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LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES MÓDULO 1 INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA 1 Globalização da Economia e sua repercussão nos Transportes e na Logística As economias dos países pobres estão intimamente interrelacionadas com grandes riquezas naturais, mas sem meios necessários para o seu desenvolvimento: capital e mão de obra capacitada. As economías dos países ricos, (que já esgotaram todos ou parte dos seus recursos naturais mas que dispõem de meios financeiros, tecnológicos e humanos capazes de aproveitar as riquezas naturais mediante a sua transformação), importam as referidas matérias primas, processam-as para consumo próprio e para exportação sob a forma de produto acabado. Do que resulta um aumento de trocas comerciais entre países e continentes com um grande aumento nas exportações face à produção mundial 2 2/9/2017 Globalização da Economia e sua repercussão nos Transportes e na Logística Na década dos anos 80 o crescimento do comércio internacional foi o dobro do incremento da produção global. As maiores empresas do planeta expandiram-se muito mais além dos seus mercados originários. 3 2/9/2017 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES LOGÍSTICA PROCESSAMENTO DO PEDIDO TRANSPORTE STOCK LOCALIZAÇÃO MÉTODOS QUANTITATIVOS APLICADOS À LOGÍSTICA MODOS DE TRANSPORTE 4 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES LOGÍSTICA PROCESSAMENTO DO PEDIDO TRANSPORTE STOCK LOCALIZAÇÃO MÉTODOS QUANTITATIVOS APLICADOS À LOGÍSTICA MODOS DE TRANSPORTE 5 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES LOGÍSTICA Desde a introdução das empresas, sobretudo as empresas industriais, muito foi investido na melhoria das linhas de produção por meio de automação de processos, de organização de métodos, de novos equipamentos, dentre outras soluções. Porém as empresas começaram a notar que após tantas melhorias no processo de produção podia ser percebido, em face da excelência do processo produtivo que as empresas conseguiram alcançar, que muito pouco poderia ser ganho tentando melhorar a linha de produção. 6 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES LOGÍSTICA Foi neste instante que as empresas perceberam que muitos dos seus custos não se encontravam nas linhas de produção, mas sim, em algum lugar fora delas. A busca por esta melhoria fora das linhas de produção levou a criação de um novo campo de estudo denominado Logística. Na Logística, após vários estudos percebeu-se que os custos para transportar as matérias primas e os produtos acabados e para manter os stocks de matérias primas e de produtos acabados estavam na ordem de 30% a 60% do preço do produto final, dependendo da venda ser comércio interno e comércio internacional, respectivamente. 7 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES LOGÍSTICA Por este motivo, começou uma corrida pelo aumento da eficiência do sistema de transportes e de stocks visando a redução dos altos custos envolvidos nestas operações. Nesta visão, surge uma necessidade muito grande de interação entre a empresa produtora, os fornecedores e os clientes, gerando desta forma uma integração entre estes três actores. 8 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Definição de LOGÍSTICA É o processo de planeamento, implantação e controle da eficiência, dos custos efetivos de fluxos e stockagem de matéria prima, stock circulante, mercadorias acabadas e informações relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo, com a finalidade de atender aos requisitos do cliente. 9 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Definição de LOGÍSTICA Entende-se por Logística a colocação do produto certo, na quantidade certa, no lugar certo, no prazo certo, na qualidade certa, com a documentação certa, ao custo certo, produzindo no menor custo, da melhor forma, deslocando mais rapidamente, agregando valor ao produto e dando resultados positivos aos accionistas e clientes. Tudo isso respeitando a integridade humana de empregados, fornecedores e clientes e a preservação do meio ambiente. Na empresa envolve a coordenação das diferentes atividades componentes da logística tornando-as uma atividade única e operacional. E a gestão da Logística na empresa envolve a coordenação das diferentes atividades componentes da logística tornando-as uma atividade única e operacional.. 10 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Utilização correcta do termo LOGÍSTICA É possível especificar a que produto aquele processo logístico se refere, portanto, está correto o uso do termo Logística do Minério de Ferro, Logística da Soja, Logística do Granito, etc. 11 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Utilização errónea do termo LOGÍSTICA 12 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES LOGÍSTICA Pode-se ainda dividir a logística conforme suas aplicações, dentre estas divisões, destacam-se: 1. Logística Reversa; 2. Logística de Serviços. A Logística Reversa é a logística que trata de fluxos inversos de itens para reparos e devoluções de material de embalagens (paletes, pilhas, recipientes de refrigerantes e de agrotóxicos,...). 13 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES LOGÍSTICA A Logística de Serviços aplica todos os conceitos tradicionais de logística na área de serviço. No entanto, ele se aplica mais aos inputs para o serviço do que propriamente ao serviço em si. Como exemplos têm-se: escritórios de advocacia; escritórios de consultoria; igrejas; consultórios médicos, escritórios de contabilidade, empresas de projeto de engenharia, gestão das filas de espera num Hospital, etc. 14 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Importância da Logística A logística só tem razão de existir porque ela gera valor para os clientes, para os fornecedores e para os accionistas da empresa. Um negócio, de maneira geral, gera quatro tipos de valor: 1. Forma; 2. Tempo; 3. Lugar; 4. Posse. 15 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Importância da Logística O valor Forma é gerado pela produção, pela fábrica. Os valores Tempo e Lugar são controlados pela logística, respectivamente, pelo stock e pelo transporte. O valor Posse é gerado marketing e finanças que facilitam a transferência da posse para o consumidor. 16 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES A Logística controla metade das oportunidades de se agregar valor a um produto, que são Tempo + Lugar. Todos os produtos só possuem valor caso estejam com o cliente quando (tempo) e onde (lugar) ele necessita do produto. Para deslocar o produto da indústria até o local que o cliente necessita, a logística utiliza diversos modos de Transportes para agregar o valor Lugar. Para atender no prazo contratado pelo cliente, a logística vale-se de stocks bem distribuídos na sua região de actuação, para agilizar o processo de entrega. Assim a manutenção de stocks responde pelo valor Tempo Para a grande maioria das pessoas, não tem valor o jornal da semana anterior, pois não mais as interessam aquelas informações. Já para um pesquisador, um jornal antigo pode ter muito valor. Assim, um diferencial de um prestador de serviço logístico é conseguir 17 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nível de Serviço O Nível de serviço é um conceito de marketing muito importante e de fundamental importância para a gestão da Logística. Nível de serviço pode ser definido como sendo a qualidade (prazo combinado/atendido, confiabilidade, integridade da carga, atendimento, etc..) na óptica do cliente. Portanto, a primeira informação contratual que deve ser estabelecida com o cliente é qual o nível de serviço que o cliente deseja comprar. Às vezes face à necessidade de um “Nível de Serviço” melhor solicitado pelo cliente, ele pode aceitar pagar um preço maior. 18 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nível de Serviço O Nível de Serviço determina o mercado que a empresa deseja atuar, ou seja, uma empresa pode optar por trabalhar com qualidade inferior de produtos ou serviços, conquanto tenham compradores a pagar menos por produtos de baixa qualidade. Por exemplo, um cliente pode optar por um Nissan Micra ou pode optar por comprarum carro Mercedes série 500. O segundo, obviamente, é muito mais caro, mas oferece um Nível de Serviço muito melhor. 19 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nível de Serviço Atenção deve ser dada que existe mercado para ambos com margens de lucro diferenciadas. A principal questão é que a empresa deve escolher o seu nicho de mercado e, a partir deste, deve estabelecer o nível de serviço que irá oferecer. Uma empresa não deve, via de regra, oferecer produtos de Nível de Serviço muito diferentes, pois isto gera confusão no cliente em relação à imagem da empresa no mercado, (posicionamento do brand na percepção do consumidor). 20 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nível de Serviço Outra questão importante é que o Nível de Serviço deve ser estabelecido em contrato antes de se iniciar qualquer actividade, principalmente as actividades logísticas. Portanto, para se definir o Nível de Serviço, devem-se definir todos os itens de controle para avaliação. Além disso, devem ser estabelecidos os parâmetros máximo e mínimo que cada item de controle deve atingir para estar dentro da qualidade contratada. Um fator muito importante: o Nível de Serviço deve ser estabelecido de tal forma que ele possa ser numericamente mensurável não deixando margens a discussão. 