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Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários12 | ÍNDICE DE EFETIVIDADE DE SERVIÇO PÚBLICO Você conhece o Índice Internacional de Efetividade do Serviço Público (International Civil Service Effectiveness – InCISE), desenvolvido pela Universidade de Oxford? Esse é um índice que cruza grande amplitude de dados nacionais de dezenas de países com o intuito de tentar ajudar governos melhorar a performance de seus serviços. É um indicador objetivo que consegue mensurar o desenvolvimento e o progresso de países, e que também permite que os países aprendam melhores práticas uns com os outros. É claro que, quando nos propomos a comparar governos centrais de países, existem problemas de escala: como comparar governos e serviços públicos tão diversos e em contextos tão distintos? Quanto maior for o nível de abrangência de um indicador ou de um índice, mais imperfeita será a comparação. Por outro lado, por mais que imperfeita, é importante tentar buscar uma métrica que, ao mesmo tempo, tente comparar realidades distintas, mesmo que de maneira não definitiva. É isso que o InCISE tenta fazer. Esse é um meta-índice, ou seja, um índice composto por diversos indicadores. Por exemplo, para pedir transparência do processo orçamentário, os indicadores utilizados são os indicadores de transparência e de monitoramento orçamentário do Instituto do Orçamento Aberto (Institute of Open Budget – IBP). O índice que mede a eficácia da regulação é formado pelos indicadores da OCDE sobre política regulatória e governança (iREG). Para mensuração da efetividade da administração de crises, o Índice se vale do relatório Hyogo Framework for Action. O Índice InCISE de 2019 (o mais recente disponibilizado) cobre 38 países e se utiliza de dezenas de indicadores agrupados em 12 categorias: capacidades; administração de crises e riscos; serviços digitais; administração fiscal e administrativa; administração de recursos humanos; inclusividade; integridade; abertura ou transparência; capacidade de produzir políticas públicas; compras estatais; regulação; administração e arrecadação tributária. Os países são avaliados nessas áreas, de acordo com dezenas de indicadores em cada uma, e chegam a notas finais em cada uma das categorias e, depois, em uma nota final. No ano de 2019, os países que apresentaram maior pontuação geral no Índice foram Grã-Bretanha, Nova Zelândia, Canadá e Finlândia. O Brasil não foi incluído nas duas edições do Índice (em 2017 e em 2019); contudo, em 2019, a Universidade de Oxford produziu um relatório em apartado sobre o Brasil, indicando que ele provavelmente irá passar a fazer parte do índice. 2. USUÁRIOS DOS SERVIÇOS PÚBLICOS 2.1 Conceito de usuário de serviços públicos Nesse conceito amplo de serviço público, os usuários de serviços pú- blicos são todas as pessoas que se utilizam ou se beneficiam, direta ou indiretamente, de serviços públicos. Assim, por exemplo, uma pessoa https://www.bsg.ox.ac.uk/sites/default/files/2019-04/InCiSE%202019%20Results%20Report.pdf https://www.bsg.ox.ac.uk/sites/default/files/2019-04/InCiSE%202019%20Results%20Report.pdf https://www.bsg.ox.ac.uk/sites/default/files/2019-04/InCiSE%202019%20Results%20Report.pdf https://www.bsg.ox.ac.uk/sites/default/files/2019-04/InCiSE%20Technical%20Paper%202019-1%20-%20Brazil.pdf https://www.bsg.ox.ac.uk/sites/default/files/2019-04/InCiSE%20Technical%20Paper%202019-1%20-%20Brazil.pdf Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários | 13 que realiza um pedido de acesso à informação é um usuário direto de serviços públicos. Da mesma forma, são usuários diretos pessoas que se utilizam do transporte público, estudantes do sistema público de ensino ou pacientes que se utilizam do Sistema Único de Saúde. Se, contudo, adotarmos um conceito mais amplo de usuário de serviço público, che- garemos à conclusão de que são também usuários de serviços públicos as pessoas que, embora não solicitem diretamente um serviço, também dele se aproveitam ou dele se beneficiam, ainda que indiretamente. Veja que a legislação brasileira claramente adotou essa conceituação mais ampla de serviço público no art. 2º, I, da Lei n. 13.460/2017: Art. 2º Para os fins desta Lei, consideram-se: usuário − pessoa física ou jurídica que se beneficia ou utiliza, efetiva ou potencialmente, de serviço público; O conceito de usuário apresentado alcança tanto pessoas físicas quanto jurídicas que usufruam de serviço público, efetiva ou potencial- mente. Em outras palavras, essa definição abrange, também, situações em que os serviços estão à disposição dos usuários, mas não são utilizados efetivamente, como pode ocorrer com os serviços de água e esgoto. 