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Infectologia - HIV-AIDS

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No último quarto de século, desde que a AIDS foi 
inicialmente reconhecida, a epidemia global de AIDS 
tem indiscutivelmente se tornado não só a ameaça mais 
séria à saúde do início do século XXI como também um 
dos maiores entraves ao progresso social e econômico 
nos países extensamente afetados. O impacto 
cumulativo da epidemia já é devastador, com alta 
prevalência principalmente nos países da África 
subsaariana, somando-se ao colapso da saúde e de 
outros serviços essenciais, à diminuição da expectativa 
de vida e à extrema pobreza. 
A Aids é uma doença causada pelo HIV, um retrovírus, 
e caracteriza-se por profunda imunossupressão que 
leva a infecções oportunistas, neoplasias 
secundárias e manifestações neurológicas. 
Apesar de a aids ser reconhecida como entidade 
médica no início dos anos 1980 e o agente causal (o 
vírus da família HIV) ser descoberto logo após, ainda 
existem muitas dúvidas a respeito do mecanismo pelo 
qual a infecção com os retrovírus HIV genomatrópicos 
causa depleção de células T CD4+ e a subsequente 
imunodeficiência fatal. 
A integração do material genético viral com o genoma 
da célula hospedeira resulta em alterações que afetam 
tanto as células infectadas como as precursoras. Entre 
essas anormalidades, incluem-se diminuição da 
proliferação das células T antígeno-específicas e da 
síntese de citocinas e mudanças nos processos 
celulares básicos, como o ciclo de regulação celular, 
resultando em morte celular programada prematura. A 
infecção viral também causa mudanças na homeostase 
não imunológica com consequências no processo 
imunológico, como elevação do nível de substância P, 
que, por sua vez, aumenta a expressão do HIV nos 
monócitos. 
Linha do Tempo 
1981 – Descreve-se pela primeira vez a AIDS, contudo, 
sem nomeá-la cientificamente. Neste mesmo ano, 
morre Gaëtan Dugas, conhecido popularmente como 
"paciente zero", pois acredita que tenha sido ele um dos 
primeiros a espalhar a doença nos EUA. 
1982 – Primeiros 7 casos identificados no Brasil 
1983 – Pesquisadores isolam o vírus da aids pela 
primeira vez. 
1985 – Chega ao mercado um teste sorológico de 
metodologia imunoenzimática, para diagnóstico da 
infecção pelo HIV que podia ser utilizado para triagem 
em bancos de sangue. 
1986 – Na segunda Conferência Internacional de AIDS, 
ocorrida em Paris, foi reportada experiências iniciais do 
uso do AZT. No mesmo ano, a FDA aprovou o seu uso. 
Este revelou um impacto discreto sobre a mortalidade 
geral de pacientes infectados pelo HIV. 
1989 – O preço do AZT caiu 20%. Um novo 
antirretroviral, DDI, foi autorizado pelo FDA para 
pacientes com intolerância ao AZT. 
1991 – No Brasil, inicia-se o processo para a aquisição 
e distribuição gratuita de antirretrovirais. 
1992 – O FDA aprova o uso do DDC em combinação 
com o AZT para pacientes adultos com infecção 
avançada. Esta foi a primeira combinação terapêutica 
de drogas para o tratamento da AIDS a apresentar 
sucesso.94 
1994 – Os inibidores da protease passaram a ser 
estudados. Estas drogas demonstraram potente efeito 
antiviral isoladamente ou em associação com drogas do 
grupo do AZT (daí a denominação "coquetel"). Houve 
diminuição da mortalidade imediata, melhora dos 
indicadores da imunidade e recuperação de infecções 
oportunistas. Ocorreu um estado de euforia, chegando-
se a falar na cura da AIDS. 
1996 – Acontece a Conferência Internacional em 
Vancouver, onde se anunciou a combinação de três 
drogas com efeitos mais efetivos que a terapia dual. 
2007 - O paciente de Berlim, é curado após um 
transplante de medula óssea de um doador que possuía 
a mutação CCR5-Δ32 que impede o HIV de entrar nas 
células. Timothy Ray Brown revelou sua identidade em 
2010. 
2008 - É concluído o processo de nacionalização de um 
teste que permite detectar a presença do HIV em 
apenas 15 minutos. Prêmio Nobel de Medicina é 
entregue aos franceses Françoise Barré-Sinoussi e Luc 
Montagnier pela descoberta do HIV. 
2016 – O paciente de Londres, é curado após um 
transplante de medula óssea. Adam Castillejo revelou 
sua identidade em 2020. 
2017 – Anvisa libera comercialização de autoteste para 
o HIV em farmácias. A PrEP passa a ser ofertada pelo 
SUS. 
2020 - Durante a 23ª Conferência Internacional sobre 
Aids, pesquisadores da Unifesp relataram que um 
paciente de 35 anos teve o tratamento interrompido em 
março de 2019 e após e continuava sem detecção de 
DNA e RNA viral (paciente de São Paulo). Em setembro 
de 2020 apresentou um quadro de sífilis e sua carga 
viral voltou a se tornar detectável. Todos os pacientes 
do estudo estavam com vírus indetectável a 2 anos, um 
dos grupos teve o tratamento intensificado com 
dolutegravir, maraviroc e nicotinamida (vitamina B3) por 
48 semanas. A niconinamida é um inibidor de HDAC 
(histona deacetilase). 
 