21 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES CORRECTO INCORRECTO Deve ser entregue no dia 28/02/2017 às 09:00 no armazém de Marracuene, endereço … Deve ser entregue rápido É permitido 2% de perda de peso de material até a entrega no armazém do cliente Não pode perder muito produto Não pode ter qualquer tipo de avaria no produto durante o processo logístico Não pode estragar muito o produto 22 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nível de Serviço Desta forma, pode-se entender que a qualidade do serviço logístico pode ser vista como sendo o cumprimento de todos os itens de controle do Nível de Serviço estabelecidos em contrato. Uma questão importante, a empresa prestadora do serviço logístico não deve a pretexto de fidelizar o cliente realizar um nível de serviço acima do estipulado em contrato por duas razões principais: 1. Perda de potencial receita; 2. Prejudicar o próprio cliente. 23 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nível de Serviço Primeiramente, se o cliente contratou um serviço numa qualidade, entende-se que ele aceita pagar por aquele nível de serviço e este lhe basta. Se quisesse mais qualidade iria negociar de novo e a empresa prestadora de serviço poderia auferir mais receitas, cobrando mais um pouco por um serviço de melhor qualidade, caso ela também pudesse oferecer. 24 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nível de Serviço No segundo caso, no intuito da empresa prestadora de serviço oferecer um serviço melhor, por exemplo, entregar antes da data combinada, pode-se transformar em um transtorno para o cliente, pois ele pode não estar preparado para recebê-lo antes do prazo combinado, não tendo área de stockagem, não tendo equipamentos e pessoal, entre outras. Assim, uma vez estabelecido o Nível de Serviço, ele é o item vital para ser mensurado e alcançado em logística, nem menos, nem mais do que o combinado, mas exatamente o combinado. Portanto, uma empresa de logística tem qualidade no serviço logístico quando cumpre integralmente o nível de serviço contratado, nem mais, nem menos. 25 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nível de Serviço Para se estabelecer o Nível de Serviço são preconizadas três etapas: 1. Pré-Transação; 2. Transação; 3. Pós-Transação. 26 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nível de Serviço Na etapa de Pré-Transação ocorre a negociação, o estabelecimento do Nível de Serviço contratado, tudo posto de maneira formal e por escrito. Na etapa de Transação é que o processo logístico realmente se realiza. Para tanto, é preciso administrar os níveis de stock, administrar prazos, administrar o transporte, caso tenha sido contratado, deve ocorrer o rastreamento do produto (tracing)e por fim dispor de informações atualizadas de todo o processo logístico. Por fim, na etapa de Pós-Transação devem ser observadas as garantias, reparações e peças de reposição que foram contratadas. Muitos serviços logísticos são contratados com a montagem do equipamento na empresa do cliente, que é realizada nesta etapa. 27 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nível de Serviço É nesta etapa que ocorre o atendimento a queixas e reclamações do cliente, bem como, o que deve ser sempre feito, uma pesquisa de satisfação do cliente para verificar se tudo que foi combinado está a contento e se pode haver melhorias e mudanças no contrato que possam ser melhores para ambas as partes ou, até mesmo, descobrir um novo serviço que pode ser prestado. 28 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Actividades da Logística As actividades da logística podem ser definidas com base na função que elas exercem na logística. Basicamente têm-se três actividades na logística e destas várias outras acontecem. 1. Gestão do Processamento do Pedido; 2. Gestão de Transporte; 3. Gestão de Stock. 29 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Actividades da Logística Pode ser visto de maneira esquemática na Figura seguinte na que as atividades da logística são estabelecidas com base no Nível de Serviço, por isso ele se encontra no centro da figura. Pode-se perceber que tudo se inicia no centro, ou seja, no Nível de Serviço, depois as actividades da logística são estabelecidas. Cada uma das três atividades da logística demanda uma ou mais atividades complementares. 30 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES 31 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Actividades da Logística No esquema da Figura anterior pode ser visto que se têm as seguintes actividades complementares: Compras, Armazenagem, Embalagem de Proteção, Manuseio de Materiais, Transporte e Manutenção da Informação. Estas actividades complementares serão estudadas dentro das atividades da logística que estão mais diretamente relacionadas com elas. Na actividade Gestão do Processamento do Pedido ocorre a gestão da actividade complementar Manutenção da Informação onde é estabelecida a infra-estrutura necessária para recebimento e tratamento dos pedidos recebidos, os padrões para colocação de pedidos, as normas de tratamento e o fluxo das informações dentro da empresa. 32 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Actividades da Logística Na actividade Gestão do Transporte ocorrem as atividades complementares de: Transporte, Armazenagem, Embalagem de Proteção e Manuseio de materiais. A actividade complementar Transporte diz respeito à parte mais operacional da cadeia. Nela são tomadas as seguintes decisões: a selecção do modo de transporte, o dimensionamento da frota, a escolha dos veículos da frota, os roteiros a serem percorridos, a decisão por se utilizar, ou não a intermodalidade e multimodalidade e a programação de saída para circulação da frota, dentre outras. 33 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Actividades da Logística Na actividade Gestão de Stock são estabelecidas as políticas de stockagem de inputs (matérias primas) e de produtos acabados, a previsão de vendas, a definição da quantidade e do tamanho dos armazéns para atender a logística. Actividades complementares que mais estão relacionadas com a Gestão de Stocks são: Compras, Armazenagem, Embalagem de Proteção e Manuseio de Materiais. 34 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Actividades da Logística Na actividade Compra, faz-se a escolha dos fornecedores, define-se o momento de se comprar e de quanto comprar. Na actividade Armazenagem, definem-se o espaço necessário para os produtos que vão ser armazenados, o layout do armazém, a distribuição dos produtos neste layout, os cuidados com a integridade da carga, o número de docas/portas para atender a demanda de veículos a serem atendidos e as medidas de segurança patrimonial contra roubo, incêndios e explosões. 35 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Actividades da Logística Na actividade Manuseio deMateriais são feitas a escolha do tipo de equipamento de manuseio, as políticas de guarda e recuperação de produtos e as políticas de coleta de pedidos. Na actividade Embalagem de Proteção é elaborado o projeto de embalagem que facilite o manuseio, a armazenagem e a segurança patrimonial das mercadorias movimentadas dentro dos armazéns e durante o transporte. 36 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Actividades da Logística A logística uma actividade única e sistémica, todas as atividades da logística, directa ou indirectamente, fazem uso ou necessitam de todas as atividades complementares. Os anteriores slides estão organizados numa perspectiva didática para facilitar a exposição, mas na prática elas ocorrem simultaneamente e no mesmo grau de importância para a logística. A força de uma corrente é à força do elo mais fraco e, assim também o é na logística. A operação logística tem uma enorme chance de falhar como um todo se pelo menos uma das suas atividades falhar, independente de qual seja ela. O dimensionamento de todas as actividades da logística é estabelecido sempre a partir do Nível de Serviço vendido ao cliente e estabelecido na pré-transação. Este dimensionamento refere-se ao tamanho da frota, aos roteiros, ao volume de stock a ser gerido, aos métodos de recebimento e ao tratamento dos pedidos recebidos. 37 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES O Processo Logístico O Processo logístico é visto como sendo o conjunto de todas as etapas e todos os integrantes que compõem a logística de algum produto de alguma empresa. Assim, ele é composto pelos seguintes actores: a empresa, indústria ou órgão público, os fornecedores e os clientes. Na Figura seguinte podemos ver esquematicamente os atores do processo, sendo que sempre o foco é que a empresa estabeleça parcerias com os fornecedores com vistas a atender ao usuário. 38 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES O Processo Logístico 39 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES O Processo Logístico Para que os fornecedores saibam o que a empresa quer, quando quer e onde quer, é necessário haver troca de informação entre eles. Uma vez que o fornecedor tenha tudo que a empresa precisa, ele envia os produtos solicitados por meio de um modo de transporte. Este processo é denominado Suprimento Físico (termo mais usado nos Estados Unidos da América) ou Administração de Materiais, (termo mais usado em outros países). A empresa para vender para seus clientes precisa saber o que os clientes querem, quando querem e onde querem. Para isso, é necessário haver troca de informações. A mesma situação que ocorre para os fornecedores. 