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Aula 1_Intensivo Estratégia trabalhista 24,25,26 e 27 de agosto de 2020

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24, 25, 26 e 27
DE AGOSTO
AULA 01
INTRODUÇÃO
Talvez você tenha ouvido já na faculdade que para
advogar para empresas na área trabalhista é preciso
gostar de perder. E muitas vezes são exatamente
pessoas com essa mentalidade que te ensinaram a
elaborar uma defesa trabalhista.
Eu quero te mostrar uma alternativa, uma forma de
atuar pela empresa em ações trabalhistas garantindo o
máximo resultado e muitas vitórias. Isso começa por
uma defesa preparada de forma atenta e estratégica.
Ao longo desses quatro dias intensivos de aulas sobre
defesa trabalhista eu quero te mostrar como apenas
algumas técnicas de elaboração de defesas podem te
levar para o próximo nível. Estou 100% comprometido a
entregar o máximo de conteúdo, sem amarras e sem
mistérios.
Prepare-se, pois em quatro dias suas defesas
trabalhistas não serão mais as mesmas.
Seguimos juntos,
Diogo Guedert
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DEFESA TRABALHISTA:
A MELHOR ESTRUTURA
03estrategiatrabalhista.com.br
Ao elaborar uma defesa trabalhista, é importante se
atentar para as especificidades do Processo do
Trabalho e da dinâmica de uma ação trabalhista. Isso
significa que a forma como as informações são
apresentadas na defesa importa muito e pode fazer a
diferença entre sua contestação ser lida ou não.
A primeira coisa a saber é que a estrutura clássica de
uma defesa cível não deve ser utilizada. Uma ação
trabalhista, via de regra, envolve diversos pedidos cuja
única ligação entre si é o contrato de trabalho. Por isso,
dividir a defesa em fatos e “do direito” pode torná-la
extremamente longa ou confusa, resultando numa peça
pouco convidativa para a leitura.
O foco deve estar na objetividade e simplicidade, com
organização estratégica dos argumentos de defesa.
Uma peça bem organizada e escrita com objetividade -
sem deixar de lado os argumentos e informações
importantes - tem muito mais chances de ser lida e de
seus argumentos serem considerados.
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Olhe para suas defesas trabalhistas. Você teria
vontade de lê-la ao final de um dia de trabalho?
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Estrutura ideal
ENDEREÇAMENTO E QUALIFICAÇÃO DAS PARTES -
confira que o endereçamento da petição e a indicação e
qualificação das partes estão corretos.
BREVE RELATO DA INICIAL - faça um resumo realmente
breve, apontando quais os argumentos básicos e
pedidos do Reclamante. Esse tópico serve para localizar
o julgador em relação à lide proposta. Cuide para que
esse tópico não tenha mais do que 3 ou 4 parágrafos.
CONTRATO DE TRABALHO - você pode abrir um tópico
só para registrar os marcos do contrato de trabalho do
Reclamante (data de admissão, evolução em funções,
data e motivo da demissão, além do último salário).
VERDADE DOS FATOS - esse é um tópico clássico do
direito processual civil, porém é recomendável que você
só use se a lide trabalhista tratar de um evento
específico e que norteie toda a demanda. Um exemplo
seria uma ação que discute especificamente um
acidente de trabalho e todos os pedidos estão
vinculados a esse evento. Se a ação trabalhista tiver
AAAAA 
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diversos pedidos, relativos ao contrato de trabalho em
si, não abra esse tópico.
PRELIMINARES - esse é o ponto em que você apontará
eventuais preliminares existentes.
MÉRITO - no mérito abra subtópicos com os pedidos do
Reclamante, e em cada um desses subtópicos aponte
qual o pedido (resumidamente) e o motivo pelo qual ele
não deve ser acolhido (defesa). Você tratará tanto da
questão fática, como do fundamento jurídico em cada
tópico, dividindo a defesa por tema.
TÓPICOS FINAIS - ao final, você inclui “requerimentos
padrão” como impugnação de documentos
apresentados pelo Reclamante, requisição de produção
de provas, indicação do advogado em nome de quem
deverão sair as publicações, etc.