 
infectologia: 
HIV/AIDS 
Igor Mecenas 
Epidemiologia
Embora inicialmente reconhecida nos Estados Unidos, 
a Aids é um problema global. Agora é relatada em mais 
de 190 países no mundo todo, e o grupo de pessoas 
infectadas pelo HIV, na África e na Ásia, é grande e está 
em expansão. Em 2019, 37,9 milhões de pessoas no 
mundo vivem com HIV, sendo que 23,3 milhões têm 
acesso à terapia antirretroviral. São estimados 1,7 
milhão de novas infecções e 770 mil mortes de doenças 
relacionadas à Aids. Desde o início da epidemia, 
foram registrados 74,9 milhões de pessoas 
infectadas, com 32 milhões de mortes. 
Brasil 
Segundo o Boletim Epidemiológico HIV/AIDS 2020, no 
Brasil, em 2019, foram diagnosticados 41.909 novos 
casos de HIV e 37.308 casos de aids notificados no 
Sinan, declarados no SIM e registrados no 
Siscel/Siclom. Em 2018 foram 43.941 novos casos de 
HIV e 37.161 casos de aids. 
Desde o ano de 2012, observa-se uma diminuição na 
taxa de detecção de aids no Brasil, que passou de 
21,9/100.000 habitantes (2012) para 17,8/100.000 
habitantes em 2019, configurando um decréscimo de 
16,8%; essa redução na taxa de detecção tem sido mais 
acentuada desde a recomendação do “tratamento para 
todos”, implementada em dezembro de 2013. Entre 
2008 e 2018 houve queda na taxa de detecção de 
AIDS na maioria das faixas etárias, porém houve 
aumento em homens de 15 a 29 anos e acima dos 60. 
No período de 1980 a junho de 2020, 1.011.617 casos 
de aids detectados no país. 
No país, no período de 2000 até junho de 2020, foram 
notificadas 134.328 gestantes infectadas com HIV, 
das quais 8.312 no ano de 2019. Verificou-se que 32,8% 
das gestantes eram da região Sudeste, seguidas pelas 
residentes das regiões Sul (26,6%), Nordeste (22,0%), 
Norte (12,5%) e Centro-Oeste (6,0%). Em um período 
de dez anos, houve um aumento de 21,7% na taxa de 
detecção de HIV em gestantes: em 2009, a taxa 
observada foi de 2,3 casos/mil nascidos vivos e, em 
2019, de 2,8/mil nascidos vivos. 
Em 2019, foram registrados 10.565 óbitos por causa 
básica aids, com uma taxa de mortalidade padronizada 
de 4,1/100.000 habitantes. A taxa de mortalidade 
padronizada sofreu decréscimo de 29,3% entre 2009 e 
2019. 
 
Etiologia 
O HIV é um vírus de aproximadamente 100 nm de 
diâmetro, envelopado, apresentando em sua superfície 
uma membrana lipídica oriunda da membrana externa 
da célula do hospedeiro e duas glicoproteínas (gp41 e 
gp120). Internamente a essa membrana, está a matriz 
proteica, formada pela proteína p17 e pelo capsídeo 
viral de forma cônica composto pela proteína p24. O 
material genético, o RNA transportador (tRNA) e as 
enzimas necessárias para os primeiros eventos da 
replicação viral encontram-se no capsídeo viral. 
 
 
O HIV é classificado em dois tipos (1 e 2), com o HIV-
1 subdividido em quatro grupos: M (major), O 
(outlier), N (new) e P. Cada um desses vírus 
representa eventos separados de transmissão de 
outras espécies de primatas para a humana, 
provavelmente há algumas décadas. Aparentemente o 
HIV-2 tem infectividade e patogenicidade menor que o 
HIV-1. 
Assim como outros vírus RNA, o HIV tem alta 
variabilidade genética. A transcriptase reversa 
incorpora erroneamenteem torno de 10-4 bases em 
cada ciclo replicativo. Como o HIV tem 104 pares de 
base em seu genoma, pode-se dizer que ocorre uma 
substituição nucleotídea por genoma, por ciclo 
replicativo, fazendo com que a população de retrovírus 
contenha pouco ou nenhum genoma idêntico. Todos os 
dias são geradas 105 a 106 variantes que possuem 
mutação em cada posição do genoma. Recombinação 
é outro fator responsável pela variação viral. 
 
