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Febre

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Febre
Introdução 
• A temperatura do corpo humano é contro-
lada por uma área do cérebro chamada hi-
potálamo, que age como um termostato 
ajustado para manter os órgãos internos a 
37℃; 
• Esse objetivo é alcançado por meio do 
equilíbrio entre a perda de calor pelos ór-
gãos periféricos (pele, vasos sanguíneos, 
glândulas sudoríparas etc.) em contato com 
o ambiente e a produção de calor pelo pro-
cesso metabólico dos tecidos internos; 
• A temperatura corpórea considerada ideal 
varia entre 36º C e 36,7º C. Geralmente, ela 
é mais baixa pela manhã e mais alta no fim 
da tarde ou à noite; 
• Alterações de até um grau podem ser ab-
solutamente aceitáveis em condições nor-
mais. 
 
→ 
• Hipotermia: 35,9ºC ou menos; 
• Normal: entre 36-37,5 ℃; 
• Febrícula: entre 37,6℃-37,8℃; 
• Febre: 37,8-40℃; 
• Febre alta: considera-se, em geral, a par-
tir de 40,1℃. 
 
→ 
• Temperatura axilar: normal até 37,5ºC; 
• Temperatura oral (boca): normal até 
37,5ºC; 
• Temperatura timpânica (ouvido): nor-
mal até 37,5ºC; 
• Temperatura retal (ânus): normal até 
38ºC; 
• O aumento localizado ocorre em alguns 
processos inflamatórios, como em inflama-
ções de uma articulação, nos casos de crise 
de gota ou em infecções da pele, como na 
erisipela, por exemplo; 
• Normalmente, essa inflamação localizada 
também apresenta, além do aumento de 
temperatura, dor e vermelhidão local. 
 
→ 
Infecciosas: 
• Vírus; 
• Bactérias; 
• Fungos; 
• Parasitas. 
 
Não infecciosas: 
• Doenças do sistema nervoso central; 
• Neoplásicas; 
• Cardiovasculares; 
• Hipertireoidismo; 
• Alguns tipos de hepatite e de doenças reu-
máticas; 
• Excesso de exposição solar; 
• Hepatite por álcool; 
• Cirurgias; 
• Traumas; 
• Feocromocitoma; 
• Embolia pulmonar; 
• Desidratação; 
• AVC (com lesão do hipotálamo); 
• Medicamentos: 
 - Antibióticos betalactâmicos (como peni-
cilina) e medicamentos com sulfa podem 
desencadear febre; 
 - As drogas que podem causar uma tempe-
ratura extremamente alta incluem determi-
nadas drogas ilícitas (tal como cocaína, an-
fetaminas ou fenciclidina), anestésicos e an-
tipsicóticos. 
 
Consequências 
• Os sintomas apresentados são devido, 
principalmente, ao estado que causa a fe-
bre, não à febre em si; 
• As típicas elevações temporárias da tem-
peratura corporal para 38°C a 40°C 
Marianne Barone (T5) DIP – Prof. Elisabeth Dotti Consolo 
causadas pela maioria das infecções de 
curta duração (agudas) são bem toleradas 
por adultos saudáveis; 
• Febre moderada pode ser ligeiramente 
perigosa para adultos com doença cardíaca 
ou pulmonar, porque causa o aumento da 
frequência cardíaca e respiratória; 
• A febre pode também piorar o estado men-
tal em pessoas com demência; 
• A elevação extrema da temperatura (ge-
ralmente mais de 41°C) pode ser prejudicial; 
 - A temperatura corporal alta nesses níveis 
pode causar o mau funcionamento da mai-
oria dos órgãos e, por fim, a insuficiência 
destes; 
 - Tal elevação extrema às vezes resulta de 
infecções muito graves (tal como sepse, do-
enças bacterianas graves entre outros), tam-
bém é comum ser causada por insolação ou 
pelo uso de certas drogas. 
 
Sinais de alerta 
• Em casos de febre aguda, certos sinais e 
características são causa para preocupa-
ção, incluem: 
 - Mudança na função mental, confusão, 
lentidão; 
 - Dor de cabeça, pescoço endurecido ou 
ambos; 
 - Pequenas manchas vermelhas arroxeadas 
lisas na pele (petéquias), indicando sangra-
mento sob a pele; 
 - Pressão arterial baixa; 
 - Frequência cardíaca rápida ou respiração 
acelerada; 
 - Falta de ar (dispneia); 
 - Temperatura superior a 40°C (104°F) ou 
inferior a 35°C (95°F); 
• Viagem recente para uma área em que uma 
doença infecciosa, como malária, seja co-
mum (endêmica); 
• Utilização recente de medicamentos que 
inibem o sistema imunológico (imunossu-
pressores); 
• Contato com alguém que tenha uma infec-
ção recente ou crônica; 
• Alguma condição conhecida que predispo-
nha à infecção, tal como infecção por HIV, 
diabetes, câncer, transplante de órgão, do-
ença falciforme ou distúrbios das valvas 
cardíacas, particularmente se uma valva ar-
tificial estiver presente; 
• Algum distúrbio conhecido que predispo-
nha à febre sem infecção, tal como lúpus, 
gota, sarcoidose, glândula tireoide supera-
tiva (hipertireoidismo) ou câncer; 
• Uso de medicamentos que predispõem à 
infecção, tais como medicamentos quimio-
terápicos, corticosteroides ou outros medi-
camentos que suprimem o sistema imunoló-
gico; 
• Uso de drogas ilícitas injetáveis. 
 