2.2 Direitos e deveres dos usuários Para começar a falar sobre direitos de usuários de serviços públicos, veja esse vídeo institucional da Advocacia-Geral da União a respeito dos principais direitos dos usuários de serviços públicos: Vídeo 2: os principais direitos dos usuários de serviços públicos https://www.youtube.com/watch?v=jwpCZ2AFdUA https://www.youtube.com/watch?v=jwpCZ2AFdUA Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários14 | A Lei n. 13.460/2017, em seus artigos 6º e 8º, assegura direitos e também estabelece deveres do usuário do serviço público, vamos ver o que diz essa Lei a esse respeito: Direitos do usuário: I- Participação no acompanhamento da prestação e na avaliação dos serviços; II- Obtenção e utilização dos serviços com liberdade de escolha entre os meios oferecidos e sem discriminação; III- Acesso e obtenção de informações relativas à sua pessoa constantes de registros ou bancos de dados, observado o disposto no inciso X do caput do art. 5º da Constituição Federal e na Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011; IV- Proteção de suas informações pessoais, nos termos da Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011; V- Atuação integrada e sistêmica na expedição de atestados, certidões e documentos comprobatórios de regularidade; e VI- Obtenção de informações precisas e de fácil acesso nos locais de prestação do serviço, assim como sua disponibilização na internet, especialmente sobre: a) horário de funcionamento das unidades administrativas; b) serviços prestados pelo órgão ou entidade, sua localização exata e a indicação do setor responsável pelo atendimento ao público; c) acesso ao agente público ou ao órgão encarregado de receber ma- nifestações; d) situação da tramitação dos processos administrativos em que figure como interessado; e e. valor das taxas e tarifas cobradas pela prestação dos serviços, con- tendo informações para a compreensão exata da extensão do serviço prestado. Deveres do usuário: I- Utilizar adequadamente os serviços, procedendo com urbanidade e boa-fé; II- Prestar as informações pertinentes ao serviço prestado quando solicitadas; III- Colaborar para a adequada prestação do serviço; e IV- Preservar as condições dos bens públicos por meio dos quais lhe são prestados os serviços de que trata esta Lei. Que lições gerais podemos extrair desses dispositivos legais? O principal direito dos usuários de serviços públicos é o direito ao recebimento do serviço. Esse é o direito basilar dos usuários, sobre o Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários | 15 qual se estrutura todo o sistema de proteção e defesa de usuários de serviços públicos. Esse direito é tão importante que pode até mesmo ser objeto de ação judicial visando à prestação do serviço, e, em caso de não prestação, é possível até mesmo que o usuário reclame judicialmente indenização, a depender do tipo de serviço e do contexto de prestação. Dessas regras extraem-se alguns princípios que obrigam a Adminis- tração Pública na concessão de serviços, em especial os princípios da generalidade, da continuidade, da eficiência e da modicidade (CARVA- LHO FILHO, 2015). Esses princípios acarretam algumas consequências, apresentadas abaixo: • Generalidade: os serviçospúblicos devem ser prestados com a maior amplitude possível, vale dizer, devem beneficiar o maior número pos- sível de indivíduos. Isso não significa, é claro, que serviços públicos não possam ou não devam, em certas ocasiões, direcionar-se a um grupo de indivíduos específicos, e frequentemente esses grupos serão por definição reduzidos. Pense-se em políticas de inclusão a indígenas, por exemplo: necessariamente essas políticas se direcionarão a grupos específicos e não muito numerosos, mas isso não significa