40 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES O Processo Logístico Uma vez que a empresa tenha tudo que o usuário precisa ela envia por algum meio de transporte os produtos comprados até o local combinado. Este processo é denominado Distribuição Física. Assim, têm-se dois processos na logística: Distribuição Física Administração de Materiais. 41 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES 42 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES O Processo Administração de Materiais Para começar a entender o que é Administração de Materiais devemos primeiro definir o que é material. Material é todo bem que pode ser contado, registado, que tem por função atender as necessidades de produção ou prestação de serviço de uma empresa ou entidade pública. 43 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES O Processo Logístico Com a definição feita anteriormente de material pode-se, então, definir o que vem a ser Administração de Materiais na Logística. Assim, tem-se a seguinte definição: A Administração de Materiais é o conjunto de atividades que tem por objetivo planejar, executar, controlar os materiais adquiridos e usados por uma empresa privada ou por um órgão público com base nas especificações dos produtos a serem adquiridos até o uso deles na empresa ou órgão público. Todo este processo deve ser feito de forma mais eficiente e económica que se possa conseguir realizar. 44 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES O Processo Logístico Em resumo pode-se dizer que a Administração de Materiais é um conjunto de actividades que têm por finalidade o abastecimento de materiais para a empresa ou entidade pública no tempo certo, na quantidade certa, na qualidade solicitada, sendo tudo isso conseguido ao menor custo possível. Cabe à Administração de Materiais todas as atividades para aquisição de matérias primas para abastecimento da empresa, indústria ou repartição pública desde o controle do stock e a decisão de repô-lo, a escolha de fornecedores, os processos de compra, a armazenagem e a entrega para produção, tudo isso sincronizado com as necessidades de produção. 45 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES A Administração de Materiais em sua visão mais operacional tem por objetivo resolver as seguintes questões: 1. O que comprar (qual o produto a ser comprado)? 2. Quem necessita da compra (departamentos e repartições que necessitam do produto)? 3. Quantas unidades devem ser compradas (não só um pedido, mas o lote económico de compra)? 4. Quando comprar (prazo limite que o produto deve chegar menos o tempo do processo de compra)? 5. Quais são os possíveis fornecedores (pesquisar os fornecedores, classificá-los para poder fazer consultas e dar notas em função da sua confiança/credibilidade)? 46 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES A Administração de Materiais em sua visão mais operacional tem por objetivo resolver as seguintes questões: 6. Qual o preço justo para a compra ? Fazer uma sondagem no mercado local e nacional e eventualmente internacional, somando-se os valores de frete para se ter um parâmetro do valor que sirva como base para o processo de compra. 7. Como realizar o processo de compra? (No caso do serviço público deve-se sempre toda a legislação pertinente e, assim, deve-se saber á priori se será por ajuste ou por licitação). 47 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES 8. Como receber os produtos do fornecedor vencedor do processo de compra (vai ter teste no produto, exame do Ministério da Agricultura, testes em laboratório de ensaios físicos (resistência de uma cadeira de sala de aula, teste de microcomputadores, etc.)? 9. Como entregar os produtos aos solicitantes (tudo de uma vez, entrega parcial, etc.)? 10.Como controlar o stock/armazenagem dos produtos stockados pela empresa? 48 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Administrador de Materiais. É a pessoa que ficará responsável por executar procedimentos que respondam às dez perguntas elaboradas anteriormente, sempre buscando a economia dos custos da empresa por meio de compras realizadas a custos mais baixos, à criteriosa gestão de stocks, à gestão de armazém por forma a evitar roubos, avarias, perda de validade, etc, bem como estruturar todos os procedimentos para que a Administração de Materiais seja padronizada e normalizada dentro da empresa direcionada para a implantação do Sistema da Qualidade Total. 49 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES A Distribuição Física Trata do processamento de pedidos, do transporte, stockagem de produtos acabados e da armazenagem dos produtos finais da empresa desde o instante que o pedido é colocado pelo comprador até o momento no qual toma posse do produto. A Distribuição Física cobre todas as atividades que vão desde a saída do produto acabado da fábrica até a entrega final no usuário. O transporte e a gestão de stocks são as principais atividades que compõem a distribuição física, movimentando os produtos desde o fim da produção até o mercado de clientes. 50 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Atividades envolvidas na Distribuição Física: serviço ao usuário, previsão de demanda, controle de stocks, processamento de pedidos, suporte aos serviços e reposição de partes, seleção de locais de fábricas e armazéns, empacotamento, manuseio de bens de stocks, gestão de produtos rejeitadas pelo cliente e sobras. 51 LOGÍSTICADOS TRANSPORTES Logística Reversa É o processo de trazer de volta para a indústria produtos com defeitos e/ou rejeitados pelos clientes. 52 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Distribuição Física Pode variar sua forma de actuar em função do mercado, assim, temos: Distribuição Física para mercado de usuários finais, Distribuição Física para mercado de indústrias Distribuição Física para mercado de intermediários. Os usuários finais são aqueles que usam o produto para satisfazer suas necessidades. Geralmente adquirem pequenas quantidades e são em grande número. 53 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Distribuição Física Os consumidores industriais são aqueles que compram para produzir novos produtos, geralmente adquirem grandes quantidades e são em menor número. Os intermediários compram em grandes quantidades e distribuem para os consumidores finais e/ou indústrias e são em pequeno número. Os intermediários não consomem o produto, mas oferecem para revenda para outros intermediários, indústrias ou consumidores finais. 54 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Canais de Distribuição Um canal de distribuição corresponde a um conjunto de empresas que participam do fluxo de produtos desde o fornecedor da indústria passando pela própria indústria que produz até o usuário final. São formados por atacadistas, varejistas, revendedores, distribuidores. etc. 55 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Canais de Distribuição 56 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Sistema de transporte na Distribuição Física Distribuição “um para um” e Distribuição “Um para muitos”. No tipo Distribuição "um para um" o veículo é totalmente carregado no depósito da indústria ou num centro de distribuição (lotação completa) e a carga é transportada para um único ponto de destino, podendo ser qualquer empresa do canal de distribuição. O veículo é carregado de maneira a ocupar toda sua capacidade (volume e/ou peso) e, consequentemente, tem uma tendência a diminuir o custo de transporte. Na prática, este tipo de distribuição "um para um" é denominado transferência de produtos. 57 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Sistema de transporte na Distribuição Física No tipo Distribuição "um para muitos", também conhecido como distribuição compartilhada, ocorre a situação na qual o veículo é carregado no depósito da empresa ou num centro de distribuição, nem sempre com lotação completa e a carga é transportada para diversos pontos de destino do canal de distribuição. Como exemplo, pode-se ter diversos atacadistas em municípios diferentes ou diversas lojas varejistas. Para cumprir esta distribuição, é elaborado para cada veículo da frota um roteiro específico de entregas por meio de ferramentas matemáticas de roteirização de veículos. 58 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Distribuição “um para muitos” Neste tipo de entrega, nem sempre se conseguir o melhor aproveitamento da capacidade do veículo. Deve-se aos diversos tamanhos, formas e pesos das cargas a serem transportadas, dificultando, assim, a acomodação da carga de forma a usar ao máximo a capacidade do veículo. O camião deve ser carregado na ordem inversa das entregas, o que impede a melhor ocupação do espaço interno. Para minimizar este problema existem os camiões tipo siders, que abrem toda a parte lateral e não só a parte traseira. 59 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Tempo do Ciclo do Pedido Na língua inglesa é conhecido como Lead Time. O Ciclo do Pedido no conceito de Logística é o conjunto de actividades de Planeamento e de Apoio Operacional da Logística, que devem ser realizadas para que o produto solicitado possa ser entregue ao usuário no Nível de Serviço contratado. 60 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Tempo do Ciclo do Pedido O Tempo do Ciclo do Pedido é o tempo medido a partir do momento que o usuário faz a colocação do pedido até o momento que o mesmo usuário recebe o pedido dentro das condições de qualidade solicitadas quando da colocação do pedido, ou seja, o Nível de Serviço que o usuário contratou. O Tempo do Ciclo do Pedido é um dos indicadores mais importantes de qualidade da logística, pois mede a eficiência de todo o processo logístico e por meio dele os clientes calculam o momento no qual eles devem colocar um pedido a fim de repor seu stock. 