Febre prolongada 
de origem 
indeterminada 
• Temperatura superior a 38,3ºC em vá-
rias ocasiões, ou seguida em 8 dias ou mais; 
• Persistindo por mais de três semanas; 
• Falha em se chegar a um diagnóstico a des-
peito de investigação com o paciente inter-
nado em hospital por pelo menos uma se-
mana; 
• Dividem-se em: 
 - Clássica; 
 - Nosocomial; 
 - Paciente com imunodeficiência; 
 - Pacientes infectados pelo HIV; 
• Cada um desses grupos representa um de-
safio diagnóstico peculiar, requerendo dife-
rentes processos de avaliação diagnóstica; 
• Ao tratar de pacientes nessa condição, o 
médico deve estar alerta para os aspectos 
microbiológicos, reumatológicos, imunopa-
tológicos, oncológicos; 
• Enfim, ter conhecimentos gerais sobre os 
múltiplos mecanismos patogênicos, já que 
os determinantes das FOIs podem agir em 
um ou vários órgãos e sistemas orgânicos; 
• Em geral, a tendência do médico diante de 
um caso de febre com dificuldades diagnós-
ticas é a de suspeitar de doenças raras ou de 
complicadas síndromes clínicas; 
• Na maioria das vezes, no entanto, trata-se 
de patologias com características clínicas 
atípicas ou, então, mascaradas por trata-
mentos anteriores; 
 Ex: endocardites bacterianas, febre ti-
foide, febre reumática, tuberculose, CMV, 
mononucleose e outras já tratadas com anti-
bióticos ou corticosteroides antes do estabe-
lecimento de um diagnóstico etiológico 
• Doenças que deixaram de ser frequentes 
nos centros mais desenvolvidos também po-
dem trazer dificuldades diagnósticas, 
quando vistas por quem não teve contato ou 
perdeu o costume de lidar com elas. 
 Ex: malária 
 
Diagnóstico 
procurado 
• Dados epidemiológicos, os eventuais 
contactantes enfermos e os antecedentes 
patológicos: 
 - Doentes oriundo de regiões endêmicas de 
malária, calazar ou esquistossomose, ou pa-
tologias incomuns; 
 - História de valvulite reumática, tubercu-
lose, doença venérea, anemias hemolíticas, 
amebíase; 
• O exame físico traz dados importantes, 
como: 
 - Icterícia, exantemas e enantemas, vascu-
lites da pele, alterações petequiais, neuroló-
gicas, abscessos ou outras afecções cere-
brais ou medulares; 
 - Exostoses ou depressões ósseas (ex: tu-
mores metastáticos, crianças até 1 ano). 
 
→ 
• Adenomegalias; 
• Hepatomegalias; 
• Atrito pericárdico; 
 
• Arritmias; 
• Abafamento de bulhas; 
• Tumorações abdominais, indicando a 
presença de tumores: hepáticos, esplêni-
cos, renais, intestinais, gástricos; 
• Distúrbios articulares; 
• Septicemias; 
• Gonococcias; 
• Sintomas/história, quadros sugestivos de 
tuberculose e hanseníase; 
• Anemia; 
• Alterações ósseas; 
• Lesões cutâneas ou mucosas no eritema 
nodoso ou polimorfo, nas micoses profun-
das, endocardite bacteriana. 
 
→ 
• Geralmente fazem-se análises hemato-
lógicas: hemograma completo, hemocultu-
ras, função hepatorenal, bioquímica, inves-
tigação de distúrbios do tecido conjuntivo, 
urinalise, uroculturas, sorologias; 
• Radiografias; 
• Ultrassonografia, tomografia computado-
rizada (TC) ou imagem por ressonância 
magnética (RM), particularmente das áreas 
que estão causando desconforto, podem ser 
úteis no diagnóstico da patologia; 
• Se os resultados de todos os exames reali-zados forem negativos, o médico pode ter 
necessidade de biópsia de uma amostra do 
fígado, baço, medula óssea ou de outra área 
do corpo que suspeite de infecção. A amos-
tra é então examinada ao microscópio, cul-
tivada e analisada. 
 
