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Matéria Direito Processual do Trabalho

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Direito Processual do Trabalho
Professor César Alexandre Barbosa						10/08/2023
WhatsApp 21-96473-6102 – e-mail: procesar21@yahoo.com – Instagram: 
Bibliografia: Carlos Henrique Bezerra Leite
Fonte Material é o conjunto dos fenômenos sociais que contribuem para a formação da matéria do Direito, ou seja, os fatores ou elementos que determinam a substância das normas jurídicas e o conteúdo de todo um sistema jurídico.
Ao buscar nos fatos sociais as bases para a construção de um ordenamento jurídico, o ser humano adota decisões políticas, que nada mais são do que os frutos da correlação de forças existentes no meio em que vive. A norma jurídica, portanto, surge a partir de uma fonte material, que leva à decisão política de sua elaboração.
Fonte Formal é a maneira pela qual o Direito se revela socialmente; os processos de manifestação do Direito, por meio dos quais o ordenamento adquire existência, atuando de maneira válida e eficaz em determinado contexto social.
Podem ser assim classificados:
- Legal: Resultante do poder estatal de legislar, editando leis e seus corolários normativos,
- Consuetudinária = costumes: Expressão do poder social inerente à vida coletiva e revelada por meio de sucessivos e constantes formas de comportamento;
- Jurisdicional – Que se vincula ao Poder Judiciário, expressando-se por meio de sentenças e acórdãos, de vários graus e extensões;
- Negocial: Ligada ao poder que tem a vontade humana de instaurar vínculos reguladores do pactuado com outrem.
Classificação das fontes do Direito do Trabalho: fontes estatais e não estatais
Pode-se efetuar uma classificação das fontes de direito do trabalho que leve em consideração apenas a origem das normas produzidas: se trata de uma norma proveniente de um órgão competente da estrutura do Estado, a fonte é estatal, ao contrário, se provém do poder dos particulares ou de órgãos que não façam parte da estrutura do Estado, a fonte é não estatal.
Fontes Estatais
A Constituição
É a mais importante fonte formal de produção estatal do direito do trabalho. – Capítulo II (Direitos Sociais) do Título II (Direitos e Garantias Fundamentais). A constitucionalização do Direito do Trabalho garante mais completamente a liberdade social e provoca a sua evolução.
A Lei
É uma fonte “heterônoma” do direito do trabalho, visto que as regras nela contidas são produzidas pelo Poder Legislativo e não pela vontade própria dos entes sociais.
A Produção da lei está reservada a um órgão externo à relação social (que é o Legislativo). Segundo todo um processo estabelecido e de acordo com os preceitos constitucionais de organização do Estado e dos poderes.
O regulamento
No Brasil, o Executivo desenvolve intensa atividade normativa, mediante os seus deferentes órgãos: decretos da presidência da República, bem como portarias, circulares, resoluções e instruções normativas do Ministério do Trabalho, que regulamentam leis e se consubstanciam como fontes específicas do direito do trabalho.
Todas as normas contidas nesses tipos de instrumentos estão relacionadas com alguma lei, mas não são criadas pelo Parlamento e sim por órgãos técnicos, conforme regras de competência, possuindo bastante relevância, por exemplo, as de segurança e medicina do trabalho e de inspeção trabalhista.
As Medidas Provisórias
Normas que são elaboradas pelo Poder Executivo, mas que não têm o mesmo caráter do regulamento; ao contrário, possuem força de lei. Previstas na Constituição brasileira (art. 62), podem ser adotadas pela Presidência da República em casos de relevância e urgência, gerando efeitos imediatos.
Trata-se de normas jurídicas evidentemente anômalas, a partir da própria exigência de excepcionalidade e em razão do processo legislativo diferenciado.
A jurisprudência
Ao proferir qualquer sentença o juiz cria Direito no caso concreto, pois muitas vezes se mostra cabível a utilização de um dispositivo legal em detrimento de outro, para solucionar um dado conflito. Ou seja, trata-se de ato de criação “dentro da lei”.
É evidente, por exemplo, a crescente influência dos precedentes jurisdicionais na definição do Direito: o CPC de 2015 demostra a importância atribuída às súmulas na atividade jurisdicional brasileira.
Fontes Não-Estatais
A contratação coletiva
Por meio de uma atividade de negociação os grupos sociais exercem o poder de autorregulamentação, elaborando contratos coletivos, cujas cláusulas devem ser aplicadas às relações individuais de trabalho.
Os trabalhadores e os empregadores, organizados em suas respectivas entidades representativas, buscam a solução dos conflitos relativos ao trabalho na empresa valendo-se do processo de negociação coletiva.
No Brasil, a contratação coletiva consubstancia-se fundamentalmente em dois tipos de instrumentos jurídicos:
- As convenções coletivas de trabalho, celebradas entre os sindicatos representativos de categorias profissionais e econômicas, ou.
- Os acordos coletivos de trabalho (firmados diretamente entre um sindicato profissional e uma ou mais empresas).
O regulamento de empresa
O conjunto de normas que objetivam regular a organização técnica e disciplinar do trabalho em determinada empresa pode ser estabelecido por meio do seu regulamento interno.
Os usos e os costumes
São regras de conduta observadas de maneira uniforme e constante pelos membros de um determinado grupo social, que as consideram como juridicamente obrigatórias.
O costume é uma norma jurídica não escrita, é o resultado da consciência coletiva de um grupo social; assim, um determinado comportamento humano se constitui em costume, quando é uniforme geral e praticado com continuidade.