61 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Equilíbrio de Custos sob a óptica da Logística A logística para ser realizada gera diversos custos. Para ser feita uma análise destes custos, eles podem ser divididos nos custos das actividades primárias, desconsiderando para efeito de custo operacional a actividade Localização. O que se busca na Logística não é somente minimizar o custo de transporte, ou de stock, ou de processamento de pedido, mas sim minimizar, a soma dos três custos. Invariavelmente os custos de transporte e stock comportam-se de maneira inversa, quando um aumenta, o outro diminui. 62 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Minimização de Custos da Logística63 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Minimização de Custos da Logística No gráfico da Figura do slide anterior, o eixo vertical representa os custos e o eixo horizontal representa a quantidade em stock no armazém. Existem quatro curvas de custos representadas: 1. Custo de Transporte; 2. Custo de Stock; 3. Custo de Processamento do Pedido; 4. Custo Global. 64 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Minimização de Custos da Logística A curva de Custo de Processamento do Pedido está representada no gráfico porque compõe o Custo Global, no entanto, o valor do Processamento de Pedido face ao Custo de Transporte e do Custo de Estoque pode ser considerado zero. Analisando as duas curvas mais relevantes, Transporte e Stock, pode-se notar que à medida que se aumenta o número de armazéns, existe uma tendência a utilizar transportes ponto a ponto, fábrica para armazém, valendo-se de modos de transportes que transportem maior volume de carga com uma tendência natural de diminuição do frete. Assim, a curva de Custos de Transporte tende a diminuir. 65 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Minimização de Custos da Logística Em contrapartida, com o aumento dos armazéns, há uma tendência para aumentar a quantidade em stock, pois o stock está distribuído geograficamente. Com o aumento de armazéns e com o aumento da quantidade em stock, a curva de Custo de Stock tende a aumentar. Analisando o gráfico da Figura do slide 63 pode-se perceber o comportamento das duas curvas. 66 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Minimização de Custos da Logística Como o custo global é a soma dos três custos, precisa-se procurar o menor custo global. O menor Custo Global não é o menor Custo de Transporte, nem o menor Custo de Stock e, sim, usualmente, quando as duas curvas de custo se encontram. 67 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função do modo de transporte escolhido A primeira análise é em relação às características do modo de transporte. Consideram-se as seguintes características: a velocidade e a confiabilidade do modo de transporte escolhido. Analisando o gráfico da Figura do slide seguinte, no eixo horizontal tem-se o nível das características do modo de transporte e no eixo vertical tem-se o custo. As três linhas do gráfico representam o Custo de Stock, Custo de Transporte e o Custo de Stock mais Transporte. 68 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função do modo de transporte escolhido 69 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função do modo de transporte escolhido A primeira análise é em relação às características do modal de transporte. Para análise, consideram-se as seguintes características: a velocidade e a confiabilidade do modo de transporte escolhido. Analisando o gráfico da Figura do slide anterior, no eixo horizontal tem-se o nível das características do modo de transporte e no eixo vertical tem-se o custo.As três linhas do gráfico representam o Custo de Stock, Custo de Transporte, e o Custo de Stock mais Transporte, que representa os custos significativos logísticos. 70 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função do modo de transporte escolhido O transporte marítimo e o ferroviário para justificarem a circulação transportam grandes volumes de carga. Desta forma, é necessário que seja formado um grande stock para encher os navios e vagões e, assim sendo, o custo do material stockado mais o custo de armazenagem fazem o Custo de Stock subir. Em contrapartida, como o transporte é realizado com maior volume de carga e uma maior eficiência energética, consegue-se custos de frete menores. 71 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função do modo de transporte escolhido No caso do Rodoviário, o volume de carga movimentada é menor e, portanto, o volume de stock formado para que os camiões circulem é menor, consequentemente reduzindo o Custo de Stock. No entanto, como se transporta menos volume de carga por veículo, existe a tendência de o frete rodoviário ser mais caro que o frete marítimo e ferroviário fazendo a curva de transporte subir. 72 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função do modo de transporte escolhido No transporte aéreo, como o volume transportado é usualmente menor que os outros modos, o volume de stock é baixo, e o Custo de Stock reduz muito. Mas, como as aeronaves consomem muito combustível, além das tarifas aeroportuárias e pessoal especializado, o frete é muito mais caro que o dos outros modos, fazendo, assim, que a curva de Custo de Transporte aumente muito. Tipos de fretes aéreos: Bens perecíveis, flores, frutas, etc, Bens de elevado valor em que a parcela transporte não seja significativa 73 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função do modo de transporte escolhido Produtos de baixo valor tendem a ser transportados por via marítima ou ferroviária, pois mesmo tendo que formar stocks maiores, a formação destes não impacta tanto o custo de stock e reduz significativamente a componente transporte. Produtos de alto valor agregado, por sofrerem um impacto muito grande com o aumento do stock em função do seu valor, tendem a aceitar um valor de frete maior, aeroviário, em detrimento a ter que formar um grande stock. 74 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função do modo de transporte escolhido O modo rodoviário deve atender, sobretudo, as pontas dos modos marítimo, ferroviário e aéreo, complementando estes modos nos extremos da cadeia de transporte intermodal. Outra função importante do modo rodoviário é a distribuição de pequenos volumes em pequenas distâncias, sobretudo, no mercado interno, tráfego capilar. Apesar desta análise, apercebe-se quer em Moçambique, quer na Europa, quer no Brasil, um grande uso do modo rodoviário para qualquer tipo de carga, o que não é, certamente, uma boa opção logística. 75 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função do modo de transporte escolhido Em função da curva de Custo de Stock e da curva de Custo de Transporte, chega-se a curva de Custo de Transporte mais Stock, que é a que se deseja minimizar. Para minimizá-la, tem que se achar o equilíbrio entre stock e transporte em função da escolha do modo. O ponto mínimo de custo, então, depende das características do modo influenciado pelo valor do produto e não é possível dizer, à priori, que existe um ou outro modo que sempre leve ao custo mínimo. Para cada itinerário há sempre um modo de transporte vocacionado para o custo final mínimo. 76 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função do modo de transporte escolhido 77 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função da melhoria do Nível de Serviço Analisando o gráfico da Figura seguinte, no eixo horizontal está à medição da qualidade do Nível de Serviço que cresce da esquerda para a direita (menos qualidade à esquerda e mais qualidade à direita) e no eixo vertical tem-se o custo. As três linhas do gráfico representam o custo referente à Perda de Venda (estimado), Custo Logístico para a movimentação da mercadoria, e o Custo Total, que representa todo o custo logístico. À medida que a curva de Perda de Venda tende a zero, o Custo Logístico aumenta significativamente e à medida que a curva de Perda de Venda vai aumentando, a curva 78 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função da melhoria do Nível de Serviço 79 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função da melhoria do Nível de Serviço O marketing tende sempre a oferecer um melhor Nível de Serviço a fim de conquistar novos mercados. A logística tende a reduzir os custos logísticos. Então, o que se busca nesta análise é uma negociação entre o marketing e a logística buscando um custo mínimo que contempla um nível de Perda de Venda aceitável para o marketing e que ainda mantenha um custo logístico razoável. 80 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função da melhoria do Nível de Stocks Analisando o gráfico da Figura seguinte, o eixo horizontal representa o nível de stock que a empresa está operando e no eixo vertical tem-se o custo. As três linhas do gráfico representam o Custo referente à Perda de Venda (estimado), Custo de Manutenção do Stock, e o Custo de Stock mais o custo da Perda de Venda. Para que a curva de Perda de Venda tenda a zero, deve- se aumentar em muito o volume do stock para manter, sempre, todos os pontos de venda abastecidos e, assim, não haver Perda de Venda. 81 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função da melhoria do Nível de Stocks 82 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função da melhoria do Nível de Stocks Quando o custo da Perda de Venda tender a zero, o custo de stock aumenta muito. O que se busca nesta análise é uma negociação entre o marketing e a logística buscando um custo mínimo que contempla um nível de Perda de Venda aceitável para o marketing e que ainda mantenha um custo de manutenção de stock em patamares razoáveis. 