seu grau de
concentração, melhores as condições para experienciar o flow, o
que, consequentemente, irá favorecer o desempenho esportivo.
FLOW
Estado que compreende o total envolvimento na prática,
envolvendo sentimentos de prazer e de sucesso na tarefa
desempenhada.
Fonte: Shutterstock.com
COMO DESENVOLVER
HABILIDADES MENTAIS NO
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ESPORTE DE ALTO
RENDIMENTO?
No âmbito do alto rendimento, a intervenção psicológica consiste não
somente no trabalho com o gerenciamento das emoções, da
ansiedade e do estresse, mas também no desenvolvimento de
habilidades cognitivas que favoreçam o desempenho, dentre os
quais estão a atenção e a concentração. Certamente, quando se
trata dos aspectos psicológicos dos atletas, há necessidade de uma
boa avaliação do sujeito e/ou de sua equipe, para compreender
quais fatores podem estar interferindo negativamente sobre essas
questões e, assim, realizar uma intervenção adequada e eficaz.
Existem diversas técnicas e estratégias para trabalhar a atenção e a
concentração dos atletas a fim de otimizar o seu desempenho,
dentre as quais podemos destacar a técnica da respiração
diafragmática consciente e a imagética.
A respiração diafragmática, por si só, já se mostra eficaz para
amenizar sintomas de ansiedade. Porém, quando falamos da prática
consciente, cabe destacar que o processo envolve muito mais do
que, simplesmente, respirar.
Nessa técnica, o atleta precisa estar completamente consciente do
processo da respiração, levando sua atenção para esse percurso
desde o momento em que o ar toca o seu nariz, passando pelo
caminho que percorre, até chegar à região do abdômen e pelo
movimento que o corpo faz quando o ar entra e sai. Qual a sensação
desse ar? Quando tocou seu nariz, sentiu que o ar era frio ou
quente? Esse ar trouxe consigo algum aroma específico? Quais as
sensações percebidas ao longo do seu corpo? A atenção deve se
voltar para cada uma dessas “etapas” da respiração.
É importante pontuar com os atletas que, eventualmente, podem
surgir pensamentos aleatórios que acabam tirando o foco da
respiração. Porém, é comum que ideias surjam e, quanto mais
concentrado na prática o atleta estiver, mais rapidamente esses
pensamentos serão identificados e logo poderá voltar seu foco para a
respiração.
A técnica da imagética, ou imagem mental, consiste basicamente no
atleta projetar, mentalmente, uma determinada situação ou
movimento para assim treinar mentalmente sua atuação. Estudos
como o de Koehn e Diaz-Ocejo (2016) já evidenciaram que a
imagética se mostra eficaz para auxiliar na concentração de objetivos
e de aspectos cruciais do desempenho.
 COMENTÁRIO
Apesar da eficácia destas técnicas e estratégias, é importante levarmos
em conta a identificação dos fatores que estariam interferindo na
performance do atleta, como já mencionado anteriormente. Isso ocorre
porque, ainda que essas técnicas sejam bem aplicadas e bem
assimiladas, existem outros fatores-chave como a fala do treinador, a
maneira como se dirige aos atletas durante o jogo e os termos que ele
utiliza. Estes são fatores que podem comprometer a concentração em
campo.
Imagine-se em uma situação parecida. Você está prestes a realizar
uma prova, quando seu professor diz algo como “espero que tenham
estudado bastante, pois não peguei leve”, ou qualquer outro termo
que faça você questionar, mesmo que, por um breve momento, sua
capacidade para realizar bem a prova. Algumas pessoas podem não
ser afetadas. Porém, há pessoas que são impactadas por falas como
essa, que podem trazer suas inseguranças à tona. O mesmo pode
ser vivido no âmbito esportivo.