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O que não colocar
numa defesa trabalhista
JURISPRUDÊNCIA
A não ser que a matéria seja realmente controvertida e
que você encontre um julgado que ampare o seu
entendimento, esqueça citação de julgados. Ninguém
precisa ler um julgado para saber que a regra do
parágrafo 1° do art. 58 (Não serão descontadas nem
computadas como jornada extraordinária as variações
de horário no registro de ponto não excedentes de cinco
minutos, observado o limite máximo de dez minutos
diários.) deve ser aplicada para a jornada normal. Agora,
se você quer ver a aplicação desse artigo para o período
de intervalo do empregado, importante apontar
entendimento nesse sentido.
CITAÇÃO DOS DISPOSITIVOS LEGAIS
O julgador com certeza conhece os artigos da CLT,
então para que faça sentido a transcrição é interessante
que você tenha um motivo. Se não, a simples indicação
do dispositivo aplicável é suficiente.
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HORAS EXTRAS E
IMPUGNAÇÃO DE
DEMONSTRATIVOS
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Horas extras é um dos pedidos mais comuns em ações
trabalhistas e o segundo tema mais comum em ações
que tramitam perante o TST. Isso significa que é
praticamente impossível ter sucesso em defesas
trabalhistas sem saber fazer um bom trabalho
defendendo seu cliente de pedidos de horas extras.
O primeiro passo para uma boa defesa trabalhista com
pedido de horas extras é uma análise adequada dos
demonstrativos apresentados pelo Reclamante visando
fundamentar seu pedido.
É muito comum que o pedido possa ser totalmente
afastado somente com a demonstração de incorreção
na própria lógica de apuração das horas extras.
O ônus de demonstrar diferenças de horas extras é do
Reclamante, nos moldes do que prevê o art. 818 da CLT:
Art. 818.  O ônus da prova incumbe:
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito.
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Alguns exemplos de
erros comuns que fazem
“surgir” horas extras
1) Uso de jornada regular inferior àquela realmente
contratada: empregado trabalhava 8h diárias, porém
para fins de cálculo a Inicial aponta como hora extra
toda aquela que ultrapassa 7h20. Por vezes trata-se
de erro no cálculo, por uso equivocado de
parâmetros do programa usado pela parte
Reclamante, por vezes é real tentativa de fazer
surgir horas extras na esperança de que passem
sem impugnação.
2) Uso de percentual errado no cálculo das horas
extras: Há normas coletivas que preveem adicionais
diferenciais, por vezes progressivos quanto maior
for o número de horas trabalhadas. Porém, não raro
se vê o uso de percentuais acima do legal sem
embasamento em norma coletiva ou sem que a
existência dessa norma coletiva seja comprovada
pelo Reclamante na Inicial.
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O efeito esperado com a impugnação é, mais do que
apenas cumprir com a obrigação de apontar os erros
nos demonstrativos, chamar a atenção do juízo para os
argumentos da defesa. Se a defesa consegue ser clara
e demonstrar de forma objetiva que há equívocos nos
apontamentos do Reclamante, já começa com
vantagem.
O objetivo na impugnação - e na própria defesa relativa
às horas extras - deve ser apontar com máxima clareza
a forma como se dava a prestação, apuração e
pagamento das horas extras, apontando os erros do
demonstrativo do Reclamante.
E é óbvio que por vezes você terá clientes que não
pagavam corretamente as horas extras. Nesses casos,
a defesa em si do pedido será dificultada, porém você
ainda poderá usar todas as suas armas na impugnação
ao demonstrativodo Reclamante, já que é ele quem tem
a obrigação de demonstrar a incorreção da prática da
empresa ao longo do contrato de trabalho.
3) Dias não trabalhados: Atente-se para dias não
trabalhados como períodos de férias, faltas,
atestados. Por vezes esses períodos não são
apontados nos demonstrativos de horas extras e
uma boa impugnação deve apontar isso.