83 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função da melhoria do tamanho do lote de produção Analisando o gráfico da Figura o slide seguinte, o eixo horizontal representa o lote de produção que a empresa está produzindo e no eixo vertical tem-se o custo. As três linhas do gráfico representam o Custo de Produção, Custo de Manutenção do Stock, e o Custo de Stock mais o Custo da Produção. 84 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função da melhoria do tamanho do lote de produção 85 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função da melhoria do tamanho do lote de produção Quando uma indústria aumenta o lote de produção da fábrica, há uma tendência natural para se reduzir os custos de produção, (curva de experiência ou curva da economia de escala). Isto deve-se, principalmente, à redução do tempo de set up entre mudanças de produtos fabricados. No entanto, ao se produzir mais de um único produto por vez, pode ser que não seja possível, imediatamente, repassar todo o stock para as vendas, necessitando que o nível de stock aumente. 86 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Relação de custo em função da melhoria do tamanho do lote de produção Assim, à medida que se reduz o Custo de Produção pelo aumento do lote de produção, tende-se a aumentar o Custo de Manutenção de Stock por ter sido produzido, eventualmente, mais que a demanda pede. Neste caso o equilíbrio deve haver entre a produção que almeja reduzir os custos de produção e a logística que tende a reduzir o custo de stock. Então, se ambos cederem, é possível chegar a um custo mínimo para a empresa. 87 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Controle no Processo Logístico Em essência, a Logística é gestão de processosou administração de processos, tanto em questões administrativas como em questões operacionais. Para se gerir processos só existe uma maneira eficaz: controle efetivo e quantitativo das operações/processos. Para se efetivar este controle, a melhor maneira é por meio de itens de controle, pela óptica da qualidade, ou simplesmente, indicadores de qualidade. Na língua inglesa, estes indicadores são conhecidos como KPI (Key Performance Indicator). 88 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Controle no Processo Logístico Os indicadores podem ser agrupados em três categorias: 1. Custos; 2. Serviço ao cliente; 3. Desempenho; 89 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Controle no Processo Logístico Para que qualquer um dos indicadores adotados possa trazer benefícios para a gestão da empresa, eles devem observar os seguintes itens para ter sucesso na sua implantação: 1. Por quê medir? 2. Como analisar o resultado; 3. Como medir (preferência por algo matemático, bem definido e fácil de ser medido); 90 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Controle no Processo Logístico 4. Fonte confiável, de preferência única; 5. Periodicidade (minutos, horas, dias, turno, mês, ano, etc.); 6. Divulgação (canal único de informação); 7. Forma de apresentação (preferência por visualização gráfica); 8. Justificações para os possíveis desvios; 9. Ações a serem tomadas para desvio. 91 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Controle no Processo Logístico Destacam-se alguns para acompanhamento das operações logísticas a seguir, que definitivamente não podem ser os únicos a serem considerados, pois cada empresa pode adoptar o índice que melhor se adeque as suas necessidades: 1. Custos; a. EBTIDA; b. EVA; c. ROI; d. Custo de Perda de Venda; 92 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Controle no Processo Logístico 2. Valor a. Custo de logística; b. Custo de transportes; c. Custo de transporte por quilómetro rodado; d. Custo de transporte por tonelada transportada; e. Custo por pedido (Custos de processamento do pedido / número de pedidos); 93 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Controle no Processo Logístico 3. Desempenho a. Lead Time (tempo total entre a colocação do pedido até sua a entrega); b. Quantidade de pedidos entregue no prazo; c. Índice de ocupação dos armazéns; d. Distância média percorrida pelos veículos; 94 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Controle no Processo Logístico 3. Desempenho e. Rotação de stocks; f. Número de entregas por veículo; g. Índice de avarias; h. Quantidade de devoluções i. Acuracidade dos documentos; j. Separação de pedidos por hora; k. OTIF (On time in full). 95 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Controle no Processo Logístico OTIF (On time in full). O OTIF mede quantos pedidos foram realizados conforme o que foi solicitado/contratado em termos de prazo e qualidade. Assim, calcula-se para cada pedido dois itens: On time, se o pedido foi entregue no prazo e In full, se o pedido foi entregue completo e perfeito conforme contratado. Se ambos estiverem de acordo, no prazo e em perfeito estado, o OTIF deste pedido é 1, caso contrário é zero. O OTIF da empresa é então calculado somando os OTIF de cada pedido e dividindo-se pelo número de pedidos. 96 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Controle no Processo Logístico: OTIF (On time in full).97 PEDIDO 1 PEDIDO 2 PEDIDO 3 PEDIDO 4 PEDIDO 5 ON TIME 1 No prazo 1 No prazo 0 Fora do prazo 0 Fora do prazo 1 No prazo IN FULL 0 Fora da qualidade 1 Dentro da qualidade 1 Dentro da qualidade 0 Fora da qualidade 0 Fora da qualidade OTIF POR PEDIDO 0 1 0 0 0 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Controle no Processo Logístico: OTIF (On time in full). Com base na Tabela do slide anterior calcula-se o OTIF da empresa da seguinte forma: OTIF da empresa = Número de OTIF por pedido perfeito / Número de pedidos, ou seja, OTIF da empresa = 1 / 5= 0,20. Um número muito baixo de operações perfeitas, somente 20%. Pode-se analisar e perceber se a empresa está errando mais em entregar fora do prazo ou se está errando mais em não entregar o pedido conforme o combinado (quantidade e qualidade). No exemplo citado a empresa errou mais por entregar fora do prazo (0) na Tabela 2, 3 vezes, do que em qualidade, 2 vezes. 98 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Características do Produto Os produtos possuem certas características que impactam diretamente na gestão da logística. Como características principais dos produtos, destacam- se: 1. Peso; 2. Volume; 3. Relação Peso/Volume; 4. Valor; 5. Grau de Substituição; 6. Grau de Risco. 99 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Características do Produto Relação peso/volume O peso e o volume são características importantes do produto, sobretudo, quando olhados na totalidade da carga a ser movimentada. No entanto, muito mais importante do que estes valores é a relação entre eles. A Relação Peso/Volume pode ser interpretada como o Peso Específico. Representa, de forma simples e na visão operacional da logística, a quantidade de peso que é possível carregar em uma unidade de volume. 100 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Características do Produto Relação peso/volume Desta forma, é usual expressar o Peso Específico em toneladas/m 3. Em termos logísticos esta medida é uma das importantes para se dimensionar a capacidade de transporte e armazenagem de cargas, sobretudo, de cargas a granel. 101 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Características do Produto Relação peso/volume Outra situação específica da logística é que certos produtos lotam o veículo por peso, mas não lotam por volume, ou vice-versa. Por exemplo, o produto gusa que tem peso específico muito alto, usualmente, quando carregado no porão do navio só pode ser carregado até a metade do volume, pois, caso contrario, excederia a capacidade de carga do navio. No transporte em contentor é comum que os transportadores adotarem uma tabela denominada w/m(weight/measurement). 102 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Características do Produto Relação peso/volume Ou seja, o transportador adota uma tabela com valor pelo peso transportado e uma outra em função das medidas da mercadoria (volume). Assim, quando se solicita o preço do frete, calcula-se o preço baseado na tabela de peso e preço pela tabela de volume do produto, o que der o maior valor, será o valor a ser cobrado. 103 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Características do Produto: Valor O valor do produto tem uma importância grande para a logística primeiramente porque o custo de seguro em todas as etapas é onerado, tendo em vista os mesmos serem cobrados sobre o valor. Além do valor que está sendo analisado, o seguro é afectado pelo risco da carga. Outro ponto importante é que muito dos preços cobrados na armazenagem são calculados não só em função da área ocupada, como também, em função do valor da mercadoria. 104 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Características do Produto: Grau de Substituição O Grau de Substituição, também conhecido como Substituibilidade, é medido como sendo a percepção da qualidade do produto em relação ao seu preço. Quando o cliente não consegue perceber diferença de qualidade do produto analisado em relação ao outro que justifique a diferença de preço entre ambos, ele opta pelo de menor preço. Muitos produtos são suscetíveis às campanhas de marketing, as demandas podem variar muito de região para região em função das campanhas promocionais, dificultando o papel da logística que tem que trabalhar com alto grau de incerteza. 