Sendo assim, não podemos ignorar os pensamentos automáticos
que surgem e a maneira como eles podem interferir na concentração
e, consequentemente, no desempenho. A utilização de técnicas
tradicionais da Terapia Cognitiva Comportamental – como o Registro
de Pensamentos Disfuncionais, avaliação das evidências a favor e
contra o pensamento, dentre outras – também são de grande
importância, pois ajudarão o atleta a contestar esses pensamentos
de maneira que eles não interfiram negativamente na sua prática
esportiva.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A ATENÇÃO REFERE-SE A UMA HABILIDADE
COGNITIVA MUITO DEMANDADA NO ESPORTE QUE,
APESAR DE AGIREM SIMULTANEAMENTE, PODE SER
DIVIDIDA EM DIFERENTES TIPOS. ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRESPONDENTE AOS QUATRO
TIPOS DE ATENÇÃO:
A) Atenção seletiva, atenção sustentada, atenção dividida e atenção
alternada
B) Atenção ampla, atenção difusa, atenção dividida e atenção focada
C) Atenção difusa, atenção sustentada, atenção focada e atenção
seletiva
D) Atenção dividida, atenção focada, atenção ampla e atenção
alternada
E) Atenção focada, atenção difusa, atenção seletiva e atenção
alternada
2. A CONCENTRAÇÃO E A ATENÇÃO SÃO
HABILIDADES QUE, APESAR DE TEREM UMA
DIFERENÇA SUTIL, ESTÃO INTIMAMENTE
ASSOCIADAS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE
CORRESPONDA AOS TIPOS DE ATENÇÃO
ENVOLVIDAS NA CONCENTRAÇÃO:
A) Atenção ampla e atenção focada
B) Atenção dividida e atenção ficada
C) Atenção difusa e atenção focada
D) Atenção focada e atenção alternada
E) Atenção seletiva e atenção sustentada
GABARITO
1. A atenção refere-se a uma habilidade cognitiva muito
demandada no esporte que, apesar de agirem simultaneamente,
pode ser dividida em diferentes tipos. Assinale a alternativa
correspondente aos quatro tipos de atenção:
A alternativa "A " está correta.
De acordo com Muriel Lezak (1995), os quatro tipos de atenção são:
seletiva, sustentada, dividida e alternada.
2. A concentração e a atençãosão habilidades que, apesar de
terem uma diferença sutil, estão intimamente associadas.
Assinale a alternativa que corresponda aos tipos de atenção
envolvidas na concentração:
A alternativa "E " está correta.
A concentração envolve dois tipos de atenção, a atenção seletiva,
que seleciona o foco atencional, e a atenção sustentada, que permite
a sustentação do foco por tempo suficiente.
MÓDULO 3
 Descrever a síndrome do Overtraining no alto desempenho
OVERTRAINING NO ALTO
DESEMPENHO
Não é novidade a exigência para que os atletas aumentem
constantemente o seu desempenho no alto rendimento. Para
alcançar esse objetivo, muitas vezes, acontece de a intensidade e/ou
volume de treino ultrapassarem a capacidade de recuperação do
atleta.
O entendimento dessa temática é importante para quem escolhe
trabalhar com o alto rendimento, pois permite uma compreensão
acerca dos fatores que, além de interferirem no desempenho, podem
também afetar a saúde mental e o bem-estar dos atletas. A seguir,
você verá o que é o Overtraining, seus tipos, suas consequências e a
importância de uma recuperação adequada no contexto do alto
rendimento.
Fonte: Shutterstock.com
OVERTRAINING:
CARACTERIZAÇÃO
O Overtraining, também conhecido por termos como Overfatigue,
Overstrain, Sobretreinamento e Síndrome do Supertreinamento,
pode ser caracterizado como um desequilíbrio psicofisiológico,
causado por níveis de estresse que ultrapassam a capacidade do
atleta de se recuperar adequadamente. Em outras palavras, é uma
síndrome que envolve estressores, principalmente, físicos, mas
também psicológicos e sociais que, quando combinados com
pouco tempo de recuperação, interferem negativamente sobre o
desempenho do atleta.
Dado a grande demanda que existe no contexto do alto rendimento
para que o atleta tenha o melhor desempenho possível, não é
incomum a ocorrência de Overtraining, principalmente, pelo fato de
que as altas cargas são importantes para o aumento da performance
esportiva. Porém, é importante alertarmos aos riscos, pois, apesar de
os clubes adotarem estratégias de monitoramento de estresse físico
e mental, a maioria consiste no autorrelato dos próprios atletas que,
muitas vezes, mascaram a realidade da dor, do estresse e mesmo da
qualidade do descanso.