Fisiopatologia 
Transmissão Sexual 
As práticas sexuais foram identificadas como a mais 
importante via de transmissão do HIV, desde as 
primeiras investigações sobre a nova doença e seu 
agente etiológico. Estimativas indicam que de 75 a 85% 
das infecções por HIV no mundo ocorreram por práticas 
sexuais. Na África e em alguns países do Caribe, a 
transmissão do vírus HIV se dá na maioria das vezes 
por via heterossexual. Na América do Norte, Europa 
Ocidental, Austrália e em alguns países da América 
Latina, predominam os casos ocorridos entre HSH, 
embora no período mais recente da história da 
epidemia, em muitos desses países, observe-se o 
crescimento da transmissão heterossexual. 
O sexo anal receptivo desprotegido é identificado 
como a prática que apresenta o maior risco de 
infecção para ambos os sexos. 
Nos últimos anos, vários estudos demonstraram o efeito 
protetor da circuncisão na transmissão do HIV. Homens 
circuncidados apresentam chances até 60 vezes 
menores de se infectar, quando comparados com os 
que não foram submetidos à circuncisão. A presença de 
ISTs, especialmente as que causam ulcerações na 
região genital, como sífilis, cancroide e herpes, está 
fortemente associada à transmissão do HIV. 
Transmissão Vertical 
Considerando que a faixa etária da maioria absoluta de 
casos de aids coincide com a idade reprodutiva, uma 
das mais importantes consequências de um maior 
número de mulheres infectadas é o aumento de casos 
em crianças por transmissão perinatal. 
Transfusão Sanguínea e 
Compartilhamento de agulhas 
A contaminação pelo HIV por transfusão sanguínea foi 
detectada logo no início da epidemia. Até 1985, antes 
da disponibilidade dos testes de detecção da infecção 
por HIV, a transmissão sanguínea foi responsável por 
grande número de casos de aids. A transmissão do HIV 
pelo sangue é, entre as vias de transmissão do vírus, a 
mais eficiente. Esse fato deve-se tanto à alta 
concentração viral encontrada no sangue de infectados 
quanto por introduzir o vírus diretamente na corrente 
sanguínea. 
O grande potencial de disseminação do HIV entre 
usuários de drogas injetáveis (UDI) de uma comunidade 
é fartamente demonstrado. 
 
Ciclo viral 
A infecção pelo HIV inicia-se com a entrada do vírus 
na célula, através da ligação da proteína de 
superfície (gp120) com o receptor da célula 
(molécula CD4). A entrada ocorre através da fusão do 
vírus com a membrana da célula, mediada por gp41. 
Desde a sua descoberta, ficou claro que a molécula de 
CD4 não poderia ser o único receptor do HIV. Foi 
descoberto que as moléculas CXCR4 e CCR5, cujos 
ligantes naturais são quimoquinas (SDF-1, para a 
primeira, e RANTES, MIP-1a e MIP-1b, para a 
segunda), são o correceptor do HIV. 
Após entrar na célula, a proteína viral Vif se liga a 
APOBEC3G, um antiviral natural da célula que promove 
hipermutação G-A durante a transcrição reversa, 
levando a sua degradação. RNA viral é convertido a 
DNA pelas enzimas transcriptase reversa e 
ribonuclease H. Essa reação ocorre no citoplasma da 
célula nas primeiras 6 horas de infecção. A dupla fita 
de DNA é integrada de forma randômica ao genoma 
do hospedeiro pela enzima integrase. O 
funcionamento da integrase depende da sua ligação 
com um cofator celular denominado LEDGF/p75. Uma 
vez integrado, o DNA viral permanece na célula 
enquanto ela estiver viva. 
Proteínas celulares e virais controlam a expressão 
gênica do HIV. Inicialmente, apenas as proteínas Tat, 
Rev e Nef são sintetizadas. O acúmulo da Tat no núcleo 
da célula aumenta a transcrição da Rev, que regula a 
expressão do RNA mensageiro, levando a produção 
das proteínas estruturais. Após a síntese da proteína 
precursora do Gag, esta é direcionada a membrana 
celular para montagem da partícula viral. 
A liberação do vírus é por brotamento; durante esta 
fase, a enzima protease processa as proteínas 
precursoras dos genes pol e gag, tornando a partícula 
viral madura e capaz de infectar uma nova célula. Ainda 
não são conhecidos todos os processos celulares 
envolvidos na replicação do HIV. Recentemente, 
utilizando-se técnicas de siRNA, foi possível identificar 
mais de 200 novas proteínas celulares necessárias para 
a replicação viral. 
 