rompimento com o princípio da generalidade. • Eficiência: esse princípio requer que o Estado atue com a maior eficiência possível na prestação de serviços, isto é, o Estado deve atuar buscando aumentar os benefícios e diminuindo os custos. Aumentar benefícios e diminuir custos requer, inevitavelmente, a realização de uma avaliação contínua dos serviços públicos. • Modicidade: os preços ou custos de serviços públicos aos cidadãos ou consumidores finais deve ser módico, devendo o Poder Público avaliar o poder aquisitivo do usuário para, assim, avaliar qual preço pode ser-lhe cobrado, quando for o caso de cobrança. Assim, o preço cobrado por serviço deve e pode variar de acordo com a condição dos beneficiários. Nesse sentido, poder-se-ia admitir cobrança maior para prestação dos serviços de emissão de passaporte do que para prestação de um serviço mais essencial, como o de emissão de título de eleitor ou de certidão de nascimento, isso porque o serviço de emissão de passaporte tende a privilegiar mais uma camada da população mais favorecida, a que tem condições de viajar ao exterior. O serviço público de emissão de certidão de nascimento é tão essencial que a sua gratuidade é estabelecida por lei (atualmente, a Lei n. 9.834/1997): trata-se de um serviço tão essencial, e do qual tantos outros dependem, que a gratuidade é uma estratégia estabelecida pelo Poder Público para aumentar a sua disseminação. • Continuidade: como regra geral, os serviços públicos não devem sofrer interrupções ou descontinuidades. Nas palavras de Carvalho Filho (2015, p.343), a prestação de serviços públicos “deve ser contínua para evitar que a paralisação provoque, como às vezes ocorre, colapso nas múltiplas atividades particulares”. Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários16 | 2.3 Diretrizes para a adequada prestação de serviços públicos aos usuários O Código de Defesa do Usuário de Serviços Públicos também estabele- ce um conjunto de diretrizes que devem ser observadas pelos agentes públicos, visando assegurar o direito do usuário à adequada prestação dos serviços. Conheça as principais diretrizes para adequada prestação de serviços aos usuários: • Presunção de boa-fé do usuário: quanto à presunção de boa-fé do usuário, é importante esclarecer que o Estado não deve atuar sob o preceito da desconfiança do usuário. Deve-se pressupor que o usuário do serviço público age com boa-fé e não falta com a verdade. • Eliminação de formalidades: a eliminação de formalidades e exigências cujo custo econômico ou social seja superior ao risco envolvido assegura que só se deve exigir do usuário o absolutamente necessário. Em caso de novas exigências, o impacto que trará ao usuário deve ser verificado, seja econômico ou social. • Vedação de reconhecimento de firma: o próprio servidor público deve fazer a autenticação de documentos, à vista dos originais apresentados pelo usuário, vedada a exigência de reconhecimento de firma, salvo em caso de dúvida de autenticidade. • Aplicação de soluções tecnológicas: destaca-se também a diretriz de aplicação de soluções tecnológicas que visem a simplificar processos e procedimentos de atendimento ao usuário e a propiciar melhores condi- ções para o compartilhamento das informações, como a implementação de modelos eletrônicos de agendamento de atendimento. • Utilização de linguagem simples e compreensível: o uso adequado da linguagem no atendimento prestado ao usuário se deve à finalidade de aproximá-lo do Estado. A linguagem utilizada deve ser clara, acessível e de fácil compreensão, proporcionando atendimento adaptado às neces- sidades do usuário de serviço público. A partir desta descrição legal, vamos tentar aprofundar o estudo de duas diretrizes: a aplicação de ferramentas tecnológicas e a utilização de linguagem simples e compreensível. 