Com relação às exigências para que o atleta alcance o seu melhor
desempenho, é importante pontuar que estas nem sempre são feitas
somente pelos treinadores. A autocobrança excessiva também pode
estimular o atleta a treinar em volume e intensidade além do
adequado, o que acaba influenciando na ocorrência do Overtraining.
Essas situações são comuns devido à crença de que, quanto mais
se treina, melhor será o desempenho. Porém, o que acontece é o
contrário: o treino excessivo não otimiza, mas causa uma queda no
rendimento esportivo.
 ATENÇÃO
Algo importante de se destacar é que, apesar de o Overtraining interferir
negativamente sobre o desempenho do atleta, essa interferência não
ocorre somente no âmbito individual. Tratando-se de esporte coletivo,
cada membro tem uma função para que o objetivo final seja alcançado.
Sendo assim, quando um dos membros não consegue desempenhar
bem sua tarefa, todo o grupo acaba sendo afetado.
A preocupação com relação à ocorrência dessa síndrome se dá pelo
risco de o Overtraining acarretar o afastamento tanto das atividades
diárias de treinos, quanto das competições, podendo comprometer
não apenas uma temporada inteira, como abreviar carreiras de
atletas com alto potencial de crescimento. Isso acontece porque a
sobrecarga física na qual o atleta se encontra, somada ao baixo nível
de recuperação, o torna mais vulnerável a sofrer contusões ou lesões
durante sua prática. Essa situação ocorre não somente com o treino
das habilidades esportivas específicas da modalidade, mas também
com o treinamento muscular realizado nas academias.
Fonte: Shutterstock.com
O Overtraining tem duas classificações: o crônico, caracterizado
apenas como Overtraining, e o agudo, conhecido como
Overreaching. À medida que ocorre o desequilíbrio entre o estresse e
a recuperação do atleta, o Overreaching surge, durando entre uma e
duas semanas. Quando se instala de forma frequente é configurado
como Overtraining, que pode persistir por meses.
Além dessas duas classificações, o Overtraining pode ainda ser
caracterizado como simpático ou parassimpático.
SIMPÁTICO
PARASSIMPÁTICO
Com relação à prevalência do Overtraining do tipo simpático, é mais
comum de se observar em modalidades esportivas de predominância
anaeróbicas, ou seja, aquelas que consistem em atividades de alta
intensidade e curta duração – que se caracterizam por não utilizarem
o oxigênio para a produção de energia. Como exemplo, podemos
citar as corridas de velocidade, saltos e lançamentos.
Já o Overtraining do tipo parassimpático ocorre geralmente em
modalidades esportivas de predominância aeróbica, que englobam
atividades que demandam maior consumo de oxigênio, estimulando
o sistema cardiorrespiratório e vascular. Algumas modalidades que
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se enquadram nessa característica são a corrida, o ciclismo e
natação.
Fonte: Shutterstock.com
No que se refere aos sintomas, Alves, Costa e Samulski (2006), em
seu artigo de revisão, compilaram diversos indicadores de
Overtraining. Alguns desses indicadores são: alterações na
frequência cardíaca, frequência respiratória aumentada, fadiga
crônica, fadiga mental constante, redução do apetite, alterações no
sono, instabilidade emocional, sensibilidade muscular, queda no
desempenho, redução da capacidade máxima de rendimento, perda
da coordenação, dificuldade de concentração, entre outros.
Compreender os indicadores de Overtraining é de demasiada
importância, pois quanto mais cedo for identificado, menores serão
as chances de ocorrência de contusões e/ou de lesões.
OVERTRAINING E BURNOUT:
QUAL A DIFERENÇA?
Por também apresentar sintomas de desgaste físico e mental, o
Overtraining pode ser confundido com a Síndrome de Burnout. Trata-
se, porém, de acometimentos distintos e entender essa diferença é
importante para que o psicólogo possa traçar a melhor intervenção,
auxiliando os atletas a manterem sua saúde mental e o seu bem-
estar na prática esportiva.
A Síndrome de Burnout é um acometimento psíquico caracterizado
por um alto desgaste emocional e cognitivo, que pode se intensificar
com o tempo e, por vezes, passa despercebido. Ela é causada pelo
acúmulo de estresse e tensão por tempo prolongado, que são
provocados por condições de trabalho físicas, emocionais e
psicologicamente exaustivas. Além do surgimento de aspectos como
desmotivação e frustração em decorrência desse desgaste, o
indivíduo sofre também com a queda de desempenho.