 
Resposta do hospedeiro 
Alteração da síntese de citocinas 
Durante a progressão da infecção causada pelo HIV, 
até atingir o quadro típico de aids, os pacientes 
apresentarão queda progressiva da função e do 
número de células T helper (Th), acompanhada de 
hipergamaglobulinemia. É proposto que, após a 
infecção pelo HIV, os linfócitos dos pacientes que 
evoluem para aids apresentam produção menor de 
interleucina-2 (IL-2) e interferon-gama (INF-γ) em 
resposta ao antígeno, com subsequente aumento de 
produção de IL-4 e IL-10. 
Pacientes que progridem do estágio assintomático 
para a doença sintomática apresentariam resposta 
imune alterada secretando, predominantemente, 
citocinas do tipo Th2 (embora alguns pesquisadores 
acreditem que a mudança observada seja das células 
do tipo Th0). As análises dos clones das células T dos 
pacientes com HIV, antes e depois da soroconversão, 
revelaram queda da proporção das células do tipo Th1 
após a soroconversão associada com o aumento das 
células do tipo Th2/Th0. Os dados sugerem que as 
células do tipo Th1 podem desempenhar função 
protetora contra a infecção pelo HIV. 
A correlação entre a progressão da doença e a 
subsequente perda da função imune Th1-específica 
pode ser exemplificada pelos tipos de infecção que os 
pacientes apresentarão em ordem sequencial. A 
maioria das infecções oportunistas são do tipo 
intracelular, para as quais as células Th1 e suas 
citocinas são a barreira de defesa mais importante. 
A função de células CD8+ com atividade citotóxica e 
especificidade para o HIV é cada vez mais exaltada 
como fundamental para o retardo na progressão para 
aids e como um marcador positivo de resposta aos 
antirretrovirais. A infecção pelo HIV de linfócitos T CD4+ 
leva à destruição dessas células, pela falta de auxílio 
para manutenção da resposta imune e por um 
mecanismo ativo via indução de apoptose. 
Apoptose 
Células T maduras são mais resistentes ao sinal de 
morte pela ativação do receptor das células T (TCR). 
Entretanto, a infecção pelo HIV ou a interação entre 
CD4 e gp120 (com ou sem formação de complexos 
antígeno-anticorpo) diminui o limiar da apoptose 
induzida por antígenos em células T maduras. A 
interação entre gp120 do HIV e CD4 interrompe a 
atividade de ligação do fator nuclear de células ativadas 
(NF-AT) e da proteína NF-kB, reduzindo a proliferação 
e a produção de citocinas, e é relacionada com a queda 
da liberação de Ca2+ induzida pelo TCR e a ativação 
do PKC. Devido à diminuição do limiar necessário para 
a morte celular induzida pelo TCR, a resposta ao 
antígeno fica seriamente comprometida porque as 
células T de memória transformam-se em alvos 
particularmente suscetíveis a apoptose em indivíduos 
infectados pelo HIV. Além disso, o gp120 pode, por si 
só, induzir esse efeito em células não infectadas. 
Os níveis do receptor solúvel TNF (sTNFr) e do 
antagonista do receptor IL-1 (IL-1ra) são elevados em 
pacientes com aids, o que pode contribuir para o 
aumento da apoptose, devido ao bloqueio das citocinas 
que têm habilidade de resgatar células da morte 
programada. Sabe-se que a molécula TNF-related 
apoptosis-inducing ligand (TRAIL) participa ativamente 
na morte de células T CD4+ em pacientes infectados 
pelo HIV. Foi demonstrado que TRAIL está aumentada 
no sangue de pacientes com HIV, mas que a terapia 
apropriadadiminui os níveis desta molécula àqueles 
próximos dos controles. 
Alteração da Regulação dos Genes 
Muitos genes virais interagem com componentes do 
genoma celular do hospedeiro, especificamente alguns 
envolvidos no processo de transcrição. 
O Nef inibe a indução da atividade ligada ao DNA do 
NF-kB pelas células T mitogênicas, a transcrição do 
gene IL-2 mediada pelo TCR e a captação do AP-1. A 
interação do produto do gene Nef com o promotor para 
CD4 leva à diminuição da expressão dessa molécula. 
Em adição, o gene também interfere com a via de 
ativação celular coordenada pelo NF-kB, por 
mecanismos que ainda não estão totalmente 
esclarecidos. Além desse, Vpu (Viroporina) e Env 
também participam no aumento de catabolismo da 
molécula de CD4 e da diminuição de sua produção por 
linfócitos T. Outro gene do HIV que interfere com a 
função normal das células T é o Tat (fator de 
transativação) que interfere com a transcrição do gene 
e a expressão da superfície do complexo TCR/CD3, 
consequentemente inibindo a proliferação das células 
T. Induz a síntese e a secreção de fator de crescimento 
transformador beta (TGF-β), IL-6 e IL-10 e pode induzir 
a apoptose diretamente em linfócitos cultivados não 
infectados. A proteína Tat também está associada à 
neuropatologia causada pelo HIV, pela estimulação de 
células da micróglia a produzirem moléculas pró-
inflamatórias e radicais livres que são neurotóxicos, 
além de interferir com as vias de controle de 
monofosfato cíclico de adenosina (AMPc), a expressão 
de canais iônicos e o balanço intracelular de cálcio, 
conforme visto. 
Recentemente, outro gene importante do HIV 
demonstrou funções patogênicas, o da proteína 
regulatória assessória – Vpr, fundamental para a 
infecção de células do sistema nervoso central, além de 
atuar na neuropatogênese da infecção pelo HIV, 
causando senilidade precoce nas células infectadas. 
Alteração da Função das Células 
Apresentadoras de Antígeno e do Ciclo 
Celular 
CAA (monócitos, macrófagos, células dendríticas) e 
possivelmente algumas células endoteliais 
desempenham papel importante na infecção pelo HIV e 
na imunopatogênese da aids. Essas células servem 
como reservatório de vírus – acredita-se que tenham 
papel importante na sua disseminação, especialmente 
para o cérebro. Durante a fase assintomática aguda da 
doença, a replicação viral é confinada principalmente 
aos órgãos linfoides. Com a progressão da doença, os 
órgãos linfoides originalmente aumentados atrofiam-se 
pela destruição das FCD e consequente liberação na 
circulação das partículas de HIV capturadas. As CAA 
apresentarão o antígeno aos linfócitos T CD4+ 
infectados – elas que atuam estimulando sua ativação 
levando a expressão da proteína viral e a replicação 
viral. 
Receptores de Quimiocinas e Moléculas 
de Adesão 
Um evento importante na infecção pelo HIV e 
subsequente morte das células CD4+ é a formação de 
sincício. Vários estudos correlacionam a habilidade do 
paciente em induzir a formação de sincício in vitro com 
queda mais rápida da taxa de células T CD4+, carga 
viral aumentada e rápida progressão da doença. A 
formação de sincício inicia-se pela fusão das 
membranas de uma célula infectada com uma não 
infectada, seguida da formação de células 
multinucleadas por meio de um mecanismo dependente 
da função das glicoproteínas IFA-1 e ICAM-1 derivadas 
do hospedeiro e incorporadas ao envelope do HIV-1. 
Anticorpos, Rede Idiotípica e 
Desequilíbrio Autoimune de MHC e 
Substância P 
Alguns pesquisadores sugerem que a resposta 
imunológica, por si só, pode desempenhar um papel 
crítico no desenvolvimento da imunodeficiência e 
progressão para aids e óbito e que a tolerância ao HIV 
pode realmente ser um fator de sobrevivência. Eles 
argumentam que o anticorpo contra o envelope do vírus 
pode favorecer a infecção, em vez de retardá-la, e que 
os anticorpos anti-anti-D4 têm efeito similar. 
A teoria da rede sugere que a regulação imune é 
mantida no organismo pelo reconhecimento de 
múltiplos idiotipos em todas as moléculas imunes. 
Alguns autores sugerem que a autoimunidade, ou o 
reconhecimento idiotípico das células T CD4+ não 
infectadas, desencadeada por antígenos de origem viral 
resulta na destruição das células T. 
A substância neuropeptídio P (SP) é conhecida por 
aumentar certas respostas mediadas por células em 
modelos animais e indivíduos saudáveis. Estudos 
independentes mostram que, diferente do seu efeito 
imunoestimulador em indivíduos saudáveis, a SP induz 
a queda da resposta a mitógenos em pacientes com 
aids. Além do mais, a adição de SP resultou em 
expressão aumentada do HIV-1 em macrófagos in vitro. 
Como o diagnóstico de aids tem efeito psicológico grave 
e a liberação de neuropeptídios, como a SP, é 
associada a circunstâncias estressantes, é lícito supor 
que a elevação da SP devido ao stress pode auxiliar na 
multiplicação dos vírus. 
 