105 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Características do Produto: Grau de Risco O Grau de Risco representa o grau de possibilidade da carga movimentada pela logística ser extraviada ou se deteriorar. O risco pode ser dividido em cinco tipos: 1. Roubo; 2. Inflamável; 3. Explosão; 4. Combustão espontânea; 5. Perecível. 106 LOGÍSTICADOS TRANSPORTES Características do Produto: Grau de risco-Roubo No caso de Roubo, principalmente no transporte rodoviário, o índice de roubos a veículos de carga vem aumentado sistematicamente sem nenhuma sinalização de melhoria. No transporte ferroviário e marítimo estes números não são tão expressivos. 107 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Características do Produto: Grau de risco-Combustão espontânea Na Combustão espontânea, existem produtos que conforme a temperatura ambiente e o tempo de armazenamento podem entrar em combustão instantaneamente. Como exemplos, citam-se: carvão mineral; algodão, outros. 108 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: Conforme pode ser visto na Figura do slide seguinte, o ciclo de vida do produto pode ser dividido em quatro etapas: 1. Introdução; 2. Crescimento; 3. Maturidade; 4. Declínio. 109 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: 110 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: Introdução Na etapa de Introdução, o produto ainda não possui uma demanda conhecida, o produto pode ou não ser aceito pelo mercado. Assim, a logística tem por função manter todos os pontos de venda abastecidos, pois, caso contrário, todo o esforço do marketing de convencer o cliente em comprar o produto pode ser frustrado se o cliente aceitar a ideia da compra, mas ao chegar ao ponto de venda não encontra o produto. 111 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: Crescimento Uma vez que o produto tenha sido consolidado no mercado, a etapa de Introdução pode ser considerada encerrada e passa-se para outra etapa, denominada Crescimento. Obviamente, é desejável que se passe para o crescimento, mas alguns produtos não vingam no mercado e são tirados do mercado antes mesmo de se consolidarem. 112 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: Crescimento Como exemplo, cita-se o padrão de gravação de alta definição de DVD, onde a Toshiba lançou o aparelho padrão HD-DVD e a Sony lançou o aparelho padrão Blu- Ray. Ambas introduziram o produto juntas no mercado. No entanto, a Toshiba percebendo que o produto por ela lançado não conseguia mercado, parou de fabricar o HD- DVD em 20 de fevereiro de 2008 e abriu mão do mercado, deixando o aparelho padrão Blu-Ray da Sony na faixa de crescimento para ocupar o mercado potencial. 113 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: Crescimento Uma vez na etapa de Crescimento, cabe à logística a tarefa mais árdua, manter a distribuição sem saber ao certo em quais regiões o produto será mais ou menos aceito. Além disso, não se sabe o ritmo de crescimento da demanda, a taxa de inclinação da curva. Por conta do exposto anteriormente, não se consegue nesta etapa uma otimização muito boa da logística, pois ainda não existe uma consolidação do mercado. 114 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: Maturidade Uma vez que o produto tenha o seu crescimento estabilizado, pode-se dizer que ele entra na etapa de Maturidade. Espera-se que etapa seja a mais longa possível, como o caso da Maisena que já está no mercado há quase 100 anos com a mesma fórmula e embalagem. Cada dia que passa, os produtos tem tido a etapa de Maturidade mais curta, pois a cada dia surgem novos produtos com novos avanços tecnológicos. 115 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: Maturidade Esta é a melhor etapa para a logística trabalhar, pois nesta etapa o produto já tem sua demanda por região bem estabelecida com pequenas oscilações. Assim, a gestão da logística pode realizar planos otimizados e ir a cada dia criando novas melhorias de procedimentos e equipamentos que visem uma maior otimização da logística com consequente redução de custos e melhoria do serviço a fim de criar mais valor para o produto. 116 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: Declínio Com o decorrer dos anos o produto chega a um ponto que o mercado começa a não o aceitar ou por estar fora de moda, ou por estar obsoleto ou porque aparece um novo produto de um concorrente que leve o cliente a migrar para o novo produto e, assim a demanda começa a declinar. Esta etapa é denominada Declínio. Nesta etapa, a grande função da logística é tentar evitar ao máximo a geração de stock obsoleto invendável, analisando a demanda que está caindo e verificando quais as regiões que ainda estão comprando o produto e, assim, deslocando os stocks existentes das regiões que estão com queda acentuada para as regiões que ainda demandam o produto. 117 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: Como exemplos de produtos com ciclo de vida mais curto, citam-se os computadores e eletroeletrónicos que estão a todo o momento alterando tecnologia e design, entre outros. Como exemplos de produtos com ciclo de vida mais longo: Coca Cola Colgate Maisena, Pomada Tigre, Perfume de Alfazema, Gilete, entre outros. 118 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: É interessante notar, que uma regra não exata, mas razoável, é lançar um produto novo no mercado aproximadamente no meio da expectativa de duração da etapa de Maturidade. Isto porque quando um produto estiver com sua demanda em declínio, o novo produto estará crescendo e a soma dos dois produtos, um crescendo e o outro declinando podem manter a receita da empresa nos mesmos patamares anteriores, ver Figura do slide seguinte. 119 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: 120 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Ciclo de Vida do Produto: Caso esta situação ocorra, a logística deve ter a preocupação de ir desmontando a logística do Produto 1, em declínio, e transferi-la para o Produto 2, em crescimento. Evitando, assim, de se fazer novos investimento para o Produto 2 e perder os investimentos realizados para o Produto 1. 121 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Tipos de Carga Em função das características dos produtos, a carga a ser transportada pode ser classificada em: 1. Carga a Granel; 2. Carga Geral; 3. Carga Contentorizada. 122 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Carga a granel A Carga a Granel é definida como sendo uma carga na qual não se conta unidades. Por exemplo, minério de ferro não se conta quantas pedras de minério, simplesmente se mede a tonelagem total. Podem-se citar como exemplo de cargas a granel as seguintes cargas: minério de ferro, soja, farelo de soja, álcool, gasolina, gusa, toretes de madeira, entre outras. 123 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Carga a granel A Carga a Granel, usualmente, assume o formato da embalagem que ele estiver inserido. Por exemplo, o minério de ferro quando colocado dentro do porão de um navio, ele assume o formato do porão do navio. Porém, se o mesmo minério estiver em um vagão gôndola, ele assume o formato do vagão gôndola. 124 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Carga a granel A Carga a Granel pode ser dividida em função dos seus diferentes estados em subtipos. Citam-se os seguintes estados e, por conseguinte, os seus subtipos: 1. Sólido; 2. Líquido; 3. Gasoso. 125 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Carga geral A Carga Geral é definida por uma carga em que se contam as unidades e que ela não assume a forma da embalagem. Por exemplo: blocos de granito, bobinas de aço, sacaria diversa, fardo de celulose, pneus, placa de aço, latas de óleo, garrafas de refrigerante, vidros de perfume, entre outras. Na Carga Geral, visando o manuseio e transporte, foram criadas formas de unitização da carga, ou seja, maneiras de agrupar diversas pequenas cargas em um grande volume único que é movimentado uma única vez. 126 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Carga geral Assim, existem duas formas principais de unitização: 1. Palete; 2. Big bag; 3. Contentor. 127 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTESCarga geral : Paletes A Palete é uma plataforma de madeira, ou outro material, onde a carga é arrumada sobre ele. Possui certos pontos de entrada dos garfos das empilhadeiras para que estas possam fazer o levantamento e movimentação. V. Figura slide seguinte, mostrando empilhadeira de garfo movimentando palete de madeira com pneus. 128 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Carga geral : paletes129 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Carga geral : Big bag Big bags são grandes sacos de pano ou sintéticos nos quais são acondicionados graneis ou sacaria visando formar uma nova embalagem de manuseio que facilite, também, o carregamento e a descarga. V. Figura do slide seguinte, mostrando o carregamento de big bags num Terminal de Produtos Diversos. 130 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Carga geral : Big bag131 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Carga geral : Contentor O contentor, basicamente, é uma caixa metálica com dimensões padrões onde a carga é acondicionada dentro dela, e as portas são lacradas. O contentor, de maneira formal, pode ser definido como um recipiente construído de material resistente, destinado apropiciar o transporte de mercadorias com segurança, inviolabilidade e rapidez, dotados de dispositivo de segurança aduaneira e devendo atender às condições técnicas e de segurança previstas pela legislação nacional e pelas convenções internacionais. 