Fonte: Shutterstock.com
Dentre os sintomas da Síndrome de Burnout, podemos destacar o
excesso de cansaço físico e mental, dificuldade de concentração,
irritabilidade, dores de cabeça e dores no corpo, sentimentos de
fracasso e insegurança. A longo prazo, pode desencadear sintomas
de transtornos como depressão e ansiedade. O contexto do alto
rendimento, por si só, é propício ao desenvolvimento, tanto da
Síndrome de Burnout, quanto do Overtraining. Mas, então, como
diferenciá-los?
A ocorrência de Burnout, assim como a de Overtraining, se dá
quando as demandas excedem a capacidade de o indivíduo lidar
com elas de maneira adequada, havendo o envolvimento de uma
forte sensação de cansaço e exaustão. Porém, quando falamos da
Síndrome de Burnout, nos referimos a um acometimento que tem
como principais características o estado de tensão emocional e o
estresse crônico.
Já o Overtraining, por sua vez, tem como principal sintoma o estado
de intensa exaustão muscular, provocado pelo alto volume e alta
intensidade dos treinos. Como reflexos, acaba por afetar
negativamente a saúde mental e o bem-estar emocional e social do
atleta.
Algo interessante de pontuar é que, nos casos de Burnout,a prática
de exercícios pode ser uma das estratégias para lidar com a
síndrome. De modo contrário, para o Overtraining, o descanso é a
recomendação principal. Porém, é importante destacar que a
maneira de se lidar com a Burnout não se restringe à prática de
exercícios. Até mesmo porque existe a ocorrência dessa síndrome no
próprio contexto esportivo.
Sendo assim, em síntese, no que se refere à Burnout, podemos dizer
que seu surgimento ocorrerá quando o atleta estiver passando por
um período de grande demanda, tendo como principal acometimento
o estresse emocional e cognitivo. O Overtraining, por sua vez,
ocorrerá quando a intensidade e o volume do treino físico exceder o
tempo de recuperação do atleta, estando mais relacionado, portanto,
ao desgaste físico que poderá interferir nas demais esferas da vida
do atleta.
RECUPERAÇÃO NO ALTO
RENDIMENTO
A recuperação dos treinos é de suma importância, principalmente, no
alto desempenho. Como já vimos, trata-se de um contexto com
muitas demandas e uma alta carga de treinamento. Sendo assim, é
fundamental que haja equilíbrio entre os estressores (volume e
intensidade dos treinos) e a recuperação, de forma a evitar a
ocorrência de Overtraining, possibilitando o alcance do melhor
desempenho.
No que tange à recuperação, existem fatores que são de grande
importância para esse processo, sendo: o restabelecimento do dano
muscular, a reposição do estoque energético e a eliminação dos
metabólitos produzidos pela prática do exercício. Isso ocorre porque,
fisiologicamente, a intensidade está relacionada a fatores como a
depleção de substrato energético, dano muscular mecânico,
inflamação e fadiga do sistema nervoso central.
Fonte: Salty View/Shutterstock.com
 Jade Barbosa nas Olímpiadas 2016.
Para lidar com as consequências da alta intensidade de treino,
comum no alto rendimento, muitos métodos têm sido adotados,
como massagem esportiva, liberação miofascial e crioterapia. Porém,
existem três pontos que são essenciais para uma boa recuperação:
Alimentação saudável

Repouso adequado

Sono reparador
 ATENÇÃO
Dependendo do nível de Overtraining do atleta, a tentativa de
compensar o cansaço com um longo período de repouso parece não ser
suficiente. Apenas em casos de Overreaching, forma mais atenuada do
Overtraining, a supercompensação do período de recuperação se
mostra, de fato, eficaz.