 
 
Quadro clínico 
A depleção de linfócitos T CD4+ leva à desorganização 
da resposta imune e ao aumento da suscetibilidade 
de processos infecciosos, principalmente por 
germes intracelulares (microbactérias, fungos e 
parasitas), bem como de processos neoplásicos 
(linfoma de células B, Sarcoma de Kaposi). 
Tão importante quanto a síndrome da imunodeficiência 
adquirida (aids), decorrente de depleção linfocitária e, 
geralmente, reativação de infecções latentes (infecções 
oportunistas), é a doença causada diretamente pelo 
HIV, pela ativação inflamatória e processos 
degenerativos, contribuindo com o aumento de doenças 
cardiovasculares e cerebrovasculares nessa 
população. A evolução da doença em um indivíduo 
decorre de como o sistema imune interage com o vírus. 
 
Infecção aguda 
A infecção aguda pelo HIV ocorre nas primeiras 
semanas da infecção pelo HIV, quando o vírus está 
sendo replicado intensivamente nos tecidos linfoides. 
Durante essa fase, tem-se CV-HIV elevada e níveis 
decrescentes de linfócitos, em especial os LT-CD4+, 
uma vez que estes são recrutados para a reprodução 
viral. O indivíduo, nesse período, torna-se altamente 
infectante. 
 
Como em outras infecções virais agudas, a infecção 
pelo HIV é acompanhada por um conjunto de 
manifestações clínicas, denominado Síndrome 
Retroviral Aguda (SRA). Os principais achados 
clínicos de SRA incluem febre, cefaleia, astenia, 
adenopatia, faringite, exantema e mialgia. A SRA pode 
cursar com febre alta, sudorese e linfadenomegalia, 
comprometendo principalmente as cadeias cervicais 
anterior e posterior, submandibular, occipital e axilar. 
Podem ocorrer, ainda, esplenomegalia, letargia, 
astenia, anorexia e depressão. Sintomas digestivos, 
como náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso e 
úlceras orais podem estar presentes. Entretanto, o 
comprometimento do fígado e do pâncreas é raro na 
SRA. Cefaleia e dor ocular são as manifestações 
neurológicas mais comuns, mas pode ocorrer 
raramente quadro de meningite asséptica, neurite 
periférica sensitiva ou motora, paralisia do nervo facial 
ou síndrome de Guillan-Barré. A SRA é autolimitada e a 
maior parte dos sinais e sintomas desaparece em três a 
quatro semanas. Linfadenopatia, letargia e astenia 
podem persistir por vários meses. 
 