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Dicas extras para
defesa de pedido de
horas extras
Se a empresa tem menos de 20 empregados (ou 10
empregados, se em período pré lei 13.874/19), o ônus
de demonstrar jornada extraordinária será do
Reclamante - máximo cuidado para não atrair para si o
ônus da prova com as alegações da defesa. Por
exemplo, se diz que havia um controle da portaria da
empresa em relação ao horário de chegada e saída.
Se o cliente tem cartões ponto totalmente britânicos,
sem variações realistas de horário de entrada e saída,
considere não juntar os cartões ponto e tentar provar a
jornada realizada por outros meios, como prova
testemunhal. A presunção de veracidade do horário
indicado na Exordial é apenas relativa, conforme
entendimento sumulado do TST:
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conteúdos originais
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Súmula nº 338 do TST
JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA
(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e
306 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez)
empregados o registro da jornada de trabalho na forma do
art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos
controles de freqüência gera presunção relativa de
veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida
por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada pela
Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)
[...]
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de
entrada e saída uniformes são inválidos como meio de
prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas
extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a
jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306
da SBDI-1- DJ 11.08.2003)
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Como fazer defesa
de pedidos genéricos
A própria dinâmica das ações trabalhistas - volume de
pedidos e volume de ações por advogado - acaba por
tornar mais comum a existência de pedidos
extremamente genéricos, a ponto de prejudicar a
defesa.
Não estamos falando aqui de pedidos ineptos, mas de
pedidos que são extremamente genéricos e, muitas
vezes, colocados de forma desorganizada na Inicial,
podendo dificultar uma defesa mais desatenta.
A Reforma Trabalhista mudou o cenário anterior no
sentido de passar a exigir que o pedido seja certo,
passando a ser necessário, inclusive, indicar seu valor:
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
§ 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a
designação do juízo, a qualificação das partes, a breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que
deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor,
[
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a data e a assinatura do reclamante ou de seu
representante.
[...]
§ 3º Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1º deste
artigo serão julgados extintos sem resolução do mérito.
“a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio” →
Ainda se observa no processo do trabalho a informalidade,
tanto que o dispositivo legal frisa que a exposição dos
fatos pode ser breve.
“o pedido, que deverá ser certo, determinado e com
indicação de seu valor” → Por outro lado, o pedido em si
deve ser certo e, obviamente, resultar de forma lógica do
relato formulado.
Um exemplo de pedido genérico seria, no tópico de horas
extras, incluir que o Reclamante também não realizava o
intervalo intrajornada, sem abrir novo tópico ou especificar
a questão. Esse tipo de pedido dificilmente seria
considerado inepto, pois o cálculo poderia estar incluído no
cálculo das horas extras. Não é a melhor técnica
processual elaborar o pedido assim e justamente por isso
ele se torna perigoso caso a defesa não esteja atenta.
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Outro exemplo comum é o pedido de condenação em
multas normativas aplicáveis, sem especificar quais foram
as cláusulas da CCT que foram descumpridas pela
empresa. Esse tipo de pedido em geral é incluído de forma
pouco destacada e pode passar despercebido.
Uma vez identificado o pedido genérico é necessário que
se aponte para o fato de se tratar de um pedido genérico,
para em seguida apresentar os argumentos de defesa o
mais específicos possível.
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Espero que você tenha gostado da nossa primeira aula
ao vivo do Intensivo Estratégia Trabalhista. Se você
postar no Instagram sua rotina de estudos ao longo do
nosso evento, não deixe de me marcar
@trabalhistaparaempresas, para que eu possa te
prestigiar e repostar.
Te espero terça-feira, às 19h, quando vou te ensinar
como contestar pedidos de vínculo de emprego.
Também falaremos sobre ônus da prova e análise de
riscos em ações trabalhistas, além de um passo a
passo para contestar pedidos de reversão de justa
causa.
Defina agora mesmo um lembrete para essa aula
clicando AQUI.
Prepare-se para subir de nível na elaboração de defesas
trabalhistas.
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