Causas de febre 
→ 
• “Início súbito? Surto local?”; 
• “Início prolongado? Área endêmica?”; 
• Causas possíveis: 
 - Gripe, resfriado comum, faringite, amig-
dalite, otite, sinusite, pneumonia, gastroen-
terite aguda, infecção de trato urinário baixo, 
pielonefrite, hepatites, meningite, encefalite, 
síndromes “monolike”, erisipela, celulite; 
 - Impetigo, tuberculose, micobacterioses, 
micoses sistêmicas, endocardite, miocardite, 
malária, febre amarela, dengue, leptospi-
rose, doença de chagas, abscessos, osteomi-
elite, monoartrite infecciosa, parasitoses in-
testinais. 
 
→ 
• UTI, infecções hospitalares, principal-
mente por poder se tratar de patógenos mul-
tirresistentes; 
• Início após 48 h da internação; 
• Causas possíveis: pneumonias, ITUs, 
sepses, cateter; 
• Pós-operatório: 
 - Imediato: trauma cirúrgico, Infecções 
respiratórias, abscessos; 
 - Tardio: próteses, cateteres, mediastinite, 
derrames pleurais, infecções em esterno, 
tromboflebites, enxertos. 
 
→ 
• HIV: infecções pulmonares (pneumococo 
é o principal agente), pneumocistose, qua-
dros de diarreia, micobacterioses, vírus 
(CMV tem grande importância), toxopla-
mose (forma neurológica), criptococose 
(meningite), neoplasias (linfoma, sarcoma 
de Kaposi); 
• Neoplasias: neutropenia febril (febre as-
sociada a leucócitos <500 ou <1000 e com 
tendência a queda) (bacilos gram-negativos 
(especialmente Pseudomonas aeruginosa), 
agentes gram-positivos, fungos (principal-
mente Candida albicans), piora da doença 
de base. 
 
→ 
• Sarampo, rubéola, exantema súbito, HIV 
primário, mononucleose infecciosa, exan-
tema por drogas, leptospirose, Doença de 
Lyme, febre tifóide, dengue, eritema margi-
natum da febre reumática, gonococcemia 
disseminada, meningococcemia crônica, sí-
filis secundária, eritema multiforme, endo-
cardite bacteriana escarlatina, Doença de 
Kawasaki, Síndrome do choque tóxico por 
Cocos Gram Positivos, Síndrome da pele 
escaldada estafilocócica, necroepidermólise 
tóxica; 
• Vesiculo-bolhosos: varicela, herpes vírus, 
ectima gangrenoso (pseudomonas/estafilo-
cocos), meningococcemia aguda, dengue, 
púrpura fulminans, púrpura trombocitopê-
nica trombótica/síndrome hemolítico-urê-
mica, vasculite de pequenos vasos. 
 
→ 
• Sintomas entre o final da viagem e a pri-
meira semana após o retorno; 
• As causas mais comuns são infecções de 
via aérea e a “diarreia dos viajantes”, que 
conta com várias causas (E. coli, salmonela, 
shiguela, campilobacter, cólera, parasitas, 
febre tifoide, entre outros); 
• Portanto, deve-se primeiro descartar infec-
ções corriqueiras e então pensar em doenças 
relacionadas à exposição geográfica como, 
dengue, leishmaniose, hepatites, riquitesio-
ses, leptospirose, filariose, tuberculose, es-
quistossomose, Doença de Lyme. 
 
→ 
• 2º dia até a 3ª semana (média de 8 dias), 
desaparece em 72 a 96 horas com a suspen-
são da medicação; 
• Anticonvulsivantes (carbamazepina e fe-
nitoína); 
• Antibióticos (beta-lactâmicos, sulfas, ni-
trofurantoína); 
• Antidepressivos tricíclicos; 
• Atropina; 
• Anti-histamínicos; 
• Fenotiazinas; 
• Anfetaminas; 
• Cocaína; 
• Ecstasy; 
• Anfotericina B; 
• Bleomicina; 
• Vancomicina; 
• Reação de Jarish-Herxheimer: equiva-
lente da quimioterapia, só que com lise de 
microrganismos, mais comumente sífilis, 
esquistossomose e tripanossomíase. 
 
Causas de febre 
de origem 
indeterminada 
• Foco para infecções; 
• HIV: variam entre 20% e 40%. As infec-
ções mais frequentes são as tuberculoses, 
inclusive em formas não-pulmonares (quase 
60% dos casos); 
• A seguir, vêm os abscessos e a endocardite 
bacteriana; 
• Outras causas são: CMV, micoses sistê-
micas, toxoplasmose, hepatites e osteomie-
lite.

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