2.3.1 Adoção de ferramentas tecnológicas Sobre adoção de ferramentas tecnológicas, veja o TED TALK a seguir, em que Richard Culatta fala a respeito da necessidade de direcionar governos para adotar medidas inovadoras: Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários | 17 Vídeo 3: TED TALK: Fazendo o governo diferente para promover a inovação Como governos podem assegurar-se de que irão cumprir todas as suas múltiplas responsabilidades de maneira efetiva? Esse vídeo demonstra como algumas ações relativamente simples podem influenciar de maneira importante o resultado de intervenções estatais. Por exemplo, estabe- lecer prêmios e recompensas para estimular certas atitudes na popula- ção; criar ferramentas para tornar os dados governamentais acionáveis e utilizáveis por parte da população; estabelecimento de parcerias entre órgãos públicos e entre órgãos públicos e privados, tendo em mente que existem desafios que não podem ser enfrentados por apenas um órgão ou setor; incentivar a mobilização coletiva de grupos da sociedade para coletar informações necessárias para a melhoria de serviços; estabelecer compromissos públicos e dar visibilidade a ações conjuntas. Ainda sobre o tema da inovação em matéria de ações governamen- tais, o Banco Mundial produz, anualmente, o relatório Improving Public Sector Performance. (“Melhorando a performance do setor público”). O relatório de 2018 destaca 15 casos sobre inovação em serviços públi- cos. As conclusões do relatório são no sentido de que existem alguns fatores essenciais para o sucesso de tentativas de inovações construídas no setor público. Esses fatores essenciais para a inovação são: (i) lide- rança política, pois poucas inovações são puramente tecnocráticas, e a liderança política pode atuar como elemento catalizador de mudanças; (ii) a construção de capacidade institucional, pois inovações requerem a utilização de reformas de gestão, adoção de novas tecnologias e uma equipe treinada e qualificada; (iii) a existência de incentivos, tanto em nível institucional quanto em nível pessoal dos servidores; (iv) a adoção https://www.youtube.com/watch?v=3h-sEm2DHXU https://www.youtube.com/watch?v=3h-sEm2DHXU Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários18 | de medidas de transparência, pois transparência pode possibilitar o com- partilhamento de informações e, com isso, aumentar a possibilidade de coordenação; (v) o uso de ferramentas tecnológicas. Veja aqui o Relatório do Banco Mundial “Improving Public Sector Performance through innovation and Inter-agency coordination” (2018) ESTUDO DE CASO MELHORANDO O SERVIÇO DE GESTÃO FINANCEIRA EM MANAUS Um dos casos de destaque em âmbito mundial é, segundo o relatório do banco mundial, a reforma do sistema de gestão financeira da cidade de Manaus. Em 2013, Manaus não estava gerindo suas finanças de maneira efetiva. O município estava em crise financeira, com caixa abaixo de R$ 20 milhões e dívidas maiores que R$ 360 milhões. O sistema municipal de coleta de impostos era, como é a realidade de milhares de municípios brasileiros, muito frágil, sendo que o município dependia quase que exclusivamente da transferência de recursos federais. Assim, o município não conseguia investir em educação e saúde. Uma parte do problema estava associada ao processo de coleta de impostos realizado pela Secretaria de Finanças: em 2013, a Secretaria ainda se valia de processos manuais para arrecadar e fiscalizar impostos. A equipe não se encontrava motivada para melhorar sua eficiência. A chegada de nova administração, em 2013, permitiuque se iniciassem mudanças culturais e mudanças nos processos de trabalho. A Secretaria contratou uma consultoria que capacitou todos os seus integrantes na metodologia PDCA (Plan, Do, Check, Act – planeje, faça, verifique e aja). Também foi criada nova subsecretaria encarregada de treinar a equipe em desenvolver indicadores, metas e planos de ação, e também em criar estratégias de motivação. Ao mesmo tempo, a secretaria começava a reformar os seus sistemas de tecnologia da informação. https://documents.worldbank.org/en/publication/documents-reports/documentdetail/833041539871513644/improving-public-sector-performance-through-innovation-and-inter-agency-coordination https://documents.worldbank.org/en/publication/documents-reports/documentdetail/833041539871513644/improving-public-sector-performance-through-innovation-and-inter-agency-coordination https://documents.worldbank.org/en/publication/documents-reports/documentdetail/833041539871513644/improving-public-sector-performance-through-innovation-and-inter-agency-coordination Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários | 19 A partir do desenvolvimento de metas e indicadores, os gestores começaram a perceber que havia grande margem para melhoria em diversos processos. Por exemplo, eles estimaram que, apesar da estimativa de existência de 550 mil imóveis na cidade, apenas 150 mil pagavam IPTU, o imposto municipal sobre propriedade. A partir do diagnóstico desse problema, foi estabelecida meta de aumento de, pelo menos, 25% na arrecadação desse imposto. Outros aspectos da atividade municipal começaram a ser analisados sob a mesma ótica, como o caso das licitações, que também não eram ainda plenamente informatizadas. Foi criado um sistema específico para monitorar o progresso das metas. Também foram estabelecidas reuniões semanais em que os servidores e gerentes se encontravam para discutir os progressos, identificar obstáculos e resolver problemas. Aos poucos, o município revisou seu cadastro de IPTU, reduziu o não pagamento de tributos, melhorou seu sistema de compras públicas e firmou parcerias com outros órgãos em diversas áreas, para conhecer boas práticas em diversas áreas de administração. O resultado veio em pouco tempo. Em 2017, Manaus já era a primeira colocada entre as capitais brasileiras e a 33ª colocada no índice FIRJAN de gestão fiscal, que avalia a gestão fiscal de todos os 5.500 municípios brasileiros. O progresso foi grande, especialmente considerando que, em 2013, o município ocupava a 1.200ª posição no ranking. ESTUDO DE CASO – O GOVERNO DIGITAL DA ESTÔNIA Você já imaginou viver em uma sociedade em que todos os serviços públicos – exceto casamento e divórcio – são realizados on-line? Pois na Estônia isto é uma realidade: transações bancárias, prescrições médicas e até o exercício do direito ao voto são realizados de forma plenamente digital. Mais do que isso, o governo estoniano instrui outras organizações governamentais a digitalizarem- se. Veja o vídeo que se segue, para o qual há legendas em português (clicando em “CC”, e depois em “autotradução” e, depois, em “português”). Vídeo: O governo digital mais avançado do mundo https://www.youtube.com/watch?v=nPJ7IVFNEhI https://www.youtube.com/watch?v=nPJ7IVFNEhI https://www.youtube.com/watch?v=nPJ7IVFNEhI Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários20 | E-Estonia, símbolo do governo mais digitalizado no mundo 2.3.2 Simplificação e desburocratização de serviços públicos Sobre a diretriz “adoção de linguagem simples e compreensível”, acredi- tamos que ela precisa ser interpretada de maneira ampla: não é apenas a linguagem dos serviços públicos que deve ser simples e acessível, mas a própria prestação do serviço deve buscar sê-lo. Os agentes públicos devem ter em mente a necessidade de simplificar todas as etapas da prestação de serviços públicos: desde sua concepção e formulação inicial até sua implementação na ponta. Mas, por que a simplificação de serviços é tão importante? Veja abaixo o que diz o professor Cass Sunstein, um dos principais pesquisadores do novo campo da ciência comportamental, a respeito da importância da simplificação de atividades governamentais: Governos podem ser muito melhores e terem desempenhos muito me- lhores, se eles tornarem mais fáceis as vidas das pessoas, livrando-se de complexidades desnecessárias. Pense, por exemplo, nos melhores computadores e tablets. Eles têm embutidos toda espécie de comple- xidade técnica [...], mas, para usuários, eles são fáceis e intuitivos. Eles não requerem manuais. Você consegue trabalhar neles com base no que você já sabe. Governos deveriam ser muito mais próximos a esse modelo. (SUNSTEIN, 2013, p. 5) O termo “simplificação”, muitas vezes, é visto como um antônimo de “burocratização” ou como sinônimo de “desburocratização”. O termo “burocracia” foi disseminado a partir do trabalho do sociólogo Max Weber, que escreveu as décadas em que a Alemanha se consolidava como um Estado nacional apto a competir com Estados mais consolidados, como a França ou a Inglaterra. Ao defender a ideia de um Estado burocrático, ele enfatizou a necessidade de criar um Estado profissional, moderno, racional e eficiente. É preciso levar em consideração o contexto histórico em que Weber advogou pela criação de um Estado burocrático. O paradigma de Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários | 21 comparação desse autor era um modelo de Estado ineficiente, corrupto, patrimonialista, em que processos de ação eram movimentados por fatores como favorecimentos pessoais, proximidade aos governantes – em suma, interesses privados falavam mais alto do que interesses públicos. Em face desse cenário e desse contexto histórico, não é à toa que Weber defendia um Estado burocrático, que se movimentasse a partir de processos impessoais e procedimentos legais preestabelecidos. Na medida em que o Estado moderno passou a desempenhar funções cada vez mais relevantes na sociedade – funções como a elaboração de políticas de assistência social; políticas de educação, saúde e segurança; políticas de promoção de um meio ambiente saudável; políticas de prote- ção ao mercado de trabalho, entre muitas outras – a aderência à forma e a procedimentos se tornou ainda mais importante. Para que o Estado consiga alcançar todas as diversas e complexas finalidade que a sociedade dele espera, é fundamental atuar a partir de processos formais, eficientes e impessoais. Burocracia, assim, em sua concepção weberiana, era um adjetivo essencialmente positivo e que representava, sem dúvidas, uma forma evoluída de organização de ações estatais. No entanto, ocorre que, ao longo do tempo, muitas vezes o Estado mantém formas e procedimentos e “se esquece” das finalidades a que essas formas e procedimentos estavam originalmente associados. Assim, exige-se a forma pela forma, de maneira descolada a objetivos substan- ciais. Por outras palavras, procedimentos deveriam servir para atingir certos objetivos, sua própria existência deveria estar associada a esses objetivos substanciais, mas, na prática, pode ocorrer de o Estado exigir formas e procedimentos como se fossem fins por si só. Nesse contexto é que o termo “burocrático” vai mudando de signi- ficado e se tornando um termo pejorativo. Essa mudança semântica é compreensível; afinal, fazer muitas exigências para com requisitos para a obtenção de direitos ou para a prestação de serviços públicos pode acarretar elevados custos às pessoas e, no limite, até mesmo impedir ou postergar a obtenção de uma prestação que lhe é devida. Assim, as chamadas “disfunções” da burocracia podem ser definidas como exigências formais desprovidas de finalidade substancial e que poderiam ser eliminadas sem grandes prejuízos para o interesse público. Simplificar as atividades estatais não significa reduzir o Estado. Simplificar significa tornar a prestação de serviços públicos mais rápida, eficiente e, portanto,mais adequada às necessidades da população. A ideia de simplificação, portanto, tem quase como pressuposto a ideia de um Estado que provê serviços e bens públicos, pois o objetivo da simpli- ficação é facilitar acesso a esses bens e, não, eliminá-los. Afinal, como Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários22 | diz Sunstein, “para ter um governo mais simples, é preciso ter governo” (SUNSTEIN, 2013, p. 1). A ideia de simplificação das atividades governamentais não é propria- mente nova e muito menos uma ideia própria de governos de direita ou de esquerda. Basta dizer que, nos Estados Unidos da América, existe, desde 2009, uma agência governamental encarregada de elaborar e implementar políticas de simplificação regulatória: a Office of Information Regulatory Affairs (OIRA). A OIRA é a agência encarregada de revisar todo o poder regulatório das agências federais e de promover a simplificação nessa atividade, o que inclui a fiscalização da adoção da linguagem cidadã (plain language), a eliminação de requerimentos excessivos, a elabora- ção de sumários compreensíveis para regulações complexas. Leis como a Paperwork Reduction Act, de 1980, demonstram que a preocupação com a simplificação de serviços públicos possui, ao menos, algumas décadas de história. No Brasil, cabe destacar, entre as iniciativas mais recentes de simpli- ficação, o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização, o Gespública, que foi instituído pelo Decreto n. 5.378/2005. Este decreto foi revogado pelo Decreto n. 9.094/2017, mas isso não significa que houve abandono das políticas de simplificação. Pelo contrário, essas políticas foram