O contrato individual de trabalho
Na grande generosidade dos casos, o trabalhador simplesmente adere às condições de trabalho impostas pelo empregador, inexistindo então uma atividade negocial que resulte na geração de novas normas jurídica.
Mas a própria lei (art. 444 da CLT) autoria empregado e empregador a estipularem livremente as relações contratuais de trabalho, em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Princípios
• Princípio dispositivo ou da demanda
Trata-se da livre iniciativa da pessoa que se sente lesada ou ameaçada em relação a direito de decidir, isto é, aquela pessoa que se sente atingida pelo comportamento alheio, pode ela vir a juízo apresentar a sua pretensão, assim como dela desistir, respeitadas as exigências legais. (DISPOR).
• Princípio inquisitivo ou de impulso oficial
Consagrada no artigo 2º do CPC, que diz textualmente que o processo civil começa por iniciativa da parte mais se desenvolve por impulso oficial isso quer dizer que após o ajuizamento da ação o juiz tem o dever de prestar a jurisdição de acordo com os poderes que o ordenamento jurídico lhe confere.
• Princípio da instrumentalidade
O processo não é um fim em si mesmo, ao contrário o processo deve ser um instrumento de Justiça, é por meio do processo que o estado presta jurisdição, o processo deve estar a serviço do direito material e não o contrário o processo é meio, instrumento e método de realização do direito material.
Este princípio também chamado de princípio da finalidade, segundo o qual quando a lei prescrever determinada forma, sem tratar de nulidade, o juiz considerará válido o ato, se realizado de outro modo se este alcançar a finalidade antes pretendida.
• Princípio da impugnação especificada
Está prevista no artigo 336 do CPC segundo o qual cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial.
• Princípio da estabilidade da Lide
Este princípio informa que se o autor já popôs sua demanda e deduziu os pedidos, e se o réu foi citado para sobre ele se pronunciar não poderá mais o autor modificar sua pretensão sem anuência do réu e depois de ultrapassado momento de defesa nem mesmo com consentimento de ambas as partes isso será possível, artigo 329 do CPC.
• Princípio da eventualidade
As partes devem alegar, na oportunidadeprópria, prevista em lei ou por ocasião do exercício de faculdade processual todas as matérias de defesa ou de seu interesse, artigo 336 do CPC.
• Princípio da preclusão
Decorre do princípio do dispositivo e com a própria logicidade do processo que é o andar para frente sem retornos a etapas ou momentos processuais já ultrapassados, artigo 278 do CPC (artigo 509 do CPC, artigo 795 da CLT) artigo 879, §§ 2º e 3º da CLT.
Preclusão pode ser:
 - Temporal
 - Consumativa
 - Lógica
• Princípio da economia processual
Princípio este aplicado em totós os ramos do direito processual e consiste em obter da prestação jurisdicional o máximo de resultado com o mínimo de Atos processuais, evitando o desperdício de tempo e dinheiro.
• Princípio do ônus da prova
Previsto no artigo 373 do CPC e no artigo 818 da CLT que diz que o ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito e ao réu quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
• Princípio da proteção processual
Este princípio é a própria razão de ser do processo do trabalho, concebido para efetivar o direito do trabalho. Este ramo jurídico foi criado exatamente para compensar ou reduzir a desigualdade real existente entre empregado e empregador naturais litigantes ao processo trabalhista. Restabelece e matem a verdadeira igualdade processual sendo um propósito fundamental do direito processual do trabalho.
• Princípio da finalidade social do processo
Decorre de uma quebra do princípio da isonomia entre as partes pelo menos em relação a sistemática tradicional do direito formal. Permite que o juiz tenha uma atuação mais ativa na medida em que auxilia o trabalhador em busca de uma solução justa, até chegar o momento de proferir a sentença.
• Princípio da busca da verdade real
Este princípio processual deriva do princípio do direito material do trabalho conhecido como princípio da primazia da realidade. Disposto no artigo 765 da CLT, conferindo aos juízes e tribunais do trabalho ampla liberdade na direção do processo para tanto os magistrados do trabalho velarão pelo andamento rápido das causas podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.
• Princípio da indisponibilidade 
O processo do trabalho tem uma função precípua: a efetiva realização dos direitos sociais indisponíveis dos trabalhadores, este princípio constitui adaptação do princípio da indisponibilidade ou irrenunciabilidade do direito material do trabalho no campo do processo do trabalho.
• Princípio da conciliação
Com advento da emenda constitucional 45/2004 que deu nova redação ao artigo 114 da Constituição Federal houve supressão do termo conciliar e julgar, cabendo agora a justiça do trabalho processar e julgar. A omissão, contudo, não desnatura o princípio em estudo, pois ele continua existindo no plano infraconstitucional e não se mostra incompatível com o texto da CF/**.
Embora o princípio da conciliação não seja exclusivamente do processo de trabalho parece que é aqui que ele se mostra mais evidente sendo inclusive um procedimento peculiar (artigo 764, 831, 846, 850, CLT).
• Princípio da normatização coletiva
A justiça do trabalho brasileira é a única que pode exercer o chamado poder normativo, que consiste no poder de criar normas e condições gerais e abstratas, o que é atividade típica do Poder Legislativo, proferindo sentença normativa com eficácia ultra partes, cujos efeitos atingirão os contratos individuais dos trabalhadores integrantes da categoria profissional representada pelo sindicato que ajuizou o Dissídio Coletivo.
Essa função especial, ou competência, é conferida aos tribunais trabalhistas pelo artigo, 114, § 2º da Constituição Federal.

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