132 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Carga geral : Contentor Uma das maiores vantagens dos contentores é a padronização de suas dimensões. Existem basicamente, dois tipos de contentores: 20 pés = 1 TEU ou 40 pés= 2 TEUs O contentor é medido em uma unidade específica denominada TEU (twenty equivalent unit) que representa um contentor de 20 pés. Portanto, um contentor de 40 pés representa dois TEUs. 133 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Carga geral : Contentor O contentor pode ser de variados tipos. Carga seca; Tanque; Refrigerado; Open top; Plataforma; Outros. Em face da grande importância que o contentor adquiriu no transporte e na logística de uma maneira geral, a Carga Geral foi desmembrada em Carga Geral e Carga Contentorizada. 134 135 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Comportamento da Demanda e seu impacto na logística Demanda representa a quantidade de mercadoria que um consumidor ou conjunto de consumidores deseja e está disposto a comprar. Caso não existisse demanda, não haveria sentido em existir a empresa, muito menos a logística. A demanda é o parâmetro básico e essencial para o cálculo do volume do stock, pois este é totalmente dependente da demanda. 136 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Comportamento da Demanda e seu impacto na logística Assim, será feita, nesta secção, uma análise dos principais tipos de demandas e seu impacto na logística da empresa, principalmente no stock. Os principais tipos de demanda são: Demanda Regular; Demanda Sazonal; Demanda Irregular; Demanda Declínio; Demanda Derivada. 137 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Comportamento da Demanda e seu impacto na logística A Demanda Regular, às vezes denominada Demanda Permanente, ocorre em produtos que possuem um mercado constante por longos períodos, onde sempre se tem um consumo constante ou com variações muito pequenas (farinha, arroz, massa, etc..). Também, ocorre em Bens Industriais, pois muitos destes produtos tem contrato de longo prazo, de dez a trinta anos de fornecimento. Como exemplos, temos: minério de ferro, carvão, entre outros. 138 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Comportamento da Demanda e seu impacto na logística Os stocks para esse tipo de demanda regular são razoavelmente fáceis de serem estimados e devem ter duas preocupações: Manter o ressuprimento atentando para o prazo de reposição da matéria prima; Níveis de serviço a serem atendidos e os prazos de atendimento em relação ao prazo de fabricação. 139 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Comportamento da Demanda e seu impacto na logística Produtos que possuem um mercado marcado por períodos de grande consumo e de outros com baixo ou nenhum consumo. Reincidente todo ano no mesmo período ocorre o aumento de consumo; Natal, Fertilizantes, Cerveja, água engarrafada, etc. Esporádica copa do mundo, olimpíada, eleição (camisetas, santinhos, etc.) 140 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Comportamento da Demanda e seu impacto na logística Para os produtos de Demanda Sazonal Reincidente, os estoques podem ser vistos de 3 formas: 1. Formados na época de baixo consumo visando “desová-lo” na época de alto consumo (mantendo assim a produção constante); 2. Serem zerados e a produção parar também na época de baixo consumo, retomando a produção na época de alto consumo; 3. Outro produto, também sazonal, é produzido na época de baixa do produto e depois ele pára para voltar ao produto original. 141 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Comportamento da Demanda e seu impacto na logística Demanda Sazonal Esporádica Para os produtos de Demanda Sazonal Esporádica a situação é mais complexa, pois uma vez terminado o evento, o produto perde praticamente todo o valor de venda e transforma-se em stock morto, ou seja, sem fins comerciais. Neste caso, a logística deve ficar atenta para que não haja a formação de stock e suficientemente ágil para distribuir o stock de forma eficiente para atender a todas as necessidades em prazos razoavelmente curtos. 142 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Comportamento da Demanda e seu impacto na logística Demanda Irregular Na Demanda Irregular, os produtos possuem um mercado onde não existe nenhuma ou muito pouca, previsibilidade da demanda no mercado. Nesta situação, a logística fica sem muita margem para um planeamento de longo prazo, tendo que se adaptar a todo o momento aos sabores da demanda do mercado. 143 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Demanda Irregular Neste caso, para definição do stock, a logística deve trabalhar com seu instinto e conhecimento do mercado, ocorrendo, então, duas situações: 1. Alto stock “apostando” no incremento da demanda, correndo o risco de ter o seu stock “encalhado”; 2. Baixo stock “apostando” no declínio da demanda, correndo o risco de haver “Perda de Venda” por não ter ressuprimento a tempo. A “mágica” da logística é fazer a “aposta” certa na demanda e isto só ocorre com profissionais bastante qualificados e conhecedores do mercado. 144 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Demanda em Declínio Conforme visto em seção anterior, o produto passa por quatro etapas durante sua vida: introdução, crescimento, maturidade, e declínio. A Demanda em Declínio ocorre quando o produto está na etapa de Declínio. Quando o produto está em declínio pode-se ter uma previsão de quando não será mais possível colocar o produto no mercado. O stock neste caso deve acompanhar a curva de declínio e ir diminuindo gradativamente o seu tamanho para não ter grandes quantidades que deverão ser liquidadas posteriormente a preços muito baixos ou gerar stock obsoleto ou morto (monos). 145 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Comportamento da Demanda e seu impacto na logística Demanda em Declínio Outra função da logística é ao diminuir a logística do produto em declínio tentar transferi-la para outro produto que esteja em crescimento no mercado. Produtos que possuem um mercado derivado de outro mercado (fertilizante em relação a área plantada, autopeças em relação a produção de automóveis). O stock nesse caso é calculado em função da demanda do produto principal e pode ser classificado em um dos outros tipos de demanda, dependendo da demanda do produto principal. 146 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES 1. SKU “single keeping unit” SKU é uma sigla em inglês da frase “single keeping unit” que representa a forma como a empresa irá gerir seu stock em termos de unidades movimentadas. Um supermercado pode controlar o stock pela quantidade detubos de pasta de dentes que ele movimenta. Neste caso, o SKU é igual a um tubo de pasta de dentes. Um atacadista pode controlar o stock por caixas de tubos de pasta de dente, com vinte unidades dentro da caixa. Neste caso, o SKU é igual a uma caixa de tubos de pasta de dentes 147 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES 2. Perda de Venda. A Perda de Venda ocorre quando o usuário vai até o ponto de venda para comprar certo produto, mas ao chegar ao ponto de venda ele percebe que o referido produto acabou. Como a necessidade dele é, geralmente, grande, ele opta por comprar outro produto similar. A Perda de Venda ocorre, pois a empresa deixou de vender aquele produto. Mas o maior problema é ter dado a oportunidade o usuário experimentar o produto do concorrente e, se, eventualmente, ele gostar mais, ele deixa de adquirir permanentemente o nosso produto e passa a comprar o novo produto da concorrência. 148 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Planeamento da logística O planeamento da logística visa definir, baseado no Nível de Serviço, os modos de transporte a serem utilizados, a rede de distribuição e suprimento, os níveis de stock, os modelos, tamanhos e quantidade de armazéns e a localização física das instalações fábrica, armazéns e garagens. 149 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Planeamento da logística Para elaborar um planeamento logístico devem ser levantados alguns parâmetros básicos e essenciais para um planeamento o mais acertado com a realidade futura do mercado e da empresa. Dentre os principais parâmetros utilizados, citam-se os seguintes: Nível de Serviço, demanda, características do produto, opções de modais de transporte, estabilidade político-económica. 150 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nível de Serviço O Nível de Serviço é um dos factores que podem determinar a demanda. Porque o Nível de Serviço determina o nicho de mercado em que a empresa actua e pode influenciar a demanda. Além disso, para patamares mais altos de Nível de Serviço, há uma tendência de aumento dos custos dos serviços logísticos. 151 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES A demanda projectada do produto em certo Nível de Serviço no futuro é, sem dúvida, o principal parâmetro para qualquer projeto logístico. No entanto, em muitos produtos, principalmente no varejo estimar a demanda é algo extremamente complexo em face das inúmeras variáveis e do grau de incerteza delas. Sem o cálculo da demanda, em quantidade e local que ele ocorrerá, pode-se dizer que é impraticável elaborar um planeamento de logística. As características do produto influenciam todas as decisões de transporte e de armazenagem, além de questões de risco que podem elevar os custos logísticos. 