Latência clínica 
Na fase de latência clínica, o exame físico costuma 
ser normal, exceto pela linfadenopatia, que pode 
persistir após a infecção aguda. A presença de 
linfadenopatia generalizada persistente é frequente e 
seu diagnóstico diferencial inclui doenças 
linfoproliferativas e tuberculose ganglionar. Podem 
ocorrer alterações nos exames laboratoriais, sendo a 
plaquetopenia um achado comum, embora sem 
repercussão clínica na maioria dos casos. Além disso, 
anemia (normocrômica e normocítica) e leucopenia 
leves podem estar presentes. Enquanto a contagem de 
LT-CD4+ permanece acima de 350 céls/mm³, os 
episódios infecciosos mais frequentes são geralmente 
bacterianos, como as infecções respiratórias ou mesmo 
TB. Com a progressão da infecção, começam a ser 
observadas apresentações atípicas das infecções,resposta tardia à antibioticoterapia e/ou reativação de 
infecções antigas. 
 
À medida que a infecção progride, sintomas 
constitucionais (febre baixa, perda ponderal, sudorese 
noturna, fadiga), diarreia crônica, cefaleia, alterações 
neurológicas, infecções bacterianas (pneumonia, 
sinusite, bronquite) e lesões orais, como a leucoplasia 
oral pilosa, tornam-se mais frequentes, além do herpes-
zoster. Nesse período, já é possível encontrar 
diminuição na contagem de LT-CD4+, situada entre 200 
e 300 céls/mm³. 
A candidíase oral é um marcador clínico precoce de 
imunodepressão grave, e foi associada ao subsequente 
desenvolvimento de pneumonia por Pneumocystis 
jiroveci. Diarreia crônica e febre de origem 
indeterminada, bem como a leucoplasia oral pilosa, 
também são preditores de evolução para aids. 
 
 
Síndrome da imunodeficiência 
adquirida 
O aparecimento de Infecções Oportunistas e 
neoplasias é definidor da aids. Entre as infecções 
oportunistas, destacam-se: pneumocistose, 
neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou 
disseminada, meningite criptocócica e retinite por 
citomegalovírus. As neoplasias mais comuns são 
sarcoma de Kaposi (SK), linfoma não Hodgkin e câncer 
de colo uterino, em mulheres jovens. Nessas situações, 
a contagem de LT-CD4+ situa-se abaixo de 200 
céls/mm³, na maioria das vezes. Além das infecções e 
das manifestações não infecciosas, o HIV pode causar 
doenças por dano direto a certos órgãos ou por 
processos inflamatórios, tais como miocardiopatia, 
nefropatia e neuropatias, que podem estar presentes 
durante toda a evolução da infecção pelo HIV.
 
 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito a partir da 
coleta de sangue ou por fluido oral. No Brasil, temos os 
exames laboratoriais e os testes rápidos, que detectam 
os anticorpos contra o HIV em cerca de 30 minutos. 
Esses testes são realizados gratuitamente pelo SUS, 
nas unidades da rede pública e nos Centros de 
Testagem e Aconselhamento (CTA). Os exames podem 
ser feitos de forma anônima. Nesses centros, além da 
coleta e da execução dos testes, há um processo de 
aconselhamento, para facilitar a correta interpretação 
do resultado pelo(a) usuário(a). Também é possível 
saber onde fazer o teste pelo Disque Saúde (136). 
Nos últimos anos, diversas ações buscando a 
ampliação do acesso ao diagnóstico do vírus foram 
realizadas, em especial a disponibilização de testes 
rápidos de HIV em serviços de saúde não 
especializados. Recomenda-se a oferta de testagem 
para HIV e demais IST a todos os pacientes 
sexualmente ativos, em especial após exposição de 
risco. Em nenhuma situação deverá haver qualquer 
tipo de coerção para a realização dos testes. 
As estratégias para testagem têm o objetivo de melhorar 
a qualidade do diagnóstico da infecção pelo HIV e, ao 
mesmo tempo, assegurar que o diagnóstico seja 
realizado o mais precocemente possível, de forma 
segura e com rápida conclusão. 
Em 17 de dezembro de 2013, foi publicada a Portaria nº 
29, que aprova o Manual Técnico para o Diagnóstico da 
Infecção pelo HIV e normatiza a testagem para o HIV 
em território nacional. Nessa portaria, são apresentados 
algoritmos que permitem o diagnóstico seguro da 
infecção. Dentre os algoritmos recomendados, existem 
aqueles baseados na utilização de testes rápidos (TR), 
que são imunoensaios simples e podem ser realizados 
em até 30 minutos. Como consequência do 
desenvolvimento e da disponibilidade de TR, o 
diagnóstico do HIV foi ampliado, podendo ser realizado 
em ambientes laboratoriais e não laboratoriais. 
 