ampliadas e aprofundadas nos últimos anos. O próprio Decreto n. 9.094/2017 estabelece diversas diretrizes de simplificação, conforme veremos nos próximos pontos desse capítulo. Importante exemplo desse fenômeno é o Decreto n. 10.139/2019, que ordena que todos os órgãos da administração federal revisem e consolidem os seus atos normativos inferiores a decreto. PARÂMETROS INTERNACIONAIS PARA A SIMPLIFICAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS Preocupações com a simplificação de serviços públicos têm ocupado gestores de todo o mundo. O relatório da OCDE One-Stop Shops For Citizens and Business apresenta algumas boas práticas internacionais em matéria de simplificação de acesso a serviços. Vamos ver algumas delas? Portal de Informação para empregadores (Alemanha) O Informationsportal Arbeitgeber da Alemanha, criado em 2014, foi uma parte da estratégia do governo de reduzir os ônus da busca e da contratação de empregados. A criação do portal único permitiu não apenas a consolidação de informações e documentos necessários para o processo de contratação, mas também criou soluções tecnológicas que permitiram a própria efetivação do contrato de trabalho. O portal foi estabelecido por lei e incorporado ao Código Alemão de Legislação Social. https://www.oecd-ilibrary.org/sites/b0b0924e-en/1/1/1/index.html?itemId=/content/publication/b0b0924e-en&_csp_=8b1c0b4372e0acf52e4f0b9a687601df&itemIGO=oecd&itemContentType=book https://www.oecd-ilibrary.org/sites/b0b0924e-en/1/1/1/index.html?itemId=/content/publication/b0b0924e-en&_csp_=8b1c0b4372e0acf52e4f0b9a687601df&itemIGO=oecd&itemContentType=book Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários | 23 Estabelecimento de uma “Autoridade Primária” no Reino Unido O estabelecimento da Autoridade Primária (primary authority) ocorreu em um momento em que o governo do Reino Unido estava focado na simplificação administrativa, juntamente com vários outros programas contemporâneos de reforma regulatória. Uma revisão que deu início à campanha do governo era conhecida como The Hampton Report. Entre outras coisas, o relatório destacou uma série de problemas com os serviços regulatórios das autoridades locais, incluindo inconsistência na aplicação das normas nacionais pelas autoridades locais. Como resultado da aceitação do governo das recomendações do relatório, o Local Better Regulation Office foi criado, a partir do qual a Autoridade Primária emergiu como parte de uma abordagem geral para reduzir os encargos administrativos em todo o Reino Unido. 2.3.3 Cartas de serviço Um dos mecanismos de que agências públicas dispõem para tornar seus serviços públicos mais simples é a Carta de Serviços. A Carta de Servi- ços é um instrumento de simplificação. Ela é a grande responsável por informar e comunicar, com simplicidade e precisão, o que o seu órgão público faz, quais são as atividades principais, como o cidadão pode ter acesso ao serviço, quais são os requisitos e condicionamentos para receber ou se beneficiar dos serviços. A Lei n. 13.460/2017 impõe a obrigatoriedade da adoção e divulgação de cartas de serviço por parte de todos os órgãos públicos. Segundo a Lei, ela tem por objetivo “informar o usuário sobre os serviços prestados pelo órgão ou entidade, as formas de acesso a esses serviços e seus compromissos e padrões de qualidade de atendimento ao público” (art. 7º, § 1º). Veja outros dispositivos legais sobre as Cartas de Serviço contidas na Lei n. 13.460/2017: Art. 7º [...] § 2º A Carta de Serviços ao Usuário deverá trazer informações claras e precisas em relação a cada um dos serviços prestados, apresentando, no mínimo, informações relacionadas a: I − serviços oferecidos; II − requisitos, documentos, formas e informações necessárias para acessar o serviço; III − principais etapas para processamento do serviço; IV − previsão do prazo máximo para a prestação do serviço; V − forma de prestação do serviço; e Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários24 | VI − locais e formas para o usuário apresentar eventual manifestação sobre a prestação do serviço. § 3º Além das informações descritas no § 2º, a Carta de Serviços ao Usuário deverá detalhar os compromissos e padrões de qualidade do atendimento relativos, no