Com relação à saúde mental, o processo de recuperação é
demasiadamente importante. Dentre as consequências de uma
reabilitação não adequada, podemos citar: problemas de memória,
baixa produtividade, ansiedade, estresse e dificuldades de
concentração. Uma outra consequência é o surgimento de
pensamentos automáticos disfuncionais. A falta de descanso
adequado pode deixar o atleta propício a ter pensamentos
automáticos negativos ao longo do dia com relação a si mesmo, ao
seu desempenho e, até mesmo, a seu relacionamento com os
outros. Além disso, é possível identificarmos consequências a longo
prazo, como insônia, depressão e diabetes.
Dentre as estratégias que podem ser utilizadas, a fim de otimizar o
processo de descanso, temos técnicas de relaxamento, como a
respiração diafragmática e as práticas meditativas. Além disso,
técnicas de imagem mental voltadas para o relaxamento também se
mostram eficazes. Essas estratégias são eficientes, pois ajudam a
desacelerar e a relaxar o corpo e a mente, a fim de que o atleta
consiga se preparar para o momento de dormir, de modo que a
função reparadora do sono seja eficaz.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O OVERTRAINING PODE SER CARACTERIZADO
COMO UM DESEQUILÍBRIO PSICOFISIOLÓGICO,
PROVOCADO POR UM ALTO VOLUME E ALTA
INTENSIDADE NOS TREINAMENTOS COMBINADOS
COM UMA RECUPERAÇÃO INSUFICIENTE. SABENDO
DAS CONSEQUÊNCIAS DO OVERTRAINING PARA A
SAÚDE MENTAL DO ATLETA, É IMPORTANTE SABER
DO QUE SE TRATA ESSA SÍNDROME, QUAIS SÃO AS
SUAS CARACTERÍSTICAS, E O QUE POSSIBILITARÁ A
SUA IDENTIFICAÇÃO E INTERVENÇÃO ADEQUADA.
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO CORRESPONDE
A UMA DAS CARACTERÍSTICAS DO OVERTRAINING.
A) Pode ser classificado em Overreaching (sua forma aguda) ou
Overtraining (sua forma crônica).
B) Tem dois tipos: simpático e parassimpático.
C) Tem como alguns de seus sintomas a fadiga mental constante,
instabilidade emocional e dificuldade de concentração.
D) Tem como principais características o estado de tensão emocional
e o estresse crônico.
E) Ocorre quando a intensidade e o volume do treino físico excedem
o tempo de recuperação.
2. VIMOS O QUÃO IMPORTANTE É O PROCESSO DE
RECUPERAÇÃO NO ALTO RENDIMENTO. PARA
AUXILIAR OS ATLETAS NESSE PROCESSO, EXISTEM
ALGUMAS TÉCNICAS QUE O PSICÓLOGO DO
ESPORTE PODE UTILIZAR. ASSINALE A
ALTERNATIVA QUE CORRESPONDA A ALGUMAS DAS
TÉCNICAS PERTINENTES AO TRABALHO DA
PSICOLOGIA DO ESPORTE PARA A RECUPERAÇÃO
DOS ATLETAS:
A) Liberação miofascial, respiração e meditação
B) Relaxamento e crioterapia
C) Liberação miofascial e práticas meditativas
D) Práticas meditativas, crioterapia e respiração
E) Respiração diafragmática, práticas meditativas e imagem mental
GABARITO
1. O Overtraining pode ser caracterizado como um desequilíbrio
psicofisiológico, provocado por um alto volume e alta
intensidade nos treinamentos combinados com uma
recuperação insuficiente. Sabendo das consequências do
Overtraining para a saúde mental do atleta, é importante saber
do que se trata essa síndrome, quais são as suas características,
e o que possibilitará a sua identificação e intervenção adequada.
Assinale a alternativa que não corresponde a uma das
características do Overtraining.
A alternativa "D " está correta.
Apesar de o Overtraining interferir nas esferas psicológicas,
emocionais e sociais da vida do atleta, sua principal característica é o
estado de intensa exaustão muscular. O estado de tensão emocional
e o estresse crônico foram pontuadas como as principais
características da Síndrome de Burnout.
2. Vimos o quão importante é o processo de recuperação no alto
rendimento. Para auxiliar os atletas nesse processo, existem
algumas técnicas que o psicólogo do esporte pode utilizar.
Assinale a alternativa que corresponda a algumas das técnicas
pertinentes ao trabalho da Psicologia do Esporte para a
recuperação dos atletas:
A alternativa "E " está correta.