152 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Opções de modais As opções de modais disponíveis são muito importantes, pois com base nelas pode-se escolher um ou mais opções de transporte. Tendo mais de uma opção de modal de transporte, pode- se decidir, até, por uma operação intermodal. Além disso, podem ser previstos novos investimentos em ferrovia, porto, armazém e outras facilidades logísticas. A estabilidade político-económica de um país é um fator muito importante, pois ela determina os riscos dos investimentos e as oscilações de demanda. 153 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Opções de modais Os países com alto grau de instabilidade político- económica praticamente inviabilizam planeamentos de médio e longo prazo com algum de grau de precisão. Estes planeamentos são feitos somente como uma análise e visão do que pode vir a acontecer sem valores financeiros e sem quantitativos, somente com estimativas de valores e a sentimento. 154 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Objectivos do planeamento logístico O planeamento da logística deve buscar três objetivos macros: 1. Redução de custos; 2. Redução de investimento; 3. Melhorias de serviço. 155 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES No objectivo Redução de custos busca-se, sobretudo, a redução de custos variáveis associados ao transporte e armazenagem. Normalmente, frente a várias alternativas para transporte e armazenagem, escolhe-se pela alternativa de menor custo. No entanto, espera-se que mesmo reduzindo os custos, o Nível de Serviço seja mantido no mesmo patamar onde se situava antes de se efetuar a redução de custos. Desta forma, sendo alcançado o objetivo de reduzir os custos, aumenta-se a margem de lucro do produto ou pode-se analisar a redução de preços visando uma fatia maior de mercado, (maior quota de mercado). 156 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES No objetivo Redução de Investimento busca-se investir o mínimo possível nos processos logísticos. Assim, investimentos com armazenagem e frota são evitados e a empresa utiliza serviços de terceiros sem investir. O risco deste objectivo é que ele pode aumentar os custos variáveis e a vantagem é aumentar o retorno sobre o capital investido. Esta estratégica sob o ponto de vista financeiro pode ser até interessante, mas sob o ponto de vista operacional é muito perigosa, pois se pode não conseguir terceiros para realizar os serviços contratados em momentos de pico de demanda por transporte e armazenagem. Na época de alta de demanda por serviços logísticos também ocorre um aumento do valor dos mesmos. 157 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Melhorias de Serviço. No objectivo Melhorias de Serviço, a empresa visa aumentar ou manter a receita através de uma melhoria do Nível de Serviço prestado. Este objetivo é perigoso pelo ponto de vista de marketing, pois uma melhoria do Nível de Serviço pode implicar numa mudança de nicho de mercado pela empresa. Torna-se interessante quando o preço final é mantido e com isso se ganha vantagem competitiva oferecendo mais ao usuário pelo mesmo preço. 158 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Perguntas a serem respondidas em um planeamento logístico O Planeamento logístico deve responder a três perguntas: 1. O que deslocar de um ponto para outro ponto? 2. Quando realizar este deslocamento? 3. Como fazer este deslocamento? O profissional de logística deverá sempre estar atento para as três perguntas citadas, buscando sempre reduzir os investimentos, reduzir os custos variáveis e manter ou melhorar o Nível de Serviço prestado. 159 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Perguntas a serem respondidas em um planeamento logístico Dentre estas, citam-se: Nível de Serviço oferecido, Demanda real e da demanda projetada, Localização dos possíveis fornecedores, Facilidades logísticas, sobretudo modais de transporte, Facilidade de contratar mão-de-obra capacitada local, Infra-estrutura de energia, Pré-requisitos ambientais, Benefícios governamentais, Segurança das instalações e da carga. 160 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Objectivos do planeamento logístico O planeamento da logística deve buscar três objetivos macros. Cada tipo é definido em função do horizonte de planeamento. Assim, têm-se os seguintes tipos de planeamento logístico: Estratégico Tático Operacional. 161 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Objectivos do planeamento logístico O Planeamento Estratégico é de longo prazo, porém não existe um consenso entre os autores do que é longo prazo, sendo que alguns definem longo prazo como sendo maior que um ano, outros definem como maior que cinco anos. Neste Curso adoptamos o conceito de Planeamento Estratégico como maior que cinco anos. O Planeamento Tático é aquele que ocorre num horizonte máximo de um ano. Normalmente, acompanha o orçamento anual das empresas. O Planeamento Operacional é o dia a dia das empresas, com horizonte máximo de uma a no máximo duas semanas. 162 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Níveis de planeamento logístico Estes três níveis de planeamento devem ser aplicados às três dimensões da logística: a localização, a manutenção destock e o transporte. Para cada uma dessas três dimensões alguns tópicos devem ser analisados na hora do planeamento, ver Figura do slide seguinte. 163 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES 164 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Objectivos do planeamento logístico: Localização. Na Localização devem ser tomadas as seguintes decisões: Número, dimensão e localização das instalações, alocação de armazéns para atender a certas áreas. Com base nos dados anteriormente listados, apesar do alto grau de complexidade do problema, é possível definir qual o número de armazéns, suas dimensões e suas localizações. Também é possível definir as garagens dos veículos de transporte e os pontos de transbordo das mercadorias. 165 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Localização. É possível, pela óptica da logística, definir quais são os fornecedores em melhor condição logística para atender ao suprimento da fábrica. Também, é possível definir a melhor a localização da própria fábrica. Uma vez definidas as instalações logísticas, pode-se alocar quais pontos de demanda serão atendidos por que armazéns, definindo zonas de actuação para cada armazém. 166 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES No transporte, devem-se tomar as seguintes decisões: Escolha do modal, Escolha das rotas (roteirizição) e Tipo de Embarque. A escolha do modal de transporte define os tipos de transporte que podem ser usados, marítimo, ferroviário, rodoviário ou aéreo. Esta decisão pode influenciar projetos de construção de infra-estrutura para ser usada pelo empresa no seu planeamento. Pode-se, ainda, tomar a decisão de não usar um meio de transporte, mas sim, vários meios de transporte utilizando-se de intermodalidade ou multimodalidade. 167 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES No transporte, devem-se tomar as seguintes decisões: A segunda decisão diz respeito a escolha de rotas, ou roteirização, ou roteamento, ou itinerário, que é a definição por aonde a frota de veículos circulará. Existem dois níveis de roteirização, um que prevê somente a sequência de pontos que serão visitados pela frota sem definir efetivamente os caminhos a serem seguidos. outro nível mais operacional define cada rua e cada caminho que será percorrido pelos veículos podendo ser rastreado por satélite e aumentando a segurança da carga transportada. 168 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES No nível mais operacional que define cada rua e cada caminho que será percorrido pelos veículos, recorre-se a diversos softwares que a partir dos pontos de demanda, clientes, realiza o serviço de roteirização e, usualmente, estão incorporados a um software GIS (Geographic Information System) que realiza a entrada de dados e apresenta os resultados de forma visual em um mapa da região a ser atendida. 169 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES A terceira decisão diz respeito à definição do tipo de embarque. Os embarques podem ser totais ou fracionados. Os embarques totais ocorrem quando o veículo transportador é ocupado somente por cargas de um cliente. Uma outra opção é carregar o veículo de transporte com cargas de diversos clientes, fracionados, e consolidando para a viagem e /ou operação ferroviária. 170 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES Nas decisões referentes à manutenção de stocks, destacam-se: Nível de stock e Distribuição do stock. Tendo as definições de localização das facilidades, dos modais de transporte e o tipo de embarque, pode-se estudar o nível de estoque que se pretende operar. Normalmente este nível é influenciado pelo Nível de Serviço vendido, pelos lotes mínimos de produção, pelos modais disponíveis, pela localização das facilidades entre outros. Outra definição que deve ser feita refere-se à distribuição do stock, ou seja, definir ponto a ponto da rede logística o nível de stock necessário. 171 LOGÍSTICA DOS TRANSPORTES As diversas decisões devem ser tomadas simultaneamente, pois cada uma delas gera influência nas outras, não havendo uma ordem certa para se planear. Ressalta-se que todas as decisões são razoavelmente complexas apesar das inúmeras ferramentas de pesquisa operacional e computação para apoiá-la a tomada de decisão. Assim, apesar do uso intensivo de ferramentas e computadores, a experiência dos tomadores de decisão é muito importante e deve ser ouvida. 172
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