Testes Rápidos 
Os testes rápidos são, primariamente, recomendados 
para testagens presenciais. Podem ser feitos com 
amostra de sangue total obtida por punção venosa ou 
da polpa digital, ou com amostras de fluido oral. 
Dependendo do fabricante, podem também ser 
realizados com soro e/ou plasma. Qualquer pessoa 
capacitada pode realizar o teste rápido. A capacitação 
pode ser presencial ou à distância e o TELELAB 
(https://telelab.aids.gov.br/index.php/component/k2/ite
m/93-diagnostico-de-hiv) do ministério da saúde 
oferece cursos de capacitação gratuitos. O kit de teste 
recomendado pelo MS pode utilizar aglutinação de 
partículas de látex, imunoconcentração ou 
imunocromatografia de fluxo lateral: 
 
Técnica de testagem: 
1) Antes de iniciar a coleta, sempre que possível, peça 
para o usuário higienizar as mãos; 
2) Se a mão do usuário estiver muito fria, faça uma 
massagem delicada no sentido do punho para a ponta 
dos dedos para aquecê-la e estimular o fluxo sanguíneo 
na região da coleta; 
3) Escolha preferencialmente a ponta do dedo médio, 
anelar ou indicador e faça a punção; 
4) Evite a presença de bolhas de ar na pipeta coletora, 
pois elas alteram o volume da amostra. Se isso ocorrer, 
despreze essa amostra e faça a coleta de nova amostra 
se necessário com nova pipeta do mesmo kit; 
5) Aplique a amostra no poço indicado do dispositivo de 
teste e coloque o tampão imediatamente no ângulo de 
90 graus. Use o tampão específico do teste que está 
sendo utilizado. 
6) Marque o tempo de espera do teste. Não ultrapassar 
o tempo de leitura recomendado pelo fabricante de cada 
kit. 
 
 
Testagem Laboratorial 
ELISA 
Em 1985 surgiu a primeira geração de ensaios 
diagnósticos com antígenos virais (ELISA indireto). Em 
1987 surgiu a 2ª geração de ensaios, utilizando 
antígenos recombinantes e peptídeos sintéticos 
originados de regiões específicas de proteínas do vírus. 
No início dos anos 1990 foram incluídos antígenos para 
o HIV-2 e os novos antígenos dos grupos M, N e O para 
o HIV-1. 
https://telelab.aids.gov.br/index.php/component/k2/item/93-diagnostico-de-hiv
https://telelab.aids.gov.br/index.php/component/k2/item/93-diagnostico-de-hiv
 
Em 1994 surgiram os ensaios de 3ª geração, utilizando 
um formato de ELISA sanduíche ou imunométrico, o 
que tornou o ensaio mais sensível e específico, 
deterctando IgM, IgG e IgA. 
 
Os ensaios de 4ª geração apresentam as mesmas 
características da anterior, mas são capazes de 
detectar também o antígeno p24. 
MEIA 
O ensaio imunoenzimático de micropartículas utiliza 
uma fase sólida com micropartículas de látex recobertas 
com antígenos (proteínas recombinantes) que se ligam 
aos anticorpos da amostra. Em seguida é adicionado 
um segundo conjugado com anticorpos antibiotina e 
uma enzima que se liga ao complexo antígeno-
anticorpo-antígeno. A reação é então revelada com 4-
metilumbeliferil-fosfato e o equipamento mede a 
fluorescência. 
 
EQL 
No ensaio imunológico com revelação 
eletroquimioluminescente há mistura da amostra com 
anticorpos monoclonais anti-p24 e antígenos 
recombinantes marcados com biotina e rutênio, além de 
peptídeos sintéticos específicos marcados com rutênio. 
Em outro momento são adicionadas micropartículas 
revestidas com estreptavidina. Os complexos se ligam 
então à fase sólida e com a aplicação de corrente 
elétrica há emissão de quimioluminescência que é 
medida por um fotomultiplicador. 
 
ELFA 
O ensaio imunológico com revelação fluorescente é 
feito em uma fase sólida em cone contendo anticorpos 
e antígenos em partes diferentes e marcação com 
biotina. É adicionada estreptavidina e há revelação com 
enzima marcada com substância fluorescente. 
 
CLIA 
Ensaio imunológico quimioluminescente. 
 
CMIA 
Ensaio imunológico quimioluminescente magnético. 
 
 
Anamnese 
O acolhimento à PVHIV deve começar assim que a 
pessoa chegar ao serviço de saúde. Essa prática visa 
garantir à pessoa que será ouvida de forma respeitosa 
e profissional, independentemente do motivo que a 
levou a buscar ajuda. Conhecer e compreender as 
condições psicossociais, riscos e vulnerabilidades que 
envolvem o contexto de vida da PVHIV representa uma 
ferramenta importante para o manejo integral e o 
consequente sucesso terapêutico. A investigação não 
deve se esgotar na primeira consulta, mas precisa ser 
complementada e atualizada nos atendimentos 
subsequentes. Esses aspectos podem ser abordados 
tanto pelomédico como por outro membro da equipe de 
saúde, conforme as particularidades de cada serviço. 
 