Dentre as técnicas que cabem ao trabalho do psicólogo do esporte
estão incluídas a respiração diafragmática, as práticas meditativas e
a utilização de imagens mentais voltadas para o relaxamento.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Você aprendeu sobre conceitos de atenção e concentração no
contexto do alto rendimento. Conheceu também tópicos importantes
como Overtraining e recuperação, além de abordagens de aspectos
como ansiedade e estresse, assim como as estratégias para lidar
com tais fatores.
Pontuamos os tipos de atenção que englobam as categorias seletiva,
sustentada, dividida e alternada. Com relação à concentração, foi
apontado que essa habilidade é, basicamente, uma junção da
atenção seletiva com a sustentada.
Ao abordarmos sobre o Overtraining e a recuperação, foi possível
identificar o quanto as altas exigências, com foco no melhor
desempenho, podem ser prejudiciais para a saúde não apenas
física, mas também mental do atleta. A recuperação é de suma
importância na vida de todo ser vivo e, no que tange ao contexto
esportivo, cujas atividades envolvem uma alta intensidade e volume
de treinamento, é essencial que os atletas se recuperem de forma
adequada. Neste ponto, além de o fator psicológico auxiliar na
identificação de distorções cognitivas e autocobrança excessiva, para
que se possa intervir em prol do bem-estar do atleta, vimos que
existem estratégias para que o processo de recuperação e descanso
seja otimizado.
Por fim, também trabalhamos a temática da ansiedade e do estresse,
suas definições e quais estratégias os atletas poderiam aderir para
lidar com tais aspectos, dado que podem ser demasiadamente
prejudiciais não somente para o desempenho,mas para a saúde
mental e o bem-estar do indivíduo.
FALA MESTRE
Foco, Dedicação e Determinação
Sinopse: Zico fala sobre as principais características de um
vencedor e relembra o período em que treinou com Telê Santana
para a seleção brasileira.
Sinopse: Zico fala sobre as principais características de um
vencedor e relembra o período em que treinou com Telê Santana
para a seleção brasileira.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALVES, R. N.; COSTA, L. O. P.; SAMULSKI, D. M. Monitoramento e
prevenção do supertreinamento em atletas. Niterói: Rev. Bras.
Med. Esporte, 2006.
COUTO, H. A. Stress e qualidade de vida dos executivos. Cop.
Rio de Janeiro, 1987
JACKSON, S.; CSIKSZENTMIHALYI, M. Flow in Sports: the keys to
optimal experiences and performances. Champaign, IL: Human
Kinetics, 1999.
KOEHN, S.; DIAZ-OCEJO, J. Imagery intervention to increase flow
state: A single-case study with middle-distance runners in the state
of Qatar. In: International Journal of Sport and Exercise Psychology,
p. 1-14, 2016.
LEZAK, M. D. Neuropsychological Assessment. 3. ed. New York:
Oxford University Press, 1995.
SELYE, H. Stress without distress. Filadélfia: Lippincott Williams &
Wilkins, 1974.
SPIELBERGER, C. D.; SMITH, L. H. Anxiety (drive), stress, and
serial-position effects in serial-verbal learning. In: Journal of
Experimental Psychology, 1966.
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do
esporte e do exercício. 6. ed. Trad. M. C. G. Monteiro, & R. M.
Garcez. Porto Alegre: Artmed, 2017.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema:
Veja:
Como Anna Vitória Rodrigues e Ricardo da Costa Padovani
abordam a importância do Mindfulness para atletas de alto
rendimento no artigo: Mindfulness e o esporte competitivo: a
importância para atletas de alto rendimento.
Como Marco Túlio de Mello e Sergio Tufik trabalham a questão
do estresse e Overtraining no alto rendimento no capítulo 9 do
livro: Atividade Física, Exercício Físico e Aspectos
Psicobiológicos.
Pesquise:
Psicologia do Esporte e do Exercício (Modelos Teóricos, Pesquisa
e Intervenção), organizado por Erick Conde / Alberto Filgueiras,
Luciana Angelo / Adriana Pereira e Cristianne Carvalho, e
obtenha maior aprofundamento na área.
CONTEUDISTA
Bruno Barreto Santos
 CURRÍCULO LATTES
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