mínimo, aos seguintes aspectos: I − prioridades de atendimento; II − previsão de tempo de espera para atendimento; III − mecanismos de comunicação com os usuários; IV − procedimentos para receber e responder as manifestações dos usuários; e V − mecanismos de consulta, por parte dos usuários, acerca do andamento do serviço solicitado e de eventual manifestação. § 4º. A Carta de Serviços ao Usuário será objeto de atualização periódica e de permanente divulgação mediante publicação em sítio eletrônico do órgão ou entidade na internet. § 5º. Regulamento específico de cada Poder e esfera de Governo disporá sobre a operacionalização da Carta de Serviços ao Usuário. O que são padrões de qualidade? Padrões de qualidade atuam, portanto, tanto como metas quanto como “pisos” a partir dos quais órgãos públicos devem se pautar na prestação de serviços. O padrão de qualidade é um benchmark, ou seja, um pa- drão ou ponto de referência para a comparação entre bens produzidos, produtividade, serviços, processos etc. O padrão de qualidade é uma referência, tanto para a população quanto para outros órgãos estatais (ERDMAN, 2011, p. 21). Conforme Juran e Godfrey (1998, p. 90), o planejamento e o con- trole de qualidade de uma atividade podem ser divididos em seis passos, conforme ele demonstra na seguinte figura: Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários | 25 Fonte: Juran e Godfrey (1998) Já Walton (1989) aponta 14 pontos centrais para um planejamento aderente a um controle de qualidade efetivo: • Estabelecer uma constância de propósitos para melhorar o produto (bem ou serviço); adotar a nova filosofia, pois não há mais espaço para erros, materiais ruins e coisas malfeitas; não depender da inspeção em massa, diminuindo as variações nos processos; • Terminar com a prática de negociar com base só no preço, privilegiando um ou poucos fornecedores, visando uma relação duradoura; • Melhorar constantemente o sistema de produção, e não apenas corrigir os erros; • Fazer o treinamento para o amplo domínio das operações,o que diminui as variações; • Instituir a liderança, para que os líderes ajudem os demais a executarem melhor o trabalho; • Afastar o medo, isto é, estimular a geração de ideias, sem recear pela segurança se uma discussão for desencadeada, pois só assim as me- lhorias são possíveis; Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários26 | • Eliminar as barreiras entre as áreas, pois é preciso que a organização funcione como uma equipe – os objetivos das partes devem ser coor- denados; • Eliminar slogans, exortações e metas, pois, na maioria das vezes, podem criar frustrações por não estarem ao alcance dos empregados; • Eliminar as cotas numéricas, especialmente quando sem conexão com outras condições como a qualidade; • Remover as barreiras ao orgulho da execução, que estão ligadas à falta de informação, a arbitrariedades e ao não envolvimento dos empregados com a organização; • Instituir um sólido programa de educação e retreinamento, investimento em pessoas com vistas ao longo prazo; e • Agir no sentido de concretizar a transformação, por meio de uma equipe de suporte (todos devem entender como melhorar a qualidade). Provocação final: você sabe o que é um nudge? A teoria dos nudges está ligada à ideia de simplificação de serviços públicos. O jurista norte-americano Cass Sunstein, coautor do livro “Nu- dge: como tomar decisões melhores sobre dinheiro, saúde e felicidade”, explica mais esse assunto. Em síntese, o nudge pode ser traduzido como um “empurrãozinho”, um pequeno incentivo em direção a uma decisão. Os nudges são intervenções benignas, que não eliminam a liberdade de escolha das pessoas, mas tentam direcioná-las a decisões que aumentem o seu próprio bem-estar. Entenda mais sobre o assunto nessa aula do prof. Sunstein – se você clicar em “legendas” e depois em “autotradução”, conseguirá ver o vídeo com legendas em português. Vídeo Nudges: da economia comportamental à política pública https://www.youtube.com/watch?v=skS9ube2ov8 https://www.youtube.com/watch?v=skS9ube2ov8 Curso – Cidadania, Serviços Públicos e Direitos dos Usuários | 27 REFERÊNCIAS ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO. 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