Exame físico 
A infecção pelo HIV tem um acometimento sistêmico. É 
necessário, portanto, atentar para sinais clínicos 
comumente associados à doença. O exame físico deve 
ser completo e incluir a aferição da pressão arterial, 
peso, altura, cálculo do índice de massa corpórea e 
medida da circunferência abdominal. O exame físico 
completo deve ser realizado regularmente, porque leva 
a achados importantes. O exame da pele e oroscopia 
são também relevantes, uma vez que diversos sinais e 
sintomas presentes podem estar associados à infecção 
pelo HIV. Quanto mais baixa a contagem de LT-CD4+, 
mais frequentemente os pacientes devem ser 
examinados. 
 
Exames complementares iniciais 
A abordagem laboratorial no início do acompanhamento 
clínico auxilia a avaliação da condição geral de saúde, 
a pesquisa de comorbidades, a presença de 
coinfecções e a urgência no início da TARV. Também 
fornece informações laboratoriais basais pré-
tratamento, bem como orienta sobre a necessidade de 
imunizações ou profilaxias. Exames que devem ser 
solicitados na primeira consulta: 
 
 
Monitoramento 
A contagem de LT-CD4+ é um dos biomarcadores mais 
importantes para avaliar a urgência de início da TARV e 
a indicação das imunizações e das profilaxias para IO. 
Com esse exame, é possível avaliar o grau de 
comprometimento do sistema imune e a recuperação da 
resposta imunológica com o tratamento adequado, além 
de definir o momento de interromper as profilaxias. 
A contagem de LT-CD4+ tem importância na avaliação 
inicial, enquanto a CV-HIV é considerada o padrão-ouro 
para monitorar a eficácia da TARV e detectar 
precocemente problemas de adesão em PVHIV. 
Para pacientes estáveis, em TARV, com CV-HIV 
indetectável e contagem de LT-CD4+ acima de 350 
céls/mm3, a realização do exame de LT-CD4+ não traz 
nenhum benefício ao monitoramento clínico-
laboratorial. Flutuações laboratoriais e fisiológicas de 
LT-CD4+ não têm relevância clínica e podem inclusive 
levar a erros de conduta, como troca precoce de 
esquemas ARV ou manutenção de esquemas em falha 
virológica. 
 
 
 
 
Investigação de tuberculose 
A TB é a principal causa de óbito por doença infecciosa 
em PVHIV, e por isso deve ser pesquisada em todas as 
consultas. A pesquisa deve iniciar-se com o 
questionamento sobre a presença dos seguintes 
sintomas: tosse, febre, emagrecimento e/ou 
sudorese noturna. A presença de qualquer um desses 
sintomas pode indicar TB ativa e requer investigação. A 
infecção pelo HIV eleva o risco de desenvolvimento de 
TB ativa em indivíduos com TB latente, sendo o mais 
importante fator de risco para TB. 
A Prova Tuberculínica é importante para o diagnóstico 
da infecção latente da tuberculose (ILTB) e constitui um 
marcador de risco para o desenvolvimento de TB ativa, 
devendo ser realizada em todas as PVHIV, mesmo que 
assintomáticas para TB. Caso a PT seja inferior a 5 mm, 
recomenda-se sua repetição anual e também após a 
reconstituição imunológica com o uso da TARV. 
Avaliação de risco cardiovascular 
Recomenda-se que o RCV seja avaliado em todas as 
PVHIV na abordagem inicial e a cada mudança na 
TARV, por meio da escala de risco de Framingham. 
O intervalo da reavaliação do RCV varia de acordo com 
o risco inicial e o esquema de TARV em uso: 
• Risco baixo (<10%) e sem uso de IP: a cada 
dois anos; 
• Risco moderado e alto (10%-20%), 
independentemente do uso de IP: reavaliar a 
cada seis a 12 meses; 
• Risco elevado (≥20%), independentemente 
do uso de IP: reavaliar após um mês e, 
posteriormente, a cada três meses. 
 
 
Rastreamento das neoplasias 
O advento da TARV reduziu o risco de progressão para 
aids e prolongou a vida das PVHIV. Consequentemente, 
mais pessoas infectadas pelo HIV estão envelhecendo, 
vendo-se sujeitas ao risco de neoplasias não 
relacionadas à aids. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências: 
https://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3837/-
1/linha-do-tempo-da-aids-do-primeiro-caso-aos-dias-
atuais.html 
VERONESI – Tratado de Infectologia 
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo 
da Infecção pelo HIV em Adultos, 2018. 
Guia prático para a execução de testes rápidos – 
DCCI/SVS/MS, 2021. 
Aulas do TELELAB 
https://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3837/-1/linha-do-tempo-da-aids-do-primeiro-caso-aos-dias-atuais.html
https://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3837/-1/linha-do-tempo-da-aids-do-primeiro-caso-aos-dias-atuais.html
https://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3837/-1/linha-do-tempo-da-aids-do-primeiro-caso